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GEOPHYSICAL CHARACTERIZATION AND MODELLING IN THE CRATER OF

THE VOLCANO OF FOGO, ISLAND OF FOGO, CAPE VERDE

Conference Paper · March 2017

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5 authors, including:

João Duarte Marco Cunha

University of Coimbra University of Coimbra
18 PUBLICATIONS   57 CITATIONS    9 PUBLICATIONS   1 CITATION   

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Fernando Pedro Figueiredo António Pina

University of Coimbra University of Cape Verde
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Prospeção Geofísica View project

Coastal Monitoring using UASs View project

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 CARACTERIZAÇÃO E MODELAÇÃO GEOFÍSICA NA
CRATERA DO VULCÃO DO FOGO, CABO VERDE
GEOPHYSICAL CHARACTERIZATION AND MODELLING IN THE CRATER OF
THE VOLCANO OF FOGO, ISLAND OF FOGO, CAPE VERDE

João Duarte (1), Marco Cunha (2), Fernando Figueiredo (3), Sónia Victória (4), António Pina (5)
(1)
IQGeo – Serviços, Lda. e Centro de Geociências da UC, Portugal, joao.aduarte@iqgeo.pt
(2)
GeoSurveys – Consultores em Geofísica, Lda., Angola, marcoaureliocunha@gmail.com
(3)
Centro Engenharia Mecânica, Materiais e Processos, Centro de Geociências da UC e
Departamento de Ciências da Terra da UC, fpedro@dct.uc.pt
(4)
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Univ. Cabo Verde, sonia.silva@adm.unicv.edu.cv
(5)
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Univ. Cabo Verde, antonio.pina@adm.unicv.edu.cv

SUMMARY
The use of the Transient Electromagnetic Method (TEM), in the island of Fogo, Cape Verde, aims to enable a
thorough characterization of the geological structure of the volcano crater of Fogo and its monitoring in the face
of its huge local and regional importance, with a view to the prevention of risks, and a land management more
effective, enabling responsible authorities the adoption of appropriate preventive measures and the generation of
alerts in a timely manner.
The construction of 3D models, obtained through this method allow an insight of subsurface, through the
construction of geophysical-structural models, as well as the understanding of their spatial relation, contributing
to a better knowledge of the subsurface of the crater of the volcano on the island of Fogo.
Twenty one electromagnetic soundings were performed with the transient electromagnetic method, in the locality
of Chã das Caldeiras, on Fogo Island, Cape Verde. The equipment used was a FAST-TEM, with square antennas
of 200m aside, in order to achieve in-depth geological structures and to cover a vast area, intercepting as many
volcanic cones that are visible on the surface.
The geophysical anomalies are correlated with the geology and the volcanic events, showing a good correlation
among them. It was verified the existence of non-outcropping faults, which are not represented in the existing
geological cartography. The construction and interpretation of this model is a contribution to complement existing
cartography as well as source of information for future work in the geological-structural area, risk assessment
and volcanic monitoring.

Introdução O método apresenta várias vantagens que fazem com

O uso dos métodos electromagnéticos de prospecção
é cada vez mais corrente devido à facilidade de
operação com os equipamentos de medida e à rápida
recolha das medidas de campo. Estas vantagens são
importantes do ponto de vista económico, tendo estes
métodos uma grande aplicação em zonas com
camadas superficiais muito resistivas, ou seja, onde
os métodos eléctricos de resistividade são de difícil
aplicação devido às resistências de contacto
eléctrodo/solo elevadas.
A utilização do Método Electromagnético de
Transiente (TEM), permite uma abordagem rápida e
eficiente para localização das estruturas geológicas
em profundidade. A construção de modelos
geofísico-estruturais 3D, permitem uma perspetiva
das estruturas geológicas e da fracturação, bem como
estudar a relação espacial dessas mesmas estruturas,
contribuindo para um melhor conhecimento da
subsuperfície da cratera do vulcão da Ilha do Fogo.
que seja muito utilizado em estudos de prospeção
geofísica aplicados a diversas áreas de estudo, de uma
forma geral, direcionada para o estudo da prospeção
mineira de depósitos minerais profundos, fornecendo
bons resultados na determinação da sua geometria e
desenvolvimento vertical e horizontal (Duarte, 2014).
Esta técnica, permite a deteção e localização de
formações que exibam valores de resistividade
contrastantes com os do restante meio geológico
(AEMR, 2007), condições essas que se verificam
existir no local estudado.
A facilidade de transporte e versatilidade do
equipamento, baixo custo operacional e fiabilidade
dos dados, permite um vasto campo de aplicação e
tornam os trabalhos de campo relativamente
expeditos (Correia, 2010).
Este método tem elevada resolução vertical,
apresentando bons resultados na detecção e
localização de formações que exibam valores de
resistividade contrastantes com os do restante meio
geológico.
A aplicação deste método em zonas vulcânicas
aparece vulgarmente associado a estudos
hidrogeológicos de modo a identificar a circulação de
fluidos hidrotermais e os sistemas aquíferos, sendo de
realçar os estudos desenvolvidos no vulcão Kilauea
no Hawaii, Monte Somma-Vesuvio em Italia, vulcão
Piton de la Fournaise na ilha de Réunião, vulcão
Newberry, Oregon, USA e caldeira Masaya na
Nicarágua (Kauahikaua, 1993; Fitterman et al., 1988;
Lénat et al., 2000; Manzella et al. 2004; MacNeil et
al., 2007).

1. Objetivos
O trabalho efectuado teve por objetivo a
caracterização geofísica e estrutural do local dos
ensaios, no vulcão do Fogo, elaborando modelos 2D
e 3D que permitam uma melhor visualização e
monitorização das estruturas vulcânicas
subsuperficiais existentes e a identificação de riscos
associados às estruturas vulcânicas.
A campanha de campo serviu paralelamente, para
avaliar e validar a utilização de metodologias
expeditas e de baixo custo, aplicadas à caracterização
geofísica/estrutural, em ambiente vulcânico.
2. Caracterização física da área de estudo
A ilha do Fogo pertence ao grupo de ilhas do
sotavento do arquipélago de Cabo Verde e possui
uma área de 477km2 (Figura 1), com uma altitude
máxima de 2829m no cone central Pico e uma cratera
com 9km de diâmetro, sendo de realçar que a cratera
apresenta uma fenda na sua bordadura oriental.
Esta ilha apresenta características de natureza
vulcano-estratigráfica, patenteada na cronologia dos
acontecimentos geológicos (Figura 2).
As rochas basálticas do Fogo, que ocupam a maior
parte da ilha, sob o modo de escoadas, filões e
chaminés, correspondem à fase efusiva, enquanto que
os inúmeros cones vulcânicos de material
piroclástico, também basálticos, correspondem à fase
explosiva das erupções (Machado & de Assunção,
1965).
Figura 1 - Localização da ilha do Fogo no arquipélago
de Cabo Verde, assinalada com um polígono.
(adaptado de http://www.portugalcaboverde.com)
Desde que há registos de erupções vulcânicas no
arquipélago de cabo verde (1500) já se registaram 27
erupções, sendo 11 destas no interior da caldeira. As
últimas erupções registadas ocorreram em 1951, 1995
e a última erupção ocorreu em Novembro 2014.
Os trabalhos de prospeção geofísica foram
localizados em terrenos constituidos por antigas
escoadas vulcânicas e terrenos de idade Holocénica e
Plistocénico, como se pode observar na figura 2.
Na legenda desta figura foi assinalado, com setas, as
formações geológicas e vulcânicas abrangidas pela
área estudada.
Após a erupção de 1995 foram efetuados estudos com
vista à caracterização tectónica da ilha, o que permitiu
identificar três sistemas de falhas principais, com
direção NW-SE a WNW-ESE, N-S e NNE-SSW.
Este sistema de fracturas e estruturas está
representado na figura 3.
Figura 2 - Carta geológica da ilha do Fogo, Cabo Verde, na escala de 1:50000 e localização da área estudada,
estando assinaladas na legenda da figura, com setas, as formações geológicas e escoadas vulcânicas abrangidas
pela área estudada (adaptado de List et al., 2007).

3. Metodologia
A resistividade elétrica de uma formação geológica é
sensível à sua porosidade, ao teor de água, à
salinidade, à temperatura e ao aumento da presença
de minerais de argila. Todos estes factores, acrescidos
das heterogeneidade verticais e laterais são factores
importantes que contribuem para a monitorização de
vulcões e sistemas hidrotermais através de métodos
de prospecção geofísica que usem a propriedade
física da resistividade eléctrica (Revil et al., 2002). Os
edifícios vulcânicos tendem a ter uma estrutura
permeável que é facilmente infiltrada por água
meteórica. Estes sistemas hidrotermais desenvolvem-
se onde a água meteórica descendente encontra
fluidos quentes e magmáticos, podendo estes ser
utilizados para produção de energia eléctrica a partir
da geotermia.
Os conceitos teóricos, técnicas de interpretação e
campos de aplicação do método TEM estão descritos
no trabalho de McNeill (1994).
Figura 3 - Esboço estrutural da Ilha do Fogo e
localização da área estudada (adaptado de Brum da
Silveira et al., 1997).
A aplicação do método TEM teve como objetivo
seleccionar as metodologias de prospeção (dimensão
das antenas, espaçamento entre sondagens e
parâmetros físicos do equipamento) em ambientes
vulcânicos, de modo a contribuir para a interpretação
geofísica, geológica, estrutural e hidrogeológica.
Foram efetuadas 21 sondagens com o método
eletromagnético de transiente, na proximidade da
localidade de Chã das Caldeira, na Ilha Fogo, Cabo
Verde. Foi utilizado o equipamento TEM-FAST, com
uma antena de geometria quadrada e dimensão com
200m de lado, de modo a alcançar estruturas
geológicas em profundidade. A antena utilizada era
de uma única espira funcionando como transmissora
e receptora do sinal.
A distribuição dos 21 pontos de amostragem, foram
seleccionados de modo a abranger uma vasta área,
intercetando o maior número de estruturas existentes
(cones piroclásticos, escoadas e falhas) (Figura 4).
(a)
)
(d)
)
Figura 4 – (a) localização da área de estudo, polígono
branco. (b) Localização das 21 sondagens
electromagnéticas e cones das 3 erupções (1951, 1995
e 2014) (adaptado do Google Earth, 2017).
Para cada uma das sondagens, foi efetuada a
georreferenciação do seu posicionamento, no ponto
central da antena, tendo a topografia sido incorporada
na interpretação dos modelos com recurso aos
Modelos Digitais de Terreno (MDT) posteriormente
construídos. Este procedimento é sempre necessário
para posicionar as estruturas geológicas interpretadas
em relação à topografia do terreno e poder estabelecer
correlações entre as estruturas geológicas sem erros
de interpretação estrutural.
Depois de alguns testes onde foram alterados alguns
parâmetros, de modo a obter os dados com menor
ruido possível e maior profundidade de investigação,
o equipamento foi configurado para a aquisição ser
efectuada com os seguintes parâmetros: Stack: 10;
Time: 5; Frequência: 60Hz; Intensidade da corrente:
4A (com utilização de duas baterias de 12V, com
tensão de alimentação de 24V).
Dos levantamentos geofísicos realizados, 1 a 21 os
dados recolhidos foram processados no programa
TEM-RES-WIN (AEMR, 2009), tendo-se procedido
à sua inversão para obtenção do modelo.
Os dados foram interpretados por algoritmos
convencionais de inversão 1-D, com inversão Occam
e Marquardt, e por uma inversão quasi-2-D com
limitação lateral.
Na primeira etapa do processamento procedeu-se à
inversão dos dados adquiridos. Este procedimento
permitiu obter informação sobre a espessura,
profundidade dos horizontes geofísicos, assim como
a distribuição de resistividades nas sondagens 1D.
Foram seleccionados alinhamentos com as sondagens
interpretadas e que atravessavam as estruturas
geológicas que se pretendiam estudar de modo a estas
sondagens serem correlacionadas entre si e posterior
construção dos perfis 2D (Figura 5).
(a) (b)
) )
(c) (d)
) )
Figura 5 – (a) e (b) Plantas de localização das
sondagens utilizadas para construção dos Perfil 1 e 2,
respectivamente. (c) e (d) Modelos obtidos dos Perfis
1 e 2, respectivamente.
Os resultados de inversão das sondagens foram então
interpolados em formato voxel data para
representação tridimensional das estruturas
interpretadas, tendo-se procedido sequencialmente à
integração no modelo geofísico da topografia e do
excerto da carta geológica, para constrição e
coadjuvação na interpretação.
4. Resultados obtidos
Na figura 6a está representada a área abrangida pelos
estudo. Na figura 6b apresenta-se o modelo 3D,
construído a partir dos dados processados, podendo
observar-se anomalias com valores de baixa
resistividade (<400ohm.m) que poderão corresponder
ao nível freático dos aquíferos (Figura 6b(2)). As
anomalias com valores de alta resistividade
(>2000ohm.m), poderão corresponder a escoadas de
lava (Figura 6b (3)), que preencheram uma estrutura
de subsidência originada por falhas E-W (eventual
estrutura de um graben) (Figura 6b (4)). A anomalia
com valores de resistividade (≈1650ohm.m)
localizados a SE (Figura 6b (5)) parece evidenciar
uma estrutura associada a uma câmara magmática
com soleiras e diques, coincidente com o alinhamento
do cone piroclástico da erupção de 1951. Verifica-se
a presença de um possível rejeito provocado por uma
falha vertical, com direção aproximada E-W (Figura NE-SW (Figura 6b (8)), poderão estar relacionadas
6b (6)), e a presença de estruturas com direção N-S, com o alinhamento dos cones piroclásticos das
NE-SW (Figura6b (7)), que poderão corresponder a erupções de 1951 (Figura 6b (9)).
falhas verticalizadas. Algumas das falhas com direção

Legenda da figura: 1) Localização das sondagens electromagnéticas; 2) Nível freático; 3) Escoadas de lava; 4)
Falhas E-W (eventual Graben); 5) Resistividades associadas a estruturas magmáticas; 6) Falhas verticais E-W; 7)
Falhas N-S, NE-SW; 8) Falha relacionada com o alinhamento do cone piroclástico da erupção de 1951; 9) Cone
piroclástico com data da erupção; 10) Cones piroclásticos com datas da erupção.

Figura 6 (a) Localização da área estudada na Ilha do Fogo. (b) Localização das 21 sondagens electromagneticas,
modelo geofisico proposto obtido com a interpretação dos dados e estruturas geológicas/vulcânicas associadas.

A melhoria qualitativa e quantitativa introduzida por

5. Considerações finais
O método eletromagnético de transiente revela-se
como um método expedito e pouco dispendioso, que
permite a aquisição de dados de elevada qualidade em
ambiente vulcânico. Essa qualidade reflecte-se nos
modelos construídos e que são validados pelas
observações de campo que foram efectuadas durante
a campanha de prospecção.
A partir da interpretação deste modelo, parece haver
um controlo estrutural das anomalias geofísicas
subsuperficiais com relação direta a morfoestruturas
existentes à superfície (falhas e descontinuidades),
que atesta a qualidade da aquisição de dados em
ambiente vulcânico.
Foram detectadas a existência de falhas não
aflorantes, que não estão representadas na cartografia
geológica já existente. A interpretação deste modelo
é um contributo para complementar a cartografia
existente assim como fonte de informação para
trabalhos futuros na área geológico-estrutural,
avaliação de riscos e monitorização vulcânica.
Os modelos 2D e 3D permitem uma visualização das
estruturas geofísicas e estudo das suas relações
espaciais, podendo a sua interpretação ter significado
litológico ou estrutural, contribuindo para um melhor
conhecimento da estrutura vulcânica.
esta modelação geológico/estrutural, permitirá
avaliar com maior precisão e rapidez os riscos
associados à evolução da atividades do vulcão.
Com base nestes resultados, propõe-se que em
trabalhos futuros deverão ser efetuadas mais
sondagens eletromagnéticas, ou utilização de outros
métodos de prospeção geofísica com maior resolução,
e sua integração, que cubram a totalidade da área do
aparelho vulcânico, de modo a permitir uma melhor
caracterização geofísica, geológica e estrutural.
Complementar aos ensaios geofísicos, sugere-se
caracterização geológica-geotécnica das vertentes do
aparelho vulcânico, de modo a definir as zonas de
risco, e as suas implicações. Procura-se um
zonamento direcionado para a prevenção e
minimização de riscos, que permita o estabelecimento
de condicionantes à ocupação humana, como forma
de melhorar a gestão territorial.
A modelação integral da estrutura vulcânica, emersa
e submersa, superficial e sub-superficial permitirá
uma monitorização mais rigorosa, propiciando uma
análise aprofundada dos riscos de instabilização
generalizada da estrutura vulcânica e da possibilidade
de se desenvolver, por exemplo, um mega tsunami de
consequências devastadoras quer para o arquipélago
de Cabo Verde, quer para toda a costa atlântica.
 Agradecimentos
À IQGeo que disponibilizou equipamentos e suporte
financeiro para a deslocação a CaboVerde.
Ao Centro de Geociências da Universidade de
Coimbra e ao Departamento de Ciências da Terra da
Universidade de Coimbra que disponibilizou o
equipamento TEM-FAST.
À Universidade de Cabo Verde pelo apoio financeiro
e logístico disponibilizados para a realização de
missão.
Agradecemos igualmente ao técnico Paulo Fernandes
da UniCV pela colaboração prestada.
Agradecemos o apoio financeiro da FCT-MEC
através de fundos nacionais e, quando aplicável, co-
financiado pelo FEDER no âmbito da parceria
PT2020, através do projecto de investigação
UID/Multi/00073/2013 do Centro de Geociências.
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