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Texto, cotexto e contexto: processos de apreensdo da realidade Liicia Helena Goiewta Aparectete Lame Penifrubemna Rosane Monnerat Neste cupitula, é nossa ubjetive apresentar alyumas consideragies sobre 0 tratamento do “texto como discurso” ¢ sugemr praticas de apli- cagde pedagogica que constiluam allemativas para amphiar o-campo do lctramento ¢ aprimorar a produgao textual. Para alingimios © predendide, organivamos o rabull cm duas seqties: ira. tratamos dos conecites de texto, corexto ¢ contexta * Na prim eniuma visio discursiva e Tacenos alguimas cellextes sobre sevi- ide de finewa ¢ de discurso, articulados aos conecitos de compregn- 0 Partimos de ur ya transfonmagio de um mmunde “real” a significar em um mundo significado discurstvamente, em faneso de uma série de operagdes linguisticu-discursives levadas a efeilo pelos aujeitos cnunciadorss, na segunda, apresentamos uma proposta de aplicagie por mein da andlise de um texto opinative muidiatics — crénica jomalistica intitulado “Lei mais que seca”, como paradigma para apreensio dos sentidos de um texto, operacivnal que Um novo conceito de texto Muito se deve aos avangos das pesquisas em Linguistica do ‘Texto eem Andilise do Discurso, responsiveis pela mudanga de enfoque no objeto de estudo “texte”. De certa forma, tambem as modificagies nos parimetros da sociedade tém influcnciado na renovagio de metodolo- gins de ensi cia de que repeti’ ou apenas reconhecer niko significa compreender, ji que a formagio do educundo envalve muito mais do que meramente memorizar formulus ¢ conceitos, prilica bastante comum no ensing tradicional, ou de aprender ttenicws de manuscio de miquinas quese modificum conslantemente, na verligem do progresso Todos cascs fatores levaram a escola a redefinir oa objectives educa- cionais, pois, murit onmtagies, o alune precixa suberrelucioni-las pelo raciocinio Logice ¢ tirar conclusdes a pastir dela ¢, Para isso, olexlo mostra-se imprescindivel, pois é wm lugar de correlugies. Para un ensino mais produtive de inlerpretagio e produgdo de textos, talvez s¢ja preciso abandonar certa nogilo tradicional do que ae entendeu por tesla: a de que ele éo produits, resultado de uma sequenciglic ce frases, que sai da cabega de um autor, a que deve aderir a sensibilidade do leitor, Fin vee da prition comur dhe we captar primeira a wig que. finulidade maior de certas correntes do ensine escolar, deve-se partir pantie enfoque de rrade come olecto Fo producidiy, ou deja, denlear-we do significado’contendo original para ox efeitos de sentido a party do exume day operagées linguisticus que oproduviram. Dewse mode, em vor desc busear o que o texte diz, procuirar analisar came o ruta ay © por que diz 0 que diz de um delerminodo mode tear consequin: importantes para o desvendumente do sentido come um todo. CO processe de leitura relerido = 6 que endosianvos = deve ser viele como Uma importante pnitica social de reconstrugho da trajetéria do autor, parsivel de ser recuperada, Tal perspectiva vai de encontre 4 tentative mpor significados tinicos ou hepemdnicos para o texte, [ poasivel sinur oo alune a perceber que ha poxsibilidades de significagio, que se pode cucelher wna ou algunas delas ¢ reconhecer as extralégias que germ essa podsibilidade. Para ise, ¢ preciso colocar a graméticn ou a lingua em pritica, em ver de se ensinar apenas sobre ela, come faz, prioritariamente, a escola chamada tradicional, por meio da insisténeia ha tranamiseio de uma metalingnagem e uma Gofase na deserigto do Fendiiena Linguistico, mutts vexes como tim Fin em st mesins Essa nogio de texto considerade como discurso pressupde, portan- to, que ele soja resultado de uma operagdo estratégicn de comunicagao, ya cence natin dey aie expFecivinaat produaeda por um enunciador ¢ descodificada come tal por um lertor, em trés niveis: 0 veferencial, que dix respetto ao contenido contextual, ‘0 sinactonel, relacionado aos entornos Koviais — contexto —, ¢ o prag- mmuilters, cefer ile ao proceso socininterstiva, Lertorni-se, dese mode um trabalho deabservagio e andlise de eperagives ti wlilizadas para procuzir sentides, nae pela estruturagio textual A seguir, Vejmmos a diferensa entre senticios de lingua e semidos ae discurso, aliados aos coneeilos de cunpreeeide ¢ iiterpretagde texte ieo-discurat Sentido de lingua e de discurso A leittira & uaa prdticn Ihbenlscbore sas pernitir aid medividie o seen 20 Munda dats palavrus oa. outros universos de daber Fnteetenta, aru ber sesso #1 e¥aes Universos, nie ¢ suficiente ler ¢ identificar as palaveas, reconlwcende-Lhey o significado, ¢ unprescindive! uleangur a iatengie do lesbo, almbuindo-lhe senticks, Ein outeas palavras, a finalidade do ate de linguagem nfo deve ser buscada apenas cm sua confipuragto verbal, mas no jogo que um detore minadh sujet vai extubelecerentre esta exeu sentide implicit, Tal joy depende da relaglo dos protagonislas entre vie da relagiio dos mesmay SOU A sitlagho Communicative em que se cheontran va de contin o sentide de tin texto, 0 leitor procedend a infordn Fevonhevinantos, bipGtoses, ancomudos u seu sabeires sobre iiunde Adivtiewie entry sentido de lingun ¢ sentide de discurse articula-se, teapeclivanente, dos processes de compreensio ¢ de inferpretagio, vomumente considerados equivalontes. © sentido de lingua se relere ao mundo de mancin transparente, consirumdo uma imagem de um loetutor-ouvinte ideal, ou seja, uma visio simbolizada referencial do mundo, Dessa forina, o sentido das palavras resulta de um processo semiantico-cognitive de ondem cafesarial que comsiste, dentro de movimento centripeto de estruturag io de sentide, em stribuir as palavras fragos drstintivas, caracterizando-a4-a partir da rede de relaghes na qual esses tragos se aicham inserides, emi sia religdes sintagmiiiticas eon paradigmditicas Assim, mobilicande o sentido das palavras, o sujeito comunicante constro. um sentido que poderemos denominar de literal ou explicito, uni sentido de lingua, que se mede segundo eriléring de cow sito. © sentido de discurso, por sua vex, deve corresponder & intencio= nalidade do suje ante, permitindo-the passar do sentido das palavras ao sentido de-seu discurso. Puru isso, ele deve seguir um processa semintico-cognitive que consiste, dentro de um moviments centrifuge de estruturagio do sentidy, cm relacionar as palavias ¢ sequiicins por tadoras de sontidos de lingua com outras palavras ¢ sequéneias que se achnn registradas aa memaéria de experiéneia do aujeite, ‘Trata-ae de wn procease de ordem infenencial, que produs destiamentos de sentido de ordem metonimicae metalirica, par meio do qual 6 sujeite. communicants consti um sentido que poderemos chamar de indireto ou inypligtio, wim sentido de discurse, que se mede segundo erilérios de eoerdncia. © terme compreensie pode ser tomaco num sentido amplo ou to. No sentilo ample, referese oo conjunte do processe cognitive realizado pelo sujeite diante de wn texto, ao dentide restrite, refere-se a apenas une parte dense processo, que consiste cm reconhecer © scutico de lingua encontrado num lexlo, abaxe colextual, a partir du qual pode- Ho ser construtiles diversos dalros sentides inferenciais — ertidon de dincurie, que um ao prngewie de interpreta, Por moto dus palavras ¢ dex textos, pasate de um mmuncte rec a Un mundo representade, roulveando-pe unt procowso de reconstruyaio de sentido que} linguista Patrick Charaudeau (2008) denomina de processe do semuatizagiia do miende, Asematezopio do mundo se di geagaw a um duplo proceso: 0 de freancarmagde eo de iransagdc. No processa de tranyfermapdy o sujet to Tahinte parte de urn “manda a sigrificae’ ie Fen de tremsforna: be en um “mundo significado”, Ease “mundo significado” ou “represettada” converte-se em objeto de troca com oulto sujeilo, que asstime o papel de destinalirio, caruelerizands, dese modo, o segunide proceso: o de frameagdo, Ou de expresaia textual, Paen realizar a transformaao, o sujeito falante procede a * Jdentificagde dos serves (por nome conceitui-lowy, * gnalificagde (por earacteriza-los); * desergdo da agin (que sottem ou praticam), * camisapdo (por lais setes agirem segundo determinadas motivos). O processo de sransagddo também é regulade por quatro principios 1. O principio de atreriaede, que cstabeloce uma breca, uma inte ragio, na qual um sujeito reconhece 0 outro, com v qual guanda semelhangas ¢ diferengas; 2. oprincipiode pernndnera, que consider anecessidade de haver um universe de refertucia comum, de mode que os suberes ali partilhados aejam apropriados ao contexte s Afinalidade da troca, 3, o principio de rfludneta, que evidencia o fate de o4 parceinos adimitirem que, na troca, sie ulve de Un sujeito que lenla mo- dificar suas agdes ou pensamentos; 4, 0 principio de mgulagda, que orienta on aujcitos a gerirem a roca, de manicira a torndeli possivel, As oporagics do proccrso de ftramafoymiagde ato repuladas polas do processo de ravsapde, Deasa forma, o quadro que representa a se. miloticagde do muide ¢ completade, scrvindo de base para o conirate de comurieagde, Contrato de comunicagao © contrate dt commennengde pode acr definido como umn conjunte de “yegros” divcumives quo determinam o que ¢ © 0 que aio é “permitide” no ato de produgir ¢ de titerpretar Lextos (orai ou exertion) Anoglio de conmaro pressupée que os indivicuos pertencentes aun mewmne corpo de priticas is Sejum capazes de entrar em neordo a proposito das ropresentagdes de Linguagens dessas priticas, Consoquentes mente, o sujeite que se comunica sempre poderd, com certa raztio, atribuir 40 Otto (0 NdO-5t) ima competéncia de linguager wnilogh m sia que o habilite ao recombecimenio, Anogio de contrate signifies, ainda, que bi Im principio bisicn que fege o ato comunicative: « direito 4 fala, Esse Principio compreends as condigSes do saber, do padere do saber fater Para que o contrate cfetivamente se reali¢e, ur dos interlocuteres dewe etiirever a capackdade de saber (legthimidade) do outro, isto €, deve experur que © parceiro doming um universe de crengas, um saber que possa ser partilhade na pritica discursiva. Am disso, dave reconhecer a condigain de poder (legitimidade) deste outro, comdigho que é dada pelo grau de adequag’io estabelecice entre a identidade psicossoctal do sujeito ¢ seu compertamento linguageira, Por deve tabdin moonhecer neleo saher fiser qu compe 2ncia comunicativa (crediuilideck:) wn diferentes cincunstancias © contrate de comumeapde assim definida se compoy, onto, he Unespage de “restrigdes", que constitui us condigdes que mio podem ser infringidus pelos parceiros sob pena de nao haver a comunicagao, eum eapago de “ostratégiaa”’, que compreende o8 diferentes tipos de configu- raghes diseursivas de que o sujerto comunicante dispSe para satisfazer as condigies do contralo ¢ alingit seus objehivos comunicalivos. Anoglio de “contrite comumentive” é uma noglio-chave da Teena Scmiolinguistica, que sc tora fundamental para nossas consideragtics sobre os catudes do texto sob a épide do diseurso. Lissa teoria de base interacionall fundamentacset me poder dis Hngaagem em exercer infludneka sobre 0 outro ¢, nese aspocto, a Lingus gem.se lor uM procemso de agiio intersubjetiva, rogulado por diversas competéneias, Competéncias comunicativas Obsorviene, portanto, que toclos os atos de linguagem podem ser coniidermdos “encenagées" (ne sentide teatral do terme) que reeultam ca combinagiin de Girt determina sitimigies de comrunicsigiis earn var beter. tina opganizagilo discunive ¢ com um detenninado cmprego de mureay Lingtisticus, liso nisin a cxdigéncia de une compettawia de produgioviuter preclaghhe que Ullupussa } simples conbeciments das palavras e aud regres de combinagho ¢ que requer uni saber bem mais global, que comprecnda outros elementos de mteragie social terme “competé pareee evoear coneeitos come ode“aptidie”, “capacidade” ¢ “habilidade™ tanto para quem a ele recorre quante para ox diciomirios preocupados em defini-lo. Todos esses sindnimes parcocm estar ligados 4 stividade Iumana, de modo a referir-se a alguém como sendo dompetente, Nola-se, sob esse prism, a compeléneia como um “siber [ager ¢ tne ‘bonhecnmento” que deler minnie sujetto ler enn relagties a atlas E preciso observar, no enlanto, que, para que se realize o ato de linguagem, hi necessidade de se pensar em “competéncia” sob uma oulra perspectiva. O sentido construide durante um ale de linguagem provém de ain “sujeite” que se dirige ao outro mediante uma situagihe de intercdmbio responsivel pela escotha dos “recursos de linguagem” a serem empregadios. Parlinds dessa ideia, pode-se falar em diversas niveis de compelineia siteactanal, discnrsive, semdntioa ¢ semialingnisied A comperincta sitmacianal, também chamada compertneta commit mcaconal, determina que tode sujeite que se comunica seja apto para coustuir seu diseurso cm fimgio de alguns fotores; a identiclade dos parceinoy na troca comunicativa, a fii/daae do ato, do sen propdsita & As suas clrewnstdncras materia. Ajdentidede doy parceirar esta relucwnada ao stati, papel social & Auger que oeupane dentro das relagiies de packer Fw iddentichadke des suujeitey que determina cian diraite & palavra, a firalelace ote ates ole ceomimcapely diy respeilo as oben ve que suite enunciader quer wlingir, por exemplo, pertiniclit, instruie, soliciLar elk, pew mein decaf che Ainggraygun, o_prrypebeiten Acyl bes Faryggeasiggeeren oe re igeSicy rubs decraman et e:xsyctedtuprcr, (aka oan, seitunanyg Che commnicativas capecificns detcnminan confipuragies capecifions para seus nites de Lingungens, o, por fin, as crowns materials impo ube ox dtos COMMMICALIvoY verti cameturiitions formar, Acanpendineta sitvactonal se realiza no quad sacaeaniuncaciatial Kase ¢0 lugar em que se catabiliznin aa troced social, constituinde dispositives de troca que functonam como contratos de comunieaglo & que Fomevent initruydes sebre as maneinas de se comporlar por meio da linguagem, Segundo Charauidenu (2001) esse d, também, & Lugar day constitigiio dox géneros, chemados de “géneros situae \. sigpnili= cando que é um higar de “instrugio de comer diger”™ A conipetinerd discursive div respeilo a cupucidade doe sujeitos envolvidos no ate communicative para menipiler (sujelto comunecante recomhecer (aupeito interpretante } is estraldgiaw posted ein jogo dumante o ato-de hinguagem, por meio da modalizagiio, ou aya, doe modos de organizi- gto do discus: Conforme Charandean (2005), 08 modos de organizagtio de discunss cuncterizam os procedimentos utliados pelo sujeilo para ordenar determinadas categorias de lingua a tim de alingir o objetivo do seu ato communicative, © autor os classifica em quatro tipos: o enunciativo, o descrilive, © narrative ¢o argumentative, outra perspectiva. O sentido construide durante wm ato de linguagem proven de um “sujeiio” que se dirige ae outro mediamie uma situagio de intercdmbio responsavel pela escolha dos “recursos de linguagem” a serem empregados, Partindo dessa cena, pore-se falarem diverios nivens de compettnsia sitvaefonal, diseursiva, seouintica e semialingudsnien, Acompentncta sitimctoral, também ehamada comperincta comer meacrondl, determina que todo sujeito que sc communica scja apto para constuir seu discurse em Lingle de alguns fatores) a Jentidade des parceirad na treca commnicativa, 4 fimalidade do ato, do seu propdsite ¢ 18 stad crrownmnfdreres materia) s. AUieniidacde dav parcerras eald relackonada ac stati, papel sect ¢ Lupger que ocripame dentro dis relapiies de poder Fa identidaabe do sujeite que determine seu direiie a paluwra, a finetieade de ote de curmunicuapiles di respeile se abyere que d sujcilo enunciudor queralingir, por exemplo, penwauclir, insiuie, sulicetar ete. paar meio ds ety cle lingruiagpene: ca porvypeisaiee or ale dhe Hinge da relag’ic stiibre ferred crnaenianen, du wiajal, MILLER commuicativas cspocificas detenminan confipuragtics capecificas para sous tos: de Lingun, por fim, as crrownstdewves meveriocs impocen sobre 69 los COMMMICULIVON Gerla cuTMeIRIstiCas formals, A compenticta simactanal ae realiza no quadm sociecomueicacienal Kisse ¢o lugar em que se estabiliznm as troce: titwinde que farnecen de xe comportar por meia da linguagem, Segundo Churaudenu (2001) esse d, lambda, lugur da constitiighe dog géneros, chamados de “yeneros situacien signiti- cando que é ain lugar de “instrugio do come diver A competdnere discursive diz respeilo & cupucidade dos sujeites envolvidos no alo comunicalive para mcmipuler (sujettn comunicante) ¢ recanfecer (sujeilo interpretante) as estratégios postas orn jogo durante o ato de hnguagen. por meio da modalizagao, ou seja, dos modos de organize gdo-dodiseurso, ConformeCharaudean (2005), 08 modos de organizagain do disviise curacterizam os procedimentos utilzados pelo sujeito para erdenar detenminadas categorias de lingua a fim de atingir o objetivo do seu ato communicative, OF autor os claseifica em quatro tipos: 0 enunciative, 0 deseritive, O narrative ¢ 6 argumentative, Si Linngeitica Textual « Ensine Acompeténcia semdntiog serealiza na base dos imaginarios socto- discursives, lugar de estruturagdo das diversas representapies socials om “suciodiscursivas” - construidas pelo dizer e reconbecidas, portante, nas! pelos discurses que circulam nos grupos sociais, Fssas representagtics resultam de diferentes tipos de saberes, que, muilas veves, enconiramese ‘misturados™: saberes de crenge, de experi®neia ¢ de erucigda, Finalmente, a competincia semrodapuisned diz respeito 4 esrrurura. pda do ten, 4 consinieds gramatical e ao emprege de lévica. Em nivel texval refere-se, por tm lade, d capagidade do sujeito commnicante de manejar ou elaborar ¢, por oulro, do sujeilo inlerprelante de perceber os: mecanismos de construgao de seutido, como os modos de organiagio de disenrse, os mecanismos de coesdy, de decwdificagde de contealdor vuplicites inferivels des explicites, ou de elementos extratertiars, Km nivel grarmatteal, di aspeito as habilidddes des sujeitos com relagiin ae sistemada lingua e, linalmente, om nivel lexical, esta ligada an conirata dle comuncapie, uma vez que casa compcténcia designa a capacidade de us sujeitus facerera uscolhus lexicais (su jello comunicante) que alendam a8 suas intengics comunicativas ou de percebercm (smjcito interpretantc) as IntengGes que delenminaram as excolhas fe Acapacidade do leitor de perecber as cseolhas do autor durante o processaments textual ¢ relaciona-lus aos diversas niveis de construgito de sentide caracteriza sna competéneia leitora, Durante 4 leitura, ox niveiy de construgio de semtide — si macional, discursiva, semadnticoe semiolinguistice —devem ser ativados pelo lei- ‘tor, a partir da observagde de clementos ¢ relagdes textuais, marcados explicitamente ou sugeridos implicitamente, Tal abordagem do texto, tanto por mein da andlise dos seus aspectes linguistiens (ou intemmos) © extralinguisticos (on externos) quanto de suas relagdes de sentide, tevela a convergéneia de principivs da ‘Teoria Semiolinguistica ¢ da Linguistica Textual (1:1), 0 que constitui uma contributgie imprescin- divel ao presente estuda Observemos, a seguir, uma proposia de andlise de um texto joma- listico opinativo, partindo dessa visio de texto como discurso. © estudo do texto a partir de uma perspectiva discursiva Acabamos de apresentar Variadas questies ¢ conceitos relacionados: ao estudo do texto sob o ponto de vista discursive, FE hora, portato, de oplicar a teoria no cuso conereto, o que faremos por meio da analise da cromica jornalisticn seguinte: Exemplo is que seca Um eadadiio honesio @ decente, qaw niio mete amie ne dinheare ale, nile bate ma mulhor nam coupe no chile, puck. de ropants, Laulomuir-se mui porigo para a comunidades ¢ para ei meaty? lode mundo sabe a reapewta: pode sim, quando anche a cara ese aerinca a Villar para casa pilocanles urn auitomés tied 6 os ham problema que pehine vonmdcrnvelmonic a alicicin di ligislagho: « prove do pibeque ¢ alostada pelo bafimetro. F ninguem pode ser obrlnado a produrie preva contra ai mean. Ch que é compreensivel cm muitos outros cago, max complica umn bovado a ulicicia da legiuluyho que vise impodir achlontes may oslandae CO problema é verte, convo modtrain ov nikmeros Hobe i siliaglio nas estradiny do Katade dis Kio, New tlhe trés anion, mits de ODD rei] motoristas fore abordados om blitres da polioia ¢ 47 mil deles ae recusaram a pasar pelo balimcire nu hd punigliu porn bide. Asilundia pods melhorar com wn proto que wid vendo dixcutide pelo govern oo Congreso, A idea é mie hmitar a preva do pilequa an teste do bafémetro: 6 estide do motorists sevia atestado por filinagens, fotos au depoimentos de tevtermunhas, Nada demais: ¢ 6 que wcontwes com muitos oulos chimes, Eo crstige soni considoravekmente mab posado, wom mull AIOE, Mais tempo Com a cantina suipenen ¢ até ints anos de cadeia. Tim suma, é uma lei consideravelmente muito mais seca, Sao boas novidades, Somacse a claw um episodio desta semana: una dejnss indo federal do pp do Aces for iligrado por uma blite om Brasilin, dirigindo embriagado. Tera de pagar multa, tevea carteira de motorista apreendida ¢ vai responder a procesto criminal. [como deve ser, mas & sempre bow 10+ livia para o pessoal da arquilsancada quande iho de Congraske nie excapa de castigo merecido, recorrenda ao “sabe com quem esta falando™ Forte: Chuncr. Cane Anti (Cita, 9 Gee, 2012 Vimos, anteniormente, quando tratamos da teena, que, na produgio do seu texto, 0 sujcito comunicante (Sle) tem por objetivo traduzir o munde para o sujeito interpretant (910), passande de um mundo real a um mundy significado (representade) © sth, por seu lurno, pura entender o mundo (ressignilicado, deve realizar dois peocedimentos, a, Identificar o sertide das palavrus ¢ suas regres de combinagie — 0 que olevard a um sentido literal ou explicito, a una visio refe- vemmcial cle neva b, buscor o sentido social dessas palavens que o condugint a usm sentice indireto ou implicilo, & intencionalidade de site, Inicuinde o etude da comsirugho dos sentidos ne textes pelo titles da eninicn “Lei mis que seca”, podemos cutender que no ¢ suficiente identificuro ventide das palavras e sun combinagiss, “Ter significa "regra’, “maia que™ cometitui uma locugio que indica “intemsidade”, “acea™ significa “que aio tem Liquide”, Por outro lado, “Let 6 iin substantive que se carudteriva por ler o Lrago semintice [-caoncrely), ¢ “Necu” & umn adjective que sc aplica a substantivos com o trage | +eonereto), como “roupa seca”, Dessa forma, a que nos permite dizer que “a ler é seca" on "que a loi d mala que seca? Came ¢ possivel observar, 0 dentide literal —o sentide ae lingua wmnborn compreensivel, causa esttankamento, nllo traduzinde © titule da erdmica, Oosn teri de lero texto, inteirando-xe do contexte linguisticn, ode actonar seu conhecimento de mundo, o que o levard a interpretar 4 frase, mum primeiro extagio, come “a lei que proihe dirigir alcoolizada” e, num sepundo, “lei mais rigorosa” sentide de discuss, E realizans do os doi procedimentos, & de identificagio do sentice de lingua eo de dentifieagio do sentido de diseurso, que passamos do mundo real para o mundo representado ¢ entendemos o que significa “proceso de semiotizagiio do mundo”, Ateniatizapde de mriende acorre por um proceso de fraeformagde, que se refere 4 possibilidade de a lingua representar o “mundo teal”, OF stie~ Luiz Antinio Garcia —, para passwr de um mondo a significar para um mundo significado, a identifica os seres como cidadiios, homens, mulheres, motorists, congresso ele.; b. caracterra-o8 como honestos, decentes, que se transformam cm perigo para a comunidades ¢ para si mesmos, embringados ete., ec adezereve as apts, dizende qua um cidadao enche a cara ¢ se arrisva a vollar para casa pilelando um automivel, que motoristas se recusaramn a passer pelo bafdametro ete; d, procede a causagdo, afirmando que a eficdcia da legislagao ¢ reduzida ji que a prova do pileque ¢ atestada pelo bafémetro, 4 policia fas bhitaes porque preciva impedir weidentes mas es ‘Wada ete, Aseniotizagda do mundo tambem se da por tin processo de tran updo — nn de expresnie por mein de um texts — na medida ain que o mundo significado se converte em um objeto de trova coma cutre anette (leitor), Assia, para que vcore a franepdo, tem de atuaro principio da alteridade, o opie, na crénica, realiza-se pelo fato de Garcia reconhecer outro come “oO lelor”, para quem ele excreve, © letlor, por seu Lurno, swounhece Gurvia come 0 cromista do Jornal ( Glebe, de quem receberit informayien ¢ tert dexperuida u sua cupacidade de rellexio sobre ox problmas do nvutudo, Oegnedo principro atumte pars que a vantage acontega & oda pentindéncia, principio que leva o croninta a eserever sobre uma temitica que diz respeito a todo oidadio e, porianty, a toda 0 piblicasalve, Vive- fnios nliina sociodade etn que mmtitas pessoas bebemn, condita que poder’ lovaelos 4 leitura do texte, e08.que nfo bebym também podem interewsarewe pela crénica, pois sabem que, a qualquer momento, poder se transforma»r numa vitima dos que bebem. Assim, og saberes partilhados por Garcia, ao Lrutar da tei de trdnsite que viva diminuir o nimero de acilentes, Apresenta pertinticia Total ao texto en aprego O fereeire principio do processe de fransagdo ¢ oda infludacta, que leva ocronista a discutivs questiio da lei que proibe dirigir alcoalizado & defender atese de que a prova de um pileque ser atestada pelo baféimetro ¢ um problema, Para defender essa tese, cle diz que: a. O teste do balémetro diminun a eficdcia da legisligde, j4 que hingudm pode ser obrigade a produzir prova contra si meson, b, nos tltimosirés anos, de lM mnil motoristas abordados em blitzes, 47 mil sc recusaram a passar pelo teste; ¢, nto ha punigdo para quem se nega passur pelo baldimetra, Diante desses arpumentos, Garcia tenta fazer com que o leitor compactue com ele quanto a opinido de que, enquanto a legislagde mio. mudar o bpo de prova que alestardo pileque do molonvta, o# acidentes continuario occerendo © o8 motoristas, sc cmbringando © assurminda o volinty do cunn wil, cles miu sho obrigados a soprano aparelho, ¢ dese Talo diminuina qualquer castign que Ives passa ser imputiades 0 quar prinelpie, qint gowwernt o proeesde dt Wevniigdea, bo da ragulagde, principio por intcrmmédio do qual ox anjcitos perem o jogo de influéneia, No caso de texto cxerite, o ate ce regular o discuran, o PRnepiO, restringe-# A instincia de produgiy do texte, pois a instincia de recep yy se conmtitul de sujeitos beitopes que aly ese presente mv oicvrmverites chit Wwe Levande em conta o aspecto da regitagde, vale levantar alpine pontos, Perecbemos, por exemple, que o cronista wats do problema do teste do balfimetra ¢ da possivel melhora que poderi ocorrer com relagin i prova de pileque, Detonde, ali weyunda ten, quo o * problema de identificugio de motoristay bébadow pode ser resolyide”, Argumentando desta forma 8, Ogoverno ¢ o Congresso estio discutindo um projete que visa nio limitara prova do pileque ao teste do bafimetr, bo oestado do motoriste pusseria a ser confirmade por filmagens, fotos, depeitnentos, ©. castigo scna mais pesado, realizando-se por multa miavor, car iwira suspenda por mais tempo e ale tres anos de cadets, Ocronista, porém, silencia com relagdo a qualquer mensagem direta (sentido explicito) que ele pudesse dirigir ao leitor que bebe e dirige al- coolizado, Ele podenia ter dito, por exemplo, que ninguém esti livre de provocar ou sofrer um acidente, mas que o numero de casos seria infimo sé ds pessoas no usasiam bebidas alendlica ou, se Usassem, agessem com responsabilidad, no conduinde carro ou outro meio de trunsporke, que, se cada individuo cumprisse sua obngagin, comportando-se como se espera de quem vive em soviedade, niio haveria necessidade de disewtir sobre a ungéncia de uma “lei mais que seca”, Esse siléncio, por parte de Garcia, diz respeito ao principio de re- gnilagde: nie é conveniente para cle nem para 0 jonual dirigir ao leitor “beberrio” uma critica Kio directa que possa desapradd-lo a ponto de ele deixar de Jer as crénicas do autor c o proprio jornal O principio ar regulagde Lumbem alua para pregervur g fave do leitor‘ouvinte, fazendo com que o principur de nyfudncia ve realize a contento Obwervinde, wisiin, ay Ninphes dis procession de franaformapely & Iraosagdo, chegamos ao conceite de contraia de comunicagdo; conjumle de regray linguisticave socials seguidas pelon panceirus da comunie para que haa entendiments entry elen ©) cortare en andlise cometini-se de regras que configuram o p+ nero textual erénies jornalivtion, texto que apresanta, cm mabor ou menor (grou, somellangas como texto exelusivaments informative, pod, assim come o reporter, o crondéta ke inspira Now aconteciments didrios para escrover. Por outro lado, divtingue-se da noticia, por exempla, pele fato deo cron dara caves Acontogimenios Um Tratamento proprio, usando oo Talos para discutir determinnda lensition, aveilioron files, corcterisliva que ¢ texto informative nllo apn Nacrénicaem estudo, Garcia parle de variados acomlecimentos que se noticia wobre acidentes provecados por in partir disso, ele diseute, de um lade, problema dea prowa do pileque ser AMlestada pelo bafémetre ¢, de outro, a posstbilidude de esse problema ser resolvide, o que confer: uma orientagio argumentative olimeta a erdnica, Essa orentagho positive ¢ reforgada pela narrative que segue a discussio, segundo a qual um deputado foi flagrado por uma blite, dirigindo embringudo, o teri de softer todas as sanyoes impostus wos individuos andnimos, Vale destacar ainda, com relagdo an conceito de contrate, queacrénica joralistica é dirigida por um espago de restrigder e um de estratégtas. dios alcanlicadon A O espape de restrigdes, neste caso, e814 relacionado @ ocoréncia de um fato do dia a dia que desencadeia a discussie do cronista e & ocorréncia de nurrativas. Alim disso, esse espago também esté relucionade u ca racteristicas formais, como serum texto curto ¢ apreseniar linguagem simples, cxpontiines © proxima da oralidude, Ne texto em aprogo, podeinos abservar a seguinte narrativa que funciona como argumento para a tese de que “a prova de uum pileque ser itestada pelo bafOmetr ¢ um problema” “Nos tltinios trés anes, mais de 600 mil motoristas foram abordados em blitzes da policia e 47 mil deles sc recusnmam a passar pelo bafimetro" Verifioamos também o carnter informal da linguagem: “Let mut que seca”; "[...J no mele a mo no dinheing albeio [..J", "LJ quando enche a care [J ete Quanto no exporge de estrategtey, qpuu lou ceninetea de coer niceng dee permile que seja engendrudo, desiacamod, porexemplo, o modo come o Lor inicio eeu Leste — por idermeddio de aria pregunta — “UT onesie e devente, que nila mete amo no dinheits allkeka. allo hate na mulher nem coape no cho, pods |... | transformarse nam perigo para a coummidade ¢ para ai meame?" Iniclur por uma perguate nie fax parte do espago dv restripbes, max do de mamobras, O.uto de pongunta nequer lin ate de reaposta, o, através da perpunta, 6 crondeta inetina 6 jeitor a refletir desde o comege do divcurve: qualquer um pode tomursc um perigo. desde que beba ¢ tome a diregio de urn velwulo Tiina outta abordagens ck fexto comes chscaerse @ dlestacar que, em todo ato de linguagem, o sujeito Lem de ter uma competéneia, que pore ser iuactonal, dircursivd, senrdittica ¢ xemialingulstica, A primeira, a cumpedtrce sitnacrenal, esti ma fly de que te Sujeito que se coMmunica deve ser cupay de consiruir seu discursa em Fungiie da fdermidade dow parceiros, da fimelicade do ato, de seu prape- sitoe de sus circneivtdncas mafia. ¢ essa Competéncia & observada na crénica em aprego. Quanto 4 idenndade dos parceires, verificamos que Garcia esereve paca tim piblico das classes Ae B, que é letter do O Globe. Esse tatoo leva a diseutir determnide assunto ¢ de certa maneira, para aleangar um leitor instruido. A finalidacte do ato é fazer com que o leitor concorde com sua opinide de que a prova de um pileque ser o baffimetro é um problema ¢ que esse problema pode ter soluyiio com a reforma da lei Simultaneamente & defesa de yuse teses, infirm em qiee se ComAtiLD castigo — mullamaior, mais lempe de suspensio da carteira ¢ trés anos de cadet -, vieundo persvadir o leitor que bebe a nde faxé-lo se for dingir. Pensando no prupositodo ato de linguagem, constalamos que o texto, construido por meio de uma estrutura informal, tipica do género erénica, ajusta-se bem a tensitiea que é diseutida. Analisar o fato de a prowa de tin pileque ser wlestade pelo bafOmetro, objetivando chamar a alengiio do leitor que dinge depois de ingenir bebida alcodlica, é. uma tarefa que requer, como cstratégin de aproximagdo, uma linguagem descontraida Ainformalidude da erdnica jomalistiea faz com que o alo de lin guagems keja produzide 4 mangira de um “hate-papo" entre individuns iguais, © que orig un fel de intimidady come leitor e pode levii-le a relletirsobre u condula beber o ding”. GO mode como Gurcas introduce a eninica, por meio de uma peryunla ede uma Tinguagem bem espontinea - “Dim cidade honmite e deoente, que nile tebe at ridio ni cliebetres al hie nfo bate na mulher nem coepe no chio, pode de repente, transformar-se tu perige para a comunidad ¢ para si meamoy” tem a fimafidiade de evar o leilor o s¢ identificar como cidadfio desente on permar sobre 6 proprio comportamenta, O ltimo fator da competéneta sitiacional, ax circiunstdncian sme fertaly do ato de Linguagem 0 texto, carugteriznsy por ser um. ato roonulesutive, quitidiale que comcede a Gincinst lilercducle, por esennipliy, de responder 4 pargunls com que abre a aco da seguinle maneira “Pode sin, quande enehe a cara ¢ se arrives a vollar para casa pilolunde: um automdvel”, Neste momento, o Ste é bent severe como sth, altitude que the ¢ coalerida pelo fate de o texte niower uma construgio em cp os sujcitos extiio fice a face, isto d, o texto eacrite nfo da direite de defess. Andlisindo a erdiiea. agora, dob a perspective de que o sujeite, pare realizar umn ato de linguagem, tem de ter uma comperticia discusiva — a. segunda competincia ., vale observar como podeimos construir o dis curso, considerande os mados de enganizagda enunciative, descritive, norrajive € angimenictive, © moda emunctative de arganizagdo da discurso, modo que diz respeilo as estratégias utilizadns pelo sii para marear, em maior ou me- ) nor prau, 4 sua subjetividade no texto ¢ convencer/persuadinrmanipular o Sth, pode ser deserito por variadas indicagdes presentes na crémica. A escolha lexteal chuma a atengao no discurse do cronista, por meio do use do sintagma nominal “win cidadio honesto e¢ decente, que niio mete amie no dinheiro alheio, que no bate na mulher nem cospe no chido” Acacolla do subatantivo «hio” para fazer referdncia aos homens de bem, ¢ dos adjetivos “honesto" ¢ “decente” para caraclerizar ense ci- dadao, tom efcito patémico forte sobre o leitor, Garcia cata se dirigindo um individwo comiderude socialiments eniio a um qualquer, o que leva © Leitor a se identifieur: “ele esta falando vomigo® Fase cidudie ainda ¢ caractenvade por meto de oragtes adjelivas — ‘que no mete a mao no dinheiro alheio, nde bute nu mulher nem cospe ho clio” construidas por cxpresedes prosscimas, como “(ndo) moter a mio”, “(ndo) buler na mulher”, "(ndo) cuspir no chlo", Resu conduta, apesar da possibilidades de choca o beitor, leva-o a se reconheeer mais arta vit “eesbee Haven elt, grein tea eedetY Migiey etn neen. Sern eR Acicolha, port, da expresso “eucher a cara”, presente na reaposta Apergunta “Un cidudie honestod dewente, |...| pode translormarcie num perigo pan a comunidade ¢ paras: mesmo’? «| pode sim, quando enche cara e xe arrisca aw voliar pura cosa pilotando wm aulomivel" =, lova, agora, o leitor ase identificar por moto de um trage negative: “este soaeth, roiK enche ai cura & satis diriginde” oaly Homento, ost0 c¥td prisnnde Une corrigenda mo STi, 1a me dida erm que eat mostra que quer proves avidente nus estrudas Hho sie apenns os individuos dites fora da lei ou aqueles que “Meter a mito no dinkeire alheio, bate na mulher ¢ coxpem re chil’ Je, um cidadio honeste © decente, pode matar ¢ morrer se dirigit aleoolizado Assim, a partir das escolhas lesieais, 0 Ste visa provocar determi emogécs no Sti, para convencé-lo a mudar o comporlamento O made deseriive de organizagde de discurse pode ser ohservade no quarto panigrafo da erdmica: “].,.[ oestado do motorista seria atestado por filmagens, fotos ou depoimentos ¢ testemunhas"; “o castiga sera consideravelimente mais pesado, com multa maior, mais tempo com a cartel suspensa e abé trés amos de cade’ Neste trecho, constutamos que o cronista descreve o modo como a embniagues do motorista pode ser provada, bem como as carncteristioas do castign a que ele seri submetido, Essa descrigdo esta a servigo da perstiasto, 4 que o leitor que costuma dirigir aleoolizade esta sendo informude de que a impunidade esta na iminéngia de acubar ¢ que as sangdes serio bem mais rigorosas, Transmitindo essas informagdes, 0 objetive do sve ¢ que 0 SUL passe a refletir sobre suns utitudes ¢ mude de conduta, © modo narrative de arganizagdo do discursa ¢ observade mo tereeire parngrafo da eronicn; “Nos times tres anos, mais de 600 mil motoristas foram abordados em blitzes ¢ 47 mil deles s¢ recwsaram a passar pelo bafGmetro |... /". Neste trecho, o cronista relata fates ocornidos nos Witimos anos, leneionando levare betlor a comcordur com suu Lese de quea prova de um pileque ser utestada pelo bafimetro é um problema, O pede argumentative de arganizagda da diseurno pore ser destucado no seguinte fragmento: “{...) ninguém pode ser obrigado a CORNLFLIE prove CORLTE St Meso, © que é compreensivel em muitos Outros canon, maw complica uM bocude walicdcta da Heginlagiio que visa impedir acidentes naa cetradas™. Neute fragincnto, constatumos o fendmeno da polifonia de aoondo GomiO qual o sve concede razo duces que dirium, agerea do teste do batimeto, que ninguém ¢ obripado a produrirprova contra aiimeamno, Diz, ingluwive, que nio poder construir prowa contra si me ¢ compreen= SiVEL crn guns eases; introdug, pordm, o cnunciads revtritive: ss um hucade a efiadcia da legislayin [J — por mein de qual dofende sua tee; prova de um pileque ser atostada pelo balimetro éum problema. Como percebemos, a compeléncia discvrsve € comprovadi no bexto em estudo, ja que os modas de argenizapde do diseuero foram emprega- dos. objetivands conduvir o leitor que ditige aleoolvado a refletir sobre os efeitos densa otitude ¢ convenver o leiter que nilo bebo se for dingir a concordar que o teste do bafinvetro ¢ ineficaz A terceiea. competincia indispensavel 4 produgio de um ato de comunicagho, a competéncia contextual, esta relacionada aos saberes de crenga, de experiéncia e de erudigfo, Os tts saberes, juntos ou se= paradamente, de acordo com os atos produzidos, vio contrihuir para a construgio dos semtidos, con Retomando o titulo da ondnica, para entendermos o verdadeiro senticde de “lei maix que seca”, precisamos acionar nostos saberes de experitnein c/ow do erudigaiv. Quem ainda nfo presenciou a situagdo de onvir alguém aconselhando outrem que nao dirija, pois esta alcooliza- doe pode ser Magrado pela bit da lei seca? Ao lestemunharmos esse momento, estamos vivenviands a experiéncia de presencia uma cena real ¢ de ussistir i sua transformagio de mundo a sgnifcar om pninte significade, Ao lenmos titulo, acionamos mosses saberes linguistico ¢ de experiéncia ¢ chegumos ao sentido de “lei mais que seca”: Tei que pwoile dirigiy aloonlizada e que & rigors Passundo, (inalmente, para u quartu compeléncia, a compertne|a sentiolingulstica, verificamios que clase constitu: na capacidade do stic de gerir sen texto do ponte de vista da granuitica, do Lexico © da toxtua- lillie (onesiin e obendncia), & mi capacidibe de STi de compeeende-ly dentro derses tren niveis, Acompenticia semiolingulstion ¢ obseevavel no texto enn aprego, pois ax conoxtics morfossintitican, loxicals, de cocniia cde coertnela oe opresentant Gi pléna nernalidads, O ste, ao conutruir sey lexto, demonastrou habilidade no que ve relere ao sintema da lingua, deseo Iha lexical perlinente a9 contrato de comunicagle ¢ aos mecanivmes de comitrugho dow sentidos. Faso habilidade também ¢ identificdvel no sul, desde que ¢le tenka comprecndido ¢ interpretado © texto de Laie Antdmin Garcia. Para nie nos estendermos mais, veyamos exte OMimo segmento, em ete d posaivel identificur, dente outras, uma habilicide relative a fexttali dade: Aidsia éndo limitar a prova do pileque ac toste do bafémnetro: o estada de MOLI Soria dloslado por filmagans, [ol ou depommentos de Lestemu- inhi, Nadia demais’ 6.0 que acontece com muitos outros. crimes Sabemes que abebida ¢ uma droga legalizada e, por sé-lo, muitas de stlas consequéncias sfio oonsideradas normais na nossa cultura. Garcia, poerem, ao tralar de assunio “beber ¢ dirigir veiculo”, desfag essa visio inocente do uso da bebida, 20 demonstrar sia compedércia no nivel da texialidade. No lragmento destacado, quando ele diz “Nada demats 20 qhe acontece coi muitos outros crimes”, observamos que ele lida bem com contetdos implicttos. Ao declarer que o estado do motortsta ser alestado por filmagens, folos ¢ depoimentos nao ¢ nada demais, defende sua opiniao por intermédio do contendo posto — “é o que acontece com muitos vutres crimes” @ do contetklo pressuposto “dirigir embriagado tambem ¢ crime”. Aseguir, veja, resumidamente, os prineipais pontos aqui levantades ho que diz respeito ao estudo do texto come diseurse, Consideragées finals Partimos do pressupesto de que ler é enter compreender 0 “roundy”, pela recriagio daa circunstineias em que texte foi produzide linguis- ficamente, Optamus pelo cnfoque do texto canta diacursa, por melo de Um trulumento processual e diniimios, em que é powsivel 0 diiloge com teorias do discurve, que ambem vonsideranm & leslo eemo © lugar de interayliy che atures aoctaiy ede comormetruy ey dee wertivion Por meio dussim visio discuieniva de tasty, chowlncarrienn ay cemmcwiter ch contexte em uma viele mars ampla, que vat alénda dimensde linguistica anus copter Tuga e reterteer is trata arya icas cle wee ingen ae sates, aoe prayed choos whores coin & diiownMivod @ is ciferenles modalinges anuncialivan, tomas mais pertinentes oo imbite do discurso, Nesse sentido, a wma con cepede de linpuapem mais referencial ctija flingso bisica é transi: informayies sobre o “mundo”, nerescentewe um papel pragmutico com seu poder de mfludneia sobre © outro, com enfase sobre o aspecto fenoménico e reténico rexponsdvel por uma concepgio de texto em varios niveis, Mtinentes a compreeneio dos sentidos de lingua ¢ 4 interpretagio dos senticles de dixcume, Conscientes de que a Teoma Seniclinguistica (Charaudean, 2001, 2(H1S 2 2008) oferece proficuay possibildides para investigaydo do texto como discuno, adolanmos seus preasupostos na andlise de uma crnica jornalistica. ulada “Lei mais que seca”. Acreditamos que a andlixe do texto constitua uma propostieficu part o alode desvendar os diver= sos niveis de construgle dos sentidos, por meio do reconhecimente de 68 Unguicsice Texival # Faing operagtes linguistico-discursivas que permitem a passagem da lingua no discurso, consubstanciando-se o processo de semintizagio do mundo, fundamental part ume leitues mais consciente @ un posichmarnente miss eritice do keiter perante o texto, (Cornutt, Purigk: “Ex lnceenpténctnancin! de comanienocdn x bscompewenciss disctrntees Savane wwe semialbguintwos ha teat € + eto (omg | Par Foggia tse’ roles para einen. Hei ot Anne, Hua Mex, pp 1 Eingraag ene hac ned he onpariaagi. Ha Ta reise, 2008 Sueli Cristina Marquesi Aporecida Line Pauliukonis Vonde Maria Elias (ergantzadoran) Castthe da Costs © Ara Cristine Ces * Ane Licia Tinces Cobre Aporecida Lino Paullukoria * Aurwo Zoveen + Clarrilaan Lopma Finhalea Froncheo Alvea Filho * Geralde Ottvlra Lina * Jodo Gomes Male ora Werneck das Sewtos * Luce Helena Gourde * Lucena Me de Sho wit Catles Trovagiie * Marie Cristina Totlvello + Mario de Parke Lins la clas Graces Roddguea * Mevisa Angdlica Brita * Michaling Matted! Taras! Ménica Magalhdes Covolcanty * Paulo Ramos * Rivulce Capistrane Junior Rosona Mannarot * Sihona Caleta Lima * Suell Cristing Morqueeh Saileey| Fohinna-Cammoa + oldinnr Curséete Filho ® onde: Hinde Ellen Abas Linguistica Textual e Ensino Cappel 17 da Oepaera Vader as diene desta slg roxas (alizra Cantesta (Ealivora Pissey Lika) Fave ep “Sonhond" Tans Pintky deci ar aaase Vilas Hangs Prepucap de aioe sci Maint Sarees Nessus Kasia Olio (Depts Lmieracieuais de Catalogue ra Peblicacde lear) Andreia de Alracala ceE-n/7is4) ages peg Sap resin Maren’, Apnea Lb Paedishonis c Vanes Masia Elisn,— Sin Paola = Coascasc, 207, 123, Hiltons ISBN FEST 1 Limpoinico 2, Te $nrvennialads tT Epp Ant Epeveana Coren Disesr eliaia fas imap Rood Dr, Jou! Dias $20 ~ Alea da Lage DSN. Soe Pubes oe uaa HLL) 4B 5 inane arsenic cars hr eww eebnererieae. mbt

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