Professional Documents
Culture Documents
Resume Corto Os Cantos Os Lusiadas
Resume Corto Os Cantos Os Lusiadas
Classicismo em Portugal: compreende o período literário do século XVI (entre 1537 e 1580).
O marco inicial do movimento foi a chegada do poeta Francisco Sá de Miranda à Portugal.
Ali, ele se inspirou no humanismo italiano, trazendo uma nova forma de poesia: o “dolce stil
nuevo” (Doce estilo novo).
Esse novo modelo estava baseado na forma fixa do soneto (2 quartetos e 2 tercetos), nos versos
decassílabos e na oitava rima.
Além de Sá de Miranda merecem destaque os escritores portugueses classicistas:
Bernardim Ribeiro (1482-1552), com sua novela “Menina e Moça” (1554);
António Ferreira (1528-1569), com sua tragédia “A Castro” (1587).
No entanto, foi a partir de Luís de Camões, um dos maiores poetas portugueses e da literatura
mundial, que a literatura portuguesa ganha notoriedade.
O Classicismo em Portugal permaneceu até 1580. Esse é o ano da morte de Camões e também
da União das Coroas Ibéricas, aliança estabelecida até 1640 entre Espanha e Portugal.
Obs: No Brasil, esse período literário ficou conhecido como Quinhentismo.
As principais características do classicismo são: Antiguidade clássica, Antropocentrismo,
Humanismo, Universalismo, Racionalismo, Cientificismo, Paganismo, Objetividade, Equilíbrio,
Harmonia, Rigor formal, Mitologia greco-romana, Ideal platônico e de beleza.
Os Lusíadas: (1572), Os Lusíadas, narra a aventura marítima de Vasco da Gama, às Índias é a
grande epopeia classicista do povo lusitano. Publicada em 1572, o poema é considerado o maior
poema épico da língua portuguesa, O poema é constituído por 1.102 estrofes de oito versos cada
uma, o que resulta em um total de 8.816 versos. Camões utilizou em sua obra somente versos
decassílabos, ou seja, de dez sílabas métricas. ...
As rimas aparecem da seguinte forma: o primeiro verso rima com o terceiro e o quinto; o
segundo verso rima com o quarto e o sexto; e o sétimo e o oitavo rimam entre si (o que é
representado pelo esquema ABABABCC). Essas estrofes são chamadas de oitava-rima. Além
disso, o poeta inseriu na obra diversas rimas internas, o que causa efeitos de assonância
(sonoridade das vogais) e aliteração (sonoridade das consoantes), isso tudo disposto em 10
partes, chamadas de cantos na lírica e eles em 5 partes que não são proporcional.
Herói: O herói de Os Lusíadas não é apenas Vasco da Gama, como se poderia pensar numa
leitura mais superficial, mas sim todo o povo português (do qual Vasco da Gama é digno
representante). O próprio poeta afirma que vai cantar ‘as armas e os barões assinalados’ que
‘navegaram por mares nunca dantes navegados’. Ou seja, todo o povo lusitano navegador que
enfrenta a morte pelos mares desconhecidos (lembre-se de que corriam várias lendas sobre o
Mar Tenebroso). Mas considerando-se o papel desempenhado por Vasco da Gama no poema,
poderíamos afirmar, sim, que ele é o herói de Os Lusíadas. Conciliando as duas ideias, podemos
afirmar que o poema apresenta um herói coletivo, que é todo o povo português, individualizado
na figura de Vasco da Gama, que seria assim o herói individual.
Tema: O poeta deixa expresso o tema da epopéia já nas duas primeiras estrofes: a glória do
povo navegador português, isto é, os navegadores que conquistaram as Índias e edificaram o
Império Português no Oriente (‘E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto
sublimaram’), bem como as memórias dos reis portugueses que tentaram ampliar o império (‘E
também as memórias gloriosas / Daqueles reis que foram dilatando / A Fé, o Império... ’).
Portanto, Camões cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos navegadores, os reis do
passado; em outras palavras, a história de Portugal desde a fundação da nacionalidade até ao
século XVI (data em que Camões escreve a obra).
Voltamos à armada que está nas imediações da Ilha de Moçambique em Fevereiro (estrofe 42 a
45).
Entram em contato com os pretos que ali vivem que são muçulmanos (estrofes 45 a 49).
Vasco da Gama recebe-os na armada, apresentam-se uns aos outros, comem e bebem e vão-se
embora (estrofes 49 a 56).
Cai a noite e na armada fica toda a gente a ruminar (estrofes 56 a 58).
Nasce o dia e a armada prepara-se para receber o regente da Ilha de Moçambique (estrofe 59).
O regente entra na Nau muito desconfiado, Vasco da Gama recebe-o, dá-lhe presentes e o
regente, desconfiado, faz-lhe muitas perguntas a que o Gama responde (estofes 60 a 69).
O mouro fica ainda mais desconfiado e começa a magicar uma maneira de dar cabo dos
portugueses. Vai-se embora mostrando-se muito amiguinho (estrofes 69 a 73).
Os portugueses tornam para as naus cheios de riquezas e vão a terra buscar água. O Xeque faz
de conta que está muito arrependido, pede a paz e dá-lhes um piloto industriado para os destruir
(estrofes 93 e 94).
Vasco da Gama decide prosseguir a viagem. O piloto começa a dar-lhe informações falsas, diz
que em Quíloa há cristãos, o que não é verdade. Vasco da Gama, ingénuo, fica extasiado com
essa informação e vai para lá (estrofes 95 a 100).
Mas Citera (Vénus) vai em socorro dos portugueses e desvia a armada de Quíloa (estrofe 100).
Mas o mentiroso mouro prossegue na ofensiva e convence o Gama a ir para Mombaça, onde,
diz ele, há cristãos e mouros que vivem juntamente – outra mentira. Mas Vénus impede a
entrada em Mombaça. Ficam ao largo (estrofes 101 a 103).
O rei de Mombaça manda embaixadores com falsas promessas de amizade. A intenção é
destrui-los (estrofes 104 e 105).
Fim do canto com considerações de Camões sobre os perigos da vida (estrofes 105 e 106). O
caso está muito feio para os portugueses.
Chega a Mombaça a armada lusa, e o rei da terra procura atrair os Portugueses a uma
emboscada, a pretexto de lhes oferecer especiarias e jóias. O próprio Baco, para melhor os
enganar, forja um altar que representa o Pentecostes, enganando com isso os dois enviados do
Gama. Mas enquanto o Gama recebe nas naus os falsos Mouros, Vénus voa para o salvar com
ajuda das Nereidas que desviam com o peito as naus da barra inimiga, o que leva os Mouros a
fugir para terra, denunciando com isso os seus propósitos. Vai então Vénus falar a Júpiter,
mostrando-lhe a beleza do corpo para o comover e seduzir, conseguindo assim que o Deus lhe
augure o fim feliz da expedição, e faça com que Mercúrio apareça em sonho ao Gama a indicar
o caminho de Melinde, porto seguro onde o rei da terra o recebe, com troca de presentes e festas
que se prolongam pela noite. E no encontro do Gama e do Rei ambos exibem as mais ricas
vestes, iniciando o diálogo que os fará contar os sucessos de cada país, dando o Gama início à
narrativa dos feitos passados dos portugueses.
O Sol está a pôr-se (estrofe 1) quando o rei de Mombaça manda um embaixador para convencer
o Gama a desembarcar (est. 2 a 5).
Vasco da Gama agradece, diz que agora é perigoso navegar porque está noite mas quando
nascer o dia vai a terra. Pede informações ao embaixador e manda dois espiões para ver se há
cristãos em terra por eles manda presentes ao rei (est. 5 a 8). Os espiões lá foram mas os mouros
estavam muito desconfiados. Baco disfarça-se de cristão, constrói um altar onde reza como se
fosse cristão e com isso engana os espiões, que são muito bem tratados. Convencem-se que há
cristãos (est. 9 a 14). Voltam para a armada a dizer que é gente de confiança. O Gama resolve
receber os mouros nas naus, que vão com a intenção de dar cabo daquilo tudo e assim vingar-se
da sova que apanharam na Ilha de Moçambique (est. 14 a 18). Mas a “linda Ericina” (Vénus)
percebendo a traição desce do céu, vai ao mar ter com as Nereidas suas amigas, empurram as
naus para fora do porto e impedem que a frota entre em Mombaça onde seria destruída (est. 18 a
25). Levanta-se uma grande algazarra nas naus, os mouros pensam que os portugueses
descobriram a sua traição e fogem para terra como podem (est. 25 a 29). O Gama então percebe
o que se estava a passar e pede ajuda a Deus (est. 29 a 33). Dione (Vénus) comovida com a
prece do Gama e com o que está a acontecer aos portugueses, toda dengosa e mimalha, vai fazer
queixinhas a Júpiter, pai dela (est. 33 a 42). Júpiter todo aceso, sossega a filha e por pouco a
coisa não se dava… (est. 42 a 44). Revela-lhe tudo o que os portugueses vão fazer no Oriente
(est. 44 a 56).
Começa logo a agir: manda Mercúrio a Melinde para predispor a população para receber os
portugueses (est. 56 a 59) e, em sonhos, diz ao Gama o que ele deve fazer (est. 59 a 64). Gama
acredita no sonho e parte para Melinde (est. 64 a 69). No caminho aprisiona uns mouros que lhe
dizem que o rei de Melinde é fantástico. E partem para Melinde (est. 69 a 72).
Chegam a Melinde no dia de Páscoa, ficam ao largo, são recebidos apoteoticamente pela
população e pelo rei e Vasco da Gama manda um embaixador a terra e com ele presentes ao rei
para obter dele a amizade (est. 72 a 79). O embaixador faz um discurso comovente ao rei (est.
79 a 85), este tranquiliza-o e diz que está disposto a ajudar os portugueses. Quando o sol nascer
vai visitar a armada (est. 85 a 89). O embaixador volta para a armada e fazem uma grande festa
(est. 89 a 92).
Nasce sol e o rei de Melinde prepara-se para ir visitar a armada (est. 92 a 97). Vasco da Gama
prepara-se para ir ao encontro do rei. O encontro dá-se em pleno mar e fazem-se as
apresentações (est. 97 a 106). Feitos os discursos e salamaleques habituais o rei visita as naus,
pergunta muitas coisas e pede a Vasco da Gama que conte a história da Europa e de Portugal e
da viagem que está a fazer. Já conhece os portugueses de ouvir falar, que os Melindanos são
pretos, mas não são incultos. Diz que o que os portugueses fizeram e estão a fazer, esta viagem,
é mais importante que outros feitos antigos que mereceram ficar na História (est.106 a 113).
Tudo isto no meio do mar e com o sol a nascer (est.110).
Com a morte de Dom Fernando segue-se a crise de 1383 e as revoltas populares que matam o
Conde Andeiro. Leonor Teles, regente do reino, tenta impor a filha Beatriz como rainha e pede
ajuda ao rei de Castela que está casado com a filha. Castela prepara-se para a guerra (est. 1 a
12).
João I junta as forças portuguesas, que são poucas. Muitos nobres passaram-se para o partido
castelhano, entre quais os irmãos de Nuno Álvares Pereira. Este incita os nobres a combaterem
ao lado de João I. Consegue os seus intentos e, juntamente com a ajuda do povo, João I reúne
um exército, comandado por Nuno Álvares Pereira para combater os castelhanos (est. 12 a 28).
Está tudo pronto para a batalha de Aljubarrota. Começa a batalha. Os portugueses cedem. João I
anima-os. Recuperam e vencem (est. 28 a 45). Nuno Álvares Pereira parte para o Alentejo e é
feita a paz com Castela (est. 45 a 48).
João I inicia a conquista do norte de África. Sucede-lhe Duarte que não foi muito feliz. Afonso
V continua a conquista do norte de África e é vencido por Fernando de Aragão (est. 48 a 61).
João II sucede ao pai e manda espiões (Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva) por terra para saber
notícias da Índia (est. 61 a 66).
Manuel I sucede a João II e tem um sonho: sonha que os rios Indo e Ganges lhe dizem para ir
conquistar a Índia (est. 66 a 76). Acredita no sonho e encarrega o Gama (não esquecer que é
Vasco da Gama que está a contar a história) de organizar uma expedição para tal efeito (est. 76
a 81). Gama aceita, radiante, e começa os preparativos para a viagem, nas praias de Belém (est.
81 a 87.).
Os navegadores saem da igreja de Belém, metem-se nas naus e dá-se a despedida (est. 87 a 94).
Tinham acabado de partir quando um velho começa a perorar na praia (est. 94 a 105).
Deixada para trás a pequena pátria extrema no encalço de um sonho de lonjura pelo mar imenso
que haveria de trazer tragédia e glória a nautas e reis, eis que a obra (descobrimento e escritura)
se expande nas tensões do vivido e do escrito, rompendo quer com a gramática pragmática, quer
com a poética nas suas já estioladas convenções.
Ainda o velho estava a vociferar quando se afastam da costa e entram no mar largo. Passam a
costa de Marrocos e a Madeira, a costa do Sara, Trópico de Câncer e as Canárias, Cabo Verde e
a Costa da Guiné, o Congo e o Equador (est. 1 a 16).
Gama interrompe a história da viagem para contar ao rei fenómenos marítimos: as tempestades,
o fogo de Sant’elmo a tromba d’água (est.16 a 24).
Já passaram o Trópico de Capricórnio e desembarcam na Baía de Santa Helena onde se dá o
episódio do Fernão Veloso (est.24 a 37). Continuam a viagem, estão junto ao Cabo das
Tormentas e aparece-lhes o Adamastor que os ameaça com tudo o que vão sofrer no futuro por
terem ousado esta empresa (est.37 a 49).
O Gama ousa interpelar o Gigante e pergunta-lhe quem é. O Gigante conta-lhe então o seu amor
por Tétis, o desprezo a que ela o vota por ser feio e o castigo a que os deuses o condenam
(est.49 a 61).
Continua a narração da viagem, já pelo Oceano Índico, vão a terra, entram em contacto com uns
pretos simpáticos mas ignorantes da Índia. Prosseguem a viagem e no dia de Reis entram num
rio onde encontram mais pretos e onde se abastecem de mantimentos (est. 61 a 70). Aqui o
Gama comenta com o rei de Melinde os seus trabalhos (est. 70 a 73).
Continua a narração da viagem, e finalmente encontram alguém que lhes pode dar notícias da
Índia e deixam-se ficar um pouco por lá, onde são atacados pelo escorbuto e muitos morrem
(est. 73 a 84).
O Gama continua a contar a viagem até à corte do rei de Melinde onde agora se encontram e tão
confortáveis!... concluindo assim a história que lhe havia pedido o rei. Insiste que esta é uma
história com factos verdadeiros e não como a Odisseia ou a Eneida, cheia de coisas inventadas.
Todos ficam muito admirados e o rei volta para a corte, quando o sol estava a pôr-se. (est. 84 a
92).
Considerações finais do Camões sobre a fama, a literatura, os feitos heróicos, e a ignorância dos
capitães lusitanos, entre outros temas (est. 92 a 100).
“Ultrapassado o Cabo das Tormentas, os Portugueses são atingidos pelo escorbuto antes de
chegarem finalmente a Melinde. Fim da a narração da História de Portugal e da viagem ao rei
de Melinde, a frota portuguesa parte com destino à Índia (início do Canto VI).
A armada navega calmamente. É de noite. As sentinelas não sabem como hão-de passar o tempo
e Veloso conta a estória do Magriço.
De repente… A tempestade!...
Mas Vénus solta as ninfas, namoradas dos ventos e, com amor, acalma tudo
Chegam a Calecut.
Camões exalta os portugueses, que com intenções nobres, lutam contras os mouros e
turcos, procurando conquistar o povo imundo, dilatando a religião cristã. Na estrofe 9, o
poeta faz referência a uma lenda, em que Cadmo semeou dentes de dragão e deles
nasceram soldados que se mataram uns aos outros. Cadmo mandou alguns
companheiros à Fonte de Ares, guardada por um dragão, que os devorou. Cadmo matou
o dragão. Atena apareceu-lhe e aconselhou-o a semear os dentes do animal. Este assim
fez e, imediatamente da terra brotaram homens armados. Estes homens eram
ameaçadores e Cadmo imaginou-se a lançar pedras para o meio deles. Não vendo quem
os feria, começaram a acusar-se reciprocamente e massacraram-se. Ficaram cinco, que
ajudaram Cadmo a fundar Tebas. Camões faz referência também à Divina sepultura
possuída de cães, expressão figurada dado que os dentes nasceram da terra. Aqui,
Jerusalém ficou possuída pelo império Otomano (de religião islâmica), em 1517, que
passou também a tomar posse da Divina sepultura (Túmulo de Cristo).
Na estrofe 12, Camões crítica de novo a Europa. Segundo ele, a civilização era
maculada pela presença dos turcos, que se difundiam cada vez mais. Na estrofe 13,
continua a dirigir-se aos divididos povos europeus e refere-se aos feitos desumanos do
povo ignorante, que obriga gregos, trácios, arménios e georgianos a educarem seus
filhos nos preceitos do alcorão.
Nas estrofes 15-22, Camões narra a entrada em Calecut e descreve a Índia. Logo nas
primeiras estrofes (15 e 16), recorda a fúria dos ventos repugnantes enfrentada pelos
navegantes que foram salvos por Vénus que, com a sua brandura, logo enfraqueceu a
fúria dos ventos. Ao chegar à nova terra em Maio de 1498, os pescadores, em leves
embarcações, mostram aos portugueses o caminho para Calecut, onde vive o rei da
Índia. Na estrofe 17, o poeta descreve a Índia e critica a religião do povo local. Camões
continua a descrever a geografia de Índia e apresenta os primeiros contactos com aquele
povo desconhecido (estrofes 23- 27). Vasco da Gama avisa o soberano indiano (rei
Samorim) da sua chegada e manda a terra o degredado João Martins. No meio deste
povo, com quem não consegue falar, João Martins encontra o mouro Monçaide, que
fala castelhano. Este acolhe o português e serve-lhe de tradutor. O mouro admira o
espírito aventureiro dos portugueses, ao conhecer as suas aventuras e por vê-los tão
longe da pátria. Monçaide acompanha-o até à frota e explica aos portugueses um pouco
de geografia, história, política, religião, os costumes da Índia.
Das estrofes 28 -41, Monçaide e João Martins regressam à frota de Vasco da Gama e
Monçaide fornece informações importantes acerca da Índia. Nas estrofes 37- 41, são
descritos os costumes religiosos do povo local, cuja lei de “fábulas compostas se
imagina”.
Algum tempo depois, Vasco da Gama recebe permissão para desembarcar com os
portugueses e é recebido pelo Catual, que o leva ao Samorim (42). Na estrofe 45,
Camões fala da dificuldade que os portugueses tiveram para comunicar com o povo
local.
A partir da estrofe 66, enquanto os portugueses são acolhidos pelo rei, Samorim ordena
ao Catual que colha mais informações junto de Monçaide acerca dos portugueses e, em
seguida, visita a esquadra portuguesa, onde é recebido por Paulo da Gama, irmão de
Vasco da Gama. Catual pergunta a Paulo da Gama o significado das figuras desenhadas
nas bandeiras lusas. O irmão do comandante assume a narrativa e conta os feitos dos
heróis da pátria (Viriato, D. Afonso Henriques, Egas Moniz, D. Nuno Álvares Pereira e
outros). Nas bandeiras, os símbolos representavam episódios históricos portugueses ao
longo do tempo.
Da estrofe 78 até o final do canto, Camões faz nova inovação às Ninfas do Tejo e do
Mondego, e queixa-se da sua infelicidade e pede inspiração para prosseguir o canto. O
poeta conta um pouco da sua biografia e lança-se num lamento indignado pelo modo
como sua pátria o tem tratado a ele que só pretende cantar a glória portuguesa. Na
estrofe 79, Camões faz referência à tragédia de Éolo. Nesta lenda mitológica, Cânace
foi forçada pelo seu pai a cometer suicídio como punição pelo facto de ter mantido uma
relação incestuosa com o seu irmão Macareu. Em sua lamentação, o poeta faz referência
ao seu naufrágio no mar da China pelos fins de 1558, relacionando-o com a história do
rei judaico, que ao saber da sua morte pelo profeta Isaías, roga a Deus mais quinze anos
de vida. Camões, indignado, enumera as pessoas que não merecem a glória do seu
canto: os lisonjeiros; os que actuam movidos por interesses pessoais em prejuízo de um
bem comum e do seu rei; os que actuam movidos pela ambição (os que sobem ao poder
por influências, os que compram cargos importantes), permitindo dar vida aos seus
vícios; e os que exercem despoticamente o poder.
Já na margem, o Catual diz ao capitão português para trazer a frota para mais perto de terra,
para poder embarcar. O que tinha em vista, afinal, era a sua destruição, imagine-se. E, aqui,
entra a astúcia e a desconfiança de Vasco da Gama que não aceita a proposta e é preso. Mas este
governador menor tem receio do rei e propõe a sua libertação em troca das mercadorias
portuguesas. E Vasco da Gama aceita e compra a liberdade, lembrando-se que a sua missão,
afinal, era maior do que a submissão ao vil metal luzente
Entra a corrupção!
O Gama apercebe-se e vai falar com o Samorim antes que seja tarde.
A custo consegue vender e trocar algumas mercadorias.
É a força do dinheiro
Continuamos a nos mover entre a viagem dos marinheiros e a intriga dos deuses. Vasco da
Gama conseguiu se livrar de dois dias e uma noite em Pandarane, estava preso. Trocou sua
liberdade por uns rolos de fazenda. De volta às suas naus dá início à viagem de regresso,
Camões não se preocupa em narrar ou dar qualquer notícia disso: Cortando vão as naus a larga
via / Do mar ingente pera a pátria amada. O que parece importante é a viagem à Índia. Voltar
apenas reabre as linhas não escritas sobre uma visão passada e uma visão futura de Portugal, ao
mesmo tempo. Ou seja, é preciso sempre ler o que não foi escrito. E disse Llansol: Penso muitas
vezes: e se Vasco da Gama não tivesse voltado?
E em algum ponto inespecífico no meio do mar, que pode ser do oceano Índico ou do Atlântico,
Vénus organiza uma surpresa para os navegadores. Um prémio: uma ilha flutuante e encantada
recheada de ninfas expandidas de desejo. Enquanto isso, Tétis leva o Gama pela mão até sua
morada, e se amam. Antes, amor só onde também há corpo; depois, os marinheiros podem
entrar no reino da imortalidade.
Esta convicção da fábula impura é que dá ao homem a sensação de que agora está perfeitamente
adequado ao universo.
Braço de ferro entre os mouros e Vasco da Gama que na primeira oportunidade zarpa.
Vénus prepara a Ilha dos Amores com a ajuda de Cupido e dos cupidinhos
A ilha encontra as naus ( Assim mesmo porque ela amanda-a ao seu encontro.)
“Mas que é isto?...” – dizem os marinheiros- As ninfas todas acesas!...Uau!...”
Depois… é o costume.
A glória é uma ilusão que paga o trabalho que se tem.
Findo o banquete, Tétis conduz Vasco da Gama ao alto de um monte de onde se avista um
globo transparente, suspenso no ar. Trata-se da Máquina do Mundo, concebida por Deus e posta
ali para ser vista especialmente pelo herói português. A grande máquina, etérea e elemental, é
composta por vários orbes sucessivos e concêntricos. Tétis mostra ao Gama, logo depois, os
orbes dos sete planetas, detendo-se detalhadamente na Terra, verdadeiro centro de toda a
máquina. No orbe terrestre, a deusa descobre os lugares onde os portugueses da Europa cristã
vão empreender seus mais altos feitos.
Tétis termina seu discurso, e os viajantes podem, então, partir. Os homens acomodam-se nos
navios, em companhia das ninfas, e a viagem prossegue até que eles entram pela “foz do Tejo
ameno”. Os audazes navegantes entregam a Sua Majestade o prêmio glorioso: a notícia da
descoberta do caminho marítimo para a Índia.