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POLÍCIA MILITAR
CORREGEDORIA-GERAL DA PMPR
1. INTRODUÇÃO
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CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 14ª Edição. Saraiva, pp. 370-421, 2007.
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 8ª Edição. Revista dos Tribunais, p.
323, 2011.
2. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A INIMPUTABILIDADE
[...] indaga-se, apenas, se, ao tempo da conduta humana reprovável, estava abolida no
agente, seja qual for à causa, a faculdade de apreciar a criminalidade do fato e de
determinar-se de acordo com essa apreciação.
[...] representa a junção dos dois primeiros: a imputabilidade somente será excluída se
ao tempo da ação ou omissão, o agente, em razão de enfermidade ou de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, for incapaz de entender o caráter
criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
O critério adotado pelo Processo Penal Brasileiro é o biopsicológico, ou seja, fusão dos
elementos biológicos ou etiológicos e psicológicos, entretanto, no entendimento de TOURINHO
FILHO “não basta que o agente seja portador de doença mental, tenha desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, ou esteja em completo estado de embriaguez para que se tenha como
inimputável”.
3
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de Processo Penal. 33ª Edição. Saraiva, pp. 267- 283, 2011.
A Lei Estadual nº 16.544, de 14 de julho de 2010, que dispõe sobre o processo disciplinar
na Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR), não faz referência sobre a forma que deve ser
feito o Exame de Insanidade mental.
Contudo, o art. 47 do mencionado diploma legal determina que “Aplicam-se a esta lei,
subsidiariamente, as normas do Código de Processo Penal Militar e do Código Penal Militar”.
Diante disso, em análise do Código de Processo Penal Militar, verificamos que o exame
de Insanidade Mental nos processos administrativos disciplinares deve ser entendido da seguinte
maneira:
Dúvida a respeito de imputabilidade
Art. 156. Quando, em virtude de doença ou deficiência mental, houver dúvida a respeito
da imputabilidade penal do acusado, será ele submetido a perícia médica.
Ordenação de perícia
1º A perícia poderá ser ordenada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público, do defensor, do curador, ou do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do
acusado, em qualquer fase do processo.
Na fase do inquérito
2º A perícia poderá ser também ordenada na fase do inquérito policial militar, por
iniciativa do seu encarregado ou em atenção a requerimento de qualquer das pessoas
referidas no parágrafo anterior.
Internação para a perícia
Art. 157. Para efeito da perícia, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver; ou, se estiver solto e o requererem os peritos, em
estabelecimento adequado, que o juiz designará.
Apresentação do laudo
§ 1º O laudo pericial deverá ser apresentado dentro do prazo de quarenta e cinco dias,
que o juiz poderá prorrogar, se os peritos demonstrarem a necessidade de maior lapso
de tempo.
Entrega dos autos a perito
§ 2º Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar a entrega
dos autos aos peritos, para lhes facilitar a tarefa. A mesma autorização poderá ser dada
pelo encarregado do inquérito, no curso deste.
Não sustentação do processo e caso excepcional
Art. 158. A determinação da perícia, quer na fase policial militar quer na fase judicial,
não sustará a prática de diligências que possam ficar prejudicadas com o adiamento,
mas sustará o processo quanto à produção de prova em que seja indispensável a presença
do acusado submetido ao exame pericial.
Quesitos pertinentes
Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes forem oferecidos, e dos
esclarecimentos que julgarem necessários, os peritos deverão responder aos seguintes:
Quesitos obrigatórios
a) se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de desenvolvimento mental
incompleto ou retardado;
b) se no momento da ação ou omissão, o indiciado, ou acusado, se achava em algum
dos estados referidos na alínea anterior;
c) se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas antecedentes, possuía o
indiciado, ou acusado, capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se
determinar de acordo com esse entendimento;
d) se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não lhe suprimindo,
diminuiu-lhe, entretanto, consideravelmente, a capacidade de entendimento da ilicitude
do fato ou a de autodeterminação, quando o praticou.
Parágrafo único. No caso de embriaguez proveniente de caso fortuito ou fôrça maior,
formular-se-ão quesitos congêneres, pertinentes ao caso.
Sobre o art. 159, convém desde já destacar que, preteritamente a submissão do acusado
ao Exame de Insanidade Mental, deverá a comissão processante oportunizar ao defensor a
apresentação dos quesitos que julgar conveniente.
a. Decidir ou não pela submissão à perícia médica na Junta Médica, analisando o histórico
funcional do acusado. Para tanto, deve avaliar a existência de registros de atendimentos médicos
ou psicológicos contidos nos assentamentos funcionais, afastamentos do serviço operacional ou
administrativo motivados por questões psicológicas, psiquiátricas ou neurológicas e elementos
outros que efetivamente possam levar a crer que o acusado possa ter algum tipo de doença que
comprometa seu discernimento.
Além disso, em que tempo se deram estes afastamentos ou tratamentos, de modo a definir
se podem ter influenciado ou não na conduta do militar estadual em apuração no processo
disciplinar. Esta decisão pode se dar tanto por solicitação do advogado quanto de ofício pelo
Presidente.
Na primeira hipótese, caso constate o Oficial encarregado que não é o caso de instauração
de incidente de sanidade mental, deve negar o pedido da defesa através de Decisão Interlocutória,
na qual justifica seus elementos de convicção pela não procedência do pleiteado;
Art. 158. A determinação da perícia, quer na fase policial militar quer na fase
judicial, não sustará a prática de diligências que possam ficar prejudicadas com o
adiamento, mas sustará o processo quanto à produção de prova em que seja
indispensável a presença do acusado submetido ao exame pericial.
Formulação de quesitos
Art 316. A autoridade que determinar perícia formulará os quesitos que entender
necessários. Poderão, igualmente, fazê-lo: no inquérito, o indiciado; e, durante a
instrução criminal, o Ministério Público e o acusado, em prazo que lhes fôr marcado
para aquêle fim, pelo auditor.
Requisitos
Art 317. Os quesitos devem ser específicos, simples e de sentido inequívoco, não
podendo ser sugestivos nem conter implícita a resposta.
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Disponível em http://stm.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/321779851/correicao-parcial-cp-2272720157010201-rj
- acessado em 03 de junho de 2016, às 10h25min.
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Art. 315 do CPPM. A perícia pode ser determinada pela autoridade policial militar ou pela judiciária, ou requerida
por qualquer das partes.
Parágrafo único. Salvo no caso de exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a perícia, se a reputar desnecessária
ao esclarecimento da verdade.
1) Capa;
2) Cópia dos documentos de origem relativos ao estado de saúde do Acusado;
3) Cópia do documento apresentado pela defesa (quando o exame é solicitado pela
defesa);
4) Cópia da Decisão Interlocutória deferindo o pedido;
5) Ofício à defesa solicitando a apresentação de quesitos (prazo de 03 dias úteis) e
informando os quesitos suscitados pelos membros do processo disciplinar;
6) Requerimento/resposta da defesa com os quesitos;
7) Ofício do Presidente ao Diretor de Saúde da PMPR com cópia ao Presidente da
Junta Médica requisitando a realização da perícia médica no acusado e os quesitos
a serem respondidos;
8) Agendamento para a avaliação pela Junta Médica da PMPR;
9) Laudo Pericial expedido pela Junta Médica da PMPR;
10) Termo de ciência da defesa e abertura de vistas por três dias;
11) Sessão para decidir sobre a procedência ou não do Incidente de Insanidade
Mental;
12) Relatório do Incidente de Insanidade Mental.