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2 PERÍODO PRÉ-CRÍTICO

A primeira fase do pensamento kantiano – denominada de período pré-crítico,


ou seja, anterior a elaboração da Critica da Razão Pura – divide-se em duas partes: a
busca por conciliar1 a física newtoniana com a metafísica proposta por Cristian Wolff e,
também, por uma crítica sobre a impossibilidade metafísica – o que leva Kant a uma
crise pessoal. O filósofo alemão, nos livros Nova Dilucidatio, História natural e teoria
do céu e Monadologia física, analisa os princípios da física e do conhecimento
metafísico, apresentando uma tentativa de conciliação entre elas. Entretanto, Immanuel
Kant – nos livros O único argumento possível para uma demonstração da existência de
Deus, Ensaio para introduzir em filosofia o conceito de grandezas negativas,
Investigação sobre a evidência dos princípios da teologia natural e da moral e Os
sonhos de um visionário explicados pelos sonhos da metafísica – apresenta argumentos
sobre a impossibilidade da metafísica.

2.1 A PRIMEIRA FASE: TENTATIVAS DE CONCILIAÇÃO ENTRE METAFÍSICA


E CIÊNCIA (1755-1756).

Immanuel Kant, enquanto filósofo iluminista, compactuava com a “fé na


unicidade da razão” (Aufklärung), ou seja, para Kant, premissas e hipóteses que
expressam juízos diferentes, mas que possuem como base a razão, são possíveis de
serem conciliadas Na Nova Dilucidatio, Kant estuda os quatro princípios fundamentais
da metafisica23 de Criatian Wolff: 1) princípio logico de identidade4 (a = a, ou B= B), 2)
principio da razão determinante5 (tudo o que existe, possui uma causa para existir), 3)
principio de causalidade (as coisas estão conectadas em outras e, por isso, existe a
mudança, pois se algo existisse isolado no universo ele não teria mudança) e 4)
principio de coexistência (todas as coisas estão interligadas por um único principio). Na
História natural e teoria do céu, Kant vai estudar a física newtoniana, aplicando a ela

1
Kant tinha por metafisica a s ideias de Wolff (por ser alemão) e não conhecia tão bem a física de Issac
Netown (ciência da época), conhecia mais sobre a física de Descartes e de Leibniz. Kant lê e compreende
Newton e vê que Newton e metafisica têm pontos de discordância
2
Esses princípios ganharam nova roupagem na Critica da Razão Pura.
3
Devido a influencia cultural, o que Kant compreende por metafísica são os estudos de Cristian Wolff
sobre tal assunto
4
anterior do que o principio de contradição
5
Sinônimo do principio da razão suficiente de Leibniz e Wolf, entretanto Kant prefere razão determinante
por causa da língua alemã.
um problema cosmológico: qual é a origem do universo. O filósofo, apresenta hipótese 6
de que o universo é formado por uma nebulosa primitiva e aplicando as leis da
mecânica newtoniana ele mostrou como acontece a origem do universo. Kant, na
Monadologia física, buscou conciliar física (teoria de que algo pode ser dividido
infinitamente) e metafisica (teoria corpos matérias são compostos por entes indivisíveis
chamados de mônadas) através de três tentativas: Monadologia7 (os corpos matérias são
compostos por entes indivisíveis chamados de mônada8s),a Matemática e a Física
diziam que não, que do ponto de vista lógico algo pode ser dividido infinitamente, a
dificuldade é ter um instrumento para dividi-lo, mas ele é possível de ser divisível
infinitamente.

2.2 A SEGUNDA FASE: A CRISE METAFÍSICA E OS ESCRITOS DE 1762 A 1766.

Kant acredita na metafisica9 e, ao mesmo tempo, não consegue conciliar com a


física newtoniana. Na fase anterior Kant coloca o principio de causalidade (principio da
razão determinante) como um dos principio do conhecimento metafisico, entretanto, o
filósofo alemão entra em uma crise quando conhece a crítica feita por David Hume ao
principio de causalidade.
Kant, na obra O único argumento possível para a demonstração da existência de
Deus, apresenta o único argumento que ele acredita que sobrou depois da critica de
Hume a causalidade: não se precisa de metafisica para provar a existência de Deus, pois
se fosse assim o ignorante não seria salvo 10. A hipótese que de pensar em um Ser
perfeito, logo ele deve ter todas as qualidades possíveis e, dentre elas, a qualidade da
existência e refutada por Kant quando diz que a existência não é um predicado que se
acrescenta a um sujeito do ponto de vista lógico 11. Para Kant, pode-se pensar em algo,
6
Essa hipótese ficou conhecida como Kant-Laplace. Essa teoria leva o nome de Laplace, pois Kant
publicou essa hipótese em uma editora que faliu e Laplace sem conhecer a obra de Kant, de forma
independente publicou um livro com a mesma hipótese. Para Kant o fato de que o universo é regido por
leis é sinal de que ele foi criado por uma inteligência superior. Ao contrario do Laplace que dispensa
Deus.
7
É o estudo da mônada e isso é uma versão moderna da teoria dos átomos de Demócrito, quem propôs
essa teoria da mônada foi Leibniz e Wolff reproduziu isso para o alemão.
8
Leibniz acreditava que se fosse dividindo a matéria chegaria a um momento que não seria indivisível e
esse elemento indivisível Leibniz chamou de mônada
9
Na época de Kant era importante estudar metafisica e muitos outros filósofos a estudavam porque é uma
tentativa de falar de Deus pela via da razão e sendo através do dado da razão não existe discordância, pois
a razão é verdadeira, ao provar a existência de Deus, prova-se também a moral e assim a imortalidade da
alma e a liberdade do homem.
10
isso se deve também ao contato com Rousseau
11
Por exemplo, pode-se descrever um nota de cinquenta reais (tamanho, o que se pode comprar, etc.), mas
acrescentar o predicado da existência na nota não muda em nada
entretanto, isso não significa que ele existe, o que mostra sua existência é a experiência.
Desse modo, Kant refuta a prova da existência de Deus formulada por Santo Anselmo e
usada por Santo Tomás de Aquino, Descartes e Espinosa. Para Kant a única forma de
mostrar a existência de Deus é através do ens realissimum, a partir do conceito de
necessidade (deve ter um ser necessário para ser o fundamento de todo contingente). No
Ensaio para introduzir em filosofia o conceito de grandezas negativas, o filósofo
alemão critica o ideal da modernidade de aplicar o método da matemática e geometria
para a filosofia12 , pois, Kant diz ser impossivel aplicar o método matemático e
geometria para a filosofia que surge através da teoria da monadologia de Leibniz e isso
o faz perceber que a metafisica não pode usar do método da matemática. Kant nessa
obra introduz um conceito de grandeza negativa, exemplo: na matemática -5 é uma
grandeza negativa, na física uma força oposta que anula um outra força. Desse modo
Kant cria uma distinção entre oposição logica (acontece quando se uni duas coisas
contraditórias e assim se forma um absurdo, por exemplo, um quadrado redondo) e
oposição real (duas realidades opostas que se anulam: exemplo +5 e -5 ou na física
força A contraria a força B estando na mesma intensidade, mas isso não produz um
absurdo). Isso abala a prova da existência de Deus, pois para alguns pesadores que se
você puder pensar duas qualidades em Deus e elas não forem contraditórias então é
possível que Deus tenha essas qualidades exemplo: onisciente e liberdade, do ponto de
vista logico não existe oposição, entretanto Kant diz que do ponto de vista da oposição
real, por exemplo, a onisciência pode anula a liberdade assim como na física uma força
anula uma força contraria de igual proporção. Nesse ensaio Kant também fala do
problema da conexão necessária do diverso (princípio de causalidade), ou seja, sempre
que algo acontece como efeito outra coisa deve estar lá como causa, entretanto, não é
possível a conexão necessária na experiência, pois ela é particular, regularidade, não
universal. O livro Investigação sobre a evidência dos princípios da teologia natural e
da moral é fruto de uma tentativa de Kant de se tornar professor da uma universidade
_____. A academia prussiana de ciência publica um concurso e quem vencesse o
concurso ganhava dinheiro, esse concurso propunha a questão de que se é possível
chegar ao grau de evidencia da matemática nos princípios da metafisica. Para Kant, não
é possível a mesma certeza da matemática na metafisica e diz por que o método
matemático não pode ser utilizado na metafísica, pois, na matemática definimos os

12
Descartes, por exemplo, tinha como objetivo o ideal de aplicar o método da matemática e da geometria
na filosofia.
conceitos e deduzimos consequências sobre eles e na metafisica não pode fazemos fazer
isso, partimos da realidade existente e tentamos refina-los em conceitos filosóficos. A
matemática constrói seus próprios conceitos e, por isso pode, partir de definições dadas
a eles. A metafísica parte da realidade existente e passa gradualmente de conceitos
confusos da experiência comum aos conceitos filosóficos o que não permite uma
definição precisa. O grau de certeza que podemos atribuir na metafisica é a suficiente
para à persuasão. Os sonhos de um visionário explicados pelos sonhos da metafísica foi
escrito por Kant no contexto histórico: uma mulher rica leu algumas obras de um
místico sueco e vai ao encontro de Kant e pergunta a ele o que acha disso, qual a
opinião dele a respeito dessa questão. Kant (provavelmente ganhando um dinheiro para
isso) escreve sua opinião sobre um místico que fala sobre a metafisica. Para Kant
quando se trata de metafisica cada filosofo tem um mundo seu, Descartes apresentou
uma metafísica, Espinosa outra, Leibniz e Wolf outra. Enquanto os pensadores da
metafisica estavam sonhando: imaginando um modo seu, os cientistas estavam
acordados, ou seja, os matemáticos e físicos estavam falando em uma linguagem
comum.

2.3 A TRANSIÇÃO: A DISSERTAÇÃO DE 1770 E A DÉCADA SILENCIOSA

A Dissertação Sobre a forma e princípios do mundo sensível e do mundo


inteligível, escrita por Kant em 1770, possui como plano de fundo a tentativa do filósofo
alemão em assumir a cáteda de lógica e metafísica na Universidade de Konigsberg, que
por causa da morte de seu antigo professou, surgiu a oportunidade. A Dissertação
apresenta elementos os elementos tradicionais de distinção entre sensibilidade e
entendimento e que espaço e tempo são formas a priori da sensibilidade, entretanto,
apresenta algo novo: o espaço e tempo são formas a priori da sensibilidade.
Primeira tese: distinção especifica entre sensibilidade e entendimento. Para
Wolff, a diferença entre conhecimento inteligível e conhecimento sensível é apenas uma
diferença de grau ou seja, é o mesmo conhecimento só que em um caso é mais confuso
e em outro é mais distinto. Kant nega essa ideia, pautnaod na tese platônica que diz que
a sensibilidade e intelecto são fontes distintas do nosso conhecimento, ou seja, aquilo
que a sensibilidade oferece o intelecto não pode oferecer e vice versa. Desse modo, o
conhecimento, é fruto da união entre sensibilidade e entendimento, não sendo apenas
intelectivo. A sensibilidade (cinco sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato) é
receptividade, algo que recebemos as impressões. Pelos sentidos recebem-se dados
sensíveis. A inteligência elabora e representa conceitos. Objeto da inteligência é o
inteligível. Distinção entre fenômeno (realidade como ela aparece e é capitada pelo
homem através dos sentidos) e númeno (realidade em si mesma, para a além da
aparência, conhecida apenas pelo intelecto e não pelos sentidos).
Segunda tese: o intelecto conhece as coisas em si. Essa distinção entre númeno
(coisa em si) e fenômeno. Aquilo que nos percebemos é diferente daquilo que a
realidade é em si. Uma coisa é a realidade como aparece para o homem e esse deixa
perceber pelos sentidos que possui. Outra coisa é a realidade em si, independentemente
da estrutura de percepção. Nesse momento de transição, Kant diz que o homem pode
conhecer também realidade em si através e exclusivamente do intelecto, dos conceitos
abstratos e através dos sentidos conhecemos apenas o fenômeno, ou seja, a aparência
das coisas13
Terceira tese: o espaço e tempo são formas a priori da sensibilidade. essa
terceira é nova e será mantida na Critica da Razão Pura. Para compreender é preciso
recordar a deia de Newton sobre o espaço e o tempo e, também, a crítica de Leibniz
sobre essa questão. Para Newton, existe um espaço e um tempo absoluto: eles são
substâncias que existem, entretanto, existem onde? Por exemplo, uma pessoa ao gastar
vinte minutos para concluir uma marca de 1 Km, esse tempo é relativo a distancia
percorrida atleta e, também, ao tempo de seguimos (tempo do relógio) que é derivado
do tempo de rotação e translação da terra, ou seja, dizer que o dia possui 24 horas
significa expressar que a terra se movimento em torno do seu eixo leva esse tempo para
comprir esse movimento, esse tempo é relativo. O homem depende do objeto com o
qual está relacionado para se movimentar. Aquilo que pode ser movimento em relação a
algo, pode ser repouso para outro, desse modo, Newton postulou como exigência a
existência de um espaço e tempo absoluto para falar de repouso e movimento absoluto.
Leibniz crítica essa ideia dizendo que o espaço e o tempo são abstrações, não existem
em si mesmos. O homem abstrai os conceitos de espaço e tempo das relações que faz
entre as coisas: a noção de espaço é abstraída pelo sujeito por meio das relações entre
coisas externas14 e o conceito de tempo a partir das relação entre coisas sucessivas15.
13
Passado alguns anos, na Critica da Razão Pura, Kant diz que só conhecemos o
fenômeno, que somos incapazes de conhecer a realidade em si.
14
Da relação entre as coisas externas o homem abstraí o conceito de espaço, estabelece relações sobre
aquilo que é externo a ele e cria uma ideia sobre o espaço em que se vê.
15
O tempo também se faz relação entre o que chamamos de passado, presente e futuro. Desse modo o
tempo é uma abstração, um conceito criado a partir da relação entre coisas que acontecem
Kant leu Newton e Leibniz e percebe que é complicado falar com Newton sobre espaço
e empo absoluto, no sentido de imagina-los como substancias ou como coisas
existentes, mas por outro lado Kant considera a visão de Leibniz mais danosa à ciência,
pois abstrair para Kant é separa um elemento de um conjunto (exemplo: separa a cor
vermelha de uma maça) para Kant abstrair um elemento de um conjunto não significa
tronar aquele elemento universal, ou seja, o vermelho da maça é apenas um elemento
que eu separei do conjunto, não é um elemento universal como Leibniz dizia. Para Kant
não se extrai conceito universal por abstração. A abstração apenas separa um elemento
de outro, mas não o torna universal. Immanuel Kant faz uma critica a ideia de Leibnz
apresentando que ao dizer que o espaço e o tempo são abstrações, expressa-se também
que eles não são conceitos universais e, assim, o homem não pode retirar deles
proposições universais, desse modo, não existiria ciência sobre espaço e tempo e,
consequentemente, não existiriam matemática e física. Conforme Kant, a ideia de
Leibnz também leva a um “circulo vicioso”, pois a relação externa e relação sucessiva
são termos que supõem espaço e tempo ao invés de prová-los, exemplos, ao admitir
como conclusão a premissa de que você deveria provar, por exemplo, deve-se acreditar
que Deus existe, pois esta na bíblia e deve-se acreditar na bíblia porque foi criada por
Deus sei que as coisas do quarto são externas a mim através do conceito que já tenho de
espaço e, do mesmo modo, as coisas que acontece agora são sucessivas em relação as
coisas que já aconteceram, por causa de um conceito que já possuo de tempo. Para Kant,
Leibniz usou relação externa e relação sucessiva para provar que espaço e tempo são
conceitos que construímos por abstração, entretanto, externo e sucessivo já supõe
espaço e tempo. O filosofo alemão apresenta como solução para esse problema que o
espaço e o tempo são absolutos, entretanto não no sentido objetivo (eles existem como
substência no universo) mas de modo subjetivo: espaço e tempo são formas de nossa
sensibilidade e através delas percebemos – através de uma estrutura – as coisas
sensíveis. Desse modo, o espaço e o tempo são formas da nossa sensibilidade e são
formas a priori, pois não são apreendidas pela experiência segundo Leibniz. Nascemos
com essas formas a priori da sensibilidade, que são universais e necessárias e assim
garantem as ciências como a matemática e a física (Kant unindo Newton rejeitando
alguns pontos de Leibniz). Para Kant o conhecimento é um constructo, um encontro
entre o dado da sensibilidade e a estrutura que o homem possui: ele mesmo. Kant

sucessivamente.
resgarda a ciência ao apresentar um resposta que não de um seguimento de Newton nem
de Leibnz. Não é Newton, pois Kant não diz que espaço e tempo existem como
substancia, entretanto, ao mesmo tempo, é Newton porque Kant diz que espaço e tempo
são universais e necessários, mas o são, pois fazem parte da nossa estrutura, são formas
a priori da nossa sensibilidade e com isso Kant salva a ciência, pois a ciência se
fundamente nos conceitos de espaço e tempo e eles são estruturas a priori da nossa
sensibilidade e, portanto são universais e necessários.

3 PERÍODO CRÍTICO

Kant, após escrever a Dissertação sobre a forma e princípios do mundo sensível e


do mundo inteligível, fica – durante de ____ até _____ – sem escrever, sendo que, nesse
périodo, denonimado como “década silenciosa”, o que se têm sobre o filósofo alemão são
apenas cartas dirigida ao médico e filósofo Marcus Herz no qual ele apresenta um
problema: os conceitos do intelecto não fazem o homem conhecer as coisas em si, apenas
o Fenômeno. Segundo o pensador alemão, o espaço e o tempo são formas da sensibilidade,
entretanto, Immanuel Kant não tinha compreendido os conceitos do entendimento
humano. Negando que o homem pode conhecer as coisas em si, para que serve os nossos
conceitos? Para essa questão Kant apresenta como resposta o livro Crítica da Razão Pura.
Kant apresenta uma solução de compromisso, isto é, diz que Descartes e Leibniz estão
certos. Para Kant, os juízos estão presentes na matemática e na física. O problema vai se
expressar assim: juízo sintético a priori16. Esses juízos – operação da inteligência de
você pode usar para unir e separar conceitos 17 – não são analíticos e nem sintéticos.
Livros: crítica razão pura. A crítica da razão prática. A crítica do juiz. A metafísica
dos costumes.

3.1 JUÍZO ANALÍTICO E O JUÍZO SINTÉTICO

Kant chama de Juízos Analíticos os juízos lógicos, de razão (como Hume


chamava), que expressão relação de ideias. Segundo o filósofo, Juízos Analíticos
significam que o predicado está contido na ideia de sujeito, isto é, tudo o que eu faço

16
A priori significa aquilo que é universal e necessário e que não é retirado da experiência sensível.
17
Por exemplo: quando eu digo que a parede é branca eu estou unindo o conceito de parede com o
conceito de branco, quando digo a parede não é verde, eu estou separando o conceito parede do conceito
verde.
quando emito um juízo é expressar esse predicado. Desse modo, dizer que um triângulo
possui três lados ou que um corpo é extenso é expressar um Juízo Analítico, pois a ideia
de três lados e, também, a idea de extensão estão embutidas nos enunciados. Entretanto,
como unimos conceitos quando emitimos Juízos Analíticos? Para Kant, esse juízos são
emitidos baseados apenas na lógica. Mas, quando fazemos uso de juízos sintéticos quem
une o conceito é a experiência, por exemplo, por que digo que a parede é branca e
“acredito” nisso? Porque a experiência mostra que a parede é branca, desse modo, o
conceito de branco não está embutido no conceito de parede, ele não é explicitado por
via lógica, mas é acrescentado no conceito de parede por meio da experiência. Por isso
os Juízos Analíticos são lógicos, não se baseiam na experiência e, por isso, são
universais e necessários, ou seja, são a priori, entretanto, não acrescentam nada de novo
ao conhecimento, são juízos tautológicos, por exemplo, dizer que o triangulo tem três
lados não acrescenta nada de novo: extraiu um conceito que estava escondido na noção
do sujeito, mas não acrescentou em nada de novo.
O Juízo Sintético é um juízo de experiência e por isso é a posteriori, que não é
universal e necessário, expressa apenas regularidade e não universalidade. A
constatação de um fato mesmo que se repita varias vezes não oferece garantia de sempre
acontecerá assim, por exemplo, o sol pode não nascer amanha (Hume já falava isso), ou
seja, eu percebo pela experiência que toda vez que A acontece B acontece em seguida,
então eu faço uma ligação entre A e B dizendo que A é a causa e B o efeito, mas essa
ligação não é universal e necessária, não é que isso vai acontecer de modo universal e
necessário, pode ser que amanha o sol não nasce amanhã.

3.3 JUÍZO SINTÉTICO A PRIORI

Kant porem está convencido de que as ciências fazem uso de um “super” juízo
que mescla o melhor dos dois juízos, isto é, o lado universal e necessário do Juízo
Analítico (sempre será verdade, mas não acrescenta nada de novo ao conhecimento) e a
experiência do Juízo Sintético (que acrescenta algo de novo ao conhecimento). Então o
juízo sintético a priori é um juízo que é universal e necessário e faz uso da experiência
(amplia nosso conhecimento). Kant diz que a matemática e a física no seu tempo já
fazia uso desse juízo. O problema da Critica da Razão Pura é: como são possíveis os
Juízos Sintéticos a priori, ou seja, como é possível que uma ciência consiga unir a
experiência de um lado e a universidade e a necessidade de outro? Como é possível
extrair da experiência proposições universais e necessárias, extrair da experiência uma
lei universal como 2+2 são 4, quanto o triangulo tem 3 lados, etc. Kant está convencido
de que a metafísica é uma ciência, no sentido de que a física newtoniana é ciência, a
metafisica também não faz uso da experiência. Então a Critica da Razão Pura tem o
objetivo de mostrar como o Juízo Sintético a priori é possível e por que esse juízo não é
possível na metafisica e, portanto, por que a metafisica não é possível como ciência 18.
Kant investiga a Sensibilidade que é a fonte das nossas experiências e o entendimento
que á a fonte dos juízos de razão. São fontes que serão investigadas na Critica da Razão
Pura. Para Kant, as duas fontes do nosso conhecimento são sensibilidade e
entendimento. Todo objeto que conhecemos é uma construção do dado somado à
sensibilidade e ao entendimento. Então é só investigar a estrutura do nosso
entendimento e a estrutura da nossa sensibilidade e assim responderemos como são
possíveis os Juízos Sintético a priori. No fundo Kant quer afirmar de um lado o
determinismo da física newtoniana e de outro lado busca ganhar espaço para a liberdade
humana, a imortalidade da alma humana e para a existência de Deus. O Juízo Sintético
a priori que une, de um lado, experiência (própria da nossa sensibilidade, por exemplo,
através do sentido da visão que percebo que a parede é branca) e, de outro, une
realidade e necessidade (atribuições do nosso intelecto, do entendimento, por exemplo:
juízos matemáticos, isto é, o triângulo possui três lados). Para responder a pergunta
sobre como são possíveis os Juízos Sintéticos a priori, é preciso investigar essas duas
fontes de que são a sensibilidade e o entendimento.
Doutrina Transcendental dos Elementos. A doutrina transcendental dos
elementos estuda os elementos do nosso conhecimento que são dois: sensibilidade e
entendimento. A doutrina transcendental se subdivide em Na estética transcendental
Kant chega a conclusão de que as formas a priori da sensibilidade são espaço e tempo,
aqui na logica transcendental Kant mostra quais são os conceitos do entendimento e o
que acontece quando usamos esse conceitos são o apoio da experiência e ai caímos em
dificuldades e Kant chama de dialética transcendental. estética transcendental que
estuda a sensibilidade Nessa primeira Kant (aborda a questão da intuição,
“sensibilidade”) A sensibilidade humana tem como estrutura as formas a priori do
espaço e do tempo. As formas a priori de sensibilidade são o espaço e o tempo que
conferem uma primeira unidade aos dados sensíveis: a estrutura transcendental da

18
Kant “mata” a metafisica para salvaguardar a liberdade humana, a imortalidade da alma e a existência
de Deus.
sensibilidade humana são as formas a priori espaço e tempo, é assim que organizamos
os dados: conferimos aos dados sensoriais uma primeira unidade. As formas do espaço e
do tempo entregam algo pré-organizado para o nosso entendimento. A lógica
transcendental vai se ocupar com o entendimento, sua tarefa é encontrar e justificar
quais são os conceitos que o homem traz em seu entendimento e mostrar o que acontece
quando o entendimento afasta da experiência e se aventura em especulações dando
origem a aporias, isto é, tronando-se “razão pura” essa tarefa é levada abordada na
dialética transcendental.
Doutrina Transcendental do Método. Estamos falamos de juízos que fazem
uso da experiência e também são universais e necessários, o mundo seria perfeito se nos
utilizássemos a coisa desse modo, as nos também cedemos a tentação de emitir juízos
sobre coisas que nos não temos experiência, por exemplo, sobre Deus. Não se tem a
experiência de Deus como se tem a experiência de um carro em movimento na física
newtoniana, mas, nos elaboramos conhecimento sobre Deus e quando fizer isso,
segundo Kant, fazemos metafisica e Kant diz que aqui mora o perigo, pois nos
desligamos da experiência e faz uso desses conceitos de uma forma pura, para Kant essa
forma pura significa sem a experiência e assim caímos na metafisica de provas da
existência de Deus, que não provam nada. Portanto, Kant diz que quando o
entendimento se afasta da experiência ele cai em dificuldades, vira “razão pura” e a
ciência que ele produz (que não é ciência) é a metafisica. Kant não explica todos os
conceitos19 na critica da razão pura20. Os conceitos que a metafisica clássica atribuía
como qualidade do ser, Kant coloca em nosso entendimento, ele diz que não são
qualidade das coisas, mas conceitos que trazemos em nosso entendimento. Então
quando na física eu explico um fenômeno em termo de causa e feito porque essa
explicação da física é universal e necessária, ou seja, por que é um juízo sintético a
priori, porque o conceito de causalidade esta no meu entendimento e isso garante
universalidade e necessidade. Portanto, investigamos a sensibilidade na estética
transcendental e chegamos a conclusão de que as formas a priori da sensibilidade são o

19
Esses conceitos são em manuais de logica do seu tempo. Alguns desses conceitos nos compreendemos,
por exemplo: Relação (Causalidade, isto é, relacionar uma coisa a outra), Modalidade (metafísica de Wolf
o possível é o que não possui contradição e o impossível é o que não pode ser pensado sem contradição),
etc.
20
Não vamos estudar a dedução transcendental, não vai explicar como Kant chega a esses conceitos e
porque são 12, etc. 1. Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade. 2. Qualidade: Realidade, Negação e
Limitação. 3. Relação: Substância, Causalidade e Comunidade. 4. Modalidade: Possibilidade, Existência
e Necessidade. Quais são só 12 conceitos do intelecto que Kant apresentou. São conceitos que todos nos
trazemos em nosso entendimento.
espaço e o tempo e essas formas dão uma primeira organização ao dado que chega a nos
e depois nos relacionamos esse dado pré-organizado pelo espaço e pelo tempo, nos o
relacionamos ao nosso entendimento, aplicamos a ele uma dessas categorias: seja
unidade, seja causalidade, seja necessidade, etc... é assim que nos conhecemos, no
sentido cientifico, um objeto.
Dialética transcendental. Uso dialético dos conceitos do conhecimento: porque
no afastamos da experiência? Para Kant, os objetos da experiência possível (objetos
que nos conhecemos), são uma construção feita entre os dados sensíveis (as formas a
priori da sensibilidade) e com os conceitos puro do entendimento (fenômeno). O
fenômeno é uma construção do dado da realidade junto com a estrutura da sensibilidade
mais os conceitos do entendimento, essa soma é o fenômeno, a realidade para nós,
construída com a ajuda das estruturas da nossa sensibilidade e do conceitos do nosso
entendimento. O principio de causalidade serve para a física, matemática, entretanto não
para aquilo que está além da sua experiência 21. Para Kant a metafisica não é apenas uma
disciplina academica, é uma tendência natural da razão, ou seja, o homem tende
naturalmente a querer ir além da experiência e conhecer o “incondicionado”, mas ao
fazer isso caí em um conhecimento ilusório. Mesma não podendo fazer isso, o homem
caí nessa tendência natural, pois, essas ideias ajudam a organizar o conhecimento que
temos do mundo, entretanto, não podemos querer conhece-las. A diferença entre uso
regulativo e uso constitutivo é que não podemos conhecer Deus, pois não é objeto da
experiência, mas são ideias da nossa razão e nos ajudam a organizar a nossa experiência
e portanto essas ideias tem um uso regulativo. Entretanto ao querer aplicar para a alma,
para o mundo como totalidade, para Deus esses conceitos do entendimento , cometemos
um erro como a metafisica entrou no passado. Para Kant não podemos provar
cientificamente que temos alma, quando fizemos isso passamos ilicitamente do eu penso
para uma substancia chamada alma. Esse é o erro do paralogismo. Outro erro são as
Antinomias, isto é, leis que são contrarias. Quando tentamos aplicar os conceitos do
entendimento a Deus ou ao mundo como totalidade, nos temos quatro Antinomias, isto
é, conflitos insuperáveis: o mundo é finito ou infinito? O extenso é infinitamente

21
Uma coisa bonita parece que Kant faz é proteger Deus da física Newtoniana ao invés de ataca-lo. Kant
esta dizendo que os princípios da física não se aplicam a matéria de fé, a existência de Deus, a liberdade.
Kant esta “salvando Deus” de virar uma causa de um principio causal. Teoria, práxis e estética juízo=
sintético teorético a priori, outro sintético pratico a priori e outro juízo sintético estético ou reflexivo.
“precisei suprimir o saber para dar lugar a fé”.
divisível ou não? Existe apenas determinismo ou há uma causa livre? Existe um
incondicionado (Deus)? Quando se percebe que a razão não é capaz de conhecer essas
realidades, você acaba, de certo modo, protegendo essas realidades do determinismo da
ciência e assim o mundo é separado em dois pontos de vista: ponto de vista dos
fenômenos e do ponto de vista da coisa em si. O homem só pode conhecer o fenômeno
(dados da realidade + estrutura da sensibilidade + conceito do entendimento) e somente
por ele pode obter conhecimento cientifico, entretanto, isso não significa que o
fenômeno é a única coisa que existe. O principio de causalidade, por exemplo, se aplica
ao fenômeno, mas não se aplica a realidade em si, ao númeno. A mesma coisa pode ser
vista como fenômeno, estando sujeita as leis do mundo fenomênico, mas também pode
ser vista como coisa em si, como númeno e, nesse, caso não esta sujeita ao mundo
fenomênico. O principio de causalidade esta em nos e não nas coisas, é um conceito do
entendimento humano. Quer dizer que a coisa pode ser livre (doutrina dos dois pontos
de vista). Desse modo Kant garante que a liberdade ao menos como possibilidade, ou
seja, a ciência não nega nem afirma a existência da liberdade humana e isso a
salvaguarda como possibilidade e mesmo que não se prove na ciência ela não é um
absurdo. Não podemos usar as ideias de alma, mundo e Deus para constituir os objetos
da experiência, elas não tem uso constituo, mas possuem serventia no uso regulativo,
pois regulam e ordenam nossa experiência.

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