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‘A FAMILIA HOSPITALIZADA. aileine Barreto Santos de Oliveira é ‘Renata Dias Galan Sommernian ‘A Familia ¢ suas Caracteristicas Pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma cas puaticlarmente © pay a mie e os flhos"s “pessoas do mesmo Sangue"; “ascendéacia, nagem, estrpe” so defnighes def fia desctitas por Aurélio (1986). “Apesar de corretas, esis defnigdes no abrangem a diversi- dade de conceitos e padres aruais de familia. Hoje, sob a denominagio familia, existe uma pluralidade de _composigfes que incliem lagosconsangiineos, slags 0 For ralizadas por parentesco, nicleo domestic, familia nto legit ‘mada jaridicimenre, entre outas ‘Oavango tecnico centfico (plant de embrides,banco de 6vulos e de esperma, et). aliado a novos costumes mois © Socnis “re-constituent” artigos concctos familiares, Arualmente, sua formagio e manutengio extrapolam 0 modelo nucleat ces endo a inidéncia de novesaranjos ios advindos de outros ‘asamentos, guard comparilhada, unies homossexuais et). ‘0 antigo conceito de familia como micleo de reprodusio dou lugar a um novo conceito, que priotiza o,afeto € ‘ompanheirismo, Assim que, um tio morando com 9 sobrinho, ‘bem como a av6 com a neta, ou ainda, dos imilos ou primos, serio considerados fama i oar Mas oEFSECLOGMANCAMIANCENTAS Hii um desmembramento do que ances era uma tinica nida- cde familiar, evoluindo do modelo clissco para formatos menos tradicionais, ou se, com um perfil mais centtado na qualidade das relagdes e no desejo de cada individvo. Existe ainda outro enfoque ou descrigio de familia, que des- ‘aca seu funcionamento e dinfmica. Langa-se sobre os relatos -mentos, laos afetvos, estabelecimento € manutengio de vinew fos, bem como sua forma particular de lidar com problemas, conflitos¢ rituais;enfim, aspectos que retatam a sua realidade ¢ hist, Com isto, o grupo familiar passa também a ser considerado ‘uma entidade dinamica, em constantetransformacio, e busea por hnovas formas de adapracio 2 ralidade que se apresenta, Sofre 20 longo de sua histéria uma diferenciacio estrutural progressva, para adaptar-se as pressOes da vida cotidiana ¢ sobreviver en r inserido num deteeminade contexto € ‘quanco sistema fai ‘momento histéricos. A luz da psicologia sistémica, © homem ¢ visto como ser inserido em sistemas, sendo que © primeira e o principal €a familia. Esta situa e legitima 0 individuo no sen espago social, consttuindo a matric da sua identidade pessoal Ericson (1998), pionero no estudo do ciclo de vida famil- a presenta uma compreenséo dos problemas da fama em fun- ‘io da sua propria trajetSra evolu, consderando narra al- fhumas ocorrécias que ontosercos, mais tad, denominariam “cries prevsives” ow simplesmente “crises”. Deses forma, 0 homem somente poder er compreendido dentro de um aniverso imeracional, wma ver que o seu ciclo de vid individual (ciclo de desenvolvimento, ciclo vital) acontece- sin demo de seu ciclo de vida familia. uirs estudisos passaram entio a dviiro ciclo de vida «an diferentes estigios ou marcos. Dente eles, desta & ethold (2002), que descrevem ma, dente vii de Ciclo Vital, que melhor se adapea&relida- ve sa clasificagio subdivide a familia (ao longo do seu ciclo vital) em quatro etapasnio rigidamente circunscrits, a saber: +a familia ma fase de aguisicao, compreendendo 6 nasei- ‘mento da fami, 0 naseimento dos filhos ¢ a8 fase ini- ciais da via familar; + fama na fase adolescente ~ quando os filo, jé adoles- ‘centes, questionam suas crengas, regras, valores eas re lagies sio revistase readaptadas + familia na fase madura quando os filo aingem a ida ‘de adulta a familia passa por tansigdes importantes, ‘em espetial no que se refere 3 saida do flho de casa e reestruturaglo do sistema conjugal, © + familia na fase ima ~ marcada pelo envelhecimento dos pais e por eransformagdes na estrutua familar, sen- ‘do comum o confronto com a tarefa de comer com os pais idosos, ou quando um dos cbnjuges fica viévo, £ importante destacar que no curso natural do desenvoli- mento da familia €esperado que ocorram crises, despertadas pe- las mudangas decorrentes da passagem por estes cclos. Podem ainda ocorrer sobreposigées de crises (como, casamento € adoccimento concomitantes), dificultando ainda mais a adapta- 0 da familia a essas dificldades ‘Caplan (1964) aponta que apés a instalagio de uma crise, seque-se um periodo de desorganizagio e perturbagio, durante 0 ‘qual so tetas muitasrentativas, nem sempre bem sucedidas, na bbusca por solugdes adequadas. retrato disto & a experiéacia de R, que recebe indicasso irdgica dias aps seu casamento. Durante sua bospitalicagao, em entrevista psicolgica de ro tina, sta esposa (D.) mostrarse muito angustiada, relatando algu- mas situagées de conflito entre familiares, come respito @ sua ca- acide ou logitimidade em assemira posgo de cuidadora de R. (sew mario). v0 san oeRICCLOGCINCAPMEAMOSA 1. senta-seinsegura, temendo no ser capaz de “idar” de [R, percebendo-o muito fag apts a interven cinirgica. Além dso, ele precsova lidar com constanteserticas, cobrancas e dis putas com outros familiares (sora, cunbados.. quanto decisdo tle acompanhar o conjuge nesse momento. ‘Este aspecto acabava sendo mais um, dentre tantos outros, intervenientes na condigéo emocional do casa, exigindo maior moblizagio de recursos psiquicos na tentativa de adaptagio & realidade © a0 momento critic. ‘A intervensio psicol6gica foi dirgida a formulagto conjun- ta de estratégia de enfrentamento e manejo de conlitos psig «os despertaclos pelo momento de crise, pela vivencia hospitalar ‘relagies familiares ~ fortalecendo os vinculos, bem como a re- ‘construgio de expectaivas,sonhos e perspectvas de futuro, ‘A intervengio do psicélogo em hospitais deve parti de um othar diferenciado e abrangente, na abordagem da crise do adoecimento, jf que esta, comamente vem acompankada por foutras crise, igadas a mudangas na vida do individuo ou sua familia, alterando e interferindo (as vezes) de forma indelével no curso de seu ciclo vital, anteriormente mencionado. Ete capitulo propée a reflexio sobre a crise trazida pelo adoecimento e“hospitaligagio” de familiares. Busca também sub- siios para uma intervencio psicoprofilitica,afinada com as ne- ‘cessdades de cada grupo familiar e com a dinmica e funciona: mento da instieuigao hospitalar que se propoe a recebé-los. Familia, Adoecimento € Hospitalizagio ‘A primeira dlficuldade percebida pela familia quando se vé nga pela doenca e hospitalizagio de um ente querido, € a Wusea fuptura do cotidiano, que gera sentimentos de ‘desagregagio, além da interrupgio do curso de 2 ste momento de crise vem comumente acompanhado pelo aumento da ansiedad incerteza, medo, perda da. privacidade ¢ individualidade mum ambiente estranho. (impacto diante de um diagndstco de doengs transforma a rmaneita de viver tanto do paciente quanto de seus familiares, fazendo com que aitades e condutas comportamentais até entio ttlzadas sejam questionadas e revistas, “A hospitalizagio € sempre um evento gerador de estresse, rompend, por vezes, abruptamente com nossiscertezaserotina ‘de vida, sendo para a famvia uma das quest6es mais angustiantes, revelando sentimentos despertados pelo conflito entre a vida € (s familiares confrontam-se como fato de que sas certeras ‘eam ilusrias e ainda precisam lidar com a sensagto de falta de ‘conteole sobre o percurso de adoecimento,recuperagio ou poss bilidade de morte.Desta forma, no €raro encontrat fans com nivel de angista ansiedade elevados quando abservadss ness situagbes. ‘O eneontro oucontato com o membro da familia que st doen te € muitas vezes desorganizador, principalmente se ele for uma Figura signifcaiva e fundamental dentro da dinmica familia. or vezes a familia irk deparar-se com um familiar diferente do conhecido, pois, dependendo da fragilidade provocada pelo ‘adoecer, poderdo ocorrer mudancas (mais ou menos sgnficai- ssn de vas) na imagem que = sinha a pe adoecimento e fragilidade fisica e emocional. Algumasaltragoes fisicas, dependendo de sua dimensio, chegam a difcultar 0 com rato eaté 0 recanhecimento do doente. ‘Com tudo isso, a unidade familiar, com seus objerivos, re gras e padres de relacionamento pr6prios, sofre abalos. O equi- Tibrio ¢ os papéis ocupados podem ser mais ou menos afetados, ‘gerando desequilbrio no sistema familiar como um todo, desen- ‘eadeando a necessidade de mudangas temporirias de papés. scm Quando algum evento importante atinge um dos membros do grupo familiar, nfo hi como os demaisserem poupados; todos ‘ho atingidos.| ‘Até surgimento € a instalagio do adoccer, a estrutura da fama viv numa suposta harmonia, em equilfovio, independente de suas fundagbes terem sido talhadas na uniso ou no confit. Com a ctise gerada pelo adoccimento, iniciativas € compar ‘amentos novos serdo exigidos. Durante esse processo, emergi- Ho angistias e sentimentos que semipre-estiveram presentes € ‘munca tiveram oportunidade de externat-se; asim como capaci- dlades individuais que antes no haviam se manfestado. S40 mo vimentos como esse que podem dificult ou mesmo impossibil taro percurso adaptative diante de uma crs. Some-se isso a restigio de tempo e a urgéncia com que os familiares si0 obrigados a tomar decsdes, exigindo uma ripida adaptagio as exigincias do momento, Além das necesidades de -nndangasintemas, he também presses do ambiente externo (eap- ‘ura da cotina, aspectos financeitos). E, portanto, a historia Prepress, confltose crises mal resolvidas tendetdo a atualizar~ se, aflorando justamente no ambiente hospitaae (Ismael, 2004), Diante de uma situagio nova e inesperada, medos e angst? 28 vividas pelo pacienteatingiéo também sua familia, que en- frentaré 0 momento de acordo com a estramea psiguica de cada ‘membro, bem como da relagio estabelecida entre eles. Frente a adoecimentos com diferentes impactos (quadtos ‘xgudos ou erdnicos, et}, algumas tamibas conseguirdo se ror sganizar naturalmente. Outrasirdo necesstar de um terceiro ele- ‘mento organizador que as ajude a elaborar suas vivénciase pet= clas. Esta & uma das fungies do psicdlogo hosptalar Romano (1997) destaca que quando a esratégias aaptativas ‘empregadas pela familia para lidar com o estresse gerado pela hhospitalizacio do familie forem incficazes, isto se manifestart através de reagdes comportamentais e afetivas, endo as princi- pais: 7 + distibios do sono; + distibios alimentates; uso abusivo do cigarro, alcool, auromedicagio (ansioliticos, antdepressivos); dificuldade de concentracéo; prejuizos no contato social; hiperatividade ou apatias acto da religiosidade Ours estudos citados pela autora destacam aypectos que podem precipitar 0 suegimento ou mesmo elevar o nivel de an- 2° gist familar, durante a hospitalizacio de um de seus membros, © Sto eles: + sibita © inesperada instalagio da doengas + incerteras sobre o diagnésticos sofa, torne-se incapaciado ou + edo de que o pacie falea de privacidade e indvidualidade; ambiente desconecido e impactante; afastamento do pacientes ‘quebra da unidade familia, distanciamento dos demais Familiates amigos; sensagao de isolamento; ‘+ sentimencos de perda do controle, impoténcias esas extraordindrias ou perda de proventos. Intervengoes Possiveis No period da doenga, os familiares adquirem um papel preponderant, por vezes influenciando nas reagbes e comporta- rmentos do familiar dovnte, Sendo assim, seu suporte emacional f se fax tho importante, quanto as demais terapéuticas 2 que 0 paciente € submetido, ‘0 grupo familiar pode contribuir para a adaprago do paciente ‘a watamento,funeionagdo como elo entre seu mundo externa 0 hospital, reassegurando sua identidade, abalada pela incrnagio e doenga. ‘O apoio e acolhimento da familia podem garantie ao pacien- tea integridade de sua subjtvidade, que muitas vezs fica dil dla no ambiente profissional e impessoal do hospital, auxliando- (6 durante o processo de hospitalizagio, para que possa Tottalecerse internamente,suportando 0 afastamento do mundo extern elidando com stuagiesaversvas edificeis, como proce- slimentos, exames e cirurgias Fics evident que para fornecer 0 suporteadequado as necesi- dades do pacient a familia também precisa ser atendida em suas préprias necessidades. Assim como 0 paciente, ela também precisa ser olhada como tnica, com necessidades nica. Desa forma, pode invests, coopera eparticipar de todo o tatamento de se parent. Diante desta realidade, geradora de intensos sentimentos, sofrimento, angistia, é primordial que o psicSlogo hospital ofe- rega um espago de expresso que atenda as demandas emocio- ais suscitadas,favorecendo assim, a eficcia adaptativa dos re- cursos emocionais tanto de pacientes quanta de suas familias. ‘Uma atuagio preventiva, no Aimbito hospitalar, pressupoe © tépido diagnéstico dos transtomos psicol6gicos, que podem tungir tanto pacientes quanco seus familiares. Cade av psiesio~ ‘0 ter uma postura ativa,inserindo-see integrando-se a dina <2 hospitalar, buscando: + conhecer a rotina, as normas ¢ 08 padres de funcios mento da hospi + sensibilizar os membros da equipe de sate quanto 20s aspectos emocionais que sio despertados pelo contato estes com as familias assists; + informarse sobre os aspects geras do caso clinco ata: ‘és da leitura de prontaérios, parcipacio em reunides clinicaswistas médicas e contato difrio com demais ‘membros da equipe de said. ‘A abordagem com as fanfias pode acontecer de duas for mas. A primeira € através de entrevistas de rtina, com objetivo ide conhecer ¢ identificar possiveisdifculdades subjacentes & si- tuagio de hospitalizagio e doenca, bem como sensibilzar os fa- millares quanto aos heneficios de uma intervengio psicolégica adequada a suas necessidades (participagio cm gcupos ‘multifamiliares ou atendimentos& fama nutes). ‘Outca possibilidade si0 os atendimentos mediante solic es da equipe de sae, do paciente e da propria fam ‘Alguns aspectos devem ser observados neste primeiro con- tato,além (€ claro) da compreensio da dinimica de cada fami: + observar sua receptividade e disponibilidades + investigar fantasias, expectativas e experiéncias anterio resem relagio A intervencio psicoligicas + informar sobre objetivase alcances da intervengio no hospitals + abordar primeiramente questées mais amplas, menos ‘confltivas, procurando evitar acitramento das defesas priguicas, De acordo com especificidades e demands de cada nticleo familiar, pode-setabalhar com duas modalidades de atendimen- to: atendimento multifamiliar (grupo) e atendimenco individuali- zado a cada familia nucleat. + Atendimento multifamiliar (grupo) ve Masur oerScorcoucincaPeaHosrO © objetivo do atendimento em grupo com familiares de pa: cientes hospitalizados € a garancia de um espago para live ex pressio de sentimentos, conflitose dividas, valorizando-os ¢ aco. Ihendo-os em sua toralidade ~integrando os aspectos sométicos psiquicos. ‘Como eada partcipante comparttha de problemética seme. thante (como a de ter seu familiar daente ow hospitalizade), ha tum processo de identificacio que, aliado a um clima de confan- ‘2, posibilita que temas delicadas ¢ difceis como dor, culpa ¢ ‘morte possam vir tona de forma explictae deta. Percebe-se que no atendimento individual alguns familiates se mostram receosos em expor seus conlitos © encontram no grupo um espago de liberdade e continéncia, HY, no caso a seguir, um bom exemplo de como 0 es ‘srupal pode beneficiaealgumas familias, 7 Sr B. encontrava-se hospitalizada havia mais de seis meses €m fungio de um infarto agudo do miocidio Severo, e era acom- panbado por dias filbas, que haviam abandonado sa cidade natal e suas vidas para acompanhar 0 processo de recuperagio do pai. Durante os atendimentos familia nuclear, how difculda. de na exposigao de receios quanto d possibilidade de perda do pi (um caso grave, com poucas chances de recuperago). As filha rotegiamese do contato com essa realidade com wn discirso reli. ‘sios0 rigidamente construido, onde ndo havia espago para triste. dow» mado somente 9 0s, como alas ans diziam, “positivos”. Apdsserem estimuladas a patiipar do grupo de familiares e compartlharem dos demas relatos, puderam tar- 4 falar do cansago pelo longo tempo de hospitalizagdo, quanto expressa sentimentos reprimidos e temoresligados & posabilda de de nio “levar o pai com vida para casa” Nos grupos, os familiares, a0 sentirem-se acolhidos e aten- didos em suas necessidades emocionais, comumente correspondem sdotando uma postura de maior comprometimento e implicagio amawvesmazann w no processo de doenga de seu familiar, melhorando assim a rela 0 com este © com a equipe de side que o cerca Nos grupos é possvel observar, através do eelatos eats des das familias, © modo como lidam com o processo de adapt: «80 doenga de wm de seus membros e ambiente hospitalar. Apds «sta observasio diagnstca, opsicdlogo hospitalr pode piorizar 2 intervengio as familias com mais dificuldade de adaptacio, que carecem de atengio individvalzads. fundamental que as familias sintamse acolbidas e eapaci- tadas a compartthar seatimentos, construir estratégiassaudiveis de enfrentamento, ou sea, amadurecee ¢instrumentalzarse para lidar com a angistia ¢ ansiedade, ¢ auxiliar © paciente no cnfremamento da realidade. s grupos com familiares geralmente sio conduzides por pricdlogos, mas € desejivel que, se possivel, haa a paricipagio de outros profssionais da equipe de sade, amplificande seus beneficios. importante que o grupo comece cof uma breve prepara: ‘fo ou aquecimento, quando coordenador discorre brevemen- te sobre 0 processo de adoscimento e implicagdes emocionais para o pacientee para a familia. Apés a explicitagio dos objet- 0s, 0 tempo de duracio €delimitado ea partcipagio da fis, ‘stimulada. Quando 0 tempo vai se esgotando, realza-se wm fe chamento, resumindo 0 que foi discutido, Ao final, éimportante que 0 coordenador coloque-se a dis- posigio dos familiares individualmente, se necessiio, ot atra- 6s do préximo encontro, nomeando die horirio em que sr realizado, importante ressaltar que os grupos com familiares sio aber 1, pois a cada grupo novas familias podem partcipar. Isto im- plica que sempre tenkam comego meio e fim na mest sesso, isto €, todas as questeslevantadas devem ser abordadas e explo radas, pois nem sempre ser possivel dar seguimento em outa sessio, aos conteidos levantados naquele encontra. ae asap De FSEEICGKCNCAREAHOOIS © objetivo primordial desses grupos € que cada fai te ‘ahaa garantia de um espago de escuta, expresso, acolimento, Que cada uma, a seu modo, possa acessar e potencializar seus recursos saudveis, para lidar com a reafidade que se impds pelo adoecimento e hospitalizacio do seu fails + Atendimento Individualizado & Fania Nucl Alem da interven gropal malian 0 psitlogo hos ritslar dpe de outas intervenes de acordo om as dea Gs carers de as fain eupe cambiente Muias verso paso grap mulfamiiar einen fen tes demandascolocadas por algunas fain, princplnente vando a slctagio € urgent, impulsionada por ques impress ‘Outro motivo da abordagem indvidalad é rade cauldsde, manifestada por algumas familias, de cx wtilhar sua dor no erg de preserva sin uniade paid sobre guests ima 0 sored" evita on ein seem {© 6 comato com outs fanfianio compen ns Ila o,peemancendo tm siéncn durante 0 mes Com a atengio invidunt, proarase ander 3 de smandss que extaplem o lies lence da itervento tropa, poriando as fine qe nostrem-se mais compromeridas emocionalmente, apre- sentando recursos psfquicos insuficientes para lidarem ‘com situagio; + demandem atendimentos mais freqientes; + apresentem maior descontrole no nivel de ansiedade & angsty + requeiram maior atengio ¢ espago de expressio; apresentem maior comprometimento pafguico ou + exijam intervengio imediata, rmsnconao uae A abordagem indviduaizada fai envolvesessdes cont snimerovaridel de participants, desde um asl até um ou muitos, familiares do mesmo ncleo; comanto que apresetem dsponi- Wildade e demanda para o atendimento, © miimero de sssoes, intervalo entre as mismas temiticasofrerdo varagdes de acor do com a necessdade de cada cao ‘A escofha pelo atendiment indvidualizado pode partir da propria familia espontaneamente), de uma solictago da equipe de sae on ser motvada pela observagio do psicélono. ‘As solicages de tenet fais por part da equ- pe ocortem a qualquer momen, obrigando o psiablogo a reor fanizar se planejamento dilrio de trabalho, de acordo com as hecesidades prementes que surpiem a0 longo do dia "Algumas des soliagbes de atendimento& fami seque rem a investigacio de aspctospecuiares da unidade familia. B possvel, nit contato mis reservado, abordarespecificiades © aprofundar dads, ampiando a compreensio sobre o caso, com Seaientemente asando con mais seguranga nas intervenes coma equipe eo paciente ‘Vale desacar que 0 trabalho com familias, assim como em ‘outeas abordagens,exigré que o profissional consign lidar com frastragio, ecusas, resistencias ¢ com a5 osclacées freqentes cm seus estados emocionas. Apesr da saga de cise favore- Cer a eclosio de conteidospsigucos,sabese que hi sambém 0 feareanjo e acirramento das defens da familia, dilieulando 0 Contato e eataelecimento de um vinci de coniangs ‘Ro sentir ameagada em sua integrdade, ou mesmo pre- servanclo mudangasem sa estatura, algunas fami tendetio 2 recusar uma imervengo pscolgica de vris maneiras:evitan- do o contato como profissiona,verbalizando pouco ov a6 ten- tando imped oatendimento so familiar doen. (51 anos) uma das filhas da Se. J. (82 anos) astra bem sum deses e208. Sux me estava interada, por complcagdes de uma doenca candlacacronica que se agravou a longo de aprasimadamente dans, L. permanecia diuturnamente no hospital, nao permitin- cdo que outros familiares a auciliassem em relagdo nos cui dos cont a mde, apesar de estes mostrarem-se dispontveis. Por sua vez, Sra J. telatava que s6 L. sabia atender suas necessida- des. Nao foi dificil perceber que a angiistia de separigio (mo- ‘menténea), manifestada por ambas, indicava o estabelecimen- 10 de um vinculo patolégico, erbnico (anterior 2 internacdo), intensificado pela fantasia de morte. Tudo passow a ser ameagador. Neste momento, a aproxinic (io de terceros era interpretada por ambas como ameaga @inte- _ridade e manutencao de wma estrutura de relacionamento muito amiga e cristalizada, ‘Jd era de se esperar que 0 contato com a pscblga seria dificil «tanto Sra. J. quanto L.recusaram os atendimentosdsponibilizades. Em momentos como ese, exercitaseo respeto as imitacdes « possibilidades, a acetagio e sxperagdo frente ds difculdades (re sa, impoténca), para genuinament, estar dispontuel, se ocorre- rem nnudangas ow novas oportunidad. Com 0 agravamento do quatro elinicoe grande posibilidade de morte da Sra. J. (aparentemente 0 tinico vinculo e motivagao para a vida de 1), 08 demais familiares passanam a permanecer conjuentamente com L. no hospital, acirando conflitose rivaida- des com respeito aos cuidados da mae. 2s uiruiomenios pivots aus demais familiares, posstbr- Iitaras a ampliagdo de informagées sabre a constituicao ehist- ria da familia, possibilitando sama intervengio com os membros disponieis. “Apesar dos limites quanto ao desenvolvimento de wm taba: tho mais dteto com a dade mee filha (Sra. e L.), foi possvel a intervengdo com o: demais familiares. ‘Nos atendimentes, foi possivel abordar questessgnificatoas ra a cnstituigdo ¢ manutencto da dima familar, resultado cert mais compreensao e tolerdncia dos irmdos frente ds reacaes ide L.. Ocorreram algemas mudancas nos contatos entre irmaos, ‘bservando-se maior aproxiniagdo, fortalecimento dos lagos ‘afetivos, possibilidade de didlogo sobre estratégias de tenfrentamento, sobre 0s sentimentos despertados pela proximi dade da morte constituigio de rede de apoio a L., nos tltimos momentos de vida da rade. ‘Nao é raro ocorter 0 comtato com as familias em salas de espera ou corredores do hospital Para muita dels, o setting oferecido pelo psicSlogo (sala de atendimento, quarto vazio do paciente) parece ameagador. Mui tas vezes a inica posbilidade de abordagem restinge-se a con tatos menos formais, porém, no menos profundos, significa vos ou terapeuticns. ‘Uma atengio particalarizada e eficaz requer conhecimento,, cquilirio, atengio as nevessidades,disponibildade, capacidade ddeadaptagio.e manejo do profisional, equipeeinstituigio, aque- les que os bascam. © confronto da familia e © adoceer com: 4) a doenca aguda Dentre as questées travidas por uma doenga aguda esti 0 impacto diauwe de um diagisst “Tanto 0 individvo quanto sua familia deparam-se com a ameaga vida e, em eurto espago de tempo, se véem obrigads 3 tomar uma série de decises, na tentativa de enfentar essa nova condigho da melhor maneita possvel. uma doenga para 2 qual ambos no puderam prepararse. : Surgem neste momento urgénclas médica, psicoligias & imespessosis, despertanda nos familiares 4 necessidade de reor ‘ganizagio imediata. we uno COIOGKANUCAREAHORRAS E comum que a fami, neste momento, encontte- em cise on diviida. De um lado, precisa protege sua inegridade,eenden- do a reforar os papéis jf crisalzados, a sua idenidade. Por outa lado €impelida a reunir esforgos progressivos para reestumrarse, na busca de solugdes para os problemas prententes Diamte disso, é fundamental que a intervencio psicolégica favoresa 0 processo de adapracio da fami visandos + simula a expresso de sentient, fantasia, expec + incenivaro conto e busca por informagis pecs, bem como una pstra aia dante da donna do + auxiliar no Processo de reorganizagio dos papéis familiares; : + Gvorece a concentiago de recursos e estas de cnifentamene, + desenvolver efortlecer estas para lidar com ax questéesimpostas pela docng, como por exemple: ¢ deciio e parcpagto quant i ops de tratameno, telaconamento com a equipe de ste, akerages 0 + shordat a8 pempecivas de mudanas, vaculadas 205 projetos de vida pssados furs) fente 9 nova b) a doenca erénica “A doensa cronica caratetizase por um curso longo, po- ddendo ser incurével, deixando seqiela e impondo limitacées 3s fangoes do individuo, requerendo adaptacio” (Vieira 8 Lima, 2002, p. $53). ww sates nas Diferentemente de um quadto agudo, a doenga exdnica exi- ‘ge uma continua adaptagio e alteracio mais ou menos perma- nente de papéis na dindmica familiar. ‘A daenga erdnica tem duracio indeterminada curso imprevisivel Pode estender-se por muitos anos, gerando uma cres cente sobrecarga 20s cuidadores tanto pelo cansago ou exaustio, {quanto pelo continuo acréscimo de novas tarefas 20 longo do tempo, além da perda (ou reducio) de seu pr6prio espaco. ‘A vivencia em famalia de uma doenca erdnica € pontuada por uma série de crises que incidem sobre todos os seus mem- bros, com tendéncia a se agravar a0 longo do tempo. ‘Neste sentido, aintervensio do psicdlogo deve evar em conta 4 flexbilidade da tede familiar, acompanhando a reformulaglo de papéis, bem como sua disponiilidade para buscar recursos ‘Sendo assim, acreditase que 0 psicdlogo possa: + ajudar no processo de aceitagio e adaptagto as limia- ‘goes impostas pela doenca crénicas + estimular o dislogoe reflexio entre os familiares sobre a redefinigio de papéis e tarefas a0 longo do curso da doengas + favorecer a conscientizagio eo fortalecimento dos re- cursos psfguicos para manejo do estresse, bem como ingerumentalizar (com informagses ¢ orientagdes) para + propor espago de reflexo aos cuidadores, sobre a im- pportincia do aurocuidado,controle do nivel de estresse ‘e momentos pessoas de lize, minimizando a predispo- siglo a0 isolamento sociale prejutzos a sade, 6) 0 familiar “incapacitado” 4s doengas incapacitantes implicam prejuiza do desempe- sho ou capacidade do organismo na esfera cognitiva (doenga de Alaheimer,lesescerebras), sensorial (cegucia, sutde2) ¢ motora (escleyose milkipla, AVC com hemiparesia, amputagbes). E importante salientar que os diferentes tipos de incapacitagio levam a diferentes adapraghes, as quais a familia gerenciaré. Se um paciente apresentar uma combinagio de déficts (por cexemplo, motor e cognitivo) isso vai exigir ima reorganizacio, de papéis mais abrangente, do que no caso de outro individao que apresenta apenas uma das esferas comprometida, ‘Fi nas doencas progressvas, a incapacidade vai intesifican- dovse 20 longo do tempo, agravando-se paulatinamente em fases subsegentes. Nesses casos, a0 mesmo tempo em que a familia tende a sofrer uma sobrecarga maior, hi a posibilidade de anteci- pagio das implicagdes futras, permitindo uma preparag. Una familia que consiga similar ess aspoctos tenders a ex :mular 0 posiionamento nas tivo e participative do doente frente a docides © mudangas necessiris, durante a evolu de sa doensa, Vale destacar que 0 efeito da incapaciasio em cada grupo familiar dependers de alguns aspectos tais como o tipo ou di- 'mensio da incapacitagéo, papel lugar desempenhado pelo fa- tmiliar acometido na estrutura e dinimica failag, flexbilidade « recursos intrafamiliares,além da fase de desenvolvimento em ‘que a familia se encontrar. ‘Um exemplo interessante &a experiéncia da Sra. A, esposs do Sr. M. St M, vem de outro estado para submeterse a cimagia de aneurisma de aorta abdominal. Na primeira visita d UTT, wm dos ‘médicos informa a Sra. A. sobre a ocorréncia de complicagdes

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