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Integração E. Discipulado De. Novos Convertidos
Integração E. Discipulado De. Novos Convertidos
Discipulado de
Novos Convertidos
2012
1
Introdução
Uma das grandes lástimas das igrejas evangélicas de nossos dias é ver um grande
número de convertidos que frequentam a igreja e que até se tornam membros, mas que
não estão integrados à comunidade. Estes cristãos são passivos, comparecendo à igreja
como espectadores, para ver, ouvir e talvez sentir a presença de Deus. Não têm
compromisso com a igreja, não participam ativamente das atividades e das decisões do
grupo, não assumem responsabilidades e não desenvolvem relacionamentos de
fraternidade com outros membros. Não há integração à vida da igreja.
Não é desta forma que a Bíblia ensina o cristão a viver. A igreja cristã é uma comunidade
em que todos participam do Corpo de Cristo. Todos possuem dons espirituais e
habilidades naturais que devem ser colocados a serviço do Reino para a edificação de
todos os cristãos. A igreja é o local onde devemos ensinar e encorajar uns aos outros.
Quando um ou vários de seus membros não funcionam ou não cooperam, o Corpo sofre
e a igreja torna-se deficiente e doente.
O autor do livro aos Hebreus (5:11-14) encontrou dificuldade ao tentar explicar certos
assuntos aos destinatários da carta. Apesar de serem cristãos há muito tempo e
cronologicamente já pudessem ser mestres, eram imaturos espiritualmente. O autor
comparou o alimento espiritual que estava sendo dado (princípios elementares dos
oráculos de Deus) ao leite para recém-nascidos e disse que não havia condições de
receberem alimento sólido. Estes eram cristãos que não havido sido devidamente
discipulados.
Esta matéria tem como objetivo estudar como podemos ajudar os novos convertidos a
se integrarem rapidamente à comunidade e como podemos ajudá-los a aprender a
Palavra de Deus e colocá-la em prática na sua nova vida em Cristo.
1
Mello, Cyro. Manual do Discipulador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 14, 22, 126, 131
2 WARREN, Rick. Uma Vida com Propósitos. (São Paulo: Editora Vida, 2002).
Jesus não apenas informou e ensinou. Ele formou discípulos. A Igreja do Senhor Jesus é
composta de discípulos. Jesus sempre teve a multidão ao seu redor, mas Ele não se
iludia com a multidão, pois a multidão vem e vai. Contudo, Ele se dedicou a um pequeno
grupo de pessoas, próximas a Ele, que estavam dispostas a tudo por Ele: os discípulos.
Jesus procurou enraizar neles a visão do Pai e fez dos discípulos pessoas capazes de dar
continuidade à sua obra. Através de um relacionamento intenso com o Mestre os
discípulos aprenderam tudo e então aplicaram da mesma maneira à Igreja.
Mesmo antes de Jesus, a Bíblia nos mostra pessoas que tinham um relacionamento de
discípulos:
Moisés e Josué – Êxodo 24.13; 33.11; Números 27.18-21.
Elias e Eliseu – 2 Reis 2.1-9.
Davi e Jônatas – 1 Samuel 18.1-4; 19.1-10; 20.1-43.
“O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma
palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido
para que eu ouça como discípulo”. – Is 50:4 (ARC).
O Que é um Discípulo
2. Discípulo é aquele que crê em tudo que Cristo disse e faz tudo que Cristo
manda.
3. Ser discípulo é ser seguidor, ser imitador pelo processo de adquirir a mesma
motivação interior, assumir o mesmo estilo de vida – Mateus 10.24; 1 Pedro 2.21; 1
João 2.6.
a. Amar a Jesus sobre todas as coisas – Lucas 14.26 (NVI) – “Se alguém vem a
mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até
sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo”.
Devemos amar a Jesus mais do que a todas as outras pessoas.
b. Renunciar a tudo quanto tem – Lucas 14.33 (NVI) – “Da mesma forma, qualquer
de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo”.
Como você tem usado o que você tem?
c. Obediência à Palavra de Deus – João 8.31 (NVI) – “Disse Jesus aos judeus que
haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra,
verdadeiramente serão meus discípulos”.
d. Amar como Ele amou – João 13.34, 35 – “Um novo mandamento lhes dou: Amem-
se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso
todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”.
Assim é que nós conhecemos os que são discípulos de Jesus.
e. Dar fruto que permanece – João 15.7, 8, 16 – “Se vocês permanecerem em mim, e
as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será
concedido. Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim
serão meus discípulos... Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e
darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem
em meu nome”.
O Que é Discipulado
Veja no exemplo abaixo a diferença que o discipulado com multiplicação faz na igreja:
Discipulando uma
Ganhando uma pessoa
ANOS pessoa por ano, e este se
cada dia
reproduzindo
01 365 2
05 1.825 32
10 3.650 1.024
15 5.475 32.768
20 7.300 1.048.576
30 10.950 1.073.741.824
“Foi me dada toda autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-
os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos
tempos” – Mateus 28.18b-20 (NVI).
Cinco razões pelas quais esta comissão de discipular merece ser chamada “grande” e
é indispensável à Igreja:
1º) É grande em sua autoridade. Não existe outro lugar onde Jesus se veste
com toda sua autoridade divina para nos passar alguma coisa.
2º) É grande em seu efeito multiplicador.
3º) É grande por sua extensão geográfica. Chega a todas as nações, todos os
ethnos. Os grupos mais difíceis de alcançar serão alcançados através de
relacionamentos comprometidos e pessoais. Não é uma comissão que se
aplica apenas a um certo grupo, tipo de pessoa ou lugar. É transcultural ao
máximo.
4º) É grande por sua extensão à vida toda. Não existe aspecto algum de
nossas vidas que não deva ser colocado sob a autoridade de Jesus.
5º) É grande por sua extensão no tempo. É tão válido hoje com foi na igreja
primitiva do primeiro século.
1) Que discípulo é aquele que crê em tudo que Cristo disse e faz tudo que Cristo
manda.
2) Que discipulado é uma relação comprometida e pessoal onde um discípulo mais
maduro ajuda outros discípulos de Jesus Cristo a aproximarem-se mais dEle e
assim reproduzirem.
3) Que a prática do discipulado é indispensável ao crescimento equilibrado da
Igreja.
Que Deus crie em nós o coração de um verdadeiro discípulo, um coração voltado para o
Senhor, liberto, disposto a obedecer, nos capacitando a viver a vida de Jesus e
reproduzi-la em todas as pessoas que estão a nossa volta.
I. O Alvo do Discipulado
Paulo escreveu aos Efésios 5.1, 2: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e
andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como
oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”. No relacionamento discípulo e discipulador,
ambos se edificam mutuamente.
1. Integrar o novo crente à igreja local e levá-lo a comprometer-se com ela. Integrar
significa unir, introduzir, incorporar, adaptar, tornar participante.
2. Integrar o desviado que volta à igreja local, utilizando o mesmo processo do novo
crente.
4. Levar o novo discípulo à frutificação espiritual, pelo cultivo da vida cheia do Espírito
Santo, pela comunhão crescente com Deus, pela conservação de um caráter íntegro e
pelo testemunho e serviço para Deus.
6. Levar o novo discípulo à prática da mordomia cristã. Ensinar que tudo que o crente
tem foi Deus quem lhe deu e ele é apenas um administrador. Isto inclui talentos
pessoais, bens, finanças, dons espirituais, tempo, enfim, tudo em sua vida. Tudo isto
deve ser usado no serviço do Senhor Jesus Cristo.
7. Levar o novo discípulo à pratica da ação social cristã, dentro e fora da igreja local,
começando com o seu próximo da mesma fé. “Por isso, enquanto tivermos
oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” –
Gálatas 6.10.
8. Levar o novo discípulo a ter uma vida devocional equilibrada – oração, leitura da
Bíblia e testemunho (falar aos outros do que Deus fez em sua vida).
9. Levar o novo discípulo a descobrir qual a sua função no corpo de Cristo, a Igreja.
Sem o discipulado cristão, quase todo o esforço evangelístico da Igreja será em vão, pois
os recém-nascidos deixados ao abandono não crescerão e não se reproduzirão. Assim a
Igreja com o tempo se estagnará.
b. João 11.44 – “Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com
ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-
o ir”. Jesus não desenrolou as faixas que prendiam Lázaro após a ressurreição, ele
mandou que seus discípulos o fizessem. O que temos que fazer Ele não fará!
c. Atos 15.36 – “Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para
visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor,
para ver como passam”. Paulo e Barnabé demonstraram um princípio importante
do discipulado que é a visitação para saber do estado dos irmãos.
d. Provérbios 27.23 – “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus
rebanhos”. Deve-se saber como vai a vida dos discípulos.
e. 1 Coríntios 13.11 – “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas
próprias de menino”. Os discípulos um dia deixarão de serem “meninos”
espirituais.
f. Hebreus 5.12-14 – “Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao
tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de
novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos
tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que
se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o
alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas
faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal”. O
discípulo precisa crescer espiritualmente para não permanecer apenas no “leite
espiritual”. A maturidade cristã leva o discípulo a discernir tanto o bem (para
aceitá-lo), como o mal (para rejeitá-lo) porque tem alimentação espiritual sólida
e exercita as suas faculdades; isto é, pensa com uma mente transformada, tem
comportamento e objetivos que refletem uma cosmovisão (modo de enxergar o
mundo) cristã e emoções e relacionamentos restaurados pela graça de Deus.
g. João 15.1-16 – o discípulo e a frutificação que permanece. Que frutos são estes?
a. A viver satisfeito – “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver
contente em toda e qualquer situação” – Filipenses 4.11.
b. A ser manso – “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” – Mateus 11.29.
c. A ser humilde – “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que
ele, em tempo oportuno, vos exalte”. – 1 Pedro 5.6 (veja também Mateus 11.29 e
Tiago 4.10).
d. A ocupar-se com o que for útil – “Agora, quanto aos nossos, que aprendam
também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se
tornarem infrutíferos”. – Tito 3.14 (veja também Isaías 1.17).
g. A ser reverente diante do Senhor – “E o terá consigo e nele lerá todos os dias da
sua vida, para que aprenda a temer o Senhor, seu Deus, a fim de guardar todas as
palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir” – Deuteronômio 17.19.
Paulo afirma na carta aos Filipenses que Deus é quem começa a obra na vida dos
discípulos. Ele começa salvando os discípulos, dando-lhes uma nova vida. Essa obra que
começa com o novo nascimento é aperfeiçoada pelo próprio Deus através do exemplo
de Jesus e do cuidado com a vida do discípulo, assim como um podador com uma
videira. Nesse processo de Deus para transformar incrédulos em discípulos de Jesus, a
primeira coisa que ele realiza na vida da pessoa é o novo nascimento.
Evidências internas:
1. O testemunho do Espírito Santo no íntimo da pessoa – “O próprio Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus” – Romanos 8.16.
3. O testemunho da Palavra de Deus para com a pessoa – “Estas coisas vos escrevi, a
fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do
Filho de Deus” – 1 João 5.13 (veja também Atos 16.31).
5. O testemunho da aversão ao pecado – “Todo aquele que é nascido de Deus não vive
na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não
pode viver pecando, porque é nascido de Deus” – 1 João 3.9 – evidência interna e
externa.
Evidências externas:
1. O testemunho de mudança de vida da pessoa – “E, assim, se alguém está em Cristo,
é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” – 2
Coríntios 5.17.
“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
tome a sua cruz e siga-me” – Mateus 16.24. O que quis Jesus dizer por “siga-me”?
Estamos de fato seguindo a Cristo, ou apenas julgando que o estamos seguindo? Isto
pode acontecer com qualquer pessoa, por isso vejamos os passos que Jesus deu,
deixando-nos o exemplo para o seguirmos e sabermos se estamos no caminho certo.
1. Jesus foi gerado pelo Espírito Santo – “Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe
apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber
Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo” – Mateus 1.20 (veja
também Lucas 1.35). O crente também deve ter nascido do Espírito Santo (João 3.5; Tito
3.5 e Tiago 1.18).
2. Jesus foi batizado em águas – “Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galileia para o
Jordão, a fim de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser
batizado por ti, e tu vens a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque,
assim, nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu” – Mateus 3.13-15. Um
verdadeiro discípulo também deseja ser batizado – Atos 2.37-39.
3. Jesus foi ungido e cheio do Espírito Santo “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o
Espírito Santo e com poder...” – Atos 10.38a (veja também Lucas 4.18). Todo discípulo
que tem o Espírito Santo é ungido e busca o enchimento – “Respondeu-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos
vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” – Atos 2.38b (veja também 1 João
2.20 e 27).
4. Jesus foi enviado e guiado (dirigido) pelo Espírito Santo – “Jesus, cheio do Espírito
Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto” – Lucas 4.1 (veja
também Lucas 4.18, 19 e Mateus 4.1). Os discípulos devem ter essa experiência – João
20.20-22; João 16.13; Romanos 8.14 e Gálatas 5.18.
5. Jesus foi um homem que trabalhou muito na obra do Pai – “Mas ele lhes disse: Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também” – João 5.17 (veja também João 9.4 e Isaías
53.11). O discípulo também deve ser constante na obra do Senhor – “Portanto, meus
amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo
que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” – 1 Coríntios 15.58.
6. Jesus foi um homem de oração – “Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para
um lugar deserto e ali orava” – Marcos 1.35 (veja também Lucas 6.12; 5.16; 4.42; 9.18 e
3.21). O discípulo de Jesus deve ter também uma vida de oração – Atos 6.4; Romanos
12.12; 1 Pedro 4.7 e 1 Tessalonicenses 5.17.
7. Jesus foi humilde de espírito – “Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve?
Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve” –
Lucas 22.27 (veja também João 13.14, 15). A humildade deve ser uma qualidade do
discípulo – Colossenses 3.12, 13 e 1 Pedro 5.5, 6.
8. Jesus foi um homem santificado (separado para Deus, vivendo longe do pecado) – “E a
favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na
verdade” – João 17.19 (veja também 10.36). O discípulo deve buscar a santificação – 1
Tessalonicenses 4.3, 7; 5.23; 2 Coríntios 7.1 e Hebreus 12.14.
9. Jesus foi um homem que conhecia e usava as Sagradas Escrituras – “Então, lhe deram
o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde está escrito...” – Lucas 4.17
(veja também Mateus 4.4, 7, 10). Um seguidor de Jesus deve amar, ler, viver e ensinar a
Bíblia – 1 Timóteo 4.13; Salmo 119.97, 105; Tiago 1.22-25 e 2 Timóteo 3.16.
10. Jesus foi um homem de sofrimento – “Porquanto para isto mesmo fostes chamados,
pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os
seus passos” – 1 Pedro 2.21 (veja também Hebreu 9.14; Isaías 53.3 e Lucas 14.27). O
discípulo de Cristo também passa por dificuldades nesta vida – “Estas coisas vos tenho
dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo;
eu venci o mundo – (veja também João 16.33; Romanos 8.18; 2 Tessalonicenses 1.4; 2
Timóteo 2.3; 4.5 e 1 Pedro 4.12, 13).
11. “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e
irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que
não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.... Da mesma forma,
qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” –
Lucas 14.26, 27 e 33 (NVI). – Por três vezes Jesus fala de situações em que não se pode
ser seu discípulo: amor às pessoas mais do que a Deus, aquele que não carrega sua cruz
e aquele que não renuncia a tudo quanto tem.
Lição 4
1. Ser salvo. O discipulador tem que ser ele mesmo discípulo de Jesus Cristo.
2. Bom testemunho. O discipulador tem que ser uma pessoa que esteja experimentando
transformação e crescimento em sua vida espiritual. Jamais será perfeito, mas
precisa ser um exemplo para a pessoa que ele está discipulando. Deve ter
maturidade espiritual.
3. Amor. O discipulador deve ter amor pelas pessoas e um desejo ardente de vê-las se
entregando a Cristo e seguindo-o.
6. Humildade. O discipulador precisa reconhecer que não sabe tudo. Ele também está
em uma jornada espiritual aprendendo a cada dia. O discipulador também é um
discípulo; é um aluno mais experiente ensinando outro aluno menos experiente. O
discipulador não deve demonstrar atitude de superioridade ou arrogância espiritual.
Os componentes do discipulado
Lição 5
Quais são os assuntos básicos que devem ser tratados neste curso? O que é essencial
para o estudo de um novo convertido? Cada igreja local terá que decidir o que é mais
apropriado para a sua situação.
Eu proponho que as lições incluam três áreas principais: doutrinas de base, disciplinas
espirituais e mordomia cristã. Os assuntos dentro destas áreas podem variar. Veja um
exemplo:
Doutrinas de base:
1. Plano da salvação e certeza da salvação;
2. A Trindade: Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo;
3. Pecado (separação do pecado, tentação) e o Senhorio de Cristo (santificação,
crescimento espiritual);
4. A Igreja: definição, funções;
5. As ordenanças: batismo, ceia e lavar dos pés;
6. Vivendo na plenitude do Espírito;
7. Coisas futuras: a morte, o céu, o inferno, o retorno de Cristo e o julgamento final.
Disciplinas espirituais:
1. A Bíblia, Palavra de Deus: leitura, meditação e memorização;
2. Oração e jejum;
3. Adoração: individual e com o corpo de Cristo. A nossa atitude para com estes
recursos é uma questão de discipulado;
4. Evangelismo.
Mordomia cristã:
1. Tudo pertence a Deus (dons, tempo, bens materiais), o crente é somente um
gerente. Prestará conta do que fizer com o que Deus lhe dá.
2. Emprego dos dons, talentos, tempo e bens materiais no Reino de Deus.
3. Sustento da obra de Deus (dízimos e contribuições):
a. Ofertamos a Deus (tudo que ofertamos é a Deus).
b. Ofertamos aos pobres (Mt 25:35-40; Rm 15:26 e Gl 2:10).
c. Ofertamos para o sustento da obra de Deus (1 Tm 5:17-18; 1 Co 9:13-14).
Mesmo sem fazer parte das lições do programa, o discipulador deve procurar
oportunidades para ajudar o discipulando a entender que a nova vida em Cristo implica
em uma transformação e uma reprogramação do caráter. Conversas informais ou
acontecimentos recentes na vida do discipulando podem dar oportunidade para
mostrar o que a Bíblia ensina sobre o caráter que o crente deve desenvolver. O
discipulador deve ser preparado para identificar estas áreas e saber onde a Bíblia fala
sobre cada um deles.
Áreas que devem chamar a atenção incluem: desonestidade, mentira, egoísmo, orgulho,
ganância, demonstrações de ira, ciúmes, medo, ansiedade, vícios, impureza sexual
(pornografia, sexo antes do casamento, adultério, homossexualidade, etc.), palavrões e
problemas nos relacionamentos (conjugal, familiar e no trabalho), entre outros. Em
resumo, são obras da carne (Gl 5:19-21).
4. União com Cristo. O convertido passa a fazer parte do corpo de Cristo. Está em Cristo
e Cristo está nele.
Não é preciso mais viver sob o peso da culpa e da consciência pesada. O crente é
perdoado por Deus. É justificado. Tem que aprender a se perdoar também.
O convertido não está mais sozinho. Está em união com Cristo. Jesus está sempre
ao seu lado. Ele viveu como ser humano e conhece todas as circunstâncias e os
sentimentos de cada um. Ele intercede diante do Pai pelos que são seus. O
Espírito Santo de Deus habita no crente dando-lhe proteção, direção e força.
A adoção torna o crente parte da família de Deus. Não está sozinho. Tem um
relacionamento com o Deus do universo.
Lição 6
Como evangelizar
Muitos podem argumentar que o novo convertido ainda não conhece a Bíblia e não tem
base para evangelizar. Não é necessário conhecer a Bíblia profundamente para
evangelizar. O discipulando deve começar dando testemunho aos outros do que Deus
fez na sua vida – da sua nova vida em Cristo. No Evangelho segundo João, temos o
exemplo de André, discípulo de João Batista. João, ao ver Jesus, falou para André: “Eis o
Cordeiro de Deus”! (Jo 1:36). André seguiu Jesus e conversou com ele. Imediatamente
após este primeiro encontro, André saiu, chamou seu irmão, Simão Pedro, e o levou a
Jesus (v. 41-42). No dia seguinte, Jesus chamou Filipe para segui-lo (v. 43). Filipe aceitou
e saiu para chamar seu amigo Natanael (v. 45). Nenhum destes três discípulos havia
ainda recebido um treinamento de Jesus, mas saíram e chamaram seus parentes e
amigos para o seguirem. Quanto antes o discípulo começar a evangelizar, mais a
evangelização fará parte da sua nova vida.
Mas além de usar o seu testemunho pessoal, o discipulando precisa aprender alguns
pontos básicos do plano da salvação para passar aos outros. Nada muito complicado.
Segue um mínimo de conhecimento para levar outra pessoa a Cristo:
1. Todos pecaram e vivem separados da comunhão com Deus – Rm 3:23;
2. O resultado do pecado é a morte espiritual – Rm 6:23a;
3. Mas Deus ama a humanidade e providenciou o perdão dos pecados e a vida
eterna através de seu Filho Jesus Cristo – Rm 6:23b;
4. É necessário arrependimento e confissão dos pecados para obter perdão – 1 Jo
1:9;
5. Quando aceita Jesus pela fé, o crente passa a ter vida eterna – Jo 3:16 e 36.
Se for possível, leve o discipulando para ver como se evangeliza outra pessoa. É
oportuno fazer uma visita evangelística com o discipulando para alguém que ele
gostaria de ver entregar-se a Cristo.
Por que demoramos então vários meses para batizar alguém e ainda exigimos que
façam curso de preparação para o batismo?
Cada igreja local tem sua maneira de se organizar para preparar o candidato ao batismo.
Algumas igrejas planejam o discipulado para culminar no batismo. Outras oferecem um
curso de discipulado para o novo convertido e outro curso separado para a preparação
ao batismo. O importante é batizar os que conhecem o Senhor Jesus Cristo como
Salvador e Senhor de suas vidas e que conheçam suas responsabilidades como membro
da Igreja de Cristo.
Recomendação para pessoas batizadas que chegam à igreja oriundas de outras igrejas
evangélicas das quais: 1- não se conhece a doutrina, 2 – sabe-se que a doutrina não é
ortodoxa ou, 3- não se faz nenhum discipulado ou preparação para o batismo; é
recomendável pedir a estas pessoas que passem pelo curso de preparação de batismo
(ou discipulado) para se ter uma ideia se realmente se converteram quando
anteriormente batizadas. Se, após o curso, demonstrarem que de fato eram convertidas
ao serem batizadas, então poderão ser aceitas como membros da igreja. Se
demonstrarem que não tinham conhecimento da salvação anteriormente ao batismo, é
recomendável batizá-las novamente, pois o batismo só é válido para aquele que crê.
Programa de discipulado
Como mencionei na introdução, creio ser uma lástima uma igreja local ser conivente
com a falta de desenvolvimento espiritual de cristãos passivos, sem compromisso com
Deus ou com a igreja e vivendo na sociedade sem demonstrar transformação de vida.
Como comunidade temos a responsabilidade de zelar pela vida espiritual uns dos outros
e cumprir com a função da igreja de ensinar os seus membros. Para tanto é necessário
começar os ensinos bem cedo na vida espiritual do cristão – desde o seu nascimento
espiritual.
Seria inconcebível permitirmos que as mulheres da nossa sociedade dessem à luz aos
bebês sem oferecermos nenhuma assistência. Da mesma forma, é inconcebível que a
igreja pregue o evangelho, observe o novo nascimento de almas e não dê nenhuma
assistência a esses bebês espirituais. A igreja tem o dever de dar assistência aos novos
convertidos e para isso precisa se programar. Toda igreja precisa de um programa de
discipulado. Quanto mais estruturado for o programa, maior será o índice de integração
na igreja. Igrejas sem discipulado estruturado apresentam um índice baixo de
integração de novos convertidos na igreja.
Na maioria das vezes o discipulador não conhece o discipulando. Isto significa que os
dois terão que desenvolver um relacionamento. Algumas pessoas têm facilidade para
fazer amizade com desconhecidos. Outros já relutam. Todos nós temos personalidades
diferentes.
Jesus demonstrou que ficava à vontade com as pessoas. Em Jo 1:37-39, ele convidou
duas pessoas (João e André) que acabara de encontrar para visitarem sua casa. Estes
dois se tornaram seus discípulos e, mais tarde, seus discipuladores. Em outra ocasião,
Nicodemos foi procurá-lo em casa. Jesus também foi convidado à casa de outros para
visitá-los e tomar refeições. Ele mantinha também uma relação de amizade com uma
família de três irmãos em Betânia: Lázaro, Maria e Marta.
3. Não pretenda ser o que você não é. Se você não é atleta, não aja como se fosse. Se
você não é muito engraçado, não tente contar piadas. Aja naturalmente.
4. Não seja curioso demais. Se notar que o discipulando não gosta de falar sobre
certas áreas de sua vida, não fique pressionando ou fazendo muitas perguntas.
Seja paciente. Talvez, quando a amizade se aprofundar, ele se sentirá mais à
vontade para se abrir.
6. Deixe o discipulando discordar de você. Quando ele tiver uma opinião diferente
sobre o que você está ensinando, deixe-o se expressar e depois pergunte onde é
que isso se encontra na Bíblia. Isto tira a discussão do plano das opiniões das
pessoas e coloca a autoridade na Palavra de Deus. É a Palavra de Deus que decide
o que é certo e o que é errado. Não discuta com o discipulando. É mais
importante ganhar a confiança dele do que ganhar a discussão. Uma vez que você
fez a sua colocação, mesmo que ele não concorde, você pode pedir para que ele
pense nisso.
1. Alguns se decepcionam; não é o que pensavam que seria. Algumas pessoas vêm a
Cristo com motivação errada. Não estão dispostos a se arrepender e tornarem-se
discípulos de Jesus. A motivação pode ser simplesmente uma cura física, uma
busca por bens materiais, uma ajuda para sair de uma situação difícil, etc. Outros,
podem ser motivados por emoções. Uma vez que as emoções passam, não há
compromisso.
2. Outros não estão dispostos a pagar o preço do discipulado. Não querem deixar os
prazeres carnais, humilhar o seu ego ou escolher a vontade de Deus.
3. Existem os que não têm tempo para Deus e para as coisas espirituais. Estão
sempre correndo atrás disto e daquilo e não disponibilizam tempo para Deus.
Com estas pessoas é comum não se conseguir um horário em que estejam
dispostas a sentarem-se semanalmente para fazer o discipulado. Aparecem
raramente aos cultos e depois desaparecem.
4. Outros sofrem forte pressão da família ou dos amigos. São proibidos de ir à igreja
ou de se encontrar com os cristãos. Às vezes, a pressão é tão forte que o novo
convertido acaba cedendo.
5. Alguns lutam com vícios (bebida alcoólica, cigarro, pornografia, jogo, vícios
sexuais). Os vícios podem ser públicos ou ocultos. Muitas vezes, o novo
convertido luta sem sucesso para deixar o vício. Este fracasso traz um grande
sentimento de culpa que piora quando ele vai à igreja ou conversa com alguém
de lá. Isso pode levá-lo a desistir.
6. Existem algumas pessoas que começam bem a vida cristã, mas, após certo tempo,
o inimigo ataca com tentações relacionadas à sua vida antiga e elas não
conseguem resistir. Voltam para o mundo.
Jesus procurou preparar os seus discípulos para enfrentar o fato de que nem todos os
que recebem a Palavra se tornam discípulos que dão fruto. Para ilustrar, Jesus contou a
parábola do semeador (Mt 13:3-23; Mc 4:3-20 e Lc 8:5-15). O semeador semeava a
semente (a Palavra de Deus). Parte da semente caiu à beira do caminho onde o solo era
batido. Estas, os pássaros comeram. Representam os que ouvem a Palavra mas não dá
tempo de penetrar no coração, pois o “maligno” vem e apaga da mente o que foi dito.
Parte da semente caiu em um segundo tipo de solo, o rochoso. Ali ela brota, mas como o
solo é superficial, não cria raiz. Quando sai o sol, a planta não resiste. A planta que
brotou neste solo representa o que ouve a Palavra, recebe-a com alegria, mas, como não
tem raízes, não resiste à angústia e à perseguição.
A semente também caiu em um terceiro tipo de solo – entre os espinhos. A planta que
brotou, logo foi sufocada pelos espinhos. Esta planta representa os que recebem a
Palavra, mas os cuidados do mundo e a fascinação da riqueza sufoca a Palavra.
Por fim, a semente também caiu em terra fértil. As plantas brotaram, cresceram e
frutificaram – se multiplicando. Estas plantas representam os que recebem a Palavra
com um coração bem preparado, crescem espiritualmente e se multiplicam.
Moral da história: nem todas as plantas sobrevivem. Mas nós continuamos a trabalhar
preparando o solo para que algumas sementes caiam em terra fértil, brotem, cresçam e
frutifiquem!
7
DORETO, Marli. Manual de Integração do Novo Convertido. (Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembléias de Deus, 2007), p. 20-28.
vigentes na igreja. A falta desta integração poderá trazer para dentro da igreja doutrinas
alheias aprendidas através de DVDs, programas de rádio e televisão, livros e pregações
assistidas em outras igrejas. Isto pode gerar confusão doutrinária e divisão na igreja.
Para se fazer a integração social é necessário que o novo convertido possa desenvolver
novas amizades entre os irmãos na fé formando uma rede de relacionamentos. Estas
novas amizades tomarão o lugar das antigas amizades que não eram sadias. O apoio, a
camaradagem e o calor humano farão com que o novo convertido tenha uma nova
família e isto solidificará a sua permanência na igreja. A igreja precisa tomar cuidado
com as panelinhas fechadas que tornam difícil a integração dos novos convertidos. A
tarefa de integração social não é só de uma pessoa ou de um ministério, mas de toda a
igreja.
Integração emocional – Além das provações emocionais normais que todos enfrentamos
na vida, o novo convertido irá vivenciar emoções fortes com as quais às vezes não está
preparado para lidar. O novo nascimento em si traz, frequentemente, emoções fortes de
alegria, tristeza pelo pecado, culpa e alívio. Logo após a conversão, sua decisão pode
gerar espanto e até revolta nos familiares e colegas, trazendo um sentimento de
rejeição, solidão e dúvida. Satanás redobrará seus ataques para desanimar o novo
convertido em sua nova vida com Cristo. Com quem irá ele compartilhar estas
necessidades emocionais? Quem irá ajudá-lo a entender o que está acontecendo? Quem
irá orar e caminhar com ele durante os momentos de necessidade espiritual? Quem irá
dar o suporte espiritual e emocional ao que está tentando superar algum vício?
Obviamente, esta é uma obrigação de toda a igreja. Havendo uma integração social, isto
facilitará também a integração emocional do novo convertido no Corpo de Cristo.
cultura muito diferente. O novo convertido se sente constrangido e meio perdido. Não
sabe o que fazer (e não fazer) e nem quando. A integração cultural precisa reconhecer
estes desafios, ter sensibilidade e paciência durante o período de integração cultural,
explicando o porquê destes diferentes costumes.