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JEAN PIAGET SEIS ESTUDOS DE PSICOLOGIA 24 EDIGAO REVISTA ‘pilooldgicas de JEAN de renome mundial, las hit quase quaren- n ‘ou educativos, ompreender o homem. de PIAGET consiste ‘eompreensio da forma- mos mentais da erianca, inlisponsdvel para todos aque~ ( Intoressados em compreen- yitureza © funcionamento no interpretagdo psicolgica que jun 6 a genética ligada and nvolvimento, quer no campo Incid, Jas operasdes I6gicas, do nimero, de espago e de ‘no, campo da. percepsio, perceptivas, das ilu SEIS ESTUDOS DE PsICo- spresenta na primeira ps tits descobertas de PIAGET 0 da psicologia infantil. una parte so abordados cer- mas centrais tais como 0 do , ct Tinguagem, da afetivida- indo. uma dupia_perspectiva ostruturalista, 1 O DESENVOLVIMENTO MENTAL DA CRIANCA 0 desenvolvimento psiquico, que comega quando nascemos ¢ termina tna klade adulta, € compardvel ao crescimento orginico: como este, orienta- fc, essencialmente, para 0 equilibrio. Da mesma maneira que um corpo esté ‘om evolugio até atingir um nivel relativamente estivel - caracterizado pela conclusio do crescimento e pela maturidade dos érgéos ~, também a vi mental pode ser concebida como evoluindo na diregio de uma forma de ‘quilibrio final, representada pelo espfrito adulto. O desenvolvimento, por- unto, € uma equilibragio progressiva, uma passagem continua de um estado de menor equilibrio para um estado de equilibrio superior. Assim, do ponto de-vistada inteligéncia, 6 fil se opor a instabilidade e incoeréncia relatives das idéias infantis & sistematizagio de raciocinio do adulto. No campo da vida afetiva, notou-se, muitas vezes, quanto 0 equilfbrio dos sentimentos umenta com a idade. E, finalmente, também as relagdes sociais obedecem mesma lei de estabilizagio gradual, ‘No entanto, respeitando 0 dinamismo inerente a realidade espiritual, deve ser ressaltada uma diferenga esscncial entre a vida do corpo ¢ a do cspitito, A forma final de equilibrio atingida pelo crescimento orginico mais estética que aquela para a qual tende o desenvolvimento da mente, € sobretudo mais instavel, de tal modo que, concluida a evolugao ascendente, comeca, logo em seguida, automaticamente uma evolusio regressiva que ‘conduz velhice. Certas fungdes psiquicas que dependem, intimamente, do ‘estado dos Grgios, seguem uma curva anéloga. A acuidade visual, por ® muilas comparagdes perceptivas sio também regidas por esta mesma lei. AO ‘conttdrio, as fungoes superiores da inteligéncia eda afetividade tendem a umn "equilibrio mével", isto é, quanto mais estiveis, mais haveré mobilidade, ois, nas alias Sadias, o fim do crescimento nao determina de modo alguin ‘ocomegoda decadéncia, mas, sim, autoriza um progresso espiritual que nada ppossui de contradit6rio com 6 equilfbxio iaterior. E, portanto, em termos de equilibrio que vamos descrever a evolu- ‘Gio da crianga ¢ do adolescente, Deste ponto de vista, o desenvolvimento ‘mental é uma construgéo continua, compardvel a edificagéo de um grande prédio que, & medida que se acrescenta algo, ficaré mais s6lido, ou & montagem de um mecanismo delicado, cujas fases gradativas de ajusta- mento condwziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das pegas tanto maiores quanto mais estével se tornasse 0 equilfbrie. Mas, preciso introduzir uma importante diferenga entre dois aspectos complementarcs deste processo de equilibragao, Devem-se opor, desde logo, as estruturas varidveis ~ definindo as formas ou estados sucessivos de equillBia WH CerTS funcionamento constante que assegura a passagem de qualquer estado para o nivel seguinte. Comparando-se a crianga a0 adulto, ora se € surpreendido pela identi- dade de reagdes — fala-se entio de uma "pequena personalidade” para Udesignar a crianga que sabe bem o que quer e age, como n6s, em fungio de um interesse definido — ora se descobre um mundo de diferencas ~ nas brincadeiras, por exemplo, ou no modo de raciocinar, dizendo-se entio que "a ctianga no € um pequeno adulto". As duas impresses sio verdadei Do ponto de vista funcional, isto €, considerando as motivagées gerais da conduta ¢ do pensamento, existem fungScs constantes ¢ comuns a todas as idades. Em todos 0s niveis, @ agio supGe sempre um interesse que a desen- ‘cadeia, podendo-se tratar de uma necessidade fisiolégica, afetiva ou intelec- tual (@ necessidade apresenta-se neste diltimo caso sob a forma de uma pergunta ou de um problema), Em todos os niveis, a inteligéncia procura ‘compreender, explicar etc; s6 que se as fungoes do interesse, da explicagio lc, so comuns a todos 0s estdgins, isto €, “invaridveis" como FungGes, nic € menos verdade — que "os interesses" (em oposigio ao "interesse*) variam, cconsideravelmente, de um nivel mental a outro, ¢ que as explicagées perti- cculares (em oposigao & fungio de explicar) assumem formas muito diferentes de acordo com o grau de desenvolvimento intelectual. Ao lado das fungbes — constantes, & preciso distinguir as estruturas varidveis, e é precisamente a ise dessas estruturas progressivas ou formas sucessivas de equilibrio que marca as dierengas ou opohigdes de um nivel da conduta para outro, desde (5 comportamentos elementares do lactente até 4 adolescencia, P — Ascestruturas variiveis serio, entéo, as formas de organizagio da tividade mental, sob um duplo aspecto: motor ou intelectual, de uma parte, © afetivo, de outra, com suas duas dimensGes individual e social (interindi- vidual). Distinguiremos, para maior clareza, scis estégios ou periodos do desenvolvimento, que maream o aparecimento dessas estruturas sucessiva- mente construfdas: 18, O estigio dos reflexos, ou mecanismos hereditérios, assim como também das primeiras tendéncias instintivas (nutrigSes) © das primeiras emogées. 2, O estigio dos primeiros hébitos motores e das primieiras percepgées organizadas, como também dos primeiros sentimentos diferenciados. 8, O estigio da inteligencia senso-motora ou prética (anterior A linguagem), das regulagGes afetivas clementares ¢ das primeiras fixagSes cexteriores da afetividade. Estes tés primeiros estégios constituem 0 perfodo a lactincia (até por volta de um ano e meio a dois anos, isto é, anterior a0 desenvolvimento da linguagem ¢ do pensannento) 4 O estégio da inteligea- {uitiva, dos sentimentos interindividuais espontneos e das relag6es sociais de submissio ao adulto (de dois a sete anos, ou segunda parte da ‘primeira infincia"). 52. © estigio das operagdes intelectuais concrctas (comego da légica) e dos sentimentos morais esocinis de cooperagio (de sete 1 onze-doze anos). 6%. O estigio das operagdes intelectuais abstratas, da formagio da personalidade e da insergio afetiva ¢ intelectual na sociedade dos adultos (adolescéncia), Cada estégio € caracterizado pela aparigio de estruturas originais, cuja, construgio 0 distingue dos estigios anteriores. O esscncial dessas constru- goes sucessivas permanece no decorrer das estégios ulteriores, como subes- ruturas, sobre as quais se edificam as novas caracteristicas. Segue-se que, 10 adulto, cada um dos estigios passados corresponde a urn nivel mais ou s elementar ou clevado da hierarquia das condutas. Mas a cada estigio ccorrespondem também caracteristicas momentineas ¢ secunditias, modificadis pelo desenvolvimento ulterior, em fuga da neces aloe organizagio. Cada e lui cuio, pelas estruturas que o detinem, uma forma particular de equilibrio, efetuando-se a evolugae mental no sentido de uma equilibragio sempre mais completa Podemos agora comprcender 0 que si0 os mecanismos funci ‘comuit a todos os estigios. Pode-se dizer de maneira geral (no comparando somente cada estigio ao seguinte, mas cada conduta, no interior de qualquer estégio, & conduta seguinte) que toda ago —isto é, todo movimento, pensa- lento ~ cortesponde a uma necessidade A crianga, como 0 15 Adulto, 6 executa alguma aglo exteslor ou siesmo intelramente interior {\ando inpulsionada por um motivo e este se traduz sempre sob a forma de ina necessidade (ama necessidade elementar ou um inezess, una pergunta etc). Ora, como jé bem mostrou Claparéde, uma necessidade & sempre & manifestagdo de um desequlfri. Ela existe quando qualquer cosa, fora de 16s ou em n6s (no nosso organism fisico ou mental) se modificou, talan- ‘-se, ent, de um reajustamento da conduta em ungdo desta mudanga. Por exemplo,afomeous fadiga provocarioa procura do alimento ou do repouso. O encontro do objeto exterior desencadear4 a necessidade de manipulé-lo; sua ulilizagZo para fins préticos suscitaré yma pergunta ou um problema te6tico, Una palaven de alguém excltaré a necessidade de imitar, de simpa- tizar ou levard a reserva eoposigéo quando entra em conflto com as mosses tendéncias. Tnversamente, a agio se finda desde que haja saisfagdo das necessidades, isto €, logo que o equilfoio ~ ene o fato novo, que desenca- deou a necessidade, © a nossa organizaglo mental, tal como se apresentava anterionmente ~€ restabelecido. Comer ou dorms brincar ou conseguir suas finalidades, responder a perguntas ou resolver problemas, ser bemt-sticedido na imitagdo, estabelecer uum lag sfetivo, sustenar seu ponto de vista, so ouras stisfaes que, nos exemplos precedentes, dario fim A conduta especilica sucitada pela neces- sade. A cada instante, pode-se dizer, a ago € desequilibrada pelas tans- formagées que parecer no nnuido, ex __ A acio humana consiste neste movimento continuo e perpétuo de resjustamento ou de equilibragio. f por isto que, nas fases de construgio inicial, se pode considerar as estruturas mentais sucessivas que produzem 0 desenvolvimento como formas de equilibrio, oade cada uma constitui um progresso sobre as precedentes. Mas também é preciso compreender que este ismo funci eral que Seja, nao explica o contetido ou a estrutura das diferentes necessidades, pois Cada uma dentre elas ¢ relativa & ‘organizagio donivel considerado. Por exein plo, a visio de um mesmo objeto suscitaré diferentes perguntas em uma crian Ga ainda incapaz de classificagio © em uma maior, cujas idéias sio mais a mplas ¢ mais sisteméticas. Os interesea de un eric depend, portato, cada momento do conto le suas nogbes adquiridas e de suas disposicwss afetivas, jé que estas tendem a completi-los em sentido de melhor equilitrio, _ Antes de examinarmos o desenvolvimento em detalhes, devemos precisara forma geral das necessidades c inte=resses comuns a todasas idades. 16 Podl-se dizer que toda necessidade tende: 1°. a incorporar as coisas ¢ pessoas \ividade prépria do sujeito, isto & "assinalar” o mundo exterior as estru- {urns j6 construidas, e 2% aeajustar estas Gltimas em fungio das transforma- (gbes ocorridas, ou seja, "acomodé-las” aos objetos externos. Nesse ponto de ‘Vista, toda vida mental c orginica tende a assimilar progressivamente omeio Jumbicnte, realizando esta incorporagdo gragas as estruturas ou érgios pst {Wicos, cujo raio de ago se toma cads vez, mis amplo. A percepgio © movimentos elementares (preensio etc.) referem-se, primeiramente, aos bjetos préximos nos seus estados momentineos, jé que a meméria e a {ntoligéncia pratica permitem, 20 mesmo tempo, reconstituir 0 estado ime- iiotamente anterior e antecipar as transformaces préximas. O pensamento {ntuitivo reforca, em seguida, estas duas capacidades. Esta evolugio culmina om a intcligéncia I6gica, sob 2 forma de operagdes concretas ¢ finalmente lo dedugio abstrata, tornando © sujeito senhor dos acontecimentos mais onginquos no espago c no tempo, Em cada um desses niveis, o espirito Josempenha a mesma funcio, isto 6, incorporar 0 universo a si proprio; a futrutura de assimilagzo, no entanto, vai variar desde as formas de incorpo- gio sucessivas da percepgio e do movimento até as operagées superiores. ra, assimilando assim os objetos, a agdo e o pensamento so compe- Jidos a se acomodarem 2 estes, isto é, a se reajustarem por ocasifo de cada ¢ \Variagto exterior. Pode-se chamar "adaptagio" ao equilfbrio destas assim Jigdes © acomodagées, Esta ¢ 2 forma geral de equilforio psfquico. O desenvolvimento mental aparceeré, entdo, em sua organizagio progressiva ‘como uma adaptagio sempre mais precisa & realidade. Sio as etapas desta IiJaptagio que vamos agora estudar concretamente, 1. O RECEM-NASCIDO E O LACTENTE © perfodo que vai do nascimento até a aquisigéo da linguagem tnateado por extraordinirio desenvolvimento mental. Muitas vezes mal se uspeitou da importincia desse periodo; esto porque ele nio€ acompanhado Ue palavras que permitam seguir, passo a passo, 0 progresso da inteligéncia f dos sentimentos, como mais tarde. Mas, na verdade, € decisivo para todo ‘0 curso da evolucio psiquica: representa a conquista, através da percepGéo ‘dos movimentos, de toda 0 universo prético que cerca a crianga. Ora, esta jmilagéo senso-motora" do mundo exterior imediato realiza, em dezoito meses ou dois anos, toda uma revolugéo copérnica em miniatura. Enquanto que, no ponto de partida deste desenvolvimento, o recém-nascido traz.tudo para si ou, mais precisamente, para 0 seu corpo, no final, isto &, quando ‘comegam a Tinguagem ¢ 0 pensamento, ele se coloca, praticamente, como @ ‘um clemento ou um corpo entre 05 outros, em um universo que construi pouco a pouco, e que sente depois como exterior a si préprio. ‘Vamos descrever passo a passo as etapas desta revolugio copémica, sob duplo aspecto: o da inteligéncia ¢ o da vida afetiva em formagio, No rimeiro destes dois pontos de vista podem-se, como jé vimos atris, distin- guir trés estégios entre o nascimento € o fin deste periodo: 0 dos reflexos, 0 da organizacio das percepgdes ¢ hébitos € o da inteligencia senso-motora propriamente dita, No recém-nascido, a vida mental se reduz ao exereicio de aparelhos rellexos, isto 6, 88 coordcnagdes sensoriais € motoras de fundo hereditério, que correspondem a tendéncias instintivas, como a nutrigéo. A esse respeito nos limitamos a observar que estes reflexos, enquanto estio ligados as condutas que desempenhardo um papel no desenvolvimento psiquico ulte- rior, néo tém nada desta passividade mecénica que se thes atribui, mas ‘manifestam desde 0 comeco uma atividade verdadeira que atesta, precisa- mente, a existéncia de uma assimilagio senso-motora precoce. Desde 0 inicio, 05 reflexos da succao melhoram com o exercicio: um recém-nascido mama melhor depois de uma ou duas semanas que nos primeitos dias. Em Seguida, esses reflexos conduzem a discriminagoes ou reconhecitnentos Priticos féccis de serem notados. Enfim, eles dio lugar, sobretudo, a uma espécie de generalizacio da atividade: o lactente nfo se contenta de sugar quando mama, sugando também no vazio, seus dedos (quando os encontra) qualquer objeto apresentado fortuitamente. Coordena os movimentos dos bragos com a suecio, aé levar,sistematicamente—as vezes desde 0 segundo és -, seu polegar a boca. Em suma, assimila uma parte de seu universo a sucgio, a ponto que se poderia exprimir seu comportamento inicial, dizen- do-se que, para ele, 0 mundo é essencialmente uma realidade a sugar. verdade que, rapidamente, 0 mesmo universo se tornaré também uma reali- dade para se olhar, ouvir e, logo que os movimentos préprios Ihe permitam, para manipular. ‘Mas estes diversos exercicios, reflexos que sio 0 prensincio da assimi lago mental, vlo rapidamente se tornar mais complexos por integracéo nos hébitos e percepgdes organizados, constituindo o ponto de partida de novas condutas, adquiridas coon ajuda da experiencia. A succio sistemética do polegar pertence jé a este segundo estigio, assim como também os gestos de virar a cabeca na diregio de um rufdo, ou de seguir um objeto em movimento etc, Do ponto de vista perceptive, constatamos que, logo que a crianga comega a sorrir (quinta semana em diante), reconhece certas pessoas em ‘oposigio a outras etc. (mas guardemo-nos de Ihe atribuir, por isto, a nogio 18 lle pessoa ou mesmo de objeto: sio aparigées sensiveis e animadas que ela econhece, nessa fase, o que ndo prova nada quanto a sua substancialidade, fioin quanto a dissociagao do eu ¢ do universo exterior). Entre tres ¢ seis jeses (comumente por volta de quatro meses e meio), o actente comega a eight © que ve, € esta capacidade de preensio, depois de manipulagéo, ‘imenta seu poder de formar hibitos novos. Os conjuntos motores (habitos) novos e os eonjuntos perceptivas, no Tnlelo, formam apenas um sistema; a esse respeito, pode-se falar de "esque- “iis Senso-motores", Mas como se constroem estes conjuntos? Um ciclo ‘ellexo € sempre, no ponto de partda, mais um ciclo eyjo exercicio, em lugar ir, incorpora novos clementes, constituinde com eles totalidades \das mais amplas, por diferenciagdes progressivas. A scguir, basta Tista *reagao circular", como a chamaram, desempenha papel esscncial \Josenvolvimento senso-motor e representa forma mais evoluida de assi- Iago. ‘Mas, vamos 40 terceiro estigio, que € mais importante ainda para 0 imo do desenvolvimento: 0 da inteligéncia pritica ou senso-motora. A ‘njeligencia aparece, com efeito, bem antes da Hinguagem, isto é, bem antes poitsamento interior ue supdeo empregode signos verbais da linguagem lerlorizada). Mas € uma inteligéncia totalmente peitica, que se refere & sinipulacio dos objetos e que s6 utiliza, em lugar de palavras e conceitos, spcdes € movimentos, organizedos em "esquemas de acéo*. Pegar uma Holt, para puxar um objeto distante, é assim um ato de inteligéncia (¢ sno bastante tardio: por volta de dezoito meses). Neste ato, um meio, que Jum verdadeico instrumento, € coordcnado a um abjetivo previsto; no sn)plo da vareta, ¢ preciso compreender, antecipadamente, a relago entre {© 0 objetivo, para descobri-la como meio. Um sto de inteligéncia mais aro objetivo, puxandoa cobertura ou osuporte © 0 qual est colocado (por volta do fim do primeiro ano). Vérios outros mplos poderiam ser citados. Inwvestiguemos como se coustroem estes atos de inteligencia, Pode-se Thlir de dois tipos de fatores, Primeiramente, a5 condutas precedentes se ‘illiplicam ese diferenciam cada vez mais, até alcangar uma maleabilidade sullelente para registrar os resultados da experiéneis. E assim que nas “oigGes circulares" o bebé nio se contenta mais apenas em reproduzir os joyinventos e gestos que conduziram a um efeito interessante, mas os varia ct) inencionatmente para estudar os resultados destas variagoes, entregando-se 4 verdadeicas exploragées ou "experitncias para ver". Todos puderam ‘observar, por exemplo, © comportamento de criangas de doze meses, aproximadamente, que consistia em jogar objetos no ehdo, em uma ou outra diregio, para analisar quedas etrajetérias. De outro lado, 0s "esque- mas" de agio, construidos desde o nivel do estigio precedente e multipli- cados gracas a essas novas condutas experimentais, tornam-se suscetiveis dese coordenarem entre si, por assimilagao recfproca, tal como fardo mais tarde as nogées ou conceitos do pensaniento. Com efeito, uma agéo apta 4 ser repetida e generalizada para situagdes novas € comparével a uina eepécle de conceito senso-motor, fi assim que, em presenga de um novo objeto, ver-se-d 0 bebé incorporé-lo sucessivamente a cada um de seus esquemas de agto (agitar, esfregar ou balangar 0 objeto), como se se tratasse de compreendé-lo através do uso. Sabe-se que, por volta de cinco a seis anos, as criangas ainda definem os conceitos comecando pelas palavras "é para"; uma mesa "é para escrever em cima" etc. Hi, entio, af uma assimilagio senso-motora comparivel aquela que seré mais tarde a assimilagéo da realidade por meio das nogées e do pensamento. E natural, portant, que estes diversos esquemas de acGo se assimilem entre si, isto 6, se coordenem de maneira que uns determinem fim a agao total, enquan- 10 outros Ihe sirvam de meios. E ¢ por esta coordenagio, comparivel & do estigio precedente, mais mével ¢ flexivel, que comeca a inteligéncia prtica propriamente dita. ‘A finalidade deste desenvolvimento intelectual é, como ja dissemos acima, transformar a representacio das coisas, a ponto de inverter comple- tamente a posicio inicial do sujeito em relagio a elas. No ponto de partida da evolugio mental, néo existe, certamente, nenbuma diferenciagio entre 0 cu €.0 mundo exterior, isto é, as impressdes vividas ¢ percebidas mio sio relacionadas nem consciéncia pessoal sentida como um "eu", nem a objetos eoncebidos como exteriores. Séo simplesmente dados em utn bloco indisso- ciado, ou como que expostos sobre um mesmo plano, que ndo é nem interno nem extero, mas meio caminko entre esses dois pélos. Estes s6 se opordo ‘um 29 outro pouco a pouco. Ora, por causa desta indissociagéo primitiva, tudo que 6 percebido & centralizado sobre a propria atividade. O eu, no inicio, ‘est no centro da realidade, porque € inconsciente de si mesmo, ¢ a medida que se constr6i como uma realidade interna ou subjetiva 0 mundo exterior vai-se objetivando. Em outras palavias, a consciéncia comega por um ego- centrismo inconsciente ¢ integral, até que os progressos da inteligéncia senso-motora levem & construgéo de um universo objetivo, onde o préprio 20 J/po aparece como um elemento entre os outros, © ao qual se opde a vida lor, localizada neste corpo. Quatro processos fundamentas caracterizam esta revolugio intelec- {| realizada durante os dois primeiros anos de existéncia: sio as constru- ue categorias do objeto ¢ do espago, da causalidade ¢ do tempo, todas Ironaturalmentea titulo de categoriaspraticas ou de agio pura enaoainda 10 ogdes do pensamento. O esquema pratico do objeto é a permanéncia substancial atri- {a aos quadros sensoriais. E, portanto, a crenga segundo a qual uma Aira percebida corresponde a "qualquer coisa” que continua a existir, Jno quando nfo s percebemos mais. Ora, € fécil mostrar que, ile 08 primeiros meses, o lactente no percebe objetos propria- site ditos, Reconhece certos quadros sensoriais familiares, mas 0 Ue reconhece-los quando presentes nfo equivale, de forma nenuu- | situé-los em qualquer parte quando estfo fora do campo percep- {, Reconhece em particular a8 pessoas e sabe que, gritando, tard nar sua mae, logo que ela desaparcce. Mas isto nfo prova que cle \vibui um corpo existente no espago, quando nio a vé mais. De jo 0 lactente, quando comega a pegar o que vé, néo presenta, de cio, nenhum comportamento no sentido de buscar os objetos dese- jados que est4o cobertos com um lengo, embora cle tenba seguido com ‘olhos tudo 0 que foi feito. Em seguida, procuraré o objeto escondi- J, nas sem se dar conta dos destocamenios sucessivos, como se cada jjolo estivesse ligado a uma situagdo de conjunto ¢ nio constituisse motivo independente. $6 por volta do fim do primeiro ano € que ‘bjetos sto procurados depois que saem do campo da percepsio, & sob este critério que se pode reconhecer um comego de exterioriza- (9 do mundo material. Resumindo, a auséncia inicial de objetos iciais, depois a construcao de objetos sélidos ¢ permanentes, 6 ‘in primeiro exemplo desta passagem do egocentrismo integral primi ‘{ivo para a elaboragao final de um universo exterior. ‘A evolugio do espaco pritico ¢ inteiramente solidéria com a constru- ‘glo dos objetos. No comego hf tantos espagos, néo coordenados entre si {quanto dominios seusoriais (espaco bucal, visual, itl etc.) ¢ cada um deles {uti contralizado sobre movinentos ¢atividades préprias, O espaco visual, fin esvecial, no tem no comego as mesmas profundidades que construité tin seguida. No fim do segundo ano, a0 contro, estéconcludo um espago joral que compreende todos os outros, caracterizando as relagdes dos objetos: fontte si e 08 contendo na sua totalidade, inclusive 0 proprio corpo. Ora, a 2 weve claboragio do espaco é devida essencialmente & coordenagio de movimen- tos, sentindo-se aqui a estreita relagdo que une este desenvolvimento ao da inteligéncia senso-motora ‘A causalidade 6, primeiramente, ligada & atividade em scu egocentris- ‘moi € a ligagio que fica muito tempo fortuita para o sujeito, entre um resultado empitico € uma ago qualquer que o atraiu, E assim que, puxando os cordées que pendem do alto de seu bergo, 0 lactente descobre a agitagao de todos os brinquedos suspensos na cobertura, ‘unindo entéo causalisticamente 0 puxar os cordées e 0 efeito geral desta agitagio, Ele se serviré logo deste esquema causal para agir distincia sobre qualquer coisa: ele puxard o cordo para continuar um balango que observa 4 dois metros de seu bergo, para fazer durar um assovio ouvido do fundo de seu quarto ete. Esta espécie de causalidade mégica ou "m4gico-fenomenista® ‘mostra 0 egocentrismo causal primitive. No curso do segundo ano, 10 contrério, a crianga reconhece as relagbes de causalidade dos objetos entre si, objetivando ¢ espacializando, deste modo, as causa. ‘A objetivacao das s¢ries temporais é paralela a causalidade. Em suma, ‘em todos 0s dominios encontramos esta espécie de revelucio copérnica. Esta permite d inteligéncia senso-motora sair do seu egocentrismo inconsciente radical para se situar em um "wniverso",néo importando qui préticoc pouco *reflexivo" este seja. A evolugéo da afetividade durante os dois primeiros anos dé lugar a ‘um quadro que, no conjunto, corresponde, exatamente, aquele estabelecido através do estudo das fungdes motoras e cognitivas. Existe, com efeito, ‘un paralelo constante entre a vida afetiva ea intelectual. Demos af apenas um exemplo, mas veremos que esse paralelismo se seguiré no curso de todo 0 desenvolvimento da infincia ¢ adoleseéncia. Tal constatagio s6 surpreende ‘quando se reparte, de acordo com o senso comum, a vide do espirito em dois ‘compartimentos estanques: 0 dos sentimentos ¢ 0 do pensamento, Mas, nada € mais falso e superficial, Na realidade, o elemento que € preciso sempre focalizar, na andlise da vida mental, a "conduta" propriemente dita, conce- bbida— como procuramos exporrapi¢amente na nossa introdugdo — como um restabelecimento ou fortalecimento do equilfbrio. Ora, toda conduta supde instrumentos ou uina técnica: so os movimentos ¢ a inteligéacia, Mas, toda cconduta implica uamibém modificagoes e valores finais o valor dos fins): 0s sentimentos. Afetividade ¢ inteligéncia so, assim, indissociveis e cons- tituem os dois aspectos complementares de toda conduta bum Sendo assim, € claro que ao primeiro estigio de téenicas reflexas ‘corresponderdo os impulsos instintives elementares, ligados & alimentagao, 2 ‘ssi como estas espécies de reflexosafetivos que sfoas emogdes primérias. ‘Mostrou-se, com efeito, recentemente, a proximidade das emogdes com 0 “stoma fisiol6gico das atitudes ou posturas; os primeiros medos, por exem- ‘plo, podem estar ligados & perda de equilibrio ou a bruscos contastes entre i acontecimento fortuito e a atitude anterior. - Aosegundo estigio (percepgées ¢ hébitos), assim como a0 comego da \cligéncia senso-motora, corresponde uma série de sentimentos elementa- ipradivel e o desagradével, o prazer ¢ a dor ete, assim como 0s primeiros ‘ntimentos de sucesso e fracasso. Na medida em que estes estados afetivos jopendem da propria ago e nfo ainda da consciéncia das relagdes mantidas ‘GoM as outras pessoas, este nivel da afetividade testemunha uma especie de ‘yocentrismo geral, € di @ iusto, se atribuimos falsamente a0 bebé uma ‘ponsciéncia deseuey, cie de: i de uma atividade Jose cu. De fato, o lactente comega pore interessar essencialmente porscu orpo, seus movimentos ¢ pelos resultados destas agdes. Os psicanalistas tlinmaram de “narcisismo" a este estigio elementar da afetividade, mas € preciso compreender que € um narcisismo sem Narciso, isto & sem a ‘eonsciéncia pessoal propriamente dita, ‘Ao contririo, com o desenvolvimento da inteligéncia e com a conse- Wente elaboragio de um universo exterior, ¢ principalmente com a constru- ‘glo do csquema do *objeto", aparece um terceiro nivel de afetivida & caracterizado, retomando 0 vocabulirio da psicandlise, pela "escolha do bjeto", isto é, pela cbjetivagéo dos sentimentos e pela sua projecdo sobre butras atividades que nfo apenas a do eu, Note-se que com o progresso das ‘ondutas inteligentes, os sentimentos ligados & prépria atividade se diferen- clam e se multiplicam: alegrias e tristezas ligadas ao sucesso € ao fracasso los atos intencionais, esforgos e interesses ou fadigas e desinteresses etc. Mas estes estados afetivos permanecem muito tempo ligados apenas, como 08 afetos perceptivos, as ages do sujeito, sem delimitagéo precisa entre Aquilo que the pertence especificamente € aquilo que pode ser atribuido ao mundo exterior, isto & a outras fontes possfveis de atividades ¢ de causali- dade, Por outro lado, quando do quadro global e indiferenciado das ages ¢ porcepgdes primitivas, destacam-se, cada vez mais nitidos, 0s "objetos" concebidas como exteriores a0 eu ¢ indcpendentes dele, a situagio se luansforma completamente, De uma parte, encontramos a estreita correlagio ‘com a construgio do objeto, a consciéncia do "eu" comegando a se afirmar ‘como p6lo interior da realidade, em oposicao ao plo externo objetivo; mas, ‘dc outra parte, os objetos concebidos, em analogia a esse "eu", como ativos, 2B {iieorporagio das coisas & sua atividade predomina sobre a acomodagio — “conseguindo, apenas gradativamente, situar-se em um niverso objetivado ule a assimilagSo 20 sujeito ¢ a acomodagfo ao real se harmonizam entre |, Da mesma mancira, a crianga reagiré primeiramente as relagées sociais AO pensamento em formagéo com um egocentrismo inconsciente que longa o do bebé. Ela s6 se adaptard, progressivamente, obedecenda 3s 1s de equilfbrio andlogas as do bebé, mas transpostas em fungio destas as realidades. 6 por este motivo que se observa, durante toda a primeira lncia, uma repetigéo parcial, em planos novos, da evolugio jé realizada 0 lactente no plano elementar das adaptagées priticas. Estas espécies de poticfo, com defasagem de um plano inferior aos planos superiores, so uenmamente reveladoras dos mecanismos fntimos da evolugio mental. vivos © conscientes. E isto acontece, em especial, com esses objetos, excepcionalmente imprevistos e interessantes, que so as pessoas. Os sentimentos clementares de alegriae tristeza, de sucess0s ¢ fracassos etc. Seriio entéo experimentados em fungio desta objetivacdo das coisas e das Pessoas, originando-se daf os sentimentos interindividuais. A "escolba (@fetiva) do objeto", que a psicanslise opée a0 narcisismo, corresponde & construyio intelectual do objeto, assim como 0 narcisismo correspondia 4 indiferenciacéo entre 0 mundo exterior ¢ o eu. Esta "escolha do objeto" refere-se, primeiramente, & pessoa da mae, depois (em negativa como Positivo) a pessoa do pai e dos pr6ximos. Tal é o comego das simpatias ¢ antipatias que se vio desenvolver tio amplamente no curso do periodo seguinte, II A PRIMEIRA INFANCIA: DE DOIS A SETE ANOS Com o aparecimento da linguagem, as condutas sio profundamente ‘modificadas no aspecto afetivo e no intelectual. Além de todas as ages reais, (ou materiais que € eapaz de efetuar, como no curso do periodo precedente, 4 crianga toma-se, gragas a linguagem, capaz de reconstituir suas ages passadas sob forma de narrativas, ¢ de antecipar suas agées futuras pela representacio verbal. Daf resultam trés conseqiéncias essenciais para © desenvolvimento mental: uma possivel troca entre os individuos, ou S¢ja, 0 inicio da socializagGo da agdo; uma interiorizagéo da palavra, isto 6, 4 aparigfo do pensamento propriamente dito, que tema como base alinguage interior co sistema de signos, , finalmente, uma interiorizagio da agio com {al, que, puramente perceptiva e motora que era até entdo, pode dat em dian Se reconstituir no plano intuitivo das imagens ¢ das "experiéncias mentai Do ponto de vista afetivo, segue-se uma série de transformagGes paralela desenvolvimento de sentimentos interindividuais (simpatias e antipatia, respeito etc.) e de uma afetividade inferior organizando-se de maneira mAlt estével do que no curso dos primciros estigios. ‘Vamos primeiramente examinar essas te8s modificagées gerais da conduta (socializagio, pensamento e intuigéo), e depois suas repercusies afetivas. Mas, para se compreender em detalbcs estas méltiplas maniesta- ‘$8es novas, € preciso insistir ainda sobre sua continuidade relativa com 6 condutas anteriores. No momento da aparigio da linguagem, a crianga se acha as voltas, nfo apenas com o universo fisico como antes, mas com dis mundos novos e intimamente solidérios: 0 mundo social e 0 das tej sentagdes interiores. Lembremo-nos de que, a respeito dos abjetos materiais ©u corpos, 0 lactente comesa por uma atitude egocéntrica — na quit + A. A socializagao da agdo ‘A troca € 4 comunicagio entre os indivfduos sfo a consequéncia mais, ‘iente do eparecimento da linguagem. Sem dtvida, estas relagées interin- lividuais existem em germe desde a segunda metade do primeiro ano, gragas Initaglo, cujos progressos estdo em intima conexo com odesenvolvimen- ssenso-motor. Sabe-se que o lactente aprende pouco a pouco a imitar, sem \We exista uma técnica hereditéria da imitacGo. Primeiramente, € simples xcllagdo, pelos gestos anélogos do outro, movimentos vis{veis do corpo wobretudo das mios) que a crianga sabe executar espontaneamente; em sguida, a imitagio senso-motora torna-se uma c6pia cada vez mais precisa lp movimentos que lembram os movimentos conhecidos; ¢, finalmente, a lana reproduz os movimentos novos mais complexos (os modelos mais ifceis sio os que interessam as partes nfo visiveis do pr6prio corpo, como oslo € a cabega). A imitagio de sons tem uma evolugio semelbante, uando os sons si associados a agdes determinadas, aimitagio prolonga-se ‘mo aquisigdo da linguagem (palavras-frases elementares, depois, substan- vos e verbos diferenciados e, finalmente, frases propriamente ditas). En- jvanto a Hinguagem se estabetece sob forma definida, as relagées interindi- cexteriores, ea uma relagso {etiva global sem comunicagdes diferenciadas. Com a palavra, a0 contrério, vida interior como tal, que € posta em comum e, deve-se acresceniar, que cconstréi conscientemente, na medida em que pode ser comunicada. Ora, em que consistem as fungies elementares da linguagem? & Meressante, a esse respeito, observar em criangas de dois a sete anos, tudo jue dizem e fazem durante algumas horas, em intervalos regulares ¢ analisar a amostra de linguagem espontinca ou provocada, do ponto de vista das 5 24 relagdes sociais fundamentai assim, ser postos em evidéncia. Em primeiro lugar, existem os fatos de subordinagio e as relagSes de coagio spiritual exercida pelo adulto sobre a crianca. Com a linguagem, a crianga descobre as riquezas insuspeitas de um mundo de realidades supe- riores a ela; seus pais € os adultos que a cercam Ihe aparecem jf como seres grandes ¢ fortes, como fontes de atividades imprevistas-e misteriosas. Mas ‘agora esses mesmos seres revelam seus pensamentos ¢ vontades,¢ este nove universo comega a se impor com sedugéo e prestigio ineompariveis. Um "eu ideal", como disse Baldwin, se propée ao eu da crianca, ¢ os exemplos vindos. do alto sero modelos que a crianga deve procurar copiar ou igualar. Sio dados ordens ¢ avisos, sendo, como mostrou Bovet, 0 respeito do pequeno pelo grande que os torna accitéveis ¢ obrigat6rios para as criangas. Mas, ‘mesmo fora destes nicleos de obediéncia, desenvolve-se toda uma submi sio inconsciente, intelectual ¢ afetiva, devida coagio espiritual exer pelo adult, Em segundo lugar, existem todos 0s fatores de troca, com o adulto ou ‘com outras criangas. Essas intercomunicagdes desempenbam igualmente papel decisivo para os progressos da aio; na medida em que levam a formular a propria agio ¢ narragéo das acdes passadas, estas intercomunica- ($6es transformam as condutas materiais em pensamento, Como disse Janet, ‘a memGria esté ligada a narrativa; @ reflexSo, a discussio; a crenga a0 ‘engajamento ou promessa ¢ 0 pensamento linguagem exterior ou interior. ‘Mas, sabe a erianca comunicar inteiramente seu pensamento (e af se notam as defasagens de que falamos acima), e perceber 0 ponto de vista dos outros? (Ou, melhor, uma aprendizagem da socializagdo € necesséria para alcangar a cooperagio real? £ neste ponto que se toma fit! a anélise das fungées da linguagem esponténea. Com efeito, € fécil constatar como as conversacbes cnlre criaagas sao rudimentares € ligadss 4 ago material propriamente dita. Aproximadamente até sete anos, as criangas no sabem discutir entre elas © se limitam a apresentar suas afirmagies contrérias. Quando se procura dar explicagécs, umass outras, conseguem com dificuldade se colocar do ponto devista daquela que ignora do que se trata, falando como que para si mesmas. E sobretudo acontece-Ihes, trabalbando em um mesmo quarto ou em uma ‘mesma mesa, de falar cada uma por si, acreditsndo que se escutam e se compreendem umas as oulras, Esta espécie de "mondlogo coletivo" consiste mais em mtua excitagio a ago do que em troca de pensamentos reais. Notemos, entim, que as caracteristicas desta linguagem entre criangas si0 ‘encontradas nas brincadeiras coletivas ou de regra; em partidas de bolas de Ties grandes categorias de fatos podem, \Jc, por exemplo,os grandes se submetem as mesmas regras ¢ ajustam seus (0s individuais aos dos outros, enquanto que os pequenos jogam cada um_ ‘si, sem se ocuparem das regras do companheiro, Daf uma terceira categoria de fatos: a crianga néo fala somente as Aras, fala-se asi propria, sem cessar, em mondlogos variados que acompa~ jin seus jogos e sua atividade. Comparados ao que serio mais tarde, \ingem interior continua no adulto ow no adolescente, estes solloquios Wiferentes, pelo fato de que séo pronunciados em voz. alta © pela res da acio imediata, Estes verdadeitos mon6logos, sm mais de um tergo da linguagem espontinea ive eriangas de t€s ¢ quatro anos, diminuindo por volta dos sete anos. [Em suma, o exame da linguagem espontinea entre criangas, como 0 ‘pomportamento dos pequenos nos jogos coletivos, mostra que as primei- ondutas sociais permanccem ainda a meio caminho da verdadeira lizagio. Em lugar de sair de seu pr6prio ponto de vista para coordens-1o ‘dos outros, oindividuo permanece inconscientemente centralizado em imo; este egocentrismo face ao grupo social reproduz prolonga 0 que 11105 no lactente face 20 universo fisico. Nos dois casos, hd uma indife- ligio entre o eu e a realidade exterior, aqui representada pelos outros {Juos ¢ nao mais pelos objetos isolados; este tipo de confuséo inicial Jielece a primazia do proprio ponto de vista. Quanto as relagGes entre a igh ¢ 0 adulto, evidente que a coagéo spiritual (¢ a fortiori material) {da pelo segundo sobre o primeiro nao exclui em nada este egocentris- ‘Ounido se submete a0 adulto eo coloca muito acima de si a crianga vai (10, muitas vezes, a sua escala, como certos crentes ingéauos a respeito is divindade, chegando mais a um meio-termo entre 0 ponto de vista Jor o seu proprio, do que a uma coordenago bem diferenciada. B.A génese do pensamento iin fumgio destas modificagSes gerais da agio, assiste-se durante a {ya infincia « uma transformagio da inteligéncia que, de apenas senso- ‘i pritica que € no inicio, se prolonga doravante como pensamento {iene dito sob a dupla influéncia da linguagem e da socializagio. A Ji0i, permitindo ao sujeito contar suas agdes, fornece de uma s6 vez (c\lade de reconstitur 0 passado, portanto, de evocé-lo na auséncia de obre os quais se referiram as coridutas anteriores, de antecipar as futiras,ainda nfo executadas, eaté substituf-las, s vezes, pela palavra sein nunca realizé-la, Este 60 ponto de partida do pensamento. Mas, o ncrescentar que a linguagem conduz.& socializagio das agoes; 2 estas dio lugar, gragas a cla, a atos de pensamento que néo pertencem exclusivamente a0 eu que os concebe, mas, sim, a um plano de comunicagio ‘que thes multiplica a importéncia. A linguagem € um veiculo de conceitos ¢ ogdes que pertence a todos ¢ reforga o pensamento individual com um vasto sistema de pensamento coletivo. Neste, a crianga mergulha logo que maneja apalavra, ‘Mas acontece com 0 pensamento 0 que acontece coma conduta global, Em ver de se adaptar logo as realidades novas que descobre e que constrdi ouco a pouco, 0 sujeito deve comecar por uma incorporagéo laboriosa dos ‘dados ao seu eu e & sua atividade; esta assimilagéo egocéutrica caracteriza tanto o infcio do pensamento da crianga como 0 da socializagio. Para ser ais exato, € preciso dizer que, durante as idades de dois a sete anos, ‘encontrann-se todas as transigées entre duas formas extremas de pensamento, representadas em cada uma das ctapas percorridas durante este perfodo, ‘scndo que a segunda domina pouco a pouco a primeira. A primeira desta formas € 2 do pensamento por incorporagéo ow assimilagéo puras, cujo egocentrismo exclui, por consequéncia, toda objetividade. A segunda destas formas 6a do pensamento adaptado aos outros ¢ ao real, que prepara, assim, © pensamento I6gico. Entre os dois se encontza a grande maioria dos atos do Pensamento infantil que oscila entre estas direges contrérias, © pensamento egocéntrico puro aparece nesta espécie de jogo, que se pode chamar de jogo simbélico, Sabe-se que 0 jogo constitu a forma de atividade inicial de quase toda tendéncia, ou pelo menos um exercicio funcional desta tendéncia que o ativa ao lado da aprendizagem propriamente ita, ¢ que, agindo sobre este, o reforga. Observa-se entio, bem antes da Tinguagem, um jogo de fungSes senso-motoras que & um jogo de puro exercicio, sem intervencio do pensamento nem da vida Social, pois s6 ativa ovimentos e percepgdes. No nivel da Vida colctva (de sete a doze anos), 40 contritio, vé-se constituir nas eriangas jogos caracterizados por certss obrigagées comuns, isto 6 as regras do jogo. Entre duas criancas, aparece uma forma diferente de jogo, muito caracteristica da primeira infincia e que Sofie intervengio do pensamento, mas um pensamento individual quase puro com minimum de elementos coletivos: € © jogo simbdlico ou jogo de iaginacio eimitagio. Os exemplos sio abundantes: jogo de boneca, brincar de comidinba,£ facil dase conta de que estes jogos simbdlices eonetiinen, uma atividede real do pensemento, embora essencialmente egocéntrica, ou melhor, éuplamente egocentric, Sua fungfo consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformagio do real em fungio dos desejos: a crianga que brinca de boneca refaz sua prépria vida, corrigindo-a a sua mancira, erevive Py 08 prazeres ou conflites, resolvendo-os, compensando-os, ou se, iplelando a realidade através da ficgao. Em suma: 0 jogo simbélico ndo cesforgo de submissio do sujeito a0 real, mas, 20 contrério, uma lagio deformada da realidade a0 eu. De outro lado, a linguagem nesta espécie de pensamento imaginative, tendo como instrumento jigem ou simbolo. Ora, a simbola é um signa —como a palavra ou signo = mas € um signo individual elaborado sem o recurso dos outros € ‘vezes compreendido pelo individuo, jé que a imagem se refere a inngas e estados intimos e pessoais.£, portanto, neste duplo sentido que simb6tico consttui o pélo egocéntrico do pensamento. Pode-se dizer, 10, que ele € 0 pensamento egocénirico em estado quase puro, s6 spassado pela fantasia e pelo sonho. i No outro extremo, encontra-se a forma de pensamento mais adaptada 1 que.a ctianca conhece, ¢ que se pode chamar de pensamento intuitivo, certo sentido, a experincia € a coordenagio senso-motoras, mas antecipadas, gracas 8 representacéo. Voltaremos a ela (na intuigdo & sob certo aspecto, a ligica da primeira inféncia. Entre estes dois tipos extremos se encontra uma forma de pensamento Josmente verbal, séria em oposigio 80 jogo, porém mais distante do real se 2 prépra intuigfo:€ 0 pensamento corrente da crianga de dois a sete , & muito interessante constatar o quanto ele prolonga os mecanismos ilagdo € a construgio do real, proprias ao perfodo pré-verbal. Bia cscasceae 2 evianga pots espontateatent, ado ht mGiodo sliciente ue o de pesquisa eanalisar as perguntas que faz, abundantes 4, quase ao mesmo tempo em que fala. Entre estas perguntas, as mais, tivas tendem simplesmente a saber “onde* se encontram os objetos dos e como se chamatn as coisas pouco conhecidas: "0 que €?* Mas i és anos, e muitas vezes antes, aparece uma forma bésica de pergunta se multiplies a€ os sete anos: sf0 as famosos "porqués" das criangas, sjvsiso adulto tantas vezes tem dificuldade em responder. Qual osentido dessa pslavra? No adulto pode ter dis significado dstintos: inal Je (‘por que voc8 vai po este caminbo?") ou a causa eficiente ("por que ‘sorpos caem?"), Tudo se passa, 20 contrio, como se os "porqués” da jira infancia apresentassem um significado indiferenciado, meio cami- ‘ntie 0 fim ¢ a causa, implicando, no entanto, um e outro 20 mesmo ipo. "Por que € que esté rolando?”, pergunta, por exemplo, um menino de ‘is hios & pessoa que toma conta dele. Refere-se a uma bola de gude que, ym terrago levemente inclinado, dirige-se & pessoa situada na parte mais ka; como resposta dir-se-&: "Porque inclinado", o que ums explicagéo 2 Puramente causal; mas a crianga, ndo satisfeta, pergunta novamente: “Ela sabe que vocé esté embaixo?* Seguramente, nfo se deve tomar ao pé da letra sta reagio: a crianga nfo cmpresta a bola de gude uma consciéncia humana, Sc bem que exista, como veremos, uma espécic de “animismo" infantil, nao s¢ poderia interpreté-lo como um antropomorfismo tio grosseiro, Todavia, # explicagio mecfnica nfo satistaz & criangs, porque ela entende uin movi, ‘mento como necessariamente orientado para um fim e, em conseqiéacia, como intencional e dirigido, Portanto, € a causa e o fim do movimento da bola de gude que esta crianca queria conhecer e € por isto que este exemnplo € to representa i 05 "porqués" infants tao obscuros para a consciéncia adult € que explica as dticuldades que sentimos para responder 4s criangas, €que uma grande parte destas pergunlas se relaciona a fenome- 2os ou acontecimentos que nfo comportam precisamente “porques',jé que correm 20 acaso. Assim, é que o mesmo menino de seis anos, cuja reado ‘20 movimento acabamos de descrever, espanta-se que haja em Genebra dois Saléve, enquanto que néo hé dois Cervin em Zermatt: "Por que existem dois Saléve?" Outro dia pergunta: "Por que o lago de Gencbra ni vai até Berna?" Nao sabendo como interpretar estas perguntas estranhas, resolve- ‘mos propO-las a outras eriangas da mesma idade, penguntando-Ihes 0 que teriam respondido a seu companheiro. A resposta para eles nio apresentou nenhuma dificuldade: hé um Grande Saléve para os grandes passcios ¢ adultos, ¢ um Pequeno Saléve para os pequenos passciose para as criangas, ¢ o lago de Gencbra nio chega até Berna porque cada cidade deve ter o seu Jago. Em outras palavras,néo hé acaso na natureza, porque tudo é "feito para® os homens e criangas, segundo um plano sébio e estabelecido, no qualo ser humano € 0 centro. E, portanto, a "razio de ser" das coisas que procura 0 “porqué’, isto ¢, uma razio causal e finalstica, ¢ € exatamente porque € Preciso que haja uma rezio para tudo que a crianga fracassa nos fenomenos fortuitos ¢ faz perguntas sobre eles, Em suma, @ anélise dt maneira como a erianga faz suas perguntas coloca em evidéncia o caréter ainda egocéntrico de seu pensamento, neste novo campo da tepresentagio do mundo, em oposigho ao da organizagao do "universo prético. Tudo se passa, enti, eomo seas esquemas priticos fossem trans{eridos para o novo plano e af se prolongassem, nfo apenas em finals ‘mo, como acabamos de ver, mas, ainda, sob as formas seguintes, © anisnismo infantil € a tendéncia a conceber as coisas como vivas ¢ dotadas de intengSo. No inicio, seré vivo todo objeto que exerca uma atividade, sendo esta essenciaimente relacionada com a sua uilidade para o 30 unveny a Himpada que acende, 0 forno que esquenta, a Iua que dé claridade, pois ava estar destinads 4s agents coro qu parece mover 115i prprios, como os astros € 0 vento. De outro lado, a vida € acrescentada ‘vonsciéncia; néo uma consciéncia idéntica & dos homens, mas uma que tem Ininimum de saber eintencionalidade, snfcientes para as coisas realizarem ages c,sobretudo, para se moverem ou dirigirem para fins que Thes si0 ltorminados. Assim € que as nuvens sabem que se deslocam, pois levam a wae, sobretudo, a noite (a noite € uma grande nuvem negra que cobre 0 Una hora de dormir). Mais tarde, 6 0 movimento esponténeo seré dotado couscigneia, Por exemplo, as nuvens nio sabem mais "porque o vento as pura; mas o vento ngo sabe as coisas "porque nfo é uma pessoa" como nas "sabe que sopra, porque é ele quem sopra”. Os astos so especial ie inteligentes: a Iva tos segue em nossos passeios ¢ reaparece quando limos para casa. Um surdo-mudo, estudado por W. James, pensava, io, que a ua o denunciava quando ele roubava & noite ¢ desenvolveu ipo dereflexdes atése perguntarse ela nfo tinha relagio.com sua propria Jp, enterrada pouco antes. Quanto as criangas normais, elas so quase ines em se acredinrem acompantadas pore ele ogra at lua diante de pessoas visjando em sentido Pun me de outa Depot deste tos, co condi, el perp ¢ {jciente para conduzi-las a opiniao de que os movimentos da lua sio mente aparentes quando seu disco nos segue. : E evidente que tal animismo provém de uma assimilagéo das coisas a ria atividade, como o finalismo examinado acima. Mas, da mesma cia que 0 egocentrismo senso-motor do lactente resulta de uma indife- lagdo entre 0 cu © 0 mundo exterior, € no de uma hipertrofia narcisica ‘Yousciéucia do eu, do mesmo modo 0 animismo ¢ o finalismo exprimem confusio ou indissociagio entre 0 mundo interior € 0 subjetivo € 0 ro so, e nfo um primado da realidad pslguca interna. pesae lo para a crianga ~ j4 que esta anima os corpos inertes e materializa a «hv alma ~€ uma voz, voz essa que esté na boca ou “uma pequena vor {sti por tris", e esta vor é *do vento” (termos antigos anima, psique, cc.) Os sonhos si imagens, em geral, um pouco terrveis, enviadss fs Juees notumas (a lua, as lampadas) ou pelo proprio ar, que vém encher {unito. Ou, um pouco mais tarde, s40 concebidos como vindo de n6s, mas {9 imagens que estio na cabega quando se esté acordado ¢ que sacm para ‘solocar sobre a cama ou no quarto, logo que se donne. Quando alguém se 15 proprio no sono, € porque esté duplo; a pessoa est na cama olhando nh, mas também "no sonho", como duplicata imaterial ou imagem. Na 3 Lilnlades asim: a forga €ativaesubstancial, porque tal 6 forga muscular; Thalidade € animada e viva; as leis naturais tém obedincia, em sume, tudo Jnodelado sobre 0 esquema do préprio eu, Estes esquemas de assimilaga #0 sujeito ¢, als, que ests caréncia niem em achar por retrospecgio a im. Do mesmo modo, a crianga de quatro a sete onceltes que emprega ¢ se limita a designar os [os comespondentes ou a definir pelo uso (°€ para) sob a duple iia do finaliimo e da dificuldade de justificagio. Povle-se objetar, sem divida, quea crianga desta idade ni possuisinds Minio verbal acentuado, como jf o possui na agioe manipulagao. Isto hile, mas mesmo neste terreno seré ela mais “I6gica"? Distinguinemos 0s: oda inteligenciaproprizmente prética co do pensamente tenden onhecimento no campo experimental, Briste uma *inteligéncia prtica™ que desempenha um importante Stee dois e sete anos, protongando, de um lado, ainteligéncia senso. lo periodo pré-verbal epreparando, de outro lado, as nagées téenicae ‘esenvolverioatéa idade adult. Estudou-se bastante esta iateligencia a formago, por meio de engenbosos dispostivos (lcangar objet Hntermédio de instrumentos variados;varetas, ganchos,interruptores # tlctivamente se constatou que a crianga era muito mais adiantada nas slo quenas palavras. Mas, mesmo nest terreno prétic, encontraramee 1 lipos de comportamento primitivo, ue embram em termes de agio ules pré-lgicasobservadas no pensamentodomesmonivel(A. Rey), ssa para incluir te na terra depois 33 \vontré-las no outro extremo do tubo na mesma ordem ABC. A intuicéo é, unto, exata. Mas se se inclina o tubo no sentido de volta? Os mais jovens ip prevéem a ordem CBA e ficam surpresos a0 constatarem-na. Quando guem prevé-la por uma intuigio articulada, imprime-se entéo a0 tubo movimento de semi-rotacio. Trata-se agora de compreender que a ida | dai por diante, CBA, ¢a volta, ABC. Mas eles no entendem, e,além constatando que ora A, oraC, sai na frente, esperam que apareca depois primeiro lugar a bola intermediaria B. 2°. Dois méveis seguem o mesmo jlo na mesma direcéo, um ultrapassando 0 outro. Em qualquer idade, @ en niga conclui que "vai mais depressa”. Mas, se 0 primeira percorre no mentais’ aii Jno tempo um camino mais longo sem aleangar osegundo, ov se andam sentido inverso, ou ainda, se seguem um em frente do outro duas pistes ares concéntricas, a erianga néo compreende mais essa desigualdade pidez, mesmo se as diferengas dadas entre os caminhos percorridos s0 fprandes. A intuigio de rapidez reduz-se, entio, & da ultapassagem 1a endo chega a rclagio do tempo ¢ do espago transpostos. [Em que consistem, entéo, estas intuigdes elementares da correspon- Jn espacial ou dtica, da ordem direta ABC ou ullrapassagem? Elas so ns esquemas perceptivas ou esquemas de ago, esquemas senso-moto- Porlanto, mas transpostos ov interiorizados como representagbes, So ens ou imitagGes da realidade, a meio caminko entre a experiéncia 1 ea *experigneia mental", nfo se constituindo ainda em operagoesyg ypeutindesrem geacelvadsscennbinadssente st & [i que falta a estas intuig6es para se tomarem operat6rias ese transfor- J, assim, em sistema légico? Simplesmente, prolongar a aglo j6 conhe- 40 sujeito nos dois sentidos, de maneira a tomar estas intuigées méveis rsiveis. A caracteristica das intuigées primérias ¢ a rigidez e a inre- ade; elas sfo comparaveisa esquemas perceptivos ea atos habituais Js que no podem scrrevertidos. Todo habito, na verdade, ¢irreversivel: ‘ese da esquerda para adireita, por exemplo, e seria preciso toda uma fprendizagem para se conseguir bom resultado da dircita para a i (e vice-versa, para os érabes). O mesmo acontece com as percep- ue seguem o curso das coisas e com os atos da inteligencia senso-mo- ie teudem, também eles, para um fim ¢ nfo voltam ates (a no ser em ‘01505 especiais). Portanio, € normal que o peasamento da erianga (co porscr irreversivel, ¢ especialmente, quando ela interioriza percep- ‘ movimentos sob forma de experiéncias mens, estes permanccem InGveis e pouco reversiveis. A intuigdo priméria é apenas um esquema J iolor transposto como ato do pensamento, herdando-Ihe, naturalmen- 35 Voltando 20 pensamento préprio deste periode do desenvolvimen ri i p in precisas, com a manipulacao: ossa ser controlada por u logicamente ou os esquemas de assin egocentrismo, Partames de um excmp Jo concrete, Apes i ito fichas azuis enfileiradas com abn eee Dewar outs fichas vermelhas que Porvoladeqintroacincosnoseon intaigo, que consste em avalia aliara quan 10 6, pelas qualidad 4" cs perceptivas glabais da colegie focet Be 6 pets qua Ja colesio focalizada, sera inporar comands ds relagés. Por volla de cinooa seis anes orn ado, observa-se uma reagio mite ineresoan ioce uns fica eres em fen acids ficha aul, eonchind deta coneepend emo to, un ul ss ei No eta, se nag im pouco as fichas extemas da filira das vermelhes, de modo sane que nfo se trou nem acrescentou nada, avaia que a8 duse colarees a Sen igusise firma queafleira mais longa contém mate Getny simplesmente, uma das filets em ven Feacia das duas colegées perde mais enquanto existe corespondéncia visual ou 3 corespondénciaIogica, na er comspondncs gic, nf havendo, port, una operagao aio is sim una sinpls ino. Et €arcutas ilo mak global oe do anda intuit, isto, subnet 0 prado da percepgie, compet cohen eines? Doe ets exe os to elas. 18, Tomannse ts bolas de cones di Cau conte res diferentes A, Be C, qu 'am em um tubo. Vendo-as partir na ordem ABC. ae ciao oes : Gas esperam 34 colares superiores a sete anos es classes inferiores. Nos pequenos,niio se nisegue distinguir com nitidez a atividade privada da feta em colaboracio. Criungas falam, mas aio podemos saber se se escutam. Acontece que ios se dediquem ao mesmo trabalho, mas nfo sabemos se realmente existe Iida mtua, Observando os maiores, em seguida, iea-se surpreendido por 1 Uuplo progiesso: concentragio individual, quando o sujeito trabalha ‘0, ¢ colaborago efetiva quando hé vida comum. Ora, estes dois yecles da atividade que se iniciam por volta de sete anos so, na verdade, hplementares e resultam das mesmas causas. Sio de tal modo solidérios vista € dificil dizer se € porque a crianga se tornou capaz de a reflexio que consegue coordenar suas ages com as dos outros, ializagio que faz com que 0 pensamento seja at ari min sh cus Stns em ae “I 7 la tem boas notas ¢, sobretudo, porque, a ing io send » & pior, ¢ merece castigo mais exemplar, ce que um cach ja tac 9 een ‘og sie range nase & mt re pene ‘importantes. Mostram o quanto os Jorgado por interiorizacio. ‘Do ponto de vista das relagées interindividuais, a erianga, depois dos Janos, torna-se capaz de cooperar, porque nfo confunde mais seu préprio sto de vista com o.dos outros, dissociando-08 mesmo para coordend-los. Joévistvelna linguagem entre criangas. As discussBes tornam-se posstveis, que comportam compreensio a respeito dos pontos de vista do adversério Jjrocura de justticagSes ou provas paraa afirmacio propria. As explicagées fituas entre eriangas se desenvolvem no plano do pensamento € néo jnente no da agZo material, A Tinguagem "egocEntrica” desaparece quase Ualnnente cos propSsitos espontineos da criangatestermunham, pela propria I, a necessidade de conexfo entre as idéias ¢ de justfica- 9. Bem particular quando este heirs ou igus, que a men um" ou pior entimento se desenvolve entre compa- um amigo seré senti a da quea da criaga para adultos Smet come Ho Esta interac nies oval nea valores inte preem sere Praca ca Sava propria este nel do desea valo dividuais espon- Priacpascrsatizagses da vide i ligica. ‘Quanto a0 comporlamento coletivo das eriangas, constata-se depois sete anos notivel mudanga nas atitudes sociais como, por exemplo, no ‘dos jogos com regra, Sabe se uma brineadeira coletiva, comoa das bolas jude, supde umn grande e variado ndimero de regra, sobre o modo de jogat Jholas, as localizacbes, a ordem sucessiva dos lanigamentos, 0s direitos de ‘priagio no caso de ganhar etc. Ora, trata-se de umn jogo que, no nosso pelo menos, permanece exclusivamente infantil ¢ termina no fim da ‘la priméria. Todo este corpo de regras, com a jurisprudéncia necessir in aplicagio, consttui uma instituiglo propria As criangas, mas que se simile de goragéo em geragio com uma forga de conservacio surpreen- Itc, Na primeira inGincia, os jogadores de quatro a seis anos procuram jinros exemplos dos mais velhos e observam mesmo algumas regras; mas vin uni s6 conhece uma parte delas ¢ durante 0 jogo no se importa com as suas do vizinho, quando este €da mestna idade. Na verdade, cada qual jos 4) maneira, sem coordenagéo nenbumia. Quando se pergunta aos pequenos miesina man 2c global tnt individual como sci aa Sando, em seguida, os aspectos intelectuais e depois afctives desiedesemvne guide, viento. A. Os progressos da conduta e da socializaga: Quando se visitam as 4 a dada as criangas.a liberdade de falar durante.o trabalh ives dass om um ni "ation rabalhar tanto em grupas como is i olde o, ase supreso coma dfctengncatcas meee 40 a quem ganhou no fim da partida, ficam bastante surpreendidos, pois todo mundo ganba ¢ ganhar significa ter-se divertido bastante. Ao contrério, os Jogadores a partirde sete anos apresentam um duplo progresso, Sem couhecet ainda de cor todas as regras do jogo asseguram-se, ao menos, da unidade das regras admitidas durante uma mesma partida ¢ se controlam uns aos. outros, de modo a manter a igualdade frente a uma Jei Gnica, Por outro Jado, © termo "ganhaz” assume sentido coletivo: 6 ger bemt-sucedido depois de uma competigho com regras. E claro que o reconheciments a vit6ria de um jogador sobre os outros, assim como o direito de ganhar as bolas de gude como recompensa, supdem discussées, bem orientadas € definitivas. Em estreita conexio com os progressos socials, assiste-se a trans- formagées de agio individual, em que causa ¢ efeitos se contundem. O essencial 6 que a crianga se torna suscetivel a um comego de reflexao. Em ‘Yee das condutas impulsivas da primeira inffncla, wcompanhadas da crenga imediata ¢ do egocentrismo intelectual, a erlanga, a partis de sete ou de oito anos, pensa antes de agit, comegando, assitn, a conquista deste Processo dificil que é a reflexio, Mas wma rellexto @apenas uina delibe. ragHo interior, isto 6, uma discussio que se tem consigo mesmo, do modo © oxteriores. Pode- lado, dizer que a reflexio € uma conduta social de dliscussio interiorizada (como o pensamento que supe una linguagem interior, portanto interiorizada), de acordo com a lei geral, segundo a qual S¢ acabam por aplicar a si préprio as condutas adquiridas em fungéo de outros, ou, por outro lado, que a discussio socializada 6 apenas uma reflexdo exteriorizada, Na realidade, tal problema, como todos os anilo- 0s, leva a questo qual nasccu primeiro: a galis conduta humana € 20 mesmo tempo s: dividual. O essencial destas constatagées€ que, sob este duploaspecto, a crianga de sete anos comesa a se liberar de seu egocentrismo sociale intelectual, forando-se,entto, capaz de novas coordenagées, que sexo da maior impor, ‘neia, tanto para a inteligéncia quanto para a afetividade, Para a inteligéncia, lrata-se do inicio da construcio Kégica, que constitu, precisamente, o sistem de relages que permite a coordenagio dos pontos de vista entre si. Estes Pontos de vista si tanto aqueles que correspondem a individuos diferentes, como aqueles correspondentes a percepgSes ou intuigées sucessivas de ‘mesmo individuo, Para a afetividade, o mesmo sistema de coordcnagées Sociais ¢ individuais produz uma moral de cooperagio e de autonomia Pessoal, em oposigao moral intuitiva de heteronomia caracterfstica das a2 riangas. Ora, este novo sistema de valores representa, no campo afetivo, 0 equivatente da logica para a intcligéncia, Os instrumentos mentais que vio Pennitir esta dupla coordenacio, Iigica © moral, sf0 consttuidos pela operagio, no tocante a inteligéncia, ¢ pela vontade, no plano afetive, Como Veremos, sio duas realidades novas, muito préximas uma da outra,j4 que esultam de una mesma inversio ou conversfo do egocenttisma primitive. B. Osprogressos do pensamento Quando a formas egoctntricas de causalidade e de representagio do ‘mundo, ou seja, aquelas moldadas na propria atividade, comegam a declinar Sob a influéncia dos fatores que acabamos de ver, aparccem novas formas de «cxplicagio, procedentes, em certo sentido, das anteriores, embora corrigin- dovas. B surpreendente constatar que, ene as primeiras a aparecer’ be algumas semelhantes aquelas adotadas pelos gregos, exatamente na época do declinio das explicagécs mitol6gicas. ‘Uma das formas mais simples destas relagGes racionais de causa ¢ € a explicagdo por identificagio, Lembremo-nos do animismo ¢ Antificialismo misturados, do periodo precedente, No caso da origem dos astros (pergunta estrauha de se fazer a uma erianga, embora aconteca que las proprias a facam muitas vezes, espontoncament), estes tipos primitivos de causalidade levam a dizer, por exemplo, que "o sol nasceu porque nds hascemos",eque “ele eresce porque nés crescemos", Oa, com a diminuigéo deste egocentrismo grosseiro, a crianga, embora mantenha a idéia do cresci. mento dos astros, nfo os considera mais como uma construcéo humana ou anlropomérfica, e, sim, como corpos natura, cuja formacio parece mais clara, primeira vista. Assim € que o sol e a lua sairam das nuvens, sio edacinhos de nuvem incandescentes que se desenvolveram (¢ "as luas” se desenvolvem claramente aos nossos ollios!). As préprias nuvens provém da fumaga ou do at, As pedras séo formadas de terra, e esta da égua etc. Finalmente, quando estes corpos nfo témi mais um crescimento a semelhanga dos seres vivos, estas filiagSes aparecem para a crianga néo mais como processo de ordem biolégica, mas como transmuagées propriamente dilas, Nota-se, com fieqaéncia, a relagdo entre estes fatos e a explicagéo por redugio das matGrias unas as outras, em voga na escola de Mileto (embors 8 “natureza” ou piysis das coisas fosse, para estes fl6sofos, uma espécie de crescimento, ¢0 seu"bilozoismo" aio estivesse onge do animismo infantil). Em que consistem estes primeiros tipos de explicago? Devemos admits que, nas criancas, oanimismo dé lugar a uma espécie de causalidade, fundada no principio de identidede, como se este célebre principio ligico B dominasse a razio, como certos filésofos nos quiseram fazer acreditar? Certamente, hi nesses desenvolvimentos a prova de que a assimilagio egocentrica (prinefpio do animismo, finalismo e arificalismo) estéem to €, cm estruturagéo da ral lagio racional bem mais complexa dade pels prépria razao, sendo esta a que uma identificagao pura e simples. ‘Mas se, em vez de seguir as criangas nas stas perguntas a respcito ides afastadas ou impossiveis de mi bremo-nos de que os gregos inventaram o atomismo, logo depois de terem especulado sobre a transmutagio das subs Observemos, sobretudo, que o primeiro dos atomistas Toi sem dévida Pitégoras, que acreditava na composicio dos corpos na base de ntimeros materiais, ou pontos descontf- ‘nuos da substincia. Com muito poucas excegdes (que, no entanto, existem), a erianga néo gee iferindo dos filésofos gregos na medida em que tema, Mas, quando a experiencia se presta, cla recorre a um atomismo explicito ¢ até bastante racional. ‘A experiéncia mais simples a esse respeito consiste em apresentar & cerianga dois copos de agua de formas semelhantes dimensdes iguais, cheios tugs quartos. Em um deles jogamos dois pedagos de acicar, pergun- ntes, sea égua vai subir, Uma vez imerso 0 agicar, constata-se onovo, nivel e pesam-se 08 dois copos, de modo a realgar que a 4gua contendo 0 nto, enquanto 0 acécar se a coisa na fg se 0 nivel da 6g se igualar com o do outro copo, ou se permanecers \gdes da crianga e, depois, constatara permanéncia do peso e volume (do nivel) da 4gua agucarada. As reacdes observadas nas diferentes idades foram extremamente claras; a ordem de sucessio foi tio em geral, qualquer conservacio do acacar dissolvido, ¢ a fortiori do peso ¢ do volume a ele ligados. Para eles, o fato de o acicar derreter implica sua total exterminagio e, portanto, na sua desaparigdo da realidade, Segundo os 44 mesmos sujeitos, permanece 0 gosto de 4gua com agticar, mas vai desapare- cer em algumas horas ou dias, como um odor, ou, mais exatamente, como ‘uma sombra atrasada, destinada ao nada. Por volta de sete anos, a0 contrio, © agGcar derretido permanece na Sgua, isto €, existe uma conservagao da substincia. Mas, sob que forma? Para certos suj gua ou se liquefaz em um xarope que se mistura a 6g1 por transmutagfo de que falamos acima. acontece outra coisa. Vé-se, diz a crianga, "pedacinh ccinhos" se tomam cada ve na égua sob forma de "bi agucarado", acrescent forma de uma "meta ‘compreender que exis eis, "E isto que dé o gosto © atomismo, entéo, nasceu sob a da pocira* ou do p6, como disse um fildsof0 nem peso nem volume, e que a crianga espera o desapares do primeiro ea uma etapa seguinte, cuj crianga faz o mesmo raciocinio, no tocante a substincia, mas acrescenta tum progresso essencial. Cada uma das bolinhas teré seu peso ¢, somando » vai-se encontrar 0 peso dos dois pedagos jo, embora seja capazes de uma expli- conservacdo do peso, falham para © volume € esperam que o nivel da égua Finalmente, por volta de onze a doze ani iericeno colocade sobre uma chapa quente. Para os menores, a substincia aumenta; aos sete anos, conserva-se sem escer, mas incha e 0 peso muda; de nove a dez anos, 0 peso se conserva, © por volta de doze anos, como a farinha € composta degriosinvisiveis, de volume constante, estes gros seafastam simplesmen- {te-uns dos outros separados pelo ar quente. Este atomismo € digno de nota, nfo tanto pela representagio dos ‘grdmulos, sugerida pela experiéncia do p6 ou da farinha, mas em fungéo do processo dedutivo de composigdo que revela. © todo € explicado pela composigho das partes, ¢ esta supde, entSo, operagdes reais de scgmentacio 45 constatar, so sucessivamente as da substincla, peso ¢ Volume. Ora, 6 facil -enconté-las em outras experiéncias. Por exemplo, de massa para modelar, de mesmo tamanho € peso, Uma € logo del ou cortada em pedagos, Antes Ue Kale anes, a crianga da matéria em jogo, acreditando aiid mavarlagho dasoutras es; por volta de nove aos, reconliece a eonservagho do peso, de onzexdoze jo de objetos em dois opus de figua), Sobretudo, & {cil mostrar que, desde 0s sole desenvolvimento do, deformagio dos cam icagA0 aul por compo- doumjogo de: Mas, antes, assinalemos ainda as grandes conquistas do pensamento assim transformado: as de tempo (c com ele o de velocidade e espago),além dda causalidade e noges de conser m de chegada, pois nao compreendem a dois: 8. eles no tein "depois" do outro. Como se forma, entio, o tempo? Por coordenagées de ‘operacées andlogas Aquclas que acabamn de ser estudadas: os acontecimentos serio colocados em ordem de sucessio de um lado, ¢ siniultancidade das duragées concebidas como intervalos entte estes acontecimentos, ficando 08, dois sistemas, entio, coerentes, jé que ligados entre si. Quanto a velocidade, os pequenos tém, ‘correts de que um mével ultrapassa outro porque que ndo haja 1 (escondendo os méveis sob tineis, de difere irculares ¢ concéa- tricas) 1A nocio racional de ‘que a intuigdo de velocidade seja de, 0 contrério, concebida como uma relagio entre tempo e espago percorrido, se elabora em conexao com o tempo, por volta de oito anos mais ou menos. Resta a construgio do espaco, cuja importdncia € imensa, tanto para a ‘compreensio das leis do desenvolvimento, quanto para as aplicagdes peda- g6gicas, reservadas a este género de estudos. Infelizmente, se conhecemos desta nogio, sob a forma de esquema ros anos, o estado das pesquisa relativas & geometria espontinea da crianga esté longe de estar tio avangado quanto para as nogées precedentes. Tudo que pode ser dito € que as idéias mentais de ordem, continuidade, distincia, comprimento, medida ete., na a ¢m primeiro lugar o menor elemento de todos, depois © menor dos que restaram, conseguindo, desta maneira, construir a série total sem tentativas nem erros(¢ também intercalar novos elementos). Torna : AB; © BC, donde AC. Ora, ve onstrugdo supde @ operagéo inversa (a revers! ira série completa f ‘de grande interesse (coordcnagio ds relagoes 2 de sete anos, em relago aos bolas do mesmo tam para se obter a dos , portanto, jogGes de peso de conservagao coordenagiio derelagse: A=B; B=C, donde A=C. Aqui, de novo, estes sistemas de conjunto estio Jigados a construgio das nogoes. Aparecem desde sete anos para os compri- mentos ¢ quantidades simples, mas ¢ preciso esperar os nove anos para as {gualdades de peso e 0s doze para as de volume. Eis um exempl peso. Déo-se & crianga barras A=BzC... da mesma forma, dimensfo ¢ peso, ido-Ihe depois pedagos de chumbo, pedra ete., de formas diferen- tes, mas com o mesmo peso das barras. A crianga compara o chumbo & barra A, epara seu espanto, constata dois pesos iguais na balanga, Admite, de outro Jado, a igualdade de pesos entre as barras Ae B, Pergunta-sc-lhe, entio, se B pesaré tanto quanto 0 pedago de chumbo ou nao. Até oito anos e meio ou de anteméo esta igualdade, sendo preciso esperar 1 idade da coordenagio de todas as relagdes de peso para que sc torne capaz desta comparagéo reversivel. ‘Um exemplo, especialmente sugestivo, de composigio das relagées simétricas € 0 do "irméo". Um menino de quatro ou cinco anos (vamos 30 Estévao tem um irmio, c motivo apresentado, em ger Estévo ndo tem irmao." VE. lectual que caract Jo. A crianga, nio sabendo de seu préprio ponto de vista para se considerar do ponto de vista do outro, ‘comega por negar a simetria da relagio fraternal por falta de reciprocidade G reversibilidade simétrica). Do mesmo modo, compreende-se como a coordenagao Kigica ou operatéria deste géncto de relagdes estéligada & coorde- nagio social dos individuas e & coordi vvividos, sueessivamente, pelo mesmo individuo. Abordlemos agora este sistema essencial de o 4 claboragio das nogdes gerais ou "classes", const ‘eagio. O principio é, simplesmente, o encaixamento das partes no todo inversamente, 0 destacamento das partes em relagio a0 todo. Ainda cconvém nio confundir as totalidades intuitivas ou simples colegées de objets, ccomas totalidades operatras ou classes propriamenteligicas. Uma experiéncia {cil de ser reproducida mostra o quanto construciodestasGitimas € mais ardia do que pode parecer e quanto est de novo ligada a reversibilidade do pensa- ertacom umas vine contas marrons € pergunta-se, simplesmente, depois de se 10 dado (por manipulagio), se hd nesta caixa mais, conlas marrons. A grande maioria das eriancas, antes dos sete anos, 86 consegue responder: "Existem mais marrons" pois, na medida «em que dissociam o todo ("todas de madeira") em duas partes, no conseguem mais comparar uina destas partes com o todo assim destrufde mentalmente, limitando-se a comparé-la com a outra parte! Ao contririo, por volta de sete anos, esta dificuldade, devida a intuigGo percept ‘comparivel a uma de suas parts, cada uma delasestando, daf por diane, em fungio do préprio todo (uma parte = ao todo menos as outras partes, através da ‘operagio inversa). Pode-se, finalmente, perguntar como se constroem o préprio néimero © a5 operagdes aritméticas. Sabe-se que, durante a primeira inti 6s primeiros ntimeros sf0 acessiveis a0 sujeito, porque sao nim vos correspondentes a figuras perceptivas. A série indefinida dos «, sobretudo, as operagies de soma (€ seu inverso: a subtragio) e de io (com seu inverso: 3, 86 S80 acessives, ‘em média, depois dos sete anos. O motivo é simples: na verdade, o nimero € um composto de certas operacdes precedente ¢ supe, em conseqiiéncia, st le, este egocentrismo inte- aparigho contempors- ier porque as I-C), permane- nam operat6rias e, irdo momentoem que as operages de seriagio 6 somente 2 crianga € capaz de manejar, de fichas e de encaixamento das pai neste momento que a correspon pdesses 0 pensanient ago de slstenns de operagoes, que obedecem as Composigio’ dus opemgoes de um conjunto passagem da decorrer da segunda in cooperasao no plano social (ver A), que subordina o eu as leis de reciproci- dade. tade € os sentimentos morais -m compreender as transformagSes profundas que se processam ide da segunda infdncia. Na medida ‘em que a cooperagio entre 0s individuos coordena os pontos de vista em uma reciprocidade que assegura tanto a autonomia como a coeséo, ¢ na medida ‘em que, parle © agrupamento das operagées intelectuais situa o8 diversos pontos de vista intutivos em um conjunto reversivel, desprovide de ccontradigées, a afetividade, entre os sete ¢ os doze anos, caracteriza-se pela aparigio de novos sentimentos morais e, sobretudo, por uma organizagao da vontade, que leva a uma metbor integracio do eu e a uma regulagio da vida Estas observaces afet Ji vimos acima (II-D) como os primeiros sentimentos morais se nga em relagao a scus pais, ou a0 lece a formagio de uma moral de 0 novo sentimento, que intervém em fungio da (0 métuo se origina do respeito unilateral, do qual cot limite, Acontece que um individuo sinta 0 outro como superior em determni- global segue-se cedo ou tarde. De maneira geral, existe respeito métuo em toda amizade fundada na estima, em toda colabo- ragdo que exclua a autoridade ete. Ora, o respeito métuo conduz a formas novas de sentimentos mora distintas da obedi€ncia exterior inicial. Podem-se citar, em primeiro luga le mais de sete anos submetem-se, ‘coordenada, a um conjunto de regras comuns. Comose Ihes apresentamestas 33 diferentes! Os pequenos, dominados pelos mais velhos ~se bem que, na prit verdadeiras regras sio praticadas pelo filho de Guilherme Tell ou pelos filhos de Adio e Ev amas rogas (YeMlowelé ue pono pode chegar snitidan pelos Mis Vallis): A reagéo dos vodesse tornar *verdadeisa” we todos a adotarem, i ulderado como mais orlaite, do respeito métuo, nlFe 8 companheiros € as relagdes entre erlnnigak & 416 modificar, as vezes, as rel ‘Nos pequenos, # obediéncia passa a frente da iangas a propésito de hist6rias que se thes contam (concer fo severas nas suas idéias sobre iga muitas vvezes involuntéria ou talvez imagindria, da qual a crianga € vitima, que esta comeca a di a justiga da submissio. A seguir, € essencialmente a pritica da cooperagio entre as criancas ¢ do respeito mtuo que desenvolve ica. E facil, de novo, em ocasides de jogos col nto de igualdade ede j ‘entre companheiros da mesma idade, Sem divida, estamos te de um dos sentimentos morais mais fortes na crian Pode-se dizer, entéo, que o respeito mttuo, que se diferencia gradual- conduz, a uma organizagio nova dos valores vista considerar esta moral de cooperacio como forma deequilibrio superior 2 moral da simples submissio. Folamos, a propésito desta dltima, em vos". Ao contrério, a organizagio dos valores que caracteriza a segunda infincia € compardvel a propria légica; € uma logica de Valores ou agbes entre 0s individuos, do mesmo modo quea légi espécie da moral do pensamento. A honestidade, o sentido de justiga ¢ a reciprocidade, em geral, constituem sistema racional de valores pessoais, podendo-se, sem exagero, comparar este sistema aos “agrupamentos” das relagdes ou nogdes que esto na origem da légica, com a Gnica diferenga de que aqui sfo valores grupados segundo uma *escala" e no mais relagées objetivas. Mas, se a moral, enquanto coordenagéo dos valores, é compardvel a um "agrupamento” légico, € preciso entio admitir que 05 sentimentos inte~ rindividuais dio lugar a virias espécies de operagSes, Parcee, & primeira vista, que a vida afetiva € de ordem puramente int ue Sua esponta- neidade exclui tudo que lembra uma operagdo da intcligéncia, Mas, na 55 realidade, esta tese romfntica $6 € verdadeira na primeira infincia, durante 4 qual a impulsividade impede toda orientagéo constante do pensamento & dos sentimentos, A medida que estes se organizam, obsetVasse, 20 contrSrio, constiturem-se regulagées, cuje forma de equiibrio fil a Yontade. Esta vontade é uma fungao de aparicao tardia, se samente ligado ao funcionamento dos set or isto que esperamos este FreqUentemente, cont ‘elementares do desenvolvimento, El simples manifestagio de en de muita vontade. ‘modo, a propria energi regulacio da ence) cerlas tendénci Iiteresse para a que dealean- = compreender dizia W. James, dor. Basta que a crianga se interesse por um trabalho para achar as forgas necessérias para empreendé-lo, enquanto que odesinteresse cessa o emprego desta energi valores, mutéveis a cada instante, de acordo com a atividade em curso, dirige o sistema das energias internas, ‘gragas a uma regulagio quase autométi . Mas, € apenas uma regulago, por assim dizer, intuitiva, j4 que 6, em parte, irreversivel € sujeita a freqientes destox 5 de eq) ‘A vontade, a0 con- ‘trério, 6, simplesmente, uma regulagio tornada reversivel, sendo neste ponto que ela € comparavel a uma operagao. Quando 0 dever € mo- mentaneamente mais fraco que um desejo definido, ela restabelece os valores segundo sua hicrarguia anterior e postula sua conservacio , fazendo, assim, primar a tendéncie de menor forga, reforgan- do. age, entdo, exatamente, como operacio I6gica, no caso em que a deduc&o (= tendéncia superior, mas fraca) esté as voltas com a aparéncia perceptiva (= tes. B, portanto, natural que a vontade se desenvolva durante o mesmo perfodo que as operagGes intelectuais, enquanto que os valores morais, se organizam em sistemas autGnomos comparaveis 20s agrupamentos légicos. IV. A ADOLESCENCIA As reflexes precedentes poderiam levar a crer que 0 desenvolvi- ‘mento mental termina por volta de onze anos ov doze anos, ¢ que @ adolescéncia é simplesmente uma crise passageira, devida & puberdade, que separa a inféncia da idade adulta. Evidentemente, a maturacdo do instinto sexual € marcada por desequilibrios momenténeos, que dio um colorido afetivo muito caracteristico a todo este diltimo perfado da evo- lugio psfquica. Mas, estes fatos bem conhecidos, que certa literatura psicoldgice banalizou, estio longe de esgotar a anilise da adolescéncia ¢ além do mais desempenbariam apenas papel bem secundario, se 0 pensa~ mento e a afetividade proprias do adolescente nio Ihe permitissem exa- gerar-lhes a importincia. Sio, portanto, estruturas gerais destas formas finais de pensamento e vida afetiva que devemos descrever aqui, ¢ nio |gumas perturbagées especiais, De outro lado, se hé um desequitibrio provisério, nao se deve esquecer que todas as passagens de um estigio a 37 outro sio suscetiveis de provocar tas oscilagdes temporsri apesar das aparéncias, as conquistas pr pensamento e a afetividade um equi segunda inféincia. Os adolescentes 18 Examinemos os fatos agrupando-os, para seri itens: 0 pensamento com suas novas operagies ‘comportamento social. breves, em dois lade, incluindo 0 A. Opensamento e suas operagdes Comparado a uma erianga, o adotescente 6 lo de que estes sao informuléveis ow mulados, ¢ de que apenas o observador exterior conscgue compreendé-los, Ja quea crianga nio os "reflete*. Ov, melhor, pensa concretamente sobre cada Problema 4 medida que a realidade os propde, € nao liga suas solugées por melo de teorias gerais, das quais se destacaria 0 principio. Ao contrério, o vezes quiméricas. O que mais espanta, obretudo, é sua fa ‘corias abstratas. Existem alguns que escrevem, quecriam ica ou outra coisa. Outros nio escrevem, sporém, fala pouco de suas produgSes pesso: las de maneira intima e secreta. Mas todos tm teor ‘Que transformam o mundo, em um ponto ou noutro, Ora, a obtengéo desta nova forma de pensamento, por idéias gerais ¢ construgées abstratas, efetua-se, na verdade, de modo bastante continuo ¢ menos brusco do que parece, a partir do pensamento concreto pr na realidade por volta de doze anos que é preciso situar -pois da qual oimpulso se orientaré, poucoa pouco, na diregfo da reflexio livre edestacada do eal. Porvolta de onze a doze anos fetua-se uma transformacio fundamental no pensamento da crianga, que ‘marca o término das operages construidas durante a segunda infincia; € a passagem do pensamento concretopara o "formal", ou, como se dizem termo bérbaro, mas claro, "hipotético-dedutivo", Al€ esta idade, as operagies io, unicamente, concretas, isto 6, s6 se referem a propria realidade c, em particular, aos 58 objetos tangiveis, suscetiveis de serem manipulados e suometidos a expe- riéncias efetivas. Qu nto da erianca se afasta do rea, é simples- les pela representagGo mais ou menos viva, esta se acompanhando de crenga ¢ equivalendo 20 real. Por outro lado, se se pede aos sujeitos para raciocinarem sobre hip6teses simples, sobre um enuneiado puramente verbal dos problemas, logo perdem pé e recaem na intuigdo pré-I6gica dos pequenos. Por exemplo, todas as criangas de nove a dez anos seriar as cores melhor ainda que os tamanbos, mas fracassam fotalmente em resolver uma Por escrito, como esta: "Edit tem (0s cabelos mais escuros que ith € mais clara que Suzana, Qual das tes tem os cabelos mais escuros?" Respondem em geral que, Edith ¢ Lili sendo ‘morenas, Edith e Suzana sendo claras, Lili €a mais morena, Suzana, mais dara, © Edith, meio clara, meio morens. $6 alcangam portanto, no plano verbal, uma iaglo por pares nfo coordenades, do mesmo modo que as de cinco ou seis s nas seriagdes concretas.E por este motivo, em especial, que sentem ma ificuldade em resolver na escola problemas de aritmética, embora estes dependam de operagées bem conhecidas. Se manipulassem os objetos, racioci. sem obstéculos; mas os mesmos raciocinios sob forma de enunciados Verbais, ito é no plano da linguagem, tomaam-se muito mais difieeis, jé que ligados a simples hipéteses sem realidade efetiva, Ora, aps 0s 11 ou 12 isto €, as operagies 16 rela para o das idéias, expressas em linguagem qualquer ( das palavras ou dos simbolos mateméticos etc), mas Sem 0a , da ex} nem mesmo da crenga. Quando tem cabelos mais escuros que ; abstato, tés personagens ficticios, que para o iteses. E sobre estas "hipotético-dedutivo", isto z s6es de puras hipSteses de uma observagio real, Suas conclusées sio vélidas, mesmo inde. pendentemente da realidade de fato, sendo por isto que esta forma de dificuldade e um trabalho mental muito maiores 48 condigdes de construgio do jo somente de apli ‘oumelhor, de executar, em pensamento, agdes possiveis sobre estes. de “relletir® estas operagées independentemente dos objetos € or simples proposig6es. Esta "teflexio” € segundo grau; o pensamento concreto € a representagio de uma ago Possivel, ¢ o formal € a representagao de uma representagio de ages Possiveis. Nao nos devemos espantar, entio, tema das opers- ¢6cs concretas deva term: im, ia formal marca, le este use € abuse, no comeco, do poder imprevisto que Ihe é novidades essenciais que op6e a adolescéncia & Mas, segundo depois durante a pri para incorporé-lo. Depois, do mesmo modo que o egocentrismo senso-motor ¢ reduzid Progressivamente, pels organizacao dos esquemas de acdo e o egocent do pensamento da primeita inffincia termina com o equilfbrio das operagées conerctas, também na adoleseéncia 0 pouco a pouco, uma corregio na reconciliagio 4 realidade. O equilibrio é atingido quando a reflexo compreende que sua fungio no € contradizer, mas, se adiantare intempretar a experiencia. Este cquiltrio, entio, ultrapassa amplamente o do pensamento concreto, pois, 60 alm do mundo real, engloba as construgées indefinidas da dedugdo racional ‘€ da Vida interior, B. A afetividade da personalidade no mundo social dos adultos Em paralelo exato com a claboragdo das operagées formais e com 0 témino das construgdes do pensamento, a vida afetiva do adolescente afirma-se através da dupla conquista da personalidade e de sua insergo na sociedade adulta, Mas, 0 que € a personalidade ¢ por que sua elaboragéo final se processa adolescncia? Os psicslogos tn por hibito distinguir o cu ea ‘personalidade, ¢ até mesmo, em certo sentido, colocé-los em oposigio. O eu & ‘um dado, se néo imediato, 0 menos, relativamente primitive. E como se fosse centro, prépra, caracterizando-se, precisamente, por seu egocen tuismo, inconsciente ou consciente. A personalidade, a0 contréro, resulta da submissio, ou melhor, da auto-submissio do eu a uma disciplina qualquer. Diz-se, por exemplo, de um homem, que éle tem uma personalidade forte 180 ‘quando reduz tudo. seu ego‘sino e fica incapaz de se domainar, mas, ‘encarma um ideal ou defende uma causa empregando toda sua energia e vontade, Chegouse até a fizer da personal ligada a0 "papel" (persona = més E, realmente, a personalidade implica cooperagio; a autonomia da pessoa ‘opde-se aomesmo tempo & anomia, ou auséncia deregras (0eu)¢ heteronomia, ou submisséo as regras impostas do exterior. Neste sentido, a pessoa ¢ solidéria ‘com as relag6es sociais que mantém e produz. A personalidade comeca no fim da infincia (8 a 12 anos) com a do autGnoma das regras, dos vs sbordinagioa um sis {que integra 0 eu de modo sui generis, Exi tanto, um sistem: ‘no duplo sentido de particulara um determinado individuo e dei coordenacio auténoma. Ora, este sistema pessoal s6 pode, pr. ‘construit no nivel mental do adolescente, pois supe 0 pensamei as construgdes retlexivas que acabamos de falar (em A). Existe pers de, pode-se dizer, a partir do momento em que se forma um "programa de " (Lebensplan), funcionando este, ao mesmo tempo, como fonte d a para a vontade e como instrumento de cooperacéo. Mas este supée a intervencao do pensamento ¢ da reflexao livres, ¢€ por isto ‘que 6 se elabora quando certas condigées intelectuais, como o pensamento formal ou hipotético-dedutivo, slo pre a pessoa e do eu, a8 oscilagées 5 ‘especial, o egocentrismo da adolescén« possiveis em todos os joqual vimos oaspect ga pequena traz.tudo gragas a sua mais velhos, iferente dels, pela vida nova que 0 agila. spassi-los ¢ espanté-los, transformando 0 mundo. este 0 motivo ando-se a pesquisa discrete classe de 15 anos, encontrou entre os meninos ros marcchais de Franca ou presidentes da Rep4bi srandeshomensde todas as esp6vies alguns vendo suas speitos de paranGia, A leitura dos disrios intimos de adolescentes mostra esta mesma mistura constante de devotamento 2 Humanidade ¢ intenso egofsino. Quer se te se incompreendidos e ansiosos persuadidos do fracasso, icamente) 0 prOprio valor da vida, ou de espiritos 0 Fendmeno € 0 mesmo, tanto na sua parte fe @ seus pais as diversas perfeigoes da isciéncia e a perfeigio moral. 8 reais do adulto que a crianca divindade, tais como a onipotét descobrindo, pouco a pouco, as a sublima seus sentimentos filias, transferindo-os para os scres sobrenalurais {que the apresenta a educagao 0 formadora. O sentimento religioso do adolescente, |Imente intenso (e negativo As vezes também) colore= ccente faz como que um pacto com seu Deus ¢ se engaja para servi-lo recompensa, mas contando desempenhar, por istomesino, um papel decisivo na cauisa que se prope defender. Em geral, o adolescente pretende inserr-se na sociedade dos adultos por meio de projetos, de programas de vida, de sistemas muitas vezes te6ricos, de planos de reformas politcas ou sociais. Em suma, através do pensamento, podendo-se quase dizer através da imaginagio, j6 que esta € porque a existéncia que prepara é, precisa- \ividuais definidos do que de social do adolescente, pode-se encontrar af como nos de interiorizagio (@ fase negativa de Ch. Baler) euma fase positiva. Durante primeira, oadolescente parece, muitas vezes, completamente anti-social. Nada € mais falso, no entanto, pois cle medita continuamente sobre a sociedade, mas a sociedade que Ihe interessa 6 aquela que quer reformar, tendo desprezo ou desinteresse pela sociedade real, condenando-a. Além disso, a sociabilidade do adolescen muitas vezes desde 0 inicio, com o contato dos jovens entre si, sendo mesmo 6 Quanto a outros campos uma fase lta das reformas. Depois, aparecem as sociedad mals mentos de juventude, nos quais se desdobrin 08 ensai positivos e os grandes entusiasmios cOletiVO%: ‘A verdadeira adaptagio/h soeledide valse fiver automaticamente, le reformaior, Wansformar-se em realizador. Da (0 pensamento formal com a ‘onstant, desde que empreendido {4 cura todos 0s devaneios. Nao € preciso iiclak € con o8 descquilfbrios dos metbores dos especializados ndo sio sempre suficien- imas crises de adaptaczo, de reorganizagio assim como suas paixOes e megalomanias, so preparativos is para a criagio pessoal. O exemplo do genio mostra que hé sempre continuidade entre a formagio da personalidade depois dos onze ou doze anos € a obra ulterior do homem. ‘Assim 60 desenvolvimento mental. Como conclusio, pode-se consta- tara unidade profunda dos processos que, da construgio do universo prético, cia senso-motora do lactente, chega a reconstrugio do mundo pelo pensamento hipotético-dedutivo do adolescente, passando pelo cconhecimento do universo conereto devido ao sistema de operagdes da u-se como estas construgdes sucessivas consistem em descentralizagio do ponto de vista, imediato ¢ egocéntrico, para situé-1o em coordenacio mais ampla de relagdes € nogées, de mancira que cada novo agrupamento terminal integre a atividade prépr indo-a a uma real 64 dade mais global. Paralelamente 9 esta elaboragio intelectual, viu-se a ide libertar-se pouco a pouco do eu para se submeter, gragas 3 de € & coordenacio dos valores, as leis da cooperagio, Bem entendido, & sempre a ate resulta,a cada

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