Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa estava arrasada. As grandes potências
imperialistas europeias, entre elas Inglaterra, França e Alemanha, haviam perdido sua hegemonia para os Estados Unidos. Por outro lado, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, apesar das perdas sofridas durante a guerra, ainda contava com um grande exército e passava por um rápido processo de industrialização.
A Doutrina Truman e o Plano Marshall
Em consonância com o discurso de Churchill, o então presidente estadunidense Harry Truman oficializou, em 1947, uma nova orientação política que visava conter a influência do comunismo soviético em outros países. De acordo com essa orientação, denominada Doutrina Truman, os EUA assumiriam a posição de líder dos países capitalistas ocidentais para enfrentar o avanço soviético, oferecendo apoio econômico e, principalmente, militar aos países capitalistas da Europa. Como complemento econômico dessa doutrina, ainda em 1947 foi lançado o Plano Marshall, idealizado pelo secretário de Estado estadunidense George Marshall. O plano previa ajuda econômica para a reconstrução dos países europeus arrasados pela guerra, principalmente Inglaterra, França e Alemanha. O auxílio econômico não seria apenas uma obra de ajuda humanitária aos países europeus, pois os EUA tinham interesse na manutenção do capitalismo na Europa, caso contrário, aumentariam as chances de expansão do socialismo no continente.
A OTAN e o Pacto de Varsóvia
A política de contenção do avanço do socialismo soviético, lançada pela Doutrina Truman, foi reforçada com a criação, em 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Esse tratado foi firmado para funcionar como um escudo militar do Ocidente capitalista contra a expansão do bloco soviético. Além dos EUA, faziam parte dessa aliança a maioria dos países da Europa Ocidental, o Canadá e outros Estados capitalistas. Em 1955, a Alemanha Ocidental se vinculou à OTAN. Em resposta, os países socialistas do leste europeu, sob a liderança da URSS, assinaram o Pacto de Varsóvia, que previa o apoio mútuo entre os países socialistas em caso de conflitos armados. Participaram desse tratado URSS, Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária.
Dentre as características da Guerra Fria (1947-1991), destacam-se:
Polarização: por meio de dois blocos, um sob influência americana e outro sob influência soviética, foi a grande marca da Guerra Fria. Com isso, americanos e soviéticos possuíam uma retórica agressiva contra seu adversário e tinham aliados estratégicos. Houve uma tentativa de alguns países de realizarem uma política externa independente, sem que fosse necessário aliarem-se a algum dos dois países. Corrida armamentista: a disputa entre as duas nações e a procura por mostrar-se como força hegemônica motivaram ambos a investirem pesadamente no desenvolvimento de armas de destruição em massa, as bombas nucleares e termonucleares. Corrida espacial: a disputa entre as duas nações manifestou-se também na área tecnológica e, entre 1957 e 1975, concentrou-se na exploração do espaço. Interferência estrangeira: os dois países realizaram, ao longo dos anos de Guerra Fria, uma série de interferências em nações estrangeiras como forma de garantir seus interesses. O Brasil, por exemplo, foi alvo disso quando os americanos apoiaram o golpe militar de 1964.
A divisão da Alemanha e o Muro de Berlim
Após o final da guerra, a Alemanha foi dividida em quatro partes, cada uma entregue a um país vencedor do conflito: Inglaterra, França, EUA e URSS. No final da década de 1940, os países capitalistas se uniram e formaram, no lado ocidental alemão, a República Federal Alemã (RFA), também conhecida como Alemanha Ocidental, com capital em Bonn. O lado oriental, por sua vez, ficou vinculado à URSS, recebendo verbas de origem soviética. Nessa região foi formada a República Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental, com capital em Berlim. Assim como a Alemanha, a cidade de Berlim foi dividida em duas áreas de influência: o lado capitalista e o lado socialista. Para impedir a passagem de pessoas do lado socialista para o capitalista, em 1961 o governo socialista da Alemanha Oriental iniciou a construção de um grande muro para dividir a cidade: o Muro de Berlim, que era vigiado 24 horas por dia. Esse muro existiu por 28 anos e foi um dos símbolos da Guerra Fria. Além disso, o exército soviético ocupou territórios de vários países na Europa Oriental, dando início à expansão do socialismo para essas regiões. Nesse contexto, teve início uma disputa ideológica, política e econômica por áreas de influência entre os governos capitalista dos EUA e socialista da URSS. Essa disputa ficou conhecida como Guerra Fria, já que as duas grandes potências não chegaram a se enfrentar diretamente, embora fornecessem ajuda militar aos países com os quais se aliaram. Após a Conferência de Potsdam, o ex-primeiro-ministro inglês Winston Churchill, em visita aos EUA, fez um discurso alertando os políticos estadunidenses sobre a dominação hegemônica da URSS no leste europeu, a qual ele chamou de “cortina de ferro”.
Fim da Guerra Fria
A partir da década de 1970, a economia da União Soviética começou a entrar em crise. A crise foi resultado da falta de ações do governo soviético para dinamizar a economia do país, que já demonstrava estar em atraso tecnológico e econômico em relação às grandes potências mundiais, e os indicadores sociais do país começaram a cair. A disparada no valor do petróleo criou um clima de falsa prosperidade, que impediu que reformas na economia soviética acontecessem. O envolvimento do país na Guerra do Afeganistão e o acidente nuclear que aconteceu em Chernobyl, em 1986, contribuíram para o fim da URSS, pois impuseram pesados gastos a um país com uma economia já fragilizada. O último presidente soviético, Mikhail Gorbachev, começou a realizar reformas (Glasnost e Perestroika) de abertura do país para o Ocidente, sobretudo na economia, e essas levaram ao desmantelamento da União Soviética. Quando Gorbachev renunciou, em 25 de dezembro de 1991, a URSS foi dissolvida e isso marcou o fim da Guerra Fria.