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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO

Prof. (a) Karina Falcone de Azevedo1

Diógenes Lucas da Silva2

RESUMO CAPÍTULO 1 DO LIVRO: PRODUÇÃO TEXTUAL ANÁLISE DE


GÊNEROS E COMPREENSÃO

LUIZ ANTÔNIO MARCUSCHI

a primeira parte do livro; produção textual análise de gêneros e compreensão do autor


Luiz Antônio Marcuschi, trata dos processos de produções textuais atreladas ao ensino de
línguas. o capítulo é iniciado com o tópico 1.1 indagando a seguinte pergunta: quando se ensina
língua, o que se ensina? Segundo o autor, o ensino da língua é um processo conjunto que
envolve conhecimentos externos no qual relacionam-se com a própria língua como um
fenômeno. Essa ótica é facilmente relacionável com a posição saussuriana, defendida no curso
de linguística geral, de que “o ponto de vista cria o objeto”, desta forma o autor frisa que “(...)
aquilo que se ensina não são as próprias coisas (a língua ou a história mesma), mas antes, um
conjunto de conhecimentos sobre as coisas ou um modo, dentre outros possíveis, de se
relacionar com elas. Torna-se fácil compreender que esta postura de ensino propõe o estudo de
um objeto e suas relações com o meio, neste caso, o objeto é a língua e suas relações com os
fenômenos textuais e de compreensão.

1Doutora em Letras e professora da disciplina linguística aplicada 3, do Departamento de Letras, do Centro de


Artes e Comunicação, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
2
Aluno do 3º período, do curso de Letras - Bacharelado, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Prosseguindo com a argumentação dos estudos linguísticos atrelados às questões de
ensino, o tópico 1.2 do capítulo aborda a análise da língua com base na produção textual. o
ensino da língua através dos textos atualmente já um postulado consentido entre os linguistas
teóricos e aplicados, entretanto, a problemática está presente na maneira como isto é posto em
prática pelas instituições de ensino. É evidente que o papel da escola quando falamos sobre o
ensino de língua, está relacionado primordialmente com a modalidade escrita, o que de um
ponto de vista dos linguistas, é um tratamento inadequado e desastroso para a aprendizagem
ignorar as modalidades oracionais de texto (faladas). desta maneira, postergando a
potencialidade exploratória dos fenômenos linguísticos com base nos textos. Alimentando a
perspectiva de que há boas razões para analisar e ensinar a língua através das práticas textuais
(escritas e faladas), resumidamente, é possível citar algumas das possibilidades possíveis de
serem trabalhadas, como as questões do desenvolvimento histórico da língua, a em seu
funcionamento autêntico e não simulado, as relações entre diversas variantes linguísticas, as
relações entre fala e escrita no uso real da língua, etc. concluindo, a razão de considerar a dupla
articulação de ensino da língua através das práticas textuais, considerando a comunicação oral
e escrita, é operar no ensino do funcionamento da língua através do texto como forma natural
de acesso a língua.

O tópico 1.3 abre uma discussão para o papel da escola no aprendizado da língua,
levando em consideração o fato que os alunos (crianças/adolescentes) já se comunicam de
forma suficiente e eficaz, sem intervenção da escola. O primeiro ponto discutido nesta
abordagem é a indagação de quais seriam as especificidades que a escola tem a oferecer no
domínio do desenvolvimento da competência comunicacional? É evidente que o papel da
escola nesse âmbito, não está apenas atrelado ao ensino da escrita, mas sim ao domínio da
comunicação no geral, em seu aprendizado das formas orais que nem sempre o cotidiano
requer, mas que devem ser dominadas. Nesse contexto é situado a questão gramatical e todo o
trabalho com língua, tratando-se de valorizar a reflexão sobre a língua, saindo do ensino
normativo para um ensino reflexivo.

As noções de língua, texto, textualidade e processos de textualização que dá título ao


tópico 1.4, relaciona esses conceitos a produção textual na perspectiva sociointerativa. Para
adotarmos essa perspectiva, é necessário compreender as noções de língua que são utilizadas
quando é trabalhada a dualidade entre texto e discurso numa perspectiva linguística. As quatros
noções de língua utilizadas para este tipo de análise são: A) a língua como uma estrutura, um
sistema de regras que defende a autonomia do sistema diante das condições de produção. B)
como um instrumento transmissor de informações, um sistema de codificações. C) como
atividade cognitiva, ato de criação e expressão do pensamento típico da espécie humana. E por
último, como uma atividade sociointerativa, situada na perspectiva sociointeracionista
relacionando os aspectos históricos e discursivos. Considerando estas noções, há uma
tendência de enxergar o texto no plano das formas linguísticas e da sua organização, ao passo
que o discurso seria o plano do funcionamento enunciativo, no sentido de circulação
sociointerativa e discursiva envolvendo outros aspectos. Desta forma, considerando ambos
como maneiras complementares de enfocar a produção linguística em funcionamento.

Dando continuidade a discussão sobre noções de língua e processos de textualidade, o


tópico 1.5 levanta a ideia de língua como um conjunto de práticas sociais e cognitivas
historicamente situadas, com enfoque em seu funcionamento, possibilitando a análise de textos
e discursos (em certo sentido, o plano de enunciação), e permitindo também o trabalho sobre
as relações entre oralidade e escrita. Concluindo-se que a adoção desta perspectiva contribui
para a análise textual a partir do próprio código, indo do enunciado à anunciação, até o
funcionamento da língua.

Partindo dos argumentos apresentados no tópico anterior, faz-se necessária uma


pequena reflexão sobre a noção de sujeito, uma temática recorrente quando falamos sobre o
funcionamento da língua em sociedade. Em suma, pode-se dizer que o sujeito não é
“assujeitado”, nem totalmente individual e consciente no que tange o funcionamento efetivo
da língua (O discurso, o plano da enunciação), pois o sujeito se constitui na relação com os
outros dentro do discurso. “(...) A consciência de si mesmo só é possível se experimentada por
contraste, a relação de diálogo implica em reciprocidade, no qual é constituído o sujeito”.

A comunicação linguística não se dá em unidades isoladas (fonemas, morfemas,


palavras soltas), mas sim, em unidades maiores: o texto. Isto implica dizer que há um fenômeno
linguístico de caráter enunciativo e não meramente formal, que vai além da frase e constitui
uma unidade de sentido. O texto pode ser tido como o resultado de uma ação linguística, social
e cognitiva, cuja a fronteiras é em geral definida por seu vínculo com o mundo no qual surge e
funciona. Partindo deste pressuposto, os estudos sobre texto passaram a fazer parte da agenda
linguística, sistematicamente, com o surgimento da Linguística de Texto em meados da década
de 60. Ao relacionarmos texto, gênero e discurso, o discurso se dá no plano do dizer (a
enunciação) e o texto no plano da esquematização (a configuração), e entre ambos, o gênero,
que se apresenta como um elemento intermediador, operando como uma ponte entre o discurso
como uma atividade mais universal e o texto enquanto a peça empírica.

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