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ACADEMIA Accelerating the world's research. Mapeamento de injusticas ambientais: uma ferramenta de implementacao do Estado de Direito Socioambiental Gabriel Antonio Silveira Mantelli Diélogo Ambiental, Constitucional e Internacional Cite this paper Downloaded from Academiaedu Get the citation in MLA, APA, or Chicago styles Related papers Download a PDF Packof the best related papers CA DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 Mapeamento de injustigas ambientais: uma ferramenta de implementacao do Estado de Direito Socioambiental Mapping of environmental injustices: a tool to realize a socio-enviromental oriented state GABRIEL ANTONIO SILVEIRA MANTELLI CAROLINA CORREA MORO CAROLINE MARQUES LEAL JORGE SANTOS Resumo 0 trabalho discorre sobre o mapeamento de injustigas ambientais e sua importéncia para efetivar o Estado de Direito Socioambiental e salva- guardar a justica ambiental. Apresenta o movimento por justiga ambiental sob 0 enfoque de disparidades sociceconémicas provenientes da sujeicéo de determinados grupos degradacdo ambiental, ao passo que o modelo estatal socioambiental incorpora a necessidade de um olhar transdiscipli nar entre justica social, protecdo ambiental e diversidade cultural, sendo que 0s conceitos esto relacionados. € trazida a idela de cartografia social, instrumento de mapeamento que incorpora os principios da informagdo Ir para 9 indice 186 ambiental, da participagdo popular e da prevengao, eixos norteadores do direito ambiental brasileiro. A experiéncia do Mapa de Conflitos envolvendo Injustiga Ambiental e Satide no Brasil, elaborado pela Fiocruz, é exemplo de como 0 mapeamento da injustica ambiental é importante ferrementa para a implementagdo do Estado de Direito Socioambiental, norteando politicas puiblicas, atuago politico-social e disseminago de informagao ambiental Palavras-chave: Justica Ambiental. Estado de Direito Socioambiental Cartografia Social. Informacao Ambiental Abstract This paper discusses the mapping of environmental injustices and its importance in order to realize Socio-environmental State and to sa- feguard environmental justice. It argues that, while the environmental justice movement focuses on the socioeconomic disparities of subjecting particular groups to environmental degradation, the socio-environmental state model incorporates the need for a transdisciplinary look at social justice, environmental protection and cultural diversity. The idea of so cial mapping, a mapping tool that incorporates the principles of envi- ronmental information, popular participation and prevention, guiding principles of Brazilian environmental law, is presented. The experience of the Conflict Map involving Environmental Injustice and Health in Brazil elaborated by Fiocruz is a practical example of how the mapping of en vironmental injustice is an important tool for the implementation of the Socio-environmental Law State, guiding public policies, political-social ac- tion and dissemination of environmental information. Keywords: Environmental Justice. Socio-environmental State. Carto: graphy. Environmental Information. Ir para o indice 187 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 INTRODUGAO E fato que a pauta ambiental ocupa, nos dias atuais, posigao de re- levancia em diversos espacos sociais. Para além do silenciamento de determinadas narrativas em fungao de outras, é tarefa do operador de direito contemporaneo compreender os discursos que buscam padroni- zar as questdes envolvendo a relac3o da humanidade com os elementos ambientais para, juntamente com outros campos do conhecimento, evi denciar injustigas presentes nesses casos. O presente trabalho, na tentativa de contribuir de forma interdis- ciplinar e transversal ao debate juridico-ambiental, propde que a exe- gese do tema deve ser pautada por um olhar critico. Deve, sobretudo, servir de instrumento para a garantia de direitos humanos e socio: ambientais, para questionar discursos homogeneizantes e para aliar justica social com salvaguarda ambiental. Para a finalidade proposta, apresentamos a importancia da realizacdo de mapeamentos que evi- denciem os casos de injustica ambiental que afetam determinadas parcelas da populacio brasileira. O trabalho esté dividido em trés momentos fundamentais. Na primeira parte, expomos os conceitos basilares a serem utilizados: a ideia de um Estado de Direito Socioambiental e o movimento por justica ambiental. Na segunda parte, apresentamos 0 instrumento da cartografia social e eviden- ciamos a vinculagdo deste com principios caros ao direito ambiental. Por fim, na Ultima parte, ilustramos o exposto de forma mais pragmatica: com 0 caso conereto da experiéncia da Fundac&o Oswaldo Cruz e com a aplica go do raciocinio no ambito das politicas publicas. A metodologia aplicada no presente trabalho ¢ de reviséo bibliografica com fins exploratérios. Ir para o indice 188 1. ESTADO DE DIREITO SOCIOAMBIENTAL E JUSTICA AMBIENTAL Uma das propostas fundamentais do presente trabalho é propiciar leituras fora do convencional no ambito do direito ambiental. Entende- mos que uma das formas de fazé-lo é nos utilizando de dois arcaboucos tericos criticos aos modelos vigentes. O primeiro deles é 0 modelo estatal que se denominou, dentre outros nomes, de Estado de Direito Socioambiental. 0 segundo deles é o sentido que se dé a expressiio justiga ambiental. E o que passamos a expor. 1.1 Combate ao racismo ambiental e histérico do movimento por justica ambiental O que entendemos por justica ambiental surgiu nos Estados Unidos na década de 1960 na forma de ativismo politico quando populacées negras, habitantes de bairros periféricos, evidenciaram a relacéo en- tre racismo e poluigdo ambiental. Nesse contexto inicial, cunhou-se o termo racismo ambiental para designar a existéncia de elementos ra- ciais e socioeconémicos na sujeicao de determinados grupos sociais as consequéncias adversas do desenvolvimento econémico!. Atualmen- te, pode-se dizer que o movimento justica ambiental preceitua que, em um cenério ideal, as clivagens sociais ocasionadas pelo desenvol vimento e pela producao econémica néo podem produzir riscos e ad- versidades ambientais desproporcionais as parcelas menos abastadas da populaggo e/ou mais vulneréveis. Martinez Alier insere o contexto norte-americano com outros mo- vimentos com premissas semelhantes, nomeando-os como ecologismo 1 ACSELRAD, Henri; MELLO, Cecilia Campello Amaral; BEZERRA, Gustavo das Neves, O que é justica ambiental, Rio de Janeiro: Garamond, 2009. p. 16. Ir para o indice 188 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 dos pobres*, Para 0 economista, essa corrente do movimento ambiental & aquela que se pauta na defesa de minorias, assinalando a relaco entre cres- cimento econémico e impacto ambiental. Inclui, entre outros, “conflitos pelo uso da dgua, pelo acesso as florestas, a respeito das cargas de contaminacdo eo comércio ecolégico desigual, questées estudadas pela ecologia politica”® No contexto brasileiro, é mais comum que as producées cientificas e@ os movimentos sociais utilizem 0 termo justica ambiental para desig: nar essa relaggo existente entre degradacéo ambiental e vulnerabilidade socioeconémica, incorporando, em determinados casos, a componente racial. Henri Acselrad’, um dos principais estudiosos brasileiros nesse campo, afirma que essa construgio conceitual é “uma nogdo emergente que integra 0 processo histérico de construgao subjetiva da cultura dos direitos no bojo de um movimento de expansdo seméntica dos direitos humanos, sociais, econémicos, culturais e ambientais”. O autor, em ou- tras palavras, salienta a necessidade de uma leitura holistica da questo ambiental, o que também propomos no campo juridico No caso de movimentos sociais, a Rede Brasileira de Justica Ambiental & um exemplo de espaco de articulacao que incorporou o ideério da justica ambiental em sua atuagdo. No manifesto de langamento, esse movimento busca reverberar as vozes daqueles que so vitimas de casos de injustica ambiental: desempregados, trabalhadores expostos aos riscos decorrentes das substancias perigosas, grupos sociais de menor renda, populacées tra- dicionais de extrativistas, pequenos produtores, indigenas, entre outros°. 2 ALIER, Joan Martinez. 0 ecologismo dos pobres. So Paulo: Contexto, 2009. p. 33-35. 3 ALIER, Joan Martinez. 0 ecologismo dos pobres. So Paulo: Contexto, 2009. p. 39. 4 ACSELRAD, Henri (org). Cartografias sociais e territério. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional, 2008, 5S BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Manifesto de Langamento da Rede Brasileira de Justica Ambiental. Ir para o indice 190 Chamamos a atencao, no campo do direito brasileiro, para os trabalhos de Rogério Rammé. Para ele, a perspectiva da justica ambiental “apresenta uma vinculagdo direta com a tematica dos direitos humanos e fundamen- tais, bem como com os direitos procedimentais que sirvam de instrumento para 0 acesso de comunidades e populagées vulnerdveis & justiga”®. Nota- mos que, por mais que os movimentos sociais discutam essas questées desde a redemocratizacio com a promulgacao da Constituico Federal, de 1988, no ha até hoje uma referéncia jurisprudencial que debata essas premissas no judicidrio brasileiro. Acreditamos ser esse um indicativo de que, no meio juridico, esta é uma temdtica que precisa ser mais bem es- tudada, aprofundada e difundida, tanto dentro quanto fora dos tribunais. 1.2 Socioambientalismo em pauta e o modelo do Estado de Direito Socioambiental Ao passo que a emergéncia da justia ambiental é caracterizada pelo seu cardter global e pelo combate & sujei¢a0 aos riscos ambientais por de- terminados grupos sociais em relacéo a outros, surge no Brasil uma leitu- ra especifica dos problemas ambientais. € 0 que Juliana Santilli chama de socioambientalismo que, também numa visio critica ao direito ambiental, segundo a autora, trata-se de uma concep¢ao que inclui participag3o co: munitéria, integracdo entre sustentabilidade estritamente ambiental com a sustentabilidade social e a promogiio de um novo paradigma de desen- volvimento que inclua diversidade social e consolidacdo da democracia’ Em nosso histérico, é comum a referéncia aos movimentos indigenas (“os povos da floresta”) que pleiteiam direitos de terra e agées combativas aos 6 —_RAMME, Rogério Santos. 0 desafio do acesso 8 justica ambiental na consolidagjo de um Estado Socioambiental. Revista Direito Piblico, v. 11, n. 58, p. 183, 2014. 7 SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo e novos direitos: protecao juridica & diversidade biolégica e cultural. S30 Paulo: Petrépolis e ISA, 2005. p. 14. Ir para o indice 191 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 megaempreendimentos considerados nocivos a0 meio ambiente e a seus modos de vida, assim como aos movimentos de seringueiros quando da atu- ago politica de Chico Mendes e Marina Silva no perfodo de redemocratiza- go®. Nessa época, por exemplo, por meio de discuss6es politicas e juridicas, a definicdo legal de reserva extrativista ganhou corpo’, dando representacao pragmética para a emergéncia do direito com leiture socicambiental O direito socioambiental, por sua vez, é a definigaio que se da a determi- nada abordagem de estudos e atuacdes do direito ambiental que incorpora em sua genética a visdo do socioambientalismo. Entendemos que esse eixo inclui a necessidade de leitura critica dos modelos vigentes, principalmen- te econdmicos, e, além disso, a aderéncia tematica de outros espagos de ativismo social, como é 0 caso dos povos indigenas e das populagées tradi- cionais. Para Rammé e Zalazar, a interlocucao entre direito socioambiental e justiga ambiental se da quando 0 direito passa a englobar “demandas por auto-gestdo da produgao e estilo de vida de grupos e populagées, por iden- tidade étnica, por autonomia cultural e contra o racismo ambiental”**. Se fizermos uma anélise sob a dtica constitucional, vislumbraremos que os modelos estatais, influenciados pelas instituigdes europeias, passaram por cadeias evolutivas, de um Estado minimo, com ideals liberais, para um Estado mais presente na vida social". O Estado de Direito Socioambiental estaria 8 — SANTILLI, Juliana. Socioambientalismo e novos direitos: protecdo juridica & diversidade biolégica e cultural. So Paulo: Petrépolis e ISA, 2005. p. 15. 9 Alein® 9.985, de 2000, que institu’ o Sistema Nacional de Unidades de Conservac3o, da Natureza, 6 uma das notaveis herangas desse atvismo. O conceito de reserva extrativista foi incorparado em nosso ordenamento, conforme o artigo 18A deste diploma legal 10 RAMME, Rogério Santos; ZALAZAR, Caroline. A justiga ambiental ea sua relagio com o direito socioambiental. Justiga & Sociedade, n. 1, p. 106-107, 2016. 11 _LINS, Litiane Cipriano Barbosa. Estado Socioambiental: qual a posicéo dos direitos fundamentals neste novo modelo estatal? Férum de Direito Urbano e Ambiental = FDUA, Belo Horizonte, ano 11, n, 65, set /out. 2012. Ir para o indice 192 no estagio avangado em que as nogGes de respeito aos direitos humanos e a protecdo ambiental caminhariam de forma conjunta. Para Sarlet e Fens- terseifer, a Constituico Federal de 1988, estabelece esse novo modelo de Estado, com uma nogio integrada das causas ambientais, sociais e culturais™ 2. CARTOGRAFIA SOCIAL E INFORMACAO AMBIENTAL Agora, apresentamos o instrumento da cartografia. Neste mbito, po- demos distinguir quatro principais fases na histéria da cartografia numa evolugdo ndo propriamente retilinea, mas de alguma maneira associa- da a formacio dos Estados modernos. Inicialmente, os mapas serviriam para desbravar rotas comerciais e novas terras que ampliassem as fron- teiras nacionais. Num segundo momento, surgem como instrumento de consolidacio dos territérios anexados. A partir daf, tem lugar um mo- vimento de reestruturacdo geogréfica em fungdo de sua fragmentacao politico-administrativa. Como se vé, a cartografia tradicionalmente es teve a servigo do poder, como forma de organizacdo e controle social” Apenas recentemente, hé menos de meio século, num momento de rede- finigdo dos papéis dos Estados, inaugura-se uma nova fase, na qual é reconhe cida a insuficiéncia de abordagem puramente cientfica. A cartografia social assume, por conseguinte, a funcao de cristalizar demandas sociais em polit cas pUbblicas. Passa-se de um modelo imposto, para um processo de constru- co participativo, o qual leva em conta a produgo coletiva de conhecimento, numa ldgica que tem como premissa a inter-relagao da sociedade e seu meio. 12 SARLET, Ingo Wolfgang; FENSTERSEIFER, Tiago. Estado socioambiental e minimo existencial (ecol6gico?): algumas aproximagées. In: SARLET, Ingo Wolfgang (org,). Estado socioambiental e direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. p. 11-38. 13 LACOSTE, Yves. An illustration of geographical warfare: bombing of the dikes on, the red river, north Vietnam, Antipode, v. 5, n. 2, p. 1, 1973. Ir para o indice 193 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 Além disso, a cartografia social é orientada para fins que ndo a re- presentagdo puramente geogréfica, incluindo dentre seu escopo a es- pacializagéo de dados socioambientais, permitindo que determinada comunidade e 0 meio na qual se insere sejam devidamente retratados. Constitui, portanto, um complexo processo de representacio gréfica de um povo, que ao fim e ao cabo transforma-se em cabedal para constru go de estratégias de aco comunitaria 2.1 © modelo de cartografia social enquanto ferramenta de apoio ao direito Partindo dessas premissas, inferimos que os mapas sociais so igual- mente instrumentos de aquisicao de direitos constitucionais, ja que a in- cluso dos agentes sociais em sua confeccao permite que estes assumam o controle e, por via de consequéncia, exergam um papel ativo na defesa e transmissio de seus direitos e valores. Nesse sentido, a cartografia per- mite a identificagdo dos limites territoriais, em especial de minorias cons- tantemente pressionadas pela expansdo da atividade econémica, e a de- fesa juridica do uso e ocupagao do solo pelas comunidades tradicionais, por exemplo. Ademais, viabiliza a identificagio de dreas nas quais hd uma situagSo consolidada ou de vulnerabilidade as injustigas ambientais Analisando experiéncias cartograficas em diversos paises, estudos or- ganizados por Acselrad destacaram a utilizagao dessa ferramenta para a protesdo juridica de minorias, como no caso do reconhecimento dos di- reitos costumeiros de populacées indigenas contra a monocultura na In- donésia, ou para gerir conflitos relacionados ao uso de terra na india, en- quanto em nosso Pais notaram que quase 50% dos casos destinaram-se Ir para o indice 194 a delimitacdo de territérios"*. Os exemplos brasileiros, em sua maioria, restritos as questées fundidrias, evidenciam uma subutilizacao da carto grafia social, que poderia ser entendida como meio para consecugao de um ambiente ecologicamente equilibrado 2.2 Principio da prevengao Nao obstante os mapas tenham servido, tradicionalmente, para re presentar passado e presente, a cartografia social se volta eminentemen- te ao futuro, exercendo, como dito, um papel indutor de politicas publi- cas e, na dtica do presente trabalho, de prevengdo de danos socioam- bientais. Com efeito, ao constituir ferramenta de conhecimento do ter- ritdrio representado, a cartografia social permite tanto a antecipacao de perigos concretos (prevengdo) quanto de riscos hipotéticos (precausao), bem como conduz 4 utilizagao racional e planejada dos recursos naturais. Por essa razdo, a cartografia social ndo deve se limitar ao mapeamento dos espacos naturais apenas no sentido técnico do termo, ou seja, como forma, por exemplo, de legitimar o direito de comunidades tradicionais sobre seus territérios. Conquanto nfo se negue a importéncia desse ob- jetivo, ele constitui um entre uma vasta gama de potencialidades. Dentre elas, destacamos o planejamento, que enseja ndo apenas a organiza¢do do territério, mas sua continua construgo. Isso porque 0 mapa deve ser 0 espelho de uma sociedade cambiante e de realidades, por sua prdpria natureza, instaveis. Dessa forma, um planejamento nao participativo teré grandes chances de jazer empoeirado na biblioteca de 14 ACSELRAD, Henri (org.). Cartografias sociais e tertitério. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional, 2008. p. 24-25. Ir para o indice 195 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 alguma academia. Se 0 mapeamento torna as comunidades protagonis tas de seu espaco e cénscias de seus recursos, o planejamento inclusivo, ao exercer uma fungo prospectiva, conduz 4 adocdo de um comporta- mento necessariamente preventivo. 2.3 Principio da informacSo ambiental e participago social O principio da informaco comporta duas facetas: o dever eo direito de informar-se. No Ambito deste ultimo, 6 possivel identificar trés eixos: o direi to de informar, que quer significar a liberdade de transmitir uma informacéo, o direito de se informer, ou de buscar determinada informacao, e o direito de ser informado; e, portanto, de receber a necesséria e devida informacao" No campo ambiental, o principio deve traduzir de forma inteligivel 0 meio em que determinada comunidade se insere, suas potencialidades e riscos, permitindo o exercicio de uma verdadeira cidadania ambiental'®. Sob a dtica cartografica, é preciso superar a ideia falaciosa de que a linguagem contida nos mapas é a todos acessivel. Isso impde um dever de informacdo aos agentes ptiblicos e profissionais em geral, ao lado do direito das comu- nidades, como requisito para uma participacao esclarecida. Ademais, con- siderando o subjetivismo inerente a produgio cartogréfica, fiel ao olhar de seu autor, a informacao, em suas miltiplas acepcées, mostra-se imprescin divel para garantir que ndo seja retratada a vistio de uma sociedade mope Além disso, como dito, a ampla apropriacao das informagGes pela co- munidade permite o planejamento de suas agdes de acordo com a ordem 15 CANOTILHO, J.J. Gomes; MOREIRA, Vital. Constituigo da Republica Portuguesa Anotada. 3. ed, rev, Coimbra: Coimbra Editora, 1993. p. 225-226 16 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito a informagao e meio ambiente. So Paulo: Malheiros, 2006, Ir para o indice 196 de prioridades, como, por exemplo, as questées atinentes ocupagdo e uso da terra. A disseminac&o de mapas “tem sido entendida como por- tadora de miltiplos efeitos, desde a multiplicacio democratizante das formas de interpretar o mundo, até o acirramento dos mecanismos auto- ritérios de controle, proprios a uma ‘sociedade da vigilancia’”"”. Somente a combinago de ampla informacao e uma real participa comunitéria 6 capaz de evitar o reforco do controle social, garantindo a cartografia social seu poder transformador, capaz de contemplar informagées socio- ambientais que unem de forma to desigual o territdrio brasileiro. 3. POLITICAS PUBLICAS E O ESTADO DE DIREITO SOCIOAMBIENTAL Ha certo aprofundamento na rela¢do do direito com a construcao das politicas publicas, antes restritas ao espaco da politica, com a expansdo das geragdes de direitos humanos, principalmente quando se trata dos di- reitos de segunda e terceira geragdo™. Este processo de expanstio surge da percepsio de que a fruicdo dos direitos de modo a se assegurar a dignida- de da pessoa humana se dé de forma complexa, ou seja, a garantia isolada de um direito no ¢ suficiente, sendo necesséria a implementagio efetiva da rede de direitos historicamente assegurados no plano das normas. Nessa linha, as Constituigdes Federais tornam-se efetivamente as car- tas-programas de um Estado de Direito, elencando os direitos fundamen- 17 ACSERALO, Henri (org.). Cartografias sociais e territério. Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional, 2008. p. 14. 18 BUCCI, Maria Paula Dallari et al. Direitos humanos e politicas piblicas. So Paulo: Instituto Polis, 2001. p. 7-8. Ir para o indice 197 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 tais individuais e sociais. Para que esta carta néo seja mera “folha de pa pel”, como diagnosticou Lasalle”, ganham forca os movimentos que pri- mam pela efetividade da Constituicdo, como os encabecados por Konrad Hesse”. O neoconstitucionalismo, nesse sentido, surge como corrente do pensamento juridico que propée a expansao dos direitos fundamen- tais, a forca normativa da Constituicéo Federal, a teoria dos principios e a renovacSo da hermenéutica juridica. Pode-se dizer que o Brasil, com a Constituicao Federal, de 1988, repleta de direitos fundamentais, cami- nha neste sentido neoconstitucionalista, ganhando forca as demandas por efetividade dos direitos assegurados constitucionalmente. Em um Estado Socioambiental de Direito, conforme delimitado supra, 05 principios e valores estabelecidos na Constituicéo Federal englobam a garantia de direito ao meio ambiente sadio e equilibrado como forma de concretizago do ideal de dignidade da pessoa humana. Mas de que forma seria implementado esse programa? Um dos meios disponiveis, dentre ou- tros, so as politicas puiblicas. Bucci afirma que "as politicas publicas atuam de forma complementar, preenchendo os espacos normativos e concreti- zando os principios e regras, com vista a objetivos determinados””. Dessarte, a funcio do direito, pensando na construgao de politicas publicas em um Estado Socioambiental de Direito, pode ser vista como a criago de mecanismos e ferramentas de implementagao e garantia de direitos. Nas palavras de Coutinho, poderfamos pensar uma “tecno- 19 LASALLE, Ferdinand. A esséncia da Constituigo. 9. ed. Rio de Janeiro: Editore Lumen Jéris, 2010, 20 HESSE, Konrad. A forga normativa da Constituigo. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1991. 21 BUCCI, Maria Paula Dallati et ol. Direitos humanos e politicas publicas. So Paulo: Instituto Pélis, 2001. p. 11 Ir para o indice 198 logia juridica’”. Dentre as fungdes jurfdicas destacadas por Coutinho no que concerne as politicas publicas, est justamente a de “prover arranjos institucionais ou para construir canais de accountability e participacao”. Portanto, fica evidente o papel central das politicas publicas num Estado Socioambiental, de modo que estas politices devem assegurar os princi- pios e valores socioambientais. 3.1 Elaboracao de politicas puiblicas orientadas por cartografia social Compreendida a estrutura do Estado Socioambiental e contexto de luta por efetividade dos direitos fundamentais em que este se insere, bem como 0 papel das politicas publicas nesta implementacio de direi- tos, passamos a outra parte relevante do debate: Quais politicas publicas devem ser implementadas? Quem ¢ 0 publico destinatario? Quais confli- tos devem ser objeto de tutela? Retomamos neste ponto o debate estabelecido nos pontos anterio- res deste trabalho acerca da injustiga ambiental. Ou seja, os danos e im- pactos socioambientais sdo distribuidos de forma desigual no espago e entre os grupos que compdem uma sociedade. Nas palavras de Lauris, determinados grupos suportam uma parcela desproporcional das exter: nalidades ambientais negativas resultantes da producéo e de um discre- pante acimulo de poder e de riquezas™. 22 COUTINHO, Diogo Rosenthal. 0 Direito nas politicas puiblicas. in: MARQUES, Eduardo; FARIA, Carlos Aurélio Pimenta de, Politica piiblica como campo muttidiscipli ‘So Paulo: UNESP. 23 LAURIS, Edis. Mobilizago juridica versus mobilizago social: uma abordagem a partir da justiga ambiental. Revista da Defensoria Publica do Estado de Sao Paulo, ano 4, p. 55-74, jul /dez. 2011 Ir para o indice 198 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 Destacamos que, dentre os objetivos fundamentais estabelecidos na Constituigo Federal, encontram-se, no artigo 32, a construggo de uma sociedade livre, justa e solidaria, assim como a erradicagao da pobreza Sob a égide do ideério da justica ambiental, esses objetivos devem ser superados também na seara das politicas puiblicas socioambientais. Ora, ha de se considerar no planejamento das politicas pUblicas essas exter- nalidades ambientais negativas do modelo de sociedade em que vive- mos, para efetivamente corrigi-las, assegurando-se a dignidade humana ea igualdade material entre os cidadaos Bucci nos esclarece quanto as politicas puiblicas que “segundo uma definicao estipulativa toda politica publica é um instrumento de plane- jamento, racionalizacdo e participacao popular”. Nessa perspectiva, o gestor puiblico deve planejar seus programas de forma racional e com participagdo popular para se assegurar uma politica efetiva, legitima e que enfrente os desafios reais dos conflitos socioambientais. Surgem, nesse contexto, como importante ferramenta para a supera- cdo das injusticas ambientais, as cartografias sociais, que permitem o le- vantamento, a partir da perspectiva dos grupos vulneraveis, dos conflitos socioambientais mais relevantes em cada territério. Em um pais de pro- porgdes continentais como o Brasil, ¢ de se esperar grande diversidade de conflitos, grupos envolvidos, consequéncias e formas mais adequadas de resoluco, Como visto, uma politica publica homogénea e elaborada sem a participacdo desses atores corre grande risco de ineficiéncia € a partir desta percepcdo de que uma politica pblica eficaz ¢ aquela construida de forma negociada e com participaco dos grupos interessa- 24 — BUCCI, Maria Paula Dallati et ol. Direitos humanos e politicas publicas. Sdo Paulo: Instituto Polis, 2001. p. 13. Ir para o indice 200 dos que comeca a se fortalecer o fendmeno da administracéio consensual’ Essa transformacao da atuacdo estatal reflete em grande medida a necessi- dade de ampliar a efetivaco da vasta gama de direitos fundamentais, den- tre os quais se inclui expressivamente 0 meio ambiente. Outra forma de denominar esse fendmeno é 0 préprio termo "governanga”, que se preocu- pa com a transformacdo dos arranjos institucionais de tomada de decisao para uma maior permeabilidade & participacdo dos atores interessados. Os instrumentos de participacéio social para construcdo de politicas publicas ambientais so variados: conselhos ambientais, audiéncias pui- blicas, consultas publicas, acordos setoriais, amicus curiae etc. A carto grafia social se apresenta como mais uma dessas ferramentas, com o diferencial de atuar como participacéio qualificada por meio do forne- cimento de informagées, bem como por potencializar a prevengdo de danos ¢ impactos ambientais com a produgao de conhecimento. Desse modo, uma cartografia social dos conflitos socioambientais de determinado territdrio permite o mapeamento dos problemas mais recorrentes, dos grupos por estes atingidos, das formas eventualmente encontradas para solucao etc. Ademais, possui a vantagem de ser instru- mento construido com a participacdo desses grupos, visto que pressu: p6e a citiva das populagées atingidas pelos conflitos para colheita de da- dos. Assim, esse mapeamento seré utilizado na construgdo das politicas publicas, orientando e racionalizando a tomada de decisao no sentido dos principios da justica ambiental, prevenco e participacdo. 25 OLIVEIRA, Gustavo Justino; SCHWANKA, Cristiane. A administracdo consensual como a nove face da administraciio publica no século XXI: fundamentos dogmaticos, formas de expressao e instrumentos de agi, Revista da Faculdade de Direito da Universidade de S40 Paulo, v. 104, p. 303-322, jan./dez. 2009. Disponivel em: htto://www.revistas.usp.br/ rfdusp/article/view/67859/70467, Acesso em: 24 abr. 2018. Ir para o indice 201 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E IN NACIONAL- 11. 3.2 O caso do Mapa de Injustica Ambiental e Saude da Fiocruz A Fundag3o Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), instituicdo de ci€ncia e tecnolo- gia em satide, realizou 0 mapeamento das injusticas ambientais quanto & satide no Brasil. O trabalho, para além de mapear territérios onde existem riscos e impactos ambientais quanto & satide das populagdes locais, bus- cou dar vor a esses grupos vulneraveis que lutam por justiga ambiental Segundo os autores do projeto, a elaboracao de politicas publicas que no leve em conta as variaveis e demandas desses grupos, muitas vezes marginalizados ¢ invisiveis, impede a concretizacao da justica socioam biental. Nesse sentido, os objetivos fundamentais do Estado Socioam- biental de Direito sdo atacados. Tais objetivos séo abalados quando investimentos econdmicos, politicas e decisées governamentais acabam por prejudicar os direitos fundamen- tais de comunidades indigenas e quilombolas, agricultores familiares, pes- cadores artesanais, comunidades tradicionais diversas, mas também tra- balhadores e moradores das cidades que vivem nas “zonas de sacrificio”*. O estudo foi elaborado a partir de dados da Rede Brasileira de Justica Ambiental, dos Grupos de Trabalho, GT Quimicos e o GT Racismo Am- biental, bem como com o material elaborado por parceiros, como grupos académicos e entidades que vém atuando nos movimentos por justica ambiental no Pais. A abrangéncia temporal dos casos abordados ¢ 0 peri- odo de 2006 a 2010. Dentre os principais dados analisados, destacam-se: 0 tipo de populagao atingida, o local do conflito, o tipo de dano a sade, 0 tipo de impacto/dano ambiental, a descric8o dos conflitos, as solugdes buscadas e/ou aplicadas ao caso, dentre outras. 26 FIOCRUZ. Breves consideragdes conceituais e metodolégicas sobre 0 Mapa de Conflitos e Injustica Ambiental em Saiide no Brasil. Disponivel em: hito://www.confli- toambiental.icit,fiocruz.br/index pho?pag=metodo. Acesso em: 17 fev. 2017, Ir para o indice 202 As informacdes coletadas foram sistematizadas em um mapa de confli- tos socioambientais no Brasil. Dentre os dados abrangidos pela cartografia destacam-se: a) distribuigdo dos conflitos por estado e por regio; b) dis tribuico dos conflitos em areas urbanas e rurais; c) populagdes atingidas; d) principais impactos e danos ambientais; e) principais danos e riscos & satide; f) atividades responsdveis pelos conflitos; e g) principais parceiros e apoiadores dos atingidos. No que concerne ao ultimo parémetro anali- sado no mapeamento, “principais parceiros e apoiadores dos atingidos’, notamos que as politicas puiblicas e legislagées ambientais representam somente 8%, ou seja, em apenas 8 de 100 casos analisados a atuacdo dos agentes governamentais por meio de politicas publicas ou leis ajudou a resoluco dos conflitos””. Hd evidente descompasso dessas politicas e nor- mativas com os desafios das populacdes atingidas por conflitos ambientais. CONSIDERAGOES FINAIS Como vimos, a busca da superago de injustic¢as ambientais demanda um olhar critico sobre situagdes historicamente consolidas, associadas a politicas publicas excludentes, que expdem as minorias a situacées de vulnerabilidade em que avultam problemas ambientais. Nesse cenario, © mapeamento social ¢ uma ferramenta importante para redesenhar a geografia das injusticas, ao trazer para o centro das discussdes atores renegados. Por meio do socioambientalismo, a cartografia social se torna uma ferramenta ainda mais poderosa para a transformago social, pois, ao permitir a reconstrugo dos territérios, acaba por reconstruir a pro- pria comunidade nele inserida 27 FIOCRUZ. Breves consideragées conceituais e metodolégicas sobre o Mapa de Conflitos e Injustica Ambiental em Satide no Brasil Ir para o indice 203 DIALOGO AMBIENTAL, CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL: 11 O artigo, portanto, procurou demonstrar como os principios elenca- dos em nossa carta constitucional e a salvaguarda de direitos esto dire- tamente relacionados com a criagdo de politicas publicas mais democrati- cas. Por fim, apresentou uma experiéncia bem-sucedida que pode servir de modelo para a expansdo da cartografia social no Pafs, uma vez que o movimento por justice ambiental deve ser no apenas amplo, mas contt- nuo, para a formac&o de um legitimo Estado de Direito Socioambiental REFERENCIAS ACSELRAD, Henri; COLI, Luis Régis. Disputes cartogréficas e disputas territoriais. In: ACSELRAD, Henri (org.). Cartografias sociais e territério. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ). Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional, 2008, p. 13-44. 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