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Ode Triunfal
Ode Triunfal
Exaltação da modernidade e de aspetos com ela relacionados, como se antevê pelo título
(“Ode triunfal”), uma vez que a palavra “ode” significa canto elogioso, a que se acrescenta
“triunfal”, que reforça a magnitude desse elogio
que, neste caso, é dirigido à era moderna e industrial.
Contexto espacial
O sujeito poético encontra-se numa fábrica, a escrever sob a luz das grandes lâmpadas
elétricas como se comprova nos dois primeiros versos do poema.
O “eu” sente dor, febre causadas por sensações contraditórias provocadas pela beleza
dolorosa daquilo que o rodeia, destacando-se a nova noção de estética preconizada pelo
Modernismo e que é “desconhecida dos antigos”. Apresenta-se apaixonado e exaltado; numa
histeria de sensações face ao esplendor do progresso, deseja sentir tudo de todas as maneiras,
identificando-se com tudo, querendo ser tudo e fundir-se em tudo (“Ah!, poder exprimir-me
todo como um motor se exprime! / Ser completo como uma máquina!”/ “Poder ao menos
penetrar-me fisicamente de tudo isto...”).
Sobressai também um tom nostálgico perante o fracasso de algumas transformações
decorrentes da modernidade.
Realidades retratadas
O lado positivo da realidade observada é visível nas referências aos avanços da técnica, como
confirmam as referências à fábrica, às lâmpadas, às rodas, às engrenagens, às correias de
transmissão, aos navios, aos comboios, às grandes cidades, à atividade transatlântica, aos
guindastes, .... Porém, a esta exaltação da modernidade opõe-se a outra face da realidade – o
lado negativo da nova era industrial. Nela surgem a corrupção, os escândalos financeiros, as
agressões políticas, os desastres de comboio, os naufrágios, as notícias desmentidas, as
guerras, as injustiças...
O facto de o poema ‘cantar’ a civilização industrial da época bem como referir os pensadores
da Antiguidade como responsáveis pela preparação da era Moderna e a exaltação das
transformações operadas fazem com que perpasse um tom épico pelo poema.
O poema inscreve-se na segunda fase poética de Álvaro de Campos, aquela em que faz sentir o
Futurismo e o Sensacionismo, o elogio à era moderna e aos símbolos da modernidade, ao belo
feroz, e se assiste à anulação da estética aristotélica e à mistura do objetivo com o subjetivo. A
nível formal também se verifica a subversão sintática, estrófica e métrica. O vocabulário é
atípico, rompendo, em todos os aspetos, com a tradição poética anterior.
• O Sensacionismo é uma estética criada por Fernando Pessoa e por Mário de Sá-
Carneiro e encontramos a sua marca na poesia de Campos e de Caeiro.
• Perpassa a “Ode Triunfal” o princípio de “sentir tudo de todas as maneiras e ser tudo
e ser todos” nesta realidade moderna, urbana e industrial.