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SUMÁRIO
SOBRE A PROFESSORA ............................................................................................... 6
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA ........................................................................... 12
Conceitos e princípios .................................................................................................... 13
Cor, luz, volume e textura .............................................................................................. 13
Fundamentos de colorimetria e cromologia ................................................................... 13
Cor no sistema visual e nos processos cerebrais ............................................................ 14
Colorimetria: um estudo sobre a percepção física da cor ............................................... 15
Propriedades das cores.................................................................................................... 15
Cromologia: um estudo sobre a percepção psíquica da cor............................................ 18
Arquétipo de cores .......................................................................................................... 18
Cor e personalidade ........................................................................................................ 21
Fundamentos de luz e sombra ........................................................................................ 22
Linguagem visual sobre volumes e texturas ................................................................... 24
Volume ........................................................................................................................... 24
Textura ............................................................................................................................ 25
Conceito e princípios da colorimetria capilar ................................................................. 25
Colorimetria capilar ........................................................................................................ 26
Origem da cor do cabelo ................................................................................................. 26
Definição e conceitos em colorimetria capilar ............................................................... 27
Sistema internacional de nomenclatura de colorações ................................................... 33
Ação dos pigmentos na haste capilar .............................................................................. 34
Tipos de cabelo ............................................................................................................... 35
Quanto ao formato .......................................................................................................... 35
Quanto à porosidade ....................................................................................................... 37
Quanto ao diâmetro ........................................................................................................ 38
Quanto à elasticidade ...................................................................................................... 38
Quanto ao grau de oleosidade e hidratação .................................................................... 38
Danos da colorimetria e cuidados ................................................................................... 39
Cuidados com a haste capilar pós-coloração .................................................................. 41
Produtos e técnicas de transformação de cor: colorantes e clareadores ......................... 43
Colorimetria: processo de formação da cor das hastes capilares.................................... 44
Princípios de formação da cor ........................................................................................ 46
Transformação da cor das hastes capilares ..................................................................... 48
Colorações: ação de formulações temporárias e tonalizantes semipermanentes ............ 49

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Colorações permanentes ................................................................................................. 50
Pré-pigmentação e pigmentação ..................................................................................... 52
Pré-pigmentação e cuidados capilares ............................................................................ 52
Processo de coloração ..................................................................................................... 52
Técnica de pré-pigmentação ........................................................................................... 53
Cuidados com o cabelo antes da pré-pigmentação ......................................................... 55
Tinturas permanentes oxidativas .................................................................................... 56
Mecanismo de ação de tinturas permanentes oxidativas ................................................ 57
Composição .................................................................................................................... 58
Forma de apresentação ................................................................................................... 59
Precauções no uso de tinturas permanentes .................................................................... 59
Indicações das tinturas permanentes............................................................................... 59
Vantagens e desvantagens do uso................................................................................... 59
Tinturas temporárias e mecanismo de ação .................................................................... 60
Mecanismo de ação ........................................................................................................ 60
Indicações das tinturas temporárias ................................................................................ 62
Vantagem e desvantagem ............................................................................................... 62
Apresentação e formulação ............................................................................................ 62
Tinturas semipermanentes e mecanismo de ação ........................................................... 63
Formulação e apresentação ............................................................................................. 65
Luzes e mechas capilares ................................................................................................ 67
Tendências em luzes e mechas ....................................................................................... 67
Ombré hair ...................................................................................................................... 68
Californianas ................................................................................................................... 69
Sombre hair .................................................................................................................... 69
Balaiagem ....................................................................................................................... 69
Mechas marcadas ............................................................................................................ 70
Texanas ........................................................................................................................... 70
Efeito tartaruga ou tortoiseshell hair .............................................................................. 70
Dip-dye ........................................................................................................................... 71
Produtos utilizados na realização de luzes e mechas ...................................................... 71
Descoloração .................................................................................................................. 71
Técnicas de aplicação de luzes e mechas ....................................................................... 76
Técnica de desfiar, eriçar ou de empilhamento junto à raiz do cabelo ........................... 77
Mechas costuradas ou tricotadas .................................................................................... 78

3
Mechas em véu, transparência ou lâminas ..................................................................... 78
Free hands ....................................................................................................................... 78
Mechas na touca ............................................................................................................. 79
Mechas com uso de papel alumínio................................................................................ 79
Mechas com uso de plaquetes ........................................................................................ 80
Matização e correção de cores ........................................................................................ 81
Princípios de colorimetria para a correção de cores ....................................................... 82
Erros nos resultados finais de colorações ....................................................................... 82
Correção de cores ........................................................................................................... 83
Matização........................................................................................................................ 85
Tintura permanente oxidativa para correção de cores .................................................... 87
Tintura semipermanente ou temporária para a correção de cores .................................. 89
Cobertura de cabelos brancos e grisalhos ....................................................................... 92
Envelhecimento capilar .................................................................................................. 92
Produtos para cobertura de cabelos brancos e grisalhos................................................. 96
Técnicas empregadas na cobertura de cabelos brancos e grisalhos................................ 97
Técnica de mordaçagem ................................................................................................. 98
Técnica de pré-pigmentação ......................................................................................... 100
Técnica de adição de base ............................................................................................ 101
Técnica de redução ....................................................................................................... 102
Técnica de deposição de pigmento ............................................................................... 103
Técnica de rinsagem ..................................................................................................... 103
Colorimetria na maquiagem ......................................................................................... 106
Conceitos de cor ........................................................................................................... 106
Teoria das cores ............................................................................................................ 107
Colorimetria e maquiagem ........................................................................................... 108
Temperatura das cores .................................................................................................. 109
Pele: tipos cromáticos ................................................................................................... 109
Aplicando a colorimetria à maquiagem ........................................................................ 110
Estações: classificação de peles brancas ...................................................................... 110
Classificação de peles negras ....................................................................................... 111
Camuflagem de disfunções estéticas faciais ................................................................. 113
Disfunções estéticas da pele ......................................................................................... 113
Acne .............................................................................................................................. 113
Rosácea ......................................................................................................................... 114

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Psoríase ......................................................................................................................... 115
Olheiras pigmentares e vasculares ................................................................................ 115
Manchas vinho do porto e hemangiomas ..................................................................... 116
Equimoses e hematomas ............................................................................................... 116
Discromias .................................................................................................................... 116
Hiperpigmentação ......................................................................................................... 117
Hipopigmentação .......................................................................................................... 119
Acromias ....................................................................................................................... 120
Camuflagem cosmética................................................................................................. 121
Colorimetria para camuflagem cosmética .................................................................... 121
Técnicas de camuflagem .............................................................................................. 122
Referências ................................................................................................................... 124

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SOBRE A PROFESSORA

Daniani Boscaini Lira, proprietária de um Estúdio de Maquiagem e


uma pequena Clínica de Estética na Cidade de Tucuruí. Ministra
cursos na área da Maquiagem em seu Estúdio. Atualmente também
trabalha na Faculdade de Teologia Filosofia e Ciências Humanas -
Gamaliel, como coordenadora e professora no curso de Tecnologia em
Estética e Cosmética. Concluiu em 2011 a Especialização em Estética
e Cosmetologia pelo Instituto Brasileiro de Estética e Cosmetologia – IBECO, São
Paulo. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade de Rio Preto - UNIRP, São
Paulo no ano de 2007. Formada pelo Senac e Catharine Hill em Maquiagem
Profissional e Especialista em Maquiagem Air Brush também pela escola Catharine
Hill, São Paulo. Possui muitos cursos de Extensão em Estética e já atua na área a 8
anos. Nos anos de 2012 a 2016 foi professora de Cursos Técnicos em Estética, tanto em
Tucuruí como em Parauapebas.

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PLANO DE ESTUDO

O plano de estudos visa orientá-lo (a) no desenvolvimento da Disciplina. Nele,


você encontrará elementos que esclarecerão o contexto da Disciplina e sugerirão formas
de organizar o seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na Faculdade Gamaliel leva em conta
instrumentos que se articulam e se complementam. Assim, a construção de
competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas
de ação/mediação.
São elementos desse processo:
a) O Guia didático de estudos;

b) O Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA, onde você encontrará as atividades


virtuais de verificação da aprendizagem;

c) A prova presencial.

ATIVIDADES WEB
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

No Ambiente Virtual de Aprendizagem da Faculdade Gamaliel, você terá o


conteúdo da disciplina e as atividades a serem realizadas. Discriminamos abaixo cada
uma delas:
 Fórum da Disciplina: é um espaço web de discussão-interação-reflexão de temas
relativos ao conteúdo, com mediação do tutor EaD. É uma ferramenta
importante para o desenvolvimento da aprendizagem no processo educativo à
distância. O Fórum é parte do processo de avaliação da aprendizagem, tendo em
vista que através dele não só a escrita é exercitada, mas o exercício da análise,
da reflexão, permitindo o debate plural de ideias e a crítica coletiva do grupo.
Quando o estudante participa das discussões, trocando ideias e experiências,
contribui, também, com a consolidação da aprendizagem de seus pares. O fórum
é elemento avaliativo e vale 01 (um ponto).
 Na prática: esse elemento consiste em um exercício em que a questão elaborada
pelo professor-autor permitirá ao estudante mobilizar os conhecimentos tratados

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e analisar, na prática, um caso (estudo de caso), voltado ao ambiente
organizacional educacional. Essa atividade avaliativa vale 02 (dois pontos).

 Exercite: trata-se de um exercício nos moldes de um questionário com questões


a serem resolvidas e terá um único formato de resposta: o de escolha múltipla,
ou seja, você escolherá a resposta correta dentre quatro opções. Essa ferramenta
será usada como exercício de fixação de conteúdos e fará parte do processo de
avaliação web. Tem o valor de 01 (um) ponto.

 Prova presencial: a prova encerra o conjunto de atividades avaliativas da


disciplina e deve ser realizada no Polo de Apoio Presencial. A prova vale 06
(seis) pontos.
O conjunto de atividades avaliativas e sua pontuação estão resumidas na tabela
abaixo:

Fórum da Na prática Exercite Prova Total de pontos


disciplina presencial
1.0 2.0 1.0 6.0 10.0
Para aprovação na disciplina o estudante deve obter aproveitamento final de no mínimo 7.0 (sete)

INFORMAÇÕES IMPORTANTES

Nossos fóruns temáticos terão data de início e término, por isso você deve ficar
atento aos avisos e comunicados disponibilizados no AVA. Assim, o acesso a esse
ambiente deve ser diário.
Cada contribuição nos fóruns não poderá conter mais de 200 palavras, pois este
limite é importante para garantir-lhes uma maior e mais leve dinâmica. Contribuições
formadas por um número de palavras maior do que 200 deverão ser divididas em mais
de uma postagem ou serão penalizadas ao final da avaliação.
Postagens e tarefas têm caráter autoral, ou seja, devem ser opiniões próprias e inéditas,
sendo desejável o uso de citações para corroborá-las com referências seguindo as
normas da ABNT.

Sobre a avaliação da participação nos fóruns:


 Serão consideradas para aferição de notas somente as postagens consistentes
feitas pelo aluno. Considera-se postagem consistente aquela que faça referência

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à temática exigida, respondendo às questões norteadoras do fórum ou em
debates com os colegas e tutor.

 O aluno deverá participar com, no mínimo, três postagens consistentes e


distintas, e em três dias diferentes de cada semana de vigência do fórum
temático. A participação concentrada em apenas 2 dias distintos reduzirá a nota
total na atividade em 20%, e se concentrada em apenas 1 dia, a redução será de
40%. Por fim: postagens concentradas apenas no último dia do fórum sofrerão
redução de 50%.

 As postagens nos fóruns deverão ser de caráter autoral sendo facultado o direito
de inclusão de citações de acordo com as Normas da ABNT, portanto
acompanhadas de citação de autoria.

 Serão considerados para a avaliação dos fóruns, além da frequência e da


realização das atividades propostas, a interação com colegas e tutor, a clareza e
correção das postagens, a proatividade e a cortesia no trato com os colegas e
com o tutor.

 Na correção das tarefas, além da realização das atividades propostas, serão


considerados na avaliação das notas os seguintes critérios, no que tange à forma
e ao conteúdo da tarefa: estrutura do texto, clareza, correção gramatical,
bibliografia, linha de raciocínio, coerência com as orientações, embasamento no
conteúdo e exemplificação.

CUIDADOS NO ENVIO DAS ATIVIDADES AVALIATIVAS

Cada contribuição nos fóruns que contiver trechos retirados de textos de outros
autores (incluindo referências eletrônicas) deverá conter, obrigatoriamente, a fonte da
qual estes foram retirados, explicitada em acordo com as normas de citação (NBR
10520) e de referências (NBR 6023) da ABNT.
É extremamente importante destacar que cópias de livros (digitadas e/ou
digitalizadas), artigos, dissertações, teses e textos da internet serão detectadas
facilmente e acarretarão na nota zero ao aluno, sem oportunidade de substituição do
trabalho. Recomendamos que o envio das tarefas não seja feito na última hora, a fim de

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evitar que eventuais transtornos (problemas com internet, falta de luz, sobrecarga da
rede, etc.) inviabilizem o envio. Se, no horário final de entrega, ocorrer algum problema
com a plataforma, o prazo de envio será dilatado e devidamente comunicado em nossa
plataforma/e-mail.
Não será permitido o envio de tarefas por qualquer outro meio que não o local
específico para isso na plataforma ou fora do prazo. O não envio de uma tarefa no prazo
acarretará na nota zero ao aluno sem oportunidade de substituição do trabalho.
Só serão aceitos tarefas e trabalhos enviados em doc, docx ou rtf. Não enviem
tarefas em pdf, odt ou nenhum outro formato que não os especificados, pois não serão
aceitas e acarretarão na nota zero ao aluno sem oportunidade de substituição do
trabalho.
As notas de fóruns/tarefas serão divulgadas posteriormente ao
encerramento/envio dos mesmos. Fique atento aos calendários.
O aluno terá o direito de, junto ao tutor, requerer a revisão de sua nota. Para
tanto há um "Fórum de Pedido de Revisão de Notas" onde o aluno deverá postar seu
requerimento até 4 (quatro) dias depois de liberada a nota que será questionada. Em
qualquer pedido de revisão devem ser informados o nome do aluno, seu grupo e os
comentários necessários à revisão.

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EMENTA

Teorias da cor. Princípios de colorimetria. Natureza, estrutura e propriedades. Tintas e


corantes. As cores na moda. Aplicações da cor em materiais diversos. Análise de
resultados. Tendências em coloração para os diferentes tipos de cabelo. Coloração e
alergias.

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Bem vindos ao mundo das cores! Esse mundo é fascinante e de extrema
importância para o profissional da beleza.

Nossa disciplina será dividida em 3 unidades temáticas: 1 – Conceitos e


princípios: • Cor, luz, volume e textura; • Conceitos e princípios da colorimetria capilar;
• Produtos e técnicas de transformação da cor.

2 – Técnicas capilares: • Pré pigmentação e pigmentação; • Luzes e mechas capilares; •


Matização e correção de cores; • Cobertura de cabelos brancos e grisalhos.

3 – Teorias e aplicabilidade: • Colorimetria em Maquiagem; • Camuflagem em


disfunções estéticas faciais.

Mergulhe de cabeça nos estudos e venha se aprimorar e aperfeiçoar nesse


assunto tão complexo e importante.

Bons estudos!

Professora Daniani Boscaini Lira

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Conceitos e princípios

Cor, luz, volume e textura

Aqui você compreenderá os conceitos de cor, como funciona sua percepção


visual e cerebral e qual a relação das cores com a luz. Além disso, aprenderá sobre as
propriedades físicas da cor e a respeito de sua percepção psíquica, ou seja, como ela é
percebida de forma psicológica pelos seres humanos e como elas influenciam no
comportamento e na expressão visual.
Complementando o assunto, falaremos sobre volume, que abrange luz, sombra e
textura, e veremos como essas características influenciam também na composição de
uma imagem, pois são elas que conferem movimento, ritmo, profundidade, emoção e
até sensações táteis para o objeto observado. É por meio dos requisitos de cor, luz,
sombra e textura que se dá vida ao conjunto visual tridimensional. São basicamente
esses atributos que serão utilizados na imagem pessoal para a execução de um trabalho
de visagismo, ou qualquer outra forma de se personalizar uma composição visual,
somados às linhas e às formas.

Fundamentos de colorimetria e cromologia

Quando falamos em cor, é preciso, inicialmente, entender a diferença entre cor–


luz (ou cor–energia) e cor–pigmento. A cor–pigmento é a substância material refletida
por um objeto, isto é, sua cor, seu pigmento. Já a cor–luz é aquela que se forma pela
emissão direta de luz difundida sobre o objeto, ou seja, a cor–energia da fonte de luz
antes do objeto e a cor–luz modificada pela cor–pigmento do objeto, e, então, aquela
que o olho humano percebe. Cor, então, é o resultado da interação da luz com um
objeto, que reflete, então, a sua cor–pigmento, modificando a cor–luz incidida sobre
este. Cor é pura energia, do ponto de vista físico, e é pura emoção, do ponto de vista
psíquico. É algo que vemos com os olhos e traduzimos com o cérebro.
A ciência da cor estuda o efeito físico e psíquico das cores, e está relacionada a
física, ótica, anatomia, ciência cognitiva e psicologia. São processos complexos, assim
como o funcionamento de todo e qualquer sistema orgânico do ser humano. Pode-se
dizer, então, que as cores e suas percepções permeiam diversas áreas de estudo, da
ciência à arte, no âmbito técnico ao estético (PEDROSA, 2009). Neste capítulo, será

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abordada a colorimetria em relação à percepção física das cores, e a cromologia, cujos
fundamentos são relacionados à parte psicológica da cor.

Cor no sistema visual e nos processos cerebrais

Obviamente, as cores não existiriam sem os sistemas visual e cerebral, pois é


neles onde toda a percepção da cor começa e encerra. Até o século XVI, as pessoas
acreditavam que os olhos emitiam luz, quando, na verdade, os olhos são apenas
receptores de luz. Para que a visão ocorra, é necessário que haja uma fonte de luz que
possa conduzir a energia da cor até os nossos olhos. É assim que a comunicação visual
se inicia. Sem o condutor da cor (a luz), a única coisa que veríamos seria a cor preta,
que significa o vácuo, a ausência de cor, a ausência de energia.
A luz é uma fonte de energia que, quando refletida em um objeto qualquer, tem
sua cor modificada. Este novo feixe de luz, agora colorido, será recebido fisicamente
pelo sistema visual e processado emocionalmente pelo cérebro. Os olhos captam
informações externas e as codifica para, depois, serem processadas pelo sistema
cerebral (Figura 1) (RIBEIRO, 2011).

Dessa forma, e de acordo com o objeto de estudo, podemos relacionar a


colorimetria com o processo físico e visual da percepção da cor–luz, ao passo que a
cromologia tem ligação com o processo cerebral, ou seja, psicológico, da cor–luz em
relação à cor–pigmento.

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Colorimetria: um estudo sobre a percepção física da cor

Colorimetria é a parte da ciência das cores que estuda sua utilização com o
propósito de especificar numericamente a cor de um determinado estímulo visual, e se
preocupa em especificar pequenas diferenças de cor que um observador pode perceber
e, assim, chegar a efeitos de acordo com a necessidade de tal criação (ESQUERRE
MENDOZA, 2017).
A colorimetria trata da cor em um nível físico, em relação a matiz, saturação,
intensidade, tom, luminosidade. Neste capítulo, foram adicionados, ainda, os conceitos
de temperatura, contraste e harmonia das cores. O conhecimento e a aplicação da
colorimetria são essenciais em áreas de atuação artística, como fotografia, decoração,
publicidade, artes, beleza, moda, arquitetura, decoração, entre outras.

Propriedades das cores

A seguir, serão descritas as principais propriedades das cores.


Tom, matiz ou tonalidade é a cor em si, em seu estado puro, sem adição de
outras cores. Essa é a propriedade que diferencia uma cor da outra. Podemos dizer que é
o ―nome principal da cor‖ (Figura 2a).
Saturação ou intensidade é a característica de pureza ou mistura de uma cor, ou,
ainda, a quantidade de cinza em sua composição. Demonstra a vivacidade ou a palidez
da cor e transmite sensação de maior ou menor movimento. Quanto mais saturada uma
cor, maior é a sensação de que o objeto está se movendo. O amarelo, por exemplo, é
uma cor muito viva. A vibração de sua cor–luz é bastante agitada. Conforme a Figura
2b, o mais saturado é o terceiro tom no caso apresentado — menos calmo que os outros
para nossa visão.
Valor, luminosidade ou brilho é a característica de claridade ou escuridão de
uma cor, ou a quantidade de preto ou de branco que a cor contém. É um termo que se
usa para descrever quão clara ou escura parece uma cor (Figura 2c).
A temperatura indica a movimentação energética da cor, ou seja, cores quentes
são mais estimulantes e energéticas, já cores consideradas frias são mais calmas e
refrescantes (Figura 2d). As cores consideradas neutras são o preto, o branco e suas
misturas, sendo, então, o cinza também um neutro, por derivar da mistura de preto e
branco em diferentes tonalidades claro–escuro. As tonalidades de marrom (que vão do

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marrom ultra escuro ao bege mais claro) também são consideradas neutras, pois nada
mais são do que cinzas com pitadas de cores primárias. Os marrons são neutros muito
versáteis, mas já possuem certa característica de temperatura em decorrência desta
mistura, que não é 100% neutra.
Contraste é a relação entre cores que, quando combinadas, ressaltam ou
amenizam as diferenças entre elas, dependendo da combinação. As Figuras 2e e 2f
demonstram alguns tipos de contraste.

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Harmonia são formas diferentes de combinar as cores do círculo cromático.
Cada uma das combinações passa uma sensação diferente em relação à sua percepção,
como descrito a seguir:
• Harmonia monocromática: são variações de força e luminosidade da cor,
dentro de seu próprio tom. Revela médio a baixo contraste (Figura 3a).
• Harmonia análoga: combinações de uma cor primária e duas outras vizinhas
no círculo cromático. Revela baixo a médio contraste (Figura 3b).
• Harmonia complementar: combinações de duas cores complementares entre si,
normalmente quente e fria. São as que estão localizadas em oposição no círculo
cromático. Revela alto contraste (Figura 3c).
• Harmonia triádica: combinações formadas por três cores equidistantes no
círculo cromático. Causa bastante impacto e revela alto contraste (Figura 3d).
• Harmonia tetrádica: combinação de dois pares de cores complementares —
uma combinação muito rica e não fácil de aplicar, uma vez que pode causar peso visual,
dependendo de como for apresentada. Revela alto contraste (Figura 3e).

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Cromologia: um estudo sobre a percepção psíquica da cor

Também chamada de psicologia da cor, cromologia é a ciência que estuda as


reações humanas diante das cores, ou seja, trata da cor em um nível psíquico, em
relação às emoções e aos comportamentos que elas desencadeiam em nós.
Johann Wolfgang Goethe concluiu com suas pesquisas que a cor vai além de um
fenômeno físico, sendo também um fenômeno fisiológico e psíquico. Goethe define cor
como ―uma informação visual, causada por um estímulo físico, percebida pelos olhos e
decodificada pelo cérebro‖ (GOETHE, 2013).
A cor é um meio para exercer uma influência direta sobre a alma. A cor é a tecla,
o olho, o martelo, e a alma, o instrumento das mil cordas. O artista é a mão que, ao tocar
nesta ou naquela tecla, obtém da alma a vibração justa. A alma humana, tocada no seu
ponto mais sensível, responde (KANDINSKY, 2015).

Arquétipo de cores

Assim como acontece com as linhas e formas, as cores são também consideradas
símbolos arquétipos reconhecidos universalmente e que agem no inconsciente coletivo
por meio da linguagem visual, comunicando uma ideia, conceito ou sensação, com
poderes de estimular, acalmar, atrair e trazer à tona emoções e comportamentos de
acordo com sua tonalidade e energia (HALLAWELL, 2010a; AGUIAR, 2006). Veja, a
seguir, o significado das cores segundo seus arquétipos, de acordo com Bartlett (2000),
Aguiar (2006) e Hallawell (2010a). Observe também a Figura 4.
Vermelho: ligada ao calor e à energia do sangue e do coração, esta cor
representa a paixão, o desejo, a excitação, e tem o poder, inclusive, de mexer com o
ritmo cardíaco e a frequência respiratória das pessoas. Embora muito estimulante, é uma
cor que pode aguçar a raiva, a impaciência e a agressividade.
Cor de laranja: a cor que dá nome à fruta (ou seria o contrário?) está ligada aos
sentimentos de energia, vitalidade, entusiasmo e criatividade. É quente como o
vermelho, mas possui um frescor que a diferencia. Por outro lado, é uma cor que,
devido à sua própria característica, pode provocar ansiedade, aumentar o apetite e deixar
as pessoas agitadas.
Amarelo: uma cor muito quente, energética e alegre, imprime otimismo e bom
humor. O amarelo tem o poder de nos fazer sentir positivos. No entanto, para algumas

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pessoas, pode revelar sensações de inquietação, estresse e nervosismo.
Verde: uma cor fria, ligada à cor predominante na natureza, e que revela o
mesmo frescor, equilíbrio, vivacidade e saúde. Está ligada à juventude, remetendo à
primeira fase do amadurecimento dos frutos. Pode revelar imaturidade e ciúmes
excessivo.
Azul: relacionada ao céu e à água, o azul é uma cor fria relacionada ao racional,
ao progresso, à tranquilidade e à inteligência. Tem o poder de transmitir sensações de
calma, suavidade, integridade e respeito. Algumas vezes, pode evidenciar características
de ingenuidade e medo.
Violeta: essa cor fria está ligada a mistério, intuição, espiritualidade e ajuda na
concentração. É um tom introspectivo que estimula o pensamento e a estabilidade. Além
disso, é considerada uma cor nobre e rara, por questões históricas (o roxo era um tom
muito difícil de ser aplicado em roupas, e isso o tornava valioso). Pode transmitir
sensações de penitência e culpa.
Cor-de-rosa: um tom frio com diversas variações, mas, basicamente, sugere
romantismo, doçura, feminilidade, delicadeza, inocência e ternura. Faz-nos pensar
positivamente e nos leva de volta à infância. Simboliza o amor romântico, ao passo que
o vermelho simboliza o amor carnal. Pode ser ingênuo, lúdico e inocente demais.
Preto: o preto é um neutro luxuoso e ao mesmo tempo depressivo. É uma cor
ligada ao masculino e demonstra poder, mistério, dominação, dignidade, elegância,
formalidade. Pode ser excessivamente dramática. Revela autoridade.
Branco: uma cor neutra, feminina, pura, que estimula a autoestima, o êxito, a
esperança, a clareza. É a cor da integridade e inspira renovação, mas pode acentuar
sentimentos de solidão.
Cinza: é a cor neutra do respeito e da maturidade. Ajuda-nos a encontrar o
equilíbrio, é repousante, intelectual, eficiente e conservadora. Pode ser considerada uma
cor indiferente ou triste.
Marrom: está ligado à terra, e, assim como ela, é seguro, confortável, humilde,
resistente. Passa uma sensação de simplicidade, qualidade e seriedade. Pode ser formal
demais e envelhecer a aparência.

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Cor e personalidade

As cores, por revelarem emoções, estão absolutamente ligadas à personalidade,


portanto, podem complementar os conhecimentos da teoria dos quatro temperamentos e
suas características particulares (HALLAWELL, 2010b).
Sanguíneos: características positivas do temperamento: leveza, alegria,
comunicabilidade, extroversão. Características negativas do temperamento: distração,
persuasão, inconveniência. Cor que representa o temperamento: amarelos (energético).
Cor que equilibra o temperamento: roxos (estabilidade) (ver Figura 5a).
Coléricos: características positivas do temperamento: força, determinação,
sensualidade, poder. características negativas do temperamento: autoritarismo,
explosividade, impaciência. Cor que representa o temperamento: vermelho
(estimulante). Cor que equilibra o temperamento: verde-musgo (estabilidade/
refrescante) (ver Figura 5b).
Melancólicos artísticos: características positivas do temperamento: detalhista,
romântico, sensível. Características negativas do temperamento: perfeccionismo,
introversão, altruísmo. Cor que representa o temperamento: azul-claro (calma). Cor que
equilibra o temperamento: fúcsia (coragem). Melancólicos científicos: características
positivas do temperamento: confiança, segurança, coerência. Características negativas
do temperamento: controle, introspecção, arrogância. Cor que representa o
temperamento: azul- -escuro (confiança). Cor que equilibra o temperamento: rosados
(ternura) (ver Figura 5c).
Fleumáticos: características positivas do temperamento: dedicado, pacífico,
realizador. Características negativas do temperamento: imóvel, desleixado, distante. Cor
que representa o temperamento: roxos (equilibrado). Cor que equilibra o temperamento:
amarelos (energético) (ver Figura 5d).

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Fundamentos de luz e sombra

A luz e a sombra são elementos complementares e fundamentais da linguagem


visual. O preto é a ausência de luz, ou seja, o que se vê é sombra. O branco é a união de
todas as cores e é considerado pura luz. São ambiguidades absolutamente

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complementares, assim como Yin-Yang, o símbolo do equilíbrio, da reciprocidade, da
interdependência. Embora opostas, constituem uma relação agradável, e não de
rivalidade. É como um abraço recíproco, em que uma coisa contém a outra, sem
prejuízo a nenhuma parte (Figura 6).

Basicamente, a luz é utilizada para destacar um elemento, ampliá-lo, evidenciá-


lo, ao passo que a sombra é usada para afastar, afundar ou diminuir sua percepção. A
partir do momento que se deseja criar uma imagem como algo tridimensional, ou seja,
com volume, automaticamente se torna necessário o estudo da luz e da sombra para a
composição de um desenho ou a criação de um design. Diferentemente das linhas e
formas abstratas, compostas somente com linhas unidimensionais, o objeto desenhado
com volume é muito mais realista. Quando olhamos para um objeto, o que vemos é a
luz refletida em sua face, e, quando falamos de um objeto em três dimensões,
entendemos que ele projetará uma sombra, posicionada de acordo com o ângulo que a
luz o atinge. Quanto mais escura a sombra, menos luz está atingindo aquele espaço
(HALLAWELL, 2010b). Ou seja, quando um foco luminoso alcançar um objeto real,
apresentar-se-ão uma zona iluminada e uma zona sombreada, que é a projeção da
sombra do próprio objeto, tanto nele mesmo quanto no ambiente que o cerca. O
tamanho da sombra e a sua intensidade dependem da intensidade e do posicionamento
da luz que incide nele (Figura 7) (HALLAWELL, 2017).

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Linguagem visual sobre volumes e texturas

Volume
Luz e sombra são os elementos básicos para produzir o efeito de volume e
realidade em um desenho ou criação. É o contraste dos requisitos de luz e sombra que
cria a ilusão de volume e, então, as sensações de aumentar, diminuir, aproximar, afastar,
afinar, engrossar, etc., além de tornarem as criações mais realísticas e equilibradas.
Tudo o que tem luz se destaca, se aproxima, ao passo que tudo o que está na
sombra se afasta, se apaga. Na construção de volume, é assim também que ocorre. Esta
técnica do jogo ―claro–escuro‖ foi denominada chiaroscuro por Leonardo da Vinci, no
século XV, e se define pela construção do pinturas utilizando o contraste entre luz e
sombra. Também chamada de perspectiva tonal, exige técnica, conhecimento e
experiencia na aplicação dos fundamentos de luz e sombra, sendo utilizada por artistas,
desenhistas, arquitetos, maquiadores, cabeleireiros, etc. A Figura 9 traz exemplos de uso
das técnicas aqui descritas.

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Textura

O requisito textura confere uma sensação visual e tátil de ritmo e densidade,


criando a sensação de aspereza, maciez, dinamismo, frieza, etc. Composta de pontos,
linhas, formas, padrões, curvas, cores e técnicas de luz e sombra, as texturas resultam
em ilusão de movimento e ritmo ao conjunto tridimensional, de uma forma visual e
cinestésica. Além de relacionada com a linguagem visual, a textura tem também um
aspecto tátil, podendo passar uma sensação de toque, mesmo sem serem tocadas,
somente vistas.
No design, a textura é muito importante e precisa ser considerada para reforçar
uma ideia, sendo o conjunto de elementos que indica o grau de polidez do objeto, a
composição química, o nível de rigidez, o estado físico, a direção e intensidade do
movimento e sua percepção tátil, e se parece fofo, áspero, fluido, rígido. Promove uma
experiência sensorial e ativa nossa memória tátil, trazendo sensações e vivacidade ao
objeto ou à imagem. Algumas vezes, no entanto, a textura não traz sensações táteis, e
sim ópticas, mas em todos os casos, as texturas nos passam a vibração, visual ou tátil,
de determinado material ou composição artística (LAMP, c2019).
As texturas, devido à sua própria característica visual e tátil, também podem ser
estratégias para a criação de volume, ou seja, ampliando ou reduzindo a ilusão de
aumentar, diminuir, afinar ou expandir as proporções de um objeto ou de uma pessoa
que veste uma roupa.

Conceito e princípios da colorimetria capilar

Tem sido muito grande a procura por tratamentos na área da estética. Os clientes
buscam técnicas e tratamentos para mudar a cor dos cabelos, melhorando contraste,
reflexos e tons de acordo com as características pessoais e a moda. Muitos profissionais
apostam no uso da colorimetria para garantir tratamentos mais eficazes. Trata-se de uma
ciência que estuda as cores e suas combinações; entretanto, para que possa ser
empregada corretamente, precisa levar em consideração os diferentes tipos de cabelo e
os danos que podem ocorrer na haste capilar.
O futuro profissional da área de estética aplicada à área capilar terá, neste
capítulo, uma introdução aos princípios da ciência da colorimetria, entenderá sua
aplicação, conhecerá os diferentes tipos de cabelo e verá também os principais agentes

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lesivos da haste capilar, podendo orientar e prevenir danos através de alguns cuidados
diários.

Colorimetria capilar

Origem da cor do cabelo

A coloração natural do cabelo se deve a particularidades nos pigmentos que se


encontram dentro da fibra capilar, que ao absorverem raios luminosos, são responsáveis
pelas variações de cores dos cabelos. Esses pigmentos são derivados de uma substância
chamada melanina. São produzidos por células chamadas de melanócitos, que se
encontram dentro do bulbo do cabelo e que através de processos químicos naturais
desencadeiam a formação de dois tipos distintos de melanina: a eumelanina e a
feomelanina. Os pigmentos de melanina encontram-se em formato de grânulos e em
diferentes concentrações, de acordo com a cor do cabelo. A presença de maior
quantidade de eumelanina gera a formação de cabelos nas cores marrom para preto e a
maior quantidade de feomelanina gera a formação de cabelos nas cores amarelo a
avermelhado.
Além do tipo de pigmento encontrado, a cor do cabelo será definida por outras
variáveis, como: espessura, quantidade de pigmento e a razão entre a quantidade de
feomelanina e eumelanina. Sobre a quantidade de grânulos, cabelos mais escuros
possuem um maior número de grânulos de melanina, enquanto cabelos claros contêm
poucos grânulos de melanina.
A cor do cabelo ainda é influenciada por fatores genéticos e fisiológicos, que
determinarão que tipo de melanina será mais encontrada, variando também com a idade,
uma vez que à medida que envelhecemos, a concentração de pigmentos se reduz de
modo a causar a despigmentação dos cabelos e os surgimento de cabelos brancos.
Algumas disfunções capilares podem gerar também o aparecimento precoce dos cabelos
brancos.
Inúmeras pessoas buscam tratamentos artificiais para corrigir os cabelos brancos
ou até mesmo mudar a cor natural, de acordo com tendências estéticas e com as
preferências pessoais, uma vez que a coloração dos cabelos desempenha um papel
importante na autoestima. Diante disso, a colorimetria é uma ciência que trata
especificamente desses tratamentos, que envolvem basicamente a coloração artificial

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dos fios e que busca garantir a qualidade, satisfação e segurança (COLORDESIGN,
c2002; TERRIBILE, 2013).

Definição e conceitos em colorimetria capilar

A colorimetria é a ciência que estuda as características da cor da haste capilar


aplicadas na área da estética. É conhecida desde a antiguidade, quando as primeiras
colorações foram utilizadas pelos egípcios, que foram os precursores dessa ciência. O
primeiro corante sintético utilizado para colorir os cabelos foi utilizado em 1883, a
partir daí houve um intenso desenvolvimento da ciência, o que possibilitou a criação de
colorações cada vez mais efetivas e seguras (HALAL, 2011).
Sabe-se que o termo cor trata de uma definição subjetiva, uma vez que a cor é
uma informação visual e depende da presença de luz, que resulta num estímulo físico
percebido pelos olhos e interpretado pelo cérebro. Inicialmente, nossos olhos recebem
uma energia em forma de onda eletromagnética de diferentes comprimentos, capazes de
excitar o sistema visual e neurológico. Para tanto, o olho humano capta apenas parte dos
feixes de ondas eletromagnéticas, chamada de faixa visível, através de células
especializadas chamadas de bastonetes e cones, que após serem captadas pelo olho
humano, enviam o sinal ao cérebro onde ocorre o processamento da formação da cor.
Considerando que o olho capta apenas as cores da faixa visível, a imensa variedade de
cores que vemos é resultante da interpretação que nosso cérebro produz após o
recebimento de combinações de diferentes comprimentos de onda de três cores
primárias, a partir dessas três cores, formam-se cores secundárias, terciárias e inúmeras
combinações.
As cores e a relação entre elas constituem a base de estudo da colorimetria
capilar. Através de suas leis, surge em uma variedade ilimitada de novas cores. Nesse
sentido, as colorações químicas alteram a estrutura do cabelo de forma que ele absorva
algumas ondas e reflita outras, assim, a cor do cabelo após a coloração é exatamente a
cor do comprimento de onda de luz disponível e da luz que é absorvida por ele.
Qualquer mudança realizada a fim de alterar a luz disponível, alterará a cor que vemos
no cabelo.
Baseando-se nesse entendimento, as cores podem ser classificadas em primárias,
secundárias, terciárias e complementares. As cores primárias são cores puras e não
podem ser produzidas por qualquer mistura. São a origem de todas as colorações, dos

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tons mais claros aos mais escuros, sendo sempre produzidas a partir das cores primárias:
azul, vermelho e amarelo em diferentes concentrações. Recebem esta denominação
porque ao se misturar cada uma delas entre si, criam-se cores e ao dilui-las obtêm-se as
mesmas cores iniciais. A partir da mistura de duas cores primarias se originam cores
secundárias.
As cores secundárias são resultado da mistura de duas cores primárias em
quantidades iguais. As cores secundárias são: magenta, amarelo e ciano — também
chamadas de roxo, laranja e verde (Figura 1). As cores terciárias são as demais cores
produzidas que não se encaixam em primárias ou secundárias. Sua origem se dá pela
mistura de uma cor secundária e uma primária, em proporções iguais, formando as
cores: vermelho-violeta, violeta-azul, verde-azulado, verde-amarelado, laranja-
amarelado, e laranja-avermelhado. Além disso, pode-se criar uma cor terciária
misturando-se duas primárias em proporções diferentes ou misturando as três primárias
de modo a criar a cor marrom, por exemplo (Figura 2).
Além da definição de cores primárias, secundárias e terciárias, existe a definição
de cores complementares, que se referem à interação e combinação dessas cores e pode
ser representada por uma imagem, chamada de círculo cromático ou estrela de Oswald,
que serve basicamente como um gráfico para auxiliar o profissional da colorimetria
(Figura 3). As cores complementares referem-se às cores primárias e secundárias que se
encontram dispostas opostamente no círculo cromático, formando um par. Os pares de
cores complementares são formados por uma cor primária e uma cor secundaria. Por
exemplo: os pares complementares são o verde e o vermelho, o laranja e o azul, e
amarelo e violeta. Possuem relevância na colorimetria, pois quando misturadas
neutralizam uma à outra, o azul, por exemplo, é utilizado para neutralizar a cor laranja
ou podem também potencializar uma cor desejada.

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É desse raciocínio das cores complementares que se busca um equilíbrio nos
tratamentos de coloração, através da neutralização de uma cor indesejada, ou seja, a
busca por equilibrar e uniformizar a cor por meio das cores primárias. Além disso, os
pigmentos utilizados nas colorações podem ser classificados em acromáticos ou
cromáticos. Os acromáticos, que não possuem cor, referem- -se à mistura do preto e do
branco em diferentes concentrações, que resulta nos pigmentos preto, branco e cinza.
Enquanto que os pigmentos cromáticos podem ser de cores primárias, secundárias ou
terciárias.
A cor ou pigmento ainda possui dois componentes importantes na área da
colorimetria, e referem-se ao nível ou saturação e à tonalidade ou nuance. O nível, ou
saturação, também é chamado de altura de tom e a tonalidade ou nuance também é
chamada de reflexos da cor. O nível/saturação ou altura de tom é a concentração de cor,
informando a intensidade e quantidade de cor existente. Esses termos indicam o quanto
uma cor é clara ou escura. Nesse aspecto, quando o uso de proporções iguais e puras de
cores primárias tem como resultado tons de cinza, preto ou branco, o branco é a
ausência de cor e preto e cinza se diferenciam pela concentração de pigmento.
Entretanto, esse sistema não é tão simples, uma vez que em alguns dos métodos
de coloração utilizados na área capilar, mesmo dentro as leis de colorimetria, a
formação da cor não ocorre apenas pela mistura de pigmentos, mas também por um
processo químico chamado de oxidação. Dessa maneira, misturar cores é muito mais
simples do que controlar reações químicas de oxidação, que se darão pela mistura de

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pigmentos e agentes intermediários. Na prática clínica da colorimetria capilar, a cor
marrom representa a cor de equilíbrio das colorações, por isso, os tons de marrom são
chamados de fundamentais ou cores bases e se formam a partir da mistura das três cores
primárias em diferentes concentrações e determinando os vários tons existentes,
chamados de altura de tom.
Para graduar a altura de tom, é utilizado um esquema numérico de 1 a 10, sendo
que o preto refere-se a maior concentração de pigmento, recebendo o número 1 e o
branco refere-se ao número 10, que é a cor sem pigmento, a mais clara de todas,
enquanto que do 2 ao 9 tem-se as mais variadas graduações de cinza (Figura 4).

Além disso, a altura de tom traz uma outra definição importante para a prática
clínica da colorimetria, que é o fundo de clareamento. Foi visto que a cor do cabelo é
formada, naturalmente, pela combinação dos tipos de melanina.
Quando o cabelo é exposto a um processo de descoloração, com finalidade de
clareá-lo, as concentrações de melanina são reduzidas, o que resulta na alteração da cor
dos cabelos, obtendo-se uma coloração mais fraca que a natural. À medida que o cabelo
é descolorido, outras cores vão surgindo, o que é chamado de fundo de clareamento.
Para compreender melhor, observe o Quadro 1 e compare com a Figura 5.

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A variação do fundo de clareamento será sempre de tonalidades vermelhas, no
caso de alturas de tons baixas, ou seja, mais escuras, enquanto que as alturas de tons de
louros terão como fundo de clareamento cores na altura de amarelo. Por exemplo, em
um cabelo preto com altura de tom número 1, à medida em que vai sendo clareado surge
o vermelho, podendo apresentar várias tonalidades durante o processo. O amarelo
aparece e também apresenta algumas tonalidades no processo de clareamento dos fios
louros. São justamente essas cores ―de fundo‖, que o cabelo apresenta, que são
chamadas de fundo de clareamento.
A tonalidade, também chamada de nuance ou reflexo da cor, refere-se a um
pequeno desequilíbrio nas cores, e recebe a denominação de reflexos primários,
secundários, podendo ser suaves, intensos ou profundos. Nesse caso, estes termos
informam a quantidade de cores existentes na haste capilar. Por exemplo: o cabelo de
cor castanho ou louro pode ser formado por variações do amarelo, vermelho e azul,
conforme o objetivo desejado. Todas as cores naturais se formam do balanço de cores,
variando apenas o nível de cor.
Vale lembrar que esses reflexos não modificam a cor do cabelo, mas sim a altura
de tom do mesmo. Por ser uma matriz muito fraca, ela não chega a ter profundidade na
cor. São utilizadas com intuito de causar mais brilho, intensidade e ser um diferencial
das alturas de tons. Como visto anteriormente, a altura de tom de um cabelo é definida
por numerações. Os reflexos podem ainda ter predominância de cores, nesse caso a
predominância quente inclui a formação de reflexos nas cores amarelo, laranja ou
vermelho, e a predominância fria, inclui reflexos nas cores: azul, verde ou roxo
(COLORDESIGN, c2002).

Sistema internacional de nomenclatura de colorações

Existe um sistema internacional através de números com o objetivo principal de


universalizar a leitura das colorações. Um exemplo de código de cor é mostrado na
imagem a seguir (Figura 6).
Nesse sistema, a partir da leitura do número você define a altura de tom e o
reflexo primário e secundário. O primeiro número antes da vírgula, refere-se à altura de
tom. O primeiro número após a vírgula, refere-se ao reflexo primário. O segundo
número após a vírgula representa o reflexo secundário. Nesse caso o 4 representa a
altura de tom que é o castanho-médio, o número 6 representa o reflexo primário que é o

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vermelho e o número 5 representa o reflexo secundário que é o mogno. Para tanto, a
leitura dessa numeração é feita da seguinte forma: castanho-médio, vermelho-mogno.
Vale lembrar que se pode ter apenas um reflexo, nesse caso terá apenas o número
antecedendo a vírgula e, após, um número que representará o reflexo principal.

Ação dos pigmentos na haste capilar

Quanto às ações dos pigmentos na haste capilar, elas irão agir inicialmente na
cutícula e algumas atuarão na camada intermediária da haste capilar chamada de córtex.
Algumas moléculas de pigmentos existentes nos colorantes conseguem atravessar a
cutícula do cabelo e difundir-se através do córtex, gerando efeitos de coloração mais
duradouros, enquanto outras permanecem na camada mais externa das cutículas, tendo
efeitos a curto prazo. A imagem a seguir (Figura 7) mostra a cutícula, que é a camada
mais externa da haste capilar, seguida pelo córtex e medula.

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As colorações existentes são classificadas conforme o objetivo de tratamento e o
tempo de duração na haste capilar, podendo ser permanentes, semipermanentes ou de
tom sobre tom. As colorações de tom sobre tom apenas acentuam os reflexos naturais,
sem alterar a cor do cabelo (GOMES, 2018).
Diante dessas informações, é essencial que o profissional da área capilar entenda
os princípios de colorimetria antes da realização de qualquer tratamento, uma vez que
envolve uma série de conhecimentos prévios.

Tipos de cabelo

Assim como é importante conhecer os princípios da colorimetria, faz-se


necessário conhecer os mais diferentes tipos de cabelo, uma vez que cada um responde
aos tratamentos de colorimetria de maneiras distintas. Existem várias classificações
acerca dos tipos de cabelo e elas envolvem diferentes características, como formato,
porosidade, diâmetro, elasticidade, grau de oleosidade e hidratação, dentre outras.

Quanto ao formato

O formato é uma característica natural dos fios e se refere às diferentes


elipticidades do fio. A diferença dos fios se dá pelos formatos dos bulbos capilares e
pelas inclinações destes na superfície cutânea, características que sofrem influências

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étnicas. Quanto à forma, o cabelo pode ser: liso, encaracolado, ondulado ou em espiral.
O cabelo liso é também chamado de mongol ou oriental. Possui forma reta,
nenhuma onda é evidenciada na haste capilar. O modo como o folículo está implantado
faz com que o cabelo cresça reto e perpendicular ao coro cabeludo. Possui uma taxa de
crescimento média de 1,3 cm/mês. Representado na Figura 8 pelo número 1.
O cabelo ondulado é também chamado de caucasiano. Há sempre a formação de
―S‖ quando está curto e uma série de ondas quando é de comprimento longo. Seu
crescimento se dá num ângulo oblíquo ao couro cabeludo e é levemente curvado e com
uma taxa de crescimento de 1,2 cm/mês. Conforme a Figura 8, o cabelo 2a é um cabelo
ondulado que não tem muito volume, a raiz é mais oleosa, porém o comprimento possui
uma oleosidade adequada. O fio é fino e possui um formato de ―S‖, mas bem alongado.
Por já possuir uma ondulação natural, é mais fácil de modelar. No cabelo 2b é mais
evidente a tendência a ter frizz e a modelagem fica um pouco mais comprometida, pois
o ―S‖ já é mais definido, assim o cabelo tem basicamente uma ―memória‖ da sua
curvatura original. No 2c a forma de ―S‖ ―começa a apresentar alguns cachos espaçados
ao longo do cabelo. A formação dos cachos faz com que os fios já não fiquem mais tão
grudados na cabeça, resultando em um cabelo com mais volume e movimento.
No cabelo encaracolado há presença de ondas e assume um formato semelhante
a um ―C‖ quando o comprimento é curto e um formato semelhante a ―S‖ quando possui
comprimento mais longo. Representado na Figura 8 pelo número 3. Esse tipo de cabelo
ainda apresenta uma subdivisão, de 3a, 3b e 3c. O primeiro deles, o 3a, possui raiz mais
lisa, porém, logo na sequência, os cachos já começam a aparecer. Normalmente, são
bem grandes e largos. O tipo 3b possui cachos desde a raiz, com textura áspera, não tão
sedosa quanto os fios 3a. O fio é mais encorpado e forma cachos mais fechados, alguns
formam até ―molinhas‖. E o tipo 3b apresenta cachos muito fechados desde a raiz. Por
estar se aproximando do cabelo espiral, já possui um nível de ressecamento maior do
que as subcategorias anteriores, principalmente nas pontas.
No cabelo espiral, também chamado de crespo, afro-americano ou étnico, a haste
capilar se apresenta como uma onda contínua que, tal como o nome, assume uma forma
em espiral desde o momento de saída da haste do couro cabeludo. Pode ocorrer a
formação de ondas da largura de um anel. Como o cabelo cresce quase paralelo ao coro
cabeludo, ele cresce enrolado nele mesmo e tem uma taxa de crescimento média de 0,9
cm/mês. São representados na Figura 8 pelo número 4. O tipo 4a se caracteriza por
possuir cachos bem estruturados, independente se estão molhados ou secos. O tipo 4b

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possui muito volume e é conhecido como cabelo black power, são mais frágeis e
merecem muitos cuidados. Já o cabelo 4c, caracteriza-se por alternar entre mechas que
seguem o padrão zigue-zague e fios que não possuem nenhuma definição. Pela
curvatura estar ainda mais junta, os cabelos 4c sofrem com o fator encolhimento e
ressecamento, e por sua estrutura, podem ser muito difíceis de cuidar (BIOQUÍMICA
da beleza, 2005; FERREIRA, 2018; TERRIBILE, 2013).

As diferenças nos formatos dos cabelos afetam diretamente as características dos


fios como a resistência, oleosidade, fragilidade, influenciando também na reatividade a
agentes químicos. As colorações, alisamentos e outros procedimentos químicos, devem
ser indicados considerando a forma, uma vez que alguns cabelos apresentarão maior
fragilidade quando comparados a outros.

Quanto à porosidade
A porosidade é a capacidade da haste capilar de absorver água. Essa
característica da haste capilar é determinada pelas condições da cutícula do cabelo, que
é a parte mais externa da haste capilar. Nos cabelos com porosidade normal, a cutícula é
compacta e impede de maneira semipermeável a penetração de umidade dentro do
cabelo, seja para entrar no cabelo ou para sair. Nos cabelos com porosidade baixa, a
cutícula é muito compacta e impede esta penetração. Nesse caso, a haste capilar é de
difícil tratamento com coloração, uma vez que dificulta a penetração. Esse tipo de
cabelo pouco poroso necessita de tratamentos prévios à coloração para melhorar sua

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porosidade, assim como os cabelos com alta porosidade, pois são cabelos com a cutícula
muito aberta e, portanto, absorvem e perdem muita umidade, tornando-se facilmente
desidratados e frágeis.

Quanto ao diâmetro
Essa classificação define os cabelos em grossos, médios ou finos, de acordo com
a circunferência da haste capilar. Cabelos grossos possuem maior circunferência, sendo
mais fortes. Na colorimetria, é este tipo de cabelo que resiste mais às colorações quando
comparado aos demais. Cabelos médios possuem uma circunferência média em
diâmetro e normalmente não apresentam problemas nos tratamentos capilares. Enquanto
que os cabelos finos são os que possuem menor circunferência. Tem como característica
a maior possibilidade de dano por tratamentos químicos, pois perdem densidade muito
fácil. Nas colorações, são os que respondem mais rapidamente aos tratamentos, uma vez
que são mais finos e mais fáceis de modelar.

Quanto à elasticidade
A elasticidade é a capacidade que a haste capilar possui de ser distendida e
voltar ao seu comprimento normal sem lesões em sua estrutura. Nas condições normais
de um cabelo saudável, ele é elástico. Os cabelos de baixa elasticidade, ao serem
distendidos, quebram facilmente e é difícil realizar tratamentos químicos. O cabelo de
alta elasticidade apresenta um efeito chamado chicletes, pois ao distender o fio ele
retorna muito facilmente, o que é um sinal de alerta, pois pode estar relacionado ao
excesso de porosidade do fio. A elasticidade em excesso pode ocorrer após alguns
tratamentos químicos de descoloração.

Quanto ao grau de oleosidade e hidratação


O grau de oleosidade e hidratação do cabelo é decorrente da atividade das
glândulas sebáceas e sudoríparas da pele do couro cabeludo. De acordo com a função
desempenhada pelas glândulas, o cabelo pode ser classificado em: normal, seco, oleoso
ou misto. Os cabelos normais possuem um equilíbrio na quantidade de substâncias
produzidas, enquanto que os cabelos oleosos se caracterizam por uma hiperfunção
dessas glândulas e cabelos secos por uma redução na função. Os cabelos mistos

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associam caraterísticas de cabelos oleosos na raiz e secos nas pontas (FERREIRA,
2018; O ASPECTO dos cabelos, 2018).

Percebe-se que a haste capilar se apresenta com diferentes classificações e


características, sendo que alguns tipos de cabelo são mais sensíveis enquanto outros são
mais resistentes aos tratamentos de coloração. Conhecer os tipos de cabelo antes da
realização de tratamentos de colorimetria é essencial para realizar um tratamento
individualizado e que atenda às reais necessidades do cliente, respeitando as
características naturais do mesmo.

Danos da colorimetria e cuidados


A haste capilar é formada por três camadas distintas, com funções especificas.
A camada mais externa é chamada de cutícula e é formada por células sobrepostas,
dando a aparência de escamas à haste capilar. Possui como função regular a entrada e
saída de água da haste, de modo a manter um equilíbrio hídrico. A camada intermediária
é o córtex, que possui como função primordial abrigar os grânulos de melanina que são
responsáveis pela coloração dos fios, assim como é responsável pelas funções
mecânicas de cada fio de cabelo, como a elasticidade, permeabilidade, resistência e
também fotoproteção. A camada mais interna, chamada de medula, possui alto teor de
lipídios e há relatos de que as células dessa camada podem sofrer desidratação e seus
espaços serem preenchidos por ar, de modo que afete o brilho e a cor do cabelo. Em
uma haste capilar saudável, o córtex é inatingível, pois está totalmente isolado do meio
externo pelas camadas de células da cutícula. São essas camadas, formadas por células
especializadas, que garantem ao cabelo condições favoráveis ao desempenho de suas
funções (SANTOS, 2017).

Inicialmente, os agentes lesivos, que podem ser químicos, físicos ou térmicos,


causam agressões na camada externa da haste capilar, danificando a cutícula, alterando
a efetividade das mesmas na função de proteção, tornando assim as camadas mais
internas (córtex e medula) mais facilmente expostas aos danos. Os danos na cutícula
geram como consequência o aumento da fragilidade capilar.

Basicamente, tratamentos de origem química, mesmo que bem indicados e


realizados com segurança, geram alterações na estrutura da haste capilar, em suas

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características, e predispondo ao aparecimento de danos e disfunções. A aplicação de
produtos químicos nos cabelos pode ser realizada com o objetivo de colorir os cabelos,
mas para gerar os efeitos esperados os agentes químicos precisam chegar ao córtex e
gerar reações químicas, para tanto fazem a abertura das cutículas e expõem córtex e
medula. A abertura das cutículas gera maior fragilidade local, tornando a haste ainda
mais suscetível a agentes externos, como umidade, poluição, calor etc. Essa exposição
tende a tornar o cabelo cada vez mais poroso e frágil.

Além dos tratamentos químicos de coloração, os cabelos estão expostos a


agentes químicos diariamente, através do uso de cosméticos capilares, que quando não
bem indicados, podem tornar-se vilões para os cabelos. A escolha e uso correto dos
produtos cosméticos capilares tendem a reduzir danos e também prevenir os mesmos. A
escolha de produtos específicos para tratamentos capilares é o primeiro passo, uma vez
que as características do couro cabeludo e da haste capilar se diferenciam de outras
regiões do corpo humano, principalmente referente ao pH. Portanto, é importante
selecionar produtos cosméticos capilares com pH neutro, pois produtos muito ácidos
contraem e endurecem o cabelo, enquanto produtos alcalinos dilatam e amaciam. Dessa
maneira, os produtos escolhidos devem considerar o pH natural do cabelo, em torno de
5, para evitar muitos danos (LOPES et al., 2018).

Na escolha de xampus, que por possuem função tensoativa acabam causando


ressecamento dos fios por alterarem as cutículas, é necessário escolher os que tenham
um pH indicado para o cabelo, principalmente para cabelos coloridos, a fim de evitar a
descoloração precoce. Xampus que possuem silicone em sua formulação podem
amenizar os efeitos de ressecamento. Além disso, o ideal é utilizar cosméticos
condicionadores após a aplicação do xampu, pois estes amenizam os danos, uma vez
que são formulados à base de gorduras e de um detergente diferente dos usados nos
xampus. Os condicionadores fecham as cutículas, aumentando a capacidade dos fios de
refletirem a luz e, consequentemente, ficarem mais brilhantes. Além disso, o
condicionador altera as propriedades mecânicas do cabelo, deixando os fios mais
homogêneos em sua capacidade de resistir ao estiramento, tornando assim o cabelo
menos frágil.

Além dos danos químicos, cabelos quimicamente tratados com coloração estão
predispostos a agentes lesivos, uma vez que estão mais fragilizados. Dentre os agentes

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físicos causadores de danos, estão hábitos diários como lavar os cabelos, secar com a
toalha, pentear, passar as mãos, exposição à água do mar ou água tratada, vento,
poluição provocam um desgaste que vai se tornando perceptível à medida em que os
fios crescem. Esse desgaste físico causa um levantamento das cutículas e aumenta a
porosidade dos fios, tornando-os mais suscetíveis à desidratação e ao ressecamento,
surgindo sinais como frizz e aparência nitidamente danificada do fio. O fato de
friccionar os fios do cabelo exageradamente durante a lavagem ou na secagem com uso
de toalhas é prejudicial, pois a fricção causa aproximadamente 90% das lesões nas
cutículas (SANTOS, 2017).

O uso de cabelos presos por longos períodos de tempo também causa danos na
haste capilar, uma vez que a predispõem a quebras e podem levar à queda de cabelo
quando a tração é exagerada. Cabelos tratados com coloração apresentam como
resultado uma redução na elasticidade e hidratação, fazendo com que a tração quebre
mais facilmente os fios. Os traumas físicos citados anteriormente, inicialmente alteram a
camada de proteção, mas a longo prazo levam à ruptura e ao desprendimento dessa
camada da haste, causando disfunções capilares comuns como, por exemplo, as pontas
duplas.

Além disso, os cabelos tratados quimicamente com coloração devem evitar


danos adicionais de origem térmica, como a exposição ao calor do secador, chapinha e
radiação solar. O calor excessivo em contato com a cutícula rompe imediatamente a
camada de proteção, reduzindo a hidratação do cabelo, deixando mais facilmente
exposto o córtex e as camadas mais internas dos fios.

Cuidados com a haste capilar pós-coloração


Diante dos possíveis danos encontrados na haste capilar após tratamentos
químicos com a coloração, alguns cuidados podem amenizar ou retardar o aparecimento
de sinais de lesões, incluindo cuidados para evitar danos adicionais, como térmicos e
físicos. A seguir são descritos alguns cuidados. Lembre-se que cabelos tratados com
coloração possuem uma fragilidade aumentada e estão mais expostos a outros agentes
lesivos, portanto é importante considerar os cuidados para garantir uma coloração mais
efetiva, duradoura e saudável ao cabelo.

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Quanto ao uso de produtos químicos para coloração, é importante que o cliente
busque profissionais capacitados e que se faça utilização de produtos adequados e
seguros, visando fornecer ao cliente tratamentos de qualidade e segurança, que possam
causar o mínimo de danos à haste capilar.

Na lavagem dos cabelos, dê preferência à água morna, nem fria, nem quente,
pois previne lesões no couro cabeludo e também na haste capilar. Indica-se o uso de
água com temperatura um pouco menor que 25°C e mantendo o chuveiro a uma
distância adequada do couro cabeludo, pois a própria pressão da água pode causar
danos. A água muito quente, além desses danos, causa descoloração precoce nos fios
submetidos à coloração.

Utilize para a higiene dos fios xampus que possuam indicações específicas para
o cabelo colorido, aplicando na raiz do cabelo com movimentos de massagem. Após o
uso, utilize produtos cosméticos que amenizam os efeitos do xampu sobre os cabelos,
como o uso de desembaraçante, hidratante e redutor de volume, assim como cremes
capilares sem enxágue, pois ajudam a proteger os fios. Além de proteger os cabelos das
agressões externas, preservam as cutículas íntegras e formam um filme protetor que
simula as cutículas perdidas durante o tratamento de coloração.

Como os cabelos coloridos possuem uma tendência à desidratação, há de se


enfatizar o uso de hidratantes capilares, que aumentam o poder de retenção de água,
evitando o ressecamento. Para tanto, ele deve ser aplicado sobre os cabelos limpos e
levemente umedecidos, enfatizando a aplicação nas pontas, uma vez que esta região da
haste é a que mais possui lesões nas cutículas. Além do xampu, condicionadores,
cremes, existe no mercado uma variedade de produtos para proteger e tratar os fios,
como leave in, mousses, máscaras, destinados a cabelos pós-coloração e que devem ser
utilizados seguindo a orientação do profissional da área capilar.

No processo de secagem dos cabelos, é importante evitar friccionar os fios. A


secagem deve ser feita com toalha macia, mas sem exageros de fricção, apenas retirar o
excesso de água com a toalha e após utilizar-se do secador. Sobre o uso do secador,
recomenda-se manter a distância mínima de 30 centímetros da raiz dos cabelos, sempre
em movimento e em temperatura morna e a chapinha a cerca de um centímetro e meio
do couro cabeludo. Sobre o uso de modeladores e alisadores, é necessário fazer uso

42
moderado dessas técnicas. Para amenizar os efeitos do aquecimento provocados por
secadores, chapinhas e modeladores, deve-se fazer uso de cosméticos com proteção
térmica prévia à aplicação dessas técnicas.

Não exagere no número de vezes em que realiza a escovação capilar e dê


preferência ao uso de pentes e escovas de dentes largos. Quando necessário o uso de
penteados presos, evite excesso de tração e também a permanência do penteado por
períodos longos.

É importante evitar a exposição exagerada ao sol, devido aos efeitos nocivos


para a haste capilar. Na necessidade de expor-se ao sol, é necessário o uso de chapéus,
bonés e produtos cosméticos protetores da haste capilar.

Um último cuidado a ser citado na redução de danos à haste capilar, são os


cuidados referentes à alimentação, que quando balanceada, rica em vitaminas, nutrientes
e proteínas, é fundamental para garantir a integridade da fibra capilar, principalmente
em cabelos tratados quimicamente e que estão mais predispostos à perda de substâncias.
A ingestão adequada de aminoácidos e proteínas, como carnes, ovos e leite, estimulam o
crescimento e o fortalecimento dos fios, enquanto a ingestão de zinco, através das
nozes, frutos do mar, gérmen de trigo e levedo de cerveja, estimula o crescimento e
reduz a oleosidade. A ingestão de óleos funcionais, como o ômega-3 e o ômega-6,
ajudam na hidratação dos fios.

Adotar uma rotina diária de cuidados com o cabelo, que inclui uso de cosméticos
adequados a cabelos tratados com coloração, cuidados com lavagem, secagem e
escovação, assim como evitar a exposição solar e alimentar-se adequadamente, são
ações essenciais para amenizar os danos à haste capilar e garantir cabelos coloridos
artificialmente saudáveis e bonitos (CALEFFI; HELDMANN; MOSER, 2009; HALAL,
2011; PAGAN, 2016; PAULA, 2001).

Produtos e técnicas de transformação de cor: colorantes e clareadores


A tendência de modificação da cor dos cabelos nunca esteve em baixa no
mercado, e os profissionais da beleza, cada vez mais, são procurados com o intuito de

43
promover a coloração e descoloração dos fios, de uma forma que ofereça ao consumidor
menos riscos à saúde das fibras capilares e do couro cabeludo. O conhecimento técnico
e teórico do processo de modificação de cor e as reações químicas que acontecem nos
fios são de extrema importância para que haja a compreensão de como o procedimento
pode ou não ser efetivo.

Neste tópico, você estudará a importância da colorimetria e as suas reações no


processo de modificação da cor, compreendendo como os pigmentos naturais dos
cabelos influenciam nos resultados das colorações temporárias e permanentes. Você
entenderá o processo de oxidação de produtos clareadores, como ocorre a permeação de
novos pigmentos e os danos causados a essas fibras, tornando-se apto a identificar as
possíveis alterações causadas à estrutura capilar.

Colorimetria: processo de formação da cor das hastes capilares


A importância dos cabelos para as pessoas vai além de um ponto de vista social,
onde os indivíduos se encontram em determinado grupo social e cultural, não apenas
estética e afirmação de autoestima. Diante das inúmeras revoluções que a indústria
cosmética tem passado, sem sombra de dúvidas, a que sempre esteve em ascendência
foi de consumo de produtos responsáveis pela coloração e descoloração dos fios.
Mesmo com a instabilidade econômica dos últimos anos, observou-se que o Brasil é o
terceiro maior consumidor do mercado da beleza do mundo e estima-se que metade das
mulheres da população realiza procedimentos de coloração e descoloração dos fios —
esse número tem crescido entre os homens também (ROZÁRIO, 2017).

Diante de todas as características físicas que o corpo apresenta, o cabelo é uma


das poucas estruturas que podem sofrer alteração parcial ou total em sua morfologia,
muitas vezes, seguindo tendências de humor, moda, cultura e meio social. Uma das
funções das hastes capilares é de proteção contra os raios solares, e isso se dá em
virtude da melanina, responsável pela coloração natural dos fios.

A melanina presente nos fios é atribuída a fatores genéticos de cada indivíduo e


produzida por uma célula chamada melanócito, responsável pela pigmentação não só do
cabelo, mas, também, da pele e dos olhos. O pigmento presente na base do folículo
piloso é transferido para as células do córtex e da medula durante os estágios de

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formação das hastes — isso só não ocorre quando temos a presença dos cabelos
brancos, que são totalmente ausentes de pigmentos. Existem dois tipos de melanina, que
formam a cor dos cabelos, chamados de eumelanina, que confere os tons castanhos e
pretos, e feomelanina, que caracteriza os fios de tons avermelhados e loiros.

A espessura das hastes capilares, o tamanho dos grânulos de pigmento e a


proporção na combinação de eumelanina e feomelanina são fatores que determinam a
cor natural, e esse processo acontece por uma cadeia de hidroxilação e oxidação de um
dos 20 aminoácidos do nosso organismo, conhecido como tirosina — conforme
demonstrado na Figura 1. As tonalidades escuras, como castanhos e pretos,
normalmente encontradas nos fios negroides, são as mesmas dos cabelos castanhos de
indivíduos caucasianos, sendo que a diferença está na maior quantidade de grânulos de
pigmento (HALAL 2016). Quando cosméticos são utilizados para a alteração da cor, a
quantidade dos fios deve ser levada em consideração, pois fará diferença no resultado
final, facilitando ou dificultando o processo químico.

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Princípios de formação da cor
A ciência que realiza o estudo das cores chama-se colorimetria, a qual
desenvolve métodos de quantificação da cor e suas medidas, de maneira que sejam
levados em consideração fatores de transformação das cores cruas, seus reflexos e
efeitos de luz. Cada indivíduo tem uma percepção particular dos tons e subtons da cor
que vê, pois essa visão é causada por estímulos físicos que provocam sensações
cromáticas em virtude da emissão e reflexão da luz — também chamados de ―cor-luz‖ e
―cor-pigmento‖.

Newton foi o primeiro estudioso a desenvolver percepções de cores, seguido de


Johann Wolfgang Von Goethe (Figura 2), que propôs uma nova abordagem do
entendimento do estudo, trazendo conceitos de psicologia e fisiologia na aplicação do
cotidiano. Houve inúmeros estudiosos da teoria das cores, empíricas ou não, mas todos
analisavam comportamentos e suas formações básicas, como, em 1916, com o círculo
cromático de Oswald e o utilizado no sistema RYB. Em todos os casos, os estudos
serviram para simplificar e explicar a origem das cores e as suas atribuições (HALAL,
2016).

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O sistema RYB, que é utilizado pelo setor cosmético para desenvolver as
colorações e os neutralizantes, tem base em três cores que podemos chamar de
primárias, pois elas são puras e dão origem a todas as outras, que são o vermelho, o
amarelo e o azul. A mistura ou a superposição dessas cores, em partes iguais, cria
variações de marrom, conforme a quantidade de pigmento mais escuro ou mais claro. A
combinação de duas cores primárias dá origem às secundárias — verde, roxo e cor de
laranja —, e a mistura de duas cores secundárias originam as terciárias, criando o que
chamamos de subtons. Todas as variações dessas cores, como o marrom, dependem da
quantidade de pigmento mais claro ou mais escuro a ser utilizado na mistura — no caso
o preto e o branco — de onde são criadas as nuances (Figura 3).

A aplicação de técnicas que modificam as cores dos cabelos tem como ponto de
partida os pigmentos naturais dos fios, atribuindo a isso a importância do conhecimento
dos fundos de clareamento de cada tonalidade para resultados satisfatórios,
principalmente nas técnicas realizadas com agentes descolorantes. A cor natural dos
cabelos tem seus próprios reflexos, herdados geneticamente e transformados pela
melanina. As colorações aplicadas às hastes são misturas de corantes, gerando duas ou
mais nuances: a primeira delas é chamada de cor-fundo (natural) e a segunda é a
tonalidade (reflexos), para que haja transformação da cor.

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Todas as tonalidades de cabelo têm uma altura de tom, que varia de 1 (preto) a
10 (loiro claríssimo) e são variações de marrons, sendo que os cabelos mais escuros são
ricos em pigmentos de tons de azul, e os mais claros, de vermelho a amarelo. Nos casos
de clareamento dos fios, você consegue eliminar os pigmentos naturais ou artificiais da
fibra capilar. À medida que esses pigmentos são retirados, o cabelo vai alterando a cor e
evidenciando seu fundo de clareamento, onde os tons mais próximos de 10 são amarelo
claro, e os próximos de 1 são vermelho, como pode ser visualizado na Figura 4.

Transformação da cor das hastes capilares


No fim do século XIX, foram desenvolvidas as bases das colorações de cabelo
que temos hoje. Com o movimento crescente do mercado, são vistos novos produtos
cada vez mais eficazes e com partículas menores de pigmentos, oferecendo, assim,
menos danos aos fios. Quando falamos em transformação da cor, você deve conhecer os
componentes químicos de colorantes e descolorantes, pois os fatores de danos às hastes
só são minimizados se utilizados de maneira consciente e responsável.

Nas colorações ditas permanentes, há a combinação de um agente alcalino,


normalmente amônio, e peróxido de hidrogênio, que servem tanto para clarear como
depositar novos pigmentos no córtex ou nas cutículas das hastes. Em colorações
temporárias, não são utilizados peróxidos para a fixação dos pigmentos, sendo, assim,
menos agressivas, mas menos duradoura.

Já no processo de descoloração dos fios, o intuito não é dar nova cor aos fios,
mas, sim, remover pigmentos. Em formulações de clareamento, além do uso de
peróxido de hidrogênio, pode existir a combinação de persulfatos para acelerar o
processo de remoção de cor. O uso de água oxigenada auxilia os persulfatos durante o
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processo de oxidação, dissolvendo grânulos de melanina, completa ou parcialmente, do
córtex capilar. Nesse processo de reação, as eumelaninas são mais sensíveis, e as
feomelaninas mais resistentes de remoção, fazendo com que sejam notados resquícios
de pigmento nos fios, identificados como fundo de clareamento.

Colorações: ação de formulações temporárias e tonalizantes


semipermanentes
Diante da crescente tendência de modificar a cor da haste de tempos em tempos,
tem-se optado por utilizar produtos que não contenham permeação e fixação tão intensa
nos fios, diminuindo os danos causados na hora da aplicação, bem como no momento
da retirada desses pigmentos por processo de descoloração. Com isso, a procura por
colorações chamadas de tonalizantes têm aumentado significativamente, principalmente
pelo fato de servirem como base para amenizar fundos de clareamentos e realçar
nuances na cor dos fios.

As colorações ditas temporárias atuam sobre a superfície da fibra capilar e, em


suas formulações, contêm ácidos de alto peso molecular ou tintas dispersas, os quais
têm afinidade com os fios e alta solubilidade. Os pigmentos, por terem alto peso
molecular e não sofrerem ação de oxidantes, possibilitam o processo de fixação no
córtex, são eliminados em poucas lavagens e normalmente vêm prontos para aplicação
(DRAELOS, 2012).

Os tonalizantes, as colorações tom sobre tom ou os semipermanentes atuam na


superfície dos pigmentos e têm moléculas de tamanho intermediário — uma pequena
parte dos materiais tem tamanho molecular suficientemente pequena para penetrar no
cabelo, com características não iônicas —, não sendo aderidas internamente nos fios,
pois estes têm alta carga negativa. São utilizados com reveladores específicos de baixa
volumagem, contendo ou não peróxidos, que possibilitam a cobertura por transparência
dos fios brancos, apenas para uso de camuflagem.

Essas formulações contêm uma determinada absorção nas cutículas, por


permitirem a abertura das mesmas, tornando os fios mais porosos e rígidos. O tempo de
durabilidade é menor que o de uma coloração permanente e é muito utilizado em
processos de neutralização e ênfase de nuances após o uso de descolorantes, atribuindo
cor novamente aos fios, a fim de tornar o trabalho do profissional mais harmonioso.
49
Quando os tonalizantes são misturados com reveladores de cores sem peróxido,
podem ser utilizados em cabelos que passaram por processos de alisamento, pois eles
são mais seguros e se tornam menos invasivos e com risco menor de ocorrem quebras
nas hastes. Todavia, não se deve deixar de realizar o teste de mecha para verificar a
resistência do fio.

Colorações permanentes
Há cerca de um século, surgiam as primeiras colorações de cabelo à base de
pigmentos extraídos da natureza, os quais passaram por processos de aprimoramentos
ao longo dos anos, surgindo novas tecnologias e métodos que reinventaram o processo
de pigmentação das hastes. Muitos corantes sintéticos foram surgindo e formando as
cartelas numerosas de nuances que você observa na hora de escolher a mudança mais
procurada das mulheres em salões de beleza. O crescimento da tecnologia foi
extremamente necessário, principalmente para a evolução no processo de fixação de
pigmentos no córtex e permeação através das cutículas.

As colorações permanentes ou de oxidação são as mais utilizadas em


procedimentos domésticos ou de salão de beleza, pois apresentam maior resistência de
fixação dos pigmentos em fatores externos, como secadores de cabelos e indutores de
calor, radiação do sol, lavagens e procedimentos, como alisamentos e hidratações. A
mudança de tonalidade com esse tipo de procedimento é efetiva de qualquer cor, tanto
de cabelos já coloridos para mais escuros quanto de cabelos naturais para tonalidades
mais claras e cobertura de até 100% dos fios brancos.

O processo de formação de cor ocorre por sobreposição de duas cores: a dada


pelos pigmentos derivados da melanina natural ou os depositados por processos de
colorações anteriores nas hastes, a qual será a base de cor dos fios que deve ser levada
em consideração no momento da transformação, pois é com eles que agirão os
pigmentos secundários que estão contidos nas formulações das colorações. Quando há
presença de fios brancos, devemos levar em consideração que ali não existe cor, o que
tende a ter uma fixação mais pura da cor sintética.

As colorações por oxidação têm mecanismo de ação bem específico, pois são
formadas por substâncias intermediárias ou precursoras de cor e acopladores. A maioria

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dos produtos utiliza amônia para promover a tumefação e abertura das cutículas, com o
intuito de facilitar o processo de absorção dos corantes e do peróxido de hidrogênio
(OX). Algumas novas tecnologias já se utilizam de ativos, como a anilina, que não são
tão irritantes, para substituição da amônia. Porém, tendem a ter uma menor durabilidade
e menos opções de cores em cartela.

Para que haja a reação do pigmento com os fios, o pH é alterado para um meio
mais alcalino, fazendo com que as escamas das cutículas se abram, e as pequenas
partículas de cor interajam com o córtex. Para você obter o efeito desejado da coloração,
é necessário o uso do peróxido, disponível no mercado com porcentagens diferentes,
que vão das volumagens mais baixas ao 40. Isso significa que, por exemplo, em uma
OX de 20 volumes, cada de litro de peróxido, numa concentração de 6%, é capaz de
liberar 20 litros de oxigênio.

Sempre que são realizados procedimentos que envolvem o couro cabeludo,


devemos levar em consideração que ele apresenta aquecimento natural, diferentemente
das hastes que são consideradas ―células mortas‖ e não sofrem aceleração química.
Indica-se a aplicação da mistura de coloração mais oxidante próxima do couro
cabeludo, após ser feita ao longo das hastes.

É importante ressaltar que a cor obtida no processo de coloração não será a


mesma reproduzida nos catálogos. Deve-se levar em consideração a cor natural ou
sintética dos fios, as químicas utilizadas anteriormente, como alisamentos e
permanentes, o tamanho das moléculas utilizadas em colorações anteriores e um fator
determinante: os fundos de clareamento revelados nos processos de modificação de cor.

Assim como todo procedimento químico, é necessário realizar o teste de


sensibilidade, para prevenir de qualquer possível alergia ou, até mesmo, de reação com
as possíveis químicas contidas nos fios. Esse processo é realizado em uma mecha na
parte de trás dos cabelos ou em alguma parte do corpo, caso os fios sejam naturais, e
deve-se analisar fatores como ardência, irritabilidade e vermelhidão. Se o cliente não
demonstrar nenhuma reação, o procedimento pode seguir em frente após apresentar as
tonalidades reveladas no teste de mecha.

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Pré-pigmentação e pigmentação
Tinturas são amplamente utilizadas por indivíduos que buscam alterar a cor
natural dos cabelos, evitar o aparecimento de cabelos brancos decorrentes do processo
de envelhecimento e ainda experimentar novas cores de acordo com tendências da
moda. As tinturas podem ser classificadas em permanentes oxidativas, temporárias ou
semipermanentes, de acordo com o tempo que permanecem no cabelo e a maneira pela
qual promovem a coloração. Além disso, também pode ser aplicada a técnica de pré-
pigmentação, que é uma técnica utilizada como pré- tratamento de coloração.

Neste capítulo, você vai estudar as técnicas de tintura, entendendo suas


definições, indicações, vantagens e, principalmente, o mecanismo de ação através do
qual elas promovem os efeitos desejados.

Pré-pigmentação e cuidados capilares

Processo de coloração
O uso de tinturas, as chamadas colorações, é significativo em dias atuais,
considerando a importância que o cabelo possui na aparência humana e a
disponibilidade de colorações e técnicas cada vez mais seguras e efetivas. As tinturas
são utilizadas como agentes transformadores, para mudar as cores naturais dos cabelos e
com a finalidade de mascarar os sinais de envelhecimento, como o aparecimento de
cabelos brancos (MILIAUSKAS, 2017).

Para entender todas as técnicas de tinturas disponíveis, é importante saber como


a coloração age no fio de cabelo, de maneira geral. Naturalmente, a coloração do fio é
determinada pelos grânulos de pigmentos existentes na haste, mas especificamente na
camada intermediária, chamada de córtex. Esses pigmentos são formados pelos
melanócitos, células que se encontram no interior do bulbo capilar (HALAL, 2011).

Nos processos de coloração artificial, toda a coloração, seja ela pré-pigmentação,


permanente oxidativa, temporária ou semipermanente, age na haste capilar de maneira a
alterar a cor existente no fio de cabelo. Ela atua inicialmente na camada mais externa da
haste capilar, chamada de cutícula, abrindo esta camada para as moléculas de pigmentos
agirem. Dependendo o tipo de tintura, elas terão influências em regiões específicas da

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haste capilar, sendo que se diferenciarão entre si pela intensidade, durabilidade e tipo de
modificação na haste capilar.

Dentre as pinturas ou coloração existentes, podemos citar as tinturas vegetais, as


metálicas, as compostas e as sintéticas. As sintéticas são as mais utilizadas pela
facilidade de aplicação, segurança, resultados imediatos, por possuírem baixa toxicidade
e pela variedade de cores. Com as tinturas sintéticas é possível aplicar as técnicas de
tinturas permanentes oxidativas, semipermanentes e as temporárias (MILIAUSKAS,
2017).

A primeira delas é utilizada para clarear ou escurecer a haste capilar de maneira


bastante efetiva e duradoura, sendo que o processo de tintura permanente pode ocorrer
mediante mecanismo de oxidação. As tinturas semipermanentes, também popularmente
chamadas de tonalizantes, objetivam neutralizar reflexos indesejados, pois cobrem de
maneira discreta os fios brancos e também podem ser utilizadas para realçar a cor e
brilho do cabelo. E a última delas, as temporárias, caracterizam-se por agir muito
superficialmente e com resultados não duradouros, um exemplo desse tipo de tintura é o
uso de xampus destinados a alterar levemente os reflexos dos cabelos (TIPOS de
coloração..., 2013).

Técnica de pré-pigmentação
A pré-pigmentação é uma técnica que objetiva devolver os pigmentos retirados
do cabelo, ou seja, escurecer os cabelos. A retirada de pigmentos pode ser decorrente do
processo de descoloração ou, ainda, decorrente da falta de pigmentos nos cabelos
brancos. O objetivo é obter um resultado final com uma cor uniforme, indicado quando
há uma porcentagem grande de cabelos brancos, considerando que os cabelos brancos
possuem mais dificuldade de fixação de pigmento. Pode ainda ser utilizada em situações
que tenham por finalidade pré-colorir o cabelo, funcionando como uma preparação com
aplicação de uma coloração prévia para o cabelo receber a coloração definitiva. Essa
técnica possibilita um resultado satisfatório, uma vez que garante uma cor uniforme e
mais duradoura. Quanto à sua utilização, exige sempre a aplicação de uma coloração
pura e de um tom mais claro em relação à coloração que será aplicada posteriormente e
sem fazer uso de produto oxidante, apenas água. O Quadro 1 apresenta quais as cores
que devem ser aplicadas na pré-pigmentação, garantindo cores duradouras, sem

53
manchas e tons indesejados (ROCHA, 2016; TERRIBILE, 2013).

Essa técnica é muito importante para bons resultados, pois o cabelo descolorido
e com falta de pigmento, encontra-se normalmente danificado e não consegue absorver
adequadamente a tintura definitiva, pois a estrutura dos fios repele a cor da tintura ou
não a absorve de maneira uniforme, acarretando manchas e o desbotamento fácil. Se o
cabelo que está sem pigmentos receber a coloração definitiva, possivelmente os fios
continuarão danificados e claros, ao contrário do que ocorre quando a pré-pigmentação
é realizada. É indicada também para pré-tratamentos de colorações permanentes
oxidativas, pois são as colorações que mais exigem mudanças nas cores. A pré-
pigmentação possui uma grande aplicação na área da colorimetria (ROCHA, 2016;
TERRIBILE, 2013). Por exemplo, em um cliente que tem o cabelo loiro e deseja ficar
moreno, a técnica de pré-pigmentação é uma boa solução para garantir a cor desejada. A
seguir você confere um exemplo de pré-pigmentação, onde um cabelo naturalmente
loiro claríssimo é transformado em castanho-claro, ou seja, escurecido.

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Cuidados com o cabelo antes da pré-pigmentação
Para garantir os efeitos desejados na pré-pigmentação, alguns cuidados devem
fazer parte do procedimento (PIRES et al., 2018). A pré-pigmentação, mesmo não
fazendo uso de produtos muito agressivos, demanda alguns cuidados. Nesse
procedimento capilar, ocorre a inserção de pigmentos de natureza artificial, de modo a
colorir o cabelo, logo, trata-se de um processo químico. Portanto, os cabelos precisam
estar preparados para receber a técnica, evitando assim efeitos negativos.

Dentre as recomendações importantes, o cliente deve evitar realizar outros


procedimentos químicos antes da pré-pigmentação, como alisamentos e permanentes,
por um período mínimo de 30 dias. Nos clientes que realizam tratamentos químicos
prévios, é possível visualizar fios em sua maioria muito porosos e sem resistência, o que
é um grande desafio à técnica de escure cimento. Isto é causado pela maior abertura das
cutículas, ou até a falta de algumas delas, o que facilita o desbotamento pós-química,
além do que a perda associada de nutrientes e constituintes da fibra capilar dificulta a
penetração e fixação do pigmento.

Como essa técnica é aplicada em cabelos que já foram despigmentados


anteriormente, é esperado que se encontrem bastante danificados pela ação dos agentes
descolorantes. Uma solução é indicar ao cliente uma hidratação profunda pré-
tratamento, de modo a fortalecer o cabelo para os tratamentos futuros. O número e a
intensidade das hidratações dependerão da condição em que se encontra o cabelo. Além
de hidratados e sem química recente, é importante que o cabelo esteja o mais limpo
possível para a aplicação da técnica de pré-pigmentação. Para tanto, é necessária uma
lavagem com xampu antirresíduos e condicionador, fazendo uso de água fria ou morna.
Os cabelos devem ser secos com uso de uma toalha, apenas para retirar o excesso de
água. A presença de resíduos no cabelo como sujidade, cosméticos e poluição, reduzem
a qualidade do procedimento.

A escolha de produtos deve ser feita com cautela, optando sempre por produtos
de boa qualidade, destinados especificamente a cada tipo de cabelo e, ainda, que
possuam registro junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), garantindo
assim produtos testados e seguros.

Além do registro na Anvisa, os produtos utilizados devem estar com validade

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dentro do prazo estipulado e seguir todos os cuidados de armazenamento descritos pelo
fabricante. Em algumas situações, principalmente naquelas em que o crescimento do
cabelo é rápido, será necessário realizar retoques de pré-pigmentação na raiz do cabelo,
sendo indicado o uso de pigmento igual ao utilizado na primeira aplicação.

Existe ainda um cuidado especial com os cabelos brancos ou grisalhos, pois


estes oferecem maior resistência à absorção da coloração ou tintura, pois perderam
completamente a pigmentação natural e precisam ser pigmentados em etapas para
garantir o resultado esperado. Principalmente nesses casos, orienta-se fazer a pré-
pigmentação com cores quentes como, por exemplo, tons de vermelho, acobreado e
dourado. Dessa maneira, cria-se a possibilidade de gerar cores escuras em cima de
nuances claras. Após a aplicação de pigmentos quentes, o profissional pode dar
continuidade ao tratamento com cores mais fortes, escurecendo os cabelos de maneira
gradual até atingir a tonalidade esperada pelo cliente. Esse cuidado evita, por exemplo,
que a coloração seja aplicada de uma única vez e cause manchas e pouca absorção.

Outro cuidado especial refere-se aos cabelos com mechas. Muitos clientes não
gostam dos resultados das mechas e após um período querem retirá-las. Nesse caso,
assim como os cabelos grisalhos ou brancos, a pré-pigmentação deve ser feita em
etapas, onde os pigmentos serão aplicados mais de uma vez. Além disso, dependendo a
cor das mechas, será necessário aplicar mais de uma tonalidade de pigmento. Um
exemplo disso seria aplicar um tom quente em cima das mechas (vermelho, por
exemplo) e após um tom mais escuro e frio no restante do cabelo até que seja possível
igualar e deixar os fios com uma cor uniforme.

Tinturas permanentes oxidativas


As tinturas permanentes podem ser classificadas em graduais ou oxidativas. As
tinturas permanentes oxidativas se caracterizam por resistirem à lavagem com produtos
cosméticos como xampus, condicionadores e outros fatores externos sem perder com
facilidade a cor. É a técnica de tintura mais utilizada, chegando a representar de 70 a
80% das colorações realizadas. Quanto à aplicação, ela é considerada rápida e seu efeito
é permanente. Entretanto, com o processo de crescimento da haste capilar, é necessária
a reaplicação da técnica nas regiões de crescimento, no caso a raiz capilar. Esse
processo, em média, necessita ser repetido a cada 30 dias, mas pode variar de acordo

56
com o crescimento do cabelo (MILIAUSKAS, 2017).

Mecanismo de ação de tinturas permanentes oxidativas


Conforme Bailer, Dognini, Moser (2009), Gama (2010), Miliauskas (2017) e
Terribile (2013), a tintura permanente oxidativa possui moléculas de tamanho pequeno,
que ao penetrarem na haste capilar agem na camada intermediária, o córtex. Essas
moléculas da tintura permanente não são coloridas, mas ao atingir o córtex sofrem um
processo químico, chamado de oxidação, e o resultado desse processo é a formação de
moléculas grandes e coloridas que permanecem no córtex dando cor ao cabelo. Seu
efeito é considerado permanente porque ao se formar no córtex, essas moléculas não
podem difundir-se através da cutícula durante os processos de lavagem do cabelo. Para
gerar o processo de oxidação, faz-se necessária a atuação de três substâncias químicas,
que juntas induzem o processo de oxidação no córtex capilar. A primeira delas é
chamada de bases ou intermediários e acopladores ou modificadores, a segunda
substância é o agente oxidante e a terceira é o agente alcalinizante.

Em sua maioria, as bases ou intermediários são compostos aromáticos, são


exemplos dessas substâncias: p-fenilenodiamina, p-aminofenol, o-fenilenodiamina e o
o-aminofenol. Os agentes acopladores ou modificadores também são compostos
aromáticos quase que exclusivamente derivados do benzeno. As bases ou intermediários
ligam-se aos agentes acopladores ou modificadores durante o processo de oxidação e
produzem a cor desejada.

Como agente oxidante faz uso do peróxido de hidrogênio (H2 O2 ). Este


composto age de modo a oxidar os corantes, dessa maneira, o processo de tintura
permanente inclui sempre a descoloração pela ação dessa substância. É esta ação que
permite que a tintura permanente seja a única a permitir o clareamento da cor natural do
cabelo.

Como agente alcalinizante faz uso do hidróxido de amônia. Sua ação no


processo diz respeito à criação de um ambiente alcalino, com pH entre 8 e 10, isso
permite que as cutículas do cabelo se abram de modo que as moléculas de corantes
possam adentrar na haste capilar até chegarem ao córtex. Portanto, o pH adequado é
muito importante para uma perfeita intensidade da cor.

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Dessa maneira, para que ocorra o efeito desejado, é necessária a presença
obrigatória dessas três substâncias. A Figura 1 traz esse processo, representado pela
haste capilar, presença dos pigmentos fora da haste e abertura das cutículas. Quando em
condições alcalinas os precursores representados por A reagem à presença dos
acopladores, representados por B, criando uma molécula maior que irá tingir o cabelo.

Na sequência, a Figura 2 mostra o processo de tintura permanente oxidativa,


onde é possível visualizar os pigmentos formados pelo processo de oxidação dentro do
córtex capilar.

Composição
Além desses três compostos essenciais, as tinturas permanentes oxidativas
podem apresentar outros compostos que atuam de maneira secundária na haste capilar,
são eles: substâncias antioxidantes, surfactantes, solventes, agentes espessantes, agentes
quelantes, além de substâncias condicionadoras, alguma fragrância e água com efeitos

58
diversos.

Os antioxidantes são empregados nas tinturas permanentes para proteger o produto


da oxidação, pois são formulações muito sensíveis e ao ficarem expostos ao ar podem
perder efetividade. Os agentes espessantes atuam de modo a aumentar a viscosidade das
substâncias líquidas sem alterar sua formulação. Os solventes atuam na solubilidade de
corantes, os quelantes evitam a presença de traços de algum metal pesado que possa
causar toxicidade, os condicionadores atuam na redução do ressecamento do fio durante
o processo de tintura. Pode-se ainda fazer uso de fragrâncias para reduzir o odor
desagradável desse processo de tintura.

Forma de apresentação
As tinturas permanentes são encontradas em diferentes formas de apresentação,
de acordo com o fabricante, podendo ser: líquida, creme, pó, gel ou xampu. Sendo que a
forma mais utilizada ainda é o creme.

Precauções no uso de tinturas permanentes


Os principais corantes utilizados nas tinturas permanentes como, p-fenileno e
ptoluenodiamina, possuem uma capacidade de sensibilização alta, podendo causar
dermatites de contato. Como medida de precaução, é importante que o profissional de
colorimetria realize o teste de contato prévio à aplicação, evitando assim uma reação
alérgica.

Indicações das tinturas permanentes


As indicações do uso de tinturas permanentes são para coloração de cabelos
brancos ou grisalhos e também para clareamento ou escurecimento da cor natural dos
fios. É a técnica mais indicada para quem objetiva cobrir 100% dos fios brancos ou
passar por mudanças de coloração mais radicais, mudando intensamente de tonalidade.

Vantagens e desvantagens do uso


As vantagens do uso desse tipo de tintura são: grande variedade de tons naturais,
a facilidade na aplicação, não causa alterações na estrutura molecular de queratina, gera

59
a formação de cores com aspectos naturais. E as desvantagens são: o cheiro forte
durante a aplicação, o risco de alergias e o uso de um meio alcalino para a coloração,
que torna essa técnica mais agressiva aos fios do cabelo (MILIAUSKAS, 2017). Além
disso, por gerar o processo de oxidação, essa técnica deve ser utilizada com cautela em
clientes que já possuam muitas químicas no cabelo, uma vez que acumulam mais danos
à haste capilar.

Tinturas temporárias e mecanismo de ação


As tinturas temporárias são empregadas com o objetivo de promover efeitos
especiais nos cabelos, como adicionar reflexos, remover tons amarelados de cabelos
grisalhos e também com o objetivo de cobrir estes de maneira temporária e quando a
quantidade de fios grisalhos não ultrapassar 15%. Além disso, pode ser empregada de
modo a modificar a cor alaranjada dos cabelos após os processos de descoloração. Sua
principal caraterística é que é facilmente removida da haste capilar. Normalmente na
primeira lavagem a tintura temporária já sai do cabelo (BAILER; DOGNINI; MOSER,
2009; GAMA, 2010; MILIAUSKAS, 2017; TERRIBILE, 2013).

Mecanismo de ação
As moléculas dos compostos utilizados nas tinturas temporárias possuem alto
peso molecular, por isso, não são capazes de atravessar a camada das cutículas do
cabelo em condições normais. Portanto, ao ser aplicada sobre o fio de cabelo, esses
compostos depositam-se na superfície do fio, sendo geralmente removidos na primeira
lavagem. Dessa maneira, seu mecanismo de ação se dá na cutícula do cabelo, apenas
pela deposição de corante sobre a haste capilar, como mostrado na Figura 3.

60
Além da utilização de corantes, a tintura temporária faz uso de resinas de
copolímero filmógenos, que possuem a função de aumentar a aderência do corante na
haste capilar, de modo que a tintura final seja resistente e fique aderida ao fio evitando
que manche as roupas e os locais de contato, mas ao mesmo tempo garantindo uma
aderência relativa, para que os corantes possam ser removidos com o uso de xampu
(TERRIBILE, 2013). Nesse tipo de aplicação, o cabelo não é lavado após o término do
procedimento, apenas é submetido à lavagem quando o cliente objetivar retirar a
coloração. Na sequência, a Figura 4 representa como os corantes permanecem na
superfície da haste capilar, não penetrando nas camadas mais internas, como o córtex e
a medula.

61
Esse é o principal mecanismo de ação das tinturas temporárias. Há uma outra
maneira de ação em tinturas temporárias que é aplicada através do método de rinsagem.
Nesse caso, se faz uso, além do corante, de um produto condicionador e é indicado para
situações de cabelos com haste muito porosas, neutralizando reflexos indesejados,
principalmente após a realização de mechas. No processo de tintura temporária por
rinsagem, as moléculas de corante e condicionador unidas se depositam entre a cutícula
e o córtex, uma vez que com o aumento exagerado da porosidade as cutículas se
encontram mais abertas, facilitando a entrada do produto. Sua ação também é
temporária, mas costuma durar mais do que uma lavagem, diferenciando-se do
mecanismo de ação mais comum com a aplicação única do corante (BAILER;
DOGNINI; MOSER, 2009).

Indicações das tinturas temporárias


São indicadas para: corrigir ou melhorar o aspecto de uma coloração permanente
realizada anteriormente; eliminar ou atenuar o tom amarelado dos cabelos brancos,
proporcionando cabelos grisalhos com aspecto mais límpido; reduzir a descoloração
excessiva depois de tons de vermelho ou amarelo; permitir maior brilho e reflexo a um
cabelo opaco ou desbotado.

Vantagem e desvantagem
Dentre a principal vantagem está a aplicação rápida, segura e sem muitos
processos químicos. Entretanto, a principal desvantagem nesse tipo de tintura é a
remoção muito fácil dos corantes, de modo que a pouca umectação dos cabelos, em
condições de chuva leve, por exemplo, pode remover o pigmento.

Apresentação e formulação
Segundo Gama (2010), apresentam-se normalmente na forma de gel, creme
fluido, spray ou mousses. São feitos a partir de corantes diretos, podendo fazer uso de
corantes básicos, ácidos e os pertencentes às antraquinonas, trifenilmetanos,
fenazínicos, garantindo a coloração dos fios. Os produtos da coloração temporária estão
prontos para a aplicação, e não possuem em sua formulação hidróxido de amônio ou
peróxido de hidrogênio, como nas tinturas permanentes. Exemplo: xampus tonalizantes.

62
Precauções

Como não faz uso de substâncias muitos agressivas, o risco de lesões de pele por
dermatite de contato é muito pequeno. Mas ainda podem ocorrer processos alérgicos ao
corante utilizado.

Tinturas semipermanentes e mecanismo de ação


As tinturas semipermanentes são formadas por substâncias sintéticas derivadas
do petróleo. Se caracterizam por possuírem de baixo a médio peso molecular, possuindo
natureza ácida ou catiônica, associada ou não a derivados de substâncias como
nitroanilinas, nitrofenilenediamidas e nitroaminofenois. As tinturas semipermanentes
são também chamadas de tonalizantes. Seu uso pode ser feito pelo cliente no ambiente
domiciliar, com o objetivo de realçar uma cor, modificar uma cor existente ou até
mesmo cobrir cabelos grisalhos. Sua principal característica é que resistem a várias
lavagens, em média de 20. Quanto a sua fixação, ela é menor quando comparada às
tinturas permanentes.

Mecanismo de ação

Suas moléculas, por possuírem de baixo a médio peso molecular, conseguem


penetrar na cutícula e adentrar na camada mais periférica do córtex. Dessa maneira, a
coloração pode resistir de 10 a 20 lavagens em média. Entretanto, como esse processo
não ocorre dentro do córtex, as cutículas permanecem abertas e o pigmentos ou corantes
vão saindo pelas aberturas à medida que o cabelo é lavado. A Figura 5 exemplifica esse
mecanismo de ação das tinturas semipermanentes.

63
É possível visualizar na Figura 5 que a molécula de pigmento, nesse tipo de
coloração, apresenta um tamanho médio, logo consegue adentrar na haste capilar,
atravessando a cutícula e permanecendo depositada no córtex. Entretanto, é possível ver
na segunda parte da figura a cutícula aberta de modo que essa molécula de pigmento
pode sair livremente, conforme forem realizadas as lavagens no cabelo. Esses corantes
possuem uma afinidade com a queratina do cabelo, por isso não são eliminados
facilmente, e são chamados de colorações semipermanentes. A Figura 6 mostra como
ficam depositadas as moléculas de corante na haste capilar nos processos de tintura
semipermanente.

Indicação

São muito utilizadas para disfarçar os primeiros fios brancos, indicadas para
64
situações onde há presença de cabelos brancos em até 50% dos fios. Indicada também
para cabelos grisalhos, com intuito de retirar o aspecto amarelado que surge ao longo do
tempo.

Formulação e apresentação
A formulação nas tinturas semipermanentes se faz através da tintura a ser
utilizada associada a um veículo cosmético que pode ser um xampu, gel ou loção. Para
gerar os efeitos, deve permanecer em contato com os fios de cabelo por 20 a 40
minutos, e deve ser enxaguado para ser eliminado o excesso de tintura. O processo de
tintura semipermanente não envolve nenhuma reação de oxidação, como ocorre na
tintura permanente. Apenas faz uso de uma solução alcalina, de modo a alcançar um pH
entre 6 e 8,5, permitindo assim uma abertura leve das cutículas para que as moléculas de
corante possam adentrar na haste.

O corante final utilizado nas tinturas semipermanentes faz uso de vários corantes
unidos, de tamanhos e pesos moleculares diferentes. Isso permite que as moléculas de
corantes maiores se depositem nas pontas dos cabelos, local onde as cutículas costumam
estar mais abertas pelo processo de danificação natural. Em sua composição, é
necessária a presença de corante, substância alcalina, solventes, surfactantes, fragrâncias
e água.

Os principais corantes utilizados na formulação de colorações semipermanentes


são: nitrobenzênicos, nitrofenilenodiamina, nitroaminofenol, aminoantraquinona, dentre
outros. Os primeiros deles possuem moléculas bastante pequenas e foram os primeiros a
serem empregados nas tinturas semipermanentes e até hoje são os mais utilizados por
apresentar bastante afinidade com a queratina dos fios, além de possuir um alto poder de
coloração, formando só corantes nas cores amarela, laranja e vermelho. Os corantes
derivados de naftênicos e antraquinônicos, apresentam moléculas de maior tamanho,
sendo necessária a presença de de solventes para garantir a penetração.

Os principais solventes encontrados nas soluções de tinturas semipermanentes


são: álcool furfurílico, álcool benzílico, ciclo-hexanol, éteres de glicol, dentre outros, e
quando combinados com os corantes aumentam a afinidade do corante pela queratina
presente no fio. Além disso, os solventes aceleram a velocidade de absorção da tintura

65
durante a aplicação, permitindo diminuir a concentração do corante com melhores
resultados de coloração.

Quanto à apresentação, podem ser encontradas na forma de creme, xampu,


aerossol, espuma, loção, spray ou gel.

Vantagens e desvantagens

A principal desvantagem da técnica da tintura semipermanente é que por


proporcionar a abertura das cutículas de modo a otimizar a absorção das moléculas pelo
córtex capilar, como consequência existe a diminuição da maciez e do brilho,
decorrentes da maior porosidade capilar. Entretanto, é um método de tintura seguro,
eficaz e com resultados a médio prazo. O Quadro 2 traz um breve resumo dos três tipos
de tintura elencados neste capítulo, as tinturas permanentes oxidativas, as
semipermanentes e as temporárias, de modo a permitir uma comparação breve entre as
técnicas, melhorando o entendimento.

66
Luzes e mechas capilares
O mercado da estética capilar é cada vez mais promissor, uma vez que oferece a
possibilidade de transformações de cabelos que acompanham as tendências de cores da
moda e as preferências pessoais. O público desse mercado é diversificado, incluindo os
clientes clássicos que buscam tratamentos para valorizar a cor sem grandes mudanças
ou os clientes modernos, que seguem as tendências da moda. Os serviços de mechas e
luzes proporcionam beleza e luminosidade aos cabelos, através de processo de
clareamento mediante o uso de produtos químicos específicos.

Neste capítulo, você vai conhecer os princípios básicos para a realização de


luzes e mechas capilares, incluindo as tendências existentes; entenderá os produtos
cosméticos aplicados e conhecerá as técnicas empregadas pelos profissionais de estética
capilar. Ter conhecimento desse processo é uma garantia de resultados que satisfaçam o
desejo dos clientes.

Tendências em luzes e mechas


De acordo com Ayres (2015), Marques (2018), Medeiros (2014) e Ribeiro
(2014), as luzes e mechas são uma boa opção para quando o cliente busca uma mudança
de visual, mas não de maneira acentuada. Desta maneira, ele pode optar por luzes e
mechas ou invés de realizar uma total descaracterização com mudança geral da
coloração capilar. Por isso, opta-se pela descoloração de apenas alguns fios. As luzes e
mechas são alguns dos vários estilos de descoloração.

O processo de descoloração visa alterar os pigmentos naturais dos fios de cabelo.


Neste processo, os pigmentos de melanina presentes no córtex sofrem uma reação
química de oxidação, deixando os cabelos mais claros, preparando- -os para receber
uma coloração de tonalidade mais clara posteriormente.

A escolha do tipo de mechas ou luzes capilares deve levar em consideração


alguns aspectos, dentre eles: o tom da pele do cliente, a cor natural dos fios de cabelo, a
rotina de cuidados com os fios, estilo do cliente, além dos tipos de luzes e mechas
disponíveis no mercado, que seguem tendências da moda.

Quanto às luzes, são definidas como mechas bem definidas, realizadas em pouca

67
quantidade de fios e até três tons abaixo do natural, para dar luminosidade ao cabelo,
além de clareá-los. Sua principal caraterística é a sutileza, sendo que são finas e
realizadas em uma parte dos fios.

As mechas podem ser feitas em várias espessuras ou em diversas regiões do


cabelo. Outra característica das mechas é que elas podem ser criadas de qualquer cor,
como o caramelo e o vermelho, e não apenas com intuito de clareamento dos fios com
as tonalidades loiras.

A seguir são listados alguns dos tipos de mechas e luzes que atualmente são
consideradas as mais utilizadas pelos clientes.

Ombré hair
Estilo de origem francesa, também chamado de cabelo sombreado (Figura 1). É
realizado um dégradé que tem um início suave na região da raiz do cabelo ou logo
abaixo dela, a fim de mantê-la próxima da cor natural e, dependendo do comprimento,
intensifica-se a partir da região das orelhas ou dos ombros, até chegar às pontas dos fios.
Sua principal característica é a sutileza, uma vez que é difícil saber onde começam as
luzes no cabelo. Seu início, seja ele próximo à raiz ou logo abaixo, inicia numa
tonalidade de cor próxima à cor natural dos fios. Apresenta como vantagem a não
necessidade de muitos retoques, sendo indicado o retoque apenas quando atingirem a
altura mais próxima dos ombros. Sua principal indicação é para cabelos de
comprimento mais longo e cortados em camadas.

68
Californianas
Chamado de sun kisses, refere-se a um estilo inspirado na aparência das surfistas
da Califórnia, nos Estados Unidos, que passavam parafina nas pontas dos fios de cabelo
para deixá-las com tonalidade mais clara. Na versão utilizada atualmente, o clareamento
atinge também o comprimento da haste capilar.

As luzes californianas são semelhantes à ombré hair, a diferença é que nas


californianas a linha em que o cabelo começa a ser clareado não tem uma delimitação.
Podem ser aplicadas em qualquer altura do cabelo, de acordo com as preferências do
cliente. Além disso, a tonalidade utilizada pode ser destacada do restante do cabelo,
tornando-se uma técnica menos sutil do que a ombré hair. Por não ter uma altura
demarcada com precisão, as californianas são indicadas para cabelos de comprimento
longo, mas também nos cabelos de cortes médios.

Sombre hair
O nome da técnica é semelhante à ombré hair e suas características também. A
sombre hair se caracteriza por um clareamento dos cabelos a partir de certo ponto, mas
se diferencia da ombré hair, porque este estilo é mais sutil ainda. A graduação de
tonalidade é normalmente dois ou três tons mais claros do que o restante dos fios de
cabelo, de modo que gere apenas maior luminosidade aos fios. Por ser um dos estilos
que menos têm mudanças na tonalidade do cabelo, é indicado para todos os
comprimentos de cabelo, além de poder ser aplicado em praticamente todos os cortes e
tipos de cabelos também: dégradés, desfiados, assimétricos, lisos ou ondulados. Quanto
aos cuidados, a hidratação deve ser intensificada visando reduzir os efeitos dos produtos
químicos, mas sem outros cuidados especiais.

Balaiagem
Nesse estilo, as mechas são mais definidas, finas e espalhadas por todo o cabelo.
Dando um ar ainda mais natural à cor dos cabelos. As mechas nesse estilo são realizadas
em dois ou três tons, sendo que seu objetivo é a iluminação dos fios e a quebra da
uniformidade da cor do cabelo. Normalmente, utilizam-se luzes no comprimento da
haste capilar e nas pontas, mas ainda pode-se encontrar mechas próximas à raiz. Como
essa técnica não possui tanta definição, não precisa ser sempre retocada, sendo indicado
69
o retoque em situações de desbotamento da cor ou quando as luzes se afastarem demais
da raiz. Por não ser tão uniforme, ela é indicada para cabelos de quaisquer cortes ou
comprimentos. É um processo indicado para quem deseja iniciar o clareamento dos fios,
mas não quer uma mudança muito radical.

Mechas marcadas
Também chamadas de reflexo, essas mechas são semelhantes às luzes tradicionais,
mas são mais largas e delimitadas nos cabelos. Quanto aos cuidados, esse estilo
necessita de retoques mais frequentes, pois há um contraste maior da raiz com o restante
dos fios. São indicadas para todo o tipo de cabelo, mas são mais aceitas por cabelos com
cortes retos e sem presença de camadas.

Texanas
Esse estilo apresenta mechas no mesmo estilo de californiana e do ombré, mas
seu início ocorre cinco dedos abaixo da raiz, dando um efeito de que os fios foram
desbotados pelo sol. Nesse estilo, as poucas mechas são feitas na região superior da
cabeça, com característica de serem finas, seguindo até as pontas, todas clareadas com
tonalidades mais leves ou claras, podendo chegar à tonalidade de loiros claríssimos.
Considerando que esse estilo atinge as pontas da haste capilar e podem ser utilizadas
tonalidades bastante claras, é indicado o uso de reparador de pontas com regularidade.
Esse estilo de mechas é indicado para cabelos de comprimento curto ou médio e possui
maior afinidade com cortes assimétricos.

Efeito tartaruga ou tortoiseshell hair


Refere-se à técnica de casco de tartaruga, sendo que a técnica se espelha
exatamente nesta característica. Nesse caso, utiliza-se dois a três tons, e as tonalidades
utilizadas possuem a base castanha como tons de dourado, caramelo e mel. É também
considerada uma técnica mais moderna do que balaiagem e o ombré hair. Como são
utilizadas tonalidades em castanho, necessitam ser retocadas assim que ocorrer
desbotamento. Esse estilo é indicado para cabelos longos e médios cortados em
camadas, pois envolvem uma gama de colorações.

70
Dip-dye
Esse estilo traz a sensação de que os fios de cabelo foram imersos na tintura,
pois se caracteriza por mudar completamente a cor dos fios a partir de certa altura. É
utilizado em clientes que objetivem deixar os fios de cabelo coloridos com diferentes
tonalidades, como azul, rosa, verde, mas também pode ser indicado para clientes que
queiram este efeito mas com tonalidades de escurecimento ou clareamento do cabelo.
Esse estilo não busca a naturalidade e pode gerar resultados divertidos de acordo com a
tonalidade escolhida pelo cliente. Além disso, envolve alguns cuidados mais intensivos
nas escolhas de produtos capilares de uso diário, pois normalmente utiliza-se produtos
especiais para conseguir as tonalidades desejadas. É indicado para cabelos de
comprimento médio a longo e cortes assimétricos ou ainda em camadas. Cabelos com
cortes mais retos e com ondulações também podem se beneficiar desse estilo.

Os estilos e tendências de mechas e luzes devem ser indicados aos clientes


levando em consideração alguns fatores, como: preferência do cliente, tonalidade dos
fios e cor da pele.

Sobre a indicação de acordo com a cor da pele, clientes de pele negra se


beneficiam do estilo ombré hair ou estilo sombre hair, sendo que o primeiro é mais
indicado para clientes mais ousados, enquanto o segundo mais indicado para clientes
que buscam luzes e mechas mais clássicas. Quanto à cor, deve- -se evitar mechas de
coloração cinza em pessoas morenas, pois o cinza não cria uma harmonia com esse tom
de pele. Os clientes loiros são privilegiados quando se fala de mechas e luzes, podendo
ser aplicados praticamente todos os estilos sem muitos riscos.

Produtos utilizados na realização de luzes e mechas


Basicamente, os produtos utilizados no processo de mechas e luzes capilares irão
realizar a descoloração dos fios e os produtos utilizados posteriormente para colorir os
fios, ou seja, dar a cor desejada, usarão tonalizantes. Esses processos podem ser
chamados de descoloração e tonalização, respectivamente.

Descoloração
Conforme Dantas (2018), Jardim (2017), Lagune Cosmetics (2016) e Rocha

71
(2016) a descoloração capilar é o primeiro processo a ser realizado. É definida como um
processo químico no qual ocorre a retirada dos pigmentos de melanina dos fios de
cabelo por meio da associação de dois produtos: o agente alcalinizante e o agente
oxidante. Esses produtos devem ser misturados previamente à aplicação até a completa
mistura, tornando-a homogênea na forma de um creme que será aplicado nas regiões
que serão clareadas, distribuindo a solução uniformemente. A quantidade de cada um
dos produtos dependerá do volume, quantidade e comprimento do cabelo onde serão
realizadas as mechas ou luzes. A mistura deverá ter concentrações de 1/1, ou seja, uma
parte de agente alcalinizante para uma parte de agente oxidante ou ½, com uma porção
de agente alcalinizante para duas de agente oxidante.

Esses dois produtos possuem mecanismo de ação distintos e que unidos


promovem a descoloração capilar. Quanto ao mecanismo de ação desses produtos:

Agente oxidante: os produtos descolorantes são substâncias com características


oxidantes que atuam através de uma reação de oxidação, que se refere ao processo no
qual o oxigênio, contido no agente oxidante, reage com o pigmento que existe no fio de
cabelo, removendo-o por meio de um processo químico que descaracteriza a cor natural
do cabelo. Basicamente esses produtos irão agir sobre a melanina presente na camada
média da haste capilar, chamada de córtex. Para tanto, a solução precisa penetrar na
haste capilar e passar pela camada mais externa chamada de cutícula até adentrar no
córtex, de modo a degradar a melanina, tendo como resultado esperado o clareamento
do fio de cabelo.

Sobre o agente oxidante, podem ser empregadas várias substâncias com função
descolorante, mas a mais utilizada é a água oxigenada (H2 O2 ) em diferentes volumes,
sendo encontrada no mercado na forma líquida ou cremosa.

Para saber a concentração de água oxigenada utiliza-se o cálculo de volume, o


qual indica o número de litros de oxigênio que podem ser desenvolvidos em condições
normais. Para tanto, indica-se água oxigenada de 10 volumes, que é a mais branda de
todas e serve para quem vai tonalizar o cabelo ou reforçar a cor que está ficando
desbotada. Utiliza-se a de 20 volumes para clareamento de um nível, 30 volumes para
clarear dois níveis e 40 volumes para clarear de três a cinco níveis. Desta maneira, a
água oxigenada pode garantir diferentes níveis de clareamento, que são: descoloração

72
forte, quando descolore de cinco a oito tons, descoloração média quando descolore de
três a quatro tons e a descoloração fraca, quando descolore dois tons.

A ação dos agentes descolorantes ainda vai depender da altura de tom dos fios,
pois cabelos loiros são fáceis de descolorir, porque naturalmente possuem poucos
pigmentos. Em contrapartida, os cabelos de coloração mais escura apresentam maior
dificuldade porque apresentam mais pigmentos.

Agente alcalinizante: refere-se ao produto também chamado de pó descolorante,


é utilizado para clarear o cabelo em conjunto com o oxidante (água oxigenada), pois
auxilia na retirada dos pigmentos dos fios de cabelo. Essa ação se dá através da abertura
das cutículas, ou seja, permite um maior distanciamento das células da camada externa
do fio de cabelo e auxilia na criação de um ambiente alcalino, aumentando o pH do
cabelo, por isso é chamado de agente alcalinizante, de modo que o agente oxidante
possa atuar nos pigmentos, degradando-os.

Esses pós descolorantes podem ou não possuir em sua formulação a amônia,


sendo que pós descolorantes com amônia são indicados para tratamentos globais, como:
mechas com descolorações e mechas californianas, entretanto, os cabelos não devem ter
químicas, pois agridem mais a fibra capilar. Para cabelos que já possuam algum
tratamento químico, para reduzir os danos na haste capilar, são indicados pós
descolorantes sem amônia. Basicamente, o pó descolorante possui duas funções básicas:
abrir as cutículas de modo que o agente oxidante possa entrar e liberar o oxigênio
contido nesse agente oxidante (descolorante).

O tempo em que a solução clareadora permanecerá nos fios dos cabelos,


dependerá de vários fatores: incluindo a cor natural dos fios e a cor desejada, e deverá
ainda seguir as orientações dos fabricantes dos produtos. Mas, no geral, a solução não
deve permanecer por tempo superior a 30 minutos. Após a aplicação da solução
descolorante, é importante ficar atendo ao tempo e verificar a cada cinco minutos a
tonalidade das luzes e mechas, até que elas cheguem na cor certa, ou até que alcance o
fundo de clareamento desejado.

O Quadro 1 traz fundos de clareamento que servem como regra para o


profissional saber quanto tempo é preciso deixar a solução clareadora agindo no cabelo.
Nele, você visualiza a altura de tom desejada pelo cliente e ao lado o fundo de

73
clareamento necessário. Por exemplo: se o cliente deseja mechas ou luzes na coloração
louro-claro, o cabelo deverá ser descolorido até chegar a uma cor laranja-amarelo.

Quanto ao uso da solução clareadora, formada pelo agente oxidante e pelo


agente alcalinizante, alguns cuidados devem ser tomados, dentre eles: misturar os
produtos em uma cubeta plástica, utilizar uma capa protetora no cliente, passar um
creme nas orelhas e testa do cliente para evitar manchas, aplicar sempre em cabelos
secos e sem lavar, utilizar luvas, realizar um teste de alergia aos produtos antes da
aplicação, não aplicar a solução descolorante em cabelos que apresentem couro
cabeludo irritado ou com feridas e não aplicar em sobrancelhas ou cílios (LAGUNE
COSMETICS, 2016). Os produtos utilizados em luzes e mechas devem ainda estar
devidamente registrados junto à Anvisa, bem armazenados e seguir as orientações do
fabricante, para garantirem a segurança e não causar problemas.

Além dos cuidados citados anteriormente, outras medidas são essenciais para um
resultado adequado nas descolorações. Os cuidados a seguir consideram a anatomia e
fisiologia da haste capilar. A raiz do cabelo descolore mais rapidamente em relação ao
comprimento e pontas, e isso ocorre por conta da temperatura maior na região mais
próxima à raiz. Isso é justificado porque a temperatura do corpo humano é de 37°C, e
estando à raiz mais próxima do couro cabeludo se sente mais o calor nesta região.
Portanto, a aplicação deve considerar essa informação, aplicando-se primeiramente nas
pontas e haste. Há a necessidade de considerar que a parte posterior da cabeça, na
maioria dos casos, possui densidade capilar maior, o que diminui a penetração dos
agentes descolorantes. Portanto, a aplicação deve, na maioria dos casos, iniciar na parte

74
posterior da cabeça e após seguir em direção à anterior.

Após a aplicação dos produtos descolorantes, é necessário retirá-los dos cabelos.


Para tanto, usa-se o uso de xampu durante o processo de lavagem capilar.

Xampu: após as mechas ou luzes chegarem na descoloração desejada, o cabelo


deve ser lavado com água fria, com auxílio de um xampu para remover os produtos
aplicados anteriormente nos fios de cabelo. Vale ressaltar que quando for realizar a
lavagem do cabelo, após o processo de descoloração, o profissional deve estar atento a
este procedimento, não deve ter pressa e deve certificar-se que o cabelo ficou bem
limpo. Pois, quando se descolore o cabelo, por mais que se utilize produtos de boa
qualidade, o cabelo perde muito de sua proteção natural, fica poroso com as cutículas
abertas, e isso propicia que partículas de pó descolorante fiquem presas dentro do fio e
possam agir posteriormente.

Tonalização: este processo anterior, de descoloração com auxílio de agente


oxidante e pó descolorante, objetiva descolorir os cabelos do cliente até a cor do fundo
de clareamento do cabelo. Isso explica, por exemplo, porque ao descolorir os fios alguns
cabelos ficam com diferentes tonalidades de vermelho ou amarelo. Por isso, após o
procedimento de descoloração, é necessário realizar a aplicação de uma coloração de
modo a atingir a cor desejada pelo cliente.

Tonalizante: quando se descolore o cabelo, a fibra da haste capilar é


despigmentada e, após este processo, é necessário personalizar a cor das mechas ou
luzes. Esta personalização pode se dar com aplicação de um tonalizante. Esse processo
tem uma importância grande, uma vez que resulta em cabelos mais amarelados ou
avermelhados e nem sempre é o que o cliente espera. Com a tonalização, utiliza-se um
produto para conseguir a cor desejada pelo cliente, e é feita de maneira rápida no
lavatório, durando cerca de cinco minutos, sendo que o tempo varia de acordo com o
fabricante. É possível chegar ao tom desejado pelo cliente de maneira rápida. Um
exemplo de necessidade de tonalização é quando o cliente realiza a descoloração e a cor
alcançada foi de mechas com fundo amarelo (douradas), mas o cliente desejava um
resultado mais natural, com mechas na tonalidade bege. Logo, neste caso, a tonalização
é necessária.

Produtos para higiene dos fios e hidratação: após a coloração, seja com uso de

75
tonalizante ou tintura permanente, o cabelo deve ser lavado com xampu e condicionador
específicos para cabelos recém coloridos, e de acordo com as características do cabelo
do cliente (oleosos, secos, mistos, enrolados, lisos etc.). O passo seguinte é a secagem
dos fios com secador, lembrando de fazer o uso de protetor térmico prévio à aplicação
do secador, considerando que o cabelo encontra-se mais fragilizado em virtude da
coloração. É importante realizar com regularidade a hidratação profunda dos fios, de
acordo com as orientações do profissional e considerando a avaliação dos fios de cabelo
do cliente. Além desses produtos cosméticos necessários para a realização de mechas e
luzes, há a necessidade de outros materiais que irão auxiliar no procedimento: luvas,
pincel, papel alumínio, plaquetes, cubetas e toalhas. Os produtos e materiais necessários
para o procedimento de luzes e mechas são:

• água oxigenada — agente oxidante;

• pó descolorante — agente alcalinizante;

• tonalizante;

• papel alumínio ou touca;

• pente;

• plaquete;

• cubeta;

• pincel;

• luvas.

Técnicas de aplicação de luzes e mechas


Existem algumas técnicas para a realização de luzes e mechas consideradas mais
clássicas e outras mais inovadoras. Isso é empregado também, no momento de divisão
dos fios de cabelo que receberão o tratamento, existindo algumas técnicas com
finalidades específicas, dependendo do tipo de mechas ou luzes que serão utilizadas e
das preferências do profissional.

Quanto à maneira de divisão, seleção e separação dos fios de cabelo, ela pode
76
ser feita através da técnica de desfiar, costurar, mechas em véu ou free hands (mãos
livres). Essas técnicas propiciam ao profissional a organizar e tornar o trabalho mais
exato. Quanto à aplicação, pode-se ainda fazer o uso da touca, do papel alumínio, e
ainda uma aplicação com a plaquete. As técnicas que fazem uso do papel alumínio e
touca são consideradas mais tradicionais e antigas quando comparadas à técnica de free
hands e com uso das plaquetes (FERREIRA, c2015; MARQUES, 2018; PRINCIPAIS
técnicas..., 2018).

Técnica de desfiar, eriçar ou de empilhamento junto à raiz do cabelo


Nesta técnica, conforme a Figura 2, o profissional deve fazer a separação de uma
mecha fina de cabelo. Posterior à separação, deve-se utilizar um pente e deslizá-lo
levemente das pontas em direção a raiz do cabelo, de modo que seja possível separar
uma menor quantidade de fios para a aplicação da coloração. A principal característica
desta técnica é a formação de mechas mais distantes da raiz e com efeito mais natural.

O estilo das californianas pode fazer uso dessa técnica de aplicação. Nesse caso,
o cabelo é desfiado com um pente fino, passando das pontas em direção ao
comprimento dos fios, e o descolorante é aplicado apenas nos fios que ficarem presos
entre os dedos do profissional. As luzes ombré hair também fazem uso dessa técnica. A
separação e o ato de eriçar os fios com o pente fino das pontas em direção à raiz, reduz a
área a ser descolorida, e só recebem o produto descolorante os fios de cabelo que
permanecerem na mão do profissional. Essa técnica promove no estilo ombré hair o
efeito de sutileza.

77
Mechas costuradas ou tricotadas
O profissional deve separar uma parte de fios de cabelo, posterior a isso, deve
utilizar o cabo de um pente e fazer movimentos de costura, de modo a separar fios e
cabelo de maneira intercalada. Nesta técnica, como mostra a Figura 3, as mechas
chegam bem próximas da raiz dos cabelos.

Mechas em véu, transparência ou lâminas


Nessa técnica, o produto é aplicado em toda a mecha de cabelo sem que sejam
feitas separações de fios de maneira costurada ou desfiada como as anteriores,
entretanto, para que garanta os resultados esperados, necessita de uma mecha realmente
bastante fina, quase que transparente, para evitar assim uma marcação exagerada.
Quanto à aplicação do produto, nessa técnica é utilizada a aplicação em diagonal,
criando desenhos no cabelo, como, por exemplo, um desenho em forma de ―v‖.

Free hands
Como o próprio nome diz, essa técnica é chamada de mãos livres e se caracteriza
pela aplicação do produto sobre os fios de cabelo à mão livre, sem utilização de papel
alumínio, plaquetes ou outros equipamentos. O resultado encontrado é mais natural e
com tom mais próximo da cor natural dos fios de cabelo, uma vez que não faz uso de

78
equipamentos que mantenham a temperatura capilar, o clareamento não é tão intenso,
garantindo a naturalidade. O estilo balaiagem pode ser feito com a técnica free hands.
Como na balaiagem, os fios ficam mais claros da região do meio para as pontas e os fios
próximos à raiz permanecem naturais ou com um leve sombreado, assim é indicado o
uso da mão livre. Além disso, a técnica de mãos livres pode ser empregada também na
coloração estilo californiana.

Mechas na touca
É uma das técnicas de aplicação mais clássicas. Faz uso de uma touca feita de
silicone e que possui pequenos furos em toda a sua extensão. O profissional deve
colocar a touca no cliente e retirar através dos furos pequenas mechas de cabelos com
uso de uma agulha de crochê, colorindo posteriormente as mechas de cabelo que foram
retiradas pelos furos. As luzes podem ser realizadas com a técnica da touca, por
exemplo.

Esta técnica de aplicação permite que apenas os cabelos que foram retirados da
touca sejam descoloridos ou tonalizados, de modo que ficam separados daqueles que
devem ser preservados, logo, não há risco de manchar a raiz dos cabelos e os demais
fios. É a técnica considerada mais segura, pois é pouco provável que ocorram erros
decorrentes de manchas nas hastes capilares que não deveriam receber o descolorante.

Uma característica dessa técnica é que ela não pode ser aplicada na nuca, pois a
touca não alcança esta região. A região da nuca permanece com fios mais escuros e se o
cliente optar por utilizar os cabelos presos eles ficarão mais evidentes. Além disso,
como a retirada dos fios de cabelo da touca é um pouco desconfortável, não deve ser
indicada para clientes que possuam muita sensibilidade no couro cabeludo.

A touca deve permanecer na cabeça do cliente até o processo de lavagem, pois


evita que haja contato do produto descolorante com os demais fios que não receberão o
tratamento. Após a retirada do produto descolorante com a lavagem, a touca pode ser
retirada.

Mechas com uso de papel alumínio


Considera-se uma técnica clássica de aplicação de mechas e luzes. Essa técnica

79
se caracteriza pela colocação de papel alumínio envolto na mecha de cabelo,
previamente separada, de modo que ele acelere o processo de descoloração ou coloração
da haste capilar. A colocação do papel alumínio aumenta a temperatura local e facilita a
abertura das cutículas, de modo que os produtos ajam com mais velocidade.

O resultado com esta técnica é bem variado, podendo ser empregada nas mechas
ombré hair, californianas, mechas com diferentes características. Apresenta como
vantagem, quando comparada à técnica da touca, a aplicação na região da nuca de modo
que o resultado é mais uniforme e ideal para clientes que utilizam cabelos presos. Além
disso, o resultado com o uso do papel alumínio é mais rápido, reduzindo o tempo de
tratamento, uma vez que ele acelera o processo de descoloração capilar.

Nessa técnica, o risco de manchar os fios é maior, uma vez que o papel alumínio
pode abrir-se ou escorregar, provocando um vazamento do produto e,
consequentemente, alterando o resultado esperado. Além disso, essa técnica exige a
abertura do papel alumínio para checagem dos fios.

Para retoques de luzes e mechas é melhor utilizar a técnica com papel alumínio,
plaquetes ou mãos livres, pois a técnica de uso de touca não é a mais indicada, pois cada
vez que for aplicada novas mechas de cabelo serão novamente descoloridas e não
somente a raiz das descoloridas anteriormente. Dessa maneira, se o cliente fizer
retoques frequentes, cada retoque representará maior descoloração e muitas vezes esse
não é o objetivo.

Mechas com uso de plaquetes


Plaquete é um instrumento, como vemos na Figura 4, que pode ser usado para
auxiliar no processo de luzes e mechas, pois serve de suporte para os fios que receberão
os produtos cosméticos que atuarão na descoloração ou tintura.

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Pode ser empregada associada com outras utilizações, como com o papel
alumínio, de modo que a plaquete sirva de base para a mecha de cabelo envolta no papel
alumínio, dando mais segurança para trabalhar.

Existem disponíveis na área de estética capilar várias técnicas destinadas à


realização de luzes e mechas. A escolha de cada uma delas dependerá de vários fatores,
dentre eles: estilo das mechas e luzes, preferência do profissional, vantagens e
desvantagens e indicações, como retoques ou outros.

Matização e correção de cores


O uso de colorações e descolorações é muito frequente entre pessoas que
buscam alterar a aparência através da modificação ou intensificação das cores do
cabelo, objetivando um aumento da autoestima. Entretanto, esses tratamentos, quando
não são bem realizados, podem trazer uma série de problemas que resultam em uma cor
indesejada.

Considerando esses problemas, neste capítulo você irá conhecer os princípios


básicos para realizar a correção das cores indesejadas após tratamentos de coloração e
descoloração, e aprenderá como fazer uso de diferentes tipos de tinturas, incluindo
permanentes, temporárias e semitemporárias, para garantir os efeitos corretivos nos fios,

81
de modo a atender os objetivos dos clientes.

Princípios de colorimetria para a correção de cores

Erros nos resultados finais de colorações


Diariamente chegam aos salões de beleza clientes que procuram o serviço de
estética capilar por estarem insatisfeitos com os resultados de coloração realizados,
buscando tratamentos para a correção da cor. As causas dessas insatisfações podem ser
decorrentes de vários fatores, incluindo falta de conhecimento de princípios básicos da
colorimetria, falta de análise prévia do cabelo, métodos incorretos, produtos de má
qualidade ou até mesmo por tratamentos realizados no ambiente domiciliar pelo próprio
cliente. Esses erros podem acometer todo o cabelo, ou regiões específicas como raíz ou
as mechas e luzes. Alguns dos problemas de coloração mais encontrados são:

• Cabelos com coloração final demasiadamente clara: nesse caso, as possíveis


causas estão na escolha errada do tom ou utilização de um oxidante muito forte.

• Cabelos que desbotaram muito rápido: a perda muito rápida da cor é causada
por tempo insuficiente da ação do produto ou oxidante muito forte.

• Cabelos com coloração final muito escura: normalmente causado por erro na
escolha do tom, utilização de um oxidante muito suave ou excesso de pigmentos cinza
na mistura preparada.

• Cobertura insuficiente de cabelos brancos: nesse caso, o erro mais comum está
relacionado à falta de adição de cor base extra na mistura do produto.

• Cabelos loiros demasiadamente amarelos: problema normalmente causado por


falta de neutralização de pigmentos amarelos, geralmente por falta de adição extra de
pigmentos violeta na mistura da tintura.

Esses problemas com coloração podem, em sua maioria, ser evitados com a
realização de um procedimento considerando as leis de colorimetria, técnica adequada e
a escolha de produtos de qualidade. O conhecimento das leis de colorimetria utilizando
o círculo cromático, garante maior exatidão na escolha da cor desejada e prevê o
resultado e a cor real que será revelada após o tratamento com coloração (ANEETHUN,

82
2016; CASTRO; DE SANTIS, 2017; COMO matizar o cabelo..., 2017; FREITAS;
PEREIRA; PIMENTEL, 2016).

Correção de cores
Quando esses problemas surgem, pode-se fazer uso da colorimetria para tentar
corrigir os resultados indesejados das colorações. Para tanto, utilizam-se técnicas de
correção de cores baseadas no princípio das cores representadas na estrela de Oswald. A
estrela de Oswald é uma representação esquemática da matemática das cores e
representa as cores básicas e as que são possíveis alcançar por meio da mistura das
tonalidades. A estrela é utilizada para se chegar ao resultado desejado, intensificar uma
cor natural, além de ser possível também fazer a correção de uma tintura que deu
errado. Sobre sua formação, é composta por seis pontos, sendo que cada um representa
uma cor. O princípio de correção de cores utiliza a definição de cores complementares
existentes na estrela de Oswald.

A teoria das cores complementares diz que duas cores neutralizam a cor que se
encontra na linha convergente, de modo que cada cor possui uma cor oposta e quando
aplicada sobre ela possui o poder de neutralizá-la, proporcionando assim um equilíbrio
de cor. A estrela de Oswald e as cores complementares podem ser vistas na Figura 1.
Essa neutralização é importante no momento em que se deseja realizar a correção de
cores indesejadas no cabelo. É possível observar que as cores opostas a cada tom, são os
tons que podem ser anulados ou neutralizados com aquela cor. Por exemplo, o vermelho
possui a capacidade de neutralizar a cor verde, o roxo consegue neutralizar o amarelo e
o azul neutraliza a cor laranja (ANEETHUN, 2016; CASTRO; DE SANTIS, 2017;
COMO matizar o cabelo..., 2017; FREITAS; PEREIRA; PIMENTEL, 2016).

83
A estrela de Oswald permite que o profissional utilize os princípios de cores
quentes e frias para auxiliar na correção das cores. Para entender melhor esse processo,
confira a Figura 2.

Lembre-se que na colorimetria é possível separar na representação esquemática


as cores quentes e frias, sendo que tons ou cores quentes são aqueles que possuem
grande saturação de pigmentos de alta vibração, como amarelo, vermelho e laranja,
enquanto que as tonalidades frias são tons mais fechados, geralmente utilizados para
84
equilibrar ou corrigir tonalidades que ficaram muito quentes, reduzindo assim a sua
intensidade e deixando o cabelo com tonalidades menos vibrantes.

O princípio básico de correções de cores baseia-se nas cores complementares da


estrela de Oswald, que se encontram dispostas opostamente na representação gráfica.
Dessa maneira, o profissional que conhece e entende esses princípios é capaz de corrigir
quaisquer erros de coloração que possam ter ocorrido. Para tanto, os produtos utilizados
para as correções podem ser tinturas de diferentes características, como as tinturas
permanentes oxidativas, as tinturas semipermanentes, tinturas temporárias ou ainda a
matização, sendo que cada uma possui mecanismos de ação diferenciados sobre os
cabelos, o que permite que algumas tenham maior durabilidade que outras, de acordo
com os objetivos do profissional e do cliente.

Matização
Além da correção de cor aplicada a cabelos que receberam colorações e que não
ficaram da tonalidade desejada, existe a definição de matização. Matizar significa
neutralizar uma cor no cabelo e, nesse caso, é aplicado a cabelos descoloridos, coloridos
ou aos cabelos loiros naturais. A indicação se dá em virtude de que estes cabelos estão
mais expostos à oxidação devido a fatores externos como: poluição, radiação UV, cloro
da água, dentre outros fatores e que provocam o desbotamento da cor com o passar dos
dias.

Os produtos matizadores são capazes de agir tanto na correção da cor quanto na


nutrição dos cabelos. O termo ―matizar‖ refere-se a um processo de correção da cor do
cabelo através do uso de produtos como: xampus, máscaras ou cremes sem a utilização
de água oxigenada. O procedimento é de fácil funcionamento, uma vez que consegue
tirar o amarelado dos fios e dar um ar mais platinado ou apenas proporcionar a cor
desejada aos fios.

A matização é indicada principalmente para os cabelos que tenham tendência ao


desbotamento, pois intensifica a cor que parece estar apagada e neutraliza o fio de
cabelo. O procedimento de matização é rápido, com duração de aproximadamente cinco
minutos. Além disso, é um processo que traz muitos benefícios para os fios que já
possuem tintura, já que auxilia tanto na manutenção da cor, quanto na obtenção do tom

85
desejado. Permite que os fios coloridos, independentemente da cor, possam ser
realçados, ficando com um tom muito mais brilhante, luminoso e vivo.

Essas indicações da matização permitem, por exemplo, que um cabelo loiro


natural ou um cabelo que foi descolorido recentemente, não necessite passar novamente
por um processo de tintura, reduzindo assim os danos químicos à haste capilar.
Basicamente, o processo de matização pode ser aplicado em poucas mexas para gerar
um efeito mais uniforme ou mesmo aplicado em todo o cabelo dando um visual ainda
melhor para os fios. A indicação principal da matização é para casos de mechas e luzes
capilares que obtiveram a tonalidade desejada no dia do procedimento, mas que com o
passar dos dias acabaram desbotando. Dessa maneira, as mechas e luzes devem ser
matizadas com o produto adequado, para eliminar os efeitos negativos anteriores,
refazendo os tons mais adequados para o cabelo. Um exemplo de matização é de
clientes que realizaram mechas loiras, mas que ficaram amareladas ou mesmo com
tonalidades alaranjadas após certo tempo. Utilizando a matização esses efeitos são
amenizados e dão lugar a mechas com o tom escolhido pelo cliente.

Uma diferença importante entre a aplicação de correção de cores com uso de


tinturas para o uso de matização é que neste último caso os resultados não são tão
imediatos como na aplicação das tinturas, uma vez que os produtos matizadores agem
de forma gradual durante as lavagens dos fios.

O princípio da matização também é o uso das cores complementares que se


neutralizam. Se difere do uso de tinturas corretivas porque, nesse caso, a matização
possui mais a função de corrigir a cor do cabelo que já possui coloração e o processo
pode, inclusive, ser feito em diversos momentos, antes ou depois da coloração,
dependendo do objetivo do profissional, ao contrário da tintura, que caracteriza-se por
ser uma técnica que causa mudança na cor dos fios.

Quanto ao uso de máscaras matizadoras, mesmo a aplicação sendo simples, é


importante que o cliente seja orientado sobre o seu uso, uma vez que a aplicação errada
pode gerar a formação de reflexos indesejados. Por exemplo: máscaras azuis
neutralizam cabelos com tonalidade laranja, mas quando aplicadas a cabelos amarelados
o cabelo pode ficar verde. Máscaras violetas neutralizam amarelo, mas se aplicadas a
cabelos com fundo de clareamento laranja, não vai corrigir, apenas manter a coloração

86
laranja.

Considerando que a correção de cores pela matização ocorre de maneira igual a


das tinturas aplicadas na correção, ou seja, pelo uso de cores complementares ou
também chamadas de opostas, o Quadro 1 apresenta o uso de cores corretivas na
colorimetria capilar (ANEETHUN, 2016; CASTRO; DE SANTIS, 2017; COMO
matizar o cabelo..., 2017; FREITAS; PEREIRA; PIMENTEL, 2016).

O uso de corretores, sejam eles tinturas ou matização, é muito importante para o


profissional de estética capilar em sua prática diária, considerando as demandas desse
procedimento no dia a dia dos salões, como maneira de corrigir uma coloração não
desejada e até mesmo de evitar que esses efeitos ocorram. Os exemplos a seguir trazem
situações bastante comuns que demandam de correções de colorações.

Tintura permanente oxidativa para correção de cores


As tinturas permanentes oxidativas possuem como principal característica um
efeito mais duradouro, resistente a lavagens com xampu e outros fatores externos, tais
como: aplicação de temperatura de secador de cabelo, fricção, luz, entre outros. Isso se
deve ao mecanismo de ação das mesmas, que por atuarem através de um processo
químico chamado de oxidação, o qual ocorre no córtex do cabelo, permite que as
moléculas de pigmentos formadas em seu interior sejam grandes o suficiente para não
saírem dos cabelos tão facilmente no processo de lavagem, por isso seu efeito é
considerado permanente.

Entretanto, a vantagem de ter um efeito mais duradouro traz consigo uma

87
desvantagem, que é a maior agressão química aos fios. Pois, para garantir o processo de
oxidação que resultará na coloração dos fios, os produtos utilizados nesse tipo de
coloração torna esta técnica mais agressiva aos fios de cabelo, quando comparadas às
demais. Não obstante, esta técnica deve ser utilizada com precaução em clientes que já
possuam muitas químicas no cabelo, uma vez que acumulam mais danos à haste capilar
e podem predispor ao aparecimento novos danos.

O uso de tinturas permanentes oxidativas pode ser aplicado em correções


capilares, mas deve se levar em conta a agressão causada aos fios. Desta maneira, deve-
se realizar, por exemplo, uma avaliação prévia dos fios e verificar se os mesmos
possuem condições de passar por dois processos químicos no mesmo dia. Ou seja, se o
cliente realizou uma coloração permanente nos fios em um dia e não gostou do
resultado, pode-se aplicar nova coloração permanente nos fios, mas é necessário
verificar se os mesmos estão aptos a passar por novo processo químico.

Indica-se, em casos de cabelos que se encontram muito danificados, um


tratamento prévio, com uso de hidratação profunda antes da correção da cor com tintura
permanente. Além disso, este tratamento é indicado para correções consideradas mais
difíceis de serem realizadas, como nos casos de cabelos brancos. Considerando a alta
resistência que os fios brancos possuem ao serem coloridos, a utilização da correção de
cores pode ser empregada nesses casos. Muitos clientes realizam luzes e mechas com
intuito de esconder os fios brancos, mas em situações em que eles continuam
aparecendo, pode-se empregar a tintura permanente, aplicando uma tonalidade num tom
mais claro que a cor natural antes das luzes ou mechas. Dessa forma, o profissional
utilizará a tintura permanente apenas nas áreas de cabelos brancos, visando ―apagá-los‖,
garantindo assim maior uniformidade na coloração.

No caso de colorações que foram aplicadas em todo o cabelo, visando esconder


os fios brancos e o resultado foi de cabelos não uniformes, pode-se fazer a aplicação da
tintura permanente caso a quantidade de fios brancos seja relevante, uma vez que aplicar
outras tinturas de efeitos menos duradouro não cobrirá esses fios.

Cabelos que ficaram com tonalidades mais claras que dois tons do desejado
também necessitam de tinturas oxidativas permanentes para correção, uma vez que é a
única alternativa que consegue escurecer mais tons. Nesse caso, se for aplicado

88
tonalizante (tintura semipermanente), possivelmente não se alcançará a cor desejada. O
indicado nesse caso é, após realizar a avaliação dos fios, reaplicar a tintura permanente
oxidativa.

Para cabelos coloridos com tonalidades marrons e que equivocadamente


ficaram muito avermelhados, com tonalidades acobreadas, indica-se a aplicação de
tintura permanente, considerando as condições dos fios, utilizando pigmentos de
coloração verde, para amenizar os reflexos vermelhos e muito quentes, gerando como
resultado um cabelo marrom e menos intenso. Todas essas correções com uso de tintura
oxidativa permanente devem seguir as regras de colorimetria apresentadas na estrela de
Oswald, através do princípio de cores complementares (GAMA, 2010; GOZ
COSMÉTICOS, 2018; MILIAUSKAS, 2017; PORTAL EDUCAÇÃO, 2012).

Além de saber qual a tonalidade adequada a ser aplicada, a técnica de utilização


também é importante. A seguir você confere um exemplo de correção de cor utilizando
tintura oxidativa.

Tintura semipermanente ou temporária para a correção de cores


Outras tinturas que podem ser empregadas em tratamentos capilares de correção
de cores são as tinturas semipermanentes, também chamadas de tonalizantes ou tinturas
temporárias. Quanto à cor escolhida para a correção, também serão utilizadas as regras
de colorimetria considerando o princípio de cores complementares. Quando comparadas
às correções com tinturas oxidativas permanentes, as tinturas temporárias ou
semitemporárias possuem uma duração de coloração nos fios menor em virtude de
mecanismos de atuação diferenciados.

Quanto à ação nos fios de cabelos, essas tinturas agem sem que ocorra um
processo de oxidação no interior da haste capilar, logo os pigmentos ficam armazenados
na camada externa da haste capilar, nas cutículas capilares. No caso de tinturas
temporárias e no caso de tinturas semipermanentes, as moléculas de pigmentos chegam
ao córtex e permanecem depositadas lá, entretanto, como as moléculas são
relativamente pequenas, com os processos de lavagem elas vão saindo do fio
gradativamente, durando aproximadamente um mês, além do que, permitem apenas o
escurecimento ou clareamento de tom sobre tom. Enquanto que as temporárias são

89
removidas com um único processo de lavagem.

A vantagem de utilizar a tintura semipermanente, também chamada de


tonalizante, e a tintura temporária é por ser mais facilmente aplicada e não causar tantos
danos na haste capilar, quando comparada à tintura permanente. Entretanto, sua
desvantagem nas correções de coloração é que não possuem um poder muito alto de
transformação, não sendo efetivas em situações onde se necessita escurecer ou clarear
mais tons, como três ou mais e em cabelos com muitos fios brancos, visto sua
resistência à coloração. As tinturas semipermanentes podem ser aplicadas a fios brancos
em casos onde não são expressivos, de maneira que o tonalizante consiga cobri- -los e
corrija este efeito indesejado.

As tinturas semipermanentes são ainda empregadas principalmente no caso de


mechas ou luzes que não chegaram a uma tonalidade adequada. Durante o processo de
descoloração dos fios, que ocorre inicialmente nas luzes e mechas, a cor de fundo de
clareamento dos mesmos é evidenciada. Algumas tonalidades de cabelo possuem
fundos de clareamento que não são desejados normalmente pelo cliente, como amarelos
e vermelhos. Dessa maneira, indica-se o uso de tonalizantes aplicados às luzes e mechas
de cabelos descoloridos previamente, utilizando-se a cor para neutralizar a cor de fundo
e também para se alcançar a tonalidade desejada pelo cliente.

Além disso, com o passar dos dias e das lavagens, os cabelos com luzes e
mechas podem ir perdendo a coloração inicial, de modo que ficam algumas vezes com
mechas amareladas, dando um aspecto inestético dos fios. Nesse caso, pode-se indicar
ao cliente o uso de uma tintura temporária encontrada na forma de xampu, máscaras ou
cremes e que irão ser aplicados nos fios durante o processo de lavagem, evitando assim
esse efeito indesejado. Esses xampus aplicados a luzes e mechas loiras, mas que estão
amareladas, podem ainda ser empregados em cabelos descoloridos ou coloridos com
tonalidades claras e que passem pelo mesmo processo de amarelamento dos fios.

Cabelos que foram coloridos e estão com cores indesejadas, e que não possuam
condições de serem submetidos a novo tratamento com tintura permanente, podem ser
tratados com tonalizantes, que possuem menos agentes agressivos ao fio de cabelo. Essa
indicação é aplicada, por exemplo, a um cliente que tonalizou o cabelo de marrom no
dia de hoje e que resultou em um marrom extremamente avermelhado. Na avaliação,

90
percebe-se que o cabelo está fragilizado e não deve passar por mais um processo
químico agressivo. Este cliente não quer esperar até no dia seguinte para a correção
definitiva, logo, pode-se fazer a aplicação do tonalizante ainda no salão, desde que bem
explicado ao cliente que o efeito não é definitivo.

Considerando o princípio de cores complementares, essas tinturas aplicadas aos


fios loiros e amarelados devem possuir pigmentos em tonalidades violeta, visando
amenizar o efeito amarelo.

Para cabelos com tonalidade marrom, é normal que ocorra o processo de


desbotamento natural e demonstre, com o passar dos dias, o fundo de clareamento
avermelhado. Neste caso, indica-se o uso de tonalizantes ou tinturas temporárias de
tonalidades que possuam a cor verde em sua estrutura. Além disso, os cabelos de
tonalidade marrom (castanhos) podem sofrer um processo de descoloração dos fios pelo
processo de exposição solar pela ação da radiação, de modo que adquiram reflexos
avermelhados. Quando indesejados, também pode-se fazer o uso de tonalizantes ou
tinturas temporárias para amenizar esses danos.

O uso de tinturas temporárias para correção de cores é também chamado de


banho de brilho, pois faz uso de xampus tonalizantes que podem ser aplicados
facilmente pelo cliente no processo de lavagem dos fios no ambiente domiciliar
(GAMA, 2010; GOZ COSMÉTICOS, 2018; MILIAUSKAS, 2017; PORTAL
EDUCAÇÃO, 2012).

Diante dessas informações, é possível verificar que a correção das cores


indesejadas dos fios se faz baseando-se no princípio de cores complementares que se
encontram distribuídas de maneira oposta na estrela de Oswald, também chamada de
círculo cromático.

A escolha do tipo de tintura que será utilizado em cada correção dependerá de


alguns fatores, como: condições do fio de cabelo, que irão determinar se este cabelo
pode ou não passar por um processo de coloração com tintura permanente oxidativa, o
tipo de erro que aconteceu e a duração que se espera da correção. Considera-se, ainda,
que alguns tipos de tinturas podem ser facilmente utilizados, desde que bem indicados,
pelo próprio cliente, como o caso de xampus tonalizantes, que por serem tinturas
temporárias possuem poucos riscos de erros. Enquanto que tinturas oxidativas

91
permanentes demandam um processo de correção mais específico e não devem ser
orientadas a serem realizadas no ambiente domiciliar.

Cobertura de cabelos brancos e grisalhos


O processo de envelhecimento capilar traz consigo uma série de alterações nos
fios de cabelo, incluindo o aparecimento de fios brancos e grisalhos. Estes fios têm
características específicas, que precisam ser consideradas no momento de se realizar
qualquer tratamento de coloração, uma vez que os cabelos brancos são mais resistentes
às colorações.

Aqui, você vai estudar o processo de envelhecimento capilar e entender por que
surgem os fios de cabelos grisalhos e brancos, conhecerá os produtos aplicados, as
colorações e, ainda, conhecerá as principais técnicas aplicadas aos tratamentos de
cobertura de fios brancos, garantindo, assim, maiores chances de cobertura uniforme
dos fios.

Envelhecimento capilar
Segundo Halal (2011), Rivitti (2018) e Terribile (2013), o processo de
envelhecimento afeta todos os sistemas do organismo, incluindo os cabelos. O
envelhecimento capilar desencadeia vários acontecimentos, incluindo principalmente a
perda do pigmento natural dos cabelos, resultando em cabelos grisalhos e brancos. Esse
é um processo fisiológico do organismo, também chamado de canície ou encanecimento
e tem início assim que começam a surgir os primeiros cabelos grisalhos e brancos,
sendo um processo que ocorre de maneira progressiva e permanente no organismo
humano.

Em condições normais, o processo tem início, em média, na terceira década de


vida, mas pode surgir os primeiros sinais mais precocemente ou mais tardiamente,
dependendo de alguns fatores, como raça e sexo. Em pessoas brancas, o processo tem
início em média aos 30 anos, em pessoas asiáticas tem início ao final dos 30 anos e por
volta dos 40 anos em pessoas negras. Ainda há diferenças significativas entre gêneros,
sendo que homens apresentam maior intensidade e incidência de cabelos brancos
quando comparado às mulheres.

92
Algumas doenças podem induzir ao aparecimento de cabelos brancos e grisalhos
mais precocemente, como em casos de doenças autoimunes como hipertireoidismo,
hipotireoidismo e anemia perniciosa, além de fatores hereditários que podem induzir ao
envelhecimento capilar prematuro.

Basicamente, o surgimento de fios acinzentados, também chamados de


grisalhos, e posteriormente de cabelos brancos, dá-se pela perda de pigmentos dos fios
de cabelo, pigmento chamado de melanina. A melanina é uma substância responsável
justamente por garantir a coloração dos fios de cabelo e essa perda de pigmento ocorre
devido à deficiência ou ausência da sua produção, o que altera a coloração capilar.

A melanina é produzida de forma natural pelos melanócitos, que são células


especializadas que se localizam no bulbo capilar (raiz do cabelo), através de um
processo chamado de melanogênese. Essas células são responsáveis pela produção de
melanina, substância que dá cor ao cabelo. A produção de melanina pelos melanócitos é
ativada através de uma enzima chamada de tirosinase, que age sobre outra substância,
chamada de tirosina, que é convertida em outras substâncias subsequentes, como a dopa
e dopaquinona, que por fim irão dar origem à molécula de melanina. A molécula de
melanina, que servirá como um pigmento para os fios de cabelo, é armazenada dentro
de organelas especializadas, os melanossomos, que irão incorporar o pigmento de
melanina nas fibras capilares em crescimento para produzir uma gama de tonalidades
naturais de cabelo.

Na Figura 1 é possível visualizar um melanócito, célula responsável pela


produção de melanina, que dá cor aos cabelos. Eles encontram-se localizados abaixo da
pele do couro cabeludo, entre a derme e a epiderme.

Com o envelhecimento, o processo de melanogênese fica alterado, gerando a


redução e posterior perda dos pigmentos de melanina. A perda é desencadeada pela
redução e posterior ausência na atividade da enzima tirosinase, que é responsável pela
síntese de melanina, substância que dá cor aos cabelos, desencadeando, assim,
progressivamente, cabelos acinzentados e brancos. A redução da enzima tirosinase
ocorre em virtude do progressivo processo de envelhecimento, e que associado à
predisposição genética, resulta em menor atividade dos melanócitos e,
consequentemente, o aparecimento dos fios brancos.

93
A redução de tirosinase e consequente redução na quantidade de melanina dos
fios é desencadeada pela redução na quantidade de grânulos de melanina que ocorre de
maneira gradual. O surgimento de cabelos grisalhos, de coloração acinzentada, ocorre
inicialmente no processo de envelhecimento capilar e é quando já se produz uma
quantidade menor de melanina. Nessa fase, os melanócitos, células responsáveis por
armazenar a melanina produzida, encontram- -se em atividade, mesmo que reduzida. E
o surgimento de fios brancos ocorre quando há ausência na síntese de melanina, de
maneira que os melanossomos não tenham como armazenar essas substâncias, ficando
sem atividade celular.

Alguns hábitos podem resultar no aumento da produção de radicais livres, como

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exposição excessiva ao sol, má alimentação, tabagismo, alcoolismo e poluição do ar. O
aumento de radicais livres atua de maneira negativa sobre a tirosinase, desestabilizando-
a e reduzindo sua função e consequentemente induzindo o envelhecimento capilar
precoce. Quanto à localização dessas alterações, o aparecimento dos fios brancos ocorre
inicialmente nas têmporas e progride para o restante do couro cabeludo, e
posteriormente para os demais pelos do corpo, como barba, por exemplo.

Os cabelos brancos se diferenciam dos demais por apresentarem características


específicas, além da perda do pigmento de melanina. O envelhecimento capilar, além de
causar o embranquecimento dos fios, gera outras manifestações, como a perda da
densidade máxima do cabelo e da espessura. A espessura reduzida é causada porque,
com o envelhecimento capilar, os folículos terminais transformam-se em cabelos mais
finos. Há ainda redução do crescimento dos fios com o processo de envelhecimento,
sendo que a partir dos 70 anos de idade há redução no crescimento capilar de ambos os
gêneros com média de aproximadamente 0,33 mm ao dia.

Todas essas mudanças ocorrem pelo fato de as células dos folículos capilares
diminuírem suas atividades de maneira fisiológica, com o passar do tempo. Há ainda a
redução na produção das proteínas que constituem a haste capilar, além de redução de
lipídios. Esta redução leva a uma desorganização das estruturas que constituem a haste
capilar, tornando o cabelo mais frágil e envelhecido. Somado a isso, o organismo ainda
se apresenta com redução progressiva de alguns hormônios, como os hormônios
sexuais, que estão envolvidos na formação e no desenvolvimento dos cabelos.

Não obstante, o cabelo branco é muito mais poroso e armazena maior quantidade
de ar em seu interior. Isso se deve ao fato da sua camada externa (cutícula) apresentar
células menos compactadas, de modo que a luz não pode ser refletida, porque não se
encontra na presença de uma superfície lisa. Estas duas características resultam em um
cabelo branco que possui ausência de refração ou reflexo, por isso, sua característica é
―apagada‖.

Diante disso, o cabelo grisalho ou branco, além de não possuir ou possuir uma
quantidade de melanina menor que o esperado para a coloração dos fios, apresenta
outras características decorrentes de outras modificações que ocorrem no processo de
envelhecimento capilar, citadas a seguir: cabelos com brilho reduzido, maior

95
ressecamento, afinamento dos fios, diminuição do volume e da densidade capilar,
redução na velocidade de crescimento capilar e maior fragilidade do fio por sua
porosidade aumentada.

Essas características precisam ser consideradas nos processos de coloração,


considerando que são necessárias algumas precauções para os tratamentos voltados para
cabelos brancos. Um exemplo disso é que se uma coloração for aplicada aos cabelos
brancos, o cabelo se transformará na tonalidade aplicada, mas conservará menos brilho
em seus fios. Além disso, muitas vezes, a coloração quando aplicada aos cabelos
brancos fica com característica transparente, não cobrindo bem todos os fios de cabelo.

Produtos para cobertura de cabelos brancos e grisalhos


Quanto aos produtos cosméticos utilizados nas colorações para cobertura de fios
brancos e grisalhos, dependerão da escolha da técnica de cobertura que será empregada,
mas todos farão uso de colorações (BEAUTTY COLOR, 2018).

Tintura ou coloração: existe no mercado três tipos de coloração destinadas á


cobertura de fios brancos, as semipermanentes, as temporárias e as permanentes. Para a
escolha, indica-se para quem possui mais de 30% dos fios brancos as colorações
permanentes. Isso porque esse tipo de tintura penetra na fibra capilar e muda a
pigmentação do fio, o que garante maior durabilidade e maior cobertura. A tonalização
através do uso de tinturas semipermanentes deve ser indicada para clientes que possuam
menos de 30% de fios brancos. A tintura temporária é encontrada sob a forma de xampu
totalizante e não apresenta um resultado muito efetivo, uma vez que sua duração é de
apenas uma lavagem e não garante cobertura uniforme.

Agente oxidante (água oxigenada): utilizada em todas as colorações e ainda na


técnica de cobertura de fios brancos através da mordaçagem e da pré- -pigmentação.
Sua ação no cabelo é desencadeada pela alteração do pH do cabelo, criando um
ambiente mais alcalino e pela abertura das cutículas da camada externa dos fios de
cabelo, de modo que os pigmentos da coloração possam adentrar mais facilmente no
córtex e gerar efeitos mais efetivos. Além disso, é utilizada em uma das técnicas de
cobertura chamada de mordaçagem, gerando um efeito de abertura de cutículas prévia à
coloração final. A escolha da volumagem dependerá da tonalidade de cabelo

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apresentada pelo cliente e da coloração final desejada. Indica-se água oxigenada de 10
volumes, por ser mais branda em situações onde se objetive tonalizar os cabelos, ou se
já foi aplicada tintura semipermanente. O volume de 10 é empregado ainda para a
técnica de mordaçagem. Para reforçar a cor e clarear um nível se indica a de 20
volumes, para clarear dois níveis a de 30 volumes e para clarear três a cinco níveis,
indica-se o uso de 40 volumes.

Água morna: a água morna pode ser empregada na técnica de pré-pigmentação e


seu uso justifica-se pelo efeito do calor gerado pela água ao dilatar as cutículas,
possibilitando uma maior abertura das mesmas e facilitando a penetração do pigmento
da coloração.

Além dos produtos elencados anteriormente, outros produtos são utilizados no


processo de cobertura de cabelos brancos e grisalhos como coadjuvantes, como:
xampus, condicionares, cremes de tratamento, máscaras e produtos para uso domiciliar.
A escolha desses produtos deve atender às características dos cabelos brancos e
grisalhos, como a porosidade e a resistência aumentada, a redução na hidratação e
tendência ao ressecamento, de modo que possam atuar de maneira complementar nos
tratamentos para coloração de cobertura de fios brancos e grisalhos. Pode-se indicar o
uso de produtos de uso domiciliar para o cliente.

Os produtos utilizados devem atender às normas de regulamentação e ter registro


na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de ter um armazenamento
correto conforme orientação do fabricante, de modo a garantir resultados seguros na
utilização.

Técnicas empregadas na cobertura de cabelos brancos e grisalhos


As técnicas empregadas na coloração de cabelos grisalhos e brancos possuem
como finalidade a melhor cobertura dos fios, uma vez que fios grisalhos e brancos
possuem características distintas dos demais cabelos, incluindo maior porosidade e
maior resistência à coloração. O efeito mais indesejado que pode surgir nas colorações
desses tipos de cabelo é o efeito transparência, que é caracterizado pela não cobertura de
todos os fios, resultando em cabelos brilhantes e com reflexos não desejados.

Muitos clientes optam por fazer a cobertura dos fios brancos no ambiente

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domiciliar com a aplicação de tonalizantes, entretanto, essa técnica por si só não garante
a cobertura ideal. Existem algumas técnicas que podem ser associadas à coloração dos
fios e que evitam o efeito transparência no resultado final.

Alguns parâmetros precisam ser considerados no momento de se fazer a escolha


da melhor técnica de cobertura de fios brancos entre eles está a concentração de fios
brancos e a espessura dos fios, que podem ser finos, médios ou grossos. A concentração
e cabelos brancos pode ser classificada em baixa, quando o cliente possui de 0 a 30%
dos fios brancos, média, quando o cliente possui de 30 a 70% dos fios embranquecidos
e alta quando a porcentagem é superior a 70%.

Sobre a coloração escolhida, para garantir uma cobertura total e obter uma altura
de tom natural, é preciso considerar também a porcentagem de fios brancos. Clientes
com baixa porcentagem de fios brancos devem fazer o uso de uma tonalidade cerca de
um tom mais claro, cabelos com média porcentagem devem fazer uso de uma tonalidade
igual à natural e cabelos com alta porcentagem de brancos devem receber tonalidades
um tom mais escuro que o natural, quando o objetivo é apenas esconder os fios brancos
sem mudar a tonalidade natural dos fios.

Dentre as técnicas que podem ser empregadas nas colorações de cabelos brancos
e grisalhos, cita-se: a mordaçagem, a pré-pigmentação, adição de base, técnica de
redução, técnica de deposição e a rinsagem. Essas técnicas podem ser utilizadas de
maneira isolada ou associadas em tratamentos de coloração de cabelos brancos,
considerando que em algumas situações a utilização de apenas uma técnica não será
suficiente para garantir o resultado desejado.

Técnica de mordaçagem
Conforme Bellkey (2018), Rocha (2016) e Unilever (2017), a técnica de
mordaçagem auxilia na coloração de fios brancos, uma vez que propicia que o pigmento
penetre mais profundamente nos fios de cabelo mais resistentes, que é o caso dos fios de
cabelo branco. Trata-se de procedimento realizado antes da aplicação da coloração,
facilitando a penetração posterior da coloração nos fios e garantindo ao cliente melhor
cobertura de fios brancos.

A técnica é realizada através da aplicação de um agente oxidante de baixo

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volume, normalmente dez volumes, sobre os cabelos brancos previamente à coloração.
No caso de cabelos brancos grossos, aplica-se a água oxigenada em todo o cabelo e em
casos de alguns fios brancos mais resistentes, pode-se aplicar apenas nas áreas que
possuam maior resistência à coloração. A aplicação deve ser feita com auxílio de um
pincel ou de algodão. Após a aplicação do oxidante se espera o cabelo secar por
completo de maneira natural ou com uso de secador. Com o oxidante seco nos fios de
cabelo e sem realizar enxague, o profissional aplica a coloração desejada seguindo as
orientações do fabricante.

O mecanismo de ação da técnica de mordaçagem se baseia no princípio de que a


água oxigenada de baixo volume, que atua como agente oxidante nesse caso, quando
aplicada aos fios de cabelos brancos, age nas cutículas da camada externa da haste
capilar, dilatando-as e promovendo a sua abertura, de modo que a coloração aplicada
posteriormente possa atuar de maneira mais efetiva no córtex e reduzindo a chance do
cabelo ficar com um resultado muito transparente no final da coloração.

A indicação da técnica de mordaçagem é destinada a clientes que possuam alta


porcentagem de fios brancos, entre 70 e 100% dos fios, e destinada a cabelos brancos
mais resistentes, que possuam história de colorações prévias com resultado final com
presença de transparência e cobertura inadequada dos cabelos brancos. Isso se justifica
porque cabelos brancos mais resistentes e grossos possuem brilho excessivo e
quantidade de queratina aumentada, que na verdade funciona como uma barreira para a
coloração, de modo que a aplicação de coloração nesses fios, sem a técnica de
mordaçagem prévia, resulta normalmente em cobertura comprometida dos fios brancos.
Assim, é necessária uma avaliação prévia dos cabelos brancos para que a indicação seja
feita adequadamente, pois nem para todo o cabelo branco deve ser indicada a técnica de
mordaçagem, apenas para os cabelos mais grossos e resistentes.

O fato de não se realizar a mordaçagem em todos os clientes com cabelos


brancos parte do princípio de que a mordaçagem é um procedimento que causa como
consequência uma maior fragilidade dos fios de cabelo, pela abertura intensificada das
cutículas, tornando o cabelo mais poroso e com tendência a fragilização.

A mordaçagem mesmo sendo considerada um procedimento simples, é uma


técnica que demanda alguns cuidados, como orientar o cliente para que realize o

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procedimento com o auxílio de um profissional, pois a realização incorreta da técnica
pode resultar em cabelos manchados. Além disso, é essencial que essa técnica não seja
aplicada a cabelos brancos, finos e fragilizados. A mordaçagem acaba resultando em
maior fragilidade dos fios, é importante que após a coloração, o cabelo passe por
tratamentos de hidratação intensiva, visando o cuidado com os fios de cabelo.

Técnica de pré-pigmentação
De acordo com Rocha (2016), Silva (2017) e Terribile (2013), a técnica de pré-
pigmentação é uma técnica utilizada para devolver os pigmentos que se encontram em
falta no cabelo branco, sendo o objetivo principal garantir ao cliente que possua cabelos
brancos e vai se submeter a coloração dos mesmos, um resultado final mais duradouro e
com uma cor uniforme. É indicada em situação de elevada percentagem de cabelos
brancos, entre 70% e 100% dos fios. Nessa técnica o pigmento faltante é devolvido ao
fio de cabelo antes da aplicação da coloração final. Basicamente, a pré-pigmentação é
uma técnica que pré-colore o cabelo antes da aplicação da coloração escolhida pelo
cliente e é indicada principalmente para quem possui cabelos brancos mais
concentrados em uma região do couro cabeludo.

Quanto à técnica, sempre se fará a aplicação de uma coloração prévia à


definitiva, sendo que a coloração escolhida para a pré-pigmentação deve ser pura, sem
reflexos ou nuances, e de um tom mais claro em relação à tonalidade que será aplicada a
seguir. Após a aplicação da pré-pigmentação e de um intervalo de pausa, é aplicada a
coloração com a cor desejada pelo cliente. Indica-se o uso de tonalidades com matizes
quentes nos cabelos brancos, como por exemplo, dourado, vermelho ou cobre, pois a
aplicação de tonalidades frias, como as graduações de cinza, pode deixar o cabelo com
reflexos esverdeados ou chumbados, resultando em cabelos opacos e sem brilho.

Existe a opção de realizar a aplicação da coloração na pré-pigmentação


associada a agente oxidante (água oxigenada) de baixa volumagem ou apenas água
morna. Após a aplicação da pré-pigmentação, espera-se o produto agir por dez minutos
(tempo de pausa) e se aplica a coloração final sem realizar o enxague dos cabelos.

A aplicação da pré-pigmentação deve ser feita nas regiões de maior


concentração de fios brancos com o auxílio de um pincel. Após a aplicação é importante

100
que o profissional realize a massagem nas mechas de cabelos com as mãos e uso de
luvas, para garantir uma cobertura uniforme dos fios brancos. Um exemplo de aplicação
de pré-pigmentação em fios brancos com utilização apenas de água morna é descrito a
seguir:

Quanto à escolha da tonalidade a ser utilizada na pré-pigmentação, o Quadro 1, a


seguir, traz um esquema informativo sobre as tonalidades a serem utilizadas,
considerando os fundos de clareamento dos fios. Vale ressaltar que tons claros como 8,
9 e 10, por serem muito claros, não devem ser indicados para o cliente fazer a cobertura
de fios brancos, pois não apresentam cobertura suficiente.

Técnica de adição de base


Segundo Silva (2017), outra técnica empregada na cobertura dos fios brancos é a
técnica de adição de base. Trata-se da adição extra de uma tonalidade de cor base, ou
seja, uma cor pura, sem nuances ou reflexos, juntamente com a coloração desejada. O
mecanismo de atuação dessa técnica se baseia no princípio de que a cor base tem maior
poder de cobertura de fios brancos e grisalhos do que as tonalidades com reflexos e
nuances. Contudo, alguns clientes optam por cores não puras no momento da coloração,
e estas não oferecem potencial pleno de cobertura de brancos, principalmente quando o

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cliente opta por cores frias com nuances. Dessa maneira, a técnica de adição de base
consiste em adicionar uma quantidade extra de coloração de cor base junto à cor
escolhida pelo cliente.

Como, por exemplo: o cliente possui cabelos com 30% de fios brancos e quer
colori-los com uma cor 6.7 (louro-escuro com nuances em marrom). Por não ser uma
cor base, é possível que a cobertura dos fios não seja perfeita. Logo, o profissional pode
adicionar um pouco mais de coloração número 6 (louro-escuro) na coloração 6,7 (que é
a cor desejada pelo cliente).

A técnica é destinada a clientes que possuam 30% ou mais de fios brancos, e a


quantidade de coloração base adicionada à coloração desejada pelo cliente dependerá do
percentual de cabelos brancos a cobrir. Cliente com menos de 30% de cabelos brancos
não se beneficiam dessa técnica. Para cabelos com 30% a 50% de brancos, adiciona-se
30% de cor base na mistura, de 50 a 70% de fios brancos adiciona-se 50% de cor base e
acima de 70% de fios brancos, pode-se adicionar 70% de base na mistura.

Técnica de redução
A técnica de redução, de acordo com Silva (2017), se resume a alterar a
concentração de produto na solução de coloração, reduzindo a quantidade de agente
oxidante utilizada. Em condições normais, utiliza-se a proporção 1/1,5, ou seja, uma
porção de coloração para uma parte e meia de agente oxidante (água oxigenada). Na
técnica de redução faz-se o uso da proporção 1/1, de modo que a redução na quantidade
de agente oxidante na mistura aumenta a concentração de amônia e garante maior
cobertura dos fios brancos, uma vez que abre de maneira mais efetiva as cutículas do fio
e age na oxidação no córtex capilar.

Como exemplo de técnica de redução pode-se citar: utiliza-se para cada tubo de
60 gramas de coloração, 60 gramas de agente oxidante. Entretanto, ao optar pela técnica
de redução, é necessário aumentar a volumagem de água oxigenada. Se a indicação
anterior era de 30 volumes, na técnica de redução faz-se o uso de água oxigenada de 40
volumes, por exemplo.

Resumidamente, a técnica de redução é descrita como: a proporção da mistura


deve ser substituída de 1/1,5 para 1/1 e aumentada uma volumagem do agente oxidante

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(água oxigenada).

Técnica de deposição de pigmento


Ainda conforme Silva (2017), a técnica de deposição é também chamada de
depósito. Em condições de colorações de cabelos não brancos, a indicação é que o
profissional passe nos fios uma quantidade padrão de produto, sem exageros, mas com
cobertura uniforme dos fios. Nos casos de colorações que objetivem a cobertura de
cabelos brancos, a aplicação não será efetiva se aplicada da maneira considerada
tradicional, uma vez que os cabelos brancos são mais resistentes.

Logo, na técnica de deposição, o profissional irá aplicar o produto em maior


quantidade nos fios de cabelo branco, com abundância de produto, de maneira que os
fios fiquem completamente envolvidos no produto de coloração. Essa técnica, por ser
muito simples, e apenas tratar de maior quantidade de produto disponibilizado aos fios,
pode ser utilizada em associação a todas as demais técnicas.

Técnica de rinsagem
Segundo De Caprio e Menezes (2011) e Instituto Embelleze (2011), a técnica de
rinsagem consiste na aplicação de uma coloração semipermanente (tonalizante) de cor
acinzentada nos fios de cabelos brancos, com objetivo de envernizar os fios de cabelo e
remover o aspecto branco. Nesse caso, o produto utilizado não possui amônia e possui
coloração fria (cinza). Atualmente não é tão utilizado, uma vez que o cabelo branco com
a aplicação de tonalidades frios o torna facilmente mais opaco. Por isso, atualmente,
indica-se o uso de tonalizantes com brilho e em outras tonalidades.

A rinsagem é indicada para cabelos que possuam até 30% de fios brancos, uma
vez que a técnica não permite uma cobertura tão intensa dos fios brancos, apenas os
tonaliza.

Considerando todas essas técnicas, vale ressaltar que cada aplicação possuirá
etapas específicas de acordo com a técnica de cobertura de fios brancos e grisalhos
escolhida pelo profissional, conforme a avaliação do cabelo do cliente. A seguir, é
apresentado um esquema das etapas envolvidas no processo de tratamento de cobertura
de fios brancos.

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Passo 1: avaliação do cabelo do cliente — Inicialmente, o profissional deve
submeter o cliente a uma avaliação rigorosa do cabelo, incluindo: queixa do cliente,
análise física de condições de saúde dos fios (elasticidade, porosidade, porcentagem de
fios brancos, fundo de clareamento dos fio, altura de tom, etc), tratamentos químicos
realizados previamente, alergias a produtos cosméticos (devendo ser realizado o teste do
produto na pele do cliente antes da aplicação definitiva); dentre outros fatores que irão
definir a escolha da técnica a ser utilizada e o plano de tratamento. No plano de
tratamento o profissional deverá elencar qual a técnica utilizada para a cobertura dos
fios grisalhos e brancos, escolha dos produtos cosméticos e os resultados esperados.

Passo 2: escolha dos produtos cosméticos capilares — Após definido o plano de


tratamento, o profissional irá realizar a escolha dos produtos cosméticos a serem
utilizados de acordo com a avaliação. Para cada uma das técnicas serão utilizados
produtos específicos e que devem ser separados previamente à realização do tratamento.
A escolha inclui, por exemplo, a altura de tom que será utilizada na coloração. De
acordo com a técnica escolhida, há a necessidade de diferentes produtos. Para a técnica
de mordaçagem são utilizados: água oxigenada 10 volumes e coloração a ser aplicada
posteriormente. Para a técnica de pré-pigmentação: a coloração prévia e a coloração a
ser aplicada de acordo com a escolha do cliente. Para a técnica de adição de base: além
da coloração escolhida pelo cliente, é importante que o profissional realize a separação
de uma coloração de tonalidade base para ser adicionada ao produto. Na técnica de
rinsagem é necessário selecionar o tonalizante a ser aplicado. E na técnica de deposição
de pigmento há necessidade apenas da escolha da coloração a ser aplicada.

Passo 3: preparação do cliente, do cabelo e separação das mechas — O cliente


deve ser protegido com uso de uma capa impermeável, que deverá prevenir que
produtos utilizados possam cair sobre a roupa. Além disso, aplique uma solução
protetora na região de orelhas e pescoço, para evitar que o produto entre em contato
com essas regiões e cause irritação, podendo ser utilizada vaselina. É importante que os
cabelos estejam higienizados para receber o produto cosmético capilar, uma vez que a
higienização remove resíduos de poluição, sujidade e oleosidade dos fios, tornando-os
preparados para receber a coloração, entretanto, não podem estar úmidos. Os cabelos
devem ser penteados para evitar embaraçamento durante a aplicação. Além disso, é
necessário que os cabelos sejam divididos em mechas de modo a organizar a aplicação
dos produtos. Pode-se dividir os cabelos em quatro seções, utilizando o cabo de um
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pente fino, seguindo uma linha imaginária da frente até a nuca e outra de uma orelha até
a outra. As mechas devem ser presas com grampos de modo a não atrapalhar a
aplicação.

Passo 4: início do tratamento de cobertura de fios brancos — Nessa etapa, os


cabelos recebem os produtos previamente preparados. No caso da escolha da técnica de
mordaçagem, será aplicada a água oxigenada aos fios com os cabelos secos. Para
clientes com poucos fios brancos a água oxigenada deve ser aplicada somente nessas
mechas com cabelos brancos com auxílio de um algodão embebido na solução e, para
clientes com grande quantidade de fios brancos e cabelos grossos, a solução pode ser
aplicada em todo o cabelo. Mantêm-se uma pausa após esse processo até que o produto
seque completamente nos fios e não é realizada a lavagem antes da aplicação da
coloração definitiva.

Na técnica de pré-pigmentação, a coloração escolhida é passada nos fios, com


auxílio de um pincel, espalhando a coloração completamente de maneira uniforme.
Após os procedimentos prévios na técnica de mordaçagem e pré-pigmentação e
considerando os tempos de pausa, é feita a aplicação da coloração escolhida.

Para a aplicação da coloração, utiliza-se o produto previamente preparado e faz-


se a aplicação nas mechas de cabelo com auxílio de um pincel de cerdas macias,
distribuindo de maneira uniforme o produto de sobre os fios, sempre seguindo a direção
de crescimento dos fios, iniciando pela raiz capilar. Devem ser aplicados primeiramente
na região de nuca e posteriormente nas outras regiões, em pequenas mechas de cabelo
finas. À medida que são coloridas, devem ser soltadas lentamente e em camadas, de
modo que nenhuma mecha fique sem coloração. Para evitar que algumas regiões
permaneçam com muito produto, o profissional pode pentear os fios, retirando o
excesso de produto.

Para a aplicação na técnica de deposição de pigmento, os cabelos brancos


receberão o produto normalmente e, após, o profissional dá pequenas ―batidinhas‖ com
o pincel nos fios de cabelo, de modo a depositar mais quantidade de coloração. Após a
aplicação em todo o cabelo, o profissional deve fazer a conferência, de modo que
nenhuma região permaneça sem o produto. Deve-se respeitar o tempo de pausa do
produto no cabelo de acordo com as orientações do fabricante.

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Passo 5: higienização do cabelo — Após a pausa, o profissional deve fazer a
lavagem dos cabelos. Nessa etapa é importante que todo o produto seja retirado dos fios
em água corrente, com a posterior utilização de xampus e agente condicionador. Vale
lembrar que se deve evitar o uso de xampus antirresíduos logo após a coloração, pois,
por possuírem uma ação mais intensa, podem induzir ao desbotamento dos fios mais
rapidamente. A aplicação de um agente condicionador é essencial, já que após o
tratamento químico de coloração, os fios de cabelo tendem a ficar mais fragilizados e
necessitam de hidratação intensiva.

Passo 6: secagem do cabelo, verificação dos resultados e orientações ao cliente


— Após concluir o tratamento, os cabelos devem ser secos e cabe ao profissional
conferir se a cobertura dos fios de cabelos brancos e grisalhos atendeu às exigências do
cliente. Nessa etapa o profissional deve repassar as orientações necessárias ao cliente,
incluindo os cuidados diários com os cabelos após a coloração.

Colorimetria na maquiagem
As cores têm um papel importante na nossa vida, influenciando em vários
aspectos. Não se pode fugir do impacto que elas têm: sejam na moda, nos carros, nos
alimentos, na maquiagem, entre outros, as cores estão muito presentes e podem
influenciar, inclusive, em nosso humor.

Os maquiadores profissionais devem ter um entendimento completo sobre a


teoria das cores, pois é crucial para resolução de problemas e para criar um trabalho
harmonioso em cada rosto. Além disso, as cores auxiliam na criatividade na hora da
maquiagem e ajudam a aprimorar o tom de pele dos clientes e acentuar as características
desejadas.

Aqui você vai conhecer os conceitos de cor, entender a aplicabilidade da


colorimetria à maquiagem e aprender as técnicas de colorimetria para a maquiagem.

Conceitos de cor
Conceitualmente, cor, segundo o dicionário Priberam on-line, é a impressão que
a luz refletida pelos corpos produz no órgão da vista. Cor não tem existência material: é
apenas uma sensação produzida por certas organizações nervosas sob a ação da luz. Ou

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seja, é a sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. A luz é física e
vibra em diferentes faixas de frequência (radiações).

O aparecimento da cor, então, está condicionado à existência de dois elementos:


a luz (objeto físico, agindo como estímulo) e o olho (aparelho receptor, funcionando
como decifrador do fluxo luminoso, decompondo-o ou alterando-o por meio da função
seletora da retina) (PEDROSA, 1995). Dessa forma, as cores de um objeto não são
apenas o resultado do objeto propriamente dito, mas o ambiente, incluindo a iluminação
e as cores ao redor. Os olhos e o cérebro do indivíduo também afetam a percepção.

Segundo Pedrosa (1995), os estímulos que causam a sensação cromática se


dividem em dois grupos: cores-luz e cores-pigmento. Cor-luz ou luz colorida é a
radiação luminosa visível que tem como síntese aditiva a luz branca. Por reunir de
forma equilibrada todos os matizes existentes na natureza, a melhor expressão é a luz
solar. Cor-pigmento é a substância material que absorve e reflete os raios luminosos
componentes da luz que se difunde sobre ela.

Um dos elementos mais importantes da imagem é a cor. A característica


principal da pintura é a construção das formas pela cor. No visagismo, trabalha- -se a
imagem do rosto, sendo essencial saber como a cor funciona e como usá-la para
conseguir diversos efeitos de maquiagem. A pele já é pigmentada, então é necessário
saber como as cores da maquiagem reagem com o tom de pele. Também é muito
importante conhecer as propriedades da cor e saber quais impressões transmitem
(HALLAWELL, 2010).

Teoria das cores


O primeiro estudo sistemático dos efeitos fisiológicos das cores, Theory of
colours (Teoria das cores) foi feito em 1810. Embora seja uma teoria complexa, os
princípios são constantes e têm como base a teoria de Isaac Newton, que deu nome às
cores primárias e que dão base a todas as outras cores (D’ALLAIRD et al., 2017). Além
das cores primárias, podem-se classificar também as cores secundárias, terciárias,
complementares e análogas, que podem ser estudadas por meio do círculo cromático.

O círculo cromático é a representação gráfica das cores e vem do original círculo


das cores, elaborado por Isaac Newton em 1666. Tem como base as três cores primárias:

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vermelho, amarelo e azul. O tradicional círculo cromático é a criação de várias
combinações de cores, que derivam de três matizes primários, resultando em 12
principais divisões.

As cores primárias são as cores puras, indecomponíveis, que não têm


absolutamente nenhuma outra cor combinada com ela. São as mais nítidas e muito
usadas como senso de urgência, além de logotipos e sinais.

As cores secundárias são aquelas formadas por duas cores primárias e incluem o
laranja, o verde e o violeta. Por exemplo, laranja é a mistura do vermelho com o
amarelo, verde é o resultado do amarelo com azul e violeta (ou roxo) é a mistura do azul
com o vermelho.

Misturando uma cor primária com uma cor secundária, surgem as cores
terciárias. Exemplos dessa classificação incluem azul-esverdeado, amarelo- -
esverdeado, vermelho-alaranjado, azul-violeta, vermelho-violeta e amarelo- -alaranjado.
Essas são as cores finais do círculo cromático apresentado acima. Cores terrosas como
marrom e cáqui são cores terciárias formadas pela mistura das três cores primárias.

Cores complementares são aquelas que estão opostas umas às outras no círculo
cromático. Quando são utilizadas próximas umas das outras, criam um contraste
distinto, intensificando a aparência uma da outra. No visual e na maquiagem,
principalmente, podem ser usadas quando se quer que uma cor em especial se destaque
claramente ou quando se quer uma maquiagem com visual vibrante, dinâmico e
dramático (D’ALLAIRD et al., 2017).

As cores análogas são aquelas encontradas uma ao lado da outra no círculo


cromático, como o amarelo e o verde, o laranja e o vermelho e o violeta e o azul. Essas
cores criam o mínimo de contraste e combinam entre si. Essas cores são utilizadas na
maquiagem para dar suavidade e sutileza, como maquiagens para o dia, por exemplo.
Também pode ser usada para dar ênfase a alguma característica facial, e não para a
maquiagem em si.

Colorimetria e maquiagem
Na arte da maquiagem não existem muitas regras, mas a teoria das cores sempre

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permanece. O uso errado das cores, deixando de lado a teoria, pode trazer resultados
insatisfatórios, como peles envelhecidas e com aparência doente. D’Allaird et al. (2017)
destacam que as cores são utilizadas para criar humor, emoção, harmonia e perfeição.
Dessa forma, ter percepção das cores é praticamente um dom para um maquiador, pois
isso permite que ele conheça totalmente o conceito da teoria e o modo como esta se
aplica a indivíduos e ambientes específicos.

Temperatura das cores


Quando o assunto é maquiagem, é fundamental conhecer a temperatura das
cores, que se dividem entre quentes e frias. É necessário entender sobre isso para
determinar os tons de pele e cores apropriadas para criar um visual harmonioso e bonito.
Uma combinação inadequada de base, por exemplo, quase sempre é o resultado de
incompatibilidade de cores quentes e frias.

As cores quentes vão do amarelo-dourado, passando pelo laranja, até alguns


amarelos-esverdeados. São quentes, pois o vermelho e o amarelo remetem a calor e
coisas quentes, como o sol e o fogo. Essas cores representam energia, ousadia, vibração,
excitação e até mesmo raiva (D’ALLAIRD et al., 2017).

Já as cores frias, formadas por azuis e verdes, são o oposto das cores quentes,
remetendo a água, grama, ar e gelo. Representam calma, tranquilidade e natureza, mas
quando utilizadas na maquiagem podem representar também excitação.

As cores neutras são as que não complementam nem contrastam com nenhuma
outra cor. Marrom, cinza e nudes, assim como suas variações, são exemplos de cores
neutras. Na maquiagem, atingem uma cor natural e suave e são opções aceitáveis em
qualquer tom de pele.

Pele: tipos cromáticos


No visagismo, o tom da pele é classificado de acordo com a temperatura da sua
cor, da cor e do reflexo do cabelo e da cor dos olhos. A classificação das cores no
visagismo é baseada no sistema color key, específico para o visagismo, o qual classifica
as cores em temperaturas: quente e fria, assim como a pele. Essa teoria afirma que a
pele tem uma tonalidade base, que é azulada (fria) ou dourada (quente), e uma

109
intensidade que vai do claro ao escuro. As cores azuladas harmonizam com magenta, já
as cores douradas harmonizam com laranja (HALLAWELL, 2010).

As classificações de cores da pele, dos cabelos e dos olhos são feitas em quatro
grupos, sendo que cada um deles é conhecido pelo nome de uma estação do ano. Essa
classificação se aplica basicamente às peles claras.

As peles negras têm tonalidades muito variadas, contendo outras cores na sua
composição, além da cor de base, por isso não são analisadas pelo sistema de estações.
Por ser mais escura, a pele negra contém na sua mistura de cor mais da tonalidade
marrom e pouco de branco, que só aparece nas áreas de brilho. Todas as peles negras
são puras de algum tipo de marrom, variando desde marrom-dourado a marrom-azulado
muito escuro. Dessa forma, os tons de pele negros são classificados em seis grupos
básicos, dos quais dois são de peles quentes, dois de peles frias e dois de peles neutras
(HALLAWELL, 2009).

Aplicando a colorimetria à maquiagem

Estações: classificação de peles brancas


As peles brancas classificadas pelas estações são as peles primavera, outono,
inverno e verão. As peles do grupo primavera pertencem à categoria das cores quentes e
têm tonalidade básica dourado-amarelado. São luminosas e quando expostas ao sol
produzem um bronzeado dourado. É comum encontrar esse tipo de pele nos países
mediterrâneos, especialmente na Itália, mas também entre ingleses, franceses e
portugueses claros (ESTER, 2010). Já no Brasil, se encontra esse tipo de pele no
Sudeste e no Sul. A pele primavera é relacionada com o temperamento sanguíneo, além
de os cabelos serem geralmente claros, castanhos claros ou médios e os olhos serem
verdes, azuis ou castanhos claros (HALLAWELL, 2009). As cores que combinam com
peles tipo primavera são luminosas, tenras e delicadas, como: coral, amarelo, pêssego,
rosa-alaranjado, azul-esverdeado, azul-lavanda, etc.

A pele do tipo outono também é quente, da classificação dos avermelhados. É


viva e caracterizada por tons de terra e ferrugem. As pessoas mais claras com esse tom
de pele se queimam facilmente no sol, enquanto as mais escuras tendem a conseguir um

110
bronzeado tom de cobre.

Há dois tipos de pele outono: pele clara, ruivos com sarda, típico dos vikings e
eslavos do norte da Europa, especialmente Polônia e Rússia; e os de pele mais escura,
originários de Espanha ou Portugal. Ambos são associados ao temperamento colérico.
Os cabelos geralmente são ruivos, loiros avermelhados e castanhos claros/médios para
peles outono mais claras, assim como os olhos são claros. Já para as peles mais escuras,
os cabelos são escuros, até mesmo pretos, e os olhos são castanho-escuros. As cores que
combinam com peles tipo outono são basicamente avermelhadas e quentes, tais como:
amarelo-dourado, bege-escuro, verde-musgo, bronze, entre outras (HALLAWELL,
2010).

Opacas e pálidas, as peles do tipo inverno são frias e da categoria das


amareladas, com fundo roxo. Orientais e árabes tem esse tipo de pele, mas também há
peles inverno em alguns países da Europa central. Associada ao temperamento
fleumático é uma pele sem brilho, e pessoas desse tipo devem evitar usar roupas roxas.
Os olhos de pessoas com pele inverno são escuros, em geral pretos ou castanhos, assim
como os cabelos. As cores que combinam com o tipo inverno são vivas e fortes,
caracterizadas pelo azul puro: rosa, violeta-escuro, amarelo-limão, azul-gelo, verde-
água, entre outras.

As peles do tipo verão são frias, delicadas e rosadas. Com fundo azulado, se
expostas ao sol queimam com facilidade e não conseguem bronzear. Os olhos
geralmente são claro e frios, em tons de azul, verde, azul cinzento e violeta.
Eventualmente podem ser castanho-claros ou cor de avelã. O cabelo também é
naturalmente claro: loiro, loiro-claro, cinza-prateado ou castanho-claro.

As peles do tipo verão combinam com cores suaves e delicadas, caracterizadas


por tons pastéis: tons de rosa, verde-água, azul-céu, magenta, azul-cinzento, amarelo-
claro, ameixa, marrom-rosado, entre outras (HALLAWELL, 2010).

Classificação de peles negras


As peles do tipo Nilo são neutras, com tendência a serem frias, com tonalidades
muito claras, aproximando-se da cor marfim. O fundo é azul-claro cinzento, mas, apesar
disso, não há muita semelhança com a pele tipo verão. Os olhos podem ser cinzentos,

111
esverdeados, azulados ou castanho-claros. O cabelo é castanho-claro ou médio ou,
ainda, acinzentado. Esse tipo de pele não é muito comum, especialmente no Brasil
(HALLAWELL, 2009). A pele Nilo combina apenas com cores claras ou neutras-frias,
como cinza-azulado ou marrom- -esverdeado-claro, por exemplo. As cores escuras
ficam muito contrastadas, tornando a pele mais pálida e opaca.

A pele do tipo blues refere-se a um tipo de pele de fundo azul e muito escura e
fria, correspondendo ao temperamento fleumático. Os olhos são marrom-escuros, quase
pretos, da mesma forma que o cabelo geralmente é preto, marrom-escuro ou
acinzentado-escuro. As cores frias vivas e que contrastam, que contêm azul, verde e
carmim, harmonizam muito bem com esse tipo de pele.

A pele tipo jazz é um pouco mais clara que a do tipo blues. Tem fundo verde, o
que a torna fria. Os olhos são marrom-escuros ou pretos e o cabelo é preto, marrom-
médio ou escuro ou cinza-azulado (HALLAWELL, 2009). As cores que harmonizam
com esse tipo de pele são frias, vivas e puras, tais como magenta e roxo. Corresponde
ao temperamento melancólico-colérico.

O tipo Saara corresponde a peles de tom amarelado-claro com tendência a frio,


tem um fundo roxo e se assemelha a algumas peles do tipo inverno. Remete à cor do
deserto e trata-se de uma pele com misturas de raças. Os olhos geralmente são marrom-
amarelados ou esverdeados e os cabelos são castanhos ou marrom-claros, loiro-escuros
ou ruivo-médios. É um tipo de pele muito encontrado no Brasil (HALLAWELL, 2009).
As cores que harmonizam com o tipo de pele Saara são frias, semelhantes às da pele
inverno, porém menos intensas e mais neutras, permanecendo o roxo, o magenta, os
amarelos-claros, os verdes-claros e os vários tons de bege.

A pele do tipo calipso é quente e dourada. Semelhante à pele primavera, parece


bronzeada, pois tem um tom mais escuro. É uma pele vibrante e luminosa, de tom
médio. Os olhos são pretos, castanhos, marrom-amarelados ou marrom-esverdeados
mais escuros. O cabelo é preto, castanho-médio ou escuro ou ruivo-escuro. Harmoniza
basicamente com cores quentes, mas especialmente com as mais brilhosas, nas quais
predominam o amarelo- -dourado e os tons quentes de rosa, como salmão, coral e
pêssego.

A última pele da classificação de peles negras é a spike, que se trata de uma pele

112
avermelhada com fundo verde-terra, semelhante às peles mais escuras do tipo outono. É
muito encontrada no Brasil. Os olhos são castanho-escuros, pretos ou esverdeados. O
cabelo é preto, castanho-médio ou escuro, ruivo- -médio ou escuro, vermelho ou cinza
(HALLAWELL, 2009). As peles spike harmonizam muito bem com cores
avermelhadas e alaranjadas, vivas e quentes.

Camuflagem de disfunções estéticas faciais


Assim como os outros órgãos do corpo, a pele é suscetível a diversos problemas,
como as disfunções estéticas. Como profissional maquiador, você deve estar preparado
para reconhecer as alterações de pele mais comuns e distinguir entre aquelas que pode
lidar e as que devem ser tratadas por um médico, assim como as disfunções que podem
ser disfarçadas através da maquiagem. Embora você possa reconhecer determinados
problemas, não estará qualificado a diagnosticá-los. Em alguns casos, o seu trabalho
poderá ajudar. Por isso, é importante reconhecer e saber identificar em quais situações
se pode ou não realizar a camuflagem dessas disfunções.

Neste item, você identificará as diferentes disfunções estéticas faciais que podem
ser camufladas com maquiagem, entenderá como aplicar a colorimetria para a
camuflagem e conhecerá as técnicas de camuflagem cosmética.

Disfunções estéticas da pele


Existem diversas disfunções estéticas da pele que podem ser ocasionadas por
alterações orgânicas ou funcionais. A maior parte das disfunções pode ser camuflada,
cada uma de acordo com suas características. É importante entender como se dá cada
uma das disfunções, para que o profissional saiba escolher a camuflagem correta para
cada uma delas, utilizando a colorimetria.

Acne
A acne é uma condição inflamatória crônica do folículo pilossebáceo, de
natureza genética e hormonal, que pode ser agravada por alguns fatores como
alimentação inadequada, estresse e medicamentos. Possui quatro fatores etiopatogênicos
fundamentais: hiperprodução sebácea, hiperqueratinização folicular, aumento da

113
colonização por Propionibacterium acnes e inflamação dérmica periglandular. É uma
disfunção muito comum entre adolescentes e adultos jovens, sendo mais frequente na
idade adulta entre mulheres, apresentando maior tendência a deixar cicatrizes no sexo
masculino.

O quadro clínico da acne é estabelecido de acordo com o grau de lesão, sendo


que algumas pessoas podem desenvolver manifestações mais graves da disfunção, com
ocorrência de cicatrizes, manchas e alterações na superfície da pele (SABATOVICH;
KEDE, 2009). As características de vários estágios da acne incluem comedões abertos e
fechados (cravos), pápulas (pequenas saliências sólidas), pústulas (regiões inchadas e
com pus) e cistos (D’ALLAIRD et al., 2016).

A acne pode provocar agravos de natureza física e psicológica, principalmente


em decorrência das marcas que permanecem após a regressão dos quadros inflamatórios
mais graves, tratados tardiamente. Para o tratamento existem disponíveis no mercado
vários cosméticos, e para casos mais graves podem ser oferecidos esquemas
terapêuticos sistêmicos, com o uso de medicamentos orais específicos (SABATOVICH;
KEDE, 2009). Aplicações de maquiagem em pele com acne podem ser satisfatórias no
sentido de disfarçar as lesões, porém, o uso contínuo e a remoção inadequada de
produtos oleosos pode agravar o quadro.

Rosácea
A rosácea é uma dermatose inflamatória crônica que aparece nas bochechas e no
nariz. É caracterizada por rubor (vermelhidão), telangiectasia (vasos sanguíneos
superficiais distendidos ou dilatados) e, em alguns casos, a formação de pápulas e
pústulas. Não pode ser confundida com a acne e não é o mesmo problema de pele que
acomete adolescentes. Costuma se manifestar após os 35 anos, e é mais comum em
mulheres do que em homens. Exposição ao sol, ao calor ou ao clima muito frio, a
ingesta de alimentos muito apimentados, cafeína, álcool e o estresse são alguns fatores
que podem agravá-la. Indivíduos com rosácea costumam ser sensíveis aos componentes
da maquiagem, embora produtos adequados ajudem a reduzir o rubor constante
(D’ALLAIRD et al., 2016).

114
Psoríase
A psoríase (Figura 1) é uma doença frequente (prevalência mundial de 2%), cuja
causa não é totalmente compreendida, sendo caracterizada por lesões avermelhadas
recobertas por escamas. O curso da doença é crônico e imprevisível, também
caracterizado por exacerbações e remissões dos sintomas, não tendo idade específica de
início. A disfunção acomete homens e mulheres, embora o início seja mais precoce nas
mulheres. Apesar de a causa ser desconhecida, a doença está associada à predisposição
genética, pois um terço dos pacientes refere algum parente acometido pela doença.

Olheiras pigmentares e vasculares


Denominada também melanose periocular, a olheira é uma hipercromia na
região periocular. A causa mais comum de hiperpigmentação da pele resulta do depósito
de melanina na derme, sendo denominada olheira pigmentar, mas outra possibilidade é a
presença da grande vascularização superficial, visível através da fina pele palpebral,
chamada olheira vascular. Outras causas podem ser: doenças sistêmicas, incluindo
doença de Addison, tumores pituitários, distúrbios tireoideanos e síndrome de Cushing,
bem como doenças sistêmicas autoimunes e neoplasias. As olheiras também podem ser
pós-inflamatórias ou pós-traumáticas, por medicações fotossensibilizantes como
arsênicos, fenotiazidas e hidantoína (SAMPAIO; RIVITTI, 2000). A hipercromia da

115
região orbital, além de ter aspecto escurecido, proporciona uma aparência cansada e
triste à face. Existem alguns tratamentos clínicos disponíveis, porém apresentam
dificuldade na melhora e os resultados não são muito duradouros.

Manchas vinho do porto e hemangiomas


As manchas vinho do porto são malformações maculosas vermelhas ou
violáceas, de forma irregular, comuns (acometem 0,3% dos recém-nascidos) e que não
desaparecem espontaneamente. Podem estar associadas à malformação vascular nos
olhos e nas leptomeninges (síndrome de Sturge-Weber) (WOLFF; JOHNSON;
SAAVEDRA, 2016). As lesões das manchas vinho do porto são maculosas com tons
variáveis de rosa a púrpura. Lesões grandes seguem a distribuição dos dermátomos e
são habitualmente unilaterais (85%). Acometem a face na distribuição do nervo
trigêmeo e, em geral, nos ramos superior e intermediário. Com o aumento da idade do
indivíduo podem surgir pápulas ou nódulos de consistência elástica, que causam
desfiguração estética significativa. Os hemangiomas são caracterizados por acúmulo
anormal de vasos sanguíneos na pele, que pode ocorrer em qualquer parte do corpo,
causando uma mancha avermelhada ou arroxeada.

Equimoses e hematomas
Quando a pele sofre uma lesão por um golpe ou choque contra um corpo resistente
sem que exista ferimento aberto na pele, pode ocorrer o rompimento dos vasos
sanguíneos e o consequente extravasamento de sangue no tecido, responsável pelo
surgimento de equimoses (quando há rompimento de vasos de pequeno calibre), ou
hematomas (quando há rompimento de vasos de maior calibre). São caracterizados por
manchas de cor violácea que, com o transcurso do tempo, tornam-se esverdeadas e
depois amarelas, até desaparecer. Pode haver, além disso, dor e ligeira tumefação da
zona lesada.

Discromias
Os pigmentos podem ser afetados por diversos fatores, incluindo hereditariedade,
oscilações hormonais, exposição a raios UV, medicamentos, doenças sistêmicas e
inflamações. Embora algumas vezes sejam mais difíceis de serem cobertos, distúrbios

116
de pigmentação não têm contraindicação para aplicação de maquiagem, inclusive são
motivo de muita procura por maquiadores profissionais. Entre as alterações pigmentares
estão a hiperpigmentação, hipopigmentação e acromias.

Hiperpigmentação
Hiperpigmentação significa uma pigmentação mais escura do que a normal, que
aparece como manchas escuras na pele. A melanose (Figura 2), também conhecida
como mancha senil, é uma pigmentação escura, geralmente circunscrita e definida, que
pode atingir a pele exposta ao sol.

O melasma, que também pode ser denominado cloasma quando desenvolvido na


gravidez (Figura 3), é uma hipermelanose adquirida que ocorre predominantemente na
face e é exacerbada pela luz. Caracteriza-se por manchas acastanhadas, irregulares e
assimétricas, normalmente localizadas nas regiões centrofacial, malar e mandibular
(SABATOVICH; KEDE, 2009).

117
Clinicamente, as lesões se manifestam sob a forma de manchas marrom- -
escuras e marrom-acizentadas, são simétricas, de bordas irregulares e geográficas e
ocorrem na fronte, regiões zigomáticas, masseterianas, nasal, temporal, mandibular,
mentoniana e supralabial. O melasma pode ser classificado pela localização do
pigmento melânico nas camadas da pele (epidérmico, dérmico e misto). Vários fatores
estão relacionados ao seu desenvolvimento, mas a exposição à radiação ultravioleta
parece ser o mais importante, além da genética, gravidez, o uso de anticoncepcionais
hormonais e a terapia de reposição hormonal em mulheres pós-menopausadas. O
melasma acomete principalmente mulheres (90% dos casos). Essa condição é muito rara
antes da puberdade e ocorre em qualquer tipo de pele, mas há prevalência em fototipos
mais altos, em pessoas de origem hispânica e oriental, ou que vivem em locais com
altos índices de radiação ultravioleta. As efélides (Figura 4), mais conhecidas como
sardas, são pequenas manchas planas, de cor marrom-ocre que aumentam quando em
exposição aos raios ultravioletas, disseminadas no rosto e nas partes descobertas do
corpo.

Segundo Wolff, Johnson e Saavedra (2016), a hiperpigmentação melânica pós-


inflamatória da epiderme é um problema importante para os fototipos cutâneos IV, V e
VI. Essa pigmentação pode se desenvolver com a acne, psoríase, dermatite atópica ou
de contato, ou ainda, depois de qualquer tipo de traumatismo na pele. Pode persistir por
semanas a meses, sendo que as lesões permanecem no local da inflamação anterior e

118
possuem limites imprecisos e desbotados. Dependendo da etiologia da
hiperpigmentação, o pigmento pode ser depositado na derme ou na epiderme e isto
implica no tratamento das alterações da pigmentação. Segundo Wolff, Johnson e
Saavedra (2016), na hiperpigmentação epidérmica os pacientes apresentam máculas
castanhas a castanho-escuras pouco demarcadas, já na hiperpigmentação dérmica a
tonalidade é mais castanho-acinzentada.

Hipopigmentação
Hipopigmentação é a diminuição do pigmento que resulta em manchas claras ou
brancas. Inclui pitiríase versicolor e hipopigmentação ou hipomelanose pós-
inflamatória.

A pitiríase versicolor, conhecida também como pano branco ou micose de praia,


é causada por um fungo que deixa manchas circunscritas, ovais e mais claras sobre a
pele. São mais comuns no pescoço, peito, costas e braços, e as cores podem variar entre

119
branco, rosa, laranja e marrom, dependendo o tom da pele que é atingida.

Segundo Wolff, Johnson e Saavedra (2016) a hipomelanose pós-inflamatória


sempre está relacionada à perda de melanina. É frequentemente observada na dermatite
atópica, psoríase, dermatite seborreica dentre outras afecções. Também pode surgir após
a dermoabrasão e peelings químicos, sendo que nessas condições existe um bloqueio de
transferência no qual os melanossomas estão presentes nos melanócitos, porém não são
transferidos para os queratinócitos. Em geral, as lesões são esbranquiçadas e possuem
limites imprecisos.

Acromias
O vitiligo (Figura 5) é um problema clínico importante e pode acarretar graves
dificuldades no ajuste social, principalmente em pessoas com pele parda e negra.
Caracteriza-se clinicamente pelo desenvolvimento de máculas totalmente brancas,
microscopicamente pela ausência completa de melanócitos e sistematicamente por
frequente associação com determinadas doenças clínicas, principalmente distúrbios
como o da tireoide (WOLFF; JOHNSON; SAAVEDRA, 2016).

É uma doença multifatorial, onde estão envolvidos fatores genéticos,


hereditários, imunológicos e ambientais. Inicialmente, as lesões são hipocrômicas; em

120
algumas lesões recentes pode ocorrer uma borda discretamente eritematosa, seguida da
instalação da mancha acrômica com borda, em geral hipercrômica. Há localizações
preferenciais como face, punhos, dorso dos dígitos, genitália, dobras naturais da pele e
eminências ósseas como cotovelos. Há também o albinismo, condição genética causada
pela deficiência na produção de melanina, resultando em uma pele totalmente branca, e
dependendo do grau, pode interferir até mesmo na cor dos olhos e dos cabelos. Pessoas
albinas não apresentarão hipercromias.

Camuflagem cosmética
Existem alguns métodos básicos para a aplicação da camuflagem cosmética,
como a alta cobertura e o uso de produtos HD, onde são usados produtos da cor da pele,
com alta tecnologia, diferentes da maquiagem regular e o uso de corretivos coloridos.
Os cosméticos para camuflagem têm uma consistência mais densa do que os produtos
comuns, e normalmente estão disponíveis em forma de creme, bastão ou compacto.
Segundo Silveira (2014), esses produtos contêm 25% a mais de pigmento em suas
formulações, além de conter substâncias dotadas de capacidade óptica. Há os que são da
cor da pele, que contém maior concentração de pigmentos, dando um alto grau de
cobertura, chamados de produtos de alta cobertura. Há os produtos HD (primers, bases e
corretivos cor da pele, e pós) com pigmentos fotocromáticos, que fazem o rebate de luz,
cobrindo as manchas. E há, ainda, os corretivos coloridos.

Colorimetria para camuflagem cosmética


A camuflagem com corretivos coloridos ocorre por meio da colorimetria e do
uso do círculo cromático, que consiste no uso de corretivos coloridos que são capazes
de neutralizar manchas coloridas. A potência da neutralização é baseada no conceito
colorimétrico, ou seja, de acordo com a cor da lesão que necessita ser neutralizada,
deve-se usar a cor localizada no lado oposto do círculo cromático. Dessa forma, existem
diversas cores de corretivos que podem ser usados na camuflagem de disfunções
estéticas: verde, amarelo, laranja, lilás ou roxo, coral ou salmão, vermelho e branco. Na
cor, o todo é compreendido pelas cores primárias, portanto, quando uma delas estiver
presente, como o amarelo, por exemplo, será necessário ter as outras duas cores (azul e
magenta) para completar a totalidade de cores. Assim, a cor complementar é sempre a
oposta no triângulo/roda das cores, as quais, sobrepostas, se neutralizam.
121
Dessa forma, o corretivo amarelo é usado para neutralizar hematomas (manchas
roxas) e olheiras vasculares. Com o corretivo verde é possível camuflar manchas
avermelhadas de acne, cicatrizes, sinais e vasos. O corretivo vermelho auxilia na
neutralização de manchas esverdeadas e é próprio para manchas de vitiligo ou psoríase,
ajudando a cobrir as manchas brancas ou ausência de cor na pele. Para neutralizar
hematomas mais esverdeados, manchas no tom marrom quente, sardas, imperfeições
amareladas ou alaranjadas e manchas de sol, pode-se utilizar corretivos na cor roxa ou
lilás. Para imperfeições em tons azulados, como um hematoma, marcas de barbas em
homens e até mesmo olheiras pigmentares ou vasculares, pode-se utilizar o corretivo
coral. O corretivo coral ou salmão pode ser utilizado para cobrir olheiras que são
azuladas ou arroxeadas, e marrons mais escuras/frias que tenham na composição mais
pigmentos azulados do que amarelados. Também é usado para evitar que peles negras
fiquem acinzentadas.

Além dos corretivos coloridos, existe ainda o corretivo branco, que é utilizado
como base para a aplicação de sombra. Ajuda a apagar manchas escuras da pálpebra,
evidenciando a cor da sombra usada.

Técnicas de camuflagem
O resultado da maquiagem para camuflagem muitas vezes pode dar uma
aparência pesada ao cliente, por isso, o profissional deve buscar equilíbrio entre a
cobertura e o peso da aplicação, para alcançar uma aparência que seja aceitável e esteja
em equilíbrio. Em geral, a maquiagem para camuflagem precisa preencher uma série de
pré-requisitos, como: combinar com a cor da pele do cliente, oferecer a aparência mais
natural possível e ser à prova d’água, aderente, de longa duração e de fácil aplicação
(SILVEIRA, 2014).

Para realizar a camuflagem, o passo a passo consiste em higienizar a pele e


aplicar um primer HD em todo o rosto (outras características ainda devem ser
observadas na escolha do primer, por isso é importante que o profissional conheça a
composição dos produtos com que trabalha). Em seguida, deve-se analisar quais são as
disfunções e características que a pele apresenta para que sejam selecionados os
produtos ideais. Se as disfunções apresentarem cores ou discrepâncias amenas em
relação à cor de pele do cliente, e o profissional tiver produtos de alta cobertura ou

122
produtos HD, a camuflagem poderá ser realizada utilizando apenas corretivos e bases na
mesma cor da pele. Se, porém, as alterações de cor forem muito intensas em relação ao
tom da pele, a camuflagem pode ser realizada com o uso dos corretivos coloridos,
usando sempre a regra da colorimetria e neutralização das cores. Escolhidas as cores dos
corretivos necessários para o cliente, estes devem ser aplicados utilizando um pincel
língua de gato ou kabuki, com batidinhas para aderir bem à pele.

Após a etapa da camuflagem, faz-se a aplicação da base com pincel duo fiber,
kabuki ou esponja úmida, sempre com batidinhas, sem arrastar o pincel, para não
transferir o corretivo de camuflagem anteriormente aplicado. A base deve ser aplicada
de maneira a aderir bem à pele e cobrir bem os camufladores. Em seguida, aplica-se o
pó, bem fino, translúcido ou do tom da pele do cliente, em toda a sua face. O pó deve
ser evitado em peles secas e maduras ou cuja aplicação da base já tenha oferecido um
resultado seco, sem brilho e com boa fixação.

123
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