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Os Lusíadas de Luis de Camões

Luis de Camões: Nasceu provavelmente em 1524 ou 1525, em Lisboa. Segundo a Wikipédia,


vivia uma vida boêmia e turbulenta. NICOLA, José (1999, p. 77) diz que viveu nas colônias
portuguesas da África e da Ásia, chegando a morar em Macau, colônia portuguesa na China.
Moises Massaud (2002, p. 81) relata que em 1572 dá a público Os Lusíadas, pelo que passa a
fazer jus a uma pensão der 15.000 réis anuais. Esse auxílio foi concedido pelo rei D. Manuel, a
quem fora dedicado o poema, valor que não recebeu com regularidade. Camões morreu pobre e
abandonado, em 10 de junho de 1580, sendo enterrado como indigente, em vala comum. Pouco
depois de falecer a sua poesia começou a ser reconhecida como valiosa e de alto padrão estético
por vários nomes importantes da literatura europeia, ganhando prestígio.

Classicismo: movimento artístico cultural que ocorreu durante o período do Renascimento (a


partir do século XV) na Europa. Marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, faz
referência aos modelos clássicos (greco-romano).
No campo da literatura, Classicismo é o nome dado aos estilos literários que vigoravam no
século XVI, na época do Renascimento. Por isso, a produção desse período também é chamada
de Literatura Renascentista.
Contexto Histórico: Na idade Média, período que durou dez séculos (V ao XV), o principal
atributo da sociedade era a religião. Esse momento esteve marcado pelo teocentrismo, cujo lema
eram os dogmas e preceitos da Igreja Católica, que cada vez mais adquiria fiéis. Assim, pessoas
que estivessem contra ou questionassem esses dogmas, eram excomungados, além de sofrer
alijamento da sociedade, ou em último caso, a morte.
O humanismo, que surgiu a partir do século XV na Europa, muitos estudiosos foram capazes de
propor novas formas de análise do mundo e da vida, que estivessem além do divino. Ou seja,
apresentavam questões baseadas na racionalidade humana e no antropocentrismo (homem no
centro do mundo). Esse momento esteve marcado por grandes transformações e descobertas
históricas: as Grandes Navegações; a Reforma Protestante (que levou a uma crise religiosa)
encabeçada por Martinho Lutero; a invenção da Imprensa pelo alemão Gutenberg; o fim do
sistema feudal (início do capitalismo); o cientificismo de Copérnico e Galileu.
Foi nesse contexto que as pessoas buscavam novas expressões artísticas pautadas no equilíbrio
clássico. Assim, surgiu o renascimento cultural, período de grandes transformações artísticas,
culturais, políticas e que espalhou-se por todo o continente europeu.

Classicismo em Portugal: compreende o período literário do século XVI (entre 1537 e 1580).
O marco inicial do movimento foi a chegada do poeta Francisco Sá de Miranda à Portugal.
Ali, ele se inspirou no humanismo italiano, trazendo uma nova forma de poesia: o “dolce stil
nuevo” (Doce estilo novo).
Esse novo modelo estava baseado na forma fixa do soneto (2 quartetos e 2 tercetos), nos versos
decassílabos e na oitava rima.
Além de Sá de Miranda merecem destaque os escritores portugueses classicistas:
Bernardim Ribeiro (1482-1552), com sua novela “Menina e Moça” (1554);
António Ferreira (1528-1569), com sua tragédia “A Castro” (1587).
No entanto, foi a partir de Luís de Camões, um dos maiores poetas portugueses e da literatura
mundial, que a literatura portuguesa ganha notoriedade.
O Classicismo em Portugal permaneceu até 1580. Esse é o ano da morte de Camões e também
da União das Coroas Ibéricas, aliança estabelecida até 1640 entre Espanha e Portugal.
Obs: No Brasil, esse período literário ficou conhecido como Quinhentismo.
As principais características do classicismo são: Antiguidade clássica, Antropocentrismo,
Humanismo, Universalismo, Racionalismo, Cientificismo, Paganismo, Objetividade, Equilíbrio,
Harmonia, Rigor formal, Mitologia greco-romana, Ideal platônico e de beleza.
Os Lusíadas: (1572), Os Lusíadas, narra a aventura marítima de Vasco da Gama, às Índias é a
grande epopeia classicista do povo lusitano. Publicada em 1572, o poema é considerado o maior
poema épico da língua portuguesa, O poema é constituído por 1.102 estrofes de oito versos cada
uma, o que resulta em um total de 8.816 versos. Camões utilizou em sua obra somente versos
decassílabos, ou seja, de dez sílabas métricas. ...
As rimas aparecem da seguinte forma: o primeiro verso rima com o terceiro e o quinto; o
segundo verso rima com o quarto e o sexto; e o sétimo e o oitavo rimam entre si (o que é
representado pelo esquema ABABABCC). Essas estrofes são chamadas de oitava-rima. Além
disso, o poeta inseriu na obra diversas rimas internas, o que causa efeitos de assonância
(sonoridade das vogais) e aliteração (sonoridade das consoantes), isso tudo disposto em 10
partes, chamadas de cantos na lírica e eles em 5 partes que não são proporcional.

A narrativa organiza-se de forma anacrónica: Passado – reconto da História de Portugal desde


as origens até D. Manuel I. (analepse) Presente – tempo da ação central do poema, ou seja, da
viagem de Vasco da Gama, iniciada “in media res”. Futuro – Profecias. (prolepse)
Título: Camões foi buscar a palavra “lusíadas” numa epístola escrita por André de Resende, em
1531. A palavra significa ‘lusitanos’. Os Lusíadas são os próprios lusos, equivale a «Lusitanos»,
isto é «Portugueses». Na mitologia romana, Luso foi o suposto filho ou companheiro ou
descendente de Baco, que povoou a parte mais ocidental da Ibéria. pastor lendário da Lusitânia
e filho ou companheiro de Baco. (canto 3 estrofe 21)

Herói: O herói de Os Lusíadas não é apenas Vasco da Gama, como se poderia pensar numa
leitura mais superficial, mas sim todo o povo português (do qual Vasco da Gama é digno
representante). O próprio poeta afirma que vai cantar ‘as armas e os barões assinalados’ que
‘navegaram por mares nunca dantes navegados’. Ou seja, todo o povo lusitano navegador que
enfrenta a morte pelos mares desconhecidos (lembre-se de que corriam várias lendas sobre o
Mar Tenebroso). Mas considerando-se o papel desempenhado por Vasco da Gama no poema,
poderíamos afirmar, sim, que ele é o herói de Os Lusíadas. Conciliando as duas ideias, podemos
afirmar que o poema apresenta um herói coletivo, que é todo o povo português, individualizado
na figura de Vasco da Gama, que seria assim o herói individual.

Tema: O poeta deixa expresso o tema da epopéia já nas duas primeiras estrofes: a glória do
povo navegador português, isto é, os navegadores que conquistaram as Índias e edificaram o
Império Português no Oriente (‘E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto
sublimaram’), bem como as memórias dos reis portugueses que tentaram ampliar o império (‘E
também as memórias gloriosas / Daqueles reis que foram dilatando / A Fé, o Império... ’).
Portanto, Camões cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos navegadores, os reis do
passado; em outras palavras, a história de Portugal desde a fundação da nacionalidade até ao
século XVI (data em que Camões escreve a obra).

A narrativa organiza-se em quatro planos:


1. Plano da viagem: a viagem de Vasco da Gama de Lisboa até à Índia. Saída de Belém,
paragem em Melinde e chegada a Calecut.
2. Plano Mitológico: em alternância, ocupam uma posição importante.
3. Plano da História de Portugal: quando Vasco da Gama ou outro narrador conta, por
exemplo, ao rei de Melinde, a História de Portugal. Está encaixada na viagem.
4. Plano do Poeta: ou as considerações pessoais aparecem normalmente nos finais de
canto e constituem, de um modo geral, a visão crítica do poeta sobre o seu tempo.
CANTO I: acontecimentos importantes:
 O Concílio dos Deuses (estrofes 20 a 41).
 A ilha de Moçambique e o piloto mouro.

Começa com a estrutura própria de uma Epopeia: É dividido em 5 partes:


1. Proposição (3 primeiras estrofes): O poeta diz o que é que vai contar/cantar.
2. Invocação (estrofes 4 e 5): Pede ajuda às Ninfas do Tejo para o inspirar.
3. Dedicatória (da estrofe 6 à 19): Dedica o poema a D. Sebastião, incita-o a fazer
grandes coisas e pede-lhe que dê atenção à sua obra.
4. Narração (a partir da estrofe 19): começa a contar a história: a armada está no mar
quando os deuses se reúnem para deliberarem sobre esta empresa. Temos o concílio dos
deuses (estrofes 20 a 42): Os deuses vêm pela Via Láctea de toda a parte, do Norte do
Sul, … acomodam-se (estrofes 20 a 23) e Júpiter expõe a situação e diz que os
portugueses devem ser bem tratados (estrofes 24 a 30). Os deuses não estão todos de
acordo, Baco está contra os portugueses (estrofes 30 a 32), Vénus está a favor dos
portugueses (estrofes 33 e 34), Marte ataca Baco e defende Vénus (estrofes 36 a 40),
Júpiter está de acordo com Marte e vão-se todos embora (estrofe 41).
5. Epílogo: Canto X, estrofes 145 a 156 – Fim da Epopéia: Lê-se o grande lamento do
poeta, que considera sua voz rouca, que não é ouvida com tanta atenção. Ele deixa o
tom épico e passa a se lamentar do como Portugal se encontra depois de tantos grandes
atos de heroísmo.

Voltamos à armada que está nas imediações da Ilha de Moçambique em Fevereiro (estrofe 42 a
45).
Entram em contato com os pretos que ali vivem que são muçulmanos (estrofes 45 a 49).
Vasco da Gama recebe-os na armada, apresentam-se uns aos outros, comem e bebem e vão-se
embora (estrofes 49 a 56).
Cai a noite e na armada fica toda a gente a ruminar (estrofes 56 a 58).
Nasce o dia e a armada prepara-se para receber o regente da Ilha de Moçambique (estrofe 59).
O regente entra na Nau muito desconfiado, Vasco da Gama recebe-o, dá-lhe presentes e o
regente, desconfiado, faz-lhe muitas perguntas a que o Gama responde (estofes 60 a 69).
O mouro fica ainda mais desconfiado e começa a magicar uma maneira de dar cabo dos
portugueses. Vai-se embora mostrando-se muito amiguinho (estrofes 69 a 73).

Voltamos aos deuses.


Baco, o “Grão Tebano”, está furioso e diz que vai convencer os mouros a darem cabo dos
portugueses (estrofes 73 a 77).
Disfarça-se de mouro velho e sábio e vai à corte do Xeque faz uma grande intriga e convence-o
a armar-se contra os portugueses para dar cabo deles quando vierem buscar água
(estrofes 77 a 84).
Nasce o Sol e os Lusitanos vão, meio desconfiados, buscar água a terra. Encontram os mouros
prontos para lhes darem uma sova. Vira-se o feitiço contra o feiticeiro e eles é que apanham
uma grande sova e fogem como podem para terra (estrofes 84 a 93).

Os portugueses tornam para as naus cheios de riquezas e vão a terra buscar água. O Xeque faz
de conta que está muito arrependido, pede a paz e dá-lhes um piloto industriado para os destruir
(estrofes 93 e 94).
Vasco da Gama decide prosseguir a viagem. O piloto começa a dar-lhe informações falsas, diz
que em Quíloa há cristãos, o que não é verdade. Vasco da Gama, ingénuo, fica extasiado com
essa informação e vai para lá (estrofes 95 a 100).
Mas Citera (Vénus) vai em socorro dos portugueses e desvia a armada de Quíloa (estrofe 100).
Mas o mentiroso mouro prossegue na ofensiva e convence o Gama a ir para Mombaça, onde,
diz ele, há cristãos e mouros que vivem juntamente – outra mentira. Mas Vénus impede a
entrada em Mombaça. Ficam ao largo (estrofes 101 a 103).
O rei de Mombaça manda embaixadores com falsas promessas de amizade. A intenção é
destrui-los (estrofes 104 e 105).
Fim do canto com considerações de Camões sobre os perigos da vida (estrofes 105 e 106). O
caso está muito feio para os portugueses.

CANTO II: acontecimentos importantes:


 Cilada em Mombaça
 Chegada a Melinde

Chega a Mombaça a armada lusa, e o rei da terra procura atrair os Portugueses a uma
emboscada, a pretexto de lhes oferecer especiarias e jóias. O próprio Baco, para melhor os
enganar, forja um altar que representa o Pentecostes, enganando com isso os dois enviados do
Gama. Mas enquanto o Gama recebe nas naus os falsos Mouros, Vénus voa para o salvar com
ajuda das Nereidas que desviam com o peito as naus da barra inimiga, o que leva os Mouros a
fugir para terra, denunciando com isso os seus propósitos. Vai então Vénus falar a Júpiter,
mostrando-lhe a beleza do corpo para o comover e seduzir, conseguindo assim que o Deus lhe
augure o fim feliz da expedição, e faça com que Mercúrio apareça em sonho ao Gama a indicar
o caminho de Melinde, porto seguro onde o rei da terra o recebe, com troca de presentes e festas
que se prolongam pela noite. E no encontro do Gama e do Rei ambos exibem as mais ricas
vestes, iniciando o diálogo que os fará contar os sucessos de cada país, dando o Gama início à
narrativa dos feitos passados dos portugueses.

O Sol está a pôr-se (estrofe 1) quando o rei de Mombaça manda um embaixador para convencer
o Gama a desembarcar (est. 2 a 5).
Vasco da Gama agradece, diz que agora é perigoso navegar porque está noite mas quando
nascer o dia vai a terra. Pede informações ao embaixador e manda dois espiões para ver se há
cristãos em terra por eles manda presentes ao rei (est. 5 a 8). Os espiões lá foram mas os mouros
estavam muito desconfiados. Baco disfarça-se de cristão, constrói um altar onde reza como se
fosse cristão e com isso engana os espiões, que são muito bem tratados. Convencem-se que há
cristãos (est. 9 a 14). Voltam para a armada a dizer que é gente de confiança. O Gama resolve
receber os mouros nas naus, que vão com a intenção de dar cabo daquilo tudo e assim vingar-se
da sova que apanharam na Ilha de Moçambique (est. 14 a 18). Mas a “linda Ericina” (Vénus)
percebendo a traição desce do céu, vai ao mar ter com as Nereidas suas amigas, empurram as
naus para fora do porto e impedem que a frota entre em Mombaça onde seria destruída (est. 18 a
25). Levanta-se uma grande algazarra nas naus, os mouros pensam que os portugueses
descobriram a sua traição e fogem para terra como podem (est. 25 a 29). O Gama então percebe
o que se estava a passar e pede ajuda a Deus (est. 29 a 33). Dione (Vénus) comovida com a
prece do Gama e com o que está a acontecer aos portugueses, toda dengosa e mimalha, vai fazer
queixinhas a Júpiter, pai dela (est. 33 a 42). Júpiter todo aceso, sossega a filha e por pouco a
coisa não se dava… (est. 42 a 44). Revela-lhe tudo o que os portugueses vão fazer no Oriente
(est. 44 a 56).
Começa logo a agir: manda Mercúrio a Melinde para predispor a população para receber os
portugueses (est. 56 a 59) e, em sonhos, diz ao Gama o que ele deve fazer (est. 59 a 64). Gama
acredita no sonho e parte para Melinde (est. 64 a 69). No caminho aprisiona uns mouros que lhe
dizem que o rei de Melinde é fantástico. E partem para Melinde (est. 69 a 72).

Chegam a Melinde no dia de Páscoa, ficam ao largo, são recebidos apoteoticamente pela
população e pelo rei e Vasco da Gama manda um embaixador a terra e com ele presentes ao rei
para obter dele a amizade (est. 72 a 79). O embaixador faz um discurso comovente ao rei (est.
79 a 85), este tranquiliza-o e diz que está disposto a ajudar os portugueses. Quando o sol nascer
vai visitar a armada (est. 85 a 89). O embaixador volta para a armada e fazem uma grande festa
(est. 89 a 92).

Nasce sol e o rei de Melinde prepara-se para ir visitar a armada (est. 92 a 97). Vasco da Gama
prepara-se para ir ao encontro do rei. O encontro dá-se em pleno mar e fazem-se as
apresentações (est. 97 a 106). Feitos os discursos e salamaleques habituais o rei visita as naus,
pergunta muitas coisas e pede a Vasco da Gama que conte a história da Europa e de Portugal e
da viagem que está a fazer. Já conhece os portugueses de ouvir falar, que os Melindanos são
pretos, mas não são incultos. Diz que o que os portugueses fizeram e estão a fazer, esta viagem,
é mais importante que outros feitos antigos que mereceram ficar na História (est.106 a 113).
Tudo isto no meio do mar e com o sol a nascer (est.110).

CANTO III: acontecimentos importantes


 Egas Moniz (estrofes 35 a 41)
 Batalha de Ourique (estrofes 42-54)
 Dinastia de Borgonha (estrofes 83 e 84)
 D. Fernando (estofe 138)

Camões chamou por Calíope e a musa enviou-lhe os seus favores.


O Gama vai então satisfazer o pedido que o rei de Melinde lhe fez: contar a história da terra de
onde veio e, sobretudo a História de Portugal e da viagem até Melinde.
Camões, para dizer o que o Gama contou (que só vai acabar quase no fim do canto V), começa
por pedir ajuda à musa Calíope e diz então o que é que o Gama contou ao rei de Melinde e à
corte, ancorados no meio do mar, começando pela “larga terra” prometendo que depois dirá da
“sanguinosa guerra” (est. 1 a 6).
Descreve a geografia da Europa, a sua localização no globo terrestre, fronteiras, as diversas
zonas e respectivos povos, seguindo o conhecimento mais comum do fim do século XV (est. 6 a
20).
Chega a Portugal, e começa a contar a história da origem de Portugal, desde Viriato ao conde D.
Henrique, Dona Teresa e os problemas que teve com o filho, Afonso Henriques, as guerras de
Afonso Henriques com Castela e o episódio de Egas Moniz (est. 20 a 42).
Resolvidos os problemas com Castela, Afonso Henriques inicia a conquista das terras aos
mouros com a batalha de Ourique.
Imediatamente antes desta batalha Cristo aparece a Afonso Henriques. O exército,
impressionado com este milagre, aclama-o rei. Segue-se a batalha.
Os portugueses vencem (est. 42 a 53).
Afonso Henriques pinta os escudos na bandeira (est. 53 e 54).
Continuam as conquistas: Leiria, Arronches, Santarém, Mafra, Sintra. Cerca Lisboa e com a
ajuda dos Cruzados toma a capital. Continua as conquistas: Óbidos Alenquer, Torres Vedras,
Alentejo “Terras transtaganas”, Évora, Beja, Palmela, Sesimbra e vai cercar Badajoz, onde é
vencido pelos Leoneses, cujo rei era genro de Afonso Henriques (est. 54 a 71).
Gama compara Afonso Henriques a Pompeio (est. 71 a 74) e prossegue com a ação de Afonso
Henriques que delega no filho Sancho a responsabilidade pela continuação da conquista. Os
mouros vêm todos do Norte de África e vão cercar Santarém onde está Sancho. Afonso
Henriques, que estava em Coimbra, vai ajudar o filho e vencem os mouros. Morre Afonso
Henriques e Sancho é aclamado rei (est. 74 a 85).
Continuam as conquistas: Silves, com a ajuda dos Cruzados e zonas da Galiza (Tui). Sucede-lhe
Afonso II, que morre sem grande história, a quem sucede Sancho II.
Sancho II não é grande rei e foi substituído pelo irmão, Afonso III, que conquista o Algarve. E
acabam as conquistas. O reino está em paz (est. 85 a 96). Depois vem Dom Dinis a quem sucede
Afonso IV, que não gosta muito dos Castelhanos mas vai ajudá-los na guerra contra os mouros,
porque a filha “formosíssima Maria”, casada com o rei de Castela vem à corte pedir-lhe ajuda
(Est. 96 a 107). Deste pedido segue-se a batalha do Salado (est. 107 a 118). Afonso IV volta da
batalha e temos os amores de Pedro e Inês com a morte de Inês de Castro (est. 118 a 136).

Segue-se a vingança de Pedro e o seu reinado. Sucede-lhe Dom Fernando (o brando D.


Fernando, responsabilizado pela quase perda do reino durante as guerras fernandinas e pela
crise que o país enfrentaria após a sua morte) e as alhadas amorosas em que se meteu e as
reflexões que o Gama (Camões) faz sobre o amor (est.136 a 143).

CANTO IV: A narrativa da revolução de 1383-85 é dividida em duas partes: o levantamento do


povo para apoiar o pretendente português (estrofes 1 a 23). Acontecimentos importantes:
 Batalha de Aljubarrota (estrofes 24 a 44).
 Partida das Naus
 O Velho do Restelo (estrofes 94 a 105).

Com a morte de Dom Fernando segue-se a crise de 1383 e as revoltas populares que matam o
Conde Andeiro. Leonor Teles, regente do reino, tenta impor a filha Beatriz como rainha e pede
ajuda ao rei de Castela que está casado com a filha. Castela prepara-se para a guerra (est. 1 a
12).
João I junta as forças portuguesas, que são poucas. Muitos nobres passaram-se para o partido
castelhano, entre quais os irmãos de Nuno Álvares Pereira. Este incita os nobres a combaterem
ao lado de João I. Consegue os seus intentos e, juntamente com a ajuda do povo, João I reúne
um exército, comandado por Nuno Álvares Pereira para combater os castelhanos (est. 12 a 28).
Está tudo pronto para a batalha de Aljubarrota. Começa a batalha. Os portugueses cedem. João I
anima-os. Recuperam e vencem (est. 28 a 45). Nuno Álvares Pereira parte para o Alentejo e é
feita a paz com Castela (est. 45 a 48).
João I inicia a conquista do norte de África. Sucede-lhe Duarte que não foi muito feliz. Afonso
V continua a conquista do norte de África e é vencido por Fernando de Aragão (est. 48 a 61).
João II sucede ao pai e manda espiões (Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva) por terra para saber
notícias da Índia (est. 61 a 66).
Manuel I sucede a João II e tem um sonho: sonha que os rios Indo e Ganges lhe dizem para ir
conquistar a Índia (est. 66 a 76). Acredita no sonho e encarrega o Gama (não esquecer que é
Vasco da Gama que está a contar a história) de organizar uma expedição para tal efeito (est. 76
a 81). Gama aceita, radiante, e começa os preparativos para a viagem, nas praias de Belém (est.
81 a 87.).
Os navegadores saem da igreja de Belém, metem-se nas naus e dá-se a despedida (est. 87 a 94).
Tinham acabado de partir quando um velho começa a perorar na praia (est. 94 a 105).

CANTO V: acontecimentos importantes:


 Fernão Veloso (estrofes 30 a 36).
 O Adamastor podem-se considerar três partes:
*Primeira é uma teofania (estrofes 37 a 40). Chegados ao cabo das Tormentas no meio de uma
tempestade.
*Segunda parte do episódio (estrofes 41 a 48), que em termos cronológico-narrativos é uma
prolepse. O Adamastor fala e, como um oráculo, vaticina o destino cruel que espera alguns dos
navegadores.
*Terceira parte surge uma écloga marinha (estrofes 49 a 59), que obedece a um
desenvolvimento comum a muitas composições líricas de Camões: o enamoramento (de
Adamastor por Tétis, não correspondido), a separação forçada (pela titanomaquia), a traição, o
lamento pelo sonho frustrado.

Deixada para trás a pequena pátria extrema no encalço de um sonho de lonjura pelo mar imenso
que haveria de trazer tragédia e glória a nautas e reis, eis que a obra (descobrimento e escritura)
se expande nas tensões do vivido e do escrito, rompendo quer com a gramática pragmática, quer
com a poética nas suas já estioladas convenções.
Ainda o velho estava a vociferar quando se afastam da costa e entram no mar largo. Passam a
costa de Marrocos e a Madeira, a costa do Sara, Trópico de Câncer e as Canárias, Cabo Verde e
a Costa da Guiné, o Congo e o Equador (est. 1 a 16).
Gama interrompe a história da viagem para contar ao rei fenómenos marítimos: as tempestades,
o fogo de Sant’elmo a tromba d’água (est.16 a 24).
Já passaram o Trópico de Capricórnio e desembarcam na Baía de Santa Helena onde se dá o
episódio do Fernão Veloso (est.24 a 37). Continuam a viagem, estão junto ao Cabo das
Tormentas e aparece-lhes o Adamastor que os ameaça com tudo o que vão sofrer no futuro por
terem ousado esta empresa (est.37 a 49).
O Gama ousa interpelar o Gigante e pergunta-lhe quem é. O Gigante conta-lhe então o seu amor
por Tétis, o desprezo a que ela o vota por ser feio e o castigo a que os deuses o condenam
(est.49 a 61).
Continua a narração da viagem, já pelo Oceano Índico, vão a terra, entram em contacto com uns
pretos simpáticos mas ignorantes da Índia. Prosseguem a viagem e no dia de Reis entram num
rio onde encontram mais pretos e onde se abastecem de mantimentos (est. 61 a 70). Aqui o
Gama comenta com o rei de Melinde os seus trabalhos (est. 70 a 73).
Continua a narração da viagem, e finalmente encontram alguém que lhes pode dar notícias da
Índia e deixam-se ficar um pouco por lá, onde são atacados pelo escorbuto e muitos morrem
(est. 73 a 84).
O Gama continua a contar a viagem até à corte do rei de Melinde onde agora se encontram e tão
confortáveis!... concluindo assim a história que lhe havia pedido o rei. Insiste que esta é uma
história com factos verdadeiros e não como a Odisseia ou a Eneida, cheia de coisas inventadas.
Todos ficam muito admirados e o rei volta para a corte, quando o sol estava a pôr-se. (est. 84 a
92).
Considerações finais do Camões sobre a fama, a literatura, os feitos heróicos, e a ignorância dos
capitães lusitanos, entre outros temas (est. 92 a 100).

CANTO VI: acontecimentos importantes:


 Os doze de Inglaterra (estrofes 43 a 69).
 A tempestade (estrofes 70 a 84).

“Ultrapassado o Cabo das Tormentas, os Portugueses são atingidos pelo escorbuto antes de
chegarem finalmente a Melinde. Fim da a narração da História de Portugal e da viagem ao rei
de Melinde, a frota portuguesa parte com destino à Índia (início do Canto VI).

Baco que no Concílio no Olimpo, se tinha manifestado contra os Portugueses, dirige-se ao


palácio de Neptuno, deus dos mares. Aí forma-se novo Concílio, desta vez dos deuses marinhos
que, inflamados pelo discurso de Baco, tomam uma decisão adversa aos Portugueses. Éolo, deus
dos ventos, provoca uma enorme tempestade no mar…”

A armada navega calmamente. É de noite. As sentinelas não sabem como hão-de passar o tempo
e Veloso conta a estória do Magriço.
De repente… A tempestade!...
Mas Vénus solta as ninfas, namoradas dos ventos e, com amor, acalma tudo
Chegam a Calecut.

CANTO VII: acontecimentos importantes:


 Comparação dos feitos dos portugueses contra os muçulmanos, expandindo o
cristianismo e fazendo a guerra santa (estrofes 2 a 15).
 O capitão e Monçaide desembarcam e encontram-se com o Catual, um ministro que os
acompanha até ao Samorim (estrofes 43 a 65).
O canto VII começa com a chegada dos portugueses a Calecut, na Índia: “Já se viam
chegados junto à terra, que desejada já de tantos fora”. Nas primeiras 14 estrofes, o
poeta elogia o espírito de cruzada dos portugueses em relação aos restantes povos
europeus, indiferentes na luta contra os infiéis. Segundo Camões, os reis e os nobres das
outras nações europeias dilaceram-se em lutas fratricidas, estranhas, sem honras e
injustas (estrofe 2).

A crítica de Camões prossegue, incluindo os alemães, franceses e ingleses que renegam


a verdadeira fé, enfraquecendo o poder cristão (estrofes 4 - 7). Na estrofe 8, o poeta
crítica também os italianos de corrupção: “Contigo, Itália, falo, já sumersa / Em vícios
mil, e de ti mesma adversa.”

Camões exalta os portugueses, que com intenções nobres, lutam contras os mouros e
turcos, procurando conquistar o povo imundo, dilatando a religião cristã. Na estrofe 9, o
poeta faz referência a uma lenda, em que Cadmo semeou dentes de dragão e deles
nasceram soldados que se mataram uns aos outros. Cadmo mandou alguns
companheiros à Fonte de Ares, guardada por um dragão, que os devorou. Cadmo matou
o dragão. Atena apareceu-lhe e aconselhou-o a semear os dentes do animal. Este assim
fez e, imediatamente da terra brotaram homens armados. Estes homens eram
ameaçadores e Cadmo imaginou-se a lançar pedras para o meio deles. Não vendo quem
os feria, começaram a acusar-se reciprocamente e massacraram-se. Ficaram cinco, que
ajudaram Cadmo a fundar Tebas. Camões faz referência também à Divina sepultura
possuída de cães, expressão figurada dado que os dentes nasceram da terra. Aqui,
Jerusalém ficou possuída pelo império Otomano (de religião islâmica), em 1517, que
passou também a tomar posse da Divina sepultura (Túmulo de Cristo).

Na estrofe 12, Camões crítica de novo a Europa. Segundo ele, a civilização era
maculada pela presença dos turcos, que se difundiam cada vez mais. Na estrofe 13,
continua a dirigir-se aos divididos povos europeus e refere-se aos feitos desumanos do
povo ignorante, que obriga gregos, trácios, arménios e georgianos a educarem seus
filhos nos preceitos do alcorão.

Nas estrofes 15-22, Camões narra a entrada em Calecut e descreve a Índia. Logo nas
primeiras estrofes (15 e 16), recorda a fúria dos ventos repugnantes enfrentada pelos
navegantes que foram salvos por Vénus que, com a sua brandura, logo enfraqueceu a
fúria dos ventos. Ao chegar à nova terra em Maio de 1498, os pescadores, em leves
embarcações, mostram aos portugueses o caminho para Calecut, onde vive o rei da
Índia. Na estrofe 17, o poeta descreve a Índia e critica a religião do povo local. Camões
continua a descrever a geografia de Índia e apresenta os primeiros contactos com aquele
povo desconhecido (estrofes 23- 27). Vasco da Gama avisa o soberano indiano (rei
Samorim) da sua chegada e manda a terra o degredado João Martins. No meio deste
povo, com quem não consegue falar, João Martins encontra o mouro Monçaide, que
fala castelhano. Este acolhe o português e serve-lhe de tradutor. O mouro admira o
espírito aventureiro dos portugueses, ao conhecer as suas aventuras e por vê-los tão
longe da pátria. Monçaide acompanha-o até à frota e explica aos portugueses um pouco
de geografia, história, política, religião, os costumes da Índia.

Das estrofes 28 -41, Monçaide e João Martins regressam à frota de Vasco da Gama e
Monçaide fornece informações importantes acerca da Índia. Nas estrofes 37- 41, são
descritos os costumes religiosos do povo local, cuja lei de “fábulas compostas se
imagina”.

Algum tempo depois, Vasco da Gama recebe permissão para desembarcar com os
portugueses e é recebido pelo Catual, que o leva ao Samorim (42). Na estrofe 45,
Camões fala da dificuldade que os portugueses tiveram para comunicar com o povo
local.

Após desembarcar, Catual e Vasco da Gama, com a ajuda da interpretação de


Monçaide, iam caminhando pela cidade. Catual levou-o a um templo cristão, que não
passava de um local para adoração de ídolos (46- 49).

Das estrofes 57-65, descreve-se a Visita de Vasco da Gama ao Samorim e o


acolhimento aos portugueses. Então, Vasco da Gama oferece a Samorim a amizade dos
portugueses em nome do rei de Portugal.

A partir da estrofe 66, enquanto os portugueses são acolhidos pelo rei, Samorim ordena
ao Catual que colha mais informações junto de Monçaide acerca dos portugueses e, em
seguida, visita a esquadra portuguesa, onde é recebido por Paulo da Gama, irmão de
Vasco da Gama. Catual pergunta a Paulo da Gama o significado das figuras desenhadas
nas bandeiras lusas. O irmão do comandante assume a narrativa e conta os feitos dos
heróis da pátria (Viriato, D. Afonso Henriques, Egas Moniz, D. Nuno Álvares Pereira e
outros). Nas bandeiras, os símbolos representavam episódios históricos portugueses ao
longo do tempo.

Da estrofe 78 até o final do canto, Camões faz nova inovação às Ninfas do Tejo e do
Mondego, e queixa-se da sua infelicidade e pede inspiração para prosseguir o canto. O
poeta conta um pouco da sua biografia e lança-se num lamento indignado pelo modo
como sua pátria o tem tratado a ele que só pretende cantar a glória portuguesa. Na
estrofe 79, Camões faz referência à tragédia de Éolo. Nesta lenda mitológica, Cânace
foi forçada pelo seu pai a cometer suicídio como punição pelo facto de ter mantido uma
relação incestuosa com o seu irmão Macareu. Em sua lamentação, o poeta faz referência
ao seu naufrágio no mar da China pelos fins de 1558, relacionando-o com a história do
rei judaico, que ao saber da sua morte pelo profeta Isaías, roga a Deus mais quinze anos
de vida. Camões, indignado, enumera as pessoas que não merecem a glória do seu
canto: os lisonjeiros; os que actuam movidos por interesses pessoais em prejuízo de um
bem comum e do seu rei; os que actuam movidos pela ambição (os que sobem ao poder
por influências, os que compram cargos importantes), permitindo dar vida aos seus
vícios; e os que exercem despoticamente o poder.

CANTO VIII: acontecimentos importantes:


 Painel da história de Portugal: A descrição da pintura (estrofes 1 a 42).
 Tratado com o Samorim: Vasco da Gama, acusa-o de apátrida e pirata, incitando-o a
confessar a verdade. O navegador responde com dignidade (estrofes 65 a 75).

Continua a correr o mês de maio de 1498, indicamente falando, em Calecute.


As personagens agitam-se: mostram, explicam, apresentam, desconfiam, sonham, enganam,
aceitam. E contam. Paulo da Gama recebe, a bordo, o Catual, governador local, e explica-lhe o
significado das figuras pintadas nas bandeiras. Já na época havia intérpretes, como este
mauritano, de nome Monçaide, que tinha vivido em Castela e estava sempre presente. E as
narrativas começam, numa síntese prolongada da história de Portugal, desde os mitos
fundadores da Lusitânia e da cidade de Lisboa, até às referências relevantes, por onde passam
Viriato, o conde D. Henrique, D. Afonso Henriques, Egas Moniz, vários nobres, Álvares Pereira
e João I, pintados estes com a batalha de Aljubarrota.

E, depois de perguntas e respostas, o Catual regressa a terra e a noite chega. Alguns


adivinhadores do futuro preveem destruição e cativeiro com a chegada desta frota. E é nesta
mesma noite que o deus Baco (imagine-se o deus do vinho contra os portugueses!) entra nos
sonhos de um sacerdote muçulmano e amaldiçoa os que chegam, futurando “piráticas rapinas”.
Quando acorda, o sonhador espalha as falas de Baco e incita os seus à luta. Apesar de tudo,
Vasco da Gama procura entender-se com o rei local, o Samorim ou “senhor dos mares”, e pede-
lhe para o deixar regressar à frota, com vista à troca de produtos.

Já na margem, o Catual diz ao capitão português para trazer a frota para mais perto de terra,
para poder embarcar. O que tinha em vista, afinal, era a sua destruição, imagine-se. E, aqui,
entra a astúcia e a desconfiança de Vasco da Gama que não aceita a proposta e é preso. Mas este
governador menor tem receio do rei e propõe a sua libertação em troca das mercadorias
portuguesas. E Vasco da Gama aceita e compra a liberdade, lembrando-se que a sua missão,
afinal, era maior do que a submissão ao vil metal luzente
Entra a corrupção!
O Gama apercebe-se e vai falar com o Samorim antes que seja tarde.
A custo consegue vender e trocar algumas mercadorias.
É a força do dinheiro

CANTO IX: acontecimentos importantes:


 A Ilha dos Amores pode ser considerada três descrições no episódio:
* O locus amoenus: o cenário onde decorre o encontro amoroso (estrofes 52 a 67 e mais
algumas até ao final do canto).
* A alegoria: com um arrojo inesperado para um maneirista, Camões descreve o
encontro dos nautas com as ninfas que os esperavam, industriadas por Vénus.
* Leonardo: Camões, o indefectível cantor do amor, não quis, e se calhar não pôde,
evitar que isso se refletisse n’Os Lusíadas. Se os amores mal sucedidos do Adamastor
deixam entrever o caso real do poeta, Leonardo (estrofes 75 a 82).

Continuamos a nos mover entre a viagem dos marinheiros e a intriga dos deuses. Vasco da
Gama conseguiu se livrar de dois dias e uma noite em Pandarane, estava preso. Trocou sua
liberdade por uns rolos de fazenda. De volta às suas naus dá início à viagem de regresso,
Camões não se preocupa em narrar ou dar qualquer notícia disso: Cortando vão as naus a larga
via / Do mar ingente pera a pátria amada. O que parece importante é a viagem à Índia. Voltar
apenas reabre as linhas não escritas sobre uma visão passada e uma visão futura de Portugal, ao
mesmo tempo. Ou seja, é preciso sempre ler o que não foi escrito. E disse Llansol: Penso muitas
vezes: e se Vasco da Gama não tivesse voltado?
E em algum ponto inespecífico no meio do mar, que pode ser do oceano Índico ou do Atlântico,
Vénus organiza uma surpresa para os navegadores. Um prémio: uma ilha flutuante e encantada
recheada de ninfas expandidas de desejo. Enquanto isso, Tétis leva o Gama pela mão até sua
morada, e se amam. Antes, amor só onde também há corpo; depois, os marinheiros podem
entrar no reino da imortalidade.

Esta convicção da fábula impura é que dá ao homem a sensação de que agora está perfeitamente
adequado ao universo.
Braço de ferro entre os mouros e Vasco da Gama que na primeira oportunidade zarpa.

Vénus prepara a Ilha dos Amores com a ajuda de Cupido e dos cupidinhos

A ilha encontra as naus ( Assim mesmo porque ela amanda-a ao seu encontro.)
“Mas que é isto?...” – dizem os marinheiros- As ninfas todas acesas!...Uau!...”
Depois… é o costume.
A glória é uma ilusão que paga o trabalho que se tem.

CANTO X: acontecimentos importantes:


 A profecia da Sirena (estrofes 10 a 73).
São então cantados os heróis e governadores da Índia, que da mesma forma vão merecer
a presença na Ilha dos Amores: Duarte Pacheco Pereira (estrofes 12 a 23), Francisco de
Almeida e o seu filho Lourenço de Almeida (26 a 38), Tristão da Cunha (39), Afonso
de Albuquerque (40 a 49), Lopo Soares de Albergaria (50 e 51), Diogo Lopes de
Sequeira (52), Duarte de Menezes e o próprio Vasco da Gama (53), Henrique de
Menezes (54 e 55), Pêro Mascarenhas (56 a 58), Lopo Vaz de Sampaio (59), Heitor da
Silveira (60), Nuno da Cunha (61), Garcia de Noronha e António da Silveira (62),
Estêvão da Gama (62 e 63), Martim Afonso de Sousa (63 a 67), João de Castro e os
seus filhos Álvaro e Fernando (67 a 72) e João de Mascarenhas (69).
 A máquina do mundo Acabado o banquete, Tétis convida o Gama para o espetáculo
da Máquina do Mundo, o espetáculo único das esferas celestes de Ptolomeu (estrofes 77
a 144). Ainda vão estar mais "profecias" sobre os portugueses; a história dos milagres
de S. Tomé, evangelizador da Índia (estrofes 108 a 118), com uma breve, mas arriscada
crítica aos jesuítas na estrofe 119; na estrofe 128 uma referência ao naufrágio de
Camões, em que se salvou a nado com Os Lusíadas, e uma curiosa previsão de que a
sua «Lira sonorosa Será mais afamada que ditosa» (a sua obra seria mais famosa do que
a sua vida afortunada).
Depois disto, os portugueses embarcam novamente e chegam sem mais problemas a
Lisboa, onde recebem as glórias que lhes são devidas.
 Epílogo A epopeia termina com um epílogo (estrofes 145 a 156), em que o poeta
lamenta mais uma vez as injustiças que o Reino lhe terá cometido.
A deusa Tétis oferece aos portugueses um banquete em seu palácio, na ilha dos Amores. Todos
comem, bebem, conversam e se divertem. Ouve-se música na voz de uma angélica Sereia. A
bela Ninfa descreve as realizações dos valorosos varões que os navios vão levando à Ásia, para
impor o domínio português. Antes de prosseguir, entretanto, o poeta invoca a musa da poesia
épica – Calíope –, uma vez que parece estar ele perdendo o gosto de escrever... A Ninfa ocupa-
se, então, dos heróis e governadores da Índia, que são muitos. A eles irão juntar-se tantos outros
no futuro para gozar a devida fama. Encerra a Ninfa seu canto, consagrado sob um sonoro
aplauso.

Findo o banquete, Tétis conduz Vasco da Gama ao alto de um monte de onde se avista um
globo transparente, suspenso no ar. Trata-se da Máquina do Mundo, concebida por Deus e posta
ali para ser vista especialmente pelo herói português. A grande máquina, etérea e elemental, é
composta por vários orbes sucessivos e concêntricos. Tétis mostra ao Gama, logo depois, os
orbes dos sete planetas, detendo-se detalhadamente na Terra, verdadeiro centro de toda a
máquina. No orbe terrestre, a deusa descobre os lugares onde os portugueses da Europa cristã
vão empreender seus mais altos feitos.

Tétis termina seu discurso, e os viajantes podem, então, partir. Os homens acomodam-se nos
navios, em companhia das ninfas, e a viagem prossegue até que eles entram pela “foz do Tejo
ameno”. Os audazes navegantes entregam a Sua Majestade o prêmio glorioso: a notícia da
descoberta do caminho marítimo para a Índia.

A deusa Tétis oferece um jantar reconfortante aos marinheiros.


Uma sereia canta os futuros feitos dos portugueses na Índia.
Tétis leva o Gama ao cimo de um monte e mostra-lhe a Máquina do Mundo e todas as terras que
os Portugueses hão de mostrar ao mundo.

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