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REVISAO A QUALIDADE DO AR DE INTERIORES E A QUIMICA Leila 8. R. Brickus* e Francisco R. de Aquino Neto LADETEC - Instituto de Quimica - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Ilha do Fundio - CT’ - Bloco A - Sala 607 - 21949.900 = Rio de Janeito - RS Recebido em 8/8/97; aceito em 1/4/98 INDOOR AIR QUALITY AND CHEMISTRY. In Brazil, very little experimental work on mea: surements of indoor ir pollutant levels has been done. Nowadays, given to indoor air quality and the health problems associ environment. The scope of this paper is to review the major pollutants found ereasing attention is being -d with buildings and the indoor work door env ‘ments and their sources. Subsequently, exposure to indoor air pollutants and health effects are considered. The review concludes by briefly addressing assessment of indoor air quality in Bras and research needs. Keywords: indoor air quality; sick building syndrome; 1. INTRODUGAO ‘A qualidade do ar de interiores (QA) tormou-se um tema de pesquisa importante na drea de saide pablica nos vltimos 15 anos. Esse interesse ocorreu apds a descoberta de que baixas taxas de troca de ar nestes ambientes ocasionam um aumento considerivel na concentragio de poluentes qufinicos e biolégi- ‘605 no ar!. Como todos passamos boa parte de nossa vida dria, ‘em recintos fechados, ja em cxsa, no trabalho, no transporte, ‘ou mesmo em loeais de lazer, a preocupagio com concentragBes de contaminantes no ar em ambientes interos ¢ justfiedvel A disciplina que estuda a qualidade do ar de interiores,chama- «da “Indoor Air Quality”, € nova, com cerca de 25 anos no mundo © com apenas S anos no Brasil. E uma nova drea de estudo que retine profssionais de diferentes disciplinas, prineipalmente qui- Imicos, microbiologists, engenleios, arquitetos e toxicologistas. [Nessas dltimas décadas, houve um grande aumento de quei- as relacionadas a qualidade de ar em locais fechados nos paises desenvolvidos, principalmente em edificios de mieroeli- ma artificial. Essas queixas geraram estudos que foram condu- Zidos em diferentes paises e periodos, indicando que 0 ar den- tro de casa e outros loeaisfechados pode estar mais poluido do ue 0 ar extemo nas grandes Tronicamente, © movimento mundial de conservagdo de ener- tla, desencadeado na decida de 70, contribuiu de uma forma bastante mareante para as preocupagies atuais referentes 3 qualidade do ar de interiores, Com 0 intwito de obter uma melhor elicigncia nos aparelhos de refrigeragio e aquecimento , com isso, minimizar 0 consumo de energia, os prédios de eseritérios ¢ residenciais (prineipalmente em paises desenvol- ‘vidos localizados em clima frio) a partir daquela década, foram, construfdos visando uma vedagio térmiea mais efielente, sur- indo os chamados prédios selados. Paralelamente, houve um grande aumento na diversidade de produtos para forragio, acabamento e mobiliiio, que contém Substancias quimicas passiveis de serem dispersas no ar de Interiores, disponivel no mercado consumidor. Esses materiais, na maioria dos casos, foram desenvolvidos sem uma preacupa: 210 com suas emissdes. Atualmente, sabe-se que uma das cau- Sas do deterioramento da qualidade do ar de interiores & devida, ( Enderego atal: Fundagde Oswaldo Cive - ENSP - CESTEH - Rua ‘Leopoldo Bulhdes, 1480 2104-210 - Manguinhos- Rio de Janeiro - RE E-mail Ibrickus@ensp fiocrur. be ‘auiMica Nova, 2(1 (1908) ir pollution. 4 essa emissio de substincias quimicas, principalmente com- Postos orginicos voliteis (COVs), presentes na composiglo de ‘materiais de consirugao’, impeza ¢ mobiliriot ‘A combinagio desses dois fatores pode ocasionar, via de regra, uma baixa qualidade do ar de interiores. Em resumo, a existéncia de “prédios doente coincide com as mudangas no meio ambiente intemo, que ocorrem nio.apenas devido ' ine trodugio de novos produtos de materiais de eonstrugzo, eonsi- ‘mo © mobilirio, como também as troeas arquitetOnicas no ambiente interno, com 0 intuito de economizar energta Essesestudos tm sido realizados prineipalmente na Europa € nos Estados Unidos. Contudo, a simples comparagio desses estudos com a realidade brasileira mio € recomendavel. No Bar sil diferengas relacionadas a fatoreselimaticos, sécio-econsmic os, geogrificos e habitacionais so bastante evidentes. Por exemplo, 0s paises desenvolvidos, situados no hemisfério norte, presentam um elima temperado, ao passo que 0 Brasil possui tum clima predominantemente topical © subtropical. Somente esta diferengaclimatica acaretari uma variagao considerivel na dinimica dos poluentes atmostéricos nesses dois sistemas. ‘Atualmente, no Brasil, esti havendo. uma conseientizago da imprensa nfo especializada® sobre a importineia da quali de do ar de interiores em locais ndo indusriis,tais como es- colas, residéneias, edifcios pablicos e comerciais Em meados de 1996, 0 Governo Federal Brasileiro proibiu 0 Fumo em lw ares fechados de uso coltivo, baseado em pesquisas realiza- das por agéacias internacionais. Contudo, essa let & bastante simplsria, j6 que induz a pensar que a fumaga do tabaco & 8 srande e tiiea eulpada da baixa qualidade do at respirado em Tocais fechados. ‘Apesar do interesse despertado, infelizmente ainda nko exis- te nenhuma medida, tanto do governo federal quanto do estae ‘dual, om avaliar 0 at, 0 qual a populayio média brasileira es- tara exposta, Na realidade, a diseussio em toro das leis que regulamentam a qualidade do ar de interiores (QA em nosso pais esconde questdes muito mais abrangentes, dente s 2 formulagio de conclusdes preciptadas, geradas antes mesmo das devidas ponderayses. Em resumo, a QAI envolve a combinagio de varios fatores complexos que estio constantemente softendi alteragdes. Logo, a avaliagio e a remediagao dos problemas relacionados & QAT requerem um entendimento das fontes de emissio, di ventila- 40 do prédio e das salas, e dos processos que afetam 0 trans- Porte e-0 destino dos contaminantes. Juntos, esses processox ddeterminam as concentragGes finais dos contaminantes que, 6 ia ap6s serem detectados e quantificados, possibilitam a 2 io da QAI. ‘As segdes seguintes tratarlo, com maior destague, das ques- ties referentes aos processos de emissdes e destino de poluentes uimicos. Contudo, em ambientes climatizados antificialmente, © conhecimento de engenharia de ar condicionado & sempre ‘muito itil, De uma maneira geral, em um sistema de ar condi- cionado central, viris salas sGo servidas por uma mesma mé 4uina Gian-coi!) e nem sempre, por ocasiio do projet, essas terdo o mesmo tipo de atividade (gerando mesmo tipo de poluentes). Outro fator complicador € 0 reatranjo de ambientes, com divisdrias, sem levar em consideragao os diferentes pon- {os de captagio do retorno de ar para eada fan-coil ‘A Figura I ilustra, de uma maneira simplificada, o mecanis- ‘mo de transporte, em um sistema de ventilagio mecinica, de poluentes presentes no ar. Através Jesse processo, fontes des- conhecidas de emissio, presentes em um determinado local do prédio, podem contaminar toda a area em que atua a unidade Figura 1, Transporte de poluentes nas daltos de ar condicionado. proluentes presenes emt uma salt entram na suida de ar (retarao de 1:20 at de aut sala entra no mesmo Fetorie mistarandorse o dr ddeeeardreus: + 0 ar msturade, apés parca pelo ar condicionade, € Insulado para diferentes sulas, 4 uma divi fea evita a distribu. (0 para sutras miguinas de ar condicionade, 2. DESENVOLVIMENTO NO BRASIL Entre 1965 ¢ 1994, a porcentagem da populaco brasileira vi- vendo em dreas urbanas cresceu de 46% para 75,5%. Na maioria ‘dos casos, a migragio da populagio residente em reas rurais para 4reas urbanas ocasionou um saturamento da maha rodovidria dos, ‘grandes centros urbanes, ocasionando constantes congestionamen- 1s, principalmente nas horas de maior movimento, Esse aumento ‘casionou a deteriorasio da quatidade do ar urbano, refletindo-se ‘na QAI, tendo em vista que 0 ar interno procede do exterior. No inicio de 1993 foi realizado o primeiro levantamento brasileiro sobre poluigdo quimica do ar de interiores, ‘operacionalizade pelo Laboratsrio de Apoio ao Desenvolvimen- to Tecnolégico (LADETEC), do Instituto de Quimica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em cooperagio com 0 Laboratsrio de Aerossdis e Gases Atmosféricos (LAGA), do Instituto de Quimica da Universidade de $30 Paulo, $20 Paulo. Nesse estudo foram avaliados ambientes de escritio, hotéis © restaurantes nas cidades do Rio de Janeiro, Sio Paulo e Campi- 7, & pesquisa detectou niveis de vérios poluentes acima ou ‘réximos aos limites fixados pelas legislagSes internacionais. 'No final de 1995 e durante 0 ano de 1996, Toi realizado 0 segundo levantamento da QAI no Brasil. Foram avaliados escri- {6rios em prédios administrativos na cidade do Rio de Janeiro e no Museu Nacional de Belas Artes, localizado no centro do Rio, Valores de contaminantes até dez vezes maiores do que no ar ‘extemo foram encontrados nesses prédios [razio intema/externa 4e contaminantes (VE)], indicando um acimulo de poluentes no ar intemo, devido primariamente ao fato de o sistema de ar ccondicionado central operar com baixa troca de af", No ‘museu que possui ventilagio natural, a razdo intemavexterna (ME) de contaminantes ficou proxima Je um, mostrando 3 im- portincia de uma ventilagio natural diluidora nn QAl. Esse es- tudo concorda com outros estudos interaacionais que indicam ue a ventilagio deticiente do ar & a principal causa de proble- ‘mas de poluigo em ambientes intemos. ‘Apesar de QAI ser uma drea de pesquisa recente 90 Brasil, ‘em novembro de 1995 foi instituida a Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de Qualidade de Ar de Interiores - “BRASINDOOR? - com 0 objetivo de promover o itercimbio, de diferentes especialidades na questo da QA. Paralelamente 2 contribuigio dos quimicos na questio da QAl, jd existe 0 interesse de outras drvas interligadas a essa questio, B o caso do Sindicato das Indistrias de Relrigeragio,, Aquecimento e Tratamento do Ar do Municipio do Rio de Ja- ‘neiro, que contactou © LADETEC-IQ/UFRJ em 1995, solici- tando consultoria ¢ seminirios com o intuito de conscientizar seus membros, Existe um grupo na Faculdade de Saide Pibli- cca da USP realizando estudos referentes & contaminagio microbioldgica. Na ditima conferéncia internacional referente ‘a0 assunto “INDOOR AIR'96", realizado no Japio, foi obser- vada a publicagio de tabalhos realizados no Bris por grupos ‘com formaglo em engenkaria civil e arquiteturae urbanisimo"® ‘A avaliagio de contaminantes no ar de ambientes residenc ais no estado do Rio de Janeiro faz parte do nosso préximo projeto nesta drea. Até 0 presente momento, apenas dots levan- tamentos de exposiglo ao rad@nio foram efetuados em ambien- tes residenciais no Brasil", Levando-se em conta que um brasileiro tipico gasta no minimo 12 horas do seu tempo dicio no ambiente doméstico (considerando, por exemplo, umm ind viduo que sai de casa para o trabalho 38 6 he chega do traba Tho as 18h), torna-se de considerivel importincia a avaliagio dda qualidade do ar em residéncias urbanas brasileieas tfpieas, ‘com o intuito de um mapeamento dos niveis de contaminantes ‘encontrados em tais ambientes, ‘Atualmente, o Centro de Estudos da Saiide do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH), da Fundagio Oswaldo Cruz, esti desenvolvendo um programa de estudos da Qualidade do, ‘Ar de lnteriores. Um dos principais objetivos desse programa, £ promover o intercdmmbio dessa rea de pesqui tes grupos brasileros, através de estudos int 3. FONTES, TIPOS E INDICADORES DE POLUIGAO, {As proprias pessoas ¢ suas respectivas atividades ecupacionais| so um dos maiores contcibuintes para a poluigao do ar em ambi- ‘entes fechados. Nao apenas pela liberagio de didxido de earbono através da respiragdo, ou de substincias quimieas pela transpragio, mas também pelo transporte de microorganisinos (bactéria, fun 305, virus e dearos), Além disso, 0 hibito de fumar somado 20, desempento de fungées, como pintar,cozinhar ¢limpar, contribu. ‘em para a dindmica de poluigo do ar nesse tipo de ambiente’. ‘A rigor, pode-se dividir os tipos de poluentes em: materiais partculados, aerossbis, vapores e gases. Esses, por sua vez, po- ‘dem ser clasificados em organicos,inorganicos e biol6gicos (Ta bela 1), Fontes tpicas de poluigio do af, nesse tipo de sistema, incluem materia de consitugio, de acabimento ¢ de escritéros. Teens como, carpetes, méveis, roupas e tapetes nio somente libe- am fibras, formaldeido e outras substineias quimicss, como tam- ‘bém fomecem ambiente propicio para a proliferagio de agentes, biologicos,tais como bactéras,tungos e dears (Fig. 2) Simples, processos de limpeza, como varrer, aspirar ¢ espanar a poeira, rormalmente remover as particulas grandes. Entretant, feqUen- temente aumentam, por ressuspensio, a concentragio de particu las pequenas no a ‘uiMica Nova, 22(1) (1999) ‘Tabela 1. Fontes tipieas de poluigSo do ar em ambientes internos. AMBIENTE FONTE POLUENTES FUMO partieulas respiraveis, CO, COVs, Aicotina, MPA, fends, nitosaminas, NOs FOGAO A GAS NOs, CO, hidrocarbonetos 2330308 RESIDENCIA FOGAO A LENHA particulas resprsveis, CO, HPA, NOr MATERIAIS DE CONSTRUGAO E MOBILIARIO formaldetdo, COVs, radénio SUPERFICIES E MATERIAIS UMIDOS agentes bioldgicos ATIVIDADES DE LIMPEZA particulas respiriveis, COV FUMO paiculas resprivels, CO, COVs, nicotina, HPA, fends, nitrosamisas, NO: MATERIAIS DE CONSTRUGAO E MOBILIARIO formaldefdo, COVs, raddnio ESCRITORIO AR CONDICIONADO agentes bioldgicos, ar externo FOTOCOPIADORAS E IMPRESSORAS A LASER COWS, particulas respziveise o26nio ATIVIDADES DE LIMPEZA Darticulas respiriveis, COVS FUMO particulas reapirivels, CO, COVs, ‘TRANSPORTE hieotina, HPA, Tends, aitrosaminas, NO> QUEIMA DE CoMBUSTIVEIS material particulado, CO, HPA, NOs, COVS, aldeides igure, Proves fone de oe de polucntexenvontados aa ‘ent ain tipieo ambiente de exert Indicadores, relacionados & QAI sGo fatores que potencial- mente causam'™ (oy estio associados a outros fatores que causamn) a chamada Sindrome do Euificio Doente (SED; segao IV). Estes indieadores podem ser usados para identiicar fontes de poluigdo, determinar falhas no sistema de ventilagso e de ar condicionado, ¢ cortelacionar sintomas dos ocupantes com a (qualidade do ar. Os indicadores mais comuns da QA s¥o: con- centragOes de contaminantes, velocidades de emissio das fontes, velocidades de ventilagio do ar, odor © percepsa0 sensorial, ra: zo de concentragio internalexterna e densidade ocupacional Dentre os contaminantes usualmente monitorados esta0 0 didxido de carbono (CO:), 0 mondxido de carbono (CO), os compostos orginicos voliteis totais e especiados, os compos {os orginicos semi-voléteis, o radOnio, a matéria particulada, a nicotina, e as concentragBes totale especifiea de microorganis- mos!!” A poluigdo doar de interiores por aerosséis alergeni 0s tem sido cada vez mais reconhecida como causa de sinto- ‘mas respiratSrios:". A quantifieagio de alérgenos espectficos para fearos fungos, em ar de recintos fechados, fomeceria, ‘Quimica nova, 221) (1900) informagGes importantes para entender a problemstica da SED. Infelizmente, a caracterizagio de indicadores confiiveis ainda € problemitica, especialmente para fungos, uma vez que nio somente 0 cultivo € preparagio de extratos, como a prdpria padronizagio, sto bastante varidveis entre os laborat6rios™*** Dentro desse contexto, geralmente slo feitos vie eterminagdes de diferentes classes de contamina necessirio devido 3 presenga de diversas fontes de emissi somadas &s diferengas nos processos de transporte e destino dos contaminates. Por exemplo, concentragies de COVs e COSY podem ter pouea correlagio com concentragdes de fungos. Sin Tarmente, os COVs podem ter pouca correlagio entre a fontes diferentes de emissio; por exemplo, emissio de hidro- carbonetos alifaticos por tinta, formalde{do por resina, ete. Os fatos supra-mencionados demonstram que a determina- {glo pura e simples de um nico contaminante nao serve como indicador global do problema da QAL 3.1. Matéria Particulada Matéria particulada ¢ a forma mais visfvel de poluigSo do ar, © € razoavelmente fécil de se determinar quantitativamente com instrumentagio minima. O termo matéria particulada total (MPT), refere-se 2 matéra total, em fase lguida e/ou sélida no ar, que coletivel. Matéria particulada inakivel (MPI) refere-se somen- te Aquelas particulas que so pequenas o bastante para passar pelas vias aSreas superiores e aleangar © pulmo (Fig. 3). Con: tudo, existe, ainds, muita conteovérsia relacionada ao tamanho de particula que é depostada no aparelho respiatsrio, Enguanto se discute a faixa de tamanho de particuls que consegue atingit as diferentes partes do aparelho respiratério, a medida de maté- ‘ia panticulada inalével, por sua vez, & muito importante, pois parte do que & inalado pode ser irreversivelmence depositade nas vias respiratdrias, Os didmetros das particulas determinam 0 seu destino, isto se elas se depositario em superficies horizontas e verticals, se Fieario suspensas no ar, ou se sero removidas por filtros dear condicionado ou aspiradores & vicuo. E, uma vez inaladas, se sero removidas pelas vias aéteas superiores ou se irio atingir (0s alvéolos e depositr-se irreversivelmente (Fig. 3). A compo: sigdo qufmica da matéria particulada no ar, em ambientes fecha- dos, & allamente varidvel, constituindo-se de esporos de mofo, amianto, fibras sintticas, restos de insetos © comida, pélen, o aerosséis de produtos de consumo (desodorante, fixador de ca- belos) e aléegenos", Portanto, o conhecimento da composigao dda matéria particulada de urn determinado ambiente possibilitas a previsto de efeitos especificos que sejam adversos a sade. fee aan ungus erate | TRAQUEA sroNau0s Pumio 2 sronauio.es } 3 Figura 3. Depusiga se masta particalade wo aparctho respite Js Apareto respirario superior» Parieuas entre -S0ym seis; 2 yparetho respirasiro inferior ~ Paticulas menores que Tym de die “metre eicancam u alscol eae depositadas not pulmbes: 3: Parte las entre 15pm sa depostadas Existem vérios mecanismos pelos quais as particulas do ar em recintos fechados podem ser produzidas, ot tomar-se aére as O atrto entre partes que se movimeniam ou pedagos de iméveis produzirio particulas sdlidas; varer, trar @ poeira, ou limpar uilzando aspiragio vacuo facilita a reentrada de parti- clas sbidas no ar, umiditicadores e vériostipos de “sprays” produzem particulasliuidas™.O ato de fama, ou mesmo cozie nha, produz a condensagio de across, tanto séidos, como liguidos, bem como o simples acionar da descarga de banheiros. ‘Os problemas causados por particuls, além daguelesrelaio- aos sade, inclem deposigdo nas superices®, esultando em no janelassujas,estragos nas méquinas de preciso, depésito de sujera, descoloragio de obras de arte erm museus, ee 3.2. Radénio © radOnio & um gis radioativo produzido pelo decaimento do clemento quimico ridio, Esse gis esti presente nox solos, dguas fredtieas, © em inimegos materiais de eonstruglo, tas como eon crete, pedrase tjolos” Os mecanismos de penetragio em rec. ts fechados variam enormemente. © radénio originério do solo pode entrar em recintos fechados através de fissuras e rachaduras| Tocalizadas no alicerce do prédio, paredes e lajes. Paralelament materiais de construyio de origem natural tais como tijolo de argila, mérmore e arenito, variam amplamente em concentragio de raddnio, e 0 nivel de raddnio em ambientes fechados pode aumentar consideravelmente pela emissio a partir desses materi- ais. A Agéncia de Protegio Ambiental dos Estados Unidos (U. S. EPA) tem estimado que a concentrago de rad6nio em miles de residéncias nos Estados Unidos & maior que 0 nivel recomendado de 4 pCVL, e classifica esse gs como um dos principais poluentes em recintos fechados, pois representa um sério isco 2 satide da, populagio™. Por outto lado, esse limite & discutivel e varia de pafs para pats. No Canad, por exemplo, 9 nivel maximo reco- ‘mendado & de 20 pCV/L. Segundo STONE", um estudo realizado em residéncias eanadenses no encontrou nenhuma eelagio entee niveis de radénio e cincer no pulmo. No Brasil, existem alguns oucos trabalhos realizados sobre o problema do raddnio na at rmosfera © em materiais de construgio!, 3.3. Compostos Orgiinicos So os que apresentam maior variedade. Em sua maioria, os slo considerados inécuos quando em concentragtes baixas. Contudo, existem pessoas que, com o passar do tempo, deser volvem uma sensibilidade a um determinado composto qu co, As principais classes de compostos com potencial mutage- nico so as N-nitrosaminas, rados e/ou aromiticos. A reagio de compostos orgdnicos com NO, gerado pela queima de tabaeo e processos de combust pode acarretar num aeréscimo adicional de eompostos orga 0s nitrados com potencial mutagénico™ 3.3.1. Compostos Orgdinicos Voléteis ‘A evaporago de COVs oriundos de materiais de constr acabamento, decongio © de mobilirio, & uma das principais Fontes de COVs em recintos fechados", Outras fontes importan- {es so os processos de combustio e emissbes metabélicas de Iicrorganismos", Contr anda para ngavaro quar. 8 pprocessos que melhoram o transporte desses compostos para a fase vapor, tis como wmiificadores, uso de produton& Base de aerossol™ e até mesmo os sistemas de ar eondicionado, su postamente purifieadores © condicionadores de ar. que podem ‘ser uma das causas principals de poluig20 no ar interno" ‘Como fontes comuns de COVS em ambientes fechados po- demos citar os materiais de construgio do priprio prédio, o sistema de ar condicionado, os produtos de consumo utilizados para manutengio e cuidados pessonis, méveis e devoragio, © a {ncursio de ar externo, Atividades especiticas como fumar ei _garros_e tirar fotoedpias contribuem com um acréscimo de COVs™, Cada uma dessas fontes citadas faz com que os COVS, fem ambientes fechados sejam altamente viridvels, tomando diffe a detecgio da fonte. Em outras palavras, as fontes de COVs so numerosas, ¢ uma fonte relativamente pequena pode fcasionar um grande impacto na qualidade do ar, devide a baixos fatores de diluigio, ou seu alto grass de toxidez. ‘Alguns COVs sio relacionados a uma ou outra fonte princi- pal, tais como formaldefdo e clorofdrmio. A maior fonte do formaldefdo slo 0s produtos de madeira, com ou sem acaba- ‘mento, com resina de uréia-formaldeido, O clorotérmio & am. plamente introduzido em ambientes fechados devido ao sim- ples alo de tomae banho ow abri a torneira domestica de Sigua”. 3.3.2, Composios Orgdnicos Semi-Voliteis Quando um composto orginico semi-volétil (COSY) é emi ‘ido para o ar, talvez a partigio vapor-particula seja © processa Fisico-quimico mais importante que governa o destino do com: posto. De fato, a extensio na qual a partigao ocorre desempe- ‘nharé um papel fundamental na determinagS0 da importinc rolativa de deposigio dimida, isto &, condensagio de vapores, (ou deposigio seca. Existe, portanto, um interesse considersvel, fem saber & maneira pela qual um determinado composto dist bui-se entre as fases vapor e particulada™™*" s hidrocarbonetos policfelicos aromiticos (HPA), variando fem tamanho desde naftaleno (2 anéis) a coroneno (6 unéis), 18m sido detectados em ambientes fechados. Os mais mencionados so 0 naftaleno e scus derivados metilados, antracenoe fenantreno,, benzofalpireno e benzofeJpireno, dibenzofa,bjantraveno, benzo {ginalperiteno, indenof1,2,3-cd]pireno e corgneno. O interesse em THPAs cresceu em 1978 quando Pits eral. * demostraram que 0s, HPA podem reagir com NO, para format niteoarenos, A partir dessa data grandes esforgos tem sido feitos, pars detectar essa classe de composto no meio ambiente, (Os COSV sio encontrados em emissses veiculares (especi- almente vefculos movidos a diesel), mas também nos eartuehos de fotocopiadoras, queima de madeira e tabaco. Estudos que visam a determinagio da concentragio de HPAS como agentes. cearcinogénicos, freqdentémente determinam concentragbes de benzofa}pireno © fou “HPAs total", A determinagio de benzofalpireno € muito importante, pois este composto exibe QUIMICA Nova, 22(1) (1999) atividade careinogénica alta em testes com animais © & con derado um provaivel agente earcinogénico em seres humanos’ 3.4. Queima do Tabaco {A famaga de tabaco contém milhares de constituintes qut- ricos, ¢ ela pode ser, em casos extremos, a maior fonte de tmatria paticulada respirdvel do ar em recintos fechados. Por tanto, a queima de tabaco produz uma mistura complexa de poluentes, muitos dos quais slo ievitantes respiratérios!™" Saho-se que concentragBes altas de fumaga de tabaco Inco rmodam e intam os individuos, e que existe uma preocupacio com relagio aos efeitos potenciais na saie'™. Portanto, onde existe lla ineidéncis de Tumantes © miaima venilaga0 pode haver actimto da fumaga do tabaco,eausando iritago, pati eaularmente no sistema respratério superior. De todos os consituintes da fumaga do cigar encontados no ar, somente a nicotina,e outros alealides dvivados da nieo- tina, nlgumas nits, ¢ guns derivados da graxa da folha do taco, 820 fornecidos, quase que exclusivamente, pela fumaga dh tabaco. A nicaina (Duma piridina sobsttuida na posgao 3 pela Nemetipirolidina,€ um alaléie da Nicorana tabacum, © principal alealside do tabaeo. Durante o processo de fumar 0 Cigaro,o tabaco queimado emitenicotina para a atmosfera. Em ade recinos fechados, a icotina & considerada 0 consiuinte Principal da fumaga do eigaro. Devido a sua alta afiidade por Supeticis, a nicotina na fase vapor deai mais raidamente gue 6 outros constitutes da fumaga de cigar”, Essa particular dade faz com que a nicotina nio seja considerada um mareador {deal para processos de queima do tabaeo. Contudo, enguanto se pesquisa um melhor mareador, © monitoramento da nicotna em ar de recintos fochados € uma pritca aceitivel Of comma o ‘Com relagao as atividades fsiolégicas, a nicotina € toxica ‘quando inalada, eausando estresse exeessivo nos sistemas ci ulatério © nerveso, © tem sido relacionada a0, aumento da ‘suscetiilidade para 0 desenvolvimento de cincer", O Instituto Nacional para a Seguranga e Sade Ocupacional dos EEUU (NIOSH) estabeleceu um TLV para nicotina em local de traba- Tho de 0.5 mg/m" ‘Em 1996, 0 governo brasileiro proibiu 0 fumo em locas pb «0s, © que no impediv que os ocupantes ainda fumassem em tis locas. Reeentemente Instituto Nacional do Cancer INCa) apre= sentou um relatério indicando que a grande mortalidade devida a0 incer do pulmio esti relaionada ao fumo (11. 950 mores) 3. Oxidantes ‘Tem havido um interesse considerivel em se determinar 3 concentragio de oxidantes no ar de interiores*?. Simulando as, condigbes do ar em ambientes internos, ZHANG et al.® mos= ttaram reagdes de 01 ¢ NO» com COVs insaturados, formando aldeidos icidos orginicos. Sabe-se que 0 oz6nio € um agente oxidante muito poderoso; esse gis reage rapidamente com eer- {as classes de compostos orginicos, especialmente aquelas que. contém tigugio insaturada earbono-carbono, gerando aldsidos ef ou cetonas. Além de reagbes em fase gasosa, o oz6nio par- ticipa também de reages em meio heterogénco (exemplo, 025. nio e borracha), gerando uma série de produtos de oxidagio™ f, conseqientente, causando a deterioraglo de materials de construgio e mobilidrio dos recintos fechados. ‘Quimica Nova, za) (1900) Este mesmo ozénio é gerado usualmente, em pequena quan- tidade, por méquinas fotocopiadoras™ e impressoras a laser. Receniemente, Andersson er al.® mostraram a realo entre estireno e ozdnio em equipamento de ventilagio simulada. A reagio foi realizada num tempo de 23 segundos, tempo esse suficientemente razodvel para 0 ar externo passar através dos dutos de ar de um determinado prédiv, mostrando que 3m ‘ma reagio entre COVs e ozinio & possivel em condighes ambientas reais, ‘E40 oxigenio, por sua vez, pode interagir com substincias reativas ¢ / ou luz, formando especies feativas, tais como.

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