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SUMÁRIO
DOS CRIMES CONTRA A VIDA ..................................................................................................... 2
INFANTICÍDIO (ART. 123 DO CÓDIGO PENAL) ...................................................................... 2
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ........................................................................................... 2
ABORTO (ARTS. 124, 125 E 126 DO CÓDIGO PENAL) ............................................................ 3
ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO ............... 3
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO............................................................................... 3
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ......................................................................................... 4
EXCLUSÃO DE ILICITUDE (ART. 128 DO CP)...................................................................... 4
Exercícios ............................................................................................................................................. 6
Gabarito ............................................................................................................................................ 8

MUDE SUA VIDA!


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DOS CRIMES CONTRA A VIDA

INFANTICÍDIO (ART. 123 DO CÓDIGO PENAL)

O infanticídio está previsto no art. 123 do Código Penal:



Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho,
durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O crime de infanticídio tem como principais características:

Espécie de homicídio privilegiado

SUJEITO ATIVO: Crime próprio

SUJEITO PASSIVO: Filho recém-nascido





O crime de infanticídio é uma espécie de homicídio privilegiado em que tanto o sujeito
ativo, quanto o sujeito passivo, possuem especial qualidade.

DÚVIDA: É possível que imputado o crime de infanticídio ao pai da vítima?


A resposta é SIM.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Joana, sofrendo do estado puerpural, deixa de alimentar seu
filho recém-nascido. Marcos, pai da criança, deixa de agir, mesmo percebendo a intenção de sua
esposa.

Nesse caso, como ser mãe é uma circunstância subjetiva elementar do tipo penal, nos
termos do art. 30 do CP, vai se comunicar a Marcos (pai).

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

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ABORTO (ARTS. 124, 125 E 126 DO CÓDIGO PENAL)

É importante iniciar o tópico ressaltando que o crime de aborto é uma exceção à chamada
teoria monista do concurso de pessoas.

DÚVIDA: O que é a teoria monista no concurso de agentes?


Segundo a teoria monista, os agentes (coautores e partícipes) envolvidos no mesmo
contexto criminoso devem responder pelo mesmo tipo penal.

Por exemplo, Lucas, Mateus e Marcos resolvem praticar um assalto, sendo que o primeiro
será o piloto de fuga, o segundo será o olheiro e o último entrará na agência bancária.

Nesse caso, mesmo que cada agente pratique uma conduta específica, todos responderão
pelo mesmo tipo penal (CP, art. 157).

ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO

O art. 124 do Código Penal tem a seguinte redação:

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque:
Pena - detenção, de um a três anos.

Há divergência em relação à sua classificação, pois parte da doutrina defende que o art.
124 do Código Penal seria um crime de mão própria (não admite coautoria, apenas
participação) e outra parte seria um crime próprio.

ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

Os arts. 125 e 126, ambos, do Código Penal têm a seguinte redação:

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante
não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

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ABORTO COM ABORTO SEM


CONSENTIMENTO CONSENTIMENTO

Reclusão: 01 Reclusão: 03
a 04 anos a 10 anos



CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

O art. 127 do Código Penal tem a seguinte redação:

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
lhe sobrevém a morte.

Com o esquema:

AUMENTO AUMENTO
(1/3) (DOBRO)
Lesão
corporal Morte
grave


EXCLUSÃO DE ILICITUDE (ART. 128 DO CP)

Inicialmente, é importante ressaltar que a natureza jurídica do art. 128 do CP traz alguma
polêmica, contudo, conforme doutrina majoritária, trata-se de causa de exclusão de ilicitude.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.

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EXCLUSÃO
DE ILICITUDE

Para salvar a
vida da
gestante

Decorrente
de estupro


DÚVIDA: O Código Penal autoriza a interrupção da gestação para a vítima do
estupro (CP, art. 217). É possível estender a causa de exclusão de ilicitude para a
vítima do estupro de vulnerável (CP, art. 217-A) por analogia?


A resposta é SIM.

O princípio da legalidade veda a aplicação da analogia quando é prejudicial ao agente (in
malam partem).

Contudo, nada impede a utilização da analogia quando em benefício do agente.

Na situação hipotética, como se trata de aplicação de analogia para estender os efeitos da
causa de exclusão da ilicitude (benéfica), é possível que a vítima vulnerável do estupro possa
interromper a gestação.

MUITO IMPORTANTE


DÚVIDA: É conduta típica a interrupção da gravidez de feto anencéfalo?


A resposta é NÃO.

No julgamento da ADPF 54, o STF firmou entendimento de que é atípica a interrupção da
gravidez de feto anencéfalo.

A decisão tem como fundamento a inviabilidade à vida do feto anencéfalo e a proteção da
dignidade da pessoa humana da mulher, já que a imposição da gestação traria apenas
sofrimento a gestante, fora o risco à sua saúde.

DÚVIDA: É típica a interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação?


A resposta é NÃO.

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A 1ª Turma do STF entendeu que a interrupção da gravidez no primeiro trimestre da


gestação provocada pela própria gestante ou com o seu consentimento não é crime.

Para os Ministros, a decisão visa proteger diversos bens jurídicos da mulher, tais como:
direito a integridade física e psíquica; direitos sexuais e reprodutivos e igualdade de gênero1.

Em suma, as hipóteses em que não se configura o crime de aborto:

NÃO É
CRIME

Aborto
necessário/terapêutico

Aborto
humanitário/sentimental

Feto anencéfalo

1º trimestre da gestação

EXERCÍCIOS
1. (Instituto Acesso/2019 – PC-ES – Delegado) – Ana, após realizar exame médico,
descobriu estar grávida. Estando convicta de que a gravidez se deu em decorrência da
prática de relação sexual extraconjugal que manteve com Pedro, seu colega de faculdade,
e temendo por seu matrimônio decidiu por si só que iria praticar um aborto. A jovem
comunicou a Pedro que estava grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica
clandestina. Pedro, por sua vez, procurou Robson, colega que cursava medicina, e o
convenceu a praticar o aborto em Ana. Assim, alguns dias depois de combinar com Pedro,
Robson encontrou Ana e realizou o procedimento de aborto.

1
CAVALCANTE, MÁRCIO ANDRÉ LOPES. INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ NO PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO. BUSCADOR DIZER O DIREITO,
MANAUS. DISPONÍVEL EM:
<HTTPS://WWW.BUSCADORDIZERODIREITO.COM.BR/JURISPRUDENCIA/DETALHES/DB9E6EEF2EB4F0D8C55ECC7BEAF2D78D>. ACESSO EM: 24/02/2020

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a) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua
vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 126, do Código Penal (aborto
provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no
crime de Robson.
b) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua
vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124, segunda parte, do Código
Penal. Já Pedro responderá como partícipe no crime de Ana.
c) art. 125, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua
vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto
provocado por terceiro sem consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no
crime de Robson.
d) art. 124, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 126 do Código Penal (aborto provocado
por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Ana.
e) art. 126, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado
por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como participe no crime de Ana.

2. (CESPE/2018 – PF – Perito) – Uma mulher de vinte e oito anos de idade foi presa acusada
do crime de infanticídio, após ter jogado em uma centrífuga o bebê que ela havia dado à
luz. Segundo a ocorrência policial, um familiar da suspeita disse que ela havia escondido
a gravidez e que negava que houvesse praticado aborto. A partir dessa situação
hipotética, julgue o item a seguir. A configuração do crime de infanticídio independe da
existência de estado puerperal, bastando para tal que o sujeito passivo seja uma criança.

3. (IBFC/2017 – Polícia Científica/PR – Médico Legista) – O aborto é a interrupção da
gravidez em qualquer época gestacional, antes da data prevista, com a morte do
concepto, intra ou extrauterina. Em relação a esse assunto, analise as afirmativas abaixo.

I. O aborto realizado pelo médico para salvar a vida da gestante é chamado de aborto
terapêutico.

II. O aborto indicado nas causas de estupro é chamado de aborto sentimental.

III. Somente o aborto sentimental é legalmente permitido no Código Penal.

a) Todas as afirmativas estão corretas


b) Estão corretas apenas as afirmativas I e II
c) Estão corretas apenas as afirmativas II e III
d) Está correta apenas a afirmativa II
e) Está correta apenas a afirmativa III

COMENTÁRIO DA QUESTÃO 01: A assertiva correta é a letra A.

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Ao analisar o enunciado, percebe-se que Ana, gestante, praticou o crime do art.


124 do CP, já que consentiu com a provocação do aborto.

Por outro lado, Robson, estudante de medicina, responde pelo crime do art.
126 do CP, pois provocou o aborto com o consentimento da vítima.

Por fim, Pedro deve responder como partícipe do crime praticado por Robson,
já que não chegou a praticar o núcleo do tipo penal (verbo).


COMENTÁRIO DA QUESTÃO 02: A alternativa está errada.

O estado puerpural é elemento essencial do tipo penal do art. 123 do Código


Penal.

Nesse sentido, caso a mãe mate o filho sem estar no estado puerpural,
cometerá o crime de homicídio (CP, art. 121).


COMENTÁRIO DA QUESTÃO 03: A alternativa correta é a letra B.

O item I está correto, pois se trata da hipótese denominada aborto necessário


ou terapêutico.

O item II está correto, pois se trata da hipótese denominada aborto humanitário


ou sentimental

O item III está errado, pois além do aborto humanitário é permitido, também:
o aborto terapêutico, o aborto de feto anencéfalo e o aborto no 1º trimestre da
gestação.

GABARITO
1. A
2. ERRADO
3. B

MUDE SUA VIDA!


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