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Observação Direta: Uma análise sobre instrumentação das técnicas de

observação e entrevista1
Por Marinês Garcia e Simone Medeiros2

Algumas metodologias devem ser definidas para a coleta de dados como o tipo de
pesquisa que será realizado, podendo ser uma pesquisa exploratória (se propõe a
investigar mais para entender em maiores detalhes as causas e consequências daquilo que
é pesquisado) ou explicativa (se aprofunda no conhecimento da realidade buscando
compreender a razão dos fatos). O tipo de abordagem utilizada, qualitativa (procura
estabelecer e entender a conexão o sujeito e a realidade) ou quantitativa (refere-se à todas
as informações que podem ser quantificadas em números para sua classificação e análise).
Assim de acordo com a metodologia escolhida, são utilizados diferentes tipos de
procedimentos para a realização da coleta de dados, que variam de acordo com as
circunstâncias ou com o tipo de investigação, chamados de técnicas de pesquisa. Podendo
utilizar-se de mais de uma técnica de pesquisa.
A coleta de dados para a pesquisa científica é definida a partir da problematização,
objetivos geral e específico e metodologia. É um processo que visa reunir os dados por
meio de técnicas específicas de pesquisa.
Desta forma no processo de coleta de dados em uma pesquisa existem diferentes
técnicas, algumas são mais utilizadas que outras, de acordo com o tipo de pesquisa, porém
em uma mesma pesquisa pode ser utilizado mais de uma técnica, o que gera maior
confiabilidade nos dados coletados.
O Objetivo deste trabalho é evidenciar a importância da coleta de dados em uma
pesquisa e explorar as técnicas de pesquisa: Observação e Entrevista.
Para este estudo foi efetuado uma Pesquisa Bibliográfica, utilizando os livros
referenciados, assim como artigos e informações disponibilizadas na internet.

Observação
A observação para Gil (2008), constitui elemento fundamental para a pesquisa,
desde a formulação do problema, passando pela construção de hipóteses, coleta, análise e
interpretação dos dados, a observação desempenha papel imprescindível no processo de
pesquisa. Mas é na fase de coleta de dados que o seu papel se torna mais evidente. Sendo
assim a observação uma importante técnica de coleta de dados.

1
Artigo produzido como critério de nota para o curso de Metodologia da Pesquisa em Administração,
PPGAdm UFSC, ministrado pela Profª. Drª. Gabriela Fiates.
2
Mestrandas do curso de Pós-Graduação em Administração na Universidade Federal de Santa
Catarina.
A observação consiste em ver, ouvir e examinar fatos ou fenômenos. Porém para
ser considerada científica deverá ser planejada sistematicamente, registrada
metodicamente, além de sujeita a verificações e controle sobre a validade e segurança.
Desempenha um importante papel nos processos observacionais, no contexto da
descoberta, e obriga o investigador a um contato mais direto com a realidade. É o ponto de
partida da investigação social.
Existem algumas modalidades de observação que podem variar de acordo com as
circunstancias do tipo de investigação que quer ser feita. Ander-Egg (1978:96) apud
MARCONI E LAKATOS (2002) apresenta 4 Modalidades de Observação:
 Segundo os meios utilizados a observação pode ser: Não estruturada ou
Assistemática, que consiste em recolher e registrar os fatos da realidade sem que o
pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas. É
mais empregada em estudos exploratórios e não tem planejamento e controle
previamente elaborados. O perigo desse tipo de observação é o pesquisador se
envolver emocionalmente, já a observação Estruturada ou Sistemática, é realizada
em condições controladas, para responder a propósitos preestabelecidos. Requer
planejamento cuidadoso e sistematizado, utiliza –se de instrumentos para a coleta
dos dados ou fenômenos observados como quadros, anotações, escala, etc.
· Segundo a participação do observador: Observação não-participante, o
pesquisador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas
sem integrar-se a ela, o mesmo permanece de fora, já a Observação participante,
consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se
incorpora ao grupo. Esse tipo de participação torna a pesquisa mais insegura.
· Segundo o número: Individual, técnica de observação realizada por um
pesquisador. Nesse caso, a personalidade dele se projeta sobre o observado,
fazendo algumas inferências ou distorções, pela limitada possibilidade de controles,
já a observação em equipe é mais aconselhável do que a individual, pois o grupo
pode observar a ocorrência por vários ângulos. Em equipe surge a oportunidade de
confrontar os dados posteriormente.
· Segundo o lugar onde se realiza : a observação pode ser efetuada na vida real, as
observações são feitas no ambiente real, registrando-se os dados à medida que
forem ocorrendo, espontaneamente, sem a devida preparação. A melhor ocasião
para o registro é o local onde o evento ocorre, reduzindo as tendências seletivas, já
a observação efetuada em laboratório é aquela que tenta descobrir a ação e a
conduta, que teve lugar em condições cuidadosamente dispostas e controladas.
Entretanto, muitos aspectos importantes da vida humana não podem ser observados
sob condições idealizadas no laboratório.

Assim como outras técnicas de pesquisa, a observação possui vantagens e


limitações. As vantagens da observação estão na proximidade do observador, não possui
intermediações, é menos interpretativa, sendo mais objetiva. Porém a proximidade pode
causar falta de espontaneidade por parte do observado e a duração dos acontecimentos é
muito variável, podendo levar meses o que pode causar limitações nesta técnica.
Para um bom processo de observação precisa-se levar em consideração os
objetivos da pesquisa, o que significa que se estes não estiverem claramente definidos,
será impossível conduzir adequadamente o processo de observação.

Entrevista
No momento que uma pesquisa precisa coletar dados sobre um determinado
assunto ou problema e esse tema envolve uma averiguação, opinião específica,
sentimentos, planos de ação, condutas passadas ou presentes ou até mesmo opiniões
sobre estas situações Selltiz (1965 apud MARCONI E LAKATOS, 2002) indica a utilização
da técnica da entrevista para coletar os dados.
Isso se deve a impossibilidade de importar estas informações de outras fontes,
sejam elas bibliográficas ou observacionais, estão guardadas dentro de pessoas que detém
a posse e são capazes de transmitir o que sentem, acreditam, viveram através do contato
com o entrevistador (SELLTIZ 1965 apud MARCONI E LAKATOS, 2002).
Para que esta prática seja bem-sucedida pode-se seguir protocolos de identificação
de oportunidades e condutas para que seja “superior a outros sistemas de obtenção de
dados”, conforme afirma Best (1972 apud MARCONI E LAKATOS, 2002), na prática da
investigação social, refletindo inclusive em seu destaque na utilização de setores como
Sociologia, Serviço Social, Antropologia, Jornalismo e Psicologia, por exemplo.

Tipos de entrevistas e suas particularidades


A escolha da entrevista possui objetivos específicos, na escolha do tipo de entrevista
que devem-se usar, ocorre o mesmo por parte do entrevistador. Diante disso, Marconi E
Lakatos (2002) apontam estruturas que melhoram o aproveitamento deste momento
decisivo para a coleta de dados que se almeja.
Se o entrevistador pretende entrevistar mais de uma pessoa e deseja submeter
estas pessoas às mesmas perguntas é indicada entrevista padronizada. Dessa forma o
pesquisador não adapta perguntas ao contexto que a entrevista decorrer, ele segue o
formulário elaborado pré-determinado, evitando interferências no conjunto dos dados
obtidos e evita que a entrevista seja prejudicada com uma possível inabilidade do
entrevistador (MARCONI E LAKATOS, 2002).
Ander-Egg (1978 apud MARCONI E LAKATOS, 2002) destaca a possibilidade da
aplicação de uma entrevista quando o entrevistador pretende explorar mais amplamente
uma questão. Essa prática permite extrair informações relevantes que não se espera
previamente durante a formulação do questionário.
Dentro desta prática pode ser destacado ainda três sub-práticas:
 a focalizada, permitindo que o entrevistador tenha a liberdade de fazer as perguntas
que quiser, sondar motivos específicos, dar esclarecimentos;
 a clínica, quando quer-se estudar motivos e sentimentos da pessoa diante de um
conjunto de perguntas específicas;
 a não dirigida, quando o roteiro fica totalmente sem regulação e o entrevistado fica
aberto a expressar seus sentimentos e opiniões. Neste ponto a perspicácia do
entrevistador na motivação de falar sobre determinado assunto.

Caso o objetivo do entrevistador seja acompanhar a evolução das opiniões no decorrer


de determinado tempo, pode adotar a entrevista em painel. Conforme aponta Marconi e
Lakatos (2002), essa estratégia acontece por meio da repetição de perguntas, que são
formuladas de maneira diversificada, para que o entrevistado não distorça as respostas.
Como as demais técnicas para coleta de dados, a entrevista tem suas vantagens e
limitações. No momento de uma entrevista o entrevistado não precisa saber ler ou escrever
para que a coleta de dados seja realizada, mas pode acontecer uma incompreensão e uma
dificuldade de expressão caso as perguntas não estejam adequadas para as limitações do
entrevistado.
Diante de uma limitação de recursos, fazer uma entrevista a distância, por meio do
telefone ou de um vídeo conferência oferece flexibilidade para ambas as partes, mas pode
acontecer de uma instabilidade na conexão, uma indisponibilidade de horários (por ficar
aberta demais a escolha do entrevistado) ou até mesmo a perda de qualidade nas
respostas, diante da falta de contato físico. Isso pode se dever a falta de empatia que o
objeto de telecomunicação gera.
A entrevista possibilita a obtenção de informações que não estão disponíveis em
nenhum outro meio, se trata de vivencias, visões e percepções pessoais do indivíduo, na
qual sem a entrevista, iria morrer com ele. Entretanto, no momento da entrevista, pode ser
que o entrevistado se sinta receoso e tenha medo das revelações públicas daquele
contexto, acontecendo dele preferir se preservar.
Diante dessas práticas o entrevistador pode munir-se de diretrizes para aproveitar ao
máximo o momento. Essas diretrizes se baseiam em um pré-contato com o perfil do
entrevistado, no planejamento das perguntas diante do objetivo e desse perfil, da melhor
oportunidade para a entrevista. No dia do contato ter o cuidado necessário para que o
entrevistado se sinta a vontade, bem como para que as informações sejam devidamente
registradas e assim terminar com um clima de cordialidade.

CONCLUSÃO
Com esse estudo podemos verificar que a coleta de dados é uma etapa da pesquisa
que deve estar muito bem estruturada de acordo com os objetivos da pesquisa, essa etapa
possibilita o uso de dados que não são encontrados em fontes documentais, porém antes
de começar uma coleta de dados, deve-se ter efetuado o cronograma, e ter toda estrutura
metodológica organizada, com os prazos e técnicas que serão utilizadas.
A técnica da observação é muito importante pois não possui intermediações, o observador
está em contato direto com o observado em seu campo de atuação.
A entrevista pode ser interpretada como uma técnica eficaz para o relato pessoal
sobre determinado assunto. Uma visão de vivência que não se encontra em outras fontes e
que se bem formulada possibilita entendimentos fundamentais em assuntos profissionais e
pessoais. A mente humana é a única fonte de informações que não pode ser fotografada,
reproduzida ou digitalizada, por isso cada vez mais o contato humano se torna fundamental
para o estabelecimento de parâmetros entre teoria e prática.
As técnicas de observação e entrevista aqui abordadas podem ser utilizadas tanto
em pesquisas quantitativas como qualitativas, assim como ser utilizado mais de uma técnica
em uma pesquisa para minimizar as tendencias seletivas.
REFERÊNCIAS

Barbosa, Eduardo F., INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS EM PESQUISAS


EDUCACIONAIS. Acesso em:
http://www.inf.ufsc.br/~vera.carmo/Ensino_2013_2/Instrumento_Coleta_Dados_P
esquisas_Educacionais.pdf

LAKATOS, E. V., MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. 4.ed. São


Paulo: Atlas, 1991. Acesso em:
https://docente.ifrn.edu.br/olivianeta/disciplinas/copy_of_historia-i/historiaii/china-e-india

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. -6. ed. - São Paulo: Atlas, 2008.
Acesso em: https://ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/gil-a-c-mc3a9todose-
tc3a9cnicas-de-pesquisa-social.pdf

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