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Textos escolhidos Eni Puccinelli O A Aplicago dos Conceitos da Linguistica para a Melhow tas Tenicas de Andlse de Conte Espeificidade de uma Discipline de Interpretagao Anise de Dscuno na F202) Posi Sindical eTomada de Partido nas CCincias Humanas e Soca As Masss Populze so um Objeto Ina Alls de Discurso Io Sobre os Contexts Epistemolgices da Andlise de Discurso. Huma Via para a Linguitica Fora do do Sociologisme? Bibliograia LER MICHEL PECHEUX HOjE! fes, nas primeiraspginas, de dois aurores ingless. Dadas cetascondigbes da produgio de M. Pécheu, me pareceu proprio razcr algo da literatura ingles utores: Keats e Shakespeare. No que dia um, 0 sentido da belea, no outro a ironia ("tongue in check’, dizem os ingles) Ese kim estd no gosto de Pécheus, ena anise de discurso, joke ¢ pelo Wits. O primeiro, parque nio se pode pensar alinguagem sem pensar a beleza A lingua brincando com el A cada releitura, um sentido, insistence, se faz sempre presente em relagio a este autor, Michel Pécheus: ele pensa politicamente. O politica ~ e mesmo a politica ~ alo The vem Por scréscimo. E constitutive de seu pensamento, dlvida uma qualidade marance da si ari, Mas no fc vr que me imprenons com cra deMichelPcheus 6s ead peepee ng ngs, iginges reument sobre gun, Fer deocarse o quar ds SeitteNom on sends Incdmodo, Df. Sempre ainda 4 a edo XX. na Fran Alans excopo da relexio eek de signa (Langage 371979), da M. Péchevs. Gat sc efor se espraram pars as cinias em gen A tira omenagem ssc autor, Minba homenager, desde qu mpenho da compreenso, com ocntusiasmo de quem sabe estar ‘rando em um lugar nove de reflexio, uma outra compreensio da inguagem, dos sujcitos, dos sentidos.E, mais importante aque permite sempre a abertura para novas reflexes. Como cle fhesmo diz, em linguagem, as questOes munca esto jé sempre ‘spondidas. Flas retotnam, Nao s6asquestdes retornam, como + anise de discuso proposta por Pécheux & um campo aberto 3 eflego, a uma praxis terica nao sevil, Minha homenagem ¢ conseguir mostrar em minhas aulas,em meus esritos, © que fago do que compreendo lendo este autor €0 que dai desenvol- vie desenvolvo, Socalizar aquilo a que tenho acesso. Tocar 0 harcisismo pela via da critica ideolbgica. Ser consequent com O objetivo que persigo com a pritica do conhecimento sobre 2 4 linguagem; mener com os aucomatismos, com a ilusio de ttansparencia, fizer se movimentara relasio dos sujcitos com os sentidos , quem sabe, com o mundo. Pela palavras que tenho duvido, iso acontece iniimeras vezes. O praver em ouvi iso parte da relacio com este autor com a qual pude constcuir tum discurso que me petmite produzir © conhecimento que me fascina 0 dalinguagem, em que o politico eo sueito so partes dele, Na andlze de dscurso pratico uma relagio de consistencia ‘com minha prépriahistéria, Mais do que isso: encontrei as condligoes para produziralém do ldo, desenvolver esse campo de anise absindo sempre novas possbilidades para o presente 0 futuro, no conhecimento da linguagem. Este liveo, portant, & mais uma das homenagens cota nas que tenho feito a Michel Pécheux, 0 fundador da anlise de discurso. E nao € outto o sentido de minha homenagem: conocer, fazer conbecer a lingsagem, conhecendo textos de Michel Pécheus. A perspectiva que tomo, 20 trazer estes textos para uma leicura hoje, € a que tenho proposto em meu trabalho sobre a hhisria das ideias linguisticas, quando critico 0s que falam em “reeepgio do autor xno Brasil”. Na perspectia, que éa minha, no se “recebe” simplesmente um autor. Estabelece-se uma re lagio com a obra deste autor, sempre a patie de uma posigio nossa em nossa tradigio de reflexsoe na histéria do conhecimento {que produrimos no Brasil. E trabalho inceletual consante, que no parte deses autores mas via eles para olhar nosso préprio tcabalho em perspectiva, Nos telacionamos com os aucores para claborarmos, avangando, 0 que estamos construindo com nosst autoria, Descoloniar a vida intelectual ado é uma minha preo- ‘upasio menor. Porque temos a colonizagio em nossa hstéra, néo & pequeno rsco, quando olho 4 minha volta, dos que tstabelecem com o que vem de fora uma relagio de adulagso incelectal ede submissio, priprias&idcologia do colonizado. 1B sce conjunto de textos que reunimos neste lv, apresenta, cm grande medida, as elledes ncessirias a Michel Pécheuwx para produziramuadanga de terreno que ele se propanla para laborar Wanilise de discurso. Para isso, ele movimenta o tempo todo os discursos de diferentes campos cientficos —em tomo da nogio de idcolopa, de sociedade, de de sujeita, de iéncias human politica, cee de diferentes teoris. Nesse sentido, ste livro forni-se um excelente observatério da consttuiaoeelaboracio dea teoria, de um método eda caraterizasio tedrica de um objeto. Desse modo, podemos considera, nessa leitura, também ‘timportinciadessestertos para os que se dedicam &his6ria das ideias ¢ especificamente & historia das ideas linguistics. Nao correo asim o risco- tio comum aos que colocam sua mochila has costase saem A procura de uma origem perdi ~ de fazerem lima histéria sem a leitura do arquivo, ou Sea, sem a consulta do discurso documenta. io falaremos 6 em homenagem. Noss objerode eflexto gui so os textos de Michel Pécheux, o fundador da chamada Escola Frances de Andise de Discurso”. Textos estes menos li ddos porque menos conhecidos, publicados em revista de pouca Cireulagdo, ou apresenados em coléquios e mesmo em joonas. Textos ros publicados hi mais tempo que outros. Tetos que cram antes de tudo textos de reunives de trabalho. Textos de invengior "Qual ¢ esta situayta de pensamento em que visa 0 (que nao 4 02" Textos de romada de posigdo. E queremos aqui foster a importancia da leitura desses textos. Propomos wma ‘etomada. Mas como esténaprépria anise de discuso,retomat ni € repetit. Repetir nde & reproduzit io exquegamos que, nos anos 1960, anos da entrada em cena da anlise de discurso proposta por M. Pécheus, a questio do revisionismo jf era uma questio muito presente, Presente no tema da letura da interpreagio, elaborado por diferentes, immelectuais (Althusser, Lacan, Barthes outro). E essencal lero Capital, dizaentio Althusser (2007). Com- sinuando, dizi ele: “deve arsentar que énecesri ¢esencial ler ccstudar Linn e todos ox grandes textes, novos antgas, aes quis Se deve aexperiénca delta de clases do movimenteopertriainer- nacional Eesencialestudaro textos prtias do movimento operiria reolaciondvio em sua redlidade us problemas econradiies: seu pesado aca de tudo, sus hiséria presente (grfo me) Pois &disto que se trata quando colocamos a questio do revisionismo: do passado, mas também do present, da leitu Propomos pos ler esses extos em sua histéia presente. Eo que significa iso: significa confrontarse com o revisionism, Let (Michel Pécheus)lentamente, como diria Nietszche Se romamos Rance’, comentando alguns aspectos da posigio de Vidal-Nacquet em sua critica so negativismot, ele diré ‘que uma das caractersticas da culeura ntemporinea é exar de inexstentes as reliddes sociais, politias,ideais, cultura, Bolas ques atedava sere a8 mab bem eabecidas (Rance 1995), Mas eu vjosocomouma costae. Sempre Gino rea a dia ene les, ecm todo it. interpreta. O risco da leitura: 0 revisionismo. 7 ere ia ih euler wdc Fades. Pensando aleirura, como. estou propando, o revisionismo cstéem, ao ler um autor fundador como Pécheux (poderia er Saussure ou qualquer outro.) interpeeti-lo como ji estabele- ido e, poreanto, hoje, inexiscente. A pergunta, na verdade, ¢ como significar a leitura desses textos na atualidade? Como refio acima, na fala de Alshusser, como eles significa na sua ia de rellesso? histéria presente? Como produzem uma his ‘Como 0s lemos hoje? Como significamos © que Ii esti posto se sahemos que os sentidos io tém origem assinalivel eta esto ji? poco estio le tem seu lgar na hstéria do conhecimento do discuso Mas ele também texto dspontvellecura pars os que tabalh Joje na andlise de discurso, F éeste modo deler que nos int Ler Michel Pécheux hoje. E acreseentamos um complicador hoje, no Brasil. Porque os sentidos em que ce fezlfazsentidos no éna historia Id mas na nossa histéria aqui que se apresenta ‘como relevance Desse modo, ¢ que colocamos& disposigio do letor bras Ieiro estes textos de M, Pécheuw. E podemos assim rele sobre a arulidade de sua leita desde o que diz sobre propagandas povernamentas que nos permite ver em nosso presente, no que fo no Brasil a campanhaeleiora bo descolamento do discurso, pela propaganda (marketing), deta ‘modo que o que realmente deveria ser significado fica sem signi ficagio politica rea. “Se é bom para cles por que no seria bom para nds". Sé€ dco aqui que ancecipa-se como o que se quet uv EPécheuu, em su texto, nos fz compreenderiso, land dle propaganda politica sem se esgotar, como se rem visto hoje em \arios tabalhos que gram em toma do mesmo, no discurs sobre a midis publicdade Ele faz isso, clegarterente, propondo-nos pensar esa questo olhandoasformas hisércas do assyjeitamento do individuo que se deseavolveram com o capitaismo, como uma ‘mancira nova de geir os compos e as pias. 16 Por outro lado, em virioe desss seus texts, que eu chamaria e textos de trabalho, veremos desenvolvida a sua crticaa uma "e- ‘mania univers no-ambgu, lingua “ideal” susctvel de regular a rodusSo cs nterpretgio dasenincados”-Prindo da nos india, «em inimeras de ws formulas a afrmagio do nio esabilizado € {bo sujet a equivaco, quando olhames com os olhos do analisa de dlscurso, Seguda de uma daboraio fina dos efeitos da politica na Tinguagem,retomando sempre a conjunturahistrica. Nao ve poe falar das mass populres, de mudanca pola, da evoluo, eam, ‘como diz ele da hiséia, como algo natural, em termes de pessoas e cies, desir e abjers, de intengties ede exado ds coiss. Essasnio sio distingbestransparences que aparecem na ln ‘gua sem qualquer ambiguidade: nio se pode, segundo Pécheux, dlesconsiderara constituico esencialmenteidcoégca do dscurso ‘edo sentido. Mas se reta,eent3o falamos do politico, apagando ‘0 politico, ou simplesmente nem flamos del, nos contentando com uina peso formalista ou logics, oa enti, sociologist Nio deixa de enfrentar dificil arf, sujeitaadesizes, de da toria marxista, Mat nia ofa para apon: tematizara quest ‘tar meramente uma simples deiiénciaceéric, ou paralivarse da teria, Firme em su fandamentagio na anise de discurso, reflec a respeito da forma pela qual o “wacialsme existent” (sho palavras dele) inscreve sua relago na istria do desenvolvimento do capitalismo, Nao deixa nunca de pensar 0 sujeto, a histSria, a lingua, alinguagem, 0 dscusso. E é, por essa via, que critica ‘i que procedem a uma aplicacio metalérica da lingufstica que seviria de eaugio a um empreendimenta de anilise geral do ineelgivel humano, a uma impossvel ciénsia da realidade, a cléncia das cacias extents, Dal sua proposta, wo presente mudanca de em seu tabalho tesco, Com uma clareza © uma insisténcia admiriveis, Michel Pcheux, como se poder ler tambéen nests textos, reflete dis ‘ute, tra conclusdes sobre a relaio da Linguistica ax cigncias hhumanase sociis. Analisao estado atu (anos 70 do século XX apenae) demas ciéncias, ali a suas bases cientiias, produz Pontos de referencia heursticas, aprofunda-se no que édiscurso € ‘encia, Nao podemosesquecer que um dos sus objetivosiniciais fra pensar a questio da linguagem cdo simbélico na psicologia, Este aisunto extard aqui presente cm vésios de seus textos, Ele se recusa aprender a questo da linguagem,¢ & ele que o diz, entre ‘campo da biologia e oespaco da légica em uma fenomenologia Prico-biokgca de estratégias pragyniticas do sujetofalante, con- tornande ao mesmo tempo a existncia do simbdlico e do real da lingua, ea do imagindrio onde se reconheceo suet. Desconheces, dizel, aexistncia de elarbesidcoigcas em que este imaginirio ‘rem se invetire denegaro vinculoentreideologia, desejo de saber descjo do sujito, Far larga extn 4 psicolinguistica e 20 debate Piaget Chomsky. E lembremos que, no Brasil, na época em que ‘também nascia ese desenvolvia a anise de discurso, ram estes fs aurores da psicolinguistca, da aqusigo da inguagem, domi nantes, eque se “enriqueceram’ com os tabalhos de Baktine Falando da meméria, Pécheux nos mostra necesidade de refletr sobre oesatuto socal da memoria como condigio de seu funcionamento discusivoa partirda produgioe interpretagto de redes de tragos, Assunto que seri retomado, em especial quando fala de iverdiscurso, Aqui merece destque o parigrafo de um de seus textos —"Metfora lnerdiscurso", que tive o pivilégio de traduzr: “oso emprcendimento supée, parcce-me,levara sério a nogio de matcialidade dseursiva, enquanto nivel de existéncia Sécio-histrica, ue nio é nem a lingua, nema iceracura, nem mesmo as “mentalidades” de uma época, mas que remete as condigdes verbas de exstncia dos objetos (cientficos, esttcos, idcoldgicas) em uma conjuncurahistérica dada’, Em seguida le prope ndo se resting, prior, estudo do material texcual aos tbjetoslterdtios consagrados mas a interrogar os processos de Construgio da referencia discursiva compreendendo os discutsos clentiicos,téenicos, politicos e estticos Por sso, de meu ponto de vita, ni se jusificam as posioes restrvas nem ostomali di ide pesquisdoresquedispuram "us" bjetos de anilise como propredades privadas: ess slo os objetos Grands de discurso, So materaisde reflec para todo alist de ‘ico: os esritos asimagens os ditos asnovastecnologias, fotos ftlacio enmatos outros, cada qual com suas especificidades, seus eahalho ra do objeto, operada na inguitasio e na aventura ("com liz Althusser) ¢ a reprodusio merédica «do objero, consumada na calms da ciénca esabelecid qui: sSpode haxeca a reproducio metédica do objeto, se uma transformagio producora deste objeto jd tver sido Feita, 04 Significa, para nosso problema, que o-desenvolvimenteauial = das “cienchas soci”, nz medida em que se opera sob a forma de “‘eilzago do real” psico-socioldgico, nio conseguiria pasar para uma fase de acumulagio me 2 Fungo diferente dos Esta disting2o se explics pel instramentos nos dois processos: tomemos 0 exemplo da ba langa, eexaminemos a transformagdo que este instrumento sofreu: até 0 século XV, a balanca nio era um instraumento sico. Fora de sua Fangio tecno-comercial, ela servia para 4s interrogar toda a superficie do real empirico: pesava-se 0 forneciam uma “realizagio do real” sob diversas formas biolégicas, meteoroldgicas ete Esta erréncia do instrumento foi interrompida pela era or da ciéncia naseente, um galileana, que The atsbui, no inte fungao nova, definida pela propria teria cienifica, lato nos indica o duplo mal-entendido que ndo deve ser ‘comet: declarar centifco todo uso deinstumentos,exquecet fangZo dos instrumentos na pritcacientifc, Proporemos, nestas candies, o seguinte rg Faquanco uma ciéncia nfo enuncia seu abjcto, cle nao pode Ho de uma teprodusio metédica deste objet. Mas dese que a ciéncia( fe) quer dizer, enuncie seu objeto, cla € levada a confrontar i discurso com ele mesmo para provar sua necessidade. Diremos que néo basta que uma ciencia fle, é precio também que tla eu falar somos conduridosideia steemauma rifle dequean objeto cons do discurso teésico sobre si mesmo que Ihe confcre a cocsfo. Ao afirmar qu mo queremos dizer que ¢ 0 discursotedirico se reflete sobre si mes usa de um refletor que The permite pérse & torrents respondem esta fungio. Eas tem por objeto a org. nizagio do discurso ou, se quisermos, a arte de falar propria A ria que domina o campo de uma pritica cientfica em um momento dado: longe de praticar a interrogacio monocétdia sobre a adequagao alcancada, que técnica dirige& natureza, as experiénciasvariam as questes, esta variagio que represent (0 jogo de que dispie um discureociemtifico para adaprar-se a mesmo. Se for acrescentado, para qucbrar a metéfora, que as ciéncias colocam suas quest6es com a ajuda de iniramenis, percebe-se que a referencia do discurso cientiico a si mesmo, ‘como reprodugdo metédica do objeto, consist definitivamente “9 cm uma apropriasto des inerumemtor pela teotia. Dissipemos, {quanto a este ponto, um mal-entendido possivel: est bem desenvolvimento, as ciéncias da claro que, na fase atual de hnatureza cercam-se de instrumentos que elas mesmas produ: tiram, assim como da teoria realizada. Todavia, constatase ‘om precisio, que uma apropriasio do instrumento acontece ada ver que um dispositive experimental é importado d lum ramo da cigncia pura outro, o que atualmence & bastante Frequent. No caso de uma cigncia nascent a re-apropriasio dds instrumentos se eferua a maior parte do tempo no mais sobre um instrumentojécienifico, mas sobre um instrumenco técnica, que existia como tal anteriormente. Desta forma, 3s écnicas da pti jd haviam produzido um instrumento de visio distincia, no mais das vexesem funcio de uma demands militar ou maritima, que a astronomia gaileana se apropriow sob a forma de lune Do mesmo modo, a¢técnicas quimicas um A pritia centfica quimica ocrstalizador 0 tanque de decantaga instrumentos aos quais a Quimica atibui seu novo lugar em 1-0 alambique, a fornalha para calcinar todos sua prtica Diremos,entio, ue os instrumentos sio encontrados peas ciéncias, sob sua forma técnica, e que elas os re-inventam sob sua Forma ciemtitica algumas vezes 10 prego de grande esforgo tesco, nt G. Canguilhem a propésito do microe6pio. como demons Formlem lgumas observagSes para fechar este desen volvimento, + Em primeiro lugar dizemos caramente que ignoramos se 2 descrigio que acabamos de efetuar ¢ valida para a teoria ma temitica: nds nos declaramos incompetentes para deciit se a ca usa ou nao de insteumentos, no sentido em pritica mater ‘que entendemos ado, que palavra“instrumen iquinss". mas «Nem é precio dizer, por ou tos" nio significa aqul somente montagens” ou "m s também que convém chamar de “ferramentas matemticas ‘de uma disciplina, que constituem muito bem os instrumentos tenicos ou cientificos segundo o cas. Enfim, a dstingdo que formulamos entre o instrumento téenico 0 instramento cientifco nos patsce capaz de abrir Eomvenientemente a problemécica dificil e urgente da ciéncia * confnde de maneira quase geral com a técnica apliada qu Ao final desta tentaiva,resta-nos reagrupar os resultados anita a propor uma esta parciais que obtivemos, Felaivamente ao problema das “iéncias soca” Lembremos ques de so de priticas téenicas particulares a uma ideologia das telagSes sociais, tendo neernente 3 adap por objetivo responder & comanda social fado-readaptagio das relagSes socials & pritica social global ‘operando utna “tealizagio” do real psicosocioligico. sade atwal, 0 grupo complex Diremos entio que, em dks psicologia, da sociologia e da pricologia social nao produz tonhecimento cienifico (i que de alguma forma a *ealizacio do real” no constcui um equivalentecienifico da fase de acu- mulagio metédica de conhecimentos),€ que, a0 contriro, este grupo complexo produ arualmente urna ideologa espressiva da assim, ele coloca em evidéncia, sem querer, "0 no todo complexo, sob a forma de dicun pritica social globa 0 micleo ideol eroncia de wa newrose, est fm fragmento om 4 sivamente ao todo comple etruturada. fino determinada Assim seapresentaatualmenteo que, porsuasuperabundante presengatecnopolics, indica ovazo teérico onde uma cif is poderd insaurarse. Na fase atual de canéncia existem aqueles que se ressentem desta fala ¢ aqueles que aio da Tecnocracia quetem ver por razdes divers ligadas is resin eda ldeologia Files6fcs, no sentido que atibuimos a este temo. Ao longo desta cartnciaterica comesam aaparccer pontos de referéncia que permitem reconhecer, na passagem da caravana ds discusosideoldgicos, am enabalhy real que dena presenta Fata p ca cientfca: um brilhante excmplo destas exoyoes, ‘que representam verdadeias “aventurascedicas, examinado por R. Establet em um recente artigo ao qual nos permitimos enviar o leitor. AF se poderd discern, entre outros, 0 indice cde um uso te6tico possvel dos instrumentos da priica psico gica, no meio do mats uso técnica que hoje & a regra Apresencaremos, para tetminar, com todas as convenientsfe- servas de prudéncia, as pespoctvs estat cas que parceem abir-se (O ponco mais importante ¢ atualmente aquce da ransfir ‘magi producor do objeto ideoldgico, O elemento de transfor magi G 2 parece dscernivel em um grupo de prticas tedrico ideoligicas, elas mesmas em vias de produzi seu objeto. exporemos sob a forma do quadro a seguir: Objet ide em fagmentos tendoa ceria: Pscanise, como cifncia do speiandouma fing demi- Hina, como “nici das ante no todo complexo foemags sci 32 © problema do uso/mau-uso dos instrumentos, jd evo ado anteriormente, remete A questia da reproducio metidica sd objeto, que somente permitis Fornecer 3 teoria 0 elemento conceito de “escuta social” para designar a fungio proxavel dos instramentos reapropriados fururos, em um sent ‘scuta analitica” da pritia feeudiana Queremos terminar propondo uma mexéfors: parece que a relagio entre o trabalho de transformasio producora do objeco cientifico e aquee de sua reprodugdo metédica poss ser expres: so por aquela que exstia entre Marx e Engels, na medida em que o dicurso tedrco do primeiro, que resulta nde santo de una obveroayit do “real” quanta de um tabatho sobre aideologia 0 4 prova pelo segundo, 0 surgi, post shjeto ao qual ele se rferia a stber, 0 modo de produio ingles Dai, o quadro seguinte 33 Gicias das formages socsis Ciencias das idoologis Gl elogiaeconteica Tdaslagi di pte chal Lege “colin float lingulica pscandlie (G3 Tera das Frags wc Teoria da E Discart tfrco sobre o modo de produsdo ingles posto A prove Engels Escuta social” munidade instrumentoscenttcos Prova do discuno G3 pela teflesdo sob (O caréer programatico deste esto no nos pasa desperc bio, Desejariamor simplesmente estar equivacado, no caso em ue caminhos mais ficis que aquele que descrevemos se apre sentassem para resolver 0 n6 coaflituoso, inquietante sob todos ‘os aspectos, sobre o qual nds tentamos somente trzer uma luz ‘Tradugio: Mariza Vieira daSilva, Laura A. Pereella Pais st 0 ee ee NOTA SOBRE A QUESTAO DA LINGUAGEM EDO SIMBOLICO EM PSICOLOGIA’ F. Gade’, Ck. Haroche™, Henry, M Pishewx®** Resumo ~ Esta nora visa mostrar a iredusibilidade da questio da linguagem a todo enfoque que, em psicologia, qucra red la seja a. um substrata légico ou cognitivo neurolégico inato (CHOMSKY) ou adquitido (behaviorismo), seja a um subs- 0 ou cognitivo (PIAG| Tals abordagens supiem efetivamente uma eoncepeio redutora dos faros de linguagem, ‘cutando a fungio simbdlica, rl como a definem, em particular, cs trabalhos de LACAN. Abstract -This “note” is mainly concerned with theimpossibilty to reduce the psychological elevance of language to any struct ral hase wether it be neuro-biologial- in terms of innate struc tures (CHOMSKY) or in crms of acquired stimulus response bonds (behaviorism -o logical and cognixve (PIAGET). Such approaches suppose a reductionnisc conception of linguistic daa, conceding the “symbolic function” as worked out in particular in J. LACAN works, Ceiba Pesquisas Lingua, Universidade de Pati X Shorto de Png See Unido ha Vite CNRS 8 Tisdo rio se pode ier rd nunca na boca de um matemstico: “Née ot elements do conjunto X°, Nem Nio se ou mpouco, um agente das elecomunicagies dirk "o tele fo tampouco, um age Sr X" Enfim, core-se pouco 0 riveo de ouvir um empregalo do estado civil profere, no exercicio de suas Fungoes:* SrX do sexo, se se pode dicer mascalin, ext ligeiramente visio derde 11 (19497 de abr As cigncias as twenologias as adminiseasbes sein em am espago linguajciro bem expectfico que funciona apotan dades fundanmentais da linguagem dose sobre uma das proprie sua capacidade de conseruigo univoco, Se a li nines mesmas nenhuma exabilidade morfoli da univocidade seria impensivel, e sintétia, a propria Mas nia 4c Je ignorar que, fara dos dominios evocados, tipo de estbildade (a in case tip corpe de veg 10 tempo uma continua “desestabilizasio™ d toriza ao mesmo tempo um ‘d 5 univocidade: contr linguagem € iredutivel 1 ums ‘capzz de modalizasio, de predicagio sobre o predicado e de dlesnivelagio enunciaiva(sobreposigo do tipo “ele me die pra tedi sferéncias (ambiguidades sobre palavras, equivoco 7.) de jogo sobre substnutos e de deslocamentos de ciados), deformando sem cessar suas pe exemplos acima podem satros da aco da univocidadeliterl, nos incerpreagao, da metafora eda ambiguidade {ironia, rocadi Iho, jogo de palavras, e aproximagbes grossciras. Por exemplo, nna caso da psicandlise daquela crianga que tinha difculdades 6 em ariemética, que ado sabia contar porque nio podia contar ‘com quem fosse, que ninguém podia contar com ela e que ela nfo contava para nin, ‘Do mesmo modo, quantas mensagens so enviadas para nfo ser recebdas ou se destinam a outros, ou “chegam’ sem terem caviadas? Quanto &s questoes do sexo, da vida e da ‘morte, como ignorar sua insctigo no inconsciente, qu no cesa ‘mbarahar caegorias de estado civil nas palavrasde cada um? (Or, tentativas.se_desenam hoje para evar em cont ‘elagbes entre a psicologia eas pesquists sobre linguagem, tr inculos entre in sonsciente lingua subjetvidad. Esta posigo original permance rminovititia, mas muito produivs diante das miltipls corentes {que nio cessam de deportar as intuigdesrericasinauguras de Ferdinand de Saussure em direg40 légica ot sacologia, através das constrges pedagégica funciona as mais varadas' enfim_no eruzamento da lingua, da histria¢ dh cultura, cd: uma tradigia deandlisecrica toca também o campo da pcologa, pelo vis da histéra da gramatica eda histériadocensino da lingua eda escrica, da istria da constinigio da Kingusnscional em sua selagio com o Fstado, do lugar da literatura no ensino, et Sabjacene a. exes ts dominios se perfia a que do que feentrct (er sinbAib Clings findeneonss se mass hares sore esa questo. Paget la fg shin, mas para ele Bm se nisl ements gape pds ‘ited ogo simbslico, damit dif, da imager ene 2 ini gs re a fang smb consi de opr gia a condisio gen di zmemtareE ave vealo que la como aoutrasFangGes, sem reconhecer ness ilkima sua verdad 020 simblico, E ‘epeciiidade, ou sea, precisamente sua liga para Pager, essas operas ligicas clementares tomadas a ati dade simbelica devem, ea come for, se autonomisar face 20 que ‘staatvidade na cranga tem de inividualizado ede motivado. portant, ese proceso de abstragso © d também de deligamento do. afeiva ~ que se Fiandamenta, do ponto de vita da psicologia cogniiva: para ‘cca, aftvo e cognitiv, inicialmenteinerineados na atvidade simbilica, devem necessiriamente se diguntar para que tenha lugar 0 acesso i Kigiea € 3 Tinguagem. A posicio piagetiana, que patece econheceraexisténcia do simbilico, acaba por termina no mesmo lance do redcionismo neo-posiivist do hehaviosismo, Fb continua, entretantoase hasear em uma distingéo de sséncis .aftivo edo cognitivo”, uma disjungio radial de seu destino no psiquismo, desconhccendo pot ai mesmo o estatuto reico do qu ea designs Nas tradigfes de pesquisa que acabamos de lembrar, ese desligamento do cognitive aparece sob uma modalidade com: pletamente diferente, na media em que o afeivo nao para de ser colocado em jogo no saber (sab forma do deseo, da pulsio de saber Podemos, de Bally a Benveniste, destaca os tragos de uma tra as comstragies tics de Siber interrogagio inguistica que en red. teaboradas por Lacan. Salvo se contornarmo damentea eviténca do incomsciente, é hoje insustentéve edu ‘simbatico a um pressuposto genético da ldgica eda linguage Ele entra em uma relagio especifcs como rel €0 imaging determinando a subjeividade como efeitodaintrpelagio de que 0 sujcito€ 0 lugar, plo vis daidencifcagio,E exatamente o que uagem como o produto de se contoma quando se considers a ling uma atvidade lgico-formal 4 base do bio-pscoldgic, 3. O debate Piaget- Chomsky Se nunca houve um real debate entre Piaget ¢ Lacan (esse debate € als concebivel), sabe-se que, a0 contririo, um coléquio organizado em Royament® ftnec a oto de sm confonagio ene Paget € Chomsky, no qul ese dino se opés claramente & psicologia cogniiva . Chomsky tinka, entretamto, sempre deixado entender que a linguistca era para ser concebida, segundo ele, como um ramo da psicologia,susce tive, aesse ritulo, de contribuir para “uma certa compreensio de mecanismos da inteligéncia humana”, A alianga cerca, desejada pelos piagetianos sobre a base de um anti-empirismo supostamente para os reaproximar do chomskysmo, nio se realizou entretanto: este encontro mostrou que Chomsky no se preocupava de modo algum com a psicologia cognitiva cla a mesma piagetiana, mesmo partlhando persstente dos conceitos psicanaliticos W Gage cana a Spr aa a oy Se 6 sky “fe valer que a inscrigfo tese da existéncia de um nice fixo especifico de linguagem, ratte popistas do go ment” humane consider pelos chomskyanosem sit anak genética, props cdade do figado nos vertebrados astcutvismo piagetiano, de seu lado, se esforcou em anismos da hereditaziedade combinador a importincia particular no funcionamento do cerebr humano™J. -P Changeux, neurobiologista molecular, que Nao tomamos aqui partido pela teses do inatismo ou do construsivismo, Para nés, o problema flossfico, psicoly € linguistico se concehtra sobre 0 que designareros cons pont do rel da Ti r cea, ou sea, da exsténca de um Ae erditos, de ur sistema de-regras avavessado de Lathes A fess real (po vids do simbdlio e do a metifora, com o jogo de palaveas, a fcgio eo absurdo se situa de fo Dern acima desse debae A sie de dicotomias que fizeram o cseencial das discusses de Royaumont, opondo a hereditariedade ao meio, 0 or ao ambiente ea hisctia individual a das sociedades, intenditava ao mesmo tempo qualquer referencia as questdes do absundo € ddonon-scns", que escapam &ordem bioldgica lguma coisa da trem da lingua se encontrava, a0 mesmo tempo, inevitavel mente abafada, Desse panto de vista, o debate entre 0 inatismo Coconstruivismo umn filo debate A posigio inatst sustenta Hetivamente a hipStese de uma distincia mdxima enive0 mo- mentmem que o cerebro human se consicui eaquele eq atvidade se manifesta sob diferentes formas observiveis, entre as nico”. Nesta perspectiva todas as soca hisricas {quaiso “comportamente ling dliferengas inerentes especie humana (nic encidves: a visio inarsta tende para tum olhar absoluro e universal. em que a epistemologia roma 0 Tugar do dvino construor. Lembramos os angumentosavancados por Canguilhem face a bilogia caresiana: poderiamos aplicar A posigio construtivsta a0 contrtio telescopiaaflogent sda desenvolvimento individual reprodua parcialmente a 6 Fundamental de Piaget, é que, da actinia atéo homem do século XX aie: sgulcdo dos comportamentos caminhou, resolve ‘to-Infatvelmente desequilibrios e conllites, cm nivenal de “ulrapassger- onde a inlgencia erin cs ioria através de sins préprias construgées; desse modo, (95 dispositivos de intligencia acifcialseriam evidentemiente 4 conhecimento: : olocaria telelogicament a origem, enguantoo piagetcme constriria aintelgencia como im da bistiri, Dese ponto de vixa, a tnica vantagem fleifca ‘de Chamiky sobre Piaget é fala de seu ni ihr ee ade ue 0 saber linguini do mi flame exe empreo-que a mais sobre el +e ado a inteligéncia artificial se ocupa da linguagem Process intelectuais € 0 uso dos disp uso dos dispostivos de" inteligdacia fo F por esse ponto que queremos terminar levantando al: dlisposiivos de inteligéncia gumas questBes: tra artiscid, de melhor compreender os diferentes aspectes d pana? Trata-se de “melborar” ext? Tratase de inrclgéncia hu prétese (no sentido wittgensteiniano de “protee ddo pensamento™ Ou trata-se de dsciplnd-la? {qe ponsames como pensamos. Max parece que a estan etn manfstamente de ser pment a" (G. Canguile, ip empresa de normatizagio das relagbes socials por tecnologis visando os process de pensamento, nos parece ‘el subfinhar que existe uma diferenga de essncia entre a produ: 40, por um dispositivo artificial, de uma respostacuja estrutura ni estd pré-inscrita, © aqua de um resultado cuja conscrucio oda em nenkt no est pref a partes" Callaler a treetria de ance que no vem del. Nao ha invengo sve, sm isco de we enganar. Quando perguntara ‘como ele tinha encontrado o que ce buscava, ee teria rspondide Dpensando sempre nino”. Qual sentide € precio reconbecer nese ‘6? Qual é eta seuagdo de pensemento em que evita o que née 8? Que lugar atrbuir a iss em wine maguinaria cerebral que programa? Inventar écrarainfor do perturbar hibits depen iondro de um saber” (Canguilhem, ibid. p. 11 Tomemos o exemplo dasaplicagbes da infoemtica andi da linguagem: tenar recorrer a procedimentos de tratamento goritmico de textos, no caso em que a" resposta ”nio é pre instrumento de provocacdo” (segundo a frmula de M. Boril), navegando “contra o venta". A operasio de lira no poderia sm uma simples “tomada de informagso" ou deteesio de dedos” ¢ a" validagio dos resultados” nio tem a{ mais as mesmas propriedades, pois a nogio de inteligéncia se entende em viris sentidos: a naturez da validacio empirica de uma resposta a questies do tipo Quel & 0 salério anual de Qual éa data 0 nimero de refvénca do hime texto juridic rgulamentando fabricagao develo motore” no poderia tet af 8 mesmas propriedades diante de uma questio do tipo: “ue rela existe entre discurs priguiderco da segunda metade do sdeulo XIX. ¢ 0 det higeninas da mesma epoca?” A nio ser que se imagine um dispostivo de explo sdos os textos existentes esupostamente per pertinen: s sobre esta iia questo, janto 4 construsio ¢ ao teste de que remete a tum uso ut6pic computador), se €forgado a constatar que IS Gso, a“ nalidagao" consid essencilmente nasreagées de incerese, de surpesa, até deiritag podem susctar. Mas sabe-se que taisreagbes se inscreve em ‘outro expago que nfo aquele das validagdes prpria 3 ligicas neidade dese ikimas docamen ddeve-se ao fato de que ve cata exclusivamente da manipulagio s:asimplicidade ea hom (através das mecainguager discursivamenceestbilizades, provenientes seja das ciéncias da ‘de tecnologiasindustrais, seja de dspositivos de sestio-controleadministrativar, Ee outro espaco.g sdéncias humanas ¢ da hiséria, ignora a esabili vendo representi-las: ali, nisso ods metalinguager pre Em resumo, a reconfiguragao teérica que pa tende a longo termo a uma dissolucio das problematicas da pricologia ¢ da lingustca no espago das ncurociéncias tendo ler a questo da linguagem entre o campo da biologia¢ contornar ao mesmo tempo ae ddesconhecer a exstincia de elagSes ideogicas em que este descjo de saber e descjo do sui, de desigar “a afiive”do “cxgnitivo", visando impossiveis lin us artficiais cujo objeto seria tomar 0 todo dali reabsorvero psiquismo humano A questio fundamental para as dsciplinas que procuram traar relag6ex ene 0 pensamento, alinguagem ¢ 0 crebro, & bem a de discemir o que artsca se apagar 0b as evidencias de vista ndo convém questionar também todas as acepgbex biociber néticas ¢informéticas que se apoderam, no sentido metafrico, {que Canguilhem uti ia propésito dese timo um ew pense pode ocorer a eto qu Tradusso: Pedro de souza FOI “PROPAGANDA” MESMO QUE VOCE DISSE?! m 1917, um militar fancés, certo Phillipe Pain, domin tins de massa que abalavam a armada etraga um pr a de lata contra a “infeeg%o interna’ (isto & os jornais e organizagSes de esquerda contaminando os civis na etaguard stio da propaganda é, pelo menos desde Napoleio, um Em 1940, 0 miliar em questo, “herd de Verdun seen ‘contra no comando do regime de Vichy sob controle alemio, levado ao poder por uma burguesia que, entze um “inimigo! exterior ,cujo regime de ordem social afascina,e uma democra- cia no interior na qual as forgas de esquerda encontrar pontos de apoio diretos ou Hitler quea Frente Popular”, Na Franga do Armistcio,eeupada, ndieeto, no hesita umn s6 instante “Antes pela metade, pelaarmada nacista, o Estado frances vai empregat todos os meios para convencera populagio queo Marechal ait para seu bem, salvando-a da catstofe fomentada pelo compld judeu-boichevique mundial. A propaganda nio é mais um negé> ea preacupagio niimero um dem Estado cio militar: ela corna ‘uja politica é, no estencial, determinada do exterior, de Beli. Desde esta epoca os métodos se apefeigoaram na mesma pant peenta nan ini da pitas auoriacio nse plaveas, seni ditesa0, Gu pa social, dispostivo essencial do Estado moderno, a propaganda. se faz com im mento ideias egesto. E, pois, evidentemente, um negécio de Compreendemos que face 3 esta stuagio as priticas mil ‘antes de lua ideoldgics se dividam: atti da poscio pedaggica do militant professor (‘escute-me! eu vou rexslar a vendade’ hega em contraponto a figura do militante péroco-de-plantio uu de clawes, para ser cap st propaganda! Vamos 208. “specialists a py aga A iia nao € 0 nova. Esta figura tem também suas tad 0:5, Eu tomate oexcmplo de um desis especialistas,envelvida com os “professors” deseu tempor um desses cuja fielidade & lua anc-fscstae anti-capitalistaenconttou 6 menor deamet tido: Serguei Tchakhotin Comegou em 1915, quando a Riis, em guera 0 ‘um Comité do fator moral, Fizendo parte da Com *&nica militar, qucenglobava cle préprio,todasas organizayses ‘éenicas eciemtficasdo pas. Or, este comieé na frente do qual se neontra Tchakhorin, vai mudar de posgio” servindo de apoio & correntesocialista-revoluciondsia e contribuir para detrota do tsarismo. Em 1917, a organizagio muda de nome corna se sucessivamente Comité de edu a; politico-sacial no governo Kerensky, depois Comité de propaganda junto a0 Soviee dos ‘tabalhadoresinteleccuais: Tchakhotin continua 4 Ihe a secretariado geral,esforgando-se em aplicar i mobiliagso do ator moral humano” os novos métodes taylorianos pelos quai, sabemos, Lénin se interessava igualmente, Depois da Revolusio de Oucubro, o comicédessparecet,€ uma nova organizayio nas. ‘su, no governo bolchevique, sempre ob oimpulso de Tchakho- tin; seri o OSVAG, literalmente Informacio-agitag primeira ministério da Propaganda do qual Tchakhotin assepurari 2 r civil, desenvolvendo 0 dire durante todo 0 periodo da gue ‘Que preciso chamar uma espécie de psicologia social-leninist, Apis este periodo, a atvidade de Tchakhotin continuo através de preocupacées a0 mesmo tempo ciemtficas (le cla borou nas pesquisis pavlovianas) eorganizacionais ele publicou 05 estudos sobre a organizagio cientifica do trabalho na inde tia, sobre o comércio, a pesquisa, a administrasao publica e a politica) A pmtie de 1930, -e som que le d qualquer explicago 0 Parido social-democrata cenconttames na Alemanha, 10 lado clemio, no qual ele empreende uma série de manobras destnadas aemeneer a ditegio do partido a adouar "seus mézodos” paralwsr ‘femmente contra nazismio em ascensio. E nesta conjunturs que cIrclibors a noo de “viola das multides"; seu ponco de pa lain qu a spss nz do ai tum ee que o® dir saastnos serene paicogico, 0 papel do marechal Psioly Tehakhotin seenravece over os nazistasaplic fins "os metodospavlovianos”enguanto os socai-demacrata con ‘imprimir folhecos qe ningyém masle tinuama fazer dscursos a convencer os socialists da regifo i (por desfiles e cenas pela Em 1932, ele che de Hse a prepararem “cieniieament {de rua, por slogans e gritos apropriados,brevs e nots bao dito “das ers fechas”) cleighes utilizagdo de um novo sim ve quate toda 2 Alemanha aribuia um valor de “este” decsiv Ge nase perderam efetivamente as eeigbes, masa dirego do Tdemocrata nio utlzou esse prazo para retomat Partido so¢ 0 socialismo tfensivaedesenvolvero que Tchakhotin charmava tivo”, Sabemos a consinuagio. Tchakhotin vai entdo prosseguir seu itinedrio de expeci lisa incompreendido redigindo seu credo poitco-centiic, © vier mantidbes pela propaganda politica cuja primeira 1939, em Paris. As edgBes seguintes suid uum dos best sellers da edigso aparece, em ho contexto da guera fila evornar-se-i0 pscologia socal. Tchakhorin € mais anti-marxista que nunc Jhamente um fel admirador da URSS e do ‘mas peemnanece stan sealinismo (0 que, na epoca €estritamenteidéntico) Simultane cologia mundialiseado deslocamento amente, peo viés de um: dos sistemas em dines snizagio wniversl do tipo ‘novo, ele participa da primeira reunizo de intelectuais do pos fer que se Fundirdo logo no Movimento da Paz Se tracei assim 0 iinerdio de Tehakhotin € porque ee é ‘exemplar em sua obstinagio 20 mesmo tempo politica ¢ cient fier Eambém porque a bio-psicologia da propaganda que c progressivamente formuloy, petendendo unir Taylor, Pavlo sex politicas de nosso nial influcncidvel” de Freud, continua afrequentar as preocup: empa? a idela de que a homer é um "a tuna grande plastildade se impe como uma evidéniado século XX_e mumerosos sao hoje aquels que, de diversos horizones feabmariam essas palavras terriveis de Tehakhoin ats: ms & i hs asia es enlouguecem Podemos resumiresquematicamente em trés ese as bases as consequéncias priticas da bio-psiologia da propaganda, T)\ narureza humans ¢ consicufda de pulses, sendo que as ‘as principas, instaladas em rodo individuo, so: a puso alimentar, econémica,lgica, que conduza uma pro paganda do raciocinio argumentado, fundado na educasao pela ssiva, combutiva, desembocat propaganda militar de refleos ¢ de emosies, spoiada em uma Turgiaesético-tligioss dos signose gestos Para dizer eipido as coisas, convicgio de Tchakhotin éque as cortentes marxistas da IT Internacional superestimaram a pi meira pulsio enegligenciaram completamente asegunde, Lenin, 1 homem da “revolugio conera o Capital”, seria assian antes de ‘que soube reconhecet a importincia tudo um grande psicdlog dda segunda pulsio e tornar em entusiasmo revolucionsrio as forgas de morte que esta pulsio contém, essis mesmas forgas (que Hitler saberécolocardireeamente a seu servigo 2.) segunda texe & que 0 proceso objetivo dessas pulses, seu jogo no cerne da natureza humana, pode, desde que €conhecido pela citncia moderna, ser controlado, instrumentalizado ¢ colo cad a servigo de qualquer politica: a "écnicas de propagendal rande Bertha o caro Patton ua miquina de guerra de Stalin, Esa evidéacia ¢ hoje cotidia sio armas, como o canhiode75, rnamente repisada pela rede de metiforasjornalisicas (cio de barragem, martelar com granadas arilharia pesda, trabalho de sap, corpo-a-corpo et) que cada um acaba por empregar sem mesmo perceber: nds habitamos esa metifora que trazcom claa dia de uma newnaidade operatéria dosinstrumentosengalados 3. A terceira tess é que esta guerra metafrica engaja 0 destino de milhées de homens e mulheres que, segundo a estra tia de uma “Campanha de propaganda’ fare balangar exe ou aguele lado, omario este ou aquele eaminho, seguir esta ou aquela dresio, Dafa responsabilidade daqueles que, detendo as armas da propaganda, ixam objetiv ere otto: respon ssbilidade daqueles que chamamos justamente as “diteyber" ou 3 “estados-maiores” face “massa” de todos aquces que si0 0 ‘objeto deste combate da propaganda, A massa da populagao «9 substantvo singular vem espontancamiente& boca des chefes de polcia e dos expevalstas da propagands,.”A mass” (os nove ‘écimos de que fala Tchakhotin), que se supe seguir infaivel ‘mentea propaganda a mais efcaz, pr uma tautologiacienifica tio cera quanto aquela das lis da hidrositica: “Todo indivi, mergulhado na propaganda, etc Seria um simples tique de vocabuliro,recobrindo a mesma relidadeofito de que na leariado nunca set io dasluasrevolucionstias do pro- da mast mas sempre des masa, no pir? (Osevoliciondosseriam em defincvo bons chefs que, engaados rinboa causa (pela verdade contraa ment, pea iberdade contra ‘opresio, pela revolugiocontraa explora asevidio caps), As ttés teses que acabo de expor, que incidem sobre a par ilha eterna do racional e do iracional no individu humano, no masa’ como objeto adi neutral operstdria das téenicas de propagan cenurea propaganda dos csaden desta propaganda, nio sto independents; elas Formam tm cor. po tebrico-poitco profundament instalado nas evidéncias de rosso tempo. Parece-me urgente fazer de tudo para desaloi-lo _mesmo que sja em vio esperar, um dia, acabar realmente com ‘© que nos é tio estranhamente familiar. 4 Para contribuir com iso, eu queria agora me ariscarem intet- prctarhistoricamente as teses de Tchakhotin, tomande como urs 7”

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