Professional Documents
Culture Documents
Didactica de Literatura VVV
Didactica de Literatura VVV
Introdução........................................................................................................................................2
Grito negro.......................................................................................................................................5
Sangue negro...................................................................................................................................7
Ficha de leitura..............................................................................................................................10
0
Elaboração e organização do material para uma aula de leitura....................................................18
Análise cruzada..............................................................................................................................26
Conclusão......................................................................................................................................28
Referências bibliográficas.............................................................................................................29
1
Introdução
A didáctica de literatura, antes de mais, encaixa-se no curso de Licenciatura em Ensino de
Português como uma ferramenta complementar, na formação de verdadeiros professores de
português do Ensino Secundário. Este trabalho, cujo tema é complexo de designar, devido a
diversidade e a vastidão das suas questões, prende-se com a resolução de exercícios da unidade
13 a unidade 24, que variam entre duas a cinco perguntas por unidade.
A estrutura deste trabalho respeita a ordem lógica da enumeração dos capítulos do módulo da
cadeira de didáctica de literatura, partindo da unidade 13 a unidade 24. Resumidamente, dentro
das unidades, fez-se análise de um conto, dois poemas, elaborou-se uma ficha de leitura, fez-se a
proposta de um plano de lição, além de várias respostas dadas.
2
EXERCICIOS DA UNIDADE 13
“Há vários meses que não vejo Mónica. Ultimamente contaram-me que em certa festa ela
estivera muito tempo conversando com o Príncipe deste Mundo. Falavam os dois com grande
intimidade. Nisto não há evidentemente nenhum mal. Toda a gente sabe que Mónica é seriíssima
e toda a gente sabe que o Príncipe deste Mundo é um homem austero e casto. Não é o desejo do
amor que os une. O que os une é justamente uma vontade sem amor. E é natural que ele mostre
publicamente a sua gratidão por Mónica. Todos sabemos que ela é o seu maior apoio, o mais
3
firme fundamento do seu poder”. Este final torna evidente a estratégia metonímica do conto: a
metonímia, enquanto tropo de deslocação ou implicação, é aqui uma forma indirecta de
representação do poder. O ponto de mira não é propriamente o ditador – apesar de ele aparecer
nomeado como o “Príncipe deste Mundo” – mas sim as extensões da autoridade, na figura
emblemática de Mónica. Não menos conseguido é o modo de estigmatizar a figura em questão.
Em vez dos vícios ou defeitos da personagem satirizada, à maneira convencional, são as
qualidades que são postas em realce: “Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue
simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da “Liga Internacional
das Mulheres Inúteis”, ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser
pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer,
gostar de toda a gente, toda a gente gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem
dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer
iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar
sempre divertida, etc.
2. «Tenho conhecido muitas pessoas parecidas com Mónica». A personagem é aqui apresentada
como modelo relativamente a:
3. «Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade». Fez tudo para:
5. Em relação ao marido, «quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica
que é nomeada». Esta frase significa que:
4
R: Mónica decide tudo por ele porque é ela que quer mandar.
R: A vida é um negócio.
EXERCICIOS DA UNIDADE 14
1. Análise dos poemas “ Grito negro de José Craveirinha” e “Sangue negro” de Noémia de
Sousa
Grito negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
5
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
– José Craveirinha
O Eu-lírico, fala-nos da escravatura e o carvão é uma figura de estilo pela sua característica da
cor e pelas suas acções, então o sujeito poético atribui características do carvão ao homem negro
onde o eu lírico inclui-se como carvão chamando o explorador de patrão.
Percebe-se que o sentido conotativo das palavras, o carvão representa a força de trabalho do
negro (a força motriz) e a mina representa o próprio negro, ou seja, o lugar de onde é extraído a
riqueza do patrão. Logo, os sentidos das palavras “carvão” e “mina” estão entrelaçados e prol da
representação da exploração do homem pelo homem, ou mais especificamente da exploração do
homem negro pelo homem branco.
Destacamos, ainda, que no poema Grito negro, Craveirinha dá voz a um eu-lírico que, metafórica
e metonimicamente, se representa como “carvão”. “Carvão”, assim, no poema, representa todos
6
os colonizados negros que sonham com a liberdade de um povo. Então, o negro era aquela figura
que se esfalfa no trabalho sendo a total riqueza do patrão. Nesse sentido, o eu-lírico tem a
consciência de sua posição de explorado; acredita, no entanto, que a partir do seu Grito negro,
possa enfim ser ouvido por muitos e conquistar a liberdade.
Sangue negro
Bates-me e ameaças-me
Agora que levantei minha cabeça esclarecida
E gritei: “Basta!” (…) Condenas-me à escuridão eterna
Agora que minha alma de África se iluminou
E descobriu o ludíbrio E gritei, mil vezes gritei: _Basta!”.
Armas-me grades e queres crucificar-me
Agora que rasguei a venda cor-de-rosa
E gritei: “Basta!”
7
Esvazia-me os olhos e condena-me à escuridão eterna… –
que eu, mais do que nunca,
Dos limos da alma,
Me erguerei lúcida, bramindo contra tudo:
Basta! Basta! Basta!
Noémia de Sousa
Bates-me e ameaças-me
Agora que levantei minha cabeça esclarecida
E gritei: “Basta!” (…) Condenas-me à escuridão eterna
Agora que minha alma de África se iluminou
E descobriu o ludíbrio E gritei, mil vezes gritei: _Basta!”.
Armas-me grades e queres crucificar-me.
Neste poema de Noémia de Sousa, o eu-lirico identificando-se com o resto dos negros de África,
demonstra os seus sentimentos de inquietação ao tratamento dado pelos brancos e revela-se um
ser humano evoluído, com a cabeça erguida e consciente da presença de intrusos na sua terra.
Nesta mesma perspectiva, o eu – lírico aponta sem medo o seu opressor, chamando-o nomes
8
pejorativos e dizendo que já basta. Os versos a seguir mostram claramente esses sentimentos:
Ainda neste poema, o Eu-lirico acusa o opressor de não reconhecer que este, finalmente, já abriu
os olhos. Diz também que o opressor tenta implementar novas tácticas de opressão, que
consistem em tapar os olhos dos africanos, para que estes continuem na escuridão.
Os textos em análise estabelecem uma grande relação em termos de sentido, pois ambas as
poesias, “grito negro” de José Craveirinha e “ sangue negro” de Noémia de Sousa debruçam-se
claramente sobre a escravatura a que os homens negros, em particular moçambicanos, estavam
sujeitos nas mãos dos brancos Europeus.
O carvão é uma figura de estilo pela sua característica da cor e pelas suas acções, então o carvão
neste caso refere-se aos negros moçambicanos que está a ser escravizado pelo patrão, o homem
branco o português o colonizador.
Em Noémia de Sousa, o Eu-lirico usa menos metáfora e tende a ser mais directo na expressão
dos seus sentimentos.
9
A relação destes dois poemas é notória também através da evidência da moçambicanidade, ou
seja, a valorização da nação e do povo moçambicano
EXERCÍCIOS DA UNIDADE 15
1. Ficha de leitura
Bibliografia: Covane, Lourenço. Didáctica da Literatura . Moçambique-Beira
Assunto: A Prática Pedagógica do Ensino da Literatura
Autora: Anapaula Da Conceição Sacramento
10
aprendizagem integrada envolve, nas actividades do ensino da ensino
literatura, em complementaridade com o da língua materna. Na secundário
aprendizagem da leitura, visamos especialmente o ensino-
aprendizagem dos processos de compreensão, no caso vertente, das
operações cognitivas, intelectuais e discursivas implicadas nas
diversas modalidades de leitura, de acordo com as especificidades
dos textos. Quanto ao domínio da escrita, visamos a aprendizagem
dos seus modos de realização, de acordo com os tipos de textos a
serem produzidos na escola. Do princípio a aprendizagem
integrada decorre a aprendizagem dos processos de compreensão
dos textos incluindo as estratégias específicas das diversas Conceito da A
modalidades de leitura, como o comentário textual, quer no interactividade
domínio oral, quer no escrito, deste modo, pode operar-se uma pedagógica
mudança no tipo de aula tradicional que se desenrola
preferencialmente em torno de discursos centrados no professor. A
interactividade pedagógica diz respeito ao papel activo do aluno
Pp:70
nas diversas actividades de ensino-aprendizagem: na planificação
dos projectos da leitura, nas aulas, nas estratégias de avaliação, etc.
Defendemos a interactividade como uma forma de assegurar do
aluno nas diversas actividades de leitura literária, para o que podem
ocorrer positivamente instrumentos didácticos que lhe permitam ter
consciência do seu estado de conhecimentos num dado momento”.
11
de aula tradicional que se desenrola preferencialmente em torno de discursos centrados no
professor, ao passo que a construção da aprendizagem é entendida, Segundo (Covane), p 70, no
cenário didáctico-pedagógico, como desenvolvimento da autonomia intelectual do aluno,
respeitando-se uma articulação entre saber e saber fazer.
Uma outra estratégia holística de compreensão é o comentário, que suscita muitas dificuldades,
tanto no entendimento dos elementos que devem ser contemplados, como no modo de os
integrar. Embora os professores estejam de acordo quanto às directrizes metodológicas deste tipo
de exercício escolar de leitura, a sua realização, na prática, diversifica-se.
EXERCÍCIOS DA UNIDADE 16
3. Relação conhecer, estudar, viver e ensinar a literatura.
12
À medida que interage com diferentes leituras por meio dos géneros discursivos, vai atingindo
estágios mais elevados de compreensão, interpretação e extrapolação, ou seja, vai planificando
essa prática leitora, porque a cada nova leitura o leitor consegue processar os outros textos do
mesmo assunto, ocorrendo o diálogo entre os textos e as suas experiências pessoais e culturais.
São vários os níveis de conhecimento que entram em jogo durante o processo de leitura. Inicia-se
com o conhecimento linguístico que acontece quando o leitor compreende, atribui e produz
significados ao texto. Isso decorre do conhecimento internalizado que todos possuímos que nem
sempre é verbalizado, mas que está ‘armazenado’ no conhecimento prévio ou memória
discursiva e, ainda pode ser apropriado no momento de realização da leitura, quando há uma
mediação por terceiros, ou pelo próprio leitor ao consultar alguma informação nova que surgiu
durante a leitura, porque ler exige diálogos com outros textos e autores, pois o texto é ‘um
mecanismo preguiçoso
Todas as concepções de leitura arroladas nesse texto reflectem e nos levam a compreender a
leitura como uma actividade interactiva e imprescindível aos diferentes aprendizados, sendo,
ainda, portadora de uma série de sentidos dependendo da perspectiva em que é estudada, porque
o termo comporta um aspecto polissémico que vai desde o aspecto genérico distribuição de
sentidos até ao âmbito restrito de alfabetização, quando se pensa em estudo da relação
fonema/grafema por meio dos textos, que ocorre quando o leitor vai construindo a aprendizagem
formal. Ao lermos, produzimos sentidos, sendo assim, participamos do processo social e
histórico.
EXERCÍCIOS DA UNIDADE 17
a) Segundo (Covane p 78), A complexidade que se desenha no âmbito da interpretação de
um texto literário, verifica-se quando o aluno realiza macro-processos de compreensão ao
seleccionar elementos implicados, que surgem integrados num todo em que convergem
aspectos temáticos, categorias e procedimentos técnico-literários. Dadas as dificuldades
13
perante a complexidade das operações de leitura, por maior que seja a maturidade
linguística, discursiva e literária de um aluno do ensino secundário, a tarefa nunca é
simples e requer capacidades de permanente relacionamento e sistematização . para isso,
e mais uma vez, parece-nos ser de toda a conveniência o treino frequente de operações
globalizante como as temos vindo a referir.
Estratégias de leitura são técnicas ou métodos que os leitores usam para adquirir a informação,
ou ainda procedimentos ou actividades escolhidas para facilitar o processo de compreensão em
leitura. Nesta linha de pensamento, propomos as seguintes estratégias para o ensino do texto
literário:
b) Pensar em voz alta: Pensar em voz alta é quando o leitor verbaliza seu pensamento
enquanto lê. Tem sido demonstrado melhoria na compreensão dos alunos quando eles
mesmos se dedicam a esta prática durante a leitura e também quando professores usam
rotineiramente esta mesma estratégia durante suas aulas.
e) Questionar: O texto auxilia no entendimento do conteúdo da leitura, uma vez que permite ao
leitor refletir sobre o mesmo.
14
EXERCÍCIOS DA UNIDADE 18
Ler não deve ser um ato impositivo, portanto, deixe de lado a arbitrariedade e estimule a leitura
por prazer. O professor deve incentivar os alunos a descobrir os estilos literários dos quais mais
gostam, além de incentivar que eles escolham livros na biblioteca para levar para casa. Assim,
quando houver alguma leitura obrigatória na ementa, será possível abordá-la como actividade
atractiva e lúdica para o aluno.
Para tal, pode-se apresentar a obra de uma forma diferente, conversar sobre o autor, propor a
teatralização dos textos, fazer debates, ou seja, adoptar atitudes que visem a tornar o processo
mais prazeroso.
Se o professor espera que o aluno desenvolva o hábito de ler cada vez mais frequente e com mais
qualidade, ele precisa promover e incentivar seu contacto com os livros.
Leve a turma para a biblioteca da escola, deixe que eles explorem os livros, folheiem as revistas
e escolham de maneira autónoma o que desejam ler. Além disso, lembre-os de que a leitura não
precisa se restringir aos muros do colégio. Organizar uma visita para as grandes bibliotecas
municipais pode trazer resultados surpreendentes!
3. Buscar a variação
15
Quando a intenção é incentivar nos estudantes o interesse pela leitura, a variação nos géneros e
tipos literários é essencial. Os alunos devem experimentar a leitura por meio de diferentes
materiais, que vão muito além dos formatos mais tradicionais.
Não ser um professor com um rigor selectivo muito renhido. Permitir o uso de tecnologias como
internet, tablets, e-books.
16
EXERCICIOS DA UNIDADE 19
5.A atitude que o professor de português deve tomar na sua aula.
O professor de português na sua aula, são várias as atitudes que deve tomar, mas aquelas que o
definem como o verdadeiro professor de língua estão ligadas a questões linguísticas. Entre elas, é
necessário que o professor de português defina claramente os objectivos da sua aula,
considerando as respostas erradas e requisitando sua correcção imediatamente e explicando sob
vista linguístico, o processo que origina o erro.
A primeira coisa que o professor deve fazer, antes de tentar tornar os seus alunos leitores críticos,
é convidá-los e estimulá-los a lerem. Quer dizer provocar os alunos e traze-los ao mundo dos
leitores através da inspiração, e não obrigação, ou simplesmente cumprimento de uma tarefa
escolar. Não existe uma fórmula rígida e directa que transforma os alunos em leitores críticos,
mas eles precisam ganhar o gosto pela leitura, entender que a leitura não é apenas um meio de
aquisição de informação. Ela também nos torna mais críticos e capazes de considerar diferentes
perspectivas.
EXERCICIOS DA UNIDADE 20
Segundo (Covane p.79) Ao elaborar o material de leitura, uma das primeiras preocupações
do professor deve ser quanto aos critérios de selecção de textos que podem estar agrupados
17
por temas, tipologias, nível linguístico, interesses dos alunos. Tomando em consideração
estes aspectos proponho:
Criar momentos durante a aula para declamar, analisar e interpretar um poema, para
que os alunos se sintam a interpretarem mais outros poemas.
O material para uma aula de leitura é um texto, sem dúvidas. Cada aluno, em condições
normais deve ter em sua posse o texto da aula. Em casos de falta de condições, o professor
deve escrever o texto no quadro um dia antes da aula, para que os alunos copiem-no para os
seus cadernos. Uma aula de leitura deve ser preparada um dia antes. No fim da aula
antecedente, os alunos devem conhecer o texto da aula seguinte. O professor deve explicar
aos alunos quais serão os aspectos a serem explorados e estudados no texto, para que estes
preparem o texto, leiam-no e conheçam a sua estrutura externa.
EXERCÍCIOS DA UNIDADE 21
O plano de aula que propomos a seguir foi desenhado com recurso ao critério “tema da aula e a
tipologia do texto”
18
ESCOLA SECUNDARIA DE NAMETIL
GUERRA, João augusto et all, Português - língua e linguagem, 9º ano de escolaridade, s/ed,
porto editora, Porto. .
- Figuras de pensamento.
19
etc.
- Breve menção dos grandes grupos em que as figuras estilísticas se
subdividem: figuras de fonética, figuras de sintaxe, figuras de pensamento.
Luís de Camões.
20
V Tomada de nota: 5’
As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao
significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
VI T.P.C 5’
Passe para o seu caderno de exercícios os conceitos e os respectivos
exemplos das seguintes figuras de pensamento:
Antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, ironia, perífrase, pleonasmo,
refrão.
EXERCICIOS DA UNIDADE 22
Uma boa antologia, segundo (Covane p. 57) é aquela que agrupa uma selecção de textos que
socialmente são reconhecidos, por comunidades interpretativas, como modelares e oportunos
num processo formativo.
7. Competência linguística
21
7. Estratégias didácticas que motivem os alunos a ter gosto pela leitura.
Ler não deve ser um ato impositivo, portanto, deixe de lado a arbitrariedade e estimule a leitura
por prazer. O professor deve incentivar os alunos a descobrir os estilos literários dos quais mais
gostam, além de incentivar que eles escolham livros na biblioteca para levar para casa. Assim,
quando houver alguma leitura obrigatória na ementa, será possível abordá-la como actividade
atractiva e lúdica para o aluno.
Para tal, pode-se apresentar a obra de uma forma diferente, conversar sobre o autor, propor a
teatralização dos textos, fazer debates, ou seja, adoptar atitudes que visem a tornar o processo
mais prazeroso.
Se o professor espera que o aluno desenvolva o hábito de ler cada vez mais frequente e com mais
qualidade, ele precisa promover e incentivar seu contacto com os livros.
Leve a turma para a biblioteca da escola, deixe que eles explorem os livros, folheiem as revistas
e escolham de maneira autónoma o que desejam ler. Além disso, lembre-os de que a leitura não
precisa se restringir aos muros do colégio. Organizar uma visita para as grandes bibliotecas
municipais pode trazer resultados surpreendentes!
3. Buscar a variação
Quando a intenção é incentivar nos estudantes o interesse pela leitura, a variação nos géneros e
tipos literários é essencial. Os alunos devem experimentar a leitura por meio de diferentes
materiais, que vão muito além dos formatos mais tradicionais.
22
É importante que os educadores proporcionem um momento de debate sobre a leitura. Nesse
momento, é interessante, antes da exposição por parte do educador, deixar os alunos falarem
sobre o que entenderam e como interpretaram a obra. Não interromper o fluxo de ideias e evitar
julgar determinadas interpretações como equivocadas são atitudes fundamentais nesse contexto
— deve-se esclarecer que diferentes visões são sim válidas e enriquecedoras.
Não ser um professor com um rigor selectivo muito renhido. Permitir o uso de tecnologias como
internet, tablets, e-books.
EXERCICIOS DA UNIDADE 23
1. O melhor método para comentar u texto é o seguinte:
5. Indicar o tema do texto. A compreensão do texto passa por este primeiro teste que consiste em
responder correctamente à questão: O que é que o texto diz? Não devemos confundir tema com
assunto. O primeiro é a ideia fundamental que o texto quer provar ou desenvolver; o segundo, é a
matéria ou objecto de que trata o texto. O assunto obtém-se por intermédio do resumo, que
contém todos os elementos relevantes do texto.
6. Determinar a estrutura do texto. Todo o texto possui uma estrutura interna, ou seja, os
elementos que o constituem ordenam-se segundo uma lógica de sentido. Determinar tal estrutura
significa, em termos simples, identificar os momentos em que podemos dividir o texto como um
todo, possuindo cada momento, por si só, uma lógica de sentido própria.
23
7. Analisar a forma do texto. Nesta fase, esclarecem-se os processos estilísticos, linguísticos e/ou
gráficos que o autor do texto utilizou na construção do texto. É fundamental não esquecer que
esta análise só é justificável em função do nível de adequação da forma escolhida ao tema
desenvolvido, isto é, o tema tem que estar representado em cada um dos processos analisados. 8.
Elaborar uma conclusão, captando o essencial do texto.
EXERCICIOS DA UNIDADE 24
1. Análise cruzada de dois textos de autores moçambicanos. (José Craveirinha e Noémia de
Sousa)
2. Grito negro
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
24
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
– José Craveirinha
Sangue negro
Bates-me e ameaças-me
Agora que levantei minha cabeça esclarecida
E gritei: “Basta!” (…) Condenas-me à escuridão eterna
Agora que minha alma de África se iluminou
E descobriu o ludíbrio E gritei, mil vezes gritei: _Basta!”.
Armas-me grades e queres crucificar-me
Agora que rasguei a venda cor-de-rosa
E gritei: “Basta!”
25
Traz teus instrumentos de tortura
E amputa-me os membros, um a um…
Noémia de Sousa
Análise cruzada
Os textos “grito negro” de Craveirinha e “sangue negro” de Noémia são dois textos que cruzam
em termos de sentido, pois ambas as poesias, “grito negro” de José Craveirinha e “ sangue
negro” de Noémia de Sousa debruçam-se claramente sobre a escravatura a que os homens
negros, em particular moçambicanos, estavam sujeitos nas mãos dos brancos Europeus, como
também repudiam-na. Portanto a característica comum mais forte nestes dois textos é a revolta e
o repúdio. Estas marcas, em “grito negro” verificam-se na seguinte estrofe:
Em sangue negro, o repúdio e a revolta verificam-se em quase todo o poema, no fim de muitas
estrofes. Ora vejamos:
“E gritei: “Basta!”
“E gritei, mil vezes gritei: Basta!”
26
Em termos de estrutura, o texto “sangue negro” de Noémia de Sousa apresenta cinco estrofes,
enquanto o de Craveirinha “ grito negro apresenta única estrofe com 28 versos. A rima em
ambos os textos é pobre.
A estilística é marcada pela presença de figuras de estilo, sobretudo a metáfora, verificada em
quase todo o texto “ grito negro” de José Craveirinha”. Ao longo do texto, é notória a
comparação, sem o uso dos conectivos, do homem negro com o carvão. Esta comparação dá-se
pelo facto de a cor da pele negra ser escura, como também pelo facto de o homem negro ser
explorado como carvão. Vejamos a seguir os versos que exprimem a metáfora:
27
Conclusão
Este trabalho tinha como objectivo resolver questões da Unidade 13 a 24 do módulo da Cadeira
de Didáctica de literatura. Este trabalho, apesar da sua vastidão, possui exercícios e abordagens
que consideramos mais pertinentes, como é o caso das análises do conto retrato da Mónica, os
poemas de Craveirinha e Noémia de Sousa.
No conto retrato da Mónica, o texto revela Mónica como personagem com uma forte relação
com “O Príncipe deste Mundo” pois representa a versão feminina do demónio que age como o
seu braço direito nos actos malvados e é a sua maior ajuda no controlo dos mundanos.
Em “Grito negro”, o carvão é uma figura de estilo pela sua característica da cor e pelas suas
acções, então o sujeito poético atribui características do carvão ao homem negro onde o eu lírico
inclui-se como carvão chamando o explorador de patrão.
28
Referências bibliográficas
Covane, Lourenço, Didáctica da Literatura. Universidade Católica de Moçambique.
Moçambique – Beira.
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/competencia-linguistica.
29