You are on page 1of 9

Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

Licenciatura em Dietética e Nutrição

2ºano, ano letivo 2021/2022

Dietética Clínica, 2º Semestre

Recomendações – Dislipidemia no Idoso

Discentes:
Docentes:
Alba Sciacca nº 2020683
Zélia Santos (Regente da UC)
Ana Sofia Calheta nº 2020254
Carla Santos
João Casimiro nº 2020052
Mónica Santos
Jorge Paiva nº 2019212

Maio 2022
1. Introdução
As dislipidémias ou dislipoproteinemias são alterações das concentrações das
lipoproteínas sendo estas, macromoléculas trasportadoras do colesterol e triglicerídeos
(TG) em meio aquoso, ou seja, no plasma. Estes desvios podem ser devidos a erros
inatos do metabolismo, e portanto, dislipidémias primárias, ou estarem na dependência
de outros factores ou patologias e serem dislipidémias secundárias.

A dislipidemia intervém no processo de envelhecimento e no desenvolvimento de


doenças cardiovasculares nomeadamente aterosclerose, constitui esta doença um fator
de risco importante a considerar no idoso. As doenças cardiovasculares constituem a
primeira causa de mortalidade na população adulta e dita prevalência incrementa com
a idade, o que justifica adotar medidas preventivas precoces e efetivas nesta
população.1

Os fatores de riscos para a dislipidemia. que predispõem os pacientes de idade


avançada são os mesmos para a população mais jovem.2

2. Fatores de risco
Existem diversos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, sendo que os podemos dividir em dois grupos distintos, os
comportamentais e os de risco clínico.

Os fatores de risco comportamentais são o tabagismo, consumo excessivo de


etanol, sedentarismo e maus hábitos alimentares. Por outro lado, temos os fatores de
risco clínicos, como a hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo II, pré-obesidade e
obesidade, dislipidemia e síndrome metabólica.

Há fatores de risco que não são possíveis de modificar tais como: a idade,
género e hereditariedade, mas uma grande maioria são modificáveis e possíveis de
prevenir e esses são designados por fatores de risco modificáveis.

São prevenidas pela adoção de estratégias de controlo dos fatores de risco


comportamentais, como o deixar de fumar, pratica de atividade física, reduzir o consumo
de álcool e adoção de uma dieta equilibrada e adequada as necessidades do individuo.3

2
Categorias de risco cardiovascular
Indivíduo com qualquer uma das seguintes situações
• Doença cardiovascular aterosclerótica
• Angina estável
• Revascularização do miocárdio
• Acidente vascular cerebral
• Acidente isquémico cerebral
• Doenças arterial periférica
Risco muito
• Principais artérias pericárdicas com estenose > 50%
elevado
• Doença renal crónica (eGFR <30 mL/min/1,73 m2)
• Diabete mellitus 1 (duração > 20 anos)
• Histórico familiar com doença cardiovascular
aterosclerótica ou outra doença de risco major
• Score >= 10% para risco de morte de doença
cardiovascular em 10 anos

• Colesterol total > 310 mg/dL, LDL-C > 190 mg/dL ou


pressão arterial >= 180/110 mmHg
• Histórico familiar com doença cardiovascular
aterosclerótica
• Pacientes com DM sem lesão de órgão-alvo, com DM
Risco elevado duração >= 10 anos ou outro fator de risco
• Doença renal crónica moderada (eGFR 30-59
mL/min/1,73 m2)
• Score >= 5% e < 10% para risco de morte por doença
cardiovascular em 10 anos
• Pacientes jovens (DM1 <35 anos; DM2 <50 anos) com
duração de <10 anos, sem outros fatores de risco.
Risco moderado • Score >= 1% e <5% para risco de morte por doença
cardiovascular em 10 anos
• Score < 1% para risco de morte por doença
Risco baixo cardiovascular em 10 anos

3
3. Sinais e Sintomas
A proporção da população idosa na sociedade tem vindo a aumentar e, como
consequência, > 80% desta população morre com doenças cardiovasculares.4 Nesse
sentido a monitorização de parâmetros bioquímicos de forma periódica é primordial para
a identificação de riscos. Sendo a LDL-C (lipoproteína de baixa densidade), em conjunto
com o HDL-C (lipoproteína de elevada densidade), Tg (triglicéridos) e TC (colesterol
total) preditores importantes no diagnóstico da dislipidemia.5

Em pacientes com maiores riscos de doença cardiovascular, ou seja, com


excesso de peso (IMC > 25 kg/m2), perímetro da cintura elevado (homem > 94 cm e
mulher > 80 cm), bem como excesso de massa gorda (homem > 25% e mulher > 30%),
os valores ideais de LDL-C variam tendo em conta o grau do risco associado (risco baixo
< 116 mg/dL, risco moderado < 100 mg/dL, risco elevado < 70 mg/dL e risco muito
elevado < 55 mg/dL).

A dislipidemia por si só não tem a capacidade de causar sintomas, no entanto


pode provocar doenças cardiovasculares, como por exemplo o AVC (acidente vascular
cerebral) e EAM (enfarte agudo do miocárdio). Alguns dos sinais de concentrações
elevadas de LDL-C podem causar arco senil (formação de anel opaco esbranquiçado
na parte periférica da córnea do olho), xantoma (pequenas lesões que formam relevo
na pele, formadas por gordura e podem aparecer em qualquer parte do corpo),
xantelasma (placas amarelas ricas em lípidos nas pálpebras mediais, estas também
podem estar associadas a cirrose biliar primária).

4. Recomendações
Magnitude do efeito6 (+++) = >10% (++) = 5-10% (+) = <5%

• Redução da ingestão de Álcool: (+++) na redução dos Triglicéridos 7,8


• Introdução de actividade fisica diaria: (+++) no aumento dos nivies de HDL; (++)
na redução dos Triglicéridos; (+) na diminuição de Colestrol Total e LDL9,10
• Redução do excesso de peso: (++) no aumento dos nivies de HDL; (+) na
redução dos Triglicéridos; (++) na diminuição de Colestrol Total e LDL 11,12
• Retirar gorduras Trans da dieta: (++) no aumento dos nivies de HDL; (++) na
diminuição de Colestrol Total e LDL 13,14
• Introdução da Dieta Mediterrânea: com a introdução desta podemos intervir nas
seguintes recomendações.
o Redução de gorduras Saturadas: (++) na diminuição de Colestrol Total e
LDL 13,15

4
o Aumento do consumo de Fibra na dieta: (++) na diminuição de Colestrol
Total e LDL 16,17
o Redução de Mono- e Dissacarídeos: (++) na redução dos Triglicérido

5. Referências Bibliográficas

1. MORETTI T et al. Estado nutricional e dislipidemias em idosos. Arq Catarinenses Med


[Internet]. 2009;38(3):12–6. Available from: http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/747.pdf

2. Reduction C, Seniors I. Dislipidemia en poblaciones específicas. Av Cardiol. 2014;34(Supl


2):109–16.

3. Kopin L, Lowenstein C. Dyslipidemia. Ann Intern Med. 2017 Dec 5;167(11):ITC81-ITC96. doi:
10.7326/AITC201712050. PMID: 29204622.

4. Rosengren A. Better treatment and improved prognosis in elderly patients with AMI: but do
registers tell the whole truth? Eur Heart J 2012;33:562_563.

5. Emerging Risk Factors Collaboration, Di Angelantonio E, Gao P, Pennells L, Kaptoge S,


Caslake M, Thompson A, Butterworth AS, Sarwar N, Wormser D, Saleheen D, Ballantyne CM,
Psaty BM, Sundstrom J, Ridker PM, Nagel D, Gillum RF, Ford I, Ducimetiere P, Kiechl S, Koenig
W, Dullaart RP, Assmann G, D’Agostino RB Sr, Dagenais GR, Cooper JA, Kromhout D, Onat A,
Tipping RW, Gomez-de-la-Camara A, Rosengren A, Sutherland SE, Gallacher J, Fowkes FG,
Casiglia E, Hofman A, Salomaa V, Barrett-Connor E, Clarke R, Brunner E, Jukema JW, Simons
LA, Sandhu M, Wareham NJ, Khaw KT, Kauhanen J, Salonen JT, Howard WJ, Nordestgaard BG,
Wood AM, Thompson SG, Boekholdt SM, Sattar N, Packard C, Gudnason V, Danesh J. Lipid-
related markers and cardiovascular disease prediction. JAMA 2012;307:24992506.

6. Mach F, Baigent C, Catapano AL, Koskinas KC, Casula M, Badimon L, Chapman MJ, De
Backer GG, Delgado V, Ference BA, Graham IM, Halliday A, Landmesser U, Mihaylova B,
Pedersen TR, Riccardi G, Richter DJ, Sabatine MS, Taskinen MR, Tokgozoglu L, Wiklund O;
ESC Scientific Document Group. 2019 ESC/EAS Guidelines for the management of
dyslipidaemias: lipid modification to reduce cardiovascular risk. Eur Heart J. 2020 Jan
1;41(1):111-188. doi: 10.1093/eurheartj/ehz455. Erratum in: Eur Heart J. 2020 Nov
21;41(44):4255. PMID: 31504418.

7. Droste DW, Iliescu C, Vaillant M, Gantenbein M, De Bremaeker N, Lieunard C, Velez T, Meyer


M, Guth T, Kuemmerle A, Gilson G, Chioti A. A daily glass of red wine associated with lifestyle
changes independently improves blood lipids in patients with carotid arteriosclerosis: results from
a randomized controlled trial. Nutr J 2013;12:147.

5
8. Rimm EB, Williams P, Fosher K, Criqui M, Stampfer MJ. Moderate alcohol intake and lower
risk of coronary heart disease: meta-analysis of effects on lipids and haemostatic factors. BMJ
1999;319:1523-1528.

9. Shaw K, Gennat H, O’Rourke P, Del Mar C. Exercise for overweight or obesity. Cochrane
Database Syst Rev 2006;4:CD003817.

10. Kelley GA, Kelley KS. Impact of progressive resistance training on lipids and lipoproteins in
adults: a meta-analysis of randomized controlled trials. Prev Med 2009;48:9-19.

11. Nordmann AJ, Nordmann A, Briel M, Keller U, Yancy WS Jr, Brehm BJ, Bucher HC. Effects
of low-carbohydrate vs low-fat diets on weight loss and cardiovascular risk factors: a meta-
analysis of randomized controlled trials. Arch Intern Med 2006;166:285-293.

12. Zomer E, Gurusamy K, Leach R, Trimmer C, Lobstein T, Morris S, James WP, Finer N.
Interventions that cause weight loss and the impact on cardiovascular risk factors: a systematic
review and meta-analysis. Obes Rev 2016;17:1001-1011.

13. Mozaffarian D, Micha R, Wallace S. Effects on coronary heart disease of increasing


polyunsaturated fat in place of saturated fat: a systematic review and metaanalysis of randomized
controlled trials. PLoS Med 2010;7:e1000252.

14. Mozaffarian D, Aro A, Willett WC. Health effects of trans-fatty acids: experimental and
observational evidence. Eur J Clin Nutr 2009;63:S5-S21.

15. Clifton PM, Keogh JB. A systematic review of the effect of dietary saturated and
polyunsaturated fat on heart disease. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2017;27:1060-1080.

16. Brown L, Rosner B, Willett WW, Sacks FM. Cholesterol-lowering effects of dietary fiber: a
meta-analysis. Am J Clin Nutr 1999;69:30-42.
17. Hollaender PL, Ross AB, Kristensen M. Whole-grain and blood lipid changes in apparently
healthy adults: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled studies. Am J
Clin Nutr 2015;102:556-572.

6
DISLIPIDEMIA
DISLIPIDEMIA
POPULAÇÃO IDOSA
POPULAÇÃO IDOSA

O QUE É A DISLIPIDEMIA?
Doença em que o metabolismo dos lípidos, presentes no sangue tais como colesterol ou triglicéridos, se
encontra alterado na estrutura ou nos níveis das lipoproteínas. Os lípidos são um componente importante
que contribui para o normal funcionamento celular e são fonte energética.

A presença de uma dislipidemia afeta a qualidade global de saúde, a doença pode evoluir para um enfarte
do miocárdio ou para um acidente vascular cerebral.

FATORES DE RISCO

Excesso de Hábitos alimentares


inadequados Obesidade
álcool

Tabagismo Sedentarismo

SINAIS E SINTOMAS

Halitose Dor no peito Dor de cabeça Hipertensão

Sinais Clínicos

Arco corneano Xantomas Xantelasma


tendinosos
Acúmulo do colesterol na característico do acúmulo
córnea resultando em Acúmulo do colesterol nos de colesterol na região
uma espécie de círculo tendões, dependendo do das pálpebras.
esbranquiçado grau, é possível notá-los a Assemelha-se como
contornando o olho olho nú saliências na pele

Alba Sciacca (2020683); Ana Sofia Calheta (2020254); João Casimiro (2020052); Jorge Paiva (2019212)
Introdução de
Introdução de atividade
atividade Evitar o
Evitar o consumo
consumo de
de Redução do
Redução do excesso
excesso de
de
física diária
física diária álcool
álcool peso
peso

ALIMENTAÇÃO
ALIMENTAÇÃO EE ESTILO
ESTILO
DE
DE VIDA
VIDA NA
NA DISLIPIDEMIA
DISLIPIDEMIA
ALGUNS
ALGUNS CONSELHOS...
CONSELHOS...

Retirar
Retirar gorduras
gorduras Redução
Redução de
de Redução
Aumento
Aumento do
do Redução açúcares
açúcares de
de
Trans
Trans da
da dieta
dieta gorduras
gorduras absorção
consumo
consumo de
de absorção rápida
rápida
saturadas
saturadas
fibra
fibra

A dieta mediterrânica, muito pressente na população portuguesa, quando seguida


de forma consistente e com equilibrio, está associada a uma melhor saúde
cardiovascular podendo também reverter possíveis complicações de doenças
cardiovascular bem como síndromes metabólicas.

As propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que esta dieta apresenta,


incluindo o azeite, peixe fresco, cereais, vegetais, fruta e frutos oleaginosos estão
intimamente ligadas aos benefícios supramencionados e contribuem ainda para uma
maior longevidade.

Bibliografía:
Pitsavos, C.; Panagiotakos, D.B.; Tzima, N.; Chrysohoou, C.; Economou, M.; Zampelas, A.; Stefanadis, C. Adherence to the Mediterranean diet is associated with total antioxidant capacity in healthy adults: The ATTICA study. Am. J. Clin. Nutr. 2005, 82, 694–699.
Mozaffarian D, Micha R, Wallace S. Effects on coronary heart disease of increasing polyunsaturated fat in place of saturated fat: a systematic review and metaanalysis of randomized controlled trials. PLoS Med 2010;7:e1000252.
Clifton PM, Keogh JB. A systematic review of the effect of dietary saturated and polyunsaturated fat on heart disease. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2017;27:1060-1080.
Rimm EB, Williams P, Fosher K, Criqui M, Stampfer MJ. Moderate alcohol intake and lower risk of coronary heart disease: meta-analysis of effects on lipids and haemostatic factors. BMJ 1999;319:1523-1528.
Droste DW, Iliescu C, Vaillant M, Gantenbein M, De Bremaeker N, Lieunard C, Velez T, Meyer M, Guth T, Kuemmerle A, Gilson G, Chioti A. A daily glass of red wine associated with lifestyle changes independently improves blood lipids in patients with carotid arteriosclerosis: results from a randomized controlled trial. Nutr J 2013;12:147.
Brown L, Rosner B, Willett WW, Sacks FM. Cholesterol-lowering effects of dietary fiber: a meta-analysis. Am J Clin Nutr 1999;69:30-42.

You might also like