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Arg, med, ABC, 12(12): 2426, 1980 ANATOMIA CIRURGICA DA REGIAO INGUINAI CORRELACAO ENTRE A NOMINA ANATOMICA E OS EPONTMOS * Surgical Anatomy of the Inguinal Region: Correspondence between the Nomina Anatomica and the Eponyms. As dlvergéncias existentes ucerca dos nomes das estruturas da regido inguinal dificultam bé muito tem- pos sua compreensio, tanto para os. anatomisias quanto pare os cirurgiGes. Para se estabelecer uma correlagio anétomocinir- gica, entre a Nemina Anatomica, amplamente utllizada hos cursos bésicos das Faculdades, e os epdnimos, en- sinados nos cursos profissionalizantes das mesmas, ana- isowse es estruturas anatdmicas desta regido, colocan- dose os eponimos entre parénteses, objetivando se dessa forma diminuir as divides © confusoes existontes, ape: sar dessa ser uma rogigo das mais ostudadas, A regifio inguinal de cada ledo, pode ser compreen- dida pela drea aproximedamente triangular que poseai como limite superior uma linha imagindria que une as uas’espinhas iiacas ntero-superiores, Como Tinito ‘medial, & margem lateral do museulo reto do ‘abdome , como limite inferior, 0 ligamento inguinal. A pele dessa regitio possui as linhas de forca no sentido transversal ou levemente eoneavas om direcko superior. Essas linhas de forea, sio também denom! radas, como no restante do corpo, de linhas de Kraiss) A bipoderme (tecido celular subeutineo), apresen tase dividida om duas camadas @ a mals superficial fem 0 aspect de grumos, sendo ‘chamada camada ‘ieolar. A sua parte mals profunda condensase em fina camada de tecido conjuntivo denso, recebendo 0 nome de fascia areolar (féscla de Camper). Na camada mais profunda da hipoderme, os nédu- los gordurosos assumem um aspecto obliguo’ em lami nas, chamandose essa camada de lamelar. Da mesma forma como na camada areolar, 2 parte profunda da camada lamelar condensa-se agora em um olheto bert ‘mais espesso de tecido conjuntive denso, denominan- dose fuscia lamelar (fésela de Searpa). Esta constitul © folneto mals profundo da hipoderme, sendo especial mente desenvolvide nas criangas de pouca dade, Seguindose da superficie para a profundidade, logo abaixo da hipoderme encontra-se a {iscla muscular, que Tecobre os miisculos @ aponeuroses da parede alddomi- nal, Essa fascia, algumas veves, é chamada de fascia muscular superficial (fascia de’ Gallaudet). Abaixo do plano das fiseias enoontra.se o plano mus- cular e aponeurotico. Ge Anatom. s+ Mluico cnatgo da Ciinea Cindeoa do Komiial Dr. artis Eibeire do Savofa (Seiores do Ciara Gers! e Torslsa, SP Expeanista ‘em. Churgin Gert pelo Colegio. Brasesto de Ce fuigibes. Maro Assocodo, do mismo Celilo =" -ACDC. Peo cor iespamrel pes Diseoline ae Anatomia. Deassiva © Toporrtion Grin do Departamento do Mofologa © Tile Inga de Fustidada. de Medicina Gy Purdasla do 4a SP Nemoro Eteiwo da Socinaule Brasiete de Antonia ~~ SBA, a BUSETT!, José Henrique ** PRATES, José Carlos *** WAFAK, Nader **** ALPABET, Charles **¥°* MENA, Humberto Augusto Papaleo ****** ISOLA, Alexandre Marini *¢*** (© mals superficial dos muisculos 6 o obliquo exter go do abdome (grande obliguo), que na regilo inguinal € formado apenas por sua aponeurose, sem fibras mus: culares, @ aponcurose do mmtsculo obliquo axtemo. Rsta, aponeurose prendese nas estruturas dsseas da regiéo, determinando a formagio de trés ligamentos. © primeiro destes, 6 um espessamento da aponeu rose do obliquo externo que so fixa ne espinha iliaca interosuperior eno. tuberculo pubico, rocevendo 0 nome de ligamento inguinal (arcads de Foupart; areada, de Fallopio). © sogundo Iigamento é o lacunar (ligamento de Gimbernat), que tom © forma de uma Mimina ese prende supériormente na parle inferior ¢ medial do l- gamento inguinal e na pario anterior e superior do arco publeo. Pig. D. © terceiro ligamonto de importaneia eirurgica ¢ 0 ligamento poctinoo (ligamonto de Cooper), que é parte da aponeurose do rmisculo obliquo externa, que se es ‘posse © esta fixe sobre a linha pectinea da pelve (inha de Cooper). (Pig. 1). FIGURA 1 — Corte frontal de psive ne regio inguinal. 1), Ligne ‘mento inginal. 2) Ligermerto Ineonor. 3) Ligemonte pectinao (*°*), 4) "Nerve. femoral. 8] -Artéra femoral. 6) Vein femeral. 7). To- Bérculo pubice. 8) Oso pubis 9) Méscvlo Miopsoas, (Adaptado de Gry b Gott). sm Pe is tae Pai tna ae a er ae sarcastic ae Pua hE adi eats Pal wom EEEERES: on, ds Do, $e Bees one ELeears BUSETTI, JH. cb al. Anatomia Cirdrgica da Regiéo Inguinal: Correlacio entre 2 Nomina Anatomica ¢ os FpOnimos. ‘Arg. Med. ABG, 12(1-2): 2426, 1889. A aponeurose do miisculo oblique externa, deter. mina ainda, na regio inguinal, na sua parte medial € inferior um orificio chamado anel inguinal superficial (@nulo inguinal superticial), que 6 atravessado no sexo masculino pelo funiculo espermatico e no feminino pelo Tigamonto redondo do utero, A aponeurose se espessa em torno desse ane] in- uinal do ado Tateral, chamandose pilar lateral, do lado medial, pllar medial do ane! inguinal superficial, @ entre (os mesmos, formando a curvatura superior desse anel, denominando-se fibras intererurais. A aponeurose do m. obliquo externo, nessa regio, forma ainda a parede anterior do canal inguinal (Pig. 2). FIGURE 2 — 1) Margem inferior do. Muscolo_obliguo. interna. 2) Mergen Tatoral do Mczcolo roto abdominal. 3) Ligaments. In ‘vinal."4) Fascia. transversal, 5)" Anol ingeinal profundo, 4) Anal inguinal superficial. 7) Aponeurose do. MGseulo oblique extern. 8) “Tondio” conjunte. 1-23) Limiter do. trlingulo de Hecsert. 9) Localimgio externa és rego representada na figura 2, (Modi Fieado: de Wolf Hedegger) © canal inguinal 6 uma passagem obliqua e virtual, ‘entre os musculos da regiio inguinal, com trés a einee centimetros de extensio, no adullo, que contém, como ja fol dito, parte do funiculo esperindtica no sexo mas. ‘culine ¢ do ligamento redondo do lero, no feminine, Os miseulos oblique interna (pequeno obifquo), & transverso do abdome formam o anel inguinal profando do canal inguinal. Esse primeiro mdsculo, diferente- mente do obliquo externo que é somente aponeurstica nessa regifo, é formado por fibras musculares @ ni & aponeurdtieo nessa area. Na regido inguinal, como no restante da paredo sbdominsl, os musculos dispdem-se em eamadas, sendo mais superficial nesta rea especificamente a aponeu- Fose do musculo obliquo exierno, abaixo desia encom. tramse’ as fibras musculares do’ musculo oblique in- temo, que formam a maior parte do ane! inguinal pro- fundo, Abaixo deste, observase 0 mllsculo transverso do abdome, que ne parte superior da regiao inguinal formado por fasclculos musculares, awxiliando, esses, também, na formagao do anel inguinal profundo. Na parle média o inferior desta regiao, o misculo trans. ‘Verso é formado por uma {ima aponéurose que se acola A sua fascia, a féscla transversal. Abalxo da fuscia transversal existe 0 tecido adiposo préperitonial (tecida celular extraperitoneal), que € formado por uma ca- mada delgada ¢ fraca de tecido adiposo @ eonjuntive frouxo, o qual se adere ao peritonio parietal da parede anterolateral do abdome, A féscla transversal continuase com a tésela pél- viea parietal, © sofre espessamentos em algumas de suas Darles, na regiio inguinal. Esses espessamentos re- cebem o nome de ligamentos, os quals sao: © Ligamento fio-pubico (handoleta Aio-pibien ou ligamento de Thompson) que é um espessamento da fascin transversal que acompanha internamente 0 lige: mento inguinal, e ‘ambém se prende mais mediaimente na espinha iliaca antero-superior © no tubéreulo pubico. Outro ligamento que resulta do espessamento da fascia transversal € 0 ligamento interfoveolar (igamen- te de Hasselbach), que se localiza desde 2 margem me. dial do anel inguisial protundo até a margem lateral do m, relo abdominal, situando-se sobre os. vasos epigis- lricos inferiores, que cruzum obliquamente @ regléo in- guinal, em direc30 & bainha posterior do miisculo reto abdominal. Nesse trajeto, os vasos epigastricos situam-se Jogo abaixo da fascia transversal e da margem medial e inferior do ancl inguinal profundo. © tereeiro espessamento da féscia transversal, nessa regi, néo tem correlagio na Nomina Anatomica ¢ chame-se ligamento do Henle, Nste ligamento consti fuse om um espessamento da fascia transversal, para. Jolo & margem lateral do misculo rete abdominal e sua Dainha, mediaimente ao anel inguinal profundo, Da maneira como foi doserito, 0 canal inguinal fica formado por quatro paredes que’ sio: @)_Parede anterior cu aponeurose do milsculo obti- quo extemno. b) Parede Jateral ow ligamento inguinal (Poupart; Fallopio). ©) Parede medisl que & formada pelas {bras do misculo obliquo lnterno e transverse © pela mangem lateral do reto do abdome, a) Parede posterior que é formada principalmente pela fascin transversal A téscia tronaversal, por ser pouco resistente, forma uma regio fraca na patede posterior do canal inguinal que 6 chameda de tridngulo de Hasselbach. Este trian gulo tem como Jimite, superior uma linha que une as ‘Gua espinhas iliaeas Antero-cuperiores. O ite lateral 0 igamento inguinal, e 0 limite medial a margem la- eral do m, relo abdomingl, 25 BUSETT!, JH, et al. Anatomia Cirdrgica da Regigo Inguinal: Correlacio entre a Nomina Anatomica ¢ 0s Epénimos. ‘arg. Med. ABG, 12(12): 2426, 1989 Como explieado anteriormente, a parede medial do canal inguinal é formada também por {bras musculares prlucipaimente as do m, obliquo interno, que podem che- Bar até 0 fubérculo pubica inserindo-se juntamente com © mmisealo reto do abdome ¢ com o ligamento inguinal © formando ums estrutura musculo-tondinosa nem sempre ‘encontrads, chamada foice inguinal (tendie conjunto). HG casos onde as fibras do mnisculo obliquo interna, ndo ehegam até o tubéreulo pibico, inserindo-se alto na margem lateral do m. ret abdominal © de sua bain. esse caso, a pared posterior do canal inguinal fica mais enfraguecida ainda, pela ausénela das bras do musculo obliquo interno que se fixaran alto. Fste Lato, faz com que surja outro triangulo fraco na parede pos’ terior do canal inguinal, que € o trifngulo de Hesser'. (© triangulo de Hessert tem como limite superior fa margem inferior dae fibras do museulo obliquo intor- Ro, como limite medial a margem lateral do misculo reto abdominal e sua bainha, e como margem lateral 0 Ugamento inguinal. Bste tridiigulo também go tem cor respondente na Nomina Anatomica. A regitio inguinal ainda comporta dois nervos sen- sitives do importincia especial em anatomia aplicada A cimurgia, que sho Os nervos iliowhipogastrico ¢ o ilio-in: guinal. © nervo ilioinguinal fregilentemente € encontrado dentro do canal, inguinal, tendo trajeto paralelo a0 funiculo espermético ou” ao ligamento xedondo do utero, © norvo fiohipogéstrice situase geralmente mais superior ¢ medialmente, sobre as fibras do musculo dbliquo interno, sendo mais dificiimente visualizedo. Alguinas vezes, podera ter situneso baixa, encontran. dose préxima ‘ad nerve Mlo-inguinsl. Nodereco para correspond Prof. José Honrique Busetti Disciplina de Anatomia Ynouldade de Medicina da Fundagio ABC Av. Prineipe de Gales, s/n° Santo Ancré — SP — 09000 — Brasit AGRADECIMENTOS Os autores agradecom a Marcos Knobel (aluno do tezoeiro ano da Ssoola Paulista de Medicina) que em 1987 suxitiou na fase inicial do levantamento para esie artigo ¢ a Professora Marlene Pereira Buseiti (BiSioga © Pedagoga) pelas sugest0es Wenicas e didaticas ma elaboracho deste. REFERENCIAS BISLIOGRAFICAS 1 ao, 18 cet colo urd. Da Hon rte ten’ ba tn i 0 nat 8. GAINAO, Er Curgia Be act, dean Rio to stinetro, Gua. 4. cause, BS"Gtter, ee OrRAini, R, Anatomia. Tio de CBs Circ ice SAMA gs amt * coat ara sation fm. 2 only en ‘eet ‘eM. Anatomia. Ro do Janey, Guenabers INTERNATIONAL “ANATUWIGAL NOMENOGATURE, COMDITEE, en a Bat SS SE oS Gant eg gti, td 9 ar LIM CHitichis GIN, teria, Busnos ales, tnters ee an oth omit 28 ois, came Manatee Ee oh dct inc tenn Mee ea 11, SNE, He Ansiomis. Rio de Janeiro, Meds, 1984 cap. 4, 9. 10743. : Siuedaaree eat ee ea eT Ee Sees ae 1s, spelianalive, a5. & MARIO RAMOS, O, Manat do, residente ft citar, Ro de sano, Gapabare Roogan, 08 coy. ty 14. Wout ostbpace, 6. at de snalmi mam. Rio do Je

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