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2° TURMA RECURSAL CIVEL / FAZENDA PUBLICA GRUPO JURISDICIONAL DE POCOS DE CALDAS-MG. Recurso Inominado n.° 0071111-78.2018 Origem: JEFP - Pogos de Caldas Natureza agao sumarissima Recorrente (s}:_ Estado de Minas Gerais e Giselle Machioni Pereira Recortido (a, s}:_ Giselle Machioni Pereira e Estado de Minas Gerais SUMULA DO JULGAMENTO: A TURMA, POR UNANIMIDADE, CONHECEU E NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO POR GISELE MACHIONI PEREIRA E DEU PROVIMENTO AO RECURSO INTERPOSTO PELO ESTADO DE MINAS GERAIS, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR, gut 2018 DATA DO JULGAMENTO: 7,8 / Juiz Relator: Paulo Rubens SalomGo Caputo ao Juiz 1° Vogal: Oo > tn Juiz 2° Vogal: Recurso inominado n.° 0071111-78.2018 VOTO 1) Dispensado o relatério, na forma da Lei dos Juizados Especiais. Os recursos de fis. 182/191 ¢ fis. 212/215, atendem os requisitos objetivos (propriedade, tempestividade e preparo) e subjetivos (legitimag¢ao @ interesse de agir pela sucumbéncia) para os seus conhecimentos. 2) Na@o ha nulidade formal a ser sanada (relativa) ou declarada {absoluta}, mormente em face das normas especificas do art. 13, §1°, da Lei dos Juizados Especiais. Registre-se, apenas, que a alegada auséncia de intimagao da parte Estado de Minas Gerais para manifestagao acerca do {s) suposto {s) novo {s) documento {s) carreado (s) a réplica, conforme aventado no recurso de fls. 212/215, n&o Ihe acarretou prejuizo algum. até porque, em verdade, nao houve qualquer inovagao ou alteragao da causa petendi. além do que nao se tratou propriamente de documento (s) novo (s}- Noutto gio, quanto a alegada nulidade da deciséo por auséncia de fundamentacao, nao pode se esquecer de que. por inspiragao do procedimento sumarissimo estampado no art. 98, |, da Constituigao Federal, 0s julgamentos nos Juizados Especiais sao guiados pela flexibilidade na direcdo procedimental e sentencial em qualquer grau de jurisdi¢ao, junto ao Juiz Natural de cads caso concreto. © art. 6° do Lei dos Juizados Especiais 6 de teor normativo inexpungivel neste contexto: “O juiz adotard em cada caso a deciséo que reputar mais jysta e equénime, atendendo aos fins sociais da lei e as exigéncias do bem comum” NGo esta obrigado o Juiz, tal qual se dé em julgamentos por equidade, a seguir exclusivamente o critétio de legalidade estrita. como norleia © anélogo art. 723 do Cédigo de Processo Civil “O juiz deciaird o pedido no prazo de 10 (dez} alas. Pardgrafo unico. O juiz ndo é obrigado a observar crifério de legalidade estita, podendo adofar em cada caso a SOlUCGO Que Considerar mais conveniente ou oportung.” 2 ts Afinal, como afirmado e reafirmado pelo STJ, “A interpretag¢do Steral da lei cede espago & realizagao do justo. O magistrado deve ser o critico da lei e do fato social.” {REsp n.° 32.639-8/RS e RESp n.° 46.432-3/DF, este tendo como Relator o Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, 6° Turma, j 13.06.1994, DJU de 08.08.1994). Se assim o é para os procedimentos especiais ou para o comum. a fortiorio & para 0 procedimento sumariissimo dos Juizados Especiais. Gratia argumentandi, ainda que se falasse em auséncia de fundamentagao ou coisa do tipo, ndo seria mesmo o caso de decretar a nulidade da decisio primeva, conforme dispde o art. 488 do CPC, “desde que possivel, 0 jviz resolveré 0 mérito sempre que a decisao for favordvel & parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485", aplicavel ao caso como abaixo se verd. 3) E sabido que no Sistema Jurisdicional dos Juizados Especiais {Constituigéo Federal, art. 98, |; LODJMG, arts, 84 @ ss.; Provimento n2 7/2010 da Comegedoria do CNJ) imperam principios préprios, que conduzem sempre a fazer prevalecer o justo para 0 caso concreto, ou, simplesmente, justo concreto, tudo marcado, como & de disposig¢do constitucional, por especialidades préprios do procedimento sumaniissimo (Constituigao Federal, art. 98, I). Nesta ordem de ideias, de se ver que, néo obsiante os decisdes virem referenciadas em disposigdes de leis e, quando 0 caso, regulamentos, existe um diferencial interpretativo mais amplo e refinado, muitas vezes nao compreendido, enfim, um verdadeiro corte hermenéutico (e, portanto, para muito além dos velhas e revelhas regrinhas de interpretacao da ei ...] que tem lugar no momento de aplicagéo do direito. Todavia, estas mesmas preocupagées e cardter diferenciado (que nao se resume as especialidades procedimentais da Lei n° 9.09/95 — antes, as especialidades procedimentais é que visam atender aaueles diferenciais, outra coisa sempre mal compreendida...) da atividade jurisdicional que tem lugar no Juizado Especial permite a ateri¢éo, caso a caso, do substrate fenoménico a incidir a norma {legal ou regulomentar) abstrata de referéncia © justo concreto, assim, consiréi-se no caso particular, sempre tespeitado 0 modelo constitucional do processo e através do procedimento sumarissimo. ———” A norma concrefa, pois, ainda que num sistema de direito positivo como o nosso (de terceira fase. € bem verdade, sob a inspiragao de uma Constituicao aberta; ndo obstante muitos desavisados ainda queiram viver da dogmdtica racionalisia pura ou, pior ainda, da exegese napoleénica...), refere-se @ norma abstrata, mas significativamente desta quase sempre € diferente (alids, se assim nao fosse, de nada serviriam os julgadores, que bem poderiam ser substitidos por mais préticas e baratas maquinas de moeda, para lembrar da expressdio do jusfilosofo americano Roscoe Pound: ou, de outro lado, teriamos um sem numero de frusirados fiéis burocratas da lei, como o inspetor / agente da lei Javert, talvez o mais miseravel de todos Les Misérables de Victor Hugo), Tudo isso apenas para deixar claro que, diante das variaveis concretas de um determinado caso, poder-se-ia chegar & conclusao diversa da nobilissima sentenga recorrida: 4) Tenho que exatamente as particularidades do caso concreto conduzem a solugao diversa, em varios aspectos, em face da causa de pedir e dos documentos apresentados, que sao suficientes para se chegar a improcedéncia da pretensao autoral. Com efeito, no comelato Agravo de Instrumento n.° 0152269- 92.2017, enquanto Relator, proferi o seguinte voto, o qual se transcreve aqui inteiramente: Agravo de Instrumento n° 0152269-92.2017 voto y Dispensado o relatétio, na forma da Lei dos Juizodos Especiais, © Tecurso atende 05 requisites objetivos (propriedade. tempestividade, dispensado 0 preparo) e subjetivos (legitimacao e interesse de agir pela sucumbéEncia) para o seu conhecimento. 2 Com efeito, a decis6o de Ils, 90/93 deteri o efeito suspensivo postulado pela parte agravante, verbis “Isso posto, conheco do recurso, ante sua propriedade e tempestividade, bem como 0 atendimenio aos demais requisitos dos arts. 1.016 e ss. do Cédigo de Processo Ciuil ressaivada contra: prova ulterior), concedendo-Ihe 0 efeito suspensivo, na forma acima’ 2 —-- 3) Mesmo diante dos bem alinhavados termos das contrarrazées de fis. 98/104 e da supervenientemente prolatada sentenga de fis, 108/113, devem preponderar as razées da parte agravante, no sentido da reforma e revogagdo do deciséo liminar antecipatéria proferida, Em que pese a clinica Medwork Servicos Médicos e Psicolégicos Ltda. - EPP ter constado do quadro de “Clinicas Psicolégicas Credenciados pelo PMMG / CRS” cjoviada as fis. 79, o que confirmado no sitio eletrénico https://www.policiamiltar.ma.gov, iteudoportol ECK Jct 0606201 20911535%6.paf, certo é que esta nGo constara na relacdo de cinicas Ctedenciados contida as fis. 30/33 dos outos de origem, € 6 quot teria sido exigida nos termos do editol do concurso prestade pela parte agravoda. Nesse context. e emboro o previsbo de exome psicotécnico, como requisito poro ingtesso no careiro, venha sendo considerada constitucionol (@ legol). no caso dos outos a parte ogravada teria realizado 0 exome em umo dos clinicos ndo credenciados, 0 que redundaria em violagéo do item 6.34 do editol DRH/CRS 10/2015. Em situogdes assemethados, 0 respeito da ouséncia de credenciamento do ciinico Medwork Servicos Médicos e Psicoldgicos Lida. - FPP. 0 Tribunol de Justica de Minas Gerais jé se posicionou: CONCURSO PUBLICO, TESTE PSICOTECNICO. AVALIACAO PREVISTA NO EDITAL E QUE ENCONTRA RESPALDO NA LEGISLACAO VIGENTE. EXAME REALIZADO EM CLINICA NAO CREDENCIADA SEGUNDO O EDITAL. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. +A Lei Camplementar n? 50/98, que olterou 0 Lei n® §.301/89, foi editada em canlammidade com a arligo 37, incisa |. da Canstitvicéo Federal de 1,988. Tol diploma ~ que cantém a Bitatuia a Pessaal da Policia Militor da Estado de Minas Gerais ~ insere 0 exame psicaligica no item 5 do incisa Wl do art. 5° nas termas da parégrata Unica item 6, ’a'. do art. 5° da Lei Camplementar referiaa. - A previsGa do exame psicatécnica, cama requiita para ingresso na Caneira tem previtda legal e, tal coma posta, naa contém nenhuma_ ilegalidade, mostranda-se necesssnoa, mormente para a dificil e hanrasa misséa poli. ~ Na casa, Contuda, a exame fai realizado em cinica nda credenciada nos maldes precanizada pelo edifal, a que Gemanstra a existéncia das requisites elencados no artigo 300 da CPC. (TIMG - Agravo de Instrumento-Cy 1.0026.16.004181- 5/001, Relator{a): Des.{a) Wonder Morotia , 5° CAMARA CiVEL. julgomento em 29/06/0017, publicogoo_ do sumula. em 11/07/2017) CONCURSO PUBLICO. TESTE PSICOTECNICO._AVALIACAO PREVISTA NO EDITAL & QUE ENCONIRA RESPALDO NA LEGISLACAO VIGENTE. EXAME REAUZADO EM CUNICA NAO wo 5 CREDENCIADA SEGUNDO © EDITAL. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. -A Lei Complementar n° 50/88, que aiterou a Lei n° §.301/69, foi editada em canlormidade cam a artigo 37, inciso | da Constitvicéo Federal de 1.988. Tal aipiama -- que cantém a Bilatuta do Pessaal da Policia miftar do Estado de Minas Gerais - insere a exame psicatigico na item § da incisa i da art. 5°, nas fermas da pardgrata Unica, item 6, ’a', da art. 5° da Lei Camplementor referiaa. ~ A previsda da exame psicatécnica, cama requisito para ingressa na careira tem previséa legal, e, tal cama pasta, néa cantém nenhuma itegaiidade e masira-se necesscria, marmente para a dificil e hanrasa missGa paticial. - Na caso. cantuda. o exame fai realizada em clinica naa credencioda nos termas da editol pela que se venticam presentes as requisilas elencadas na artiga 300 da CPC. (TMG = Agravo de Instrumento-Cv_1.0000.17.007189-8/002. Relator(a): Des.(a} Wander Marotta, 5* CAMARA CIVEL. julgamento em 25/05/0017, publicagGo da simula em 08/06/2017) Todavia, se no coso concreto a prépria parte agravante realizou etapa do certame se dirigindo a uma nao credenciada, ¢ Ia obteve 0 resultado de inaptidéo. néo pode, em vista disto, valer-se de sua propria incéria para invocar tal vicio e afastar o resultado indesejada. Antes da questéo formal, do credenciamento ou ndo (caso em que, por ndo © ser. eventuais resultados de apfidéo pudessem ser descartados...). 0 que importa € que em momento algum, mesmo o podendo fazer por oulras vias, a parte agravada demostrou (2 0 poderia até fazer por uma clinica que considerasse credenciada) que fosse realmente apta quanto a legal exigéncia de exame psicotécnico. Enfim, a finalidade lega-administrativa do Edital néo é apontar em si G validade ou nGo de credenciamento, mas sim fazer a indispensdvel exigéncia de aptico psicotécnica, que no caso ndo reslou de qualquer modo atencida, ‘Alids, como referide nas razées de agravo e até mencionado na petigdo inicial do feito de origem, em esséncia ndo fora outra a conclusao da senten¢a que opreciou anterior demanda manejada pela agravada, autos n. 9064067-47.2016.8.13,0024, decretando a improcedéncia de seu pleito, e da qual supervenientemente desistira, 4) Isso posto, conhece-se do recurso de agravo de instrumento & se Ihe dé provimento para o fim de revogar a decisdio liminar antecipatéria recoriida. 5) Sem custas € despesas processuais. a Paulo Rubens Salomde Caputo Juiz Relator Nao vejo motives para me afastar da decisdo proferida no correlato Agravo de Instrumento, a qual me reporto in fotum como razao de decidir no presente recurso. Se @ finalidade legal-cdministrativa do Edital nao 6 apontor em si @ volidade ou néo de credenciamento, mas sim fazer a indispensdvei exigéncia de aptidéo psicolécnice, que no caso n&o estou de qualquer modo atendida, néo haveria como acolher a pretens&o autoral, sendo a improcedéncia de seus pedidos medida que se impée. Ainda, quanto Go recurso de fis. 182/191, sem razGo nenhuma & parte recorrente, pois nGo poderia o Juizo de 1° Grau decidir de modo contrario Go que determinado pela TR a favor do Estado em sede de Agravo de Instrumento. 5) Isso posto, conhece-se dos recursos inominados de fils. 182/191 e 216/220, negando provimento ao de fis. 182/191, interposto por Gisele Machioni Pereira, e dando provimento ao de fis. 216/220, interposto pelo Estado de Minas Gerais, a fim de se julgar improcedente o (s) pedido (s) inicial (is) 4 Fica condenada a parte recorrente Gisele Machioni Pereira no Pagamento (além das custas e despesas processuais remanescentes / finais, se as houver, caso em que seréo contadas na origem antes do arquivamento dos autos) dos honorétios advocaticios, os quais arbitro em 20% (vinte por cento) sobre o valor final total ctualizado da causa (Lei dos Juizados Especiais, art. 55, caput, segunda parte), suspense, todavia, sua exigibilidade para a hipétese do art. 12 da LAJ, jG que amparada pela Gratuidede de Justica, registrando que © Estado de Minas Gerais ndo se desincumbiu satistatoriamente de comprovar © contrério, como Ihe cabia. Vejo-se: yo AGRAVO DE INSTRUMENTO - ACAO ORDINARIA C/C PERDAS E DANOS - IMPUGNACAO A GRATUIDADE JUDICIARIA CONCEDIDA A PARTE AUTORA - ONUS DA PROVA QUE RECAI SOBRE O IMPUGNANTE - AUSENCIA DE ELEMENTOS QUE AUTORIZEM A REVOGACAO DO BENEFICIO - RECURSO NAO PROVIDO. - Uma vez impugnado 0 peaido de assisténcia judiciéria gratuita, caberd ao impugnante a demonstracGo de que a parte efetivamente possua condicées financeiras para arcar com as custas do processo, (IMG - Agravo de Insrumento-Cv 1.0637. 10.008996-9/002, Relator{a}: Des.(a) Juliana Campos Horta , 12° CAMARA CIVEL, julgamento em 16/08/2017, publicagdo da sdmula em 23/08/2017} APELACAO CIVEL - IMPUGNAGAO AO PEDIDO DE JUSTICA GRATUITA - ONUS DA PROVA QUE RECAI SOBRE O IMPUGNANIE - AUSENCIA DE ELEMENTOS QUE AUTORIZEM A REVOGACAO DO BENEFICIO - SENTENCA MANTIDA. - Uma vez proposto incidente de impugna¢éo a gratvidade judiciéria, cabera ao impugnante a demonstragéo de que a parte beneficiéria efetivamente possua condicées financeiras para arcar com as custas do processo. - Considerando que o valor recebido nGo se mostra suficiente para arcar com as custas e demais despesas do processo sem prejuizo préprio e de sua familia, deve ser mantido o beneficio. mdxime considerando a auséncia de elementos que indiquem a existéncia de outra fonte de renda. (TIMG - Apelacdo Civel 1.0184,16.000151-9/001, Relator{a: Des.{a) Juliana Campos Horta _ 12° CAMARA CIVEL, julgamento em 02/08/2017, publicag¢do da sdmuta em 08/08/2017) Eo voto. : A Ww Paulo Rubens Salomao Caputo Juiz Relator

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