You are on page 1of 67
PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTARIA 1 InTRODUGAO O princfpio da anterioridade tributdria, expresso no art. 150, Il, alineas “b” e “c”, da CF, destaca- se como um postulado tipicamente tributério, cujos efeitos direcionam-se para a seara da tributagdo, seja ela federal, estadual, municipal ou distrital 1. A alinea “b” sempre esteve presente no texto constitucional, enquanto a alinea “c” teve sua insergdo mobilizada pela EC n. 42/2003. As indigitadas alineas hospedam anterioridades com denominacdes distintas. A alinea “b” atrela-se A “anterioridade anual”, também intitulada “anterioridade de exercicio”, “anterioridade comum”, ou, como preferem muitos estudiosos, simplesmente, “anterioridade”. A alinea “c’, por sua vez, refere-se 4 “anterioridade privilegiada”, também reconhecida por “anterioridade qualificada”, “anterioridade nonagesimal”, “anterioridade minima” ou, ainda, “principio da caréncia” (esta, uma expresso de José A fonso da Silva). ‘Aexpressao foi cobrada em prova realizada pela Esaf, para o cargo de Analista de Financas e Controle (CGU), em 2012. A guisa de memorizacao, aprecie o quadro terminoldgico a seguir: Art. 150, Ill, “b”, CF Art. 150, Ill, “c”, CF DENOMINAGAO Principio da Anterioridade Principio da Anterioridade () () (...) ANUAL (..) MINIMA (...) ANUA (...) MITIGADA (...) DE EXERCICIO (...) PRIVILEGIADA (...) COMUM (...) QUALIFICADA (...) GENERICA .) NONAGESIMAL Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pelo TRF, para o cargo de Juiz Federal Substituto (TRF/S* Regio), em 2016: °O principio da anterioridade genérica significa que as pessoas politcas néo podem exigir tributes no mesmo exercicio financeiro em que foi publicada a lei que os instituiu ou aumentou’ E facil perceber, nessa medida, que a partir da EC n. 42/2003 — precisamente, de 2004 até o ano atual — passou-se a exigir a aplicacao cunuilativa das duas vertentes cronoldgicas da anterioridade (0 periodo anual e o periodo nonagesimal), a fim de se cumprir o desiderato constitucional. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Fundatec, para 0 cargo de Procurador do Estado/RS, em 2015: “A anterioridade de exercicio e a nonagesimal so aplicaveis a todos os tributos, de forma cumulativa, excetuadas hipoteses previstas taxativamente no texto constitucionar’ Com eto, conforme rattica Licino Anaro2, GRR) Gee GHETCATER Enquanto o estudo da legalidade tributdria leva o aplicador da norma a entender, na tributacao, a extenso seméntica do vocdbulo “como”, a andlise da anterioridade tributdria permitiré ao intérprete captar, em idéntica seara, a dimensao vocabular do termo “quando”. Explicando: a legalidade tibutéria estd para a “causa”, enquanto a anterioridade tributéria se liga ao “efeito”; a primeira diz coma resposta a indagagdo “o que me impordé o pagamento?”, enquanto a segunda atrela-se a solucdo do questionamento “ quando pagarei?”. Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do Ministério Pablico de Contas (TCMIGO), em 2015: “Exigir ou aumentar tributo sem lei que 0 estabeleca corresponde ao denominado Principio da Legalidade” (@ibutG ria, O plano eficacial da norma possui particularidades temporais que transmitem ao destinatério do tributo “ondas” de seguranca juridica, por meio das quais se saberd 0 que o aguarda, no plano da tributabilidade, amplificando-lhe a confianga no Estado Fiscal 3. De fato, a nocao de seguranca juridica alastra-se por todo o ordenamento juridico, em todas as direc6es, influenciando sobremaneira alguns postulados, em matéria tributéria, com os quais se entrelaca ou, ainda, nos quais se desdobra, v.g., o préprio principio da anterioridade tributéria. Assim, a anterioridade objetiva ratificar o sobreprincipio da seguranga juridica, evitando-se que 0 contribuinte se veja diante de inesperada cobranga tributéria Na esteira da seguranga das relagGes juridicas entre a Administracao e os administrados, alcanga-se 0 valor elevado da “certeza” 4, e “o que se enfatiza é a protecdo do contribuinte contra a surpresa de alterag6es tributdrias (...)"5. Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pela Procuradoria--Geral de Justiga de Minas Gerais, para 0 cargo de Promotor de Justiga do Estado de Minas Gerais (XLVI Concurso), em 2008: "O Principio da Anterioridade Tributéria quarda pertinéncia com o postulado da néo surpresa tributaria’ Nesse passo, diz-se que a seguranca juridica & 0 elemento axiolégico do postulado em estudo, tendente a coibir a tributacao de surpresa — por nés intitulada “tributagdo de supetao” ou “tributacao de inopino” -, ou seja, aquela que surpreende o sujeito passivo da obrigacao tributéria sem lhe permitir o razodvel tempo de preparo para o evento inexordvel da tributagao. A esse respeito, chancela 0 eminente Sacha Calmon Navarro Coélho6, asseverando que o principio da anterioridade tributéria, sendo de fundo axiolégico, é “nascido da aspiracdo dos povos de conhecerem com razodvel antecedéncia 0 teor e 0 quantum dos tributos a que estariam sujeitos no futuro imediato, de modo a poderem planejar as suas atividades levando em conta os referenciais da lei”. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro, em 2009: “O Congresso Nacional, por meio de Emenda 4 Constituicéo, autorizou os Estados a instituirem um novo tributo, voltado & modernizacéo dos servicos de seguranca ptiblica, e estabeleceu que ele poderia ser cobrado imediatamente apés sua instituicdo por lei. A partir da hipotese apresentada, é possivel afrmar que 0 tributo seria inconstitucional, pois a Emenda que autorizou sua instituicéo viola o principio da anterioridade tributéria, considerado cléusula pétrea pelo STF’ O principio da anterioridade tributéria inequivoca garantia individual do contribuinte, implicando que sua violagéo produzird irremissivel vicio de inconstitucionalidade. Assim se posicionou o STF quando, ao analisar o art. 2°, § 3°, da EC n. 3, de 1993, que afastara o principio da anterioridade tributéria anual do antigo IPME, entendeu que teria havido, com tal medida, uma violagdo 8 “garantia individual do contribuinte” (STF, ADI n. 939-7, rel. Min. Sydney Sanches, j. em 15-12-1993). Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Juiz de Dieito Substituto do Estado do Amazonas (TAM), em 2013: "O STF A julgou hipdtese em que a EC n. 3 autorizou a instituigdo, por meio de lei complementar, de um novo tributo (diverso daqueles até entéo previstos na CF/88). A mesma Emenda dispés que 0 novo tributo néo estaria sujeito ao principio da anterioridade. Sobre esse caso, a deciséo do STF retrata que 0 novo tributo é constitucional, mas esté sujeito & observancia do principio da anterioridade, que, como garantia individual, néo poderia ser afastado sequer por Emenda” ‘Vale a pena percorrermos um elucidativo trecho do voto do Ministro Celso de Mello: *O principio da anterioridade da lei tributaria, além de constitu lmita¢do ao poder impositivo do Estado, representa um dos direitos fundamentais mais importantes outorgados pela Carta da Repiblica ao universo dos contibuintes. (..) © respeito incondicional aos principios constitucionais evidencia-se como dever inderrogavel do Poder Publico. A otensa do Estado a esses valores que desempenham, enquanto categorias fundamentais que so, um papel subordinante na propria contiguracao dos direitos individuais ou coletivos, introduz um perigoso fator de desequilbrio sistémico e rompe, por completo, a harmonia que deve presidit as relagies sempre to estruturalmente desiguais entre as pessoas e o Poder. Nao posso desconhecer (...) que 0s principios constitucionais tributérios, sobre representarem importante conquista poltico- juridica dos contribuintes, constituem expresso fundamental dos direitos outorgados, pelo ordenamento positivo, aos sujeitos passivos das obrigacdes fiscais. Desde que existem para impor limitagdes ao poder de tributar, esses postulados tém por destinatario exclusivo o poder estatal, que se submete, quaisquer que sejam os contribuintes, a imperatividade de suas restiicdes’ Dessarte, vé-se que, para o STF, o principio da anterioridade da lei tributéria representa um dos direitos fundamentais mais relevantes outorgados ao universo dos contribuintes pelo texto constitucional, além de traduzir, na concrecao do seu alcance, uma expressiva limitagdo ao poder impositivo do Estado. Com efeito, levando-se em conta que 0 art. 5°, § 2°, da Constituicao Federal dispde que o rol dos direitos fundamentais nao € dotado de taxatividade, a sua identificagdo abre-se para 0 cotejo dialégico entre a Constituicdo e 0 plano da realidade social 7, na busca de uma ideal exemplificagio, no lugar da exaustio. Se hé direitos fundamentais arrolados no Titulo II do texto constitucional (arts. 5° ao 17), hé de haver outros, pulverizadamente localizados, cabendo ao exegeta sua identificacao. A propésito, despontam os direitos limitadores do poder de tributar do Estado, previstos nos arts. 150 a 152 (Titulo VI) —a saber, os princfpios e as imunidades tributérias — e, mais precisamente, o ora estudado principio da anterioridade tributéria. ‘A esse propésito, discorre Alexandre de Moraes8, para quem “os direitos e garantias expressos na Constituigdo Federal ndo excluem outros de caréter constitucional decorrentes do regime e dos principios por ela adotados, desde que expressamente previstos no texto constitucional, mesmo que difusamente”. Daf se assegurar que, mostrando-se tal postulado como “direito e garantia individual”, afastada estaré qualquer tentativa de emenda constitucional tendente a estiolar este niicleo imodificdvel do texto constitucional. Nessa toada, a limitagao decorrente do princfpio da anterioridade, por configurar cléusula pétrea da Constituicao da Repiblica, ndo pode ser elidida por emenda constitucional. Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Procurador do Tribunal de Contas do Municipio do Rio de Janeiro, em 2008: “O principio da anterioridade tributéria, consagrado na Constituigéo Fe- deral, confunde-se com a prépria ideia de anualidade tributéria (..)" Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FEPESE, para 0 cargo de Promotor de Justiga/SC, em 2014: “Pelo principio da néo surpresa do contribuinte, nos termos da Constituigéo Federal, séo adotadas as seguintes 61mulas: a) principio da anterioridade anual ou anterioridade de exercicio determina que Unido, Estados, Distrito Federal e Municipios néo cobrem tributos no mesmo exercicio financeiro em que tenha sido publicada a lei que aumenta ou insttui tributo; b) principio da anualidade, caracterizada pela incluso da lei tibutéria material na lei do orcamento ou nua; e c) principio da anterioridade nonagesimal, segundo o qual é vedado & Unio, Estados, Distrito Federal e Municipios cobrar tributos antes de decorrides noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os aumentou ou institu Historicamente, ojprineipio da antialidade, vigente sob a égide da Constituig¢do Federal de 1946 (art. (auorizado pelo orgamento anual Waa aiualidade, porque, em todos os anos, © orsamento a ser executado teria de arrolar todos os tributos a serem cobrados, sob pena de entender-se nao autorizada a exigéncia” 9. Note 0 teor do preceptivo constante do texto constitucional de 1946: Art. 141. ( § 34. (...nenhum (tributo) sera cobrado em cada exercicio sem prévia autorizagdo orgamentéra,(..) Em répida visao retrospectiva, sabe-se que, em 1965, coma EC n. 18, 0 princfpio da anualidade foi suprimido do texto constitucional, reaparecendo na diccao da Constituigdo Federal de 1967 (art. 150, § 29), coma id@ntica e pretérita disposicao textual. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela ASPERHS Consultoria/PE, para 0 cargo de Advogado da Prefeitura Municipal de Lagoa Grande/PE, em 2008: °O principio da anualidade explana que deverd haver a inclusdo da lei tributaria material na lei Orgamentéria. O principio da anualidade néo mais tem guarida na Constituigéo Federal, no entanto, ‘0. mesmo é um velho principio que vem desde o Império, pasando pela primeira republica, sendo que foi ignorado pelo Estado Novo, e voltando na Constituicéo de 1946, submergindo novamente na Constituicéo de 1967" Em 1969, coma EC n. 1 (art. 153, § 29), voltou novamente a ser abolido de nossa Carta Magna 10. De 1d para cé, perdurow a situacao de omissao. Como se péde notar, a sistemdtica imposta pela anualidade era simples: nenhum tributo podia ser exigido sem que a lei instituidora ou majoradora tivesse obtido, antecipadamente, a autorizagao orcamentéria. Assim, em primeiro lugar, publicava-se a lei tributéria; apés, como conditio sine qua non, obtinha-se a prévia autorizagdo orcamentdria; com esta, a lei ndo poderia mais ser alterada. Diante disso, a arrecadacao de um novo tributo ou um aumento dos jé existentes, eventualmente nao inscritos na lei orcamentéria, demandaria a espera do préximo orgamento, a fim de fazer nele constar tais medidas remodeladoras. Vale dizer, portanto, que a criagio de um tributo poderia ocorrer, sem problemas; todavia, a exigéncia dele ndo se daria sem antes obter-se a autorizagdo do Poder Legislativo, por meio da anual previsdo do Orgamento 11. (ej ote aaa aRGRARARTBUGHAS ¢ iil observar que a exigncin aval a (Gigamentatia)) Dai se afirmar que o principio da anualidade é um postulado cujo alcance ou sentido acabam sendo alvo de restricao. Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV, Sefaz/MT, para 0 cargo de Auditor Fiscal Tributario da Receita Municipal, em 2014: ‘O Principio da Anualidade & um principio que ndo veio expressamente albergado ‘no texto da Constituicéo da Republica aprovada em 1988, a0 contrério dos principios da legalidade, anterioridade, iretroatividade e isonomia tributérias” Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela CETAP, para o cargo de Analista (MPCM), em 2015: “Com o advento do Principio da Anterioridade (art. 150, Ill, 'b) que passou a regular a matéria tributéria na CFI88, o Principio da Anualidade (art. 168, Il, CF/B8 c/c art. 34, Lei 4.320/64) passou a ser adstrto a matéria orcamentéria’ Registre-se, portant, que a iil ENCORE SPATS RG) hoierno SSR CORSERTETOD (Gibutério brasileiro, uma vez que a exigéncia atual é apenas no sentido de exigir que a lei instituidora ou majoradora do tributo seja publicada antes do final do exercfcio financeiro, respeitada igualmente a anterioridade nonagesimal, & luz das esperas temporais descritas nas alineas “b” e “c” do inciso III do art. 150 da CF, E por tudo isso que se tem dito que o princfpio da anualidade nao mais desfruta de endosso no direito positivo brasileiro, de tal modo que uma lei instituidora ou majoradora de tributo pode ser aplicada no ano seguinte, ainda que ndo haja uma especifica e anterior autorizacao orcamentéria, sendo suficiente o atendimento ao principio da anterioridade tributaria. Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pela Universidade Federal Fluminense (UFFICOSEAC), para 0 cargo de Técnico de Nivel Superior (Area Juridica) da Companhia Docas do Espitito Santo (CODESA), em 2008: “Segundo a CF 0 fato gerador da obrigagéo tributéria néo se acha mais condicionado @ exigéncia de prévia autorizacéo orgamentéria, mas esté ligado & anterioridade da lei instituidora ou majoradora do tributo selativamente ao exercicio financeiro em que haverd de ser cobrado" Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo CespelUnB, para o cargo de Analista de Controle Externo do TCE/AC (Especialidade: Direto), em 2009: “A CF adota o principio da anualidade, segundo 0 qual, para que um tributo ‘seja exigido, é necessério que a lei orcamentéria anual autorize sua cobranca’’ Alids, quanto & possivel sobrevivéncia do princfpio da anualidade nos dias atuais, na seara tributéria, tem-se defendido majoritariamente sua impossibilidade, conquanto se possam notar vozes esparsas na doutrina no sentido de sua permanente aplicacao. © estimado professor Edvaldo Brito12 tem ofertado argumentos favordveis ao principio da anualidade, entendendo que o comando da anterioridade tributéria (art. 150, Ill, “b”) ¢ 0 dispositivo afeto a lei de diretrizes orcamentérias (art. 165, § 2°), ambos do atual texto constitucional, so integrativos. O eminente autor, ao asseverar que a aceitagdo da anualidade implica “evitar interpretagao por absurdo” 13, traz importante conceito ao postulado. Note-o: “(..) © principio da anualidade consiste na necessidade de as alteragées na legislacdo tributaria, representadas pela instituigéo do novo tributo ou pela majoragao do ja existente, serem objeto de disposicao da lei de diretrizes orgamentarias, ‘sob pena de proibigao para a aplicabilidade da respectiva norma, ainda que tenha sido publicada antes do inicio do exercicio financeiro” 14. Conquanto demasiado sedutores os argumentos expendidos pelo insigne mestre baiano — os quais indicam que o principio da anualidade € mais amplo, possui maiores garantias e, finalmente, parte ele de um ponto légico e racional -, temos preferido, coma devida vénia, aconselhar a reserva da anualidade & seara do Direito Financeiro, da qual emanam inquestionavelmente reflexos indiretos para 0 Direito Tributério. Diivida nao hé de que o principio da anualidade “continua existindo em matéria orcamentéria, co que, de algum modo, repercute no campo tributério (...)” 15. O certo € que, para concursos ptiblicos, as bancas tém entendido que tal principio nao faz parte do sistema constitucional tributério doméstico. 4 0 PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE E SUA PREVISAO NA CONSTITUIGAO FEDERAL DE 1988 Em consonancia com o disposto no art. 150, III, alineas “b” e “c”, da Constituicao Federal, temos: Art. 150. Sem prejuizo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 20s Municipios: (..) é vedado & Unido, aos Estados, ao Distrito Federal Ill -cobrar tributos: (..) bb) no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Universidade Regional do Cariti (URCAICE), para o cargo de ‘Auditor Fiscal da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte/CE, em 2008: “A vedacéo constitucional da cobranca de tributos ‘no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os institviy ou aumentou, é conhecida como Principio da anterioridade’ Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pelo Instituto Ludus/P', para o cargo de Procurador Municipal da Prefeitura de Belém do PiauiPl, em 2009: “No que concerne a limitacdes do poder de tributar da Uniéo, Estados e Municipios, 6 vedado cobrar tributos no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou' Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo CespelCebraspe, para o cargo de Delegado de Policia do Estado de Pernambuco, em 2016: “Em razéo do principio da anterioridade tributéria, a cobranca de tributo néo pode ser feita no mesmo exercicio financeiro em que fora publicada a norma impositva tributéria” Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, TCIGO, para o cargo de Procurador do Mnnistério Pablico de Contas, em 2015: “Cobrar tributos no mesmo exercicio financeito em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou corresponde ao denominado Principio da Anterioridade”. ¢) antes de decortidos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado 0 disposto na alinea “b"; Evidencia-se que o principio da anterioridade, nas duas alineas, dispde sobre um timo de tempo que deve intermediar a data da lei instituidora ou majoradora do gravame e a data de cobranga do tributo. Tal espaco se abre para duas exigéncias temporais, com dupla “projecdo de tempo” a ser cumprida: a anual e a nonagesimal, ressalvados os casos de excecao ao principio, a serem oportunamente estudados. Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pela Fundatec, para 0 cargo de Procurador do Estado/RS, em 2015: “A anterioridade de exercicio e a nonagesimal so aplicaveis a todos os tributos, de forma cumulativa, excetuadas hipdteses previstas taxativamente no texto constitucionar’. Note que “(...) pelo principio da anterioridade nao se impede a criaco nem a majoracao de tributo. Apenas se preocupa em regular os efeitos de tal ato no tempo” 16. Trata-se de uma distancia temporal minima entre a publicacao e a forga vinculante da lei, que perpetra, pela via da incid@ncia tributéria, uma instituigao ou uma majoracao de tributo 17. A tais situagdes, dessarte, aplicar-se-d o intitulado Principio da Anterioridade Tributdria. Na mesma linha de raciocinio, por exemplo, a redugdo de beneficio fiscal que implica aumento de tributos provoca a observancia do principio da anterioridade. A propésito, em 2 de setembro de 2014, 0 STF julgou pertinente questo (AgR no RE 564.225/RS, rel. Min. Marco Aurélio), entendendo que 0 afastamento da aplicagao de decretos estaduais que teriam reduzido beneficio fiscal — norma que diminuiu a base de calculo do ICMS — implicava, consequentemente, aumento indireto de tributo. Vale dizer que a redugio de beneficio fiscal vigente equipara-se a “aumento indireto de tributo", avocando-se 0 prinefpio da anterioridade tributdria, em homenagem ao contetido teleolégico da garantia que profbe os aumentos siibitos de encargo fiscal e privilegia o planejamento. Assim, na visio do STF, tanto o aumento de aliquota, quanto a redugio de beneficio fiscal, apontariam para o mesmo resultado, qual seja, 0 agravamento do encargo, estiolando a seguranca juridica ea garantia da certeza do Direito. Por fim, a Corte Suprema pontuou que o vertente caso néo pode ser confundido com a mera revogagdo de isen¢do, a qual & concebida iterativamente naquela Corte como hipétese que repele o principio da anterioridade tributéria. Por outro lado, se de algum modo a lei beneficiar o contribuinte, rechacado estaré o principio da anterioridade, pois tal postulado milita em favor do contribuinte, e nunca em seu detrimento. Vale dizer que, na esteira da doutrina majoritéria, caso a lei extinga ou reduza o tributo, mitigue-Ihe uma alfquota, conceda uma isengao ou, até mesmo, dilate o prazo para pagamento do gravame, sem provocar qualquer onerosidade (v.g., com a simples atualizagdo monetéria do tributo), deverd produzir efeitos imediatos, com pronta incidéncia 18. Note 0 item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo Cespe/UnB, para 0 cargo de Agente Fiscal de Tributos Municipais de Teresina, em 2008: °Se tivesse sido publicada em 2008 uma lei que houvesse reduzido a aliquota do ITBI, sem cléusula de vigéncia, entéo essa lei passaria a viger a partir de 1° de janeiro de 2009". Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo IPAD (Recife/PE), para 0 cargo de Fiscal de Tributos da Prefeitura de Barteiros/PE, em 2008: “O principio constitucional da anterioridade tributéria alcanga as leis que instituem, aumentam ou diminuem tributos'. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Fundep, para 0 cargo de Advogado da Cémara Municipal de ‘So Lourenco/MG, em 2016: “Determinada lei municipal de readequacéo das aliquots do ITBI, que acarretou na sua redugéo, poderé ter aplicacdo imediata sem que isso caracterize violacéo ao principio da anterioridade anual. Note a seguir a jurisprudéncia do STF, que retrata com fidelidade esse modo de pensar: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINARIO. MATERIA TRIBUTARIA SUBSTITUICAO LEGAL DOS FATORES DE INDEXAGAO. ALEGADA OFENSAAS GARANTIAS CONSTITUCIONA'S DO DIREITO ADQUIRIDO E DAANTERIORIDADE TRIBUTARIA INOCORRENCIA SIMPLES ATUALIZACAO MONETARIA QUE NAO SE CONFUNDE COM MAJORACAO DO TRIBUTO. RECURSO IMPROVIDO. (... A modificacao dos fatores de indexacao, com base em legisla¢éo superveniente, 1ndo constitui desrespeito a sitvagées juridicas consolidadas (CF, art. 5°, XXXVI), nem transgressao ao postulado da néo ssurpresa, instrumentalmente garantido pela cléusula da anterioridade tributéria (CF, art. 150, Il, "b). — (...) Precedentes. (RE-AgR 200.844/PR, 2*T., rel. Min. Celso de Mello, j. em25-06-2002) (Grifo nosso) Outra hipétese de ndo aplicagdo do principio da anterioridade tributdria foi lapidada pelo STF, levando-se em conta o julgado em epigrafe, que Ihe serviu como precedente 19. Em 1° de agosto de 2008, na ADI n. 4.016 MC/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 0 STF enfrentou questo ligada & reducao de desconto de imposto perante a aplicacao do principio da anterioridade (art. 150, III, “b” e “c”, CF). No caso, o art. 3° da Lei n. 15.747/2007, alterando dispositivos da Lei n. 14.260/2003, ambas do Estado do Parand, reduziu e extinguiu descontos relativos ao pagamento do IPVA (no caso, excluiu a hipstese de desconto para pagamento em parcela tinica a vista). Note 0 item considerado INCORRETO, em prova realizada pela Vunesp, para o cargo de Procurador do Municipio de Sertéozinho, em 2008: “Revogada a isen¢éo, o tributo néo se torna imediatamente exigivel, pois ha que se observar o prin- cipio da anterioridade, pelo qual nenhum tributo pode ser exigido em relagao a fatos geradores ocorridos antes do inicio da vigéncia da lei que os houver instituido ou aumentado ou no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou’ A Corte Suprema entendeu que a norma impugnada, com data de vig@ncia imediata, nao havia ofendido a regra da anterioridade tributéria porque nao constituiu aumento do imposto. E o STF aproveitou para repisar o seu entendimento, aliés, mencionado em pardgrafo anterior: se até mesmo a revogagao de isengao nao tem sido equiparada & institui¢do ou majoragao de tributo, a redugdo do desconto para pagamento do tributo também nao o poderia. No ensejo, afastou-se, também, a assertiva de que qualquer alteraco na forma de pagamento do tributo equivaleria & sua majoracdo, ainda que de forma indireta. De fato, o STF jé havia assim se posicionado, rechacando a aplicaco da anterioridade tributéria em caso de alteracdo da data de vencimento das obrigacées tributérias afetas a imposto e a contribuicao social-previdencidria, Note os entendimentos jurisprudenciais: Em 1997: EMENTA: CMS. DECRETO N. 33.707/91-SP: ANTECIPAGAO DO PRAZO DE RECOLHIMENTO. ALEGADA OFENSA AOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAS DA LEGALIDADE, ANTERIORIDADE E DA VEDACAO DE PODERES LEGISLATIVOS. Nao se compreendendo no campo reservado a lei a definicéo de vencimento das obrigacées tributarias, legitimo 0 Decreto n. 33.707/91, que modificou a data de vencimento do ICMS. Improcedéncia da alegacao no sentido de infringéncia ao principio da anterioridade e da vedagao de delegacao legislativa. Recurso extraordindrio no conhecido. (RE 203.684/SP, 1° T,, rel. Min. Ilmar Galvo, j. em 20-05-1997) (Grifo nosso) Em 2001: EMENTA: DIREMO CONSTITUCIONAL, TRIBUTARIO E PROCESSUAL CML. PIS. FINSOCIAL. PRAZO DE RECOLHIMENTO. ALTERACAO PELALEIN. 8.218, DE 29-08-1991. ALEGADA CONTRARIEDADE AO ART. 195, § 6°, DA CONSTITUICAO FEDERAL. 1. Examinando questo idéntica, decidiu a 1° Turma: “Improcedéncia da alegacao de que, nos termos do art. 195, § 6°, da Constituigéo, a lei em referéncia sé teria aplicacdo sobre fatos getadores ocorridos apés 0 término do prazo estabelecido pela norma. A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da obrigagao tributéria, sem qualquer repercusséo, néo se submete ao principio da anterioridade. Recurso extraordinario conhecido e provido’. 2. Precedentes de ambas as Tutmas, nos quais tém sido rejeitados os argumentos em contratio, ora renovados pela agravante. 3. Agravo improvido. (RE-AgR 274.949/SC, 1° T,, rel. Min. Sydney Sanches, j. em 13-11-2001) (Grifo nosso) Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pelo TRF/4* Regio, para o cargo de Juiz Federal Substituto (XVII Concurso), em 2016: “Segundo entendimento sumulado do STF norma legal que altera 0 prazo de recolhimento da obrigacéo tributéria ndo se sujeita ao principio da anterioridade” Observagaio: item semelhante foi considerado CORRETO, em provas realizadas pelas seguintes Instituigdes: (I) ADES, para 0 cargo de Analista Administrativo Operacional - Advogado da CEITEC S.A, em 2016; (ll) Vunesp, para o cargo de Juiz de Diteito Substituto do TJ/RJ — XLVI Concurso, em 2016; (Il) FGV, para o cargo de Procurador do Tribunal de Contas do Municipio do Rio de Janeiro, em 2008; (IV) TRF/4* Regio, para o cargo de Juiz Federal SubstitutoXVI Concurso, em 2014 Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo IMA, para o cargo de Advogado da Camara Municipal de Estreito/MA, em 2016: “Segundo os entendimentos do STF acerca dos temas tributérios, norma legal que altera 0 prazo de recolhimento da obrigacéo tributéria esté sujeita ao principio da anterioridade" Observagao: item semelhante foi considerado INCORRETO, em provas tealizadas pelas seguintes InstituicSes: (I) CespelCebraspe, para 0 cargo de Juiz de Direito Substituto da Justica do Distrito Federa-TJDFT, em 2016; (Il) Cespe/UnB, para os Exames de Ordem - OAB/SP-135° e 136° Exames, em 2008. Note o item considerado INCORRETO em prova realizada pela Serctam, para 0 cargo de Assistente Juridico da Prefeitura de Quixada/CE, em 2016: “Norma legal que altera 0 prazo de recolhimento da obrigacao tributéria se sujeita ao principio da anterioridade” Impende destacar, em tempo, que o posicionamento levou o STF a uma padronizacao, em setembro de 2003, com a edigao da Stimula n. 669, cujo teor adiante segue: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigagdo tributdria ndo se sujeita ao principio da anterioridade”. Frise-se que, em 17 de junho de 2015, o Plendrio do STF, por maioria, acolheu proposta de edigdo de enunciado de stimula vinculante com o seguinte teor: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigagao tributdria ndo se sujeita ao principio da anterioridade”. Assim, tornou vinculante 0 contetido do Verbete 669 da Stimula do STF. Trata-se da Stimula Vinculante n. 50 do STF. £ relevante destacar que foi vencido 0 Ministro Marco Aurélio, para quem a alteracao do prazo para recolhimento do tributo, por representar alteracao substancial, a surpreender os contribuintes, deveria se sujeitar ao principio da anterioridade tributaria. Frise-se que 0 entendimento de que a reduco do tributo rechaga o princfpio da anterioridade alcancaré todas as espécies tributarias, incluindo as contribuigdes social-previdencidrias, para as quais vige, no caso de instituigdo e modificagao, a anterioridade nonagesimal (art. 195, § 6°, CF). A propésito, havendo uma lei — ou, até mesmo, uma medida proviséria — que reduza o valor de uma contribuicdo social-previdencidria, a incidéncia da lei redutora deverd se dar de imediato, sem respeito 8 noventena, que imporia a contagem do prazo de noventa dias a partir da publicacao da lei (ou da data da medida proviséria). Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FAUEL, para o cargo de Advogado da Prefeitura de Jacarezinho/PR, em 2016: "Suponha que um Municipio ‘x, em agosto de 2015, altere a legislacéo tributéria para prever ‘a majoragao do prazo de recolhimento do ISS. Nesse contexto, a alteragao de prazo para recolhimento de tributo néo se -submete ao principio da anterioridade, seja a anterioridade geral ou nonagesimar Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do Estado de Mato Grosso (PGE/MT), em 2016: "Um decreto editado pelo Governador de determinado Estado altera o prazo de recolhimento de ICMS, com vigéncia imediata a partir de sua publicagéo, no més de janeiro de 2016. O referido decreto é compativel com a Constituigéo Federal, ndo estando sujeito ao principio constitucional ributério da anterioridade’ Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do Estado de Mato Grosso (PGEJMT), em 2016: “Tendo em vista calamidade publica, regularmente decretada pelo Governador do Estado, e a necessidade de elevacéo dos niveis de arrecadacéo de ICMS, IPVA e ITCMD, é defensavel a adogéo da -seguinte medida’ antecipagao dos prazos de recolhimento dos impostos estaduais, para vigéncia imediata’ Exemplos: a) Em 20-03-2016, o Presidente da Repiiblica editou medida provisdria aumentando a alfquota da contribuigao social a cargo das empresas, destinada & seguridade social. Quando tal norma incidiré? Resposta: no 91° dia a contar de 20-03-2016. b) Em 20-03-2016, o presidente da Repiblica editou medida provisdria reduzindo a aliquota da contribuigdo social a cargo das empresas, destinada & seguridade social. Quando tal norma incidiré? Resposta: na data da publicago da MP (20-03-2016). Curiosamente, impende destacar que a visio minoritéria da doutrina, que se op6e a essa tese pré- cidada, lastreia-se no fato de que a aplicacao imediata da norma tende a pér em risco a seguranga do Estado de Direito e o equilibrio econémico-financeiro, com uma possivel desestabilizacao das finangas piiblicas 20. Nao obstante, o entendimento majoritério, colhido entre os estudiosos, é 0 de que o principio da anterioridade é instrumento protetivo do cidadao, perante o poder de tributar que Ihe é imposto. Hugo de Brito Machado21, a esse propésito, salienta que “os princfpios constitucionais foram construidos para proteger 0 cidadao contra 0 Estado, (...) Assim, o principio da anterioridade, como os demais princfpios constitucionais em geral, ndo impedem a vigéncia imediata de norma mais favordvel ao contribuinte. (...)” 4.1 O principio da anterioridade anual - art. 150, Ill, “b”, CF 0 Principio da Anterioridade Anual determina que os entes tributantes (Unido, Estados, Municipios e Distrito Federal) ndo podem cobrar tributos no mesmo exercicio financeiro em que tenha sido publicada a lei majoradora ou instituidora do tributo. Note 0 comando: Art. 150. Sem prejuizo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado Unido, aos Estados, ao Distito Federal 20s Municipios: (..) I = cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (...) A. expressio exercicio financeiro deve ser assimilada como ano fiscal, que, no Brasil, coincidentemente, representa 0 ano civil (perfodo entre 1° de janeiro e 31 de dezembro)22, nos termos do art. 34 da Lei n. 4.320, de 1964. Nessa medida, tal espera anual, que sempre esteve presente na seara tributéria brasileira, existindo com exclusividade até 0 advento da EC n. 42/2003, prevé uma postergacao da eficécia da lei tibutéria para o 1° dia do exercicio financeiro subsecutivo ao daquele em que tenha havido a publicagao da lei instituidora ou majoradora da exagdo tributéria. Daf se falar em “postergagdo ou diferimento de eficdcia da lei tributéria” ou, simplesmente, em adogao do “principio da eficécia diferida”. Em outras palavras, o legislador constituinte sinaliza a possibilidade de se criar ou aumentar o tributo a qualquer tempo, todavia impée que a eficécia da lei criadora ou majoradora fique suspensa até o inicio do ano posterior, quando deverd incidir23. Exemplos: a) Tributo criado ou majorado em margo de 2002: incidéncia em 1° de janeiro de 2003; b) Tributo criado ou majorado em novembro de 2003: incidéncia em 1° de janeiro de 2004. 4.1.1 O principio da anterioridade anual e o art. 104 do CIN O art. 104 do CTN também descreve o principio da anterioridade tributdria anual. Note-o: Art. 104, Entram em vigor no primeiro dia do exercicio seguinte aquele em que ocorra a sua publicacao os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patriménio ou a rend 1 que instituem ou majoram tais impostos; II que definem novas hipdteses de incidéncia; IIL- que extinguem ou reduzem isengdes, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorével ao contribuinte, e observado 0 disposto no artigo 178. (Grifo nosso) Sabe-se que tal preceptivo irradiou efeitos até a edi¢do da EC n. 18/65, quando foi afastado, dando lugar a anterioridade da lei fiscal. Para varios doutrinadores, esse comando se encontra revogado 24, ou, pelo menos, contempla incisos (Le Il) “inapelavelmente derrogados” 25. Com efeito, 0 mencionado dispositive choca-se com 0 texto constitucional hodierno — a Carta Magna de 1988 -, uma vez que o principio da anterioridade tributéria, na esteira constitucional, diferentemente da dic¢ao do art. 104 do CTN: (1) nao diz respeito apenas a impostos sobre o patriménio e a renda, referindo-se a tributos em geral; (2) nao se atrela tio somente a “impostos”, mas a tributos em geral, ressalvados os casos de excecao (art. 150, § 1°, CF); (3) ndo se refere a “entrada em vigor” da lei, mas a sua eficécia. Por outro lado, as Bancas Examinadoras tém considerado 0 art. 104 do CTN um dispositivo aplicavel, a despeito das opinides de inconstitucionalidade. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pelo Cespe, para o cargo de Analista Legislative da Camara dos Deputados, em 2014: “Revogada a isengéo, o tributo torna-se imediatamente exigivel. Em caso assim, ndo ha que se observar o principio da anterioridade, dado que o tributo jé é existente” Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pela Vunesp, para a Outorga de Delegacées de Notas e de Registros do Estado de Séo Paulo (5° Concurso/Remogo - TJ/SP), em 2009: “A revogagao da isencao do pagamento de imposto sobre o patriménio deve observar o principio da anterioridade". Em termos préticos, adaptando 0 art. 104 do CTN 8 ideia de anterioridade vigente, em uma tentativa de interpreté-lo de acordo com a dic¢ao do texto constitucional, a lei que instituir ou majorar um imposto (inciso 1) ou que definir nova hipétese de incidéncia (inciso II) ~ nao obstante a prolixidade do comando, que anuncia situagdes que sio, de fato, a mesma coisa26 —, deverd obedecer ao principio da anterioridade tributaria. Com relagao ao inciso Ill, entraré em vigor, no primeiro dia do exercicio financeiro seguinte, a lei que “extinguir uma isengdo”, ou mesmo aquela que “reduzir uma isencao”. O preceptivo traz importantes ressalvas: a) na situagao descrita no art. 178 do CTN, em que haverd um tipo privilegiado de isengao — aquela concedida por prazo certo e sob determinada condicao. Nesse caso, haveré irrevogabilidade do beneficio isencional; b) na situagdo de a prépria lei revogadora ou diminuidora da isencao estabelecer um inicio de vigéncia para data posterior ao dia 1° de janeiro do ano subsecutivo da publicagao da norma, criando-se uma situa¢ao favoravel ao contribuinte. Nesse caso, a data de entrada em vigor nao seré aquela prevista no caput (primeiro dia do exercicio financeiro seguinte), mas o dia estipulado na lei revogadora ou diminuidora da isencao. O STF tem entendido que, tirante 0 caso da isengdo onerosa (submetida a lapso temporal e a certas condic6es), a revogabilidade das isencGes nao dotadas de onerosidade poderd ocorrer a qualquer tempo, sem a necessidade de respeitar o principio da anterioridade tributéria, devendo o tibuto ser imediatamente exigivel. A jurisprudéncia do STF, de hé muito, assim se posiciona 27, Note 0 item considerado INCORRETO, em prova realizada pela Vunesp, para o cargo de Procurador do Municipio de Sertéozinho, em 2008: “Revogada a isen¢éo, o tributo néo se torna imediatamente exigivel, pois ha que se observar 0 principio da anterioridade, pelo qual nenhum tributo pode ser exigido em relagao a fatos geradores ocorridos antes do inicio da vigéncia da lei que os hover instituido ou aumentado ou no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a Je que os instituiu ou aumentou’, 4.2 O principio da anterioridade nonagesimal — art. 150, Ill, “c”, CF De infcio, € imperioso enaltecer que o Princfpio da Anterioridade Anual Tributdria foi revigorado com 0 advento da EC n. 42, de 19 de dezembro de 2003, segundo a qual se passou a vedar a cobranca de tributos antes de decorridos 90 (noventa) dias da data em que tenha sido publicada a lei que haja institufdo ou majorado o tributo, em consondncia com a alinea “c” do inciso III do art. 150 da Constituigdo Federal. Vejamos: Art. 150. Sem prejuizo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado Unido, aos Estados, ao Distito Federal 20s Municipios: (..) Ill -cobrar tributos: (..) ©) antes de decortidos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado 0 disposto na alinea “b’.(Grifo nosso) Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela ASPERHS Consultoria/PE, para 0 cargo de Advogado da Prefeitura Municipal de Lagoa Grande/PE, em 2008: “O principio da anterioridade minima (nonagesimal) proibe que os impostos sejam majorados sem que a lei que o faga seja publicada com uma antecedéncia minima de 90 dias, também chamada de anterioridade mitigada’ Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do Ministério Piblico de Contas (TCWGO), em 2015: “Colvar tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou corresponde ao denominado Principio da Anterioridade Nonagesimal’ Dessa forma, robusteceu-se a anterioridade de exercicio, na medida em que se passou a exigir, a partir de 2004, obediéncia & anterioridade anual, além da anterioridade nonagesimal, em nitida aplicagao cumulativa (ver grifo no dispositive), garantindo-se ainda mais o contribuinte contra uma tibutagdo inopinada. Sobre o tema em estudo, Alexandre de Moraes 28 ensina: “(..) principio da anterioridade mitigada ou nonagesimal néo exclui a incidéncia do tradicional principio da anterioridade, determinando 0 art. 150, Il, “c’, que ambos sejam aplicados conjuntamente, ou seja, em regra, os tributos somente poderéo ‘ser cobrados no prdximo exercicio financeiro de sua instituicéo ou majoracéo, e, no minimo, apds 90 dias da data em que haja sido publicada a lei, evitando-se, assim, desagradaveis surpresas ao contribuinte nos itimos dias do ano”. (Grifo nosso) A luz das palavras do inclito autor, afirmamos que nio & um expediente raro o presenciar da voracidade fiscal da Fazenda Publica, que sempre se valeu de vitanda sistemética, criando ou majorando tributos nos tiltimos dias do ano, a fim de que pudesse satisfazer sua voltipia arrecadatéria, com valores a receber logo no inicio do exercicio seguinte, em plena quebra de lealdade tributdria. A novidade trazida pelo teor da EC n. 42/2003, quanto ao Princfpio da Anterioridade, vem obstar tal expediente ao exigir uma espera nonagesimal entre a exteriorizacao do instrumento normativo criador ou majorador ea exig€ncia efetiva do gravame compulsério. 4.3 Aregra geral da anterioridade e a aplicagao cumulativa dos prazos — art. 150, Ill, “c”, parte final, CF Com o robustecimento da anterioridade de exercicio, em face do “reforgo de anterioridade”, trazido pela EC n. 42, passou-se a exigir, a partir de 2004, a aplicacao cumulativa das anterioridades anual e nonagesimal. O quadro a seguir ilustra, cronologicamente, a conjunta aplicagao: Antes de | 2004 | 2005 | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 201 2004 Anterioridade Anual Anterioridade + Anual Anterioridade Nonagesimal Na pratica, a aplicacao conjunta mostra-se bem facil. Observe os casos préticos a seguir: a) Lei n___ majorou um tributo em 15 de dezembro de 2016, Quando incidird tal aumento? Resolucdo: em primeiro lugar, projete a incidéncia para o 1° dia do exercicio seguinte aquele em que tenha havido 0 aumento do tributo, isto é, 1°-01-2017, em respeito a anterioridade anual. Logo apés, projete a incidéncia para 0 91° dia, a contar do termo inicial ofertado — 15 de dezembro de 2016 - permitindo-se a identificagdo de uma data final, em meados de marco de 2017. Por fim, compare as datas encontradas (1°-01-2017 x data final — meados de marco/2017), escolhendo a “maior”. Certamente, optaré por aquela data de meados de marco de 2017. Somente a partir dela, 0 contribuinte sujeitar-se-d 4 incidéncia desse tributo, majorado em 15 de dezembro de 2016; ‘b) Lei n.__ majorou um tributo em 5 de outubro de 2016. Quando incidird tal aumento? Resolucdo: em primeiro lugar, projete a incidéncia para o 1° dia do exercicio seguinte aquele em que tenha havido 0 aumento do tributo, isto é, 1°-01-2017, em respeito a anterioridade anual. Logo apés, projete a incidéncia para o 91° dia, a contar do termo inicial ofertado — 5 de outubro de 2016 - permitindo-se a identificaggo de uma data final, em meados de janeiro de 2017 (inicio). Por fim, compare as datas encontradas (1°-01-2017 x data final — meados de janeiro/2017), escolhendo a “maior”. Certamente, optard por aquela data de meados de janeiro de 2017. Somente a partir dela, 0 contribuinte sujeitar-se-d 4 incidéncia desse tributo, majorado em 5 de outubro de 2016; ©) Lei n.__ majorou um tributo em 10 de agosto de 2016. Quando incidird tal aumento? Resolucdo: em primeiro lugar, projete a incidéncia para o 1° dia do exercicio seguinte aquele em que tenha havido 0 aumento do tributo, isto é, 1°-01-2017, em respeito a anterioridade anual. Logo apés, projete a incidéncia para o 91° dia, a contar do termo inicial ofertado — 10 de agosto de 2016 ~ permitindo-se a identificacao de uma data final, no mesmo ano de 2016, em meados de novembro. Por fim, compare as datas encontradas (1°-01-2017 x data final — meados de novembro/2016), escolhendo a “maior”. Certamente, optard pela data correspondente a 1°-01-2017, uma vez que a contagem dos 90 dias nao extrapolou o ano de 2016. A partir dessa data (1°-01-2017), 0 contribuinte sujeitar-se-é & incid@ncia desse tributo majorado em 10 de agosto de 2016. Apés os trés exercicios de contagem de anterioridade tributéria, acima apresentados, é bastante crivel a seguinte conclusio sobre a regra geral da anterioridade, conjuntamente aplicada. Note-a: REGRA GERAL DE ANTERIORIDADE TRIBUTARIA Caso 0 tributo seja criado ou majorado entre os meses de janeiro e setembro de um ano, a incidéncia do gravame ocorrera sempre em 1° de janeiro do ano posterior. Todavia, se isso se der entre outubro e dezembro, em razao do impacto temporal dos 90 dias, a data de incidéncia poderd ser posterior* a 1° de janeiro do ano subsecutivo. * Observe que, caso a [ei instituidora ou majoradora do tributo seja publicada nos primeiros dias de outubro, sua vigéncia se operard conforme quadro explicativo que segue logo abaixo: Lei 1°/10 91° dia: 31/12 data maior 1°/01 Lei 02/10 91° dia: 1°/01 data maior 1°/01 ano seg.: 1/01 ano seg.: 1/01 Lei 03/10 91° dia: 02/01 data maior 02/01 ano seg.: 19/01 Conclusdo: veja que ocorrerd a incidéncia da lei em 1° de janeiro para os tributos que forem criados ou majorados entre 1° de janeiro e dia 2 de outubro de um dado ano Uma vez assimilada a regra geral da anterioridade tributéria para os tributos, urge dimensionarmos 0 universo das excecoes, a fim de obtermos a visdo totalizante da matéria. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pelo Cespe/UnB, para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual do Espirito Santo, em 2009: °O principio da anterioridade néo se aplica a todos os tributos” Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FCC, para 0 cargo de Agente Fiscal de Rendas do Estado de Séo Paulo, em 2009: “O principio da anterioridade néo admite qualquer tipo de excegao, uma vez que se trata de garantia dos contribuintes' Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo Cespe/UnB, para 0 cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual do Espitito Santo, em 2009: “Os dispositivos de lei que instituem os tributos, sejam quais forem, comegam a vigorar no primeiro dia do exercicio sequinte aquele em que ocorreu a sua publicagao’. 4.4 As excegées ao principio da anterioridade anual O art. 150, § 1°, parte inicial, da CF enumera importante lista de excegdes ao principio da anterioridade anual: Art. 150. (...) § 1°. Avedagao do inciso Il, “b”, ndo se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, |, 153, |, , Ve V, e 154, Ul: (...) Evidencia-se que o preceptivo, um tanto lacénico, exige que o estudioso proceda a devida tradugdo dos artigos e incisos ali mencionados pelos nomes designativos dos gravames correspondentes, considerados “excegdes”, aos quais no se aplica a vedagdo do inciso Ill, “b”. Apés fazé-lo, seré possivel descobrir um rol de tributos que tém—e sempre tiveram —a imediata eficécia da lei instituidora ou majoradora, que, prontamente incidindo, torna-os prontamente exigivei Observe a lista de excegdes 4 anterioridade anual, parcialmente revelada e até aqui ocupada por tributos exclusivamente federais: Imposto sobre Importagao (II) Imposto sobre Exportagao (IE) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Imposto sobre Operagdes Financeiras (IOF) Imposto Extraordinario de Guerra (IEG) Empréstimo Compulsério para Calamidade Publica ou Guerra Externa (EC- Calamidade/Guerra Externa) A luz do rol em epigrafe, ¢ possivel assegurar que hé inafastdvel ldgica na presenca de tais tributos nesse tipo de lista, a qual sinaliza a imediata incidéncia da lei tributari ; enquanto os primeiros se justificam pelo viés da extrafiscalidade, os iiltimos ancoram-se na esteira da emergencialidade. Com efeito, em temas de comércio internacional (II e IE), de mercado financeiro (IOF) e da produgdo nacional (IPI), é comum o caréter regulatério na tributagao, revestindo tais impostos, ditos “flexiveis”, de extrafiscalidade 29. Da mesma forma, soaria irrazodvel associar as situacdes limitrofes de guerra e calamidade pitblica a uma espera anual 30. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela AcafelFapesc, para o cargo de Fiscal Tributarista da Prefeitura Municipal de Jaragua do Su/SC, em 2008: “Tributo extrafiscal é 0 que, embora também arrecade, tem como ‘misséo fundamental servir de instrumento de poltica econémica. Exemplo: Imposto de Importacéo” Curiosamente, até a EC n. 42/2003, o Empréstimo Compulsério, previsto no art. 148, I, da CF, era uma mera excecio doutrindria & anterioridade tributéria anual, haja vista a falta de previsdo literal no texto anterior ao art. 150, § 1°, da CF, Apés a Emenda citada, como se verd adiante, passou a ser uma ressalva expressa no dispositivo constitucional, ao constar taxativamente no rol de excegdes ora estudado. 4.4.1 As excegées ao principio da anterioridade anual e a Emenda Constitucional n. 33/2001 Com a EC n, 33/2001, a lista, parcialmente revelada em epigrafe, ganhou 0 incremento de mais duas excegdes — CIDE-Combustivel e ICMS-Combustivel -, totalizando 0 rol das oito excecdes & anterioridade tributdria anual. No plano teleolégico, a inclusdo desses iltimos gravames também se lastreou no contexto da extrafiscalidade, ao lado dos impostos federais reguladores de mercado (II, IE, IPI, IOF). Vamos analisar tais exacdes incluidas: 1, CIDE-Combustivel: trata-se de tributo federal, instituido no Brasil, com fulcro na Lei Ordindria n. 10.336/2001, no intuito de promover tributacdo extrafiscal nas atividades ligadas a combustiveis. Conforme o disposto no art. 149, § 2°, II, c/c art. 177, § 4°, I, “b”, parte final, ambos da CF, o Poder Executive Federal poder reduzir e restabelecer as aliquotas do tributo por meio de ato préprio — no caso, 0 decreto presidencial — nao se Ihe aplicando a regra da anterioridade anual (art. 150, III, “b”, CF)31. Note 0 comando: Art. 177. (...) § 4. A lei que instituir contribuico de intervenc&o no dominio econémico relativa as atividades de importacdo ou comercializacao de petrdleo e seus derivados, gas natural ¢ seus derivados e dlcool combustivel deverd atender aos seguintes requisitos | - a aliquota da contribuig&o podera ser: (..) b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, nao se lhe aplicando o disposto no art. 150, lll, “b” da CF; Verifica-se, dessarte, que as aliquotas da CIDE-Combustivel, incidentes sobre atividades de importacdo ou comercializagdo de petrdleo (e derivados), gas natural (e derivados) e élcool combustivel, passardo ao largo do principio constante do art. 150, Ill, “b”, da CF — o postulado da anterioridade tributéria anual —, quando houver sua reducao e seu restabelecimento. Ademais, conforme se nota ~e jé se estudou — o gravame ¢ igualmente uma ressalva a legalidade tributdéria, pois se abre para a alteragdo de aliquotas por ato do Poder Executivo. 2. ICMS-Combustivel: trata-se de uma exclusiva ressalva indicadora de tributo nao federal, no rol de excegdes ao principio da anterioridade tributéria anual. Frise-se, em tempo, que a mitigagao nao se refere ao “ICMS”, em si, mas a um tipo todo particularizado desse imposto ~ 0 ICMS-Combustivel, por nés assim intitulado. Veja 0 comando: Art. 155. (.) § 4°, Na hipstese do inciso Xil, bservar-se-& o seguinte: (..) IV-~ as aliquotas do imposto serdo definidas mediante deliberacao dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2°, Xi, “q’, observando-se o seguinte: (..) c) poderdo ser reduzidas e restabelecidas, nao se thes aplicando o art. 150, Ill, “b”. Conforme o disposto no art. 155, § 4°, IV, “c”, da CE, acima reproduzido, o intitulado “ICMS- Combustfvel” seré uma ressalva 8 anterioridade anual, no tocante & redugdo e restabelecimento de sua aliquota, 4 semelhanga da CIDE-Combustivel. Todavia, o preceptivo é dependente de outros comandos, fazendo-se men¢ao as alineas “g” e “h” do inciso XII do § 2° do art. 155 do texto constitucional. ‘Vamos a elas: Art. 155. (.) § 2%. O imposto previsto no inciso ll atendera ao seguinte:(..) XIl - cabe a lei complementar: (..) 9) regular a forma como, mediante deliberacao dos Estados e do Distrito Federal, isengGes, incentivos e beneticios fiscais, sero concedidos e revogados; h) definir os combustiveis € lubrificantes sobre os quais o imposto incidira uma Unica vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipdtese em que nao se aplicaré o disposto no inciso X, "b”. (Grifos nossos) Em consonancia com o art. 155, § 2°, XII, “h”, da CF, cabe a lei complementar definir os combustiveis e lubrificantes sobre os quais 0 imposto (ICMS) incidiré uma tinica vez (incidéncia unifésica ou monofésica), qualquer que seja a sua finalidade. Por sua vez, as aliquotas do ICMS incidente sobre esses combustiveis serdo definidas mediante deliberagao dos Estados e Distrito Federal. Portanto, tais entes politicos, mediante convénios interestaduais, celebrados no Ambito do CONFAZ (Conselho de Politica Fazenddria), definirao as aliquotas do ICMS incidente sobre esses combustiveis. Posto isso, & guisa de memorizacao, é de rigor que se visualizem as oito ressalvas ao principio da anterioridade tributdria anual: IE IPI 1OF IEG EC-Calamidade/Guerra Externa CIDE-Combustivel ICMS-Combustivel 4.5 As excegées ao Principio da Anterioridade nonagesimal e a Emenda Constitucional n. 42/2003 Como se notou, em t6picos precedentes, 0 Principio da Anterioridade Anual Tributdria foi revigorado com 0 advento da EC n. 42, de 19 de dezembro de 2003. Essa Emenda vedou a cobranca de tributos antes de decorridos 90 (noventa) dias da data em que tenha sido publicada a lei que haja institufdo ou majorado o tributo, em consonancia com a alinea “c” do inciso I do art. 150 da Constituigdo Federal. Entretanto, 0 Poder Constituinte Derivado, por questo ontolégica, houve por bem excepcionar do periodo de 90 dias alguns tributos — quase todos jé ocupantes do rol de excecdes da anterioridade anual —, conforme se depreende do comando inserto no art. 150, § 1°, in fine, da CF: Art. 150. (...) § 1°. Avedagao do inciso Il, "b", ndo se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, |, 153, |, I, Ve Ve 154, Il; e a vedago do inciso Il, °c’, néo se aplica aos tibutos previstos nos arts. 148, |, 153, |, I, Ill e V; e 154, Il, nem a fixacéo da base de célculo dos impostos previstos nos arts. 155, Il ¢ 156, |. (Grifo nosso) Observe que o dispositive em epigrafe hospeda duas listas de excecdes a anterioridade tributéria: a primeira, j4 estudada, indicando tibutos que fogem a anterioridade anual; a segunda, a seguir apresentada, sinalizando gravames que se furtam a anterioridade nonagesimal. Segue, pois, a lista de excegdes & anterioridade nonagesimal: Imposto sobre Importagao (II) Imposto sobre Exportagao (IE) Imposto sobre Renda (IR) Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Juiz Substituto (TR), em 2015: *O Imposto de Renda esté sujeito ao principio da anterioridade, mas néo ao principio da noventena (anterioridade nonagesimal) Imposto sobre Operages Financeiras (IOF) Imposto Extraordinario de Guerra (IEG) Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), para o cargo de Agente de Tributos Estaduais/MT, em 2008: "Com relagéo ao imposto extraordindrio, no caso de guerra externa, o principio da anterioridade e legalidade devem ser observados' Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo Instituto Indec, para o cargo de Advogado Municipal da Prefeitura de Sumaré/SP, em 2009: “O imposto langado por motivo de guerra externa esté sujeito a0 principio da anterioridade tributéria’ Empréstimo Compulsério para Calamidade Publica ou Guerra Externa (EC-Calamidade/Guerra Externa) Alterag6es na base de calculo do IPTU e do IPVA E de notar a enorme semelhanga entre a lista de excecdes anterior e esta, com especial destaque para o IR e para as alteracdes na base de célculo do IPTU e do IPVA, que aqui apareceram, e 0 devido realce para o IPI, a CIDE-Combustivel e o ICMS-Combustivel, que para cé ndo vieram. Enquanto o Imposto sobre a Renda e as alteragdes na base de célculo do IPTU e do IPVA nao se submetem a anterioridade nonagesimal, mitigando-lhe os efeitos e avocando a anterioridade comum, o IPI, a CIDE-Combustivel e 0 ICMS-Combustivel nao se sujeitam a anterioridade comum, respeitando a anterioridade nonagesimal. Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para 0 cargo de Promotor de Justica do Estado de Pernambuco, em 2008: “E exce¢do ao principio da anterioridade, mas deve obediéncia ao principio da anterioridade nonagesimal, o imposto sobre produtos industrialzados”. Note 0 item considerado CORRETO, em prova tealizada pela FCC, para o cargo de Auditor do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TCEIAL), em 2008: “Sujeita-se a0 principio da anterioridade nonagesimal, mas é excegéo aos principios da anterioridade anual e da legalidade 0 imposto sobre produtos industrializados” JA se mostra patente, nesse momento, a necessidade de enfrentarmos as listas, de modo conjunto, em pleno confronto, a fim de identificarmos qual tributo obedece a uma anterioridade e nao obedece a outra; qual gravame continua como excecao a um perfodo, mas nao continua como excecdo a outro; e, finalmente, qual tributo se mostra como excegao as duas anterioridades. Dessa forma, apreciemos 0 quadro explicativo a seguir, no intuito de demarcarmos o momento exato da incidéncia dos tributos, ocupantes das listas de exce¢Ges as anterioridades tributarias: Excegées a Ecom CIDE-- | ICMS-- Anterioridade | || | IE IPI *** | IOF | IEG | CALA/GUERRA | COMB | COMB Anual Excegdes a Ecom Anterioridade | iI |1E | *** IR |IOFFIEG | oa ourrra| “* | Nonagesimal Quando | paga | godias | 2° ‘ devera ser | PAs : janeiro 6 ik 90 dias apés o i& | apdso Paga ja, ja pago o ree | aumento | 40.an0 aumento tributo? J seguinte * Paga jd, j4 6 expressdo por nés utilizada, com a acepcdo de exigéncia imediata, indicando uma concomitante excecéo a anterioridade anual (paga j4) e excecdo A anterioridade nonagesimal (paga ja). Daf o indicado macete “paga ja, ja”. A luz do quadro anterior, é possivel chegarmos a importantes conclusdes. Vamos a elas: Conclusdo + resumidamente, 0 quadro acima reproduzido permite que facamos trés confrontos conclusivos: — 1° Confronto: nomes que esto nas duas listas de exceg6es & anterioridade (anual e nonagesimal). Trata-se de tributos que devem ser exigidos imediatamente, se aumentados ou institufdos. Sao eles: Il, IE, IOF, IEG e Empréstimo Compulsério (Calamidade Publica ou Guerra); Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do Municipio de Sao Paulo, em 2008: “Em relagdo aos impostos, haveré excecéo aos principios da anterioridade anual e nonagesimal com a ‘majoracéo de aliquotas do IO”. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FUMARC-PUCIMG, para o cargo de Defensor Piblico do Estado de Minas Gerais, em 2009: “Uma elevacao da aliquota do IOF pode ser exigida no dia sequinte & publicagéo do decreto que promover o referido aumento”. — 2° Confronto: nomes que esto na lista de exce¢des anterioridade anual, mas nao esto na lista de excecdes & anterioridade nonagesimal, devendo esta respeitar. Trata-se de tributos que devem ser exigidos 90 dias apds o aumento. Sao eles: IPI, CIDE-Combustivel e ICMS-Combustivel. Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Analista Portuario (Advogado) da CODEBA- Cia. das Docas do Estado da Bahia, em 2016: “Em maio de 2015, a Unido aumentou, por meio de lei, as aliquotas do IPI de itens de alimentacéo e higiene, devendo a norma entrar em vigor 90 (noventa) dias apds a sua publicagéo, uma vez que o IPI ndo esté sujeito ao principio da anterioridade de exercicio™ Quanto 8 Cide-Combustivel e ao ICMS-Combustivel, é importante destacar que 0 “aumento” refere- se ao restabelecimento da diminufda alfquota ao seu patamar méximo, previsto em lei. Temos afirmado que se houver extrapolagdo desse limite legal origindrio, a situagao traduzir-se-4 em efetivo aumento, avocando-se a obediéncia regra geral da anterioridade tributdria, sem embargo da regra da legalidade tributéria; —3° Confronto: nomes que esto na lista de excegées & anterioridade nonagesimal, mas nao esto na lista de excegdes @ anterioridade anual. Trata-se de tributos exigidos a partir de 1° de janeiro do ano posterior ao aumento da exa¢ao, independentemente da data em que se der, no transcorrer do ano. So eles: IR e alteracGes na base de calculo do IPTU e do IPVA. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Vuinesp, TJ/SP. para o cargo de Juiz, em 2014: “Tendo em vista 0 denominado principio da anterioridade (comum), é correto afirmar que descabe a cobranca, no mesmo exercicio financeiro da le instituidora do Imposto sobre a renda e os proventos de qualquer natureza (IR)" Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do Estado de Mato Grosso (PGE/MT), em 2016: “Tendo em vista calamidade publica, regularmente decretada pelo Governador do Estado, e a necessidade de elevacéo dos niveis de arrecadacéo de ICMS, IPVA e ITCMD, é defensavel a adocéo da -seguinte medida: aumento, por meio de lei editada no més de julho do ano corrente, das bases de célculo do IPVA, para vvigéncia no ano sequinte ao de sua edicdo’ Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela CEMAT, para 0 cargo de Advogado da Prefeitura de PompeialSP, em 2016: *O Imposto sobre a renda néo obedece ao principio da noventena ou anterioridade minima de 90 dias” Observe, agora, um quadro mneménico geral, em um confronto miiltiplo, entre (1) as excecdes ao principio da legalidade, (2) as excecdes ao principio da anterioridade anual e (3) as exceges ao principio da anterioridade nonagesimal: Excegdes & CIDE-- | ICMS-- Legalidade | 1) 1E | IPI) ** | oF | cad coms |comBp}| ** @) Excegdes & EC- CIDE-- | ICMS-- Anterioridade | 1] 1E | IPI] "| 1OF IEG | caraeuerRA|comp|come| Anual (2) Fixacdo des A da Excecées a Anterioridade EC- Base Nonagesimal | "| '€ IR | IOF | IEG | caLAGUERRA ge @Q) Calculo do IPTU Por derradeiro, destaque-se que hé alguns tributos — todos eles federais, por sinal — que sio exceces concomitantes aos Principios da Legalidade, da Anterioridade Anual e da Anterioridade Nonagesimal. Sao eles: Il, IE, IOF. Trata-se de trés impostos federais que apresentam um relevante ponto em comum: a extrafiscalidade. Conclusao 2: se houver majoracdo do IPI, sua exigéncia deverd ocorrer apés 90 dias, a contar da lei majoradora, ndo mais prevalecendo a exig@ncia imediata do gravame, como ocorria até 2003, antes do advento da EC n. 42/2003. Tal entendimento foi chancelado na ADI-MC 4.661, rel. Min. Marco Aurélio, Pleno, j. em 20-10-2011. Exemplo: para uma lei majoradora do IPI, publicada em 25 de outubro de 2016, a exigéncia dessa exagdo ocorreré no 91° dia a contar deste termo de inicio, ou seja, em 23 de janeiro de 2017 (Observacdo: nas provas de concursos, nao € comum exigir o dia exato, por questo de bom senso). Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Copese/UFT, para 0 cargo de Procurador Municipal da Prefeitura de Palmas/TO, em 2016: “Em relacéo & majoracdo de sua aliquota, 0 IPI néo deve obediéncia ao principio da legalidade, nem ao principio da anterioridade, mas deve obediéncia ao principio da anterioridade nonagesimaf Conclusao 3: se houver majoracdo do IR, em qualquer data do ano, sua incidéncia dever ocorrer no 1° dia do exercicio financeiro subsecutivo ao exercicio em que tenha havido a majoracao, independentemente do prazo de 90 dias, ao qual o IR se poe como excecao. Portanto, para este imposto federal, a EC n. 42 nao trouxe modificacao de relevo: ele esté e sempre esteve sujeito & anterioridade anual, devendo continuar respeitando esta regra. A novidade, de pouco impacto, trazida pela indigitada Emenda, é a de que o IR passou a ser uma excecdo a anterioridade tributéria nonagesimal, passando ao largo da noventena. Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Analista do Ministério Publico do Estado de Sergipe — MPEISE (Especialidade: Direito), em 2009: “Ao dispor sobre as limitacdes ao poder de tibutar, estabelece a Constituicéo da Reptiblica que é vedado aos entes da Federacéo cobrar tributes no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, 0 que néo se aplica, no entanto, em alguns casos, como 0 do imposto sobre a renda ou proventos de qualquer natureza’ Exemplo: para uma lei majoradora de IR, publicada em fevereiro de 2016, a exigéncia da exagao se dard em 1° de janeiro de 2017. Por sua vez, para uma lei majoradora de IR, publicada em dezembro de 2016, a exigéncia da exacao se dard, igualmente, em 1° de janeiro de 2017, sem que se respeite o dtimo de 90 dias. Concluséo 4: a EC n. 42/2003 dispés, na parte final do art. 150, § 1°, CF, que sao excecdes a anterioridade nonagesimal as alteragdes na base de cdlculo do IPTU e do IPVA. Esta base de célculo, como € cedico, é 0 préprio valor venal do bem. Portanto, € possivel que se proceda a fixacao legal do valor venal de um imével ou de um veiculo automotor, no fim de ano, e que tal modificacao possa ser ja aplicada no 1° dia do exercicio financeiro seguinte. Note que a alteragdo vem ao encontro dos interesses do Fisco, pois se permitem modificacdes abruptas, com agil eficécia da lei alteradora, mostrando-se, em tese, como acées estatais que violam a seguranga jurfdica do contribuinte. Exemplo: Lei n. publicada em 31 de dezembro de 2016, altera o valor venal dos iméveis do Municipio. . Pergunta-se: quando seré eficaz a lei que veicula dado aumento? ‘A resposta € simples: a lei que veicula o mencionado aumento seré eficaz no dia seguinte — 1° de janeiro de 2017 -, valendo o aumento para o exercicio de 2017, pois se trata de norma que obedece & anterioridade anual, mas que se pde como excecao aos 90 dias. Curiosamente, impende destacar que o raciocinio nao vale para modificacao de aliquotas do IPVA e do IPTU. Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Procurador do Tribunal de Contas do Municipio do Rio de Janeiro, em 2008: “O IPTU e 0 IPVA podem ter sua aliquota e base de calculo majoradas e cobradas de imediato, por forca da EC n. 42/03, que os excepcionou do principio da anterioridade tributéria, sendo itrelevantes o exercicio financeiro e a noventena’ Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Juiz Substituto (TJ/RR), em 2015: "A majoracéo da base de cdiculo do IPVA néo esta sujeita a0 principio da noventena (anterioridade nonagesimal), mas a majoracéo de sua aliquota esta’. Neste caso, havendo lei que aumente as aliquotas, por exemplo, em dezembro de 2015, a incidéncia delas ocorreria, em tese, no 91° dia a contar da data do aumento, isto é, em meados de marco de 2016. O problema esté no fato de que a lei desses gravames, por ficcao jurfdica, estipula o dia 1° de cada ano como a data do fato gerador (1°-01-2016, no caso), 0 que nos faz concluir que aquele aumento de aliquota sé poderd, de fato, incidir no ano posterior, ou seja, a partir de 1°-01-2017. A propésito, em margo de 2015, foi ajuizada no STF a Acdo Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n, 5.282, de relatoria do Min, Marco Aurelio, com o objetivo de suspender, em caréter liminar, os arts. 5° e 6° da Lei n. 18.371/2014, do Estado do Parand, que dispdem sobre alteragao da data do fato gerador do IPVA paranaense. Observem-se os dispositivos: Art. 5° O fato gerador do imposto de que trata a Lei n. 14.260, de 2003, referente ao exercicio de 2015, em relagao aos veiculos automotores adquiridos em anos anteriores, ocorrera no dia 1° de abril de 2015. § 1°. 0 IPVAde que trata o caput deste artigo terd seu vencimento em 1° de abril de 2015. (..) Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data da sua publicagdo, produzindo efeitos a partir do 1° dia do quarto més subsequente ao da publicagao em relagdo ao art. 1°, ao inciso | do art. 4° e ao art. 7°. Em sintese, a Lei majoradora foi publicada em 18 de dezembro de 2014, 0 que provocaria uma incid@ncia da nova aliquota apenas a partir de 1° de janeiro de 2016, por forga das anterioridades anual nonagesimal (e das peculiaridades que cercam o fato gerador continuo, préprio do IPVA). Ocorre que, diferentemente, a norma foi habilitada pelo legislador a incidir jé a partir de 2015, uma vez que se postergou a data do fato gerador do imposto para 1° de abril. Assim, com essa manobra, a Lei poderia incidir no inicio de abril, tendo respeitado a anterioridade de exercicio e a nonagesimalidade. A nés, o expediente parece de duvidosa constitucionalidade. Resta-nos aguardar o desfecho dessa instigante questo. A guisa de complemento, note as assertivas consideradas corretas, coletadas de provas de concursos piiblicos, acerca da temitica das alteracdes na base de calculo (e nao alfquotas!) do IPTU e do IPVA em cotejo com o principio da anterioridade tributdria: 1. “A lei que aumenta a base de célculo do IPTU e IPVA nao se submete ao principio da anterioridade nonagesimal”. Aassertva CORRETA foi solicitada em prova realizada pelo Tribunal de Justica de Santa Catarina (TJ/SC), para 0 cargo de Juiz de Direito Substituto de Santa Catarina, em 2009. 2. “Lei que fixa nova base de célculo e majora as aliquotas do IPTU e do ITBI municipal, publicada em novembro de 2008, tem eficécia a partir do primeiro dia do exercicio de 2009 apenas para a nova base de calculo do IPTU”. Aassertiva CORRETA toi solicitada em prova realizada pela FCC, para o cargo de Defensor Piiblico do Estado do Pard (1* Entrancia), em 2009. 3. “Lei municipal publicada em 20 de dezembro de 2007 majorou as alfquotas do ITBI de 2% para 4% e a base de célculo do IPTU em 20%. As novas faixas de valores serdo aplicadas em noventa dias a contar da publicacao da lei para o ITBI no primeiro dia do exercicio seguinte ao da publicagao da lei para o IPTU”. Aassertiva CORRETA foi solictada em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador Judicial da Prefeitura do Re- cife/PE, em 2008. Conclusdo 5: 0 art. 150, § 1°, do texto constitucional trata da tematica das excegées & anterioridade, quer anual, quer nonagesimal. Caso o tributo ndo faga parte das listas de excecdes jé estudadas, respeitando-se, assim, a regra geral da anterioridade, deveré ser objeto da aplicagao cumulativa das anterioridades anual e nonagesimal. Em outras palavras, nesses casos, seré vedada a cobranca de tributos, no mesmo exercfcio financeiro e antes de 90 dias, levando-se em conta a data da publicacao da lei que os instituiu ou aumentou, em total subserviéncia as esperas anual e nonagesimal. Portanto, no caso de um “ICMS, majorado em 30 de junho de 2016, a incidéncia da lei majoradora ocorreré em 1° de janeiro de 2017”. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela CS-UFG, para o cargo de Procurador (AL/GO), em 2015: “Proposta legislativa de alteragéo da legislacéo tributéria em matéria do ICMS deve observar a seguinte norma constitucional: a mera alteracéo da hase de caiculo do ICMS esté sujeita 4 observancia dos principios constitucionais tributérios da legalidade e da anterioridade nua e nonagesimal. Observe outros bons exemplos: a) ISS, majorado em 20 de outubro de 2016, terd sua alfquota incidente no 91° dia a contar dessa data inicial, ou seja, a partir do fim de janeiro de 2017 (com preciso, em 18 de janeiro de 2017); b) ITCMD, majorado em 10 de marco de 2016, teré sua aliquota incidente em 1° de janeiro de 2017; ) Taxa, majorada em 17 de novembro de 2016, teré sua aliquota incidente no 91° dia a contar dessa data inicial, ou seja, a partir de meados de fevereiro de 2017 (com precisao, em 13 de fevereiro de 2017). Os exemplos citados indicam uma solugio que deveré se estender a todos os tributos que se enquadram como “regras” is anterioridades (anual e nonagesimal). Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro, em 2008: “E vedada a cobranga no mesmo exercicio financeiro, e antes de noventa dias da data da publicagao da lei que os institui ou aumenta, dos seguintes impostos: ITD e ISS" Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pelo IESES, para o cargo de Titular de Servigos de Notas e de Registtos, em 2014: “A Constituicéo Federal promulgada em 1988 consagra varios princjpios tributérios, entre eles o da anterioridade da lei tributéria. Conforme o Texto Magno, devem observar este principio, entre outros, os -seguintes tributos, 0 ICMS e 0 ITCMD”. Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador do Estado de Mato Grosso (PGEJMT), em 2016: “Tendo em vista calamidade publica, regularmente decretada pelo Governador do Estado [em 2016], e a necessidade de elevacdo dos niveis de arrecadacdo de ICMS, IPVA e ITCMD, é defensavel a adogéo da seguinte medida: elevacéo, por meio de lei, das aliquotas do ITCMD aplicaveis a partir dos fatos geradores corridos durante o ano-calendério 2017, respeitando-se o prazo minimo de noventa dias contados da edicéo da le. Note 0 quadro a seguir, que permite a memorizacao de todos os gravames considerados “regras” dupla anterioridade: Caso 0 tributo seja criado ou majorado entre os meses de janeiro e setembro Regra | de um ano, a incidéncia do gravame ocorrera sempre em 1° de janeiro do ano Geral posterior. Todavia, se isso se der entre outubro e dezembro, em razao do impacto temporal dos 90 dias, a data de incidéncia serd posterior a 1° de janeiro do ano seguinte Impostos Iss ier ral Municipais Impostos Estaduais ICMS (comum) IPVA ITCMD impostos Imposto sobre Grandes Fortunas ITR | — Imposto Residual Federais ~ Taxas; — Contribuicdes de Melhoria; — Empréstimos Compulsérios para Investimento Puiblico de caréter urgente e relevante interesse nacional (art. 148, II, CF); Outros Tributos — Contribuigées, em geral, previstas no caput do art. 149 da CF (ressalvadas as Contribuigées Social-previdencidrias, que avocam perfodo de anterioridade especial, consoante o art. 195, § 6°, CF), a ser oportunamente estudado. 4.6 0 Principio da Anterioridade Especial para as Contribuigées Social-previdencidrias A contribuigdo para a seguridade social (PIS, COFINS, CSLL, entre outras) deverd ser exigida 90 dias — e nao “trés meses”! — apds a publicagdo da lei que a instituiu ou a modificou, conforme se depreende do art. 195, § 6°, da CF: Art. 195. (...) § 6°. As contribuigdes sociais de que trata este artigo s6 poderdo ser exigidas apds decorridos noventa dias da data da publicacao da lei que as houver instituido ou modificado, nao se thes aplicando o disposto no art. 150, Il, "b”. Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pelo Tribunal de Justica do Rio Grande do Sul (TJ/RS), para o cargo de Juiz de Direito Substituto do Rio Grande do Sul, em 2008: “A luz das disposigées em vigor da Constituicéo Fede- ral, é possivel afimar que as contribuicées sociais de seguridade néo se sujeitam a exigéncia de anterioridade de exercicio’ Dessa forma, exemplificativamente, “caso a Unido, em 1° de julho de 2016, publique lei aumentando a aliquota da COFINS, de 3% para 3,5%, de certas pessoas juridicas, a primeira data em que o referido aumento poderd produzir efeitos seré 29 de setembro de 2016”, exemplo (com datas atualizadas) foi solicitado em item considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro, em 2008. Observagao: ressalte-se que a contagem, “em cima do calendério’, embora tenha sido exigida, nao comprometeu a exata identificacao da alternativa consi-derada correta Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela Vunesp, para 0 cargo de Juiz de Direito (TJ/SP), em 2014 “Tendo em vista 0 denominado principio da anterioridade (comum), & correto afirmar que descabe a cobranca, no mesmo exercicio financeiro da lei instituidora da Contribui¢éo para a Seguridade Social, que esta sujeita somente a anterioridade nonagesimal (art. 195, § 62 CF)" No estudo da anterioridade especial, prdpria das contribuigdes social-previdencidrias, algumas observacées se fazem necessérias: Observagao 1: Trata-se de um perfodo de anterioridade especial para um tipo particular de tributo — a contribuigao social-previdencidria, prevista no art. 195, I ao IV, da CF. Nessa medida, ndo ha que se falar em aplicagao desse prazo nonagesimal a outras contribuigdes, que ndo se enquadram no rétulo de “contribuigdes para a seguridade social”. Daf se dizer que ndo se deve associar o art. 195, § 6°, da CF, bem como a anterioridade genuina que encerra, as contribuicdes profissionais, nem as contribuicdes interventivas (CIDEs), constantes do caput do art. 149 da CF. A estas, como é cedigo, aplicar-se-é a anterioridade comum, ao lado, é claro, da anterioridade privilegiada (noventena), oriunda da EC n. 42/2003, como se faz com qualquer tributo que segue a regra das anterioridades — v.g., taxas, contribuigdes de melhoria, entre outros. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Procuradoria Geral do Estado do Para (PGE/PA), para 0 cargo de Procurador do Estado do Para, em 2009: "Os tributos em geral submetem-se cumulativamente a anterioridade de exercicio e @ anterioridade minima de 90 (noventa) alas, estabelecidas pela CF enquanto as contribuigées da -seguridade social submetem-se exclusivamente & an-terioridade nonagesimal” Em um quadro mneménico, podemos visualizar 0 principio da anterioridade aplicével as contribuigées, em geral: Tipo de Contribuico Anterioridade Artigo Termo a quo Nonagesimal ou Art. | Publicagao da lei que Mitigada (Noventena ou | 195, § | _houver institufdo ou Noventalidade) 6°, CF modificado Alinea “ip” Anterioridade comum + Profissionais, Interventivas + ‘Alinea | Publicacdo da lei que (CIDEs) e Sociais (no Anterioridade de 90 ee houver institufdo ou previdencidrias) dias aumentado (art. (EC n. 42/2003) 150, Ul, CF) Observagao 2: Outra importante anotacao diz com os verbos utilizados no preceptivo em andlise (art. 195, § 6°, CF): instituir e modificar. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para o cargo de Juiz de Direito Substituto, em 2008: “Diante da majoracéo da contribuicéo social sobre o lucro liquido das empresas através de decreto presidencial, para que tenha eficdcia no mesmo exercicio financeio da sua publicacéo, & possivel afirmar que é inconstitucional, pois depende de lei tal majoracao, ainda que tenha eficécia no mesmo exercicio financeiro ao da sua publicacéo” Com relacao a este iltimo elemento verbal (“modificar”), impende relembrarmos o que se chancelou no STF quanto a esse tema: nem todas as alterag6es realizadas nos elementos configuradores do tributo indicarao, por si sés, “aumento” de tributo (citou-se, nesta obra, a ADI n. 4.016 MC/PR-2008). No ensejo desse julgado, afastou-se, também, a assertiva de que qualquer alteracao na forma de pagamento do tibuto equivaleria & sua majoracao, ainda que de forma indireta. Reveja o entendimento jurisprudencial, afeto 8 contribuicao: EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTARIO E PROCESSUAL CIM. PIS. FINSOCIAL. PRAZO DE RECOLHIMENTO. ALTERACAO PELALEIN. 8.218, DE 29-08-1991. ALEGADA CONTRARIEDADE AO ART. 195, § 6°, DA CONSTITUICAO FEDERAL. 1. Examinando questo idéntica, decidiu a 1° Turma: “Improcedéncia da alegacao de que, nos termos do art. 195, § 6°, da Constituigéo, a lei em referéncia sé teria aplicacdo sobre fatos getadores ocorridos apés 0 término do prazo estabelecido pela norma. A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da obrigagao tributéria, sem qualquer repercusséo, néo se submete ao principio da anterioridade. Recurso extraordinario conhecido e provido’. 2. Precedentes de ambas as Tutmas, nos quais tém sido rejeitados os argumentos em contratio, ora renovados pela agravante. 3. Agravo improvido. (RE-AgR 274.949/SC, 1° T., rel. Min, Sydney Sanches, j. em 13-11-2001) (Grifo nosso) Impende destacar, em tempo, que o posicionamento levou o STF, em setembro de 2003, & padronizagao da andlise do tema, com a edigdo da Stimula n. 669 (¢ atual Stimula Vinculante n. 50), cujo teor adiante segue: “Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigagao tributdria nao se sujeita ao principio da anterioridade”. Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pelo IPAD (Recite/PE), para 0 cargo de Auditor Municipal da Prefeitura de Gravaté/PE, em 2008: “Segundo entendimento do STF, norma legal que altera 0 prazo de recolhimento da obrigacéo tributéria néo se sujeita ao principio da anterioridade’ Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo Cespe/UnB, para o cargo de Analista (Area Juridica) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em 2009: “Deve obediéncia ao principio da anterioridade tributéria a lei ‘municipal que altera o periodo de recolhimento do IPTU que, nos anos anteriores, deveria ser pago entre os meses de abil e junho, pasando a ser cobrado no periodo compreendido entre os meses de janeiro e marco de cada ano” Note o item (adaptado) considerado CORRETO, em prova realizada pelo TRF, para o cargo de Juiz Federal Substituto (TRFIS* Regido), em 2016: “Com relacdo a jurisprudéncia dominante do STF, a norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigacéo tributéria néo se sujeita ao principio da anterioridade Observacao: item semelhante foi considerado CORRETO, em prova tealizada pela Vunesp, para o cargo de Juiz de Direito (TJ/RJ), em 2016. Observagao 3: Por derradeiro, urge analisarmos a parte final do preceptivo, segundo a qual nao se aplicard as contribuigdes sociais do art. 195, § 6°, a anterioridade tributéria comum, prevista no art. 150, Ill, “b”, da Constituigdo Federal. Note: Art. 195. (...) § 6°. As contribuigdes sociais de que trata este artigo sé poderdo ser exigidas apds decorridos noventa dias da data da publicacao da lei que as houver instituido ou modificado, ndo se Ihes aplicando o disposto no art. 150, I, “b’ (Grifo nosso) ‘Temos defendido a ideia de que o afastamento da anterioridade comum, a que faz mengdo a parte final do art. 195, § 6°, nao significa, por assim dizer, uma “excegdo” a essa anterioridade de exercicio. Em uma interpretacao sistemética, vé-se que o legislador, quando quis excepcionar o tributo deste principio, f@-lo, de uma s6 ver e conjuntamente, no taxativo rol de “excegdes” constantes do art. 150, § 1°, da CE, prevendo duas listas de ressalvas, sem que fizesse constar em quaisquer delas a mengdo & contribuigao social-previdencidria: Art. 150. (...) § 1°. Avedagao do inciso Il, "b’, nao se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, |, 153, |, Ve V; e 154, Ile a vedagao do inciso ll, “c’, ndo se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, le Vf e 154, ll, nem a fixagao da base de célculo- dos impostos previstos nos arts. 155, i, € 156, | Dessarte, a exegese que nos parece mais acertada é a de que, no comando em tela, o legislador origindrio apenas quis demonstrar a existéncia de um prazo de anterioridade especial para um tributo especifico — a contribuicao social-previdenciéria —, ao qual nao se aplica 0 art. 150, I, “b”, da CF. Temos dito que o dispositive encerra uma “estipulacao genuina de prazo tfpico, com mitigagao da anterioridade comum, para um gravame dotado de particularidade”, sem que isso Ihe confira 0 atributo de “excegao”, Para concursos ptiblicos, recomendamos a memorizacao do dispositivo, que deve ser cobrado em sua literalidade. De uma maneira ou de outra, o relevante ¢ memorizar que, para as contribuigées social- previdenciérias, subsiste um periodo de anterioridade peculiar; de 90 dias, cujo termo a quo seré o da data da publicagao da lei instituidora ou modificadora do gravame. Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela Vunesp, para o cargo de Titular de Servigos de Notas e de Registros (T/SP), em 2014: “Os impostos esto sujeitos ao principio da anterioridade, e as contribuicées sociais podem ser cobradas trinta dias apés a sua criagéo oficial 5 0 PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE E OS INSTITUTOS JURIDICOS DA VIGENCIA E EFICACIA DA NORMA TRIBUTARIA No texto constitucional, o principio da anterioridade tributéria esté textualmente relacionado a ideia de publicagdo da norma, a partir da qual se estipularé o prazo de espera — anual ou nonagesimal — para a sua incidéncia. De modo andlogo, os institutos juridicos da vigéncia e eficdcia da lei, longe de passarem ao largo da discussio da anterioridade tributdria, aproximam-se do tema com expressiva intimidade, como ingredientes indispensdveis 4 precisa demarcagdo do momento da incidéncia da lei instituidora e majoradora do tributo. De inicio, urge frisar que o principio da anterioridade atrela-se & nocao de eficdcia da lei, enquanto a vigéncia liga-se a outro postulado ~ 0 da irretroatividade tributdria, a ser estudado, oportunamente, nesta obra. De fato, a geragao de efeitos da lei tributdria, na esteira de sua eficdcia, ocorreré no 1° dia do exercicio financeiro seguinte ao da lei instituidora ou majoradora do gravame, respeitada a noventena, no importando, em tese, para tal constatagdo, a nogao de vigéncia. Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, para 0 cargo de Advogado do Senado Federal, em 2008: “O principio da anterioridade é uma regra de vigéncia, que impede que a lei seja aplicada antes do pré- ximo exercicio fiscal Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Cesgrantio, para o cargo de Analista Judiciério (Finep), em 2014: "Ha uma norma constitucional que veda a cobranca de tributes em relacdo aos fatos geradores ocorridos antes do inicio da vigéncia da lei que os houver instituido ou aumentado. Essa norma configura o principio constitucional tributario da itretroatividade" Nessa toada, como é fato notério que quase a totalidade das leis tributérias entram em vigor na prépria data da publicacao, permite-se o célculo da anterioridade anual, por exemplo, valendo-se de simples operacao: Publicagdo e Vigéncia (mesma data) = Ano (X) => Eficacia = Ano (X+1) 5.1 A eficacia da norma tributaria Na ligdo de Maria Helena Diniz32, “a eficécia vem a ser a qualidade do texto normativo vigente de poder produzir, ou irradiar, no seio da coletividade, efeitos juridicos concretos, supondo, portanto, nao s6 a questio de sua condigao técnica de aplicacdo, observancia, ou ndo, pelas pessoas a quem se dirige, mas também de sua adequagdo em face da realidade social, por ele disciplinada, ¢ aos valores vigentes na sociedade, 0 que conduziria ao seu sucesso”. Partindo-se desse conceito, afirma-se, com seguranca, que uma norma pode estar em vigor, mas ndo ser ainda eficaz. Basicamente, é 0 que se verifica de modo recorrente com a lei tributdria: publicada a norma, esta passa a viger — quase sempre, a partir da mesma data da publicacao -, sem irradiar efeitos concretos no ano da publicacao, até que, respeitados os interregnos anual e nonagesimal, a norma passa a juridicamente incidir. Nessa medida, por exemplo, o principio da anterioridade faz com que lei tributéria, majoradora ou criadora do tributo, publicada no dia 2 de outubro e vigente na data da publicacao, ganhe eficécia no exercicio financeiro seguinte. Em outras palavras, é isso que o principio da anterioridade tributéria indica: ele obsta que uma norma vigente irradie efeitos no mesmo exercicio financeiro em que haja sido publicada, adiando sua eficdcia para 0 ano fiscal subsequente. Segundo o art. 1° da Lei de Introdugdo as Normas do Direito Brasileiro, as leis brasileiras, salvo disposigao em contratio, sé passam a vigorar decortido o prazo de vacatio legis de quarenta e cinco dias apés a data de sua publicacao. Trata-se de preceptivo que vem ao encontro do disposto no art. 101 do CIN: Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FGV, para o cargo de Auditor do Tesouro Municipal da Prefeitura de Recite/PE, em 2014: “Vacatio legis’ é 0 periodo em que a norma juridica néo tem eficadcia, embora esteja vigente” Art. 101. Avigéncia, no espaco e no tempo, da legislacao tributaria rege-se pelas disposigdes legais aplicéveis 8s normas juridicas em geral, ressalvado o previsto neste Capitulo, Ad argumentandum, se uma lei tributéria ndo dispuser sobre a data de sua entrada em vigor, deve-se aplicar a ela a regra da vacatio legis. Em termos priticos, se tivesse havido aumento do tibuto por meio de uma lei publicada em 15-12-2016, respeitando-se o perfodo de vacatio legis, a suposta lei somente entraria em vigor no dia 29-01-2017, ou seja, 45 dias apés a data da publicacao. E claro que tal norma s6 poderé atingir fatos geradores a ela posteriores, vale dizer, a partir de 29-01-2017, no podendo abarcar os fatos imponfveis ocorridos antes dessa data, em respeito ao principio da irretroatividade tributéria, a ser oportunamente estudado nesta obra, Curiosamente, permanecendo ainda no exemplo, esta norma, embora vigente, nao incidiré sem que se respeite o principio da anterioridade (anual e nonagesimal). Vale dizer que, para uma lei publicada em 15-12-2016, haverd incid@ncia no 91° dia, a contar dessa data, ou seja, em meados de marco de 2017 (em 14-03-2017, com preciso). Portanto, nesse curioso caso concreto, temos uma solucio requintada: uma lei publicada em 15-12-2017, vigente a partir de 29-01-2017 e eficaz a partir de 15-03-2017. 5.2 A vigéncia da norma tributaria A vigncia, como a aptidao formal da lei para produzir efeitos, adquire-se apés 0 decurso do espago de tempo intitulado vacatio legis, com previsao especifica no CTN (arts. 101 a 104), para a legislagao tributéria, e, na Lei de Introdugdo as Normas do Direito Brasileiro (art. 1°), para as normas em geral. Note este tiltimo dispositivo: Art. 19 Salvo disposic&o contraria, a lei comeca a vigorar em todo o pais quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada Em geral, uma lei passa a ter eficécia apds a sua entrada em vigor. Em Direito Tributério, entretanto, no basta o requisito “da vigéncia”. No caso de lei que institui ou majora o tributo, teremos um requisito extra para a produgdo da eficécia da norma — o chamado princfpio da anterioridade tributéria (art. 150, Ill, “b” e “c”, CF). Daf se afirmar que a lei tributéria incidiré se obedecer & regra de vigéncia e a regra da anterioridade. Como a primeira, em geral, coincide com a data da publicacao, nao hé grande davida ao intérprete, que acaba apenas aplicando o principio da anterioridade tibutéria. Podemos, assim, resumir o tema, da seguinte forma: jade Tributaria Incidéncia da lei tributaria = Regra da Vigéncia + Regra da Anteri Desse modo, caso o tributo seja excecao a regra da anterioridade, entendemos que nao ficard livre de obedecer a regra da vigéncia. Exemplo: Lei n. majoradora do IOF, publicada em 15-12-2016, sem previsdo de data de vigéncia. Nesse caso, aplica-se a regra de vigéncia da Lei de Introdugdo as Normas do Direito Brasileiro (45 dias), embora se saiba que 0 IOF € excegdo a regra da anterioridade tributéria (art. 150, § 1°, CF). Em outras palavras, a incidéncia do IOF nao seré imediata, mas em 29-01-2017. Na pratica, como se notou, tem-se evitado tal situacdo, com a concomiténcia entre a data da publicacao e a data de vigéncia da lei tibutaria. Nao é demais relembrar que a vigéncia de uma lei que institui a contribui¢ao social-previdencidria nao se confunde com a eficdcia da referida norma. Enquanto a regra de vigéncia indica a aptidao para a producao de efeitos, a anterioridade tibutéria nonagesimal, prépria das contribuicdes social-previdencidrias, & regra de producdo de efeitos, propriamente dita. A primeira liga-se & Lei de Introdugdo as Normas do Direito Brasileiro (art. 1°); a segunda, versando sobre eficacia, adstringe-se ao art. 195, § 6°, CF. Note os exemplos praticos: a) a Lei n, 7.689, instituindo a contribuigao social sobre o lucro das pessoas juridicas, foi publicada em 15 de dezembro de 1988 — data em que entrou em vigor, conforme o art. 12 da norma. A produgao de seus efeitos, todavia, s6 se deu apés 90 dias a contar da publicagao; b) a LC n, 70/91, instituindo contribuicao para financiamento da Seguridade Social, foi publicada em 30 de dezembro de 1991 — data em que entrou em vigor, conforme o art. 13 da norma. A produgao dos efeitos, porém, ficou predeterminada a partir do primeiro dia do més seguinte aos noventa dias posteriores aquela publicacao (art. 13, parte final); ©) a Lei n. 959/205, dispondo sobre custas judiciais e emolumentos de servicos notariais e de registros ptiblicos no Estado do Amapé, foi publicada em 30 de dezembro de 2005, com data para a entrada em vigor demarcada para 1° de janeiro de 2006. O STF, no presente caso, entendeu que, conquanto vigente em 1° de janeiro de 2006, a produgao de efeitos dependeria da observancia do princfpio da anterioridade (anual e nonagesimal). Com sua aplicagao, levando-se em conta a data da publicacao da lei (30-12-2005), a incidéncia deveria ocorrer no 91° dia a contar dessa data (31- 03-2006). Assim se dispds no didético voto do Ministro Relator Sepiilveda Pertence (STR ADI n. 3.694/AP, Pleno, j. em 20-09-2006). 6 0 PRINC/PIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTARIA E A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 32/2001 Em t6pico precedente, foi possivel entender os reflexos da EC n. 32/2001 no principio da legalidade tributéria. Notou-se que, apds tramitar durante seis anos no Congresso Nacional, a PEC n. 472 resultou na referida Emenda. Com a EC n. 32/2001, 0 prazo de validade de uma MP passou a ser de 60 dias, admitida uma tinica prorrogacdo por mais 60 dias (art. 62, § 7°, CF). Nao havendo a conversao em lei, no prazo supracitado, a medida proviséria perderd eficécia desde a origem, devendo os produzidos efeitos serem regulados por decreto legislativo do Congreso Nacional (art. 62, § 3°, CF). Alids, € vedada a reedi¢do, na mesma sessio legislativa, de medida provisdria que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficdcia por decurso de prazo (art. 62, § 10, CF). Por fim, ndo editado 0 decreto legislativo a que se refere 0 § 3° até sessenta dias apés a rejeigdo ou perda de eficécia de medida provisoria, as relagdes juridicas constituidas e decorrentes de atos praticados durante sua vig@ncia conservar-se-do por ela regidas (art 62, § 11, CF). Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Procurador de Contas do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE/RR), em 2008: “O Presidente da Republica editou medida provisdria, em 30 de -setembro de 2007, instituindo tributo da espécie taxa em favor da Unido. A medida especificou o dia 1° de janeiro de 2008 como o inicio da exigibildade da taxa. Em fevereiro de 2008, o Congresso Nacional reeitou a medida e néo editou decreto legislativo sobre o assunto no prazo de até sessenta dias apés a rejeicéo. Neste caso, a taxa cujo fato gerador se realizou 1no periodo de exigibilidade, mas que ndo foi recolhida no momento oportuno, pode e deve ser objeto de inscri¢go em divida ativa e de execugao fiscal, providéncias essas que podem e devem ser tomadas, inclusive apés a rejeicéo da medida’ AEC n, 32/2001, consoante o comando inserto no art. 62, § 2°, da CF, passou a permitir a utilizagao de medida proviséria (MP) em matéria tributéria, no campo dos impostos. Quanto a esta limitagdo da MP, associdvel tio somente a impostos, j4 se entendeu que existem decisdes do préprio STF dando total guarida a tese de abono da criagao de tributos mediante medida proviséria, haja vista o fato de que a Constituicdo Federal ndo prevé quaisquer restrigoes para obstaculizar essa veiculacdo (RE 138.284/CE-1992). Alids, em tempo, trata-se de decisdes prolatadas antes mesmo da EC n. 32/2001. Reveja-as: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINARIO. 2. Medida proviséria. Forca de lei. 3. A Medida Provisria, tendo forga de lei, é instrumento idéneo para instituir e modifica tributos e contrbuigées sociais. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (ALAgR 236.976!MG, rel. Min, Néri da Silveira, 2*T., j. em 17-08-1999) (Grifo nosso) EMENTA: 1. (..) 2. Legitimidade, ao primeiro exame, da instituicéo de tributos por medida proviséria com forga de le, e, ainda, do cometimento da fiscalizacdo de contribuigées previdenciarias a Secretaria da Receita Federal. (..) (ADIMC n. LALZIDF, rel. Octavio Gallotti, Pleno, j. em 07-03-1996) (Grifo nosso) E imperioso destacar, entretanto, que, embora o STF tenha aceitado a possibilidade de criar ou aumentar tributo por meio de medida proviséria, tal posicionamento sempre careceu de respaldo constitucional, uma vez que sua robustez advinha téo somente de chancela jurisprudencial. A propésito, antes mesmo da publicagio da Emenda em comento, o STF jé defendia a necessidade de aplicagio do principio da amterioridade tibutéria nos casos de tibutos majorados por medida proviséria. Vale dizer que, para a Corte Suprema, publicando-se a medida proviséria até 31 de dezembro de um ano, permitia-se a cobranca do tributo no ano seguinte ao da publicaco (RE 232.084, rel. Min, Ilmar Galvao, 1? T., j. em 04-04-2000). E bom que se diga que a exigéncia era apenas quanto & “publicagdo” da MP, e nao quanto a “conversdo em lei”, como se passou a exigir a partir da EC n. 32/2001. De fato, esta Emenda trouxe o timbre constitucional a visio do STF, no tocante a legalidade e & anterioridade tributérias, ao introduzir inimeras modificagdes no art. 62 da CF, com a inclusdo de 12 (doze) pardgrafos ao comando, conforme se notard nos articulados seguintes. No plano especifico da anterioridade tributaria, 4 luz do art. 62, § 2°, da Carta Magna, a medida proviséria que implique instituicao ou majoragdo de impostos sé produziré efeitos no exercicio financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até 0 tiltimo dia daquele em que foi editada. Art. 62. (..) § 2°. Medida proviséria que implique instituigéo ou majoragao de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, |, V, Ve 154, 56 produzira efeitos no exercicio financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o timo dia daquele em que toi editada. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela Fuvest (USP), para o cargo de Advogado da Universidade de ‘So Paulo (USP), em 2009: "Medida provisdria que implique instituicéo ou majoragéo de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, |, I IV, Ve 154, II, 8 produziré efeitos no exercicio financeiro seguinte, se houver sido convertida em lei até o uitimo dia daquele em que foi editada’ Evidencia-se, dessarte, que o legislador constituinte derivado pretendeu, com esse dispositivo, construir a compatibilidade entre a medida proviséria e o principio da anterioridade tributéria, quer no plano da instituicao do gravame, quer na seara da majoracao da exagdo, ambas por medida proviséria. Ademais, insta frisar que o préprio legislador constituinte ressalvou a aplicagdo da regra aos seguintes tributos, todos eles impostos federais: II, IE, IPI, IOF e ao IEG. A luz do preceptivo em epigrafe, o primeiro aspecto relevante € que 0 comando sé se refere a impostos, com a explicita ressalva de alguns outros. Daf se assegurar, & luz da interpretacao literal, que a exigéncia de conversao em lei até o tiltimo dia do ano de edigdo da medida provisdria vale tio somente para esta espécie tributéria Portanto, néo se curvam a exigéncia de “conversdo em lei até o ultimo dia do ano de edi¢do da medida provisdria” os seguintes tributos: a) Os impostos federais excepcionados (II, IE, IPI, IOFe IEG) Quanto ao momento da exig€ncia desses impostos federais, ditos extrafiscais — Il, IE, IPI e IOF — eventualmente majorados por medida proviséria, conquanto se saiba que o aumento é plenamente cabivel por meio de ato normativo mais simples, a saber, o decreto presidencial, a doutrina tem entendido que a alteracao de aliquotas de tais gravames pode se dar, sim, por meio de medida proviséria, furtando-se & recomendada converséo em lei da propria MP e 4 obediéncia ao principio da anterioridade, em uma espécie de rentincia do Poder Executivo a um campo de competéncia que Ihe é préprio. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pelo TRF, para o cargo de Juiz Federal Substituto (TRF/S* Regio), em 2016: “O IOF tem predominante funcéo extrafiscal e néo se submete a anterioridade tributéria; 0 Poder Executivo pode manejar as suas aliquotas para ajusté-lo a objetivos de poltica monetéria indicando o que almeja alcancar com a mudanga de aliquota’ Vale dizer que, em tese, havendo uma medida provisdria que altere, por exemplo, as alfquotas de um imposto de importacao, a incidéncia da norma majoradora sera de imediato, independentemente da conversao em lei. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FCC, para o cargo de Agente Fiscal de Rendas do Estado de Sao Paulo, em 2009: “Dispée 0 § 2°do art. 62 da CF que medida proviséria que implique instituigéo ou majoragéo de impostos, exceto os ll, IE, IOF, IPI ¢ IEG, s6 produzird efeitos no exercicio financeiro seguinte, se houver sido convertida em lei até 0 titimo dia daquele em que foi editada. Por sua vez, dispée 0 § 1°do art. 150, in fine, da CF que a anterioridade minima de 90 dias para a incidéncia de leis instituidoras ou majoradoras de tributos néo se aplica aos seguintes tributos: empréstimos compulsrios para atender a despesas extraordindrias; I; IE; IR; IOF; e IEG. Uma medida provisdria editada em margo de 2009, que venha a majorar o Ile 0 IR terd eficécia imediata apenas em relagao ao Il, devendo ser convertida em lei até 0 timo dia do exercicio de 2009 para que tenha eficacia a partir de 1° de janeiro de 2010, em relacéo ao imposto de renda’ O dado curioso € perceber que, no caso especffico do IPI, majorado por MP, a incid@ncia ficaré postergada para 0 91° dia a contar da publicacdo do instrumento majorador, & semelhanga do ocorrido comas contribuigdes social-previdencidrias, como se verd, oportunamente. Em relagdo ao IEG, seu aumento e sua instituicao por medida proviséria sao cabiveis no contexto de emergencialidade (e nao extrafiscalidade), afastando-se a conversio em lei da MP e 0 respeito ao principio da anterioridade. Vale dizer que tal gravame, se majorado ou instituido, seré de imediato exigido. b) As taxas e contribuicdes de melhoria Caso tenhamos uma taxa ou uma contribuigdo de melhoria, instituidas ou majoradas por medida provis6ria — o que se mostra, em tese, plenamente cabivel, haja vista ndo serem exacdes dependentes de lei complementar -, a incidéncia da MP deverd atrelar-se ao principio da anterioridade (anual e nonagesimal), independentemente da conversao em lei. ©) Os empréstimos compulsérios Os empréstimos compulsérios, por dependerem de lei complementar, ndo podem ser objeto de medida proviséria (art. 62, § 1°, II, CF). Da mesma forma, passam ao largo da MP os outros gravames dependentes de lei complementar: 0 imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, CF), os impostos residuais (art. 154, I, CF) e as residuais contribuigGes social-previdenciarias (art. 195, § 4°, CF). Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pelo Cespe/UnB, para 0 cargo de Analista Técnico (UASJUR) do SEBRAE (Nacional), em 2008: “A Unido pode instituir empréstimo compulsério, mediante lei ordindria, para atender a despesas extraordindrias, decorrentes de calamidades puiblicas’ Observacé sm semelhante, associando o empréstimo compulsério a lei ordinéria, foi considerado INCORRETO, em prova realizada pelas seguintes Instituigées: (I) IPAD (Recife/PE), para o cargo de Auditor Municipal da Prefeitura de Gravaté/PE, em 2008; (Il) Universidade Regional do Cariri (URCAICE), para 0 cargo de Auditor Fiscal da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte/CE, em 2009: (Ill) IESES (Séo José/SC), pata o cargo de Juiz de Direito do Maranhao (TAMA), em 2008, 4) As contribuicées profissionais e as contribuicdes interventivas (CIDEs) Para tais exagdes, vale a mesma regra atrelével as taxas e as contribuigdes de melhoria, jé explicitadas no item “b”. e) As contribuicées social-previdencidrias No que tange as contribuigdes para a seguridade social, o entendimento do STF é no sentido de que 0 prazo nonagesimal, previsto no art. 195, § 6°, da CF, deverd fluir a partir da edigao da origindria medida proviséria Sendo assim, no caso de aumento ou modificagao de contribuicdo social-previdenciéria por medida proviséria, a incidéncia da MP deverd ocorrer no 91° dia a contar da publicagdo do instrumento normativo. A matéria seré aprofundada em t6pico préprio, adiante previsto. Retomando 0 estudo da medida proviséria na seara tributéria, exsurge outro ponto vital, a ser comentado: 0 de que a EC n. 32/2001 ratifica 0 atrelamento da medida proviséria ao principio da anterioridade anual — tinico postulado de eficacia de lei tributdria existente 4 época de sua edigao. Apés a edicdo da EC n. 42/2003, com o advento da anterioridade nonagesimal, tal preceptivo mereceu uma interpretacdo sistemética, sob pena de esvaziar-se no tempo. Em termos préticos, podemos afirmar que um imposto federal (majorado por medida proviséria e convertido em lei ordindria), antes da EC n, 42/2003, foi devido no ano seguinte ao da conversio da MP em ei, observado 0 Principio da Anterioridade Comum (art. 62, § 2°, CE). Nos dias atuais, diferentemente, para a incidéncia de uma medida proviséria no primeiro dia de um determinado ano, ndo bastante que a medida provisdria tenha sido convertida em lei até 31 de dezembro do ano anterior, mas que também tenha sido convertida em lei até 90 dias antes de 31 de dezembro desse mesmo ano anterior. Com efeito, é natural que, apés a edigdo da EC n. 42/2003, passou- se a exigir o respeito a noventena. A propésito, o Cespe/UnB, em prova discursiva para o Exame da OAB (2* Fase), realizada em julho de 2010, entendeu que se deve aplicar cumulativamente a anterioridade anual e a anterioridade nonagesimal, quando se tem um aumento de imposto por medida proviséria. No caso, tratava-se de uma majoragao de aliquota do ITR, com MP publicada em 30 de outubro. Note o item considerado INCORRETO, em prova realizada pela FMPIRS, para o cargo de Procurador do Estado/AC, em 2014: “A majoracéo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural por medida provisdria s6 produziré efeitos no exercicio financeiro seguinte se referida medida houver sido convertida em lei até o ultimo dia daquele exercicio em que foi editada’ Uma instigante discussdo, surgida a partir desse ponto, & saber se o termo a quo desse prazo nonagesimal é a data da publicacdo da medida provisdria originéria ou a data de conversio da medida proviséria em lei. A nosso pensar, apds a EC n. 42/2003, com o revigoramento do Principio da Anterioridade a que se procedeu, nao se deve menosprezar na contagem o transcurso do prazo para a conversio da medida proviséria em lei. Vale dizer que nos parece mais adequado estipular 0 termo a quo do prazo nonagesimal como a data da conversdo da medida proviséria em lei. Dessa forma, caso tenhamos 0 ITR, majorado por MP em setembro de 2015, com conversao em lei em dezembro de 2015, 0 tributo ndo seria cobrado a partir de 1° de janeiro de 2016, mas em meados de margo de 2016, em face do respeito aos 90 dias, que intermediarao a lei de conversao e o pagamento do tributo. O fato gerador desse gravame, por ficcao juridica, dé-se em 1° de janeiro do ano, ocasido em que se estipulam a aliquota e a base de célculo que vigerao durante todo o ano. Caso incida nova aliquota no transcorrer do periodo—o que ocorrerd no exemplo acima (MP incidindo em meados de marco de 2016) —, s6 serd possivel se falar em incidéncia, de fato, no dia 1° de janeiro de 2017. Curiosamente, esse foi o entendimento da Banca do Cespe/UnB, no tocante a tal aspecto, na questio da OAB acima ventilada (Gabarito: “Admite-se que o examinado indique como data o dia primeiro de janeiro do segundo ano seguinte ao da publicagéo da MP, em razao da determinagao legal de que o fato gerador do imposto territorial rural ocorre em primeiro de janeiro (Lei n. 9.393/96”). Todavia, essa orientacao nao desfruta de endosso generalizado na doutrina. No STE, por sua vez, hé sinais no sentido da prevaléncia da tese de que a contagem da anterioridade deve ser feita a partir da publicagdo da medida provisria, independentemente da data da lei de conversao. Isso se mostraré evidente na andlise da anterioridade especial, propria das contribuicdes social-previdencidrias, institufdas ou modificadas por MP, a ser feita em t6pico posterior. Nesse rumo, para concursos ptiblicos, temos recomendado que se adote o entendimento do STF: a tese de que a contagem da anterioridade deve ser feita a partir da publicacéo da medida proviséria, independentemente da data da lei de conversao. Por sinal, a prova discursiva para o Exame da OAB (2* Fase; Cespe/UnB), acima comentada, indicou no gabarito oficial que “o imposto s6 poderia ser cobrado apés noventa dias contados de 30 de outubro, data de publicaco da medida proviséria”. Observe que o Cespe/UnB adotou um posicionamento que haviamos anteriormente alertado. Para uma melhor compreenséo do relacionamento entre a MP e o principio da anterioridade, é prudente se levar em conta que a MP devers ser convertida em lei em 60 dias, consoante a intelig@ncia do art. 62, § 3°, da CF, podendo ser prorrogada uma tinica vez, por igual periodo. Antes da EC n. 32/2001, como € cedico, a prorrogagio era sucessiva; agora, ela € tinica Note o plano evolutivo: 0 Principio da Anterioridade e a Medida Proviséria (Periodo entre 2000 e 2016...) Periodo Condigao (...) 2000 Mera publicagao da MP até o Ultimo dia do ano de edicao da MP 2001 Mera publicagao da MP até o Ultimo dia do ano de edicao da MP EC n. 32/2001 2002 Conversao da MP em lei até o tiltimo dia do ano de edigao da MP 2003 Conversao da MP em lei até o tiltimo dia do ano de edigao da MP EC n. 42/2003 Conversao da MP em lei até o Ultimo dia do ano de edigao da MP de 2004 até 2017 (...) + Observancia da noventena A seguir, propomos varios casos praticos sobre diferentes tributos no intuito de indicar, no tempo, as possibilidades que se abrem para o cotejo do principio da anterioridade coma medida proviséria. Saliente-se que as solucdes propostas levam em conta o respeito cumnlativo as trés exigéncias a seguir destacadas: Exigéncia Efeitos » Anterioridade anual (= projecdo da incidéncia para o ano seguinte) (Art. 150, Ill, “b”, CF) Anterioridade nonagesimal (= projecao da incidéncia para 90 dias a contar da . publicagao da medida proviséria originaria, segundo a visdo do STF). Tal 2 exigéncia sera aplicada a partir de 2004. (Art. 150, Ill, “”, CF) Incidéncia no dia 1° de janeiro posterior ao ano da conversao da MP em lei (Art. 62, § 2°, CF). Tal exigéncia serd aplicada nos casos de impostos. Problema 1: ITR aumentado por medida proviséria, publicada em setembro de 2002 e convertida em lei em dezembro de 2002. Exigéncia Efeitos Anterioridade anual cs 1°-01-2003 (Art. 150, III, “b", CF) XXXXXKHKKK » Anterioridade nonagesimal | (periggg Conclusio: (Art. 150, III, “c’, CF) ae any No confronto das exig€ncias (1°), ) | eG), prevalece a data maior, ou seja, 1° de janeiro de Incidéncia_ | 2003 - data em que o imposto Incidéncia no dia 1° de em majorado sera exigido. janeiro posterior ao ano da | 1°-01-2003 3 conversio daMPemlei | (Conversao (Art. 62, § 2°, CF- EC n. em 32/2001) dezembro de lei em janeiro 2002) Problema 2: ITR aumentado por medida proviséria, publicada em setembro de 2002 e convertida em lei em janeiro de 2003, em razao da prorrogacao da medida proviséria. Exigéncia Efeitos Anterioridade anual Be 19-01-2003 (Art. 150, III, "b", CF) XXXXXKKXAKKAKHK, Conclusao: » Anterioridade nonagesimal (perfodo No confronto das exigéncias (Art. 150, III, “c", CF) anterior AEC n. | (1°); (2°) e (3°), prevalece a 42/2003) data maior, ou seja, 1° de janeiro de 2004 — data em Incidéncia no dia 1° de Incidénciaem | “°° impos majorado sera janeiro posterior ao ano da | 40.91.2004 ido. 3 conversao da MP em lei . (Art. 62, § 2°, CF-EC n, | (Conversao em 32/2001) janeiro de 2003) Problema 3: ITR aumentado por medida proviséria, publicada em setembro de 2014 e convertida em de 2015, em razao da prorrogacao da medida provisdria. Note que, neste exercicio, deve ser considerada a anterioridade nonagesimal, fruto da EC n. 42/2003. Exigéncia Efeitos Anterioridade anual we 19-01-2015 (Art. 150, III, “b", CF) Dezembro de 2014 . 2 Anterioridade nonagesimal (periodo Conclusio: (Art. 150, III, “c”, CF) posterior a | No confronto das exigéncias (1°), ECn (2°) e (3°), prevalece a data maior, 42/2003) | ouseja, 1° de janeiro de 2016 - data em que o imposto majorado sera exigido. Incid€ncia no dia 1° de | Incidéncia : em janeiro posterior ao ano da | ., s conversao da MPem lei | 1°-01-2016 (Art. 62, § 2°, CF-ECn. | (Conversao 32/2001) em janeiro de 2015) Problema 4: ITR aumentado por medida proviséria, publicada em dezembro de 2015 e convertida em lei em 20 de dezembro de 2015. Exigéncia Efeitos Anterioridade anual 2 19-01-2016 (Art. 150, II, “b", CF) Meados de margo de 2016 - 91° Anterioridade | ‘ia a contar Conclusio: nonagesimal da a 2 publicagao | No confronto das exigéncias (1*), (2*) e (3*), (Art. 150, II, da MP prevalece a data maior, ou seja, aquela em “c", CF) (periodo | meados de marco de 2015 (91° dia a contar da posterior | publicacéo da MP). Ad argumentandum, como ECn. 0 fato gerador do ITR éperiédico, definindo- 42/2003) | _se,por ficgAo jurfdica, no dia 1° de cada ano, neste caso, o aumento repercutird apenas no Incidéncia no fato gerador de 1°-01-2017. dia 1° de Incidéncia janeiro em posterior ao 1-01-2016 3 ano da (Conversao conversao da MPemtei | em 20 de (art. 62, § 2%, | dezembro CF-ECn. de 2015) 32/2001) Problema 5: Imposto Extraordinario de Guerra, instituido por medida proviséria, publicada em setembro de 2016. Exigéncia Efeitos Ressalva ao » Anterioridade anual Principio sp" (Art. 150, § (Art. 150, Ill, “b", CF) 1 pare inicial, CF) Conclusio: | Ressalva a0 | No confronto das exigéncias (1*), Anterioridade principio (2?) e (3), a incidéncia do IEG sera a nonagesimal (Art. 150, § | imediata, por se tratar o gravame (Art. 150, Ill, “c’, CF) | 1°, parte final, | de ressalva absoluta. 0 mesmo CF) raciocinio vale para os impostos:lI, IE, IOF. Incidéncia no dia 1° de 5 . ; Ressalva A janeiro posterior ao ano | "Sis icia 3° | da conversdo da MP em ‘my cata lei (Ar. 62, 8 2°, CR— | ,, UNPOR® ‘to) EC n. 32/2001) P Problema 6: Taxa institufda por medida proviséria, publicada em setembro de 2016 e convertida em lei em dezembro de 2016, em razao da prorrogacao da medida proviséria. Exigéncia Efeitos Anterioridade anual BP (Art. 150, Ill, “b", | 1°-01-2017 CF) Dezembro Conclusio: Anterioridade de 2016 ° nonagesimal : No confronto das exigéncias (1°), (2*) e 2 in | (Perfodo | (32), prevalece a data maior, ou seja, 1° de (Art. 150, 111, “c”, | posterior & ‘ cr ben janeiro de 2017 - data em que a taxa ) - | institulda seré exigida. © mesmo raciocinio 42/2003) | vale para as contribuigdes de melhoria, contribuigées profissionais e interventivas Incidéncia no dia 1° (CIDEs). de janeiro posterior | Ressalva & ao ano da exigéncia 3 converséo da MP | (86 vale em lei (Art. 62, § para 2°, CF-ECn. impostos) 32/2001) Problema 7: IPI aumentado por medida provisdria, publicada em setembro de 2016 e convertida em lei em outubro de 2016, em razao da prorrogagao da medida proviséria. Exigéncia Efeitos Ressalva ao 1 Anterioridade anual (Art. | principio (Art. 150, Ill, “b", CF) 150, § 1°,parte inicial, CF) Dezembro de Conclusao: 2 Anterioridade nonagesimal 706 ae No confronto das exigéncias (Art. 150, III, “c”, CF) (1°), (2%) € (3°), prevalece a Publicacdo da | data referente ao 91° dia, a MP contar da publicagdo da MP. Incidéncia no dia 1° de Ressalva A 3 janeiro posterior ao ano da exigéncia converséo da MP em lei (Art. | _(imposto 62, § 2°, CF -EC n. 32/2001) | excepcionado) Problema 8: IR aumentado por medida proviséria, publicada em setembro de 2016 e convertida em lei em outubro de 2016, em razao da prorrogagao da medida proviséria. Note 0 item considerado CORRETO, em prova realizada pelo Tribunal de Justica do Rio Grande do Sul (TJ/RS), para o cargo de Juiz de Direito Substituto do Rio Grande do Sul, em 2009: “Sobre medida proviséria, é possivel afirmar que, se aumentar aliquota de imposto de renda e proventos de qualquer natureza, s6 produairé efeitos no exercicio financeiro -seguinte se houver sido convertida em lei até 0 itimo dia daquele em que foi editada’. Note o item considerado CORRETO, em prova realizada pela FGV Projetos, no X Exame de Ordem Unificado/OAB, em

You might also like