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Tribuna Livre Gestaade Pessoas, ADEILDO VILA NOVA. dssistente social, bacharelem Servigo Social eespecialistaem Racismo no futebol brasileiro A historia do futebol no Brasil acu- mula, em mais de um século, regis- tros de histérias que carregam a marca indelével do racismo. Rela- tossobreo racismono futebol brasi- leiro nao sao novidade no Brasil, remontam aos anos de 1900, onde, segundo o historiador José Moraes Neto, o jovem ferrovidrio e jogador negro, Miguel do Carmo, ja atuava no Ponte Preta, em Campinas/SP. Abolacomecout a rolar muito cedo, passando pelas escolas religiosa, ti mesdefibricae clubes declite. Esti mulava a formacao de equipes por toda parte, o piiblico se interessava pelo esporte e abria caminho entre asclasses sociaise os grupos étnicos. Mas isso nao significava 0 acesso democratico dos negros, pois ne- gros brancos jogavam em lados opostos. Oficialmente, a sua repre- sentagio era feita por maioriaabso- Iuta de brancos, considerado como coisa de ticos e bacanas. Nao se-ad- mitia negros nos campos e estes eram raridadesnasarquibancadas Noanode 1947, ojornalista Ma- rio Filho ja abordava essa dor ¢ lentidio no ingresso dos negros no futebol brasileiro, No seu livro“O Negrono Futebol Brasileira”,o jor- nalista incomodou a sociedade época com a abo desse te- ma. Ele classificou a politica de Estado brasileira, em relagio a in- sergio da populagio negra no fute- bol, como cinica e hipecrita, pois precisava mostrar para cle proprio © para o exterior, que viviamos em uma democracia racial e que éra- mos um exemplo de convivéncia wry pacifica e harmoniosa entre ne- grosenaonegros. Apesar dainicia~ tiva inovadora do Vasco da Gama, ainda na segunda divisio, em for- mar um time composto por bran cos e negros e que eonseguiu um feito inédito, o de passar para a primeira divisio do Campeonato Carioca, enfrentando equipes for- madas s6 de brancos, 0 autor lem- bra de uma declaracao de um dos dirigentes do Vasco: “Entre um. pretoe um branco, os doisjogando a mesma coisa, o Vasco fica com 0 branco. O preto é para anecessida- de, paraajudaro Vascoavencer”. Haindmeras referéncias que tra- tam dotema. Livros, tesesdedouto- rado, dissertagdesdemestrado, arti- gos cientificos entre tantas outras produgies académicas, bem como reportagens apresentando esses fa- tos, paraconsulta. Masseconsultar- mosa propria memoria, nao tarda mos em lembrar de casos emble- maticos como os do Grafite, Tinga, Daniel Alves, Anténio Carlos, Ro- berto Carlos, Obina, Neymaremais recentemente,asdeclaragéesdoJe- fferson, goleiro da Selec3o Brasilei- ra,emreportagem do Esporte Espe- tacular, no dia 13 de outubro de 2013. Na maioria dos casos citados, 0s jogadores foram vitimasdexinga- mentos earremessos de objetos em campo que faziam alusio a maca- cos, Vale lembrar que, de acordo com a Lei 7.716/89, 0 racismo no Brasil écrimeinafiangivel eimpres- critivel. Einadmissivel que, no Bra- sil, pais que jé se autodeclarou com maiorianegra, tenhamos que convi- ver com esse tipo de preconceito discriminagao.

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