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Resumo Da Obra Os Custos Ambientais e Humanos Do Negócio de Terras O Caso Do MATOPIBA, Brasil"
Resumo Da Obra Os Custos Ambientais e Humanos Do Negócio de Terras O Caso Do MATOPIBA, Brasil"
Mossoró/RN
2022
1. INTRODUÇÃO
Toda essa narrativa omite o fato daquela terra ser um lar, um refúgio para uma
comunidade local. É notório que a terra e os recursos naturais estão sendo cada vez mais
tratados como bens econômicos e financeiros globalizados, onde a terra é vista como
produtiva, excluindo toda a reserva e consideração com a saúde ambiental. Ocorre então, a
financeirização dos bens naturais, e ela escancara tudo que está por baixo dos tapetes, como
os agentes que financiam, os processos e planejamentos. Esses agentes, por sua parte,
canalizam seus investimentos com a intenção de ter o controle sobre aquela terra e estabelecer
um poder estrutural.
Já com relação aos direitos humanos, tem como objetivo assegurar a vida com dignidade a
todos, sem nenhuma restrição. Com isso, os direitos humanos tentam estipular e averiguar os
limites do poder do Estado, bem como busca estabelecer a conexão existente entre o povo,
que detém os direitos, e os Estados, quem tem deveres. Com isso, torna-se um direito
inalienável e interdependente. As leis que regulam esses direitos impõem obrigações gerais
(deve-se garantir que nenhum indivíduo ou grupo sofra discriminação) e específicas
(obrigação de respeitar, proteger e realizar).
O direito à terra também é um direito fundamental, tendo em vista a conexão que existe
entre direitos humanos e terra. A terra é o ponto central indispensável para as comunidades
rurais, já que vivem dela. Algumas diretrizes internacionais cooperam para o reconhecimento
da terra como um direito humano concreto. Tais diretrizes buscam, sobretudo, reconhecer a
titularidade legítima e os direitos de posse, facilitar o acesso à justiça, prevenir disputas sobre
terras e entre outros. Os direitos das mulheres no meio rural também foram discutidos em
2016 pelos Comitês responsáveis, pela primeira vez. Tais direitos incluem a participação
delas nas tomadas de decisões no campo. Com isso, a terra atribui-se como um direito
humano notável.
Ademais, vale destacar que os direitos humanos são universais e isso influencia os países
a respeitar e zelar por esses direitos muito além de suas fronteiras. Inicialmente, os Estados
devem impedir que suas políticas contribuam para a apropriação de terras e interferência nos
direitos humanos, em segundo, devem garantir que outros agentes não prejudiquem os direitos
humanos do povo e por último, o Estado deve responsabilizar todos os agentes que
cometerem abusos contra os direitos humanos do mais fraco.
Nesse sentido, as grandes empresas que reivindicam o uso das terras da MATOPIBA para
o agronegócio e extração de produtos naturais, abusam desse fator, extrapolando as fronteiras
e atingindo fortemente as comunidades locais. A venda de terras para negócios fundiários,
com criações de grandes fazendas, causando um enorme desmatamento na região. A
falsificação ou fraude de títulos de propriedade é uma parte fundamental desse negócio, como
uma forma de formalizar (ou ao menos simular) a propriedade de terras que foram obtidas
ilegalmente. No Brasil, essa forma de apropriação ilegal de terras é conhecida como grilagem.