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Citologia Oncótica
Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Niara da Silva Medeiros
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Introdução ao Estudo
de Citologia Oncótica
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Identificar as alterações das células provenientes de raspado, esfoliação, tecidos, aspirados
de líquidos orgânicos, excreções e secreções;
• Conhecer as alterações citopatológicas e conhecer os critérios de pré-malignidade e malignidade;
• Compreender as técnicas de coleta, transporte, conservação, fixação e coloração;
• Entender as técnicas especiais de diagnóstico citológico.
UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
O nome Papanicolau passou então a ser utilizado para descrever esse exame, e atual-
mente conhecemos como exame citopatológico.
A detecção de condições pré-cancerosas, inflamações e o câncer invasivo deve ser
efetuada por profissionais médicos e paramédicos experientes e com instrumentos
adequados (espéculos, espátula de Ayre, escova cervical e fixador).
O exame citopatológico pode ser realizado em qualquer tipo de material biológico
que contenha células epiteliais e leucócitos descamados de forma natural (derrames) ou
artificial (esfoliação, lavado, escovado e punção) de um tecido e com a sua morfologia
conservada (fixada).
O exame de citologia hormonal ou urocitograma (citologia hormonal em amostra de
urina) pode ser realizado em materiais biológicos que contenham células epiteliais de
tecidos que sejam comprovadamente hormônios-dependentes.
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Fontes de Material Biológico
As fontes de material biológico para o exame citopatológico são: raspados oculares,
brônquicos, imprints de peças cirúrgicas ou lesões epiteliais, secreções provenientes dos
brônquios (escarro), fístulas, abscessos, líquidos pleural, ascítico, pericárdio, liquórico,
urinário, sinovial, aspirados brônquicos e traqueal, lavados brônquicos de escova de
endoscopia, broncoalveolar e vesical. Além disso, a Punção Aspirativa com Agulha Fina
(P.A.A.F) de mama, pulmão, tireoide, linfonodo, tecido subcutâneo, cistos e outros locais
é considerada um dos principais métodos de coleta de amostra citológica.
Importante!
É importante ressaltar que o biomédico pode realizar toda e qualquer coleta de amos-
tras biológicas para realização dos mais diferentes exames. Exceto a coleta de biopsias,
coleta de líquido, cefalorraquidiano (líquor) e punção para obtenção de líquidos cavitá-
rios em qualquer situação.
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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
Saiba mais sobre o exame citopatológico de amostras do trato respiratório, como é o perfil
de células encontradas e como é realizado o diagnóstico. Acesse o livro de Gamboni e Miziara,
Manual de Citopatologia Diagnóstico, Capítulo 9.1 (Citopatologia respiratória), página 349.
Disponível em: https://bit.ly/2Q5NbID
Quando tratar-se de material fluido ou espesso, proceder como descrito para material
líquido. Todos eles são normalmente recebidos a fresco ou prefixados em igual volume
de álcool etílico a 50% em solução salina.
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Exame Citológico
O exame citológico pode ser realizado nas amostras de fluidos rapidamente a baixo
custo. Ele é mais recompensado na avaliação de amostras de alta ou moderada celula-
ridade, como os transudatos modificados e exsudatos. Esse exame inclui a contagem
total de células nucleadas, onde utiliza-se a técnica do hemocitômetro, como para a
contagem de células sanguíneas, a qual é realizada na câmara de Neubauer (Figura 3).
Os transudatos apresentam baixa celularidade, enquanto os exsudatos são ricos em
células. Também é realizada a contagem diferencial ou específica, a qual é feita em
esfregaços do líquido tal como foi colhido, ou do sedimento dele após centrifugado.
O esfregaço deve ser preparado o mais rápido possível, após a colheita do material,
no sentido de minimizar degenerações celulares.
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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
Você Sabia?
Você sabe por que se utilizam fixadores? A utilização de fixadores têm a função de
insolubilizar as proteínas do tecido, prevenir autólise (destruição celular), facilitar o corte
dos tecidos, permitir a penetração dos corantes, estabilizar os componentes estruturais
e proteger o histologista por meio das propriedades antissépticas das substâncias.
Há, ainda, fixadores que, além de fixarem as células, protegem os esfregaços através
de uma camada protetora que se forma quando elas secam: é o caso da solução alcoólica
de polietileno glicol (Carbovax), que pode ser gotejada sobre o esfregaço, ou aplicada
pelo uso de álcool.
Qualquer que seja o fixador eleito para a rotina laboratorial, é importante, no caso de
materiais cérvico-vaginais, a ação fixadora imediatamente após a confecção do esfregaço.
Por outro lado, são fixadores muito rápidos (até um mínimo de 15 minutos) cujos
resultados são excelentes, sobretudo o álcool-éter.
O Carbovax atua não só como fixador, mas também como um protetor do material
celular, através de uma camada de substância serosa que se forma após a secagem dele.
Dependendo da quantidade de gotas adicionadas sobre o esfregaço, a camada que forma
será tão espessa que dificultará em menor ou maior grau a etapa seguinte: a coloração.
É fundamental seguir um padrão técnico para o uso desse fixador, que, a despeito de
suas qualidades, pode vir a comprometer radicalmente o sucesso da avaliação microscópica.
É fundamental esclarecer que uma gota por campo é suficiente para uma boa fixação.
Assim, para cobrir todo um esfregaço padrão, não são necessários mais que 3 a 4 gotas.
O técnico notará que, ao pingar o Carbovax, as gotas escorrerão por distância bastante
grande com a ajuda de suaves movimentos ondulatórios.
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Há uma série de exigências em relação ao que se espera de um bom fixador; algumas
delas são imprescindíveis: rapidez de penetração celular, a fim de evitar atividade de
enzimas autolíticas e a sequência do processo degenerativo; desta forma, a integridade e
morfologia celulares são mantidas, possibilitando o reconhecimento estrutural.
Um bom fixador não pode interferir na adesividade das células na lâmina, tampouco
oferecer obstáculos à entrada dos corantes através da membrana citoplasmática
Já os antigos citologistas descobriram que certas partes das células tendiam a absorver
certos corantes e outras não. Essa capacidade de absorção dos corantes permite o tingi-
mento de partes específicas das células que ficam, então, contrastadas em relação às
demais. Esses corantes podem ser, de forma bem ampla, divididos em corantes básicos
(têm afinidade, portanto coram estruturas ácidas) e corantes ácidos (coram estruturas
básicas). Pesquisando centenas de corantes, os citologistas conseguiram evidenciar
estruturas celulares.
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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
Até o momento, não se tem definido claramente por que razão, no emprego dos
c orantes policromáticos (diferenciais), algumas células coram de rosa e outras de azul,
mecanismo provavelmente relacionado com processos de oxidação e redução na super-
fície celular. A cor alaranjada uniforme que se obtém nos esfregaços dessecados (defici-
ência na fixação) seria devido a um efeito do oxigênio atmosférico ao nível das células.
Sabemos ainda que o pH do fixador pode interferir sobre a coloração. Por ex.: quanto
mais ácido o fixador, mais aumenta a eosinofilia do preparado.
Coloração de Papanicolau
O método proposto por Papanicolaou é o que dá resultados mais satisfatórios, já que
dá o detalhe nuclear e a transparência citoplasmática, razão pela qual é a mais indicada
para o citodiagnóstico do câncer.
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examinados, já que a coloração o deixa transparente. Cada camada do epitélio pavimen-
toso estratificado produz uma gama de cores gradual que vai desde o azul mais intenso
da camada basal até o róseo vivo da superficial.
O Que é Hibridização?
Essa é uma técnica muito utilizada no laboratório de citologia oncótica para o diagnós-
tico da presença do Papilomavírus Humano (HPV) através da detecção de seu DNA.
Estão comercialmente disponíveis a hibridização in situ, a reação em cadeia de polime-
rase (PCR – Polymerase Chain Reaction) e a captura híbrida. Destas, a última é a mais
difundida em nosso meio.
Para realizá-la, o médico deve obter material de colo ou vagina, no caso da mulher,
ou da uretra, no caso do homem, através de uma escovinha especial, e remetida ao
laboratório em um recipiente próprio. Ambos podem ser obtidos previamente no labo-
ratório que realizará o exame.
Além da presença do HPV, esses exames também identificam o tipo viral envolvido,
se de alto ou baixo risco, e, no caso da captura híbrida, quantifica indiretamente a carga
de vírus presente. Essas informações podem indicar se a portadora tem maior ou menor
risco de ter uma lesão pré-maligna.
Na mulher, é possível que tenha algum valor em situações específicas. Não tem valor
algum quando o preventivo já sugere uma lesão pré-maligna (lesão de alto grau, NIC II,
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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
NIC III, displasia moderada, acentuada, carcinoma in situ, HSIL, SIL 2), quando a paci
ente deve realizar uma colposcopia.
Também não tem valor algum quando a paciente tem uma dessas lesões e será ou já
foi tratada. Nessa situação, o HPV estará quase sempre presente e os tipos envolvidos
serão os de alto risco. O resultado desse exame não mudará a conduta médica.
Todavia, esse exame é bem mais caro do que a colposcopia em nosso meio e sua
utilização acaba adiando a indicação da colposcopia e encarecendo desnecessariamente
a investigação. Pode ter valia, então, quando não for possível realizar a colposcopia.
Veja mais detalhes das técnica de detecção do HPV no artigo a seguir, sobre “Diagnósti-
co molecular do papilomavírus humano por captura híbrida e reação em cadeia da
polimerase”. Disponível em: https://bit.ly/3tsIXck
Imunocitoquímica = Imunoistoquímica =
Imuno-Histoquímica
A imuno-histoquímica é uma técnica qualitativa, que também pode ser quantitativa,
e baseia-se em anticorpos específicos para detecção de antígenos presentes em células
e tecidos, como proteínas da membrana de microrganismos.
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Alterações Citopatológicas
Displasia significa “Dis” = anormal e “Plasia” = desenvolvimento, portanto o conceito
de displasia é “desenvolvimento desorganizado”; contudo, no conceito médico, o termo
é usado para indicar que as células epiteliais sofreram proliferação um tanto irregular
ou algo atípico como resposta à irritação ou inflamação crônica. Essa modificação,
chamada também de metaplasia atípica, compreende as variações do tamanho celular e
nuclear, assim como a forma e a característica tintoriais.
Nas poucas áreas do corpo, como o cérvix uterino, onde a inflamação crônica está
relacionada estritamente com o câncer, são encontradas frequentemente alterações
displásicas próximas às áreas de franca transformação cancerosa, ou então a displasia
pode preceder o aparecimento do câncer. Entretanto, estudos clínicos indicam que a
displasia não evolui necessariamente para o câncer; as alterações são reversíveis e, com
a remoção das causas irritantes, o epitélio pode retornar ao normal.
A displasia é considerada como mínima por alguns autores porque ela tem regre-
dido espontaneamente ou após biópsias, ou ainda depois de tratamento específico.
O número de casos com regressão espontânea parece-nos pequeno e não dispomos
de um modo de determinar qual o caso que regredirá ou não.
As biópsias devem ser consideradas como a causa da regressão, seja pela remoção
completa da lesão, seja pelo estímulo a uma cicatrização. Por outro lado, terapia espe-
cífica ou não, curando a infecção ou uma infestação ou afastando qualquer outro agente
agressor, neutralizará as modificações citológicas da cérvix ou de outra área.
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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
Quadro 1
Maturação das células no esfregaço (Dr. Prado), de modo simplificado, podemos dizer
que as células superficiais e intermediárias com características de malignidade repre-
sentam displasia leve. Células intermediárias e profundas – displasia moderada. Células
profundas e intermediárias – displasia grave.
Quantidade de células nos esfregaços – Reagan. Até 50 células com caracteres
de malignidade – displasia leve. De 50 a 130 – displasia moderada. De 130 a 300 –
displasia grave.
Grau de anormalidade das células presentes no esfregaço: não podemos pensar so-
mente na maturação e quantidade das células anormais, devemos levar em consideração
a presença de maior ou menor número de alterações existentes na célula, principalmente
no núcleo, como: maior ou menor hipercromatismo, pouco ou muito pleomorfismo etc.
Saiba mais sobre as lesões intraepiteliais no Capítulo 3 – Citopatologia das Lesões Intraepi-
teliais e Invasoras do Trato Genital Inferior, do livro de Tatti, “Colposcopia e patologias do
trato genital inferior”, página 33. Disponível em: https://bit.ly/3e4MHvG
Neoplasias
O crescimento e a proliferação das células é característica dos seres vivos, e neoplasia
é um novo crescimento de tecido de natureza autônoma, que não tem nenhum propósito
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útil, segue suas próprias leis sem ter em conta o organismo em seu conjunto e cresce às
expensas do corpo, que se desenvolve e não traz nenhum benefício.
Literalmente quer dizer: neoplasia (do grego), novo + formação, ou seja, “novo
crescimento”.
Já na fase clínica o diagnóstico deve ser definitivo através da biópsia, a qual é feita
retirando-se um fragmento de tecido lesado. Nessa fase clínica, os sinais podem ser
ulceração, nódulo, vegetação, endurecimento/ou espessamento da superfície.
Para que haja disseminação de um tumor (metástase) é necessário que existam as vias
de disseminação, linfática e sanguínea ou transplante direto.
Para que haja evolução de uma metástase, é importante que a região que estiver
recebendo o tecido tumoral ofereça condições para a proliferação desse tecido.
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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
Toda a circulação venosa é carregada aos pulmões para a oxigenação, assim, se esse
sangue venoso contiver células malignas, quando chegar aos pulmões, iniciará ali um
novo tumor em metástase.
Todo material orgânico tem seu metabolismo pelo menos iniciado no fígado. Se no
sangue circulante for levado um fragmento de tumor, pode parar aí, dada a estrutura de
fígado, e iniciar um novo tumor.
O rim, por ser um órgão bastante irrigado por artérias (tem função de excreção de
metabolitos: de várias substâncias orgânicas), é sempre sede de metástases por via arterial.
A medula óssea, por possuir grande irrigação e por ser um órgão de elementos do
sangue, é um campo muito propício à proliferação.
Veja mais sobre os tipos e as principais diferenças das lesões epiteliais benignas e malignas
no Capítulo 4, página 40, do livro de Perez, “Fundamentos de Patologia”.
Disponível em: https://bit.ly/3xDpmZM
Critérios de Malignidade
Anormalidades do núcleo são:
• Aumento do volume nuclear;
• Hipercromatismo;
• Distribuição da cromatina;
• Irregularidade da membrana;
• Nucléolos;
• Multinucleação;
• Figuras mitóticas aberrantes;
• Alterações degenerativas.
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Inicialmente, devemos estabelecer um fato fundamental: não há um único critério
universal de malignidade. O diagnóstico de malignidade é dado por um conjunto de
alterações morfológicas celulares que envolvem o núcleo e o citoplasma.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
PAAF – Punção de Mama
https://youtu.be/Looes4sulTo
Leitura
Como é Realizada a Contagem de Células?
https://bit.ly/3uP3tnQ
Punção Aspirativa por Agulha Fina e Punção por Agulha Grossa:
Correlação dos Resultados Cito-Histopatológicos
https://bit.ly/3x4bhUW
Imunocitoquímica em Amostras Brônquicas Processadas em ThinPrep™:
Comparação de Três Métodos de Pós-Fixação
https://bit.ly/2PZnQA9
Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos Cervicais, Ministério da Saúde
https://bit.ly/3n0uy4Y
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UNIDADE Introdução ao Estudo de Citologia Oncótica
Referências
CONSOLARO, M. E. L.; ENGLER, S. S. M. (org.). Citologia clínica cérvico-vaginal:
texto e atlas. São Paulo: Roca, 2012.
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