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Laboratório de

Citologia Oncótica
Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Juliana de Andrade Cintra Malanotte

Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Niara da Silva Medeiros

Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Introdução ao Estudo
de Citologia Oncótica

• Fundamentos da Citologia Oncótica;


• Fontes de Material Biológico;
• Exame Citológico;
• Tipos de Fixadores Usados na Rotina;
• Coloração em Citologia Oncótica;
• O Que é Hibridização?
• Imunocitoquímica = Imunoistoquímica = Imuno-Histoquímica;
• Alterações Citopatológicas;
• Neoplasias;
• Critérios de Malignidade.


OBJETIVOS

DE APRENDIZADO
• Identificar as alterações das células provenientes de raspado, esfoliação, tecidos, aspirados
de líquidos orgânicos, excreções e secreções;
• Conhecer as alterações citopatológicas e conhecer os critérios de pré-malignidade e malignidade;
• Compreender as técnicas de coleta, transporte, conservação, fixação e coloração;
• Entender as técnicas especiais de diagnóstico citológico.
UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica

Fundamentos da Citologia Oncótica


A citologia oncótica é a ciência que estuda as células esfoliadas, naturais ou artifi-
cialmente, configura-se como um dos métodos diagnósticos de maior importância na
prática médica atual.
Esse estudo pode ser utilizado como método para avaliarmos a normalidade ou o
estado patológico de um órgão ou tecido.
Dr. George Nicholas Papanicolaou (Figura 1) e outros colaboradores, em 1943, publi-
caram, nos Estados Unidos, um trabalho científico onde observaram a presença de células
cancerosas ou malignas em esfregaços obtidos de amostras do colo uterino com tumores
malignos, sendo que algumas dessas pacientes não apresentavam qualquer suspeita clínica­.
Desta forma, o exame foi consagrado como um instrumento adequado na detecção e
­prevenção do câncer.

Figura 1 – George Nicholas Papanicolaou flagrado fazendo


pesquisas no seu laboratório em Nova York
Fonte: wamu.org

Conheça mais sobre a vida e as descobertas do Dr. George Nicholas Papanicolaou.


Disponível em: https://bit.ly/3agHFK2

O nome Papanicolau passou então a ser utilizado para descrever esse exame, e atual-
mente conhecemos como exame citopatológico.
A detecção de condições pré-cancerosas, inflamações e o câncer invasivo deve ser
efetuada por profissionais médicos e paramédicos experientes e com instrumentos
adequados (espéculos, espátula de Ayre, escova cervical e fixador).
O exame citopatológico pode ser realizado em qualquer tipo de material biológico
que contenha células epiteliais e leucócitos descamados de forma natural (derrames) ou
artificial (esfoliação, lavado, escovado e punção) de um tecido e com a sua morfologia
conservada (fixada).
O exame de citologia hormonal ou urocitograma (citologia hormonal em amostra de
urina) pode ser realizado em materiais biológicos que contenham células epiteliais de
tecidos que sejam comprovadamente hormônios-dependentes.

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Fontes de Material Biológico
As fontes de material biológico para o exame citopatológico são: raspados oculares,
brônquicos, imprints de peças cirúrgicas ou lesões epiteliais, secreções provenientes dos
brônquios (escarro), fístulas, abscessos, líquidos pleural, ascítico, pericárdio, liquórico,
urinário, sinovial, aspirados brônquicos e traqueal, lavados brônquicos de escova de
endoscopia, broncoalveolar e vesical. Além disso, a Punção Aspirativa com Agulha Fina
(P.A.A.F) de mama, pulmão, tireoide, linfonodo, tecido subcutâneo, cistos e outros locais
é considerada um dos principais métodos de coleta de amostra citológica.

Importante!
É importante ressaltar que o biomédico pode realizar toda e qualquer coleta de amos-
tras biológicas para realização dos mais diferentes exames. Exceto a coleta de biopsias,
coleta de líquido, cefalorraquidiano (líquor) e punção para obtenção de líquidos cavitá-
rios em qualquer situação.

Os espécimes mencionados podem chegar ao laboratório sob a forma de esfregaços


preparados pelo clínico ou cirurgião, provenientes de raspados de mucosas (colpocito-
logia, escovado brônquico, raspado ocular), imprints de lesões cutâneas (bolhas) ou de
peças cirúrgicas, P.A.A.F obtida dos mais variados órgãos superficiais e profundos. São
recebidos prefixados em álcool a 96% para a coloração de Papanicolau – Giemsa ou
hematológico de rotina (Figura 2). Temos também material pastoso proveniente do apa-
relho respiratório o qual é frequentemente obtido por eliminação espontânea (escarro)
ou induzido por procedimento irritativo (aerossol) e procedente de secreções de absces-
sos de localização variada ou de coleções purulentas encontradas em órgãos diversos
ou mesmo em cavidades. Inclui-se nesse grupo material obtido de punções aspirativas
de massas necróticas, o qual é geralmente encaminhado a fresco para o laboratório.

Figura 2 – Amostras de biopsias fixadas e coradas em


lâminas de microscopia para realização da análise
Fonte: Getty Images

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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica

O material líquido constitui a maioria do material de origem não ginecológica recebido


pelo setor de citopatologia. Pode ser referente à eliminação espontânea (urina) ou obtido
por cateter (urina uretral), por aspiração percutânea de cistos ou cavidades corpóreas
(pleural, peritoneal, bolsa escrotal etc.), por lavagem de segmentos ocos (lavado vesical,
lavado broncoalveolar), por lavagem de agulha e seringa de punção aspirativa e, ainda,
por lavagem de escova de endoscopia.

O material de origem no aparelho respiratório são mais frequentemente enviados


para o laboratório, porém existem algumas diferenças entre eles. O lavado é obtido
através­de cateter com instilação de pequeno volume de solução salina. O produto da
coleta é geralmente fluido viscoso, esbranquiçado, hipocelular e com pouco muco.

O broncoaspirado é obtido através da utilização de broncoscopia (por aparelho rígido


ou flexível) por introdução de pequena quantidade de solução salina fisiológica através
do aparelho que é posteriormente aspirada. Recebemos material mais viscoso que o do
lavado à presença de muco.

Alguma confusão existe na definição desse material (broncoaspirado), que é errone-


amente chamado de lavado brônquico por alguns pneumologistas.

Já o lavado broncoalveolar é obtido por meio de broncofibroscópio, que é intro-


duzido até a área de bronquíolo terminal. Nesse ponto, é aplicado um volume de
mais ou menos 100 ml de soro fisiológico (NaCI a 0,85%), que é então aspirado após
alcançar os espaços alveolares. Trata-se de material fluido, hipocelular e com relativa
quantidade de muco.

Saiba mais sobre o exame citopatológico de amostras do trato respiratório, como é o perfil
de células encontradas e como é realizado o diagnóstico. Acesse o livro de Gamboni e Miziara,
Manual de Citopatologia Diagnóstico, Capítulo 9.1 (Citopatologia respiratória), página 349.
Disponível em: https://bit.ly/2Q5NbID

O procedimento de laboratório nesse grupo de materiais vai depender da quantidade


do material recebido, quando for espesso ou mucoide, proceder de maneira semelhante
ao que se utiliza para escarro.

Quando tratar-se de material fluido ou espesso, proceder como descrito para material
líquido. Todos eles são normalmente recebidos a fresco ou prefixados em igual volume
de álcool etílico a 50% em solução salina.

Veja no Capítulo 2 do Livro GAMBONI; MIZIARA. Manual de Citopatologia Diagnóstico,


técnicas de coleta de materiais e seu processamento no laboratório de Citopatologia, na
página 13. Disponível em: https://bit.ly/2Q5NbID

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Exame Citológico
O exame citológico pode ser realizado nas amostras de fluidos rapidamente a baixo
custo. Ele é mais recompensado na avaliação de amostras de alta ou moderada celula-
ridade, como os transudatos modificados e exsudatos. Esse exame inclui a contagem
total de células nucleadas, onde utiliza-se a técnica do hemocitômetro, como para a
contagem de células sanguíneas, a qual é realizada na câmara de Neubauer (Figura 3).
Os transudatos apresentam baixa celularidade, enquanto os exsudatos são ricos em
células. Também é realizada a contagem diferencial ou específica, a qual é feita em
esfregaços do líquido tal como foi colhido, ou do sedimento dele após centrifugado.
O esfregaço deve ser preparado o mais rápido possível, após a colheita do material,
no sentido de minimizar degenerações celulares.

Figura 3 – Câmara de Neubauer


Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons

Após confeccionado, o esfregaço deve ser corado utilizando as técnicas rotineiras


para a hematologia ou o método de Papanicolau. Uma avaliação microscópica é feita no
esfregaço corado, onde no mínimo 100 células são contadas e identificadas.

As células normalmente detectadas são neutrófilos presentes principalmente nas


efusões associadas à inflamação. Muito comum encontrar as células mononucleares, tais
como macrófagos e plasmócitos. Já em amostras provenientes de punção aspirativa com
agulha fina, a pesquisa é direcionada para as células neoplásicas e agentes infeciosos.

Tipos de Fixadores Usados na Rotina


Vários fixadores têm sido usado em esfregaços cérvico-vaginais; dentre as soluções
alcoólicas, destacam-se dois tipos básicos: solução de partes iguais (1:1) álcool (etanol)
95% e éter-etílico, e álcool-etílico 95%, apenas. Ambos os fixadores apresentam eficientes
e semelhantes resultados, tendo sido o primeiro preconizado por Papanicolaou.

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Você Sabia?
Você sabe por que se utilizam fixadores? A utilização de fixadores têm a função de
insolu­bilizar as proteínas do tecido, prevenir autólise (destruição celular), facilitar o corte
dos tecidos, permitir a penetração dos corantes, estabilizar os componentes estruturais
e proteger o histologista por meio das propriedades antissépticas das substâncias.

Há, ainda, fixadores que, além de fixarem as células, protegem os esfregaços através­
de uma camada protetora que se forma quando elas secam: é o caso da solução alcoólica­
de polietileno glicol (Carbovax), que pode ser gotejada sobre o esfregaço, ou aplicada
pelo uso de álcool.

Para esfregaços cérvico-vaginais não é recomendada fixação pela ação do meio


ambiente.

Qualquer que seja o fixador eleito para a rotina laboratorial, é importante, no caso de
materiais cérvico-vaginais, a ação fixadora imediatamente após a confecção do esfregaço.

Tanto o álcool-éter (1:1) quanto o álcool 95% apresentam a desvantagem de serem


inflamáveis, de necessitarem de um maior volume para serem acomodados junto a um
recipiente que comporte tanto as lâminas quanto a quantidade suficiente de fixador para
cobri-las em toda sua extensão, e de exigirem embalagens herméticas para transportes,
uma vez que poderão entornar.

Por outro lado, são fixadores muito rápidos (até um mínimo de 15 minutos) cujos
resultados são excelentes, sobretudo o álcool-éter.

Já o Carbovax apresenta como grande vantagem a formação de uma película prote-


tora que viabiliza o transporte de grandes quantidades de lâminas a quaisquer distâncias,
sem nenhuma preocupação de conservação. Além disso, bastam poucas gotas para que
toda a extensão do esfregaço esteja fixada.

O Carbovax atua não só como fixador, mas também como um protetor do material
celular, através de uma camada de substância serosa que se forma após a secagem dele.
Dependendo da quantidade de gotas adicionadas sobre o esfregaço, a camada que forma
será tão espessa que dificultará em menor ou maior grau a etapa seguinte: a coloração.

É fundamental seguir um padrão técnico para o uso desse fixador, que, a despeito de
suas qualidades, pode vir a comprometer radicalmente o sucesso da avaliação microscópica.

CUIDADO! Infelizmente, não é incomum receber nos laboratórios lâminas de esfre-


gaços cérvico-vaginais excessivamente expostos ao Carbovax.

É fundamental esclarecer que uma gota por campo é suficiente para uma boa fixação­.
Assim, para cobrir todo um esfregaço padrão, não são necessários mais que 3 a 4 gotas.
O técnico notará que, ao pingar o Carbovax, as gotas escorrerão por distância bastante
grande com a ajuda de suaves movimentos ondulatórios.

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Há uma série de exigências em relação ao que se espera de um bom fixador; algumas
delas são imprescindíveis: rapidez de penetração celular, a fim de evitar atividade de
enzimas autolíticas e a sequência do processo degenerativo; desta forma, a integridade e
morfologia celulares são mantidas, possibilitando o reconhecimento estrutural.

Um bom fixador não pode interferir na adesividade das células na lâmina, tampouco
oferecer obstáculos à entrada dos corantes através da membrana citoplasmática

Os fixadores utilizados no laboratório de citologia oncótica funcionam como substitutos dos


fixadores líquidos. O mais conhecido é o polietilenoglicol (Carbowax 1540 ou 4000), que é
industrializado sob a forma de produto de consistência de cera e deve ser dissolvido por
calor e misturado ao álcool etílico, utilizado sob forma de “spray” ou gotas. Aerossol, precisa
ser aplicado à distância de 20 cm do esfregaço para evitar-se produção de artefatos e dege-
neração celular. No link a seguir, você encontrará um capítulo sobre técnicas histológicas
(Fiocruz). Disponível em: https://bit.ly/32mfkhc

Coloração em Citologia Oncótica


Um dos problemas para a observação da célula é o pequeno contraste óptico apresen-
tado pelas suas estruturas internas. As diferentes partes das células deixam passar mais
ou menos a mesma quantidade de luz. Assim, não se nota contraste entre as imagens,
por isso não conseguimos distinguir diferentes estruturas dentro da célula.

Já os antigos citologistas descobriram que certas partes das células tendiam a absorver
certos corantes e outras não. Essa capacidade de absorção dos corantes permite o tingi-
mento de partes específicas das células que ficam, então, contrastadas em relação às
demais. Esses corantes podem ser, de forma bem ampla, divididos em corantes básicos
(têm afinidade, portanto coram estruturas ácidas) e corantes ácidos (coram estruturas
básicas). Pesquisando centenas de corantes, os citologistas conseguiram evidenciar
estruturas celulares.

Tem sido popularizada, no uso internacional, a designação de acidófilas para as


células que se coram de avermelhadas (róseas) e basófilas para as que se coram de azul
ou verde; desde 1958, tem sido proposta a alteração dessa nomenclatura incorreta,
já que, por exemplo, todos os constituintes dos corantes de Shorr e Papanicolaou são
ácidos (vide Acta Cytológica – 1958), ficando assim: chamamos de eosinófilas as células
róseas e de cianófilas as azuis (Figura 4). Os esfregaços vaginais podem ser corados com
soluções corantes de ação monocromática do citoplasma – ex.: Hematoxilina – eosina,
e por soluções de ação policromática (apresenta diferenciação cromática do citoplasma
pela ação conjunta de vários corantes – ex.: a de Shorr Papanicolaou).

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Figura 4 – Células obtidas pela técnica de Papanicolau;


observe a diferenciação da pigmentação das células
Fonte: Wikimedia Commons

Até o momento, não se tem definido claramente por que razão, no emprego dos
c­ orantes policromáticos (diferenciais), algumas células coram de rosa e outras de azul,
mecanismo provavelmente relacionado com processos de oxidação e redução na super-
fície celular. A cor alaranjada uniforme que se obtém nos esfregaços dessecados (defici-
ência na fixação) seria devido a um efeito do oxigênio atmosférico ao nível das células.

As células vivas absorvem pouco os corantes porque os componentes moleculares


protoplasmáticos estão hidratados e fixam água, porém tornam-se coráveis depois de
desidratar a porção “gel” do protoplasma.

Os bons fixadores que preservam bem os componentes celulares penetram no


interior das células e as tornam mais coráveis; são eles, atualmente, “o álcool 95%, a
mistura álcool-éter (muito inflamável) e os fixadores tipo soluções alcoólicas de resina,
como o Carbovax”, que formam fina película sobre o material.

Sabemos ainda que o pH do fixador pode interferir sobre a coloração. Por ex.: quanto
mais ácido o fixador, mais aumenta a eosinofilia do preparado.

O pré-requisito de uma boa coloração é chamado de “preparado molhado” (segundo


Takahashi), em que se fixa o esfregaço imediatamente, antes que seque. Ainda que a
fixação se faça em álcool-éter, se já estiver seco, não se obtém detalhes nucleares nem
as diferenças de cor do citoplasma.

Coloração de Papanicolau
O método proposto por Papanicolaou é o que dá resultados mais satisfatórios, já que
dá o detalhe nuclear e a transparência citoplasmática, razão pela qual é a mais indicada
para o citodiagnóstico do câncer.

Ainda que requeira vários passos, o procedimento é sensível e se completa em aproxi­


madamente 20 minutos. Mesmo que os esfregaços tenham certa espessura, podem ser

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examinados, já que a coloração o deixa transparente. Cada camada do epitélio pavimen-
toso estratificado produz uma gama de cores gradual que vai desde o azul mais intenso
da camada basal até o róseo vivo da superficial.

A diferenciação cromática do citoplasma é útil para tipificar células malignas; por


exemplo, as células cancerosas tendem a ser orangiofílicas de acordo com seu grau
de queratinização.

Veja mais detalhes sobre a coloração de Papanicolau no livro de Medrado, “Citologia e


Histologia Humana”, Capítulo 5, página 64. Disponível em: https://bit.ly/2Q5NbID

Teste seu Conhecimento


1. Qual a importância da descoberta de Papanicolau para o avanço no diagnóstico
laboratorial?
2. Quais são os materiais biológicos que podemos utilizar para realização do exame
citopatológico? Quais tipos de coletas o biomédico pode executar?
3. Como é feito o diagnóstico citológico de amostras de fluidos biológicos?
4. Quais são os principais fixadores utilizados nas técnicas de citologia? E por que é
necessário sua utilização?
5. Como são coradas (cores) as células visualizadas na técnica de Papanicolau?

O Que é Hibridização?
Essa é uma técnica muito utilizada no laboratório de citologia oncótica para o diagnós-
tico da presença do Papilomavírus Humano (HPV) através da detecção de seu DNA.
Estão comercialmente disponíveis a hibridização in situ, a reação em cadeia de polime-
rase (PCR – Polymerase Chain Reaction) e a captura híbrida. Destas, a última é a mais
difundida em nosso meio.

Para realizá-la, o médico deve obter material de colo ou vagina, no caso da mulher,
ou da uretra, no caso do homem, através de uma escovinha especial, e remetida ao
laboratório em um recipiente próprio. Ambos podem ser obtidos previamente no labo-
ratório que realizará o exame.

Além da presença do HPV, esses exames também identificam o tipo viral envolvido,
se de alto ou baixo risco, e, no caso da captura híbrida, quantifica indiretamente a carga
de vírus presente. Essas informações podem indicar se a portadora tem maior ou menor
risco de ter uma lesão pré-maligna.

Existe uma grande discussão sobre a necessidade de sua realização. No homem,


como a maioria das lesões é externa, tem valor apenas para pesquisa.

Na mulher, é possível que tenha algum valor em situações específicas. Não tem valor
algum quando o preventivo já sugere uma lesão pré-maligna (lesão de alto grau, NIC II,

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NIC III, displasia moderada, acentuada, carcinoma in situ, HSIL, SIL 2), quando a paci­
ente deve realizar uma colposcopia.

Também não tem valor algum quando a paciente tem uma dessas lesões e será ou já
foi tratada. Nessa situação, o HPV estará quase sempre presente e os tipos envolvidos
serão os de alto risco. O resultado desse exame não mudará a conduta médica.

Já quando a mulher tem um resultado de preventivo mostrando uma lesão de baixo­


grau (infecção pelo HPV, apenas, displasia leve, NIC I, LSIL, SIL 1) ou duvidoso (­ASCUS,
AGUS), esse exame pode ser de alguma ajuda. Caso mostre a presença de tipos de HPV
considerados de alto risco, existe maior probabilidade de estarem presentes lesões pré-
-malignas, especialmente se a mulher tiver mais de 35 anos.

Todavia, esse exame é bem mais caro do que a colposcopia em nosso meio e sua
utilização acaba adiando a indicação da colposcopia e encarecendo desnecessariamente
a investigação. Pode ter valia, então, quando não for possível realizar a colposcopia.

Veja mais detalhes das técnica de detecção do HPV no artigo a seguir, sobre “Diagnósti-
co molecular do papilomavírus humano por captura híbrida e reação em cadeia da
polimerase”­. Disponível em: https://bit.ly/3tsIXck

Imunocitoquímica = Imunoistoquímica =
Imuno-Histoquímica
A imuno-histoquímica é uma técnica qualitativa, que também pode ser quantitativa,
e baseia-se em anticorpos específicos para detecção de antígenos presentes em células
e tecidos, como proteínas da membrana de microrganismos.

A partir dessa técnica, ocorrem reações químicas específicas ou interação macro­


molecular de alta afinidade, podendo-se identificar muitas moléculas orgânicas em
células­e tecidos. Ex.: Fe e Fosfato.

Essa técnica possui muito valor na histogênese, na etiologia e patogênese de muitos


processos patológicos, tais como doenças infecciosas e neoplasias.

Veja no vídeo a seguir detalhes sobre a técnica de imuno-histoquímica e seus fundamentos.


Disponível em: https://youtu.be/OdujMChNcJI

Veja como é o princípio do método imuno-histoquímico direto e indireto. Acesse o livro de


Robertis, “Biologia Celular e Molecular”, capítulo 23, página 322.
Disponível em: https://bit.ly/3gPHiu3

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Alterações Citopatológicas
Displasia significa “Dis” = anormal e “Plasia” = desenvolvimento, portanto o conceito
de displasia é “desenvolvimento desorganizado”; contudo, no conceito médico, o termo
é usado para indicar que as células epiteliais sofreram proliferação um tanto irregular
ou algo atípico como resposta à irritação ou inflamação crônica. Essa modificação,
chamada também de metaplasia atípica, compreende as variações do tamanho celular e
nuclear, assim como a forma e a característica tintoriais.

Perde-se a orientação normal de uma célula em relação às outras.

Nas poucas áreas do corpo, como o cérvix uterino, onde a inflamação crônica está
relacionada estritamente com o câncer, são encontradas frequentemente alterações
displásicas próximas às áreas de franca transformação cancerosa, ou então a displasia
pode preceder o aparecimento do câncer. Entretanto, estudos clínicos indicam que a
displasia não evolui necessariamente para o câncer; as alterações são reversíveis e, com
a remoção das causas irritantes, o epitélio pode retornar ao normal.

A displasia é considerada como mínima por alguns autores porque ela tem regre-
dido espontaneamente ou após biópsias, ou ainda depois de tratamento específico.
O número de casos com regressão espontânea parece-nos pequeno e não dispomos
de um modo de determinar qual o caso que regredirá ou não.

As biópsias devem ser consideradas como a causa da regressão, seja pela remoção
completa da lesão, seja pelo estímulo a uma cicatrização. Por outro lado, terapia espe-
cífica ou não, curando a infecção ou uma infestação ou afastando qualquer outro agente
agressor, neutralizará as modificações citológicas da cérvix ou de outra área.

O fundo do esfregaço com células displásicas é limpo. A não ser na existência de


várias infecções (por tricomonas, fungos, cocos etc.), ele pode apresentar exsudado
inflamatório (leucócitos, histiócitos e atipias celulares).

O estado do núcleo é um reflexo da potencialidade benigna ou maligna da célula,


enquanto o citoplasma apenas indica a sua função, origem e grau de maturação.
Aproximadamente, 95% de todas as células displásicas são uninucleadas; as restantes,
bi ou multinucleadas.

O fator principal causador das displasias é, para certos pesquisadores, a infecção, e


dentro dela, a tricomoníase e as infecções por vírus.

Veja o Quadro 1, onde o comitê de nomenclatura da Academia Internacional de


Citologia, aceitando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), dife-
rencia três tipos de displasia:

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Quadro 1

• Aparece normalmente em células superficiais e intermediárias;


• Coloração frequentemente cianófila;
• Células isoladas ou em pequenos grupos;
• Ligeira quebra na relação Núcleo/citoplasma;
Displasia Leve • Núcleo aumentado e levemente hipocromático;
• Evidência do nucléolo;
• Cromática em grumos finos distribuídos homogeneamente;
• Membrana nuclear lisa e uniformemente espessada.

• Aparece principalmente em células intermediárias e parabasais;


• Coloração frequentemente eosinólia e cianófila;
• Células mais agrupadas do que isoladas;
• Quebra mais acentuada na relação Núcleo/citoplasma;
Displasia Moderada • Núcleo grande, irregular, com hipercromasia mais intensa;
• Evidência ou não de nucléolo;
• Cromática grosseira e irregular;
• Membrana nuclear uniformemente irregular e mais espessa.

• Citoplasma mais bem preservado e de volume um pouco maior;


• Cromatina em arranjos homogêneos e densos com aspecto de
Displasia Acentuada vidro fosco, margens nucleares em noz moscada;
• Quebra menos acentuada da relação Núcleo/citoplasmático;
• Distribuição de células isoladas ou em pequenos grupos.

Maturação das células no esfregaço (Dr. Prado), de modo simplificado, podemos dizer
que as células superficiais e intermediárias com características de malignidade repre-
sentam displasia leve. Células intermediárias e profundas – displasia moderada. Células
profundas e intermediárias – displasia grave.
Quantidade de células nos esfregaços – Reagan. Até 50 células com caracteres
de malignidade – displasia leve. De 50 a 130 – displasia moderada. De 130 a 300 –
displasia grave.
Grau de anormalidade das células presentes no esfregaço: não podemos pensar so-
mente na maturação e quantidade das células anormais, devemos levar em consideração
a presença de maior ou menor número de alterações existentes na célula, principalmente
no núcleo, como: maior ou menor hipercromatismo, pouco ou muito pleomorfismo etc.

Saiba mais sobre as lesões intraepiteliais no Capítulo 3 – Citopatologia das Lesões Intraepi-
teliais e Invasoras do Trato Genital Inferior, do livro de Tatti, “Colposcopia e patologias do
trato genital inferior”, página 33. Disponível em: https://bit.ly/3e4MHvG

Neoplasias
O crescimento e a proliferação das células é característica dos seres vivos, e neoplasia
é um novo crescimento de tecido de natureza autônoma, que não tem nenhum propósito

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útil, segue suas próprias leis sem ter em conta o organismo em seu conjunto e cresce às
expensas do corpo, que se desenvolve e não traz nenhum benefício.

Literalmente quer dizer: neoplasia (do grego), novo + formação, ou seja, “novo
crescimento”.

Dependendo do seu comportamento biológico, as neoplasias podem ser benignas


ou malignas, sendo o diagnóstico de certeza o histológico, e o citológico é preventivo.

O diagnóstico mais valioso é o histopatológico, para o estudo das neoplasias, sendo


o que dá o diagnóstico final da lesão.

O diagnóstico citológico é importante para perceber lesões pré-clínicas, assinto-


máticas. É preventivo.

Já na fase clínica o diagnóstico deve ser definitivo através da biópsia, a qual é feita
retirando-se um fragmento de tecido lesado. Nessa fase clínica, os sinais podem ser
ulceração, nódulo, vegetação, endurecimento/ou espessamento da superfície.

Para que haja disseminação de um tumor (metástase) é necessário que existam as vias
de disseminação, linfática e sanguínea ou transplante direto.

Metástase é a proliferação de “novos focos” tumorais da propagação em forma de


um bloco ou de transplante a partir de um foco em qualquer outra parte do organismo.

Na produção das metástases acontecem cinco fenômenos ou etapas:


1. Separação: de um grupo de células cancerosas da massa primária;
2. Penetração: ou seja, invasão dos espaços vasculares ou de uma cavidade;
3. Disseminação e localização: transporte ao longo da corrente sanguínea ou
linfática e localização em outro sítio;
4. Fixação: na nova localização;
5. Proliferação subsequente, ou seja, crescimento “sem limites”.

Para que haja evolução de uma metástase, é importante que a região que estiver
recebendo o tecido tumoral ofereça condições para a proliferação desse tecido.

A liberação de células malignas é explicável pela desorganização imposta ao tecido


que é sede do processo maligno.

O tumor benigno cresce lentamente, desenvolve-se com características do tecido que


lhe deu origem, obedecendo às leis de reprodução de células normais.

Já o tecido maligno cresce desordenadamente para todos os lados e em todas as dimen-


sões, o que torna fácil o destacamento de células e fragmentos desse tecido. As células de
um tumor maligno também invadem os tecidos vizinhos por continuidade.

São mais comuns as metástases dos sarcomas e eventualmente dos carcinomas.


Essas metástases acontecem principalmente nos pulmões, fígado e ossos da pélvis.

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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica

Toda a circulação venosa é carregada aos pulmões para a oxigenação, assim, se esse
sangue venoso contiver células malignas, quando chegar aos pulmões, iniciará ali um
novo tumor em metástase.

Todo material orgânico tem seu metabolismo pelo menos iniciado no fígado. Se no
sangue circulante for levado um fragmento de tumor, pode parar aí, dada a estrutura de
fígado, e iniciar um novo tumor.

No osso da pélvis, é mais comum a metástase dos sarcomas e, às vezes, carcinomas


(tireoide e próstata, principalmente).

Pode haver disseminação de quase todos os tipos de câncer. As metástases através


das artérias são mais frequentes nos rins, nas glândulas endócrinas (principalmente da
suprarrenal) e na medula óssea.

O rim, por ser um órgão bastante irrigado por artérias (tem função de excreção de
metabolitos: de várias substâncias orgânicas), é sempre sede de metástases por via arterial.

A medula óssea, por possuir grande irrigação e por ser um órgão de elementos do
sangue, é um campo muito propício à proliferação.

É comum, através das vias linfáticas, ocorrer as metástases dos carcinomas.

Por contiguidade, as neoplasias malignas infiltram cinco tecidos vizinhos e os destroem.


Nas cavidades naturais, como o peritônio e a pleura, ocorrem metástases por implantação.
Um tumor de estômago, por exemplo, após comprometer a serosa desse órgão, pode
cair na cavidade peritoneal e pela gravidade atingir os vários órgãos e espaço de Douglas,
podendo aí acontecer as metástases.

Veja mais sobre os tipos e as principais diferenças das lesões epiteliais benignas e malignas
no Capítulo 4, página 40, do livro de Perez, “Fundamentos de Patologia”.
Disponível em: https://bit.ly/3xDpmZM

Critérios de Malignidade
Anormalidades do núcleo são:
• Aumento do volume nuclear;
• Hipercromatismo;
• Distribuição da cromatina;
• Irregularidade da membrana;
• Nucléolos;
• Multinucleação;
• Figuras mitóticas aberrantes;
• Alterações degenerativas.

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Inicialmente, devemos estabelecer um fato fundamental: não há um único critério
universal de malignidade. O diagnóstico de malignidade é dado por um conjunto de
alterações morfológicas celulares que envolvem o núcleo e o citoplasma.

O conjunto das alterações nucleares é o mais importante.

Aumento exagerado do volume nuclear: essa hipertrofia nuclear é seguida pelo


aumento paralelo do volume citoplasmático, o que acarreta uma inversão do índice
núcleo/citoplasma. Muitas vezes, o núcleo cresce de tal forma que a área celular é
quase que totalmente ocupada por ele, e com dificuldade distinguimos pequenas
porções do citoplasma.

Hiper, hipo ou policromasia, frequentemente encontramos núcleos hipercromáticos


que se coram densamente em preto ou marrom quase preto, onde não se distinguem
detalhes estruturais com cromatina irregularmente distribuídas em grumos. Em alguns
casos, principalmente nas células indiferenciadas com pequenos grânulos indistintos de
cromatina que frequentemente estão junto à membrana nuclear, dando-lhe a impressão
de espessamento. Núcleos grandes hipocromáticos são sinais específicos de malignidade.
Se um esfregaço contém núcleos desigualmente corados, é um índice de malignidade e
eles são ditos policromáticos.

Cromatina se apresentando em formação aberrante distribuída irregularmente


pelo núcleo.

Grandes nucléolos ou aumento no número de nucléolos que se coram mais densa-


mente que as restantes estruturas do núcleo.

Irregularidade da membrana nuclear que apresenta-se com lobulações, protusões,


invaginações e espessamentos irregulares .

Multinucleação é encontrada também em células normais em que houve divisão nucle-


ar sem correspondente divisão citoplasmática, é o chamado sincício ou grupo sincicial.

Figuras mitóticas aberrantes: embora constituam achados não muito frequentes,


quase sempre indicam a malignidade. São mais frequentes na anáfase e menos na teló-
fase, apresentam posições anormais dos fusos polares, distribuição irregular do número
de cromossomos e nas células-filhas, núcleos diferentes em tamanho e forma.

Espaços vazios nucleares: consequentemente ao aumento do conteúdo cromatínico


e à sua distribuição irregular, o núcleo frequentemente apresenta espaços vazios de
cromatina. Muitas vezes, é o único critério presente quando faltam todos os outros.

As alterações citoplasmáticas, invariavelmente estão nas células tumorais e podem


apresentar-se sob várias formas. Somente as anormalidades citoplasmáticas, porquanto
marcadas que sejam, sem as correspondentes alterações nucleares, não constituem
critérios de malignidade.

Anisocitose: variação do tamanho das células do esfregaço. Pode-se encontrar células


gigantes ou muito pequenas no mesmo esfregaço.

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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica

Vacuolização anormal é frequente em adenocarcinomas quando os vacúolos empur­


ram os núcleos para a periferia, tornando, às vezes, a célula irreconhecível. Porém
vacuoli­zação pode também ser encontrada em processos inflamatórios.

Mudanças nas propriedades corantes do citoplasma podem corar-se mais ou me-


nos intensamente.

Inclusões citoplasmáticas correspondem aos numerosos corpos estranhos que podem


ser encontrados no citoplasma; desde outras até grânulos de identificação problemática: res-
tos celulares, leucócitos etc. É a atividade fagocitária altamente desenvolvida nessas células.

Polimorfismo: formas variadas das células (girino, fibra pérola, córnea).

Veja no miniatlas de citopatologia e histologia do colo uterino os critérios citomorfológicos


de malignidade. Disponível em: https://bit.ly/3soRo7k

Teste seu Conhecimento


1. O que é a técnica de hibridização? Para qual finalidade ela é utilizada?
2. Qual a diferença das técnicas de imuno-histoquímica direta e indireta?
3. Quais as principais alterações observadas das displasias leve, moderada e acentuada?
Como diferenciá-las?
4. Como são caracterizadas e diferenças das neoplasias?
5. Como são identificadas as células malignas? Quais alterações podem ser observadas?

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
PAAF – Punção de Mama
https://youtu.be/Looes4sulTo

Leitura
Como é Realizada a Contagem de Células?
https://bit.ly/3uP3tnQ
Punção Aspirativa por Agulha Fina e Punção por Agulha Grossa:
Correlação dos Resultados Cito-Histopatológicos
https://bit.ly/3x4bhUW
Imunocitoquímica em Amostras Brônquicas Processadas em ThinPrep™:
Comparação de Três Métodos de Pós-Fixação
https://bit.ly/2PZnQA9
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos Cervicais, Ministério da Saúde
https://bit.ly/3n0uy4Y

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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica

Referências
CONSOLARO, M. E. L.; ENGLER, S. S. M. (org.). Citologia clínica cérvico-vaginal:
texto e atlas. São Paulo: Roca, 2012.

CUNHA, M. P. et al. Normas e instruções para a colheita cérvico-uterino. Brasília:


Ministério da Saúde, 1975.

GAMBONI, M.; MIZIARA, E. F. Manual de citopatologia diagnóstica. São Paulo:


Manole, 2012.

MEDRADO, L. Citologia e histologia humana: fundamentos de morfofisiologia celular


e tecidual. São Paulo: Erica, 2014.

PUNDEL, J. P.; LICHTFUS, C. Modifications de la coloration cytologique des frottis


vaginaux à l’hématoxyline-Shorr. Gynaecologia, v. 144, p. 58-60, 1957.

TAKAHASHI, M.; NAITO, M. Applications of the cytorich monolayer preparations­


system for cervical cytology: a prelude to automated primary screening. Acta
Cytologica, v. 41, p. 1.785-1.789, 1997.

THE BETHESDA COMMITEE. The Bethesda System for reporting cervical/vaginal


cytologic diagnosis. Acta Cytologica, v. 37, p. 115-124, 1993.

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