You are on page 1of 4

UNIDADE CURRICULAR: História Económica e Social

CÓDIGO: 41071
DOCENTE: Professor Bernardo Henriques
A preencher pelo estudante
NOME: Cláudia de Jesus Alves
N.º DE ESTUDANTE: 2003128
CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais
DATA DE ENTREGA: 11/05/2022

Página 1 de 4
TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Em Abril de 1851, um golpe de estado que ficou conhecido por “Regeneração”, vem
inaugurar um novo ciclo político em Portugal. Assim sendo, um governo mais
progressista vem substituir o governo conservador que vigorava desde a guerra civil de
1846-1847. Os partidos, tanto da direita como da esquerda, chegavam a um
entendimento. Alguns membros dos partidos que até então eram rivais (progressistas e
conservadores) uniram-se, formando um Partido Regenerador, para apoiar o novo
governo. Os restantes membros do extinto Partido Progressista, deram origem ao
Partido Progressista Histórico. Em 1852 a Constituição até então em vigor, sofre
alterações. Foi acordado a realização de eleições diretas.
Dessa forma, a Regeneração vem trazer alguma acalmia política necessária a Portugal,
que havia atravessado momentos difíceis, quer com a guerra contra Espanha e França,
quer com a Guerra Civil. Um novo compromisso político permite não só um
desenvolvimento económico, mas também um conjunto de reformas institucionais e
melhorias, quer a nível de comunicações, quer a nível de transportes. As décadas
seguintes foram assim marcadas pela construção de várias infraestruturas que
possibilitariam a renovação económica, estimulando a procura e a produção nacional. A
nível fiscal, foi instituído pelo novo governo, a criação de alguns impostos, tendo a sua
promulgação sido gradual entre os anos 1852 e 1882: contribuição predial sobre imóveis
rústicos ou urbanos, contribuição industrial, imposto sobre os rendimentos dos
profissionais liberais. Houve ainda alterações de forma a reduzir os impostos
aduaneiros, principalmente sobre os bens agrícolas. A legislação económica também
sofreu alterações, com a promulgação de algumas novas medidas referentes aos direitos
de propriedade e à constituição de sociedades anónimas, que já não careciam de
autorização governamental para a sua formação. Tornou-se necessário organizar o
sistema monetário que estava num caos. Dessa forma, conforme referido por Mata e
Valério (2003) as moedas estrangeiras (exceto a britânica) foram sendo recunhadas para
moeda portuguesa, de forma a reduzir a sua circulação, muito embora essa decisão
tenha causado alguma contestação. De referir ainda as reformas do sistema bancário,
com o aparecimento de alguns novos bancos, principalmente a norte do país, que era a
região com maior fluxo de emigrantes .As remessas dos emigrantes para as suas
famílias que permaneceram em Portugal torna-se “um dos principais negócios das

Página 2 de 4
instituições bancárias” (Mata e Valério, 2003,p.148). Assim sendo, o Banco Mercantil
Portuense, Banco União, Nova Companha de Utilidade Pública, Banco Aliança, Banco
do Minho, Banco Comercial de Braga e Banco de Guimarães, vieram juntar-se ao já
existente Banco de Portugal. Também a nível bancário torna-se necessário referir o
aparecimento de alguns bancos comerciais, cujo mais importante seria o Banco
Nacional Ultramarino que era o banco emissor para as colónias no ultramar. Tal
expansão sofreria porém um revés com a Crise Bancária de 1876, em que as instituições
bancarias tiveram a necessidade de se socorrer de empréstimos fornecidos pelo Banco
de Portugal.
Outra das reformas a assinalar, foi a uniformização dos padrões de pesos e medidas, e
dessa forma foi criado um sistema métrico único a ser utilizado em todo território
português.
É impossível falar sobre a Regeneração sem citar o enorme contributo de Fontes Pereira
de Melo, oficial do exército que havia lutado na guerra civil de 1846-1847. Conforme
referido por Mata e Valério (2003) , foi o “homem que se tornou o símbolo desta época
de crescimento económico” (Mata e Valério, 2003,p.146). Foi Ministro da Fazenda
(1851-1852), Ministro das Obras Públicas (1852-1856) e Presidente do Conselho (1871-
1877, 1878-1879 e 1881-1886). A sua política económica firmou-se principalmente no
desenvolvimento da rede de transportes e comunicações, com a construção de
caminhos-de-ferro (considerada a parte mas importante de todo um programa de obras
públicas), estradas, portos, correios e telégrafo. De referir a formação da Companhia
Central peninsular dos caminhos-de-Ferro de Portugal, em 1853, com a finalidade de
construir e explorar a parte da Linha Lisboa-Madrid que se encontrava em território
nacional. Importante também foi a construção dos portos de Leixões, Figueira da Foz,
Lisboa e Ponta Delgada, fundamentais para fazer a ligação entre a economia portuguesa
e a economia internacional. A nível postal, um marco importante foi a criação do selo,
na década de 1850. A União Postal Internacional garante a ligação postal entre Portugal
e os outros países.
Este modelo de desenvolvimento até então financiado pelo Estado causa alguma pressão
nas contas públicas, devido ao seu elevado custo. Dessa forma torna-se necessário
recorrer a empréstimos externos , com a expectativa de que todo o desenvolvimento
gerado e o aumento de impostos, fossem suficientes para pagar essa dívida. Contudo,
verificaram-se alguns problemas: além de não se conseguir equilibrar as contas
públicas, os gastos com a administração pública, defesa e encargos com os empréstimos

Página 3 de 4
originaram constantes saldos negativos nas mesmas. Por outro lado, os “equilíbrios
políticos internos” (Mata e Valério, 2003,p.152), impossibilitam o aumento de
impostos. Dessa forma, a divida pública cresce exponencialmente, aproximando-se em
1880 a “80% do produto interno bruto e os seus encargos aproximavam-se de 50% das
receitas públicas” (Mata e Valério, 2003,p.152),.

Bibliografia:

MATA, Eugénia e VALÉRIO, Nuno - História Económica de Portugal. Uma


perspectiva global. Lisboa: Editorial Presença, 2003, pp. 145-161 . Ano Académico
2021/2022. Acessível na Plataforma de E-Learning da Universidade Aberta.

PIMENTA, Fernando Tavares - A instalação do liberalismo em Portugal e a


Regeneração (1820-1890). [2022]. Texto de Apoio e de Contextualização Histórica da
Unidade Curricular História Económica e Social. Ano Académico 2021/2022. Acessível
na Plataforma de E-Learning da Universidade Aberta.

Página 4 de 4

You might also like