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Raul Lino (1879-1974)


Ana Curralo

Raul Lino (1879-1974)

- A carreira inicial de Raul Lino como arquiteto foi marcada pela


transição do século XIX para o século XX, e pelo início do
movimento Modernista.

- A arte portuguesa passou então por uma fase muito


produ>va: jovens ar>stas receberam pela primeira vez
formação em Paris (ou noutros centros culturais europeus) e
regressaram ao seu país com ideias e influências inovadora.

Raul Lino (1879-1974)

- Em Portugal, na primeira década do século XX, aos poucos,


introduziu-se o es>lo Arte Nova.

Apesar de não ter um programa teórico, a Arte Nova


manifestou-se pontualmente na marcenaria, nos móveis e
equipamentos.

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Raul Lino (1879-1974)

O arquiteto Raul Lino (1879-1974) trouxe para Portugal novas


propostas e soluções de interiores e de mobiliário, considerado
como um dos pioneiro do design português.

Raul Lino (1879-1974)

A chegada do Modernismo na Arquitectura Portuguesa foi


devido a várias contribuições , tais como :

- A Criação da Sociedade dos Arquitectos Portugueses (1903)


- Lançamento da primeira revista de Arquitectura .

- Criação do Prémio Valmor: O Prémio Valmor de


Arquitetura tem por finalidade premiar a
qualidade arquitetónica dos novos ediZcios construídos na
cidade de Lisboa.

Raul Lino (1879-1974)

O Modernismo afirmou-se nas décadas de 1920 e 1930, com


uma adesão à esté>ca racionalista e com a introdução dos
novos materiais (ferro ,vidro e betão).

- Em 1940 , a consolidação o polí>ca do regime, foi exercer a


sua influência ideológica nas artes .

- Na Arquitectura foi através do impulso urbanís>co de Duarte


Pacheco .

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Raul Lino (1879-1974)

- Raul Lino nasceu em Lisboa a 21 de Novembro de 1879. Filho de


uma família que beneficiava de uma confortável prosperidade devido
à a>vidade do pai, ligada aos materiais de construção, passou a sua
infância em Lisboa.

- Estou em Inglaterra, onde frequentou um colégio católico na região


de Windsor de 1889 a 1893.

Depois foi para Hannover, na Alemanha, estudar arquitectura


durante quatro anos.

Raul Lino (1879-1974)

Raul Lino começou a exercer arquitetura no período controverso da


viragem de século.
Portugal, país pouco ou nada industrializado à época, longe das
inovações tecnológicas que se desenvolviam no resto da Europa,
estava ainda longe de um pensamento moderno e racional do
critério funcional já em vigor lá fora.

Raul Lino (1879-1974)

- De formação oposta à tradicionalmente realizada pelos jovens


arquitectos de então, que tem em Paris referencia fundamental
(casos de Ventura Terra e Marques da Silva), Raul Lino toma contacto
na Alemanha com a complexa reflexão que se fez no momento, quer
sobre os efeitos da sociedade industrializada no entendimento arte/

técnica, quer sobre o significado social da arquitectura no mesmo


contexto.

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Raul Lino (1879-1974)

De regresso a Portugal em 1897, Raul Lino encontra um país rural,


atrasado em relação à Europa que conheceu.

Lino chega ao seu país com um olhar atento, numa tenta>va de o


reconhecer. Nasce a tentaKva de recuperar os valores de um
habitar, valorizando-os num contexto de um Portugal possível.

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Raul Lino e o seu pensamento arquitetónico

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Raul Lino (1879-1974)

Raul Lino e o seu pensamento arquitetónico

O pensamento e a obra de Raul Lino surge como um exemplo


paradigmá>co do que terá sido, talvez, a constante dicotomia
que atravessa toda a cultura em Portugal – a componente
estrangeirada, objeto de múl>plas aculturações através dos
tempos e a componente nacional, sujeito de uma frágil, mas
persistente.

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Raul Lino (1879-1974)

Por temperamento e formação, o seu trabalho orienta-se para


soluções de dignicação do homem. A casa para o homem é o seu
problema de parKda, a despeito de ter pensado e desenhado
construções colecKvas em meios urbanos.

São especialmente abundantes entre as 700 obras que saíram das


suas mãos, as concre>zações de carácter individual, do >po a que
convencionalmente chamamos moradia.

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Raul Lino (1879-1974)

Raul Lino trabalhava principalmente para uma aristocracia intectual


com grande poder financeiro, e sendo formado no ambiente
ultraromân>co alemão, propôs nas suas primeiras obras espaços
dinamicamente ar>culados, demonstrando um perfeito domínio dos
materiais e uma inserção correcta na paisagem.

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Casa de Santa Maria – uma das obras mais simbolicas de Raul Lino 1902

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A Casa Roque Gameiro é uma das mais notáveis referências do património histórico e cultural do Concelho da Amadora.

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Raul Lino (1879-1974)

O trabalho de Raul Lino:


• Procura da essência da tradição arquitetónica do país;

• Preservação e restauro de património edificado (palácios de


Sintra e Queluz);

• ProjeKsta quer de edi[cios, quer do mobiliário e decoração


dos mesmos;

• Integração do azulejo e do Kjolo, do telhado tradicional, dos


beirados e das sacadas.

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Raul Lino (1879-1974)

Raul Lino reconhece na arquitetura o campo esté>co primeiro da


realização existencial do Homem. A casa, o espaço
privilegiadamente humano, é encarada como centro do mundo,
lugar sagrado de ligação com o absoluto, que, de outro modo, vi-
veria perdido no mundo.

Muda e varia o ângulo de observação dos que tratam do assunto


mas o objeto permanece sempre ligado de muito perto à vida
material e espiritual dos habitantes da terra.

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Raul Lino (1879-1974)

Na arquitetura de Lino estão ausentes as preocupações tecnológicas


e racionalistas, pelo contrário “manifesta uma intenção orgânica de
valorização do todo, de um todo singular, na totalidade
pluridimensional da relação do Homem com as coisas”.

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Raul Lino (1879-1974)

A CASA PORTUGUESA – O “ REAPORTUGUESAMENTO ”

A sua intervenção no debate cultural da época que envolvia


diferentes sectores, iria traduzir-se mais tarde por uma codificação
de sinais expressos na “Casa Portuguesa”, que viria a ter prolongada
influência na arquitetura que posteriormente se fez.

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Casa Branca de Raul Lino nas Azenhas do Mar

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Raul Lino (1879-1974)

A Casa Branca ou Casa do Marco, nas Azenhas do Mar, é talvez a obra


mais supreendente do arquitecto Raul Lino, (1879-1974), construída
em 1920 enquanto residência de férias para seu próprio uso, e por
esse mo>vo sem grandes exigências de projecto a casa tem uma
estrutura simples e denota alguma austeridade tanto no espaço
interior como na sua imagem exterior.

A ausência de luz eléctrica e água canalizada é uma par>cularidade,


que permite nos nossos dias, conservar integralmente a atmosfera
original da época em que foi construída.

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Raul Lino (1879-1974)

“A Casa Branca é provavelmente uma das suas melhores realizações,


porque Lino , não foi obrigado a manipular programas domésKcos
demasiados exausKvos, que consKtuíam normalmente a encomenda
gpica da burguesia para quem trabalhava.

O imaginário da Casa Branca é o da Arquitectura popular portuguesa


– ou melhor o modo como Raul Lino viu a tradição popular – e que
se transformou numa das marcas que o seu percurso imprimiu ao
longo da primeira metade do século arquitectónico português.”

In ar>go do jornal "Público" de 15 de Julho de 2003, de Ana Vaz


Milheiros

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Raul Lino (1879-1974)

O trabalho de Raul Lino desenvolve-se em torno


da teoria da Casa Portuguesa, na qual o arquiteto
idealiza o conceito da arquitetura residencial
portuguesa, o seu planeamento e a vida
domés?ca.

Para Raul Lino a paisagem é soberana. A plena


integração da casa com a paisagem é conseguida
com a “Casa do Cipreste”, desenhada pelo
arquiteto para sua residência própria permanente.

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A “Casa do Cipreste”

A Casa do Cipreste, um dos trabalhos que mais marcaram a vida profissional


do Arquiteto Raul Lino, foi construída em plena Serra de Sintra, em São
Pedro de Sintra.

Sendo o seu desenho de carácter orgânico, toda a casa é pensada para o


homem contemplar a natureza: do pá>o exterior, da envolvente natural, e
até das vistas que Sintra oferece (serra pontuada por símbolos como o
Palácio da Pena ou o Castelo dos Mouros).

A Casa do Cipreste serve os principais traços de personalidade do ar>sta, a


meditação e a independência

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A “Casa do Cipreste”

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A “Casa do Cipreste”

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A “Casa do Cipreste”

Sala de jantar

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Raul Lino (1879-1974) A “Casa do Cipreste”

A sala de jantar é decorada por um enorme painel decora:vo de pintura a fresco,

com mo:vos vegetalistas, cujo plano coube ao próprio Raul Lino (foi pintado por um
professor da Escola Industrial de Setúbal).
Quanto aos azulejos, são sobretudo de padrão (com mo:vos diversos como espirais
e linhas onduladas), coloridos e recortados com o seu próprio desenho na parede,

que apesar das reminiscências do passado apresentam uma linha moderna (existe
uma relação plás:ca entre a parede e o mo:vo desenhado, muitas vezes ganhando
espessura).
O ambiente é controlado pelas peças decora:vas, numa tenta:va de dar um sen:do
de espacialidade e um ritual de vivência.

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A “Casa do Cipreste”

Sala de estar

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A “Casa do Cipreste”

Sala de estar – “pormenor da varanda”

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A “Casa do Cipreste”

cozinha

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A “Casa do Cipreste”

cozinha

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Raul Lino (1879-1974)

Made in Portugal Raul Lino (1879-1974) - azulejo de padrão,


desenho de 1910, réplica de 1970, Fábrica de Cerâmica
Constância.

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Raul Lino Cadeira Séc. XX

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Raul Lino (1879-1974)

A obra de Raul Lino assenta num arqué:po culturalista, no qual predomina a


ideia de que só o conhecimento do terreno/paisagem sobrevalorizam conceitos
e valores tradicionais da pura arquitetura portuguesa.

O arquiteto além de desenhar casas, também assinou painéis e azulejos, criou


porcelanas, desenhou mobílias, preocupando-se ao mesmo tempo em teorizar as
suas conceções, escrevendo ar:gos, livros e ensaios sobre arquitetura.

A par desta a:vidade exerceu ainda os lugares de Chefe da Repar:ção de Estudos


e Obras e Monumentos e de Superintendente dos Palácios Nacionais

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