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O LEGADO DE MARTE Olhares miultiplos sobre a Guerra do Paraguai Leonardo da Costa F Marcello José Gomes L C José Miguel Arias Neto Z| a eed ditora Appia Edit -Conright© 202% dos autores Dietos de EegsoReseradosEeitoreAcpis Lda. Nevtura at det crs poder se ids nda, sem et aero coma 960078, eres ler excornsrodeectnins tapenade aces Fo elt 0 Dada ep ra Funda bles Nadal de eaos 16 de tetzi0ns 012392 ce OUe0N8 csogatonaonte SboweanecRO 97070" L4961 —_Olegado de marte:othaes maltilos sobre a Guerra doParaguai/ 2021 Leonardo da Costa Ferreira, Marele Jot Gomes outer ond Miguel Arias Neto orgs) 1.ed~ Curitiba: Apprs, 2021, 431 p523¢m (Ciena soca, Inc bibograta 1S8N978-65-250-1656-6 1. Brasil - Misti Inpria 1822-4889. 2 Paraquat, Guerrado, 1865-1070.3-Tripice Alga, Guera da, 1865-1870. L Ferre, Leonards Costa. Lauer, Marcelo Jose Gomes, Avis Neto, Jose Mig IV Titular cop- 981 Lowa escerdcom saranda ABNT Avers Ketrne tino ‘edt, 15 Hers Counce nuiocon Saajase-aet omeatoseeesmte Leonardo da Costa Ferreira Marcello José Gomes Loureiro José Miguel Arias Neto (organizadores) O LEGADO DE MARTE OLHARES MULTIPLOS SOBRE A GUERRA DO PARAGUAL ris FICHA TECNICA EDITORIAL Augusto Vide A.Coeho Mark Caetano Sara. de Andrade Coelho CCOMITEEDITORIAL Andvéa Barbosa Gouvela-UFPR Esmeire. Perera -UFPR Wraneie da Siva-UFC Jacques de Lima Ferreira-UP ASSESSORIAEDITORIAL CibeleBastor REVISAO Bruna Fernanda Martins PRODUGAOEDITORIAL Rebeca icodemo DIAGRAMACAO Shoany Alves dos els ‘CAPA. Shelia Aves COMUNICAGAD Carlos Eduardo Pereira Debora Naziro ‘ert ipoloOlegério LVRARIASEEVENTOS Estevdo Misael GERENCIADEFINANGAS_Selma Maria Fernandes do Valle CCOMITE CIENTIFICODA COLECAO CIENCIASSOCIAIS DIREGACCIENTIFICA. Fabiano Sertos UERHIESP) CCONSULTORES Ali Ferteea Goals (UFPB) ‘Artur Ferrisi(UFPB) Cavs Xaverde ArevedoNetto[UFPB} Cartes Psa (UFR) Five Munhos Sfat(UFG) sand PresFrigo(UFPR-Palotina) ‘Gaee Auusto Mian Set (UnB) ekcmara de Sou2 Teles UFMG) Iranele Soares d iva(UFCUFP) Jado Feres nor Ue) Jordio Horta Nunes EG) ‘Jose Hevique Artigas Godoy (FFB) JosonePntxo Maris UFCG) etl Andrade (UES) wiz Gonzaga Tela (USP) ‘Marcelo Almeida Plogso (UFC) Macrco Novaes Souza WF Sceste MG) Michelle ato Figo (UFPR-Palotina) evan Freitas UEG) ‘mone Wolf (EL) JUPITER (a Mare Que tem feito? MARTE (Okt por mim, ando agora na pista De um congresso geral. Quer, com fogo ¢ ar Mostrar que sou ainda aguele antigo Marte Que as guerrasinspirou de Aquiles ede Heitor. ‘Mas por agora nada! ~ E desanimads (0 Estado desse mundo. A guerra, 0 mew ofc, E oli caso; antes vem o artifc Diplomacia 0 nome: a coisa é 0 miituo engano ‘Matam-se, mas depois de um labutarinsano Discutem. gastam tempo, ecuidado ¢ talento O talento ocuidado & ter asticia ¢teto ce que isto €branco Sente-e que isto & preo,¢ 2 ‘Atoice no caso é falar caro ¢ franco tina Fontes, 2003, "MACHADO DE ASSIS, Joi Mai. Tearo de Machalo de Asis, St Pla: Marti Fs PREFACIO A historiografia brasileira sobre a Guerra da Triplice Alianca contra o Paraguai vem passando no Brasil por importante renovacao desde a década de 1990. A renovacao verifica-se no tipo de abordagem, no uso de novas fontes, na ampliacao das tematicas. Antes disso, pouco havia além dos importantes relatos e memérias de participantes do conflito, com destaque para as obras do visconde de Taunay e alguns estudos limitados A dimensao militar dos confrontos. A partir dos anos de 1970, durante a ditadura, surgiram trabalhos chamados de revisionistas, marcados por forte viés ideolégico, que usavam o tema da Guerra para, indiretamente, criticar os governos militares. O marco inicial da renovacao pode ser colocado na publica¢ao do livro A Guerra do Paraguai 130anos depois, organizado por Maria Eduarda Castro Magalhaes Marques e publicado em 1995. O capitulo mais importante do livro foi escrito por Leslie Bethell, que mostrou a auséncia de evidéncia para a tese sustentada pelo revisionismo de que a Guerra tenha sido feita para atender aos interesses do imperialismo britanico. A destacar também os capitulos de Eduardo Silva, sobre a participacao na guerra de negros livres elibertos, e outro, sem indicacao de autoria, sobre a iconografia do conflito. Mas a obra que marcou com maior impacto a mudanga na histo- tiografia da Guerra foi o livro de Francisco Doratioto, intitulado Maldita Guerra; nova histéria da Guerra do Paraguai, publicado em 2002. Baseado em vasta pesquisa e ampla documentagao, alterou a qualidade historiografica do que se vinha fazendo e tornou-se a melhor obra sobre 0 conflito, até hoje nao superada. A partir dai, renovou-se o interesse pelo tema, refletido, sobretudo, em teses e dissertacdes defendidas nos departamentos de Historia das universidades. Os novos estudos caracterizam-se pela observacao das regras da boa pesquisa hist6rica, pelo recurso a fontes variadas e confiaveis, pela diversificacio das abordagens e das tematicas. Temas como a politica, a participacao das mulheres, as doengas, 0 voluntariado, a imprensa e a iconografia tém sido objeto de escrutinio da nova historiografia. Um dos produtos dessa renovagao é 0 livro que agora chega as livra- rias, O Legado de Marte: olhares muiltiplos sobre a Guerra do Paraguai. Como © proprio titulo ja indica, a partir de uma introdugao sobre as vicissitudes da historiografia sobre a Guerra, 0 livro oferece uma série de capitulos marcados pelas novas tendéncias apontadas. Ha estudos sobre tecnologia, incluindo a construcao naval ea qualidade dos rifles, sobre os problemas ae satide (médicos, hospitais), a cobertura da imprensa, musica, memérias da Guerra, sobretudo, talvez a maior novidade, sobre o destino dos veteranos e sua luta para receber suas pensoes. Outra caracteristica que recomenda o livroéo fato deter sido organi- zado por dois professores da Escola Naval, Leonardo da Costa Ferreira, civi] edoutor em Historia pela Universidade Federal Fluminense, e Marcello José Gomes Loureiro, militar e doutor em Histéria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Escola de Altos Estudos de Paris. O terceiro orga- nizador, professor José Miguel Arias Neto, é doutor e professor de Histéria da Universidade de Londrina. Mais quatro dos 21 autores sao oficiais da Marinha e um é oficial reformado do Exército. Esta colaboracdo entre militares e civis é nova e muito bem-vinda. Ela esta dentro do espirito do Pro-Defesa, projeto criado em 2005 por convénio entre a Capes e 0 Ministério da Defesa destinado a aproximar pesquisadores civis e militares em projetos comuns de ensino e pesquisa. 0 Pro-Defesa financiou varios projetos de pesquisa e incentivou a formacao de mestres e doutores militares em programas de pés-graduacao. Dele, ja resultaram varias publicacées de militares resultantes de dissertacoes ¢ teses defendidas em universidades. Um dos autores militares do livro, 0 capitio de mar e guerra, Francisco Eduardo Alves de Almeida, participou do Pro-Defesa como coordenador de projeto. Nao surpreende também que a filiagdo da maioria desses pesquisa- dores esteja vinculada 4 Marinha, uma Forca que sempre se destacou pot valorizar a ciéncia e a pesquisa e por ter produzido bons cientistas e his- toriadores, como os ja falecidos almirante Alvaro Alberto, almirante Max Justo Guerra e almirante Hélio Leéncio Martins. O trabalho conjunto de historiadores civis e militares garante que os estudos, como os incluidos neste livro, rejam-se pelos mesmos protocolos da pesquisa histérica, garantia de sua qualidade, sem eliminar a liberdade de cada pesquisador em escolher 0 tema e a abordagem que mais lhe convenha. O trabalho conjunto é uma das oportunidades de didlogo entre civis e militares que tanta falta nos faz. AGuerra da Triplice Alianga contrao Paraguai foi um acontecimento traumatico para quatro paises. Atingiu, principalmente, o Paraguai, mas teve também alto custo para o Brasil no que se refere a perdas humanas ¢ materiais. Calcula-se em cerca de 50 mil o ntimero de mortos na guerra, mais do que asoma das vitimas de todos os outros conflitos, internos e externos, ocorridos no pais no século XIX. Deixou também marcas profundas nas politicas interna e externa, na economia, na luta contra a escravidao, nas relacdes entre civis e militares e na construgao de uma identidade nacional. Ela pede ainda muitos estudos com a qualidade, a seriedade e a natureza colaborativa dos que constam neste livro, Rio de Janeiro, fevereiro de 2021. José Murilo de Carvalho Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro APRESENTACAO Ahistéria nasceu tratando de guerras, campanhas e batalhas militares e navais. Como exemplo, podemos referir a obra Histérias, de Herddoto (485-420 a.C.), um relato das Guerras Médicas entre gregos e persas no decorrer dos séculos Ve IV a.C.; Andbase, de Xenofonte (430-355 a.C.), que seria uma descricao da expedicao do exército grego sob as ordens de Ciro contra seu irmao, o imperador persa Artaxerxe; na mesma senda, as Histérias, de Polibio (203-120 a.C.), que descreve as desavencas militares entre Roma e Cartago na época das Guerras Ptinicas; e, por fim, vale consignar ainda Histéria da Guerra do Peloponeso, de Tulcidides (460-400 a.C.), que narra as lutas entre os préprios povos da Grécia antiga. Durante muito tempo, tais obras serviram de modelo para incontaveis outros relatos, nao apenas de histéria militar, mas também de histéria politica. Legaram a nocao de uma historia “mestra da vida” — que deveria, por meio dos exemplos do passado, lancar luz a um futuro virtuoso — nocao hoje sobejamente criti- cada e ultrapassada. Assim, essas histérias, que se confundiam por muito tempo coma prépria ideia de histéria, ainda explicitam a importancia que a guerra tem para as sociedades”. O estudo de fatos e acdes militares, todavia, sofreu ostracismo ao longo do século XX. Algumas raz6es poderiam explicd-lo. Em primeiro lugar, desde 0 conflito politico-militar dos Estados Unidos contra o Vietna, a guerra no Ocidente tem sido considerada abjeta, incivilizadae um recurso pouco inteligente para se resolver situacdes pendentes, sejam elas religio- sas, culturais, econdmicas, territoriais ou politicas. De certo modo, isso contribuiu para o aumento da criticidade aos estudos e as pesquisas sobre 0 fendmeno da guerra nos meios académicos. Em segundo lugar, vale mencionar, mesmo que brevemente, certos Percursos tedrico-metodoldgicos®. No conjunto de transformagdes propostas e desenvolvidas pelos historiadores do movimento dos Annales, a primeira Nesse aspecto, do ponto de vista dos militares, o estudo dos rel de batalha nas mais diferentes lemporalidades ti de uma apurada anise, o aprendizado do e descrigdes ou de diirios de campos n uma fungdo altamente utilitiria, pois possibilita por meio prego das forcas armadas nos niveis estratégico, titico e logistic, na priti bem como da maneira como os preparativos guerra for ) aplicadas no teatro de operagdes. RA, Luie Guilherme; LOUREIRO, Marcello, A nova histdria militar ea América port i ifico, In: POSSAMAI, Paulo (org). Conguistar ¢ Defender: Portugal, Paises Baixos ¢ Brasil. Es st6ria Militar na dade Moderna, Sao Leopoldo: Oikos, 2012. p. 13-31 balanco os de SUMARIO INTRODUGAQ 8080002 hee eee 25 PARTE 1 HISTORIOGRAFIA, MEMORIA E BIOGRAFIA AGUERRA DO PARAGUAI: A HISTORIA DAS SUAS VERSOES E OS NOVOS RUMOS DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA Leonardo da Costa Ferreira POR UMA HISTORIOGRAFIA DESDE A OTICA DAS POPULACOES DA BACIA DO PRATA. Mario Maestri TRINCHEIRA ALIANCISTA: A HISTORIOGRAFIA OFICIAL NOS JORNAIS PARAGUAIOS APOS A GUERRA ENTRE A TRIPLICE ALIANGA E O PARAGUAI Silvania de Queiréz O CONDE D’EU NA GUERRA DO PARAGUAI E NA HISTORIOGRAFIA. BRASILEIRA. Braz Batista Vas O ALMIRANTE JOAQUIM JOSE IGNACIO E A CAMPANHA NAVAL DO. PARAGUAI (1866 A 1869): UM ESTUDO DE COMANDO.......... 107) Francisco Eduardo Alves de Almeida PARTE 2 POLITICA, RELACOES INTERNACIONAIS E DEF A PAX ARMADA NO ENTREGUERRAS DO RIO DA PRATA (1852-1864) Pedro Gustavo Aubert bono o ia “A ESQUADRA EA OPOSICAO PARLAMENTAR” : GUERRAS NO PRata, ARMADA IMPERIAL E AS ELITES POLITICAS (1850-1870)............. ie Renato J. P. Restier Junior O ESTABELECIMENTO NAVAL DO ITAPURA E A COLONIA MILITAR; O PROJETO DE CIVILIZACAO DA ARMADA IMPERIAL PARA DEFESA DA FRONTEIRA DE MATO GROSSO CONTRA A REPUBLICA Do PARAGUAI vos 167 Jéssica de Freitas e Gonzaga da Silva O TRATADO DA TRIPLICE ALIANCA DE 1865 EA GUERRA.......... 19] José Miguel Arias Neto APOLITICA REGIONAL APOS A GUERRA DO PARAGUAI (1870-1881)..215 Gabriel Passetti PARTE 3 ARMAMENTO, RECRUTAMENTO E DESMOBILIZAGAO............5+ 231 INOVACOES TECNOLOGICAS E A GUERRA DA TRIPLICE ALIANCA ..233 Armando de Senna Bittencourt A EXPERIENCIA DO COMBATE TERRESTRE NAS GUERRAS DA SEGUNDA METADE DO SECULO XIX: CRIMEIA, SECESSAO AMERICANA EPARAGUAL.... Leandro José Clemente Gongalves PERNAS PARA QUE TE QUERO: RECRUTAMENTO PARA A GUERRA CONTRA O PARAGUAI Mateus de Oliveira Couto HAALGUEM POR Ai QUE AINDA SE LEMBRE DA GUERRA DO PARAGUA? MEMORIA, HISTORIA E ESQUECIMENTO : eine Poe SOCIAL DOS MILITARES DO EXERCITO DE LINHAE LUNTARIOS DA PATRIA NO POS-GUERRA DO PARAGUAL-* Fernando da Silva Rodrigues, Alvaro Alves PARTE 4 MEDICINA, MUSICA E PROPAGANDA DE GUERRA.............000:0065 321 O CORPO MEDICO DISPONIVEL E SUAS IDIOSSINCRASIAS COM A HIERARQUIA MILITAR 323 Jorge Prata de Sousa ABARBARIE DO OUTRO LADO DA TRINCHEIRA: OS DISCURSOS DA IMPRENSA JLUSTRADA NA GUERRA DA TRIPLICE ALIANCA CONTRA O PARAGUAI (1864-1870) Gabriel Igndcio Garcia MUSICA, MUSICOS E A GUERRA DA TRIPLICE ALIANGA: PAISAGEM SONORA E ATIVIDADE MUSICAL DAS BANDAS MILITARES .......- 373 Anderson de Rieti Santa Clara dos Santos “COM SELVAGENS NAO HA OUTRO MEIO”: DISCURSOS DE CIVILIZACAO EBARBARIE NO CONTEXTO DA GUERRA DO PARAGUAT......---- 395 Fernanda Deminicis de Albuquerque, Marcello José Gomes Loureiro SOBRE OS AUTORES.. NTRODUCAO A Guerra do Paraguai esta entranhada na configuracao das socieda- des dos paises que a travaram, Estao suficientemente demonstradas pela historiografia suas repercussdes politicas na crise da Monarquia brasileira, na consolidacao do Estado centralizado argentino, na reconfiguracao da politica interna uruguaia e na destruicao do Estado paraguaio pré-1870. Repercussdes que alcangaram os chefes de Estado aliados, pois 0 presidente argentino Bartolomé Mitre nao conseguiu eleger seu sucessor a Presidéncia - foi eleito Domingo Sarmiento, um critico da Triplice Alianga ~; Venancio Flores morreu assassinado na rua em Montevidéu e Pedro II foi objeto de criticas no Brasil, por insistir no término militar vitorioso da guerra, ea sua figura perdeu um pouco de majestade. Entre os Aliados, os comerciantes de Montevidéu e, principalmente, do chamado litoral fluvial argentino beneficiaram-se com os gastos na manutencio das tropas brasileiras na guerra, enquanto as financas ptiblicas brasileiras tornaram-se deficitarias. Do lado do Paraguai, Francisco Solano Lépez foi morto e houve dramatica perda demografica, assim como de territérios litigiosos que passaram A soberania da Argentina e do Brasil. A economia paraguaia, essencialmente agricola e utilizando métodos primitivos, foi duramente golpeada pela perda de mao de obra dos agricultores mobilizados para a guerra e pelo consequente estado de abandono a que ficaram relegadas as plantacGes ea pecuaria. Como consequéncia dessa situacio e da auséncia de estabilidade institucional pds-1870, o Paraguai nao se inseriu no dinamico comércio internacional das décadas finais do século XIX, quando as economias da Argentina, Brasil e Uruguai beneficiaram-se dessa insercio. Para o Império do Brasil, o Rio da Prata era uma regiio geopolitica vital e, por isso, o IT Reinado nela exercitou uma diplomac cionista, para isolar Buenos Aires, para impedir que esta reunisse, hegemonia, 0 territério do antigo Vice-Reino do Rio da Prata na forma de um Estado republicano. Este aparecia nos calculos da diplomacia imperial como um risco a livre navegagao dos rios P contato regular e o transporte de cargas entre o Rio d cia de Mato Grosso. Ademais, tal reptiblica forte e bem-sucedida poderia tornar-se polo de atracao as provincias brasileiras fronteirigas ou, ainda, referénc’ ativa, interven- sob sua and e Paraguai, vital para o Janeiro ea provin- para o fortalecimento do republicanismo no Brasil. Dai, a agio LEONARDO na cog MARCELLO JOSE Gt ACOSTA, /OMES LOUREIRO - JOSE MIGUEL ARIAS NETO ORG ante RR, NIZADORE By) O estudo da Historia permite diferentes interpretacdes — limitadgg porém, pela aplicacio da metodologia histérica -, e nosso conheg; sobre ela avanca com a realizacao de novas pesquisas e do debate histo. tiografico. Demonstra-o O Legado de Marte: olhares multiplos sobre g Guerra do Paraguai, em que o leitor encontrara o debate historiogréticg sobre a guerra, nos artigos que tratam de diferentes aspectos do conflito e utilizam diferentes referenciais tedricos. Esses trabalhos, de autoria de historiadores civis e militares, ratificam 0 quao positivos sao a liberdade eg dialogo intelectuais. Por essas caracteristicas, este livro é uma contribuicao relevante a historiografia brasileira sobre a Guerra do Paraguai, Mento Brasilia, marco de 202] Francisco Doratioto Professor doutor de Histéria na Universidade de Brasilia Referéncias ALCALA, Guido Rodriguez. Ideologia Autoritaria. Brasilia: FUNAG, 2005. BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O expansionismo brasileiro: o papel do Brasil na Bacia do Prata. Da colonizacao ao Império. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1985. BREZZO, Liliana. La historiografia paraguaya: del aislamiento a la separacién ¢ la mediterraneidad. Didlogos, Maring§, v. 7, p. 157-175, 2003. CHIAVENATTO, Julio José. Genocidio Americano: A Guerra do Paraguai. Si0 Paulo: Brasiliense, 1975, KRAUER, Juan Carlos Kerken; HERKEN, Maria Isabel Giménez. Gran Bret?) la Guerra de la Triple Alianza. Asunci n: Editorial Arte Nuevo, 1982. POMER, Léon. A Guerra do Pa Calden, 1968, draguai, un grande negécio, Buenos Ait TASSO FRAGOSO, Augusto. Historia da Guerra entre a Tr lice Alianga eo Pu Rio de Janeiro: Bibliex, 1930,

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