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Um cristal é geralmente definido como um sólido com seus átomos arranjados

em um reticulo periódico tridimensional. A repetição tridimensional nos cristais é


devido à coordenação atômica no interior do material; adicionalmente, esta
repetição, algumas vezes, controla a forma externa do cristal. A simetria hexagonal
dos flocos de neve é, provavelmente, o exemplo mais familiar deste fato.
Idealmente, o arranjo mais estável dos átomos em um cristal será aquele que
minimiza a energia livre por unidade de volume ou, em outras palavras, aquele que:
 Preserva a neutralidade elétrica;
 Satisfaz o caráter direcional das ligações covalentes;
 Minimiza as repulsões íon-íon e, além disto,
 Agrupa os átomos o mais compactamente possível.
A grande maioria dos sólidos é cristalina. Os cristais encontrados na natureza
tiveram um crescimento muito lento ao longo dos processos geológicos e são
geralmente muito maiores que os produzidos sinteticamente.
Por outro lado, nem todos os sólidos são cristalinos. Alguns, como os vidros e
as resinas termorrígidas são totalmente amorfos. Outros, como muitos
termoplásticos apresentam regiões cristalinas em uma matriz amorfa.
Do ponto de vista estrutural, não existem diferenças significativas entre um
sólido amorfo e um líquido. Por convenção, a viscosidade é utilizada para distinguir
um vidro de um líquido.
Os gases e grande maioria dos líquidos não apresentam periodicidade nos
seus arranjos atômicos. Alguns líquidos, denominados cristais líquidos, apresentam
moléculas longas e pouco espessas que podem estar alinhadas paralelamente como
em um cristal.

Sistemas cristalinos
Qualquer empacotamento atômico deverá se encaixar em um dos sete
principais tipos de cristais. Este estão intimamente associados com o modo pelo
qual o espaço pode ser dividido em volumes iguais, pela interseção de superfícies
planas. O mais simples e mais regular deles envolve três conjuntos mutualmente
perpendiculares, de planos paralelos, igualmente espaçados entre si, de forma a dar
uma série de cubos.
Esses sete sistemas incluem todas as possíveis geometrias de divisão do
espaço por superfícies planas contínuas. Na tabela abaixo temos os dados sobre a
geometria dos sistemas cristalinos, também conhecidos como reticulados de
Bravais.
Os reticulados de Bravais
Um reticulado espacial é um arranjo infinito, tridimensional, de pontos e no
qual todo ponto tem a mesma vizinhança e se chama de ponto do reticulado. É
importante destacar que a cada ponto do reticulado pode estar associado mais de
um átomo.
Segundo Bravais, os pontos do reticulado podem estar arranjados de 14
maneiras diferentes, denominadas reticulados de Bravais envolvendo 7 sistemas
diferentes chamados sistemas de Bravais.
Na figura a seguir temos os reticulados classificados em 5 tipos: primitivos
(P), de corpo centrado (I), de faces centradas (F), de bases centradas (C) e o
romboédrico (R).
Os reticulados primitivos apresentam pontos reticulares apenas nos vértices
da célula. Os reticulados de corpo centrado apresentam pontos reticulares no interior
da célula. Os reticulados de faces centradas apresentam pontos reticulares no
centro das suas faces. Os de base centradas se deve ao fato de que eles
apresentam pontos reticulares nas faces perpendiculares ao eixo c.
Os diferentes tamanhos e formas do reticulados da figura acima podem ser
descritos em termos de até 3 parâmetros de reticulado ou de rede (a, b, c) e de até 3
ângulos (alfa, beta, lambda). Na tabela abaixo temos a apresentação dos
parâmetros de rede e os ângulos característicos para cada um dos 7 sistemas de
Bravais.
Cristais cúbicos
Podemos ter o cúbico simples (CS), cúbico de corpo centrado (CCC) e cúbico
de faces centradas (CFC).
CS – estrutura representada na figura abaixo. Além das três dimensões
axiais, a, serem iguais e os três eixos mutuamente perpendiculares, há posições
equivalentes em cada célula. Por exemplo, o centro de uma célula tem vizinhanças
idênticas ao centro da célula seguinte e ao de todas as células unitárias do cristal.
Analogamente, os cantos direitos inferiores (ou qualquer outra posição específica)
de todas as células unitárias são idênticos.

A estrutura acima contém um átomo metálico por célula unitária (apenas um


oitavo de cada um dos átomos mostras cai dentro da célula). Esta é a razão pela
qual os metais não se cristalizam na estrutura CS. Considerando-se os átomos
como “esferas rígidas” de raio r, apenas 52% do espaço estaria ocupado, pois o FEA
seria:
FEA = volume dos átomos/ volume da célula unitária = 0,52.
CCC – o ferro é um exemplo. À temperatura ambiente, a célula unitária do
ferro tem um átomo em cada vértice do cubo e um outro átomo no centro do cubo
(figura a seguir). Cada átomo do ferro, em CCC, é cercado por oito átomos de ferro
adjacentes, quer o átomo esteja localizado em um vértice, quer no centro da célula
unitária. Portanto, todos os átomos de ferro são, geometricamente, equivalentes. Ao
ser calculado o FEA temos 0,68, o qual é significativamente maior que o CS.
CFC – Vamos considerar o cobre. Este possui, além de um átomo em cada
vértice da célula unitária, um outro átomo no centro de cada face e nenhum no
centro do cubo. São estruturas mais comuns entre os metais, tendo como exemplos:
alumínio, chumbo, prata e níquel. Cada célula unitária possui quatro átomos. Os oito
oitavos dos vértices contribuem com um total de um átomo e as seis metades nos
centros das faces com um total de três, como ilustrado na figura abaixo.

Nesta estrutura temos o maior fator de empacotamento possível para um


metal puro, e, por isso, essa estrutura recebe o nome de estrutura cúbica de
empacotamento fechado.
HC – Cristais hexagonais.
Hexagonal simples - Estas células não têm nenhuma posição interna que seja
equivalente aos vértices. Os metais não cristalizam no hexagonal simples, em
virtude de o fator de empacotamento ser muito baixo. Entretanto, existem
compostos, com mais de um tipo de átomo, que cristalizam nesta estrutura.
Hexagonal de empacotamento fechado ou compacta – vamos considerar o
magnésio. É caracterizada pelo fato de que cada átomo de uma dada camada está
diretamente abaixo ou acima dos interstícios formados entre três átomos das
camadas adjacentes. Portanto, cada átomo tangencia três átomos na camada acima
do seu plano, seis átomos no seu próprio plano e três átomos na camada abaixo do
seu plano. O fator de empacotamento atômico é 0,74, e número de coordenação
igual a 12.

Os cristais metálicos
A maioria dos metais elementares em temperatura ambiente é encontrada em
uma das três estruturas cristalinas. CCC – possui um átomo centralizado em cada
ponto da rede, sendo um no centro da célula unitária e um oitavo (1/8) de átomo em
cada um dos oitos cantos da célula unitária. Os metais típicos com essa estrutura
incluem Fe alfa, V, Cr, Mo e W.

CFC – Existe meio átomo (ou


seja, um átomo compartilhado entre
duas células unitárias) no centro de
cada face da célula unitária e um oitavo
(1/8) de átomo em cada canto da célula
unitária, com um total de quatro átomos
em cada célula unitária. Exemplo de
metais típicos são Fe gama, Al, Ni, Cu,
Ag, Pt e Au.

HC – Existem dois átomos associados a cada ponto da rede de Bravais, um


átomo centralizado dentro da célula unitária e diversos átomos centralizados dentro
da célula unitária e diversos átomos fracionados nos cantos da célula unitária
(quatro 1/6 e quatro 1/12), gerando um total de dois átomos por célula unitária. Esta
e a estrutura CFC possuem fator de empacotamento semelhantes (0,74). As
diferenças está na sequência de empacotamento dessas camadas. O arranjo CFC é
tal que a quarta camada compacta se encontra exatamente acima da primeira. Na
estrutura HC, a terceira camada se encontra exatamente acima da primeira. O
empilhamento CFC é ABCABC.... e o HC é ABAB.... Essa diferença sutil pode levar
a diferenças significativas nas propriedades do material. Exemplos de metais típicos
de HC incluem Be, Mg, Ti alfa, Zn e Zr.

Os átomos metálicos podem ser considerados esferas rígidas e disto decorre


a grande propensão que eles têm à cristalização. A sua grande maioria se cristaliza
com estruturas cristalinas muito simples. Existem também vários casos de metais
com estruturas mais complexas. Um exemplo é o urânio, que apresenta estrutura
ortorrômbica. Um outro extremo é o caso do polônio alfa, que se cristaliza com
estrutura cúbica simples.
Vários elementos apresentam no estado sólido diferentes estruturas
cristalinas. A denominação para isto é alotropia. Quando o sólido é uma substância
composta, a denominação usada é polimorfismo. Estas mudanças de estrutura
geralmente ocorrem em função de variações de temperatura e pressão. Elas
causam variações de volume de alguns porcentos, isto é, muito altas para serem
acomodadas elasticamente em um sólido cristalino. Em outras palavras, estas
transformações acarretam deformação plástica (permanente).
Se os parâmetros de rede (a) das estruturas foram conhecidas é possível
determinar o raio dos átomos (r) ou raio atômico. Os valores do parâmetro de rede e
do raio atômico são diferentes em cada caso. Em outras palavras, o raio atômico
depende não só do elemento ou substância, mas também da sua estrutura cristalina.
Para um mesmo elemento químico, quanto maior for o seu número de vizinhos mais
próximos, maior será seu raio atômico, devido às forças de repulsão entre os seus
elétrons.
O número de vizinhos mais próximos de um átomo em uma determinada
estrutura é denominado número de coordenação. Os números de coordenação das
estruturas CFC e CC são 12 e 8, respectivamente.
O grau de ocupação e quantidade de vazios (interstícios) também é diferente
para as duas estruturas. Este grau de ocupação é denominado fator de
empacotamento atômico (FEA) e é definido da seguinte maneira:

FEA = volume dos átomos da célula / volume da célula

Os diferentes planos das estruturas vistos na figura anterior não apresentam


graus de ocupação ou densidades atômicas idênticas. Uma maneira conveniente de
se visualizar os cristais é por meio do empilhamento dos seus planos mais
compactos.
Na figura ao lado temos a
ilustração da “obtenção” de
um cristal com estrutura
hexagonal compacta (HC)
pelo empilhamento dos seus
planos basais, os quais são
planos de máxima densidade
atômica. Note que o
empilhamento neste caso é
do tipo ABABAB...

De maneira similar, a estrutura CFC também pode ser obtida pelo


empilhamento de seus planos mais compactos. Os planos mais compactos da
estrutura CFC são aqueles que contém as diagonais do cubo, conforme a figura a
seguir. Neste caso, a sequência de empilhamento é do tipo ABCABCABC....

Tanto um cristal com a estrutura HC como outro com a estrutura CFC podem
ser descritos ou obtidos pelo empilhamento de planos de máxima densidade
atômica. Os planos de máxima densidade atômica das duas estruturas são
idênticos. A principal diferença é a sequência de empilhamento. Por esta razão, as
duas estruturas apresentam o mesmo fator de empacotamento atômico.
A estrutura CCC não apresenta planos de máxima densidade atômica como
as estrutura CFC e HC. Por esta razão, a descrição ou representação de cristais
com estrutura CCC por meio do empilhamento de planos cristalinos é menos
frequente, mas não impossível.

Os cristais iônicos – Estruturas cerâmicas


A grande variedade de composições químicas das cerâmicas é refletida em
suas estruturas cristalinas. É possível definir um fator de empacotamento iônico,
sendo que é a fração do volume da célula unitária ocupada pelos diversos cátions e
ânions.
A ligação predominante na maioria dos materiais cerâmicos é a iônica. Suas
estruturas cristalinas são compostas de íons ao invés de átomos eletricamente
neutros, como no caso dos metais. Portanto, nos materiais cerâmicos iônicos, além
do tamanho relativo dos cátions e ânions, deve-se ter neutralidade elétrica.
Os cátions, geralmente metais que cedem elétrons, são habitualmente
menores que os ânions.
Os cristais iônicos são geralmente mais complexos que os cristais metálicos.
Os materiais cerâmicos iônicos são compostos por elementos metálicos e não
metálicos, havendo frequentemente vários átomos (íons) presentes.
Estruturas cerâmicas estáveis são formadas quando os ânions que envolvem
os cátions estão em contato entre si. O número de coordenação, que neste caso é o
número de ânions envolvendo um cátion, depende da relação entre o raio iônico do
cátion (rc) e o raio iônico do ânion (ra); rc/ra. A tabela abaixo temos exemplos de
números de coordenação.

Vamos observar alguns exemplos.


O primeiro é o cloreto de césio (CsCl). Considerando os raios iônicos do Cs+
(0,170 nm) e do Cl- (0,181 nm) temos que a relação rc/ra é 0,94. De acordo com a
tabela acima o número de coordenação esperado é 8. Veja na figura abaixo que
temos uma estrutura cúbica simples e não cúbica de corpo centrado, pois a estrutura
é neste caso definida pelos ânions.
O segundo exemplo é o cloreto de sódio (NaCl). A relação entre raio iônico do
cátion e o raio iônico do ânion é 0,56. É esperado um número de coordenação de 6.
Observe na figura abaixo a célula unitária do NaCl, onde pode-se notar que
realmente 6 ânions rodeiam ou envolvem cada cátion.

Vamos agora ver em relação a formulação química. A mais simples é MX,


onde M é um elemento metálico e X é não-metálico. Considere a estrutura do cloreto
de césio (CsCl), visto anteriormente.

À primeira vista, poderíamos querer chamar isso de uma estrutura CCC,


devido à sua semelhança em aparência com a estrutura. Mas na verdade é um CS,
com dois íons (um Cs+ e um Cl-) associados a cada ponto da rede. Existem dois
íons de cada por célula unitária.
Outro exemplo é NaCl. Essa estrutura pode ser vista como a intercalação de
duas CFC, uma dos íons de sódio e uma dos íons de cloro. Coerente com nosso
tratamento das estruturas HC e do CsCl, a estrutura NaCl pode ser descrita como
tendo uma rede CFC com dois íons (1 Na+ e 1 Cl-) associado a cada ponto da rede.
Existem oito íons (4 Na+ e 4 Cl-) por célula unitária. Alguns dos óxidos cerâmicos
importantes com essa estrutura são MgO, CaO, FeO e NiO.

Outra fórmula química é MX2, que inclui uma série de estruturas importantes.
Considere como exemplo a estrutura da fluorita (CaF 2) abaixo, que é montada sobre
uma estrutura CFC com três íons (1 Ca2+ e 2 F-) associados a cada ponto da rede.
Existem 12 íons (4 Ca2+ e 8 F-) por célula unitária. As cerâmicas típicas com essa
estrutura são UO2, ThO2, TeO2 e SiO2.
Outra fórmula é a M2X3, onde temos, por exemplo, a estrutura do croríndon
(Al2O3), mostrada na figura abaixo.

Essa estrutura é do tipo romboédrica, mas se aproxima de uma rede


hexagonal. Existem 30 íons por sítio da rede (e por célula unitária), sendo 12 Al3- e
18 O2-.
Para cerâmicas com três espécies atômicas, temos a fórmula M’M’’X 3,
incluindo a importante família de cerâmicas eletrônicas, como a estrutura tipo
perovskita (CaTiO3), observada na figura a seguir.
À primeira vista, a estrutura parece uma combinação das estruturas cúbica
simples, CCC e CFC. Mas a inspeção mais de perto indica que diferente átomos
ocupam as posições do canto (Ca2+), do centro do corpo (Ti4+) e do centro da face
(O2-). Como resultado, essa estrutura é outro exemplo de rede cúbica simples.
Existem 5 íons (1 Ca2+, a Ti4+ e 3 O2-) por ponto da rede e por célula unitária.
Outra fórmula é M’ M’’2 X4, que inclui a família do espinélio (MgAl2O4),
mostrado na figura abaixo. Essa estrutura é montada sobre uma rede CFC com 14
íons (2 Mg2+, 4 Al3+ e 8 O2-) associados a cada ponto da rede. Existem 56 íons na
célula unitária (8 Mg2+, 16Al3+ e 32 O2-). Os materiais típicos que compartilham
essa estrutura incluem NiAl2O4, ZnAl2O4 e ZnFe2O4.
Podemos observar que os íons de Mg2+ estão em posições tetraédricas, ou
seja, eles são coordenados pelos quatro oxigênios (O2-), e os íons de Al3+ estão
nas posições octaédricas.

Os cristais covalentes
Numerosos materiais cerâmicos têm um determinado caráter covalente nas
suas ligações químicas. Para alguns, principalmente nitretos e carbonetos, este
caráter covalente é predominante.
O exemplo mais familiar de cristal covalente é o diamante, em que cada
átomo de carbono está ligado (por ligações covalentes) a quatro outros átomos de
carbono.

Polimorfismo e Alotropia

Pontos, Direções e Planos cristalográficos

A base para a determinação dos valores dos índices é a célula unitária, com
um sistema de coordenadas, para a direita, que consiste em três eixos (x, y e z)
como origem em um dos vértices e coincidentes com as arrestas da célula unitária,
como ilustrado na figura abaixo.

Para alguns sistemas cristalinos – quais sejam, os sistemas hexagonal,


romboédrico, monoclínico e triclínico – os três eixos não são mutualmente
perpendiculares, como no sistema de coordenadas Cartesianas familiar.
Coordenadas dos pontos
A posição de qualquer ponto localizado no interior de uma célula unitária pode
ser especificada em termos das suas coordenadas em forma de múltiplos
fracionários dos comprimentos das arestas das células unitárias (isto é, em termos
de a, b e c). Observe a figura abaixo e o ponto P, localizado no seu interior.
Especificamos a posição P em termos das coordenadas genéricas q, r e s, na qual q
é algum comprimento fracionário de a ao longo do eixo x, r é algum comprimento
fracionário de b ao longo do eixo y e, de maneira análoga, para s.

Dessa forma, a posição de P é designada usando as coordenadas q r s com


valores que são menores ou iguais à unidade.

Direções cristalográficas
Uma direção cristalográfica é definida como uma linha entre dois pontos, ou um
vetor. As seguintes etapas são consideradas para determinar os três índices
direcionais:
1. Um vetor com comprimento conveniente é posicionado de maneira tal que ele
passe através da origem do sistema de coordenadas. Qualquer vetor pode
ser transladado por toda a rede cristalina sem sofrer alterações, desde que o
paralelismo seja mantido.
2. São determinados os comprimentos das projeções do vetor sobre cada um
dos três eixos, esses são medidos em termos das dimensões a, b e c da
célula unitária.
3. Esses três números são multiplicados ou divididos por um fator comum, para
reduzi-los aos menores valores inteiros.
4. Os três índices, sem separação por vírgula, são colocados entre colchetes:
[uvw]. Os inteiros u, v e w correspondem às projeções reduzidas ao longo dos
eixos x, y e z, respectivamente.
Para cada um dos três eixos existirão tanto coordenadas positivas quanto
negativas. Dessa forma, índices negativos também são possíveis, os quais são
representados por uma barra sobre o índice apropriado.
Por exemplo, a direção [111] teria um comprimento na direção – y. Além
disso, a mudança dos sinais de todos os índices produz uma direção antiparalela;
isto é, a direção [111] é diretamente oposta à direção [111]. Se mais de uma
direção (ou plano) tiver que ser especificada para uma estrutura cristalina
específica, torna-se imperativo para manter a consistência, que uma convenção
positiva-negativa, uma vez estabelecida, não seja mudada.
As direção [100], [110] e [111] são direções comuns, onde podemos
observar na figura abaixo.

Para algumas estruturas cristalinas, várias direções não paralelas com índices
diferentes são cristalograficamente equivalentes; isso significa que o espaçamento
entre os átomos ao longo de cada direção é o mesmo. Por exemplo, nos cristais
cúbicos todas as direções representadas pelos seguintes índices são equivalentes:
[100]. [100], [010], [010], [001] e [001]. Por conveniência, as direções equivalentes
são agrupadas como uma família, que é representada entre colchetes angulados:
<100>. Além disso, nos cristais cúbicos, as direções que possuem índices iguais,
independente da ordem em que esses índices aparecem ou dos seus sinais – por
exemplo, [123] e [213] – são equivalentes. No entanto, em geral isso não é válido
para outros sistemas cristalinos. Por exemplo, nos cristais com simetria tetragonal,
as direções [100] e [010] são equivalentes, enquanto as direções [100] e [001] não
são.

Cristais hexagonais
É necessário utilizar um sistema de coordenadas com quatro eixos, ou de
Miller-Bravais, como ilustrado na figura abaixo. Os três eixos a1, a2 e a3 estão
contidos em um único plano (plano basal) e formam ângulos de 120° entre si. O eixo
z é perpendicular a esse plano basal. Os índices direcionais, serão representados
por quatro índices, no formato [uvtw]; por convenção, os três primeiros índices
pertencem às projeções ao longo dos respectivos eixos a1, a2 e a3, no plano basal.

A conversão do sistema com três índices para o sistema com quatro índices é
dado por:
[u’ v’ w’ ] -> [u v t w]

Sendo:
U = 1/3 (2u’ – v ‘)
V = 1/3 (2v’ – u ‘)
T = - (u + v)
W = w’

Em que os índices “linha” estão associados ao sistema com três índices e os índices
sem a “linha” estão associados ao novo sistema de Miller-Bravais com quatro
índices.
Por exemplo, a direção [010] torna-se [1210]. Na figura a seguir temos várias
direções diferentes indicadas na célula unitária hexagonal.
A construção das direções cristalográficas para os cristais hexagonais é mais
complicada que para os cristais que pertencem aos outros seis sistemas. No sistema
hexagonal às vezes é mais conveniente considerar o sistema de coordenadas com
quatro eixos, como mostrado na figura abaixo.

Como pode ser observado, foi construída uma grade sobre o plano basal, que
consiste em conjuntos de linhas paralelas a cada um dos eixos a1, a2 e a3. As
interseções dos dois conjuntos de linhas paralelas está sobre e divide o outro eixo
(por exemplo, divide a1 em terços) dentro da célula unitária hexagonal.
Adicionalmente, o eixo z também é repartido em três seções com comprimentos
iguais (nos pontos m e n).
A construção de uma direção especificada por quatro índices é realizada
usando-se um procedimento semelhante àquele que foi descrito, que envolve
projeções de vetores ao longo dos eixos correspondentes. Nesse caso, em vez de
tomar as projeções em termos dos parâmetros de rede a (para a1, a2 e a3) e c (para
o eixo z), empregamos o esquema com escala reduzida da figura acima – isto é,
usamos a/3 e c/3 em seu lugar.
Planos cristalográficos
As orientações dos planos em uma estrutura cristalina são representadas de
uma maneira semelhante. Novamente, a célula unitária é a base, com o sistema de
coordenadas com três eixos como na figura abaixo.

Em todos os sistemas cristalinos, à exceção do sistema hexagonal, os planos


cristalográficos são especificados por três índices de Miller na forma (hkl). Quaisquer
dois planos paralelos entre si são equivalentes e possuem índices idênticos. O
procedimento utilizado para determinar os valores dos índices h, k e l é o seguinte:
1. Se o plano passa através da origem que foi selecionada, ou outro plano
paralelo deve ser construído no interior da célula unitária mediante uma
translação apropriada, ou uma nova origem deve ser estabelecida no vértice
de outra célula unitária.
2. Desse modo, ou o plano cristalográfico intercepta ou ele é paralelo a um dos
três eixos; o comprimento da interseção planar a cada eixo é determinado em
termos dos parâmetros da rede a, b e c.
3. Os valores inversos desse número são obtidos. Um plano paralelo a um eixo
pode ser considerado como tendo uma interseção no infinito e, portanto, um
índice igual a zero.
4. Se necessário, esses três números são mudados para o conjunto de menores
números inteiros pela multiplicação ou divisão por um fator comum.
5. Finalmente, os índices inteiros, não separados por vírgula, são colocados
entre parênteses: (hkl).

Um interseção no lado negativo da origem é indicada por uma barra ou um sinal


de menos posicionado sobre o índice apropriado. Além disso, a inversão das
direções de todos os índices especifica outro plano, que é paralelo e está do lado
oposto e de maneira equidistante à origem. Vários planos com índices baixos
estão representados na figura a seguir.
Uma característica interessante e exclusiva dos cristais cúbicos é o fato de
que os planos e direções com índices iguais são perpendiculares entre si;
entretanto, para os demais sistemas cristalinos não existem relações geométricas
simples entre planos e direções com índices iguais.

Arranjos atômicos
O arranjo atômico para um plano cristalográfico, que frequentemente é de
interesse, depende da estrutura cristalina. Os planos atômicos (110) para as
estruturas cristalinas CFC e CCC estão representadas nas duas figuras abaixo;
também estão incluídas as células unitárias representadas com esferas reduzidas.
Observe que o empacotamento atômico é diferente para cada caso. Os círculos
representam os átomos que estão localizados nos planos cristalográficos, que
seriam obtidos se fosse tirada uma fatia através dos centros das esferas rígidas em
tamanho real.
Uma “família” de planos contém todos os planos cristalográficos equivalentes
– ou seja, aqueles que têm a mesma compactação atômica; uma família é
designada por índices que são colocados entre chaves – tal como {100}. Por
exemplo, nos cristais cúbicos, os planos (111), (111), (111), (111), (111), (111),
(111) e (111) pertencem todos à família {111}.
Por outro lado, em estruturas cristalinas tetragonais a família {100} conteria
apenas os planos (100), (100), (010) e (010), uma vez que os planos (001) e (001)
não são cristalograficamente equivalentes. Além disso, apenas no sistema cúbico,
os planos que possuem os mesmo índices, independente da ordem e do sinal dos
índices, são equivalentes. Por exemplo, tanto (123) quanto (312) pertencem à
família {123}.

Cristais Hexagonais
Para cristais que possuem simetria hexagonal, é desejável que os planos
equivalentes possuam os mesmos índices; como ocorre com as direções, isso é
obtido pelo sistema de Miller-Bravais. Essa convenção leva ao esquema de quatro
índices (hkil), que é favorecido na maioria dos casos, uma vez que ele identifica de
maneira mais clara a orientação de um plano em um cristal hexagonal. Existe
alguma redundância no fato de que o índice i é determinado pela soma dos índices h
e k, por intermédio da relação: i = - (h + k).

Densidade linear e planar


As duas seções anteriores discutiram a equivalência de direções e planos
cristalográficos não paralelos. A equivalência direcional está relacionada à
densidade linear no sentido de que, para um material específico, as direções
equivalentes possuem densidades lineares idênticas.
O parâmetro correspondente para planos cristalográficos é a densidade
linear, e os planos que possuem os mesmos valores para a densidade planar
também são equivalentes.
A densidade linear (DL) é definida como o número de átomos, por unidade de
comprimento, cujos centros estão sobre o vetor direção para uma direção
cristalográfica específica; isto é:

DL = número de átomos centrados sobre o vetor direção / comprimento do vetor


direção

Obviamente, as unidades para a DL são inversos do comprimento (nm-1, m-1, etc.).

Estruturas cristalinas compactas

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