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OREITO onl INTER CIENTIFICAS DIREITO DE PROPRIEDADE VERSUS DIREITO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO DO ECO RESORT QUINTA SANTA BARBARA PROPERTY LAW VERSUS ENVIRONMENTAL LAW: /ASTUDYECO RESORT CASE QUNTA SANTA BARBARA DERECHO INMOBILIARIO VERSUS DERECHO AMBENTAL: UN ESTUDIO ESTUCHE ECO RESORTOUNNTA SANTA BARBARA Marfa Nendonga Morais Santa Lae Nasenenta Casta! RESUMO Este artigo tem como objetivo analisar 0 conflito entre o direito ambiental eo direito de propriedade, uma vez que dentre 0s requisites que compoem a fungdo social, que tornam o direito de propriedade suscetivel a limitacgo, encontra-se a preservagao do mefo ambiente. A metodologia fot pesquisa bi- bliogrética, exploratdria e descritiva, por meio de uma andlise documental. Assim, mesmo que o di reito de propriedade tenha protecao constituctonal, ele deve atender a sua funcao socioambiental. Des sa forma, 0 caso concreto apresentado exemplifica a relativizaao do direito de propriedade pelo dire. to ambiental, em que o STJ decidiu pela paralisa- cdo de obras que ameagavam destruir dreas de pre- servagdo permanente. Entretanto, niéo é possivel afirmar que o direito de propriedade sera sempre anulado pelo direito ambiental, pois a aplicagao da norma mais adequada deverd ser definida com base nna anélise do easo concreto, PALAVRAS-CHAVE Bens Particulares. Constituiggo Federal. Fungao Socioambiental. Meio Ambiente. Relativizacaio. ae ABSTRACT ‘The purpose of this article is to analyze the conflict between environmental law and property lav, since among the requirements that make up the social function, which makes the property right susceptible to limitation, is the preservation of the environment. The methodology was bibliograph- le, exploratory, and descriptive research, through document analysts. Thus, even if the property right has constitutional protection, it must mest its socio-environmental function. Therefore, the ‘concrete case presented exemplifies the relativization of property rights by environmental lav, in \witich the STJ decided to stop the works that threatened to destroy areas of permanent preserva- tion, However, itis not possible to state that the property rights will always be nullified by environ- mental Law, since the application of the most appropriate standard will have to be defined based on the analysis of the specific case. KEYWORDS Individual Assets, Federal Constitution, Social and environmental function. Environment. Relativization. RESUMEN Este articulo tiene como objetivo analizar el conflicto entre el derecho ambiental y los derechos de propiedad, ya que entre los requisitos que componen la funcién social, que hacen susceptible de limitacién al derecho de propiedad, se encuentra la preservacién del medio ambiente. La metodolo- ‘fa fue de investigacién bibliogréfica, exploratoria y descriptiva, a través de un andlisis documental. Asi, aunque el derecho de propiedad tenga protecelén constitucional, debe cumplir con su funcién socioambiental. Asi, el caso especifico presentado ejemplifica la relativizacién de los derechos de propiedad por la ley ambiental, en la que el ST) decidié detener obras que amenazaban con destruir areas de preservacién permanente. Sin embargo, no es posible decir que el derecho de propiedad siempre serd anulado por el derecho ambiental, ya que la aplicacién del estandar mas adecuado debe definirse a partir del andlisis det caso concreto. PALABRAS-CLAVE Bienes Privados. Constitucién Federal. Funcidn Socioambiental, Medio ambiente. Relativizacién. Interfaces Cietfcas- Arava -V9 Np. 38-46-2022 Faro Contino TINTRODUGAD © presente estudo foi desenvolvido em virtude da colisdo entre 0 direfta de propriedade e 0 direito ambiental. E sabido que direito de propriedade tem sua garantia constitucional, como direito fundamental, assegurada no artigo 5®, XXII, da Constituicao Federal do 1988 (CF/88). Todavia, 0 proprio texto cons- titucional cudou de limitar o direito de propriedade, vinculando-o a sua fungdo social, conforme aponta o artigo 5°, XXIIl, da CF/88. Na legislagdo brasileira, o direito de propriedade também encontra amparo juridico, a exemplo do cédigo penal, do cédigo civil etc, embora esteja condicionado a respeitar sua fungao social. Noutro gito, o direito ambiental também goza de protecao constitucional (artigo 225 da CF/88), com grande relevaincia no cendrio Internacional, sendo amplamente defendido, por meio de normas outros dispositivos, no ordenamento juridico brasileiro, Nesse sequimento, 6 cabivel areflexao quanto a possivel confrontagao do direito ambiental com o direito de propriedade, visto que um individuo pode ser proprietério de um bem, no qual uma area de protecao ambiental permanente pode estar inserida, Dentro desse contexto, questiona-se: como protecao do melo ambiente pautada no direlto amblen- tal impede o exercicio do direito de usar, dispor e gozar do bem, qarantido pelo cireito de propriedade? Nesse viés, esta pesquisa tem como objetivo geral: analisar a contradigao entre o direito de pro- priedade e proteco 20 meio ambiente, com base no caso conereto do Eco Resort Quinta Santa Barbara em Pirenépolis/GO. Assim, € imperlosa a observacia dos objetivos especificos: destacar o concelto do dlretto de pro- priedade, bem como sua protegdo na legislagao brasileira; apontar as limitagdes do direito de proprie- dade; avaliar a importancia do direito ambiental; observar como o direito ambiental pode impactar 0 direito de propriedade na andlise do caso concreto. Justifica-se este trabalho por se tratar de um importante estudo, com grande repercussao social, fem que ambos os direitos séo assegurados pela Constitui¢go, com embasamento em uma situagao real, e no caso do Eco Resort Quinta Santa Bérbara, fica caracterizada a relativizacao do direito de propriedade pelo cireito ambiental, em obediéneia 8 fungao socioambiental da propriedade. Em contrapartida, vale lembrar que é mister a ponderacao na aplicagao das normas, a fim de con- ciliar 0 direito ambiental ao direito de propriedade, com 0 objetivo de equilibrar o desenvolvimento socioecondmico com a legistagdo ambiental. ‘Sustenta-se este trabalho ria tentativa de contribuir para o pensamento critico e reflexivo sobre 0 ‘tema debatido, tendo em vista a necessidade da realizacao de pesquisas sobre como direitos podem divergir entre si e qual critério a ser seguido quando eles se confrontam. 0 procedimento metodolégico fot pesquisa bibliogréfica, exploratéria e deseritiva. Para tanto, {oj realizada uma anélise documenta, utilizando-se de conceftos doutrinérios, jurisprudéncias, bem como 0 ordenamento juridico. Tendo como método afericao: 0 dedutivo, Tundamentando-se em dados cisponiveis na literatura acerea do assunto, tais como: artigos, monografias, dissertacdes, livros etc. Interfaces Cletfics- Arocaju V9 = Np 58- 46-2022 Flux Contino DIREITO ae 2 O DIREITO DE PROPRIEDADE O direito de propriedade é um direfto real (art. 1.225, 1, do CC) ¢ conforme Diniz (2014, p. 134), com ulcro no art. 1.228 do Codigo Civil, consiste no direito que a pessoa natural ou juridica tem, dentro da fungdo social e demais restrigdes estabelecidas na le, de usar, gozare dispor de um bem, corpéreo ou Incorpéreo, bem como de reavé-o do poder de quem injustamente o possua ou detenha, Da mesma forma, Gagliano e Pamplona Filho (2024, p. 444) prelecionam que o proprietario possui a propriedade plena, ao reunir as faculdades (ou poderes) de usar, gozar ou fruir,dispor e reivindicar © bem, nos limites da sua funao social Outrossim, pode-se observar definigao semelhante no Cédigo de Napoledo, apontada por Venosa (2020, p.176), em que o art. 5&a do referido eédigo, dispde que “a propriedade & o direito de gozar e dis- por das coisas do modo mais absoluto, desde que no se faca uso proibido pelas leis ou regulamentos” O direlto de propriedade nasceu da vontade do homem em possult bens. Tamanha 6 a importancia deste diteito, que fot inclufdo na constitui¢ao como direito fundamental pelo leqislador, sendo que a propriedade deve estar em conformidade com os fins sociais a que ela se destina, Vale lembrar que o texto constitucional foi elaborado logo apés o Regime Ditatorial, que durou mals de vinte anos, por melo de uma Assemblela Constituinte, com ampla participacao da populacao, ‘que cuidou para que todos seus interesses tivessem protecao constitucional. O direito de propriedade faz parte do rol de direitos fundamentais assegurados pelo artigo 5° da Constituigo que traz em seu caput que todos sao iguais perante a lei, sem distingao de qualquer natureza, garantindo-se 0 diteito 8 propriedade, reforgado pelo inciso XXII do mesmo artigo que também garante o direito de propriedade, com a ressalva do necessérlo atendimento a sua funcao social (Art.5, XII, CF). A protecao ao direito de propriedade nao € disciplinada apenas pela Constituigao, a Declaragao Universal de Direitos Humanos de 1948, por exemplo, em seu artigo XVII, confere a pessoa “o direi- to a propriedade, s6 ou em sociedade com outros” e assegura que “ninguém seré arbitrariamente privado de sua propriedade”. Protegio essa também corraborada pela Convengao Americana de Direitos Humanos de 1969 (Pacto Sao José da Costa Rica) promulgada pelo decreto n* 678/1992, que defende o dieita & pro- priedade privada em seu Artigo 24, em que o tratado internacional confere as pessoas direito a0 uso. € gozo dos seus bens, limitado pela Lei e pelo interesse da sociedad. Na visto de Gagliano e Pamplona Filho (2021 p. 441), ndo se pode dizer que o direito de proprieda- de se resume a atender sua funcao social, visto que nao ¢ ilimitado, e por esse motivo o Cédigo Civil se preocupou em caracterizé-lo como uma faculdade do proprietério, cujo exereicio deve estar atinhado ‘com suas finalidades econdmicas e sociais e a preservacao do meio ambiente e do patriménio hist6- rico e artstico, conforme estabelecido em lei especial. Para esses doutrinadores, tanto é assim, que 0 § 2° do art. 1.228 veda os atas competitives, ou seja, atos que nao conferem qualquer comodidade ou utilidade ao proprietério e que sa0 pautados apenas no interesse de prejudicar alquém, ou seja, esta norma profbe 0 abuso do direito de propriedade. Interfaces Cietfcas- Arava -V9 Np. 38-46-2022 Faro Contino De mais.a mais, o abuso de um direito, cisciplinado no Art. 187 do CC, nas palavras de Gagliano e Pamplona Filho (2024, p. 441), restaré configurado “quando houver um desvirtuamento da finalidade do direito exercido, independentemente do dolo ou da culpa do seu titular’. 30 DIREITO AMBIENTAL (© Direito Ambiental pode ser definido, nas palavras de Antunes (2045, p. 3), como o ramo do i- reito positivo, cujafinalidade & regular as relagbes entre as pessoas, os governos e empresas com 0 meio ambiente, especificando a forma de apropriacao econdmica dos bens amblentals, precisando haver um equitforio entre os aspectos econémicos, socials e ecol6gicos, com a qualidade de vida da Populagao e methares condigdes ambientais, em outros termos, deve-se considerar 0 desenvolvimen- to econdmico e social e a sustentabilidade dos recursos. De acordo com Antunes (2021, p. 3), 0 Direito Ambiental tem por fungao organizar como a so- cledade vai utilizar os recursos ambientais, definindo métodos, crtérios, proibicoes e permissoes, ditando como a apropriacao econémica (ambiental) pode ser feita, e devido & atividade econémica se fundamentar numa infraestrutura que consome recursos naturais, esse direito atua como regu- lador da atividade econémica. © Diteito Ambiental, consoante Silveira outros autores (2018, p. 544), surgiu como ramo au- ‘tBnomo de Direito Piblico, com o propésito de criar mecanismos formats que efetivassem a adoca0 de medidas de protecao ao meio ambiente, para evitar acdes que degradem o melo ambiente, coma garantia do desenvolvimento sustentavel. Em conformidade com Campos JGnior (2002, p. 70-74), uima das principais caracteristicas do Di- reito Ambiental 6a multidisciptinariedade, isso significa que as normas protetoras do meio ambiente ‘se comunicam com todos os ramos do ditetto, Na concepcao de Antunes (2024, p. 3), 0 Direito Ambiental tem uma dimensao humana, uma di- rmensao ecol6gica e uma dimensao econdmica que devem ser compreendidas harmonicamente”, em que 0 aplicador de diteito deve ter a sensibilidade para, no caso conereto, saber qual dimensao mais se destaca e esté mais necessitada de tutela, sendo a medida de equilbrio que cada dimensio deve ‘guardar em relacao as demials uma questao importante e bem complexa. ‘A preocupacao com a conservagao ambiental teve sua origem em meados do século XX, diante de uma crise ambiental, com o esgotamento dos recursos naturais e as consequéncias negativas pelo Uso ilimitado e indiscriminado desses recursos, a que alertou a sociedade para a importéincla de mi- nimizar a intervengao humane na natureza No Brasil, segundo Campos JGinior (2002, p. 69), antes da edig2o da Let n®7.347/85, que instituiu a Aga Civil Pablica, os danos ambientais, eram disciplinados pelo Cédigo Civil, assim sendo, somente quem sofresse o prejutzo direto do ato ilicito teria legitimidade ativa para postular indenizacao. Diante do clamor popular em meio ao pracesso de reclemocratizagao do pafs e da essencialidade do direito ambiental, sequndo Farias (2021, p. 40), a Constituigao de 1988 dedicou um capttulo a0 Interfaces Cletfics- Arocaju V9 = Np 58- 46-2022 Flux Contino DIREITO ae meio ambiente, sendo a primeira Constituigdo brasileira a usara expresso "meio ambiente” ea tratar efetivamente do tema, (O meio ambiente, na diego de Farias (2024, p. 37), foi consagrado como direito fundamental pela Carta Magna de 1988, que criou um conjunto de normas, em que as instituigdes juridicas e politicas comegaram a desempenhar um papel cada vez mais relevante na matéria Assim, 0 artigo 225 da CF vem contemplar a ideia de sustentabilidade, estabelecendo direito obrigacées pautados no desenvolvimento sustentavel, tornando-se um direito que passa de geracao para geragao e que responsabiliza 0 Poder Publico, as empresas privadas e toda sociedade pela con- servagao do meio ambiente. Ademais, 0 referido artigo estabelece as competéncias e deveres do Poder Puiblico, a obrigagéo de se realizar 0 reflorestamento, o prinefpio do Poluidor-pagador, a instituigao da Amazonia legal, nnossas reservas naturais como patriménio nacional. Por outro viés, Farias (2024, p41), ao debater sobre a legistagao ambiental brasileira, fala sobre a Lei n®6,938/81 (Politica Nacional de Meio Ambiente), que fe2 a relacto do meio ambiente a dignidade da vida humana e é responsével pela criagao do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Nos moldes do interesse mundial sobre o meio ambiente, consoante Cordani e outros colaborado- res (1997, p.399), foi realizada a Conferéncia das Nagdes Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Rlo-92, coma assinatura dos mais importantes acordos ambientais globals como: as Convengdes do Clima ¢ da Biodiversidade, @ Agenda 24, a Declaracdo do Rio para Meio Ambiente e Desenvolvimento, ‘e Declaracao de Principios para Florestas. Assim, resta evidenciada a preocupagao mundial em criar varias agdes e dispositivos legais, com 0 objetivo de proteger o meio ambiente da degradagao causada pela atividade humana e sua politica do consumismo. APRESERVACAO DO MEIO AMBIENTE E 0 DIREITO DE PROPRIEDADE: CONFLITO DE NORMAS OU NECESSIDADE DE UMA INTERPRETACAO SISTEMATICA (O meio ambiente, conforme Campos Jinior (2002, p. 70-71), por ser um bem de uso comum, pode gerar confiitos, que reclamam a interferéncia do Estado, como nos casos que envolvem a frulgao da propriedade privada e a fruigao do bem ambiental de interesse coletivo. Campos Jiinior (2002, p. 73) ainda salienta que caso haja acolisao entre dois princfpios, um iré ce- der frente ao outro, desse modo, um limitard a possibilidade juridica do outro. Todavia, 0 principio nao aplicado nao sera invalido, visto que a colisao se dé entre principios validos. Nesse caso, a aplicagao do prinefpio dependerd da andlise do caso conereto. Logo, nao se pode inferir que, na lide entre direitos antagGniicos, um direito sempre prevalecerd ‘sobre 0 outro, pois nao haverd a aplicacao da norma sem analisar 0 caso conecreto. O que ocorre, na verdade, é que quando um direito vai de encontro a outro, o aplicador direito, ao decidir qual cireito precisa de maior protegao, pode acabar relativizando o direito de menor protecao. Interfaces Cietfcas- Arava -V9 Np. 38-46-2022 Faro Contino Um exemplo dessa relativizagio de fécil percepcao é quando o direito de propriedade é relativiza- do em razao do Interesse coletivo e de sua fungao socioamblental. 4.1 ARELATIVIZACAO DO DIREITO DE PROPRIEDADE INDIVIDUAL EM RAZAO ‘DO INTERESSE COLETIVO E DA FUNGAO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE (0 interesse em proteger o meto ambiente é fruto da necessidade em manter a polttica do consu- mismo ativa, pois, segundo Amaral e outros autores (2018, p. 158), ela é o que move a economia eo desenvolvimento econdmico de um pats. Na realidade, faz parte um ciclo, protege-se o meio ambiente para sustentara politica de consumo que é responsdvel pela degradacao ambiental, Fundamentado nese modelo econiémico, surgito interesse coletivo em assequrar a protegao do meio ambiente. Nesse sentido, é evidente que normas e prine‘pias colidissem entre si, tendo em vista que uma norma deriva do interesse do individuo em possuir e consumir coisas e a outra deriva da necessidade em limitar 0 modelo econdmico adotado que causa danos ambientais. Ao considerar que o direito de propriedade, apesar de fundamental nao é absoluto, a prépria Cons- titulgao culdou em trazer sua relativizacao (Art. 5°, Xl, da CF), condicionando-o ao atendimento & ‘ungdo social da prapriedade. Assim, “foi # Constituigao Federal vigente que consolidou o modelo de propriedade social, sendo que a fungéo social da propriedade é requisito para a seguranga jurfdica do direito de propriedade como diteito e garantia fundamental” (PAGANI, 2009, p. 266). No tocante & fungao social da propriedade, conforme art. 186, Il da CF, dentre os requisitos que € propriedade rural deve atender listados pelo artigo 186 da CF consta a “Utilizacao adequada dos recursos naturais disponiveis e preservacao do meio ambiente” (BRASIL, 1988, on-line). Conforme Heluy (2020, p. 144) prev8, o direito de propriedade & um direito fundamental cons- titucional com o 6nus de atender & fungdo social, mas isso nao significa apenas que a propriedade do pode estar abandonada ou sem utilidade, a funcdo social também esté ligada ao principio da sustentabilidade. Logo, 0 direito & propriedade deve cumprir nao s6 sua fungao social, mas também. sua funcao socioambiental. Para Fontoura (2015, p. 44), em virtude de seu caréter socioambiental, a propriedade desempe- nha um papel fundamental na conservacto do meio ambiente, especialmente quando se trata da preservacao de impactos ambientais urbanos. 0 direito de propriedade esta submetido as questées coletivas, bens jurfdicos difusos e caso a exploracao da propriedade esteja betta de causar Impactos 20 meio ambiente, haverd a relativizacao desse direito,limitando-se a exploragao da propriedade em prot do meio ambiente e do interesse coletivo. Fontoura (2045, p. 35) também enfatiza que é preciso assumir a vinculagdo da ideia de proprie- dade com sua fungdo socioambiental, com respaldo na Constituigao Federal de 1988 e o Cédigo Civil de 2002, desfazendo a postura conservadora que via a propriedade como algo individual, em que a vontade do proprietario se sobrepurha aos interesses da coletividade. A funcao social da proprieda- de, quando vinculada a sua fun¢éo socioambiental, com o dever de manter o meio ambiente ecologi- Interfaces Cletfics- Arocaju V9 = Np 58- 46-2022 Flux Contino DIREITO ae camente equilibrado, além de garantir os interesses do proprietario sobre a propriedade, deve const derar interesses coletivos, difusos, proporcionando uma methor destinagao & propriedade acerca dos interesses sociais e ambientais. Entretanto, Zanocchi (2011, p. 12) adverte o princfpio da supremacia do interesse piiblico deve ser analisaddo com outros prineipios de igual relevancia pelo prinefpio da proporcionalidade (ou da proibigao do excesso), perante as circunstincias faticas e jurfdicas, Isso se deve ao fato de que, como previsto por Monteiro (2006, p. 10), 0 completo aniquilamento de um cireito por outro nao deve ser admitido, pois é preciso haver a coexisténcia harménica entre os diversos ramos do Direito para atender os fins determinados pelo Estado. 4.2 ANALISE OAS DECISOES JUDICIAIS NO TOCANTE A PARALISACAO DAS OBRAS DO ECO RESORT QUINTA SANTA BARBARA NA CIDADE DE PIRENOPOLIS/GO, EM RESPEITO A PROTECAO DE AREA DE PRESERVACAD PERMANENTE Dada a possibilidade da relativizagao de um direito quando confrontado com outro diretto, 0 caso do Eco Resort Quinta Santa Barbara na Cidade de Piren6polis/GO versa justamente sobre a relativize- 20 do direito de propriedade diante do conflito com o direito ambiental. 'Nesse sentido, conforme noticiado pelo site do Supremo Tribunal de Justiga (ST, 2019), 0 caso se trata de ura ago popular que fo ajuizada em 2026, proceso n? 20150438662, pedindo aimedtata paralisaao ddas obras do empreenidimento denominado “Eco Resort Quinta Santa Barbara”, em um terreno situado no centio da cidade de Piten6polis/GO, sob a alegagao de suposto descumprimento de normas ambientais, 0 que ocasionoua suspensdo das obras. Todavia, 0 Tribunalde Justiga do Estado de Goids ordenouaretomada da obra por melo de acérdao de natureza civel (agravo de instrumento n° 5194568.46.2016,8.09.0000),50b o fundamento de que o empreendimento estava devidamente licenciado. No ano de 2018, 0 Ministério Piblico de Goiés, ofereceu dentincia em desfavor da empresa Quinta Empreendimentos Imobilidrios SPE Ltda, pela suposta prética dos crimes tipificados nos arts. 38, caput, &54, caput, da Lei n* 9,605/1998 e art. 15, caput, da Lei n, 6.938/1981. ‘Na mesma data, 0 Ministério Pablico (MP) ajuizou, na Vara Criminal de Pirendpolis/GO, medida cautelar incidental (processo n? 93051-25.2018.8,09.0126), para paralisar as obras até que houvesse, por parte da empresa, a readequacso do projeto com a nao ocupacao de reas de preservacao perma- niente (APP), pedico esse deferido pelo Magistrado, que determinou a suspensao das atividades de construgao, com fundamento nos art. 282, |, e art. 319, VI, ambos do Cédigo de Processo Penal Atesponsévelpeloempreendimentoajuizoumedidacautelar,processon*5457074.06.2018.8.03.0000, de natureza civel, @ qual fol monocraticamente deferida para suspender os efeitos da cautetar criminal autorizar a retomada das obras, 0 MP de Goias impugnou a decisao, mas 0 agravo interno Foi desprovido pela cémara civel do Tribunal de Justiga de Goids (LIGO). 0 érgao ministerial interpds recurso especial e, em pedido de tutela proviséria ao STJ, proceso n* 0184963-28.2019.3.00.0000, defendeu a suspenstio dos efeitos do acérdao do TJGO, sob alegagao de que haveria risco de dano irrepardvel ao bem juridico tutelado pela norma penal (art, 38, caput, e art. 54, caput, da Lei n° 9.605/1998), evidenciado pela supressao de APP e destruigao de nascentes eausadas pelo empreendimento, Interfaces Cietfcas- Arava -V9 Np. 38-46-2022 Faro Contino Em decisdo monocrética posteriormente confirmada pela Sexta Turma, 0 ministro Sebastido Reis iinior, relator do pedido, deferiu a tutela provis6ria para atribulr efeito suspensivo ativo ao recurso especial, restabelecendo a ordem do juizo criminal para interrupeao das obras. Frente a divergéncia de decisdes entre as esferas Civel e Penal, 0 ministro salientou que apenas no STJ 0 processo recebeu tratamento adequado, possuindo a matéria indole penal, ainda que tenha seguida 0 rito dos procedimentos civeis. Para o relator, no caso em questao, 0 jutzo criminal evidenciou risco de dano ineparével ao bem jurfdico tutelado pela norma penal, devido a supressao de APP e pela destruigao de nascentes causa- das pelo empreendimento. relator ainda destacou que o MP suscitou ofensa aos artigos 42, 43 e 62 do Cédigo de Proceso Cuil; a0 artigo 282 do Cédigo de Processo Penal; e, subsidiariamente, 20 artigo 1.022, Il, do Cédigo de Processo Civil, Para o ministro quando se trata de medida cautelar de indole penal, nao assiste competéncia a0 colegiado civel para debater a matéria. Assim, 0 ministro declarou haver possibilidade de éxito no Pedi ministerial, pois 0 Tribunal de Goids tratou de questo penal como se fosse civel, o que confi- guraria ilegalidade pass(vel de reforma pelo SU S CONSIDERAGOES FINAIS Dado 0 exposto, 0 direlto de propriedade é considerado como direito fundamental, assegurado pela constituicao e normas infraconstitucionais. Contudo, para que haja efetivacao desse direito, & imprescindivel que ele esteja em conformicade com sua funcao socioambiental. Por sua vez, 0 direito ambiental, também garantido pela constituig’o e amplamente defendido or normas amblentais, comunica-se com varios ramos do direlto dada a sua multidisciptinariedade. ‘Ademais, evidencia-se a importéncia do direito ambiental na ordem mundial, por meio da realizagao, 20 longo dos anos, de convengdes e acords internacionais, elaboracao de eis e outros dispositivos legais de protegao ambiental. Atualmente, o modelo econdmico adotado por vérios pafses baseia-se na politica do consumismmo, responsével peta degradacao ambiental, mas que depende da preservacao do meio ambiente para se manter ativa. Embasado nese modelo econémico, surgiu o interesse coletivo em assequrar a prote- G0 do meio ambiente. Nesse viés, é inevitavel que normas divergissem entre si, pois uma parte do interesse do individuo em possuir e consumir coisas e a outra da necessidade em limitar 0 modelo econémico adotado que causa danos ambientais. Nesse contexto, pode haver a relativizagao de um direito para que outro direito seja assegurado. Um exemplo prético dessa relativizagao 6 0 caso apresentado, que diante do conflito entre direitos individuais e coletivos, 0 STJ decidiu pela paralisagao das obras, reafirmando a relativizagao do direito de propriedade (individual) pelo direito ambiental (coletivo) Interfaces Cletfics- Arocaju V9 = Np 58- 46-2022 Flux Contino DIREITO ae Contudo, néo se pode falar em invalidagio de direitos ou normas, o que realmente ocorre é a apli- ‘cagao da norma ou direito mais adequado ao caso concreto, ou seja, qual bem juridico necessita de mais tutela em meio ao conffito entre cireitos. Portanto, a discordancia entre direitos nao implica na anulagao de um direito, mas sim na busca de uma coneiliagso entre normas ambientais @ 0 dieito de propriedade, estabelecendo um equilforio entre o meio ambiente e crescimento socioeconémico. Assim, sedimenta-se a relevancia desse trabalho, como forma de contribuir para novos estudos que versem sobre conflitos entre direitos e que venham explicar como o direito de propriedade pode ser relativizado pelo direito ambiental, com o objetivo de preservar o meio ambiente, vinculando cada ‘vez mais 0 crescimento da economia com 0 uso racional dos recursos naturais, REFERENCIAS AMARAL, J. A. etal. Feira sustentével de trocas: mobilizando a discussao sobre meto ambiente e consumo no IFRN/Mossor6, in: NUNES, AO. etal org.) Ensino na educacao bésice. Natal: IFRN, 2048. p. 134-156. Disponivel em: https://memoria.ifrn.edu.bi/bitstream/handle/1044/1659/ Ensino%20na%20Educa ca0%20Basico%202%20-%20E-book. pdf?sequence=I6isAllowed=y#pa ‘ge=134. Acesso em: 30 out. 2024. ANTUNES, P. de B. Direito ambiental. 22. ed. Sao Paulo: Atlas, 2021. 1144 p. ANTUNES, P. de B. Manual de direito ambiental: de acordo com o novo cédigo florestal (len. 12.651/12 e lein, 12.727/12). 6. ed. 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Interfaces Cletfics- Arocaju V9 = Np 58- 46-2022 Flux Contino DIREITO 1 autora em Diao Poitica @ Econdmice pela Univorst- dade Presbiteriana Mackenzie, professora universitia de sdreto na Universidade Tradentes, Aracalv, Seraipe, Brasi, E-mait marlia mendoncagpsouuini com be Teletone: (79) 998354675, 2 Graduada om Dirito pola Universidade Tiradontes — UNIT. E-mail laiseno@hotmall com Recebldo em: 20 ce Novembra de 2021 Avaliado em: 5 de Dezembro de202 ‘Aceito em: 10 de Dezembro de 2021 Aautentcidade desse artigo pode ser confer no site htos//periodcos, sctedubr Copyright (€) 2022 Revista Interfaces Cleptiticss Direto Este trabatho esta cenciago sob uma Ucanga Creative Commons Attribution NonCommetcla 4.0 Intemational License GRUPO TIRADENTES

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