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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ....

ª VARA DA COMARCA DE
SALVADOR

Beto Pera, brasileiro, casado, operador de seguros, inscrito no CPF sob nº


680.680.680.68, portador do RG nº 86.866.866.-86 órgão expedidor SSPBA ,
endereço eletrônico betosupersuper@gmail.com, residente e domiciliado na Rua
Verde n°469, nesta cidade, por intermédio de seus advogados, infra firmados,
respeitosamente comparece à presença de V. Exa. para, tempestivamente,
apresentar sua CONTESTAÇÃO com fulcro no artigo 335 do CPC em face da
ação de indenização por dano moral e material, requerida por Gilberto Silva,
mediante o seguinte:

I – DAS PRELIMINARES

I.1- DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, requer o Acionante o benefício da justiça gratuita, mas em nenhuma


oportunidade prova não ter condições de arcar com as custas do processo, conforme
lhe incumbia nos exatos termos da legislação vigente. Muito embora, o Suplicante
tenha só citado a Lei n. 1.060/50, deixando de fundamentar sua exordial com
dispositivo da CLT, pelo que IMPUGNA!

Assim, não há como prosperar o pedido de justiça gratuita, vez que o Autor não
provou a necessidade de tal concessão, mesmo porque, contratando profissional do
direito, firmou contrato oneroso, demonstrando sua capacidade econômico-financeira
para arcar com os custos do processo que, certamente, corresponderá a uma ínfima
fração dos merecidos honorários que haverá de ser pago ao Douto Patrono de seu
litígio.

I.2 DA NULIDADE DE CITAÇÃO

Conforme previsão do artigo 238, do Código de Processo Civil, a citação é o ato pelo


qual são convocados o réu, o exdcutado ou o interessado para integrar a relação
processual, indispensável para a validade do processo. No mesmo sentido é a
doutrina de Marinoni, Arenhardt e Mitidiero[1]:

A citação é indispensável para a validade do processo e representa uma condição para


concessão da tutela jurisdicional, ressalvadas as hipóteses em que o processo é extinto sem
afetação negativa da esfera jurídica do demandado (indeferimento da petição inicial e
improcedência liminar). Não se trata de requisito de existência do processo. O processo
existe sem a citação: apenas não é válido, acaso desenvolva-se em prejuízo do réu sem a sua
participação.

Ainda, o artigo 242, do Código de Processo Civil, dispõe que A CITAÇÃO SERÁ


PESSOAL, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do
procurador do réu, do executado ou do interessado.
Trata-se de matéria de ordem pública, que pode ser alegada em qualquer fase de
jurisdição, não ocorrendo a preclusão, conforme leciona Arruda Alvim[2] ao tecer
comentários sobre o tema:

O processo sem citação (ou com citação nula somada à revelia), é juridicamente inexistente
em relação ao réu, enquanto situação jurídica apta a produzir ou gerar sentença de mérito
(salvo os casos de improcedência liminar do pedido – art.  332  do  CPC/2015). Antes a
essencialidade da citação para o desenvolvimento do processo, não há preclusão para a
arguição da sua falta ou de sua nulidade, desde que o processo tenha corrido à revelia. Pode
tal vício ser alegado inclusive em impugnação ao cumprimento da sentença proferida no
processo viciado, ou até mesmo por simples petição, ou, se houver interesse jurídico, em
ação própria (ação declaratória de inexistência).

No caso dos autos, verifica-se a NULIDADE DA CITAÇÃO do réu, tendo em vista


que, conforme o aviso de recebimento acostado na fl. ... dos autos, o mesmo FOI
ASSINADO POR PESSOA DIVERSA, em dissonância a previsão do artigo 242,
do Código de Processo Civil.

Dessa forma, requer o RECONHECIMENTO DA NULIDADE DA CITAÇÃO, nos


termos do artigo 337, I, do Código de Processo Civil, devendo os autos retornarem
ao cômputo do prazo para oferecimento de contestação, tornando sem efeito todos
os atos posteriores.

I.III Fundamento para arguir a incorreção do valor da causa e motivos para alegá-
las:
O art. 293 do CPC/15 aduz que o “réu
poderá impugnar”. A legislação destaca
que “poderá” e caso não o faça,
ocorrerá a preclusão. Assim, caso o
demandado não impugne o valor da
causa em momento adequado não
poderá fazê-lo posteriormente.
Vejamos:
“Art. 293. O réu poderá impugnar, em
preliminar da contestação, o valor
atribuído à causa pelo autor, sob pena
de preclusão, e o juiz decidirá a
respeito, impondo, se for o caso, a
complementação das custas.”
É indispensável alertar que a matéria preclui para o(s) réu(s) com a apresentação
da contestação. Logo, a preliminar deve ser suscitada em contestação (inciso III, do
art. 337 do CPC/15).
Quando o Magistrado verificar a incorreção do valor atribuído ao feito, deverá intimar
a parte para corrigir e, caso não o faça, arbitrará o valor entender como cabível
(poderá fazê-lo de ofício – sem provocação) e, sendo realizada a correção, mandará
recolher as custas complementares.
O não recolhimento das custas complementares acarretará no indeferimento da
petição inicial  (TJDFT. Acórdão 1339645, 07033858820208070018, Relator: ANA
CANTARINO, 5ª Turma Cível, data de julgamento: 12/5/2021, publicado no DJE:
24/5/2021).
Sobre a natureza da matéria da “incorreção do valor da causa” há precedentes do
Superior Tribunal de Justiça – STJ, é de que a referida matéria está dentro do rol de
questões de “ordem pública” (STJ 460.375/BA, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 02/08/2017).
I.IV DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO: FALTA DE PROCURAÇÃO

A Petição Inicial não veio instruída com a procuração outorgando poderes ao


patrono do HOTEL (Autor).

Nos termos dos artigos 104 e 287 do CPC/2015, é fundamental que o advogado, ao


postular em juízo, apresente instrumento de mandato.

Assim, percebe-se defeito de representação ( CPC/2015, art. 337, IX), devendo o


autor corrigir tal vício, em 15 dias, sob pena de extinção do processo sem resolução
de mérito ( CPC/2015, arts. 76 e 321).

II. DA SÍNTESE DA INICIAL

Cuida a espécie de processo de conhecimento segundo o rito ordinário,


pretendendo o Gilberto Silva., por ter sofrido violências físicas e morais que
teriam sido praticadas pelo Beto Pera nas dependências da Empresa
Seguros Máximos LTDA, CNPJ 17.049.898./0001-33 com sede na rua do
Bosque. O referido autor pleiteia em razão de dano moral e material
respectivamente nas seguintes quantias de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e R$
576.641,00 (quinhentos e setenta e seis mil e seiscentos e quarenta e um
reais).

Destarte, o Gilberto Silva alega que sofreu agressão física do seu funcionário
Beto Pera, ao chama-lo para uma reunião que definiria sua relação com os
clientes da empresa. Dessa forma, acusa também, o réu de causar prejuízos
materiais em seu escritório e departamentos subsequentes.

Outrossim, ainda há incidência de haver conspiração entre o acionista


Rodrigo Caldas e Beto Pera. Assim, evidenciam com os boatos que ocorrem
na empresa que dizem que este oferece o cargo que atualmente o Sr.
Gilberto desempenha como promoção para favorecer o Sr. Beto Pera.
Demonstram os autos que a causa de pedir fundamenta-se em hipotética
conduta delituosa do Beto Pera, e que tal teria ocasionado lesões à
integridade física e à honra do Gilberto Silva.

A questão nuclear do fato, tido como delituoso, tanto numa como noutra ação,
é a mesma. Todavia, há de se levar em consideração a atitude rigorosa que o
sr. Gilberto vem tratando seu funcionário Beto Pera. Suas duras regras,
excesso de cobranças, pressão psicológica e demais condutas tóxicas que o
empresário exercia fizeram com que Beto Pera tivesse um momento de
descontrole emocional.

Ao convocar uma reunião com Beto Pera, Gilberto Silva fez cobranças
absurdas para seu funcionário, solicitando que agisse com má-fé sobre seus
clientes, a fim de obter ganhos superiores com os seguros.

Beto Pera se sentiu coagido com tal pedido, pois é um homem de caráter
íntegro, e somado a todo tipo de pressão que já havia sofrido em todos esses
anos de trabalho, não conseguiu suportar a ideia de lesar diversas pessoas
em benefício de outrem.

Posteriormente, ao olhar pela janela, Beto Pera observou um roubo e


comunicou ao seu chefe, que em nenhum momento se mostrou solicito a
ajudar, e ainda usou de ironia com a situação desastrosa. Beto se comoveu
com que via e decidiu sair da sala do seu chefe e ir ajudar a vítima. Nesse
momento, Gilberto Silva usou de sua autoridade para ameaçar de demissão
caso o seu funcionário saísse sem sua permissão, mesmo sabendo que seria
por uma causa nobre. Ao ser posto nessa situação embaraçosa, acabou não
conseguindo prestar socorro a pessoa. Então, em um momento de
descontrole acabou prejudicando o seu patrão.

Nesse ínterim, no que se refere aos gastos materiais, não consta a destruição
de portas e janelas, uma vez que foi atingido as paredes do lado oposto a que
se encontrava esses elementos.

Dessa forma, é necessário ter em conta a razoabilidade e a proporcionalidade


evitando o enriquecimento injustificado ou um valor tão exorbitante que acabe
surgindo novos comportamentos lesivos pondo perigo outros princípios
fundamentais das relações em causa.

III. MÉRITO
III.1 DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL
Quanto ao dano moral, pela doutrina e jurisprudência, tal dano é conceituado e
exclusivamente como aquele que abala a honra e a dignidade humana, sendo
exigido, para sua configuração, um impacto psicológico, humilhação ou severo
constrangimento.

A exordial apresentada não descreve qualquer linha acerca de alguma humilhação


ou constrangimento à honra ou à imagem da autora. E nem haveria como haver
alguma demonstração, eis que o réu não causou nenhum dano a autora, pelo
contrário, cumpriu com as suas obrigações financeiras durante o tempo em que era
proprietário do veículo, repassando todo mês o valor da prestação do financiamento
bancário. A dívida existente, conforme já noticiado, é de responsabilidade do Sr. ...,
por força do acordo entabulado no processo nº ...

A simples alegação do dano moral causado não dá a parte autora o direito à


indenização. É imprescindível prova robusta e convincente da existência do prejuízo,
que não foi demonstrado pela autora, pois não foi capaz de comprovar o suposto
dano, sendo que as eventuais provas estariam ao seu alcance.

O caso dos autos NÃO SE TRATA de dano moral in re ipsa, o qual independe de


comprovação. Para a procedência do pedido de indenização, se faz necessário que
a autora comprove do fato (causa), das conseqüências (resultado), do liame que as
uniu (nexo causal) e da culpa (negligência, imprudência ou imperícia) por parte da
parte ofensora, é dizer o réu.
Nesse diapasão, inexistem danos morais, porquanto o réu não praticou nenhum
dano contra a autora. Nesse sentido está a lição de Sérgio Cavallieri Filho:

Nessa linha de princípio, só deve ser reputado dano moral a dor, vexame, sofrimento
ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento
psicológico do indivíduo causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-
estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exarcebada
estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da
normalidade do nosso diaadia, no trabalho, no trânsito, entre amigos e até no
ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o
equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por
banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenização pelos
mais triviais acontecimentos.
[...]
Outra conclusão que se tira desse novo enfoque constitucional é a de que o mero
inadimplemento contratual, mora ou prejuízo econômico não configuram por si sós,
dano moral, porque não agridem a dignidade humana. Os aborrecimentos deles
decorrentes ficam subsumidos pelo dano material, salvo se os efeitos do
inadimplemento contratual, por sua natureza ou gravidade, exorbitarem o
aborrecimento normalmente decorrente de uma perda patrimonial e também
repercutirem na esfera da dignidade da vítima, quando, então, configurarão o dano
moral.

Do contrário, admitindo-se o dano moral, estar-se-ia banalizando o instituto, que tem


por fim reparar danos de proporções tais que atinjam ou agridam à dignidade da
pessoa, à luz do que dispõe a Constituição Federal.
A autora não demonstrou qualquer dano, seja material ou moral, que lhe tenha sido
acarretado pelo réu, o que descaracteriza eventual condenação contra este,
impulsionando o julgamento pela improcedência total do pedido de indenização.

Oportuno destacar, Excelência, que, em meio a uma situação atípica que o mundo
está enfrentando (pandemia pela covid-19), os pedidos de indenização por danos
morais devem ser vistos com moderação, afinal, todos foram pegos de surpresa e
não tiveram tempo hábil para se adequar às mudanças drásticas impostas,
principalmente econômicas.
Nesse sentido, cabe destacar trecho da decisão do Desembargador Diaulas Costa
Ribeiro, da 8ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, proferida no
julgamento de recurso no processo XXXXX-53.2019.8.07.0009, em 29/04/2020:

[...] Este voto foi elaborado em pleno cerco sanitário – quarentena – provocado pela
pandemia da doença covid-19. O Poder Judiciário, nesta difícil fase existencial da
humanidade, precisa rever não só o conceito de dano moral, construído com
excesso de voluntarismo nas últimas décadas, mas, também, os valores fixados em
alguns casos.  Não é justo nem razoável impor ou manter condenações por dano
moral para qualquer átimo de sensibilidade. Negócios são atividades da vida
cotidiana e inadimplência contratual não gera, como regra, dano moral. 5.
Haverá, como decorrência desta pandemia, um aumento exponencial dos
litígios por inadimplência contratual e não é só.  O Poder Judiciário, como nunca,
será chamado para impedir que o corona vírus transforme a sociedade em uma
barbárie. É preciso conter o ânimo de se ganhar reparação econômica por qualquer
desconforto, por qualquer desvio de tempo útil, por qualquer intolerância. E quando
for cabível e inafastável a reparação, os valores deverão ser fixados de maneira
razoável, proporcional, parcimoniosa, considerando, também, o contexto da
economia brasileira e mundial e não os valores sem critérios dos pedidos que
chegam aos Juízes.

Por outro lado, caso o magistrado entenda de maneira diversa, o que se admite
apenas por argumentar, requer o réu que, para a fixação do quantum indenizatório,
seja observado o princípio da proporcionalidade e razoabilidade, objetivando evitar o
enriquecimento sem causa pela autora.

III.2. Do Suposto Ilícito

O fundamento jurídico do pedido assenta-se em conduta delituosa do réu, ao dizer


que este teria atingido a honra e a integridade física do autor.

A inicial ou emite ou acrescenta aos fatos elementos fantasiosos. Cumpre assim


demonstrá-los à luz da verdade. Com efeito.

O Réu na época dos fatos relatados na exordial, efetivamente se encontrava


exercendo sua função com maestria em sua sala. De súbito, recebe uma ligação na
qual informava que seu chefe (Gilberto Silva) estava o aguardando em seu escritório.
Desse modo, ele se deslocou até a sala, a fim de entender o motivo do chamado
repentino.
Quando, então, adentrou sua sala, foi recebido a gritos e grosserias. Beto Pera que
não sabia como reagir a todo estresse causado por Gilberto Silva, decidiu se calar e
ouvir o que tinha para ser dito.

Posteriormente, seu chefe teve atitudes grosseiras e acusou o sr. Beto de está
instruindo corretamente os clientes da seguradora (papel que foi contratado para
prestar) e isso estava trazendo prejuízos para a empresa.

Dessa forma, obrigou o seu funcionário a usar de má-fé com os seus segurados,
para que então eles não consigam o ressarcimento e cada vez mais a seguradora
obtenha lucros exorbitantes.

Todavia, Beto Pera tentou convencer seu patrão de que isso é errado, e se o cliente
tem o devido direito não seria interessante lesa-lo de maneira tão indiscriminada.

Nesse momento, ao olhar pela janela ao lado, sr. Beto observou uma cena de
assalto a mão armada e então comunicou a Gilberto Silva, para que eles tomassem
providências. Com sua insensibilidade, Gilberto não quis prestar socorro e usou tom
de brincadeira ao dizer que esperava que a vítima não fosse algum segurado de sua
empresa.

Na sequência, Sr. Beto decidiu que iria sozinho resolver tal demanda. Com isso,
Gilberto não gostou e ameaçou demiti-lo caso saísse da sala, mesmo sabendo que
seria por um gesto nobre.

Contudo, o sr. Beto retorna para a sala, pois não poderia perder o emprego, pois
sustenta sua família: seus 3 filhos e sua esposa. Então, não poderia perder seu
sustento sob nenhuma hipótese.

Nesse instante, ao olhar pela janela e culminado ao som dos escárnios proferidos
pelo seu chefe, Beto observa que o assaltante havia conseguido fugir. Isso lhe
causou sentimentos de fraqueza e ira.

Por conseguinte, agindo impulsivamente, por estar chateado com a omissão do seu
chefe em relação que estava havendo lá fora, sr.Beto acaba causando danos físicos
ao sr. Gilberto, e consequentemente ao escritório.

Apesar disso, na inicial consta valores exorbitantes que não condizem com a
realidade dos fatos. E assim, abrindo brechas para o enriquecimento ilícito.

Código Civil - Lei No 10.406, de 10 de janeiro de 2002.


Art.884. “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado
a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.”
Salienta-se, que não houve destruição de portas e janelas. Por isso, não será
necessário que esses itens entrem no orçamento.

III.3 Da Quantia Indenizatória

Ao pleitear a condenação do Réu "ao pagamento de R$ R$ 576.641,00 devidamente


corrigidos ao tempo da execução, a título de indenização pelo dano moral e material.
o Autor não se dignou a demonstrar detalhadamente os elementos que o levaram a
essa absurda quantia, ignorando regra insculpida no Código Civil, seguinte:

"Art. 1.547. A indenização por injúria ou calúnia, consistirá na reparação do dano que
delas resulte ao ofendido.

Parágrafo Único. Se este não puder provar prejuízo material, pagar-lhe-á o ofensor o
dobro da multa no grau máximo da pena criminal respectiva (art. 1.550)."

Ignorou o Autor também o entendimento doutrinário segundo o qual compete ao juiz


e não à parte a fixação do valor indenizatório. SILVIO RODRIGUES (in
"Responsabilidade Civil", 1979, p. 198/9) salienta:

"Será o juiz, no exame do caso concreto, quem concederá ou não a indenização e a


graduará de acordo com a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela
vítima."

CLAYTON REIS (in "Dano Moral", 1991, p. 84 e seguintes) sintetiza o entendimento


atual:

"Em nossa doutrina nacional, destaca o Professor Antonio Montenegro: predomina o


entendimento de que a fixação da reparação do dano moral deve ficar ao prudente
arbítrio dos juizes. Comungam desse sentir, entre nós, Wilson Melo da Silva e Aguiar
Dias, para quem o arbitramento é critério por excelência para indenizar o dano
moral.

Há, no entanto, outros doutrinadores que julgam necessária a fixação de critérios ou


parâmetros definidos para fixar o" quantum "indenizatório.

Para o Desembargador Sady Gusmão, citado pelo Professor Antonio Montenegro, o


ideal, ou pelo menos mais seguro e democrático, seria a indenização tarifada de uns
dez salários mínimos, tendo em vista as peculiaridades de cada caso concreto, como
ocorre nos acidentes do trabalho embora esta parte seja revivescência do vetusto
sistema da composição pecuniária.

A idéia prevalente do livre arbítrio do Magistrado ganha na doutrina e jurisprudência,


na medida em que transfere para o juiz o poder de aferir, com o seu livre
convencimento e tirocínio, a extensão da lesão e o valor de reparação
correspondente. Afinal, é o juiz quem, usando de parâmetros subjetivos, fixa a pena
condenatória de réus processados criminalmente e/ou estabelece o" quantum
"indenizatório, em condenação de danos ressarcitórios, de natureza patrimonial."

A Professora Maria Helena Diniz, nesse sentido, destaca essa posição importante,
defendendo a sua tese a respeito do assunto:

"Na reparação do dano moral o juiz determina, por equidade, levando em conta as
circunstâncias de cada caso, o "quantum" da indenização devida, que deverá
corresponder à lesão, e não ser equivalente, por ser impossível tal equivalência."

E adiante conclui:

"Grande é o papel do Magistrado na reparação do dano moral, competindo, a seu


prudente arbítrio, examinar cada caso, ponderando os elementos probatórios e
medindo as circunstâncias, preferindo o desagravo direto ou compensação não-
econômica à pecuniária, sempre que possível, ou se não houver risco de novos
danos."

A indenização, em matéria de dano moral, decorrente de injúria, calúnia ou


difamação capituladas no Código Penal, se limita aos parâmetros estabelecidos no
art. 1.547 do Código Civil, cabendo ao juiz fixar o seu "quantum". JOÃO CASILLO (in
"Dano à Pessoa e sua Indenização", 1987, p. 171) fulmina:

"Será o arbítrio do juiz, com os parâmetros básicos dados pela lei, que verificará a
melhor indenização."

Mas, para o juiz avaliar o dano moral deve considerar os padrões dos envolvidos.
CLAYTON REIS (ob. cit. p. 83) ensina:

"Para avaliar o dano moral, ressalta Antonio Montenegro com precuciência, haver-
se-á de levar em consideração, em primeiro lugar, a posição social e cultural do
ofensor e do ofendido. Para isso deve-se ter em vista o" homo medius ", de
sensibilidade ético-social normal. É preciso, portanto, idear o homem médio para
que, conhecendo o seu perfil, tenhamos condições e elementos para a fixação dos
fatores que concorrerão para o arbitramento do" quantum "indenizatório."

Wilson Melo da Silva estabelece uma forma para se construir esse homem médio, ao
ensinar:

"O tipo médio de homem sensível de cada classe seria o daquele cidadão ideal que
estivesse à igual distância do estóico e do homem de coração seco que fala Rippert,
e do homem de sensibilidade extremada e doentia."
FREITAS NOBRE (in"Comentários à Lei de Imprensa", Saraiva, 1978, p. 312)
fulmina:

"Como poderia o juiz julgar da intensidade do sofrimento do ofendido, senão tendo


em conta sua situação pessoal ante a sociedade em que vive, o conceito em que é
tido, o respeito que o envolve, a consideração ao que efetivamente merece?

Esse exame está igualmente comprometido com a natureza e a repercussão da


ofensa que dependam não só da intenção dolosa de quem emite, como, ainda, das
relações que possui o ofendido."

O Autor, nos moldes em que narra a inicial, não exibe a forma como trata seus
funcionários e como isso pode prejudicar a convivência no trabalho, fazendo com
que os empregados desenvolvam transtornos psicológicos advindos da pressão que
sofrem em suas funções.

A pretensão do Autor não passa de uma aventura. Nada tem a perder. Em suas
fantasiosas declarações teve ainda o despautério de imputar a agressão física
omitindo o real motivo que o culminou.

É certo afirmar ainda que, o Beto Pera é depositário do melhor conceito, respeito e
consideração da sociedade, sequer tendo contra si, exceto no episódio que o
envolve com o Gilberto Silva.

Essas razões bem demonstram que a pretensão indenizatória, despida de qualquer


elemento ou parâmetro, é abusiva e ilegal, não podendo subsistir.

IV. CONCLUSÃO

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS:


A. Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
B. O acolhimento da PRELIMINAR de Reconhecimento da Nulidade da Citação,
nos termos do artigo 337, I, do Código de Processo Civil, devendo os autos
retornarem ao cômputo do prazo para oferecimento de contestação, tornando
sem efeito todos os atos posteriores;
C. Seja indeferido os pedidos de danos moral e material
D. Seja indeferido a petição inicial em razão do valor causa abusiva.
E. Impugnação da gratuidade da justiça
F. e) Caso Vossa Excelência entenda por não acolher as preliminares argüidas,
o que se admite apenas por argumentar, requer a TOTAL IMPROCEDÊNCIA
DOS PEDIDOS DECLINADOS NA AÇÃO, nos termos do artigo 487, inciso I,
do Código de Processo Civil;
G. f) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos;
H. g) A condenação da autora ao pagamento das despesas processuais, nos
termos do artigo 82, § 2º, do Código de Processo Civil, e honorários
advocatícios, nos termos do artigo 85, devendo estes serem fixados com
base no § 2º, do mesmo diploma legal.

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