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A histéria e 0 oficio do historiador Angelo Priori “0 que 0 tempo? Se ninguém me pergunta, ou se cu nfo pergunto a mim ‘mesmo, eu 0 sel; mis se alguém me pergunta eeu quero explear, eu nia 0 sel ‘mais” (Santo Agostinho) INTRODUCAO, A preocupagio de Santo Agostinho, em relagio ao tempo, exposta na epigrafe ac ma, pode set assinalada em relagio 3 questio: “O que ¢ histéria?”. Estamos diante de ‘uma pergunta simples. Porém, as respostas sio complexas, dificls ¢ variadas. Quando essa pergunta foi cealizada por um profescor a um grupo de ectudantes, ro primeiro dia de aula na universidade, muitas foram as respostas: “Tudo que jé passou, aconteceu. Basicamente falando, o pasado”, disse um. “E tudo aquilo que aconteceu € que esti acontecendo”, enfatizou outro, “E 0 estudo do tempo € 0 espaco pelos homens”, revelou um terceito, “So os fatos € acontecimentos passados, com diversos graus de relevancia para o homem”, analisou o quarto. “E 0 conhecimento dos faros que jé foram pesquisados ¢ relatados a0 decorrer do tempo”, sentenciou um quinto aluno, A complexidade se acentua ainda mais, quando pensamos a palavra “historia” no idioma portugués. Se buscarmos a definigio em um bom dicionario de lingua poru- ‘guesa, vamos encontrar respostas como: “a histézia é o conjunto de conhiecimentos relativos ao passado da humanidade, segundo o lugar, a época, o ponto de vista es colhido”, “a hist6ria € a ciéncia que estuda os eventos passados, com referéncia a um povo, pais, perfodo ou individuo especifico” (HOUAISS, 2001, p. 1543). Logo se percebe © duplo sentido da palavta histéria: em primeiro lugar, ela apa- rece como ciéncia, ou como um conjunto de conhecimentos; em segundo lugar ela aparece como os eventos passados, os acontecimentos vividos pela humanidade. Dois sentidos, uma mesma palavra, Mas essa complexidade nao é privlégio da lingua portuguesa. Com a Francesa INTRODUCAO corre o mesmo. Mesmo em inglés (story/history) ou em italiano (istoria‘toria), que existem duas palavras diferentes, elas ndo sio suficientes para explicar essas ambigui- dades, jd que as primeitas estéo dotadas muito mais do sentido de natrarem eventos ficticios, fantasiosos ou inacreditavels do que fatos realmente acontecidos. O mesmo corre com a palavra “est6ria” em portugués. No idioma alemao existem duas palavras pata diferenciat os significados: uma para tratar da fealidade hist6rica — os aconteci- mentos propriamente ditos (Geschichte) e outra para designar o conhecimento histé- rico, ou seja, a andlise dos acontecinentos realizada pelo historiador (Historie) Diante da dificuldade de se achar palavras diferentes para significados diferentes, 05 historiadotes e professores de histéria nao se intimidaram em responder & pergun- ta: 0 que € hist6ria? E muitos o fizeram, a0 longo do tempo, tomando como referencia as suas prprias experiéncias e as suas reflexdes metodolégicas." Mare Bloch diz que, “seguramente, desde que surgiu, jé hii mais de dois milénios, nos labios dos homens, ela [a palavta histéria] mudou muito de contetido. E a sorte, na linguagem, de todos os termos verdadeiramente vivos” (2001, p. 51). Na primeira frase de seu brilharte livro “Hist6rias’, Herédoto ja sinaliza o que ele pretende: “Esta éa exposicio das investigacGes de Herédoto de Halicarnasso, para que 05 felros dos homens nao se desvaregam com 0 tempo, nem fiquem sem renome as ‘grandes ¢ maravithosas empresas, reaizadas quer pelos Helenos, quer pelos tsirbaros; ¢, sobretudo, a razio porque entraram em guerra uns com os outros” (HERODOTO, 1994, p. 53) Outros escritores, bem mais contemporineos do que Herédoto, também buscaram uma definicio. Tolstoi, no epilogo de Guerra e Paz, dizia que o “objeto da histéria é a vida dos povos ¢ da humanidade” (1992, p. 1557); Collingwood analisava que histéria é “uma investigacio para o auto-conhecimento humano” (1981, p. 17); Marrow enfa- tizava que a “hist6ria € 0 conhecimento do passado humano” (1978, p. 28); Carr en- sinava que a histéria é “um processo continuo de interacio entre o historiador e seus fatos, um dislogo interminivel entte o presente ¢ 0 passado” (2006, p. 65); € Bloch cenfatizava: “o objeto da historia, € por natureza, os homens” (2001, p. 54), destacando o plural, fnvestigacio, pesquisa, conhecimento: eis as palavras migicas. Se buscarmos a eti- mologia da palavra historia, iremos encontrar exatamente isso: investigacdo, pesquisa, informacio, relato, narragio. Nao €4 toa que o chamado “pai da histéria’ ja nos colo- cava: “esta é a exposicio das investigagdes de Her6doto de Halicarnasso”, para dizer 1 Nos capitulos 6, 7, 8 e 9, apresentaremos as caracteristicas centrais das principais escola historiogrdfcas que tiveram importancia significativa na formulacao dos pressupostos teérico- 1metodolégicos de trabalho do historiador, no decorter dos séculos XIX e XX. que o seu livzo, o seu relato, a sua narrativa, isto é, a sua exposicéo, eta resultado da sua pesquisa, da sua observacio, ou seja, da sua investigacio. Enfim, qual 2 melhor definigao de histéria 0 ji esquecido historiador francés Jean Glénisson nos recomendava, exigindo bom senso, que cada um & quem deve respon- der por si mesmo, apés seus estudos universitirios; e acrescentava: para ter uma maior ‘seguranga, € bom realizar algumas atividades de pesquisa antes (GLENISSON, 1983, p.12). ‘Mesmio seguindo 0 conselho de Glénisson, vamos tentar realizar alguns exercicios no sentido de chegar a uma definicdo de historia que seja plausivel. Poderiamos tomar como exemplo qualquer definigio dos historiadores acima. No entanto, vamos partir da definicdo de histéria de Marrou, que de certa forma contem- pla todos os vetores colocados pelos demas; a hist6ria 0 conhecimento do passado. humano” (MARROU, 1978, p. 78). Talvez essa de‘inicao nos sitva para compreender ‘melhor as preocupagées que ora suscitamos. Primeiro ponto: a histéria é conhecimento, No entanto, para se conhecer algo, devemos pesquisar, investigar. Mas que tipo de pesquisa, que espécie de investigacio? ‘Nao é qualquer pesquisa, evidentemente; é pesquisa cientifica, elaborada através de um rigor metodoldgico € pressupostos Tedricos bem definidos. Vejamos alguns aspectos. 1) Para realizar pesquisa cientifica devemos ter claro quais as formas de pensa- mento que nos permitem fazer perguntas e responder essas indagagdes. Eo que ¢ mais importante: para fazer ciéncia (pesquisa cientifica) nfo basta apenas reunir aquilo que ja conhecemos e organizi-lo; é preciso buscar mais, descobrir sio titeis (elas nos servem como um farol na escuridio), mas o faro do historia- dor deve ir para além, buscando o desconhecido; (pecs onde ha auséncia; ¢ Juz onde hd escuridao. 2) A historia é explicacio, Como veremos nos capitulos seis e sete, foi muito co- ‘mum, durante praticamente todo 0 século XIX, dizer que a tarefa da historia, ou do historiador, era “mostrar o que realmente se passou’, para usar uma expres- siio de Leopold Von Ranke. A histéria no deve s6 mostrar o que se passou (isto 0 jornais, as revistas, as TVs, a Internet fazem com bastante propriedade). E funcdo do historiador explicar o que se passou, Como nos lembra o historia- “O historiador nfo inventa: explica. O historiador é aquele que explica as agdes que os proprios homens fazem” (GINZBURG, 2007, p. 25). No entanto, essa explicagio, esse conhecimento, tem que ser verdadeito. A hist6ria deve set 0 resultado do mais rigoroso, do mais sistemstico dos esforcos para se aproximar Abistéria #0 ofcio do historiador INTRODUCAO da verdade. A hist6ria é 0 coahecimento cientficamente elaborado, Em histéria, quando se fala em ciéncia, € preciso falar grego. Historia ndo no sentido de “epistéme” (conhecimento vulgar da experiéncia cotidiana), mas sim de “tékliné” (conhecimento elaboracio em fungio de um método sistemtico e ri goroso, aquele que se mostra capaz de representar fator optimum da verdade). 3) Toda investigacio requer escolha. Esse € um problema de aco do historiador. Logo, cabe ao historiador, por dever de oficio, defini o que é histérla ou o que € um fato hist6rico. Claro esté que alguns fatos no mudam. Bles sio, digamos, a espinha dorsal da historia. Nao é possivel negar, sobre a hist6ria do Brasil, que a proclamagio da Reptiblica ocorreu em 1889 e que 0 golpe militar ocorreu em 1964, Mas isso ndio quer dizer muita coisa. © historiador ndo deve ter diividas sobre isso. A exatidao € um dever do historiador e nao uma virtude. Como nos diz E. H. Carr: “Elogiar um historiador por sua exatiddo é 0 mesmo que elogiar lum arquiteto por usar a madeira mais conveniente ou o concteto adequada- mente misturado” (2006, p. 46). essa forma, vamos deixar claro uma coisa. Quando falamos que o golpe militar brasileiro ocorren em 1964, 0 que é fato, isso ndo quer dizer que ele fala por si, ‘Naruralmente isso ndo € possfvel. “Os faros falam apenas quando o historiador ‘0s aborda: € ele quem decid: quats os fatos que vem a cena em que ordem ou contexto” (CARR, 2006, p. 47). Eo histotiador, portanto, que itd definir quais os fatos que explicam o golpe mi- litar: uma reacio conservadora contra as politicas de reformas de base do gover- no Goulart; 0 “medo” do conmunismo; a ameaca do chamado “inimigo interno”; uma reagio contra a livre organizagio dos trabalhadores urbanos e rurais; um frelo nos movimentos socias, estudantis ¢ intelectuais; a interferéncia externa dos Estados Unidos; a vocacéo golpista dos militares conservadores brasileiros, centre tantas outras explicacées possiveis. 0 historiador é um selecionador. Essa ideia de que os fatos histéricos existem independentemente da interpretacio do historiador é uma fakicta, mas sabemos o quanto € dificil erradicé-ta Segundo ponto: conhecimento do passado, 0 passado ¢ 0 objeto do histo dor, Porém, nao qualquer passadlo. Q passado humano. E quando falamos emt passa- Ao humano queremos dizer “dos homens que vivem em sociedade”, pois afinal ndo existe homem no mundo, por mais isolado, que nio tenha uma relagio direta com a sociedade, com a humanidade. Quando falamos em passado humano nos referimos também 20s fatos humanos do passado, jé que todos os fatos histricos do realizadlos ou influenciam diretamente os homens € mulheres desta terra. ‘Mesmo uma catéstrofe climztica - como uma enchente, uma chuva de granizo, uma ‘geada, um vendaval, um terremoto, que aparentenente nao tem 2 participacio do ho- tal sabe- mios que essa verdade jd no existe mais) — interfere diretamente na vida dos homens. Podlese citar 0 exemplo da grande geada de 1975, ocorrida nos estados de Sao Paulo © mem, por ser um acontecimento natural (nestes tempos de destruicio am! Patan, com rescaldo cm alguns outtos estados que dizimou as plantagdes de cafezais, 0 acelerat o seu processo de erradicacio e fortalecer o de mecanizacio do campo. Ge- ada, portanto, com consequéncia direta na vida de milhares milhares de trabalhadores rrurais, que tiveram de migrar em busca de trabalho nas grandes cidades ou se deslocar para novas eas de fronteitas nos estados do Mato Grosso, Rondénia, Gols e Pari ‘© “pasado humano”, no sentido amplo da expressio, significa as agdes, os pensa- ‘mentos, os sentimentos, os comportamentos dos homens e das mulheres; ¢ também todas as suas obras, suas ctiagdes materiais e espiituais, suas experiéncias e culturas, realizadas em suas comunidades, sociedades, ciilizagées, enfim, nos locais onde a vida cotidiana exercita a sua plenitude (MARROU, 1978; THOMPSON, 1981). ‘Terceiro ponto: conhecimento do passado lnmano. Vimos no item anterior 0 que é passado humano, Mas como se conhece © passado humano? Eis a pergunta que precisa ser felta e que nao ¢ rao facil de ser respondica. Conhecer o pasado humane significa dizer conhecer o hhomiem (ou “9s homens’, no plural, como nos ensina Mare ‘Blochy de ontem, de outrora, de antigamente. Mais enfaticamente: conhecer 0 passado —_—— ee Oe Trumano ndo ¢ 96 pensar o ser humano, masas suas agGes no tempo.? Nesse sentido, € importante enfatizar que o passado tem um significado impor. tante para nds, tanto individual quanto soctalmente. Nos dias atuais, é quase impen- “GeT vivermos sem as tecnologias que facilitam e infernizam nossas vidas. Todavia, s6 podemos desfrurar dessas tecnologias porque outros homens, que viveram antes de és, conseguiram deixar esse legado, Portanto, esse passado, préximo ou longinguo, ajuda-nos a compreender melhor a sociedade na-qual vivemos hoje, saber o que de- todas as esferas da vida dos homens. Como nos diz Jean Chesneaux, a relacao coletiva ‘com 0 passado, o conhecimento ativo do passado é, ao mesmo tempo, uma exigéncia ‘© uma necessidade. O passado pesa. Mas precisa-se romper com ele. Precisamos fazer “tibula rasa do passado” (CHESNEAUX, 1995). A quem cabe fazer “tabula rasa do pasado”? Ou para usar uma expresso mais. 21No segundo capitulo, trabalhamos com maior énfase o conceito de tempo, procurando pensé- lo ao longo da histéria Abistéria #0 ofcio do historiador INTRODUCAO do senso comum: a quem cabe passat 0 passado a limpo? Resposta curta e diteta: 0 historiador! O historiador € o profssional que tem formacio te6rico-metodolégica para passar a limpo o passado. Portanto, o histotiador deve lancar sobre o passado um olhar racional para compreendé-o ¢ explicéo. $6 0 conhecimento elaborado desse passado, nas condicdes empiricas elogicas faz com que esse passado se torne hist6ria. Kiem 1910, 0 histotiador ameticano Catl Becker enfatizava: “os fatos da histéria nao existem para qualquer historiador, até que ele os crie” (BECKER apud CARR, 2006, p, 57). No mesmo sentido escrevia o historiador inglés M. Oakeshott, em 1933: °A histria € a experiéncia do historiador. Bla ndo € feita por ninguém, exceto pelo historiador: escrever a historia € a vinica maneira de fazé-Ja” (OAKESHOTT apud CARR, 2006, 58). Mas esse olhar racional que 0 historiador lanca sobre o passado é um olhar do pre- sente. Quando um historiador escreve sobre um fato do passado, ele o faz tomando como feferéncia 0 tempo presente. O historiador pertence & sua época e a ela esté conectado pelas condicées de sua existéncia, Portanto, é 0 presente gue nos possibi lita formular questes para compreender o passado. Temos que inverter essa relacio “Passado presente, Nao é o passado que comanda, que di licoes, que julga do alto do —— seu tribunal. E o presente que questiona, que faz as intimacoes, que faz as perguntas. “Handllse sobre 0s fatos passados € diretamente Infiuenclada pelos fatos do presen ——— te, isasta uma rapida olhada sobre ¢ producao histontografica Tecemte sobre 0 Terrors yeas de ‘mo, para ver como essas anilises estio influenciadas pelos ataques as torres g Nova York, em setembro de 2001. historiador nao pertence ao sassado, mas 20 presente. Portanto, a historia é a telacio, a conjungio, estabelecida por iniciativa do historiador entre dois planos da humanidade Fo pasado vivido pelos homens de outrora; € 0 presente, onde se (een co de recuperacio desse passado em beneficio do homem [atual] ¢ dos, homens que vito” (MARROU, 1978, p. 32) uarto ponto: o conhecimento do passado humano se faz. com documentos. ONE Oe ‘Todo pesquisidor necesita de um metodo de ttabalho © de materiais. O quimico quando est no seu laboratério utiliza-se de diversos reagentes para fazer as suas ex- periéncias. © bidlogo busca na natureza (plantas, animals, fungos, insetos, etc.) 0s materiais necessirios para as suas pesquisas. Com o historiador nao € diferente. Ele necesita de um conjunto de documentos (fontes hist6ricas) para realizar as suas pes- quisas, para produzir o seu conhecimento3 Mas, enfim, o que é um documento? Fustel de Coulanges (1901), um dos principais 3 Nos capitulos 3, 4 e 5 discutiremos ¢ conceito de documento e a ampliagao do debate sobre Fontes histérica. historiadores positvistas da segunda metade do século XIX, dizia que eram os “textos eee escritos”, como as leis, as cartas, as formulas, as crdnicas, os tratados militares e diplo- matics, embora também reconhecia que onde faltassem os documentos escritos, os historiadores deveriam buscar outras alternativas, como “escrutar as fabulas, os mitos, ‘0s sonhos de imaginacio [...]. Onde o homem passou, onde deixou qualquer marca dda sua vida ¢ da sua inteligéncia, af esta a historia’ (1901, p. 245) Lucien Febyre era ainda mais enfittiec hist6ria se faz “com textos, evidentemente: mas no apenas os textos”, Mas também “um poema, um quadro, um drama: docu- mentos para nds, testemunhos de unta histéria viva € humana, saturados de pensa- mento € de agio em poténcia” (FEBVRE, 1985, p. 24), Enfim, documentos sio todos os vestigios deixados pelos homens, escritos ou ro, que contemplem as suas acdes, as suas realizagdes, as suas ideias, as suas atituces ¢ as suas experiéncias sociais ¢ culturais Portanto, pode set uma carta, uma fotografia, uma pintura, uma lista de supermer- cado, um diétio de adolescente, um blog, um perfil em um sitio de relacionamento na internet ou uma reclamacio em um érgio de defesa do consumidor contestando que ‘um servigo ptiblico nio funciona adequadamente. Marrou sintetiza: “Constirul um documento toda fonte de informacao de que 0 ‘espinito do histortador sabe extrair alguma coisa para o conhecimento do passacio hu- ‘mano, considerando sob o ingulo da questio que lhe foi proposta” (1978, p. 62). Por fim, cabe registrar: os documentos sio de toda especie: escritos,estatistcos,imagéti cos, esculrurais, arquiteronicos, ofais, gestuais,sonoros, digitais ete e trazem muitas “Taformmagoes. Mas isto apenas nio basta. O historlador precisa saber interpretar ees ‘“Tortmentos, Formular as quesioes adequadas para obter as respostas adequadas as ‘suas perguntas, INTRODUCAO Cereal BLOCH, Mare. Apologia da Histéria ou o oficio do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001 CARR, Edward Hallet. Que € hist6ria? 9. ed. Sao Paulo: Paz.¢ Terra, 2006. CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tabula rasa do passado? Sio Paulo: Atica, 1995, COLLINGWOOD, R. G. A idéia da Hist6ria, 5. ed. Lisboa: Editorial Presenca, 1981 COULANGES, Fustel. Une lecon d’ ouverture ct quelques fragments inédits. Revue 1-263, 1901 de Synthése Historique, Paris, n. 6, p. FEBYRE, Lucien. Cumbates peta historia, 2, ed, Lisbua: Bditotial Presenga, 1983, GINZBURG, Carlo. 0 fio ¢ 0s rastros: verdadciro, falso, ficticio. Sao Paulo: Cia das Letras, 2007. GLENISSON, Jean. Iniciagio aos estudos histéricos. 4. ed. Sio Paulo: Difel, 1983. HERODOTO. Histérias: livro 1. Lisboa: EdigGes 70, 1994. HOUAISS, Anténio. Dicionftio Honaiss da Lingua Portuguesa, Rio de Janeiso: Objetiva, 2001. KI-ZERBO, J. Para quando a Africa: entrevista com René Holestein. Rio de Jancito: Pallas, 2006. MARROU, Henti-lrénée, Sobre o conhecimento histérico. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978, THOMPSON, E. P. O termo ausente: experiéncia. In: A miséria da teoria ou um planetirio de ertos. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981. p. 190-201, TOLSTOL, Leon. La Guerre et la paix (epilogue). Paris: Gallimard, 1992. ee Se Rd 1) Extrato de docamentos para leituras: “A histéria anda sobre dois pés: 0 da liberdade e o da necessidade. Se considerarmos a histéria na sua duracio e na sua totalidade, compreenderemos que ha, simultaneamente, continnidade e ruptura. Hi periodos em que as intervencées se atropelam: sio as fases da liberdade criatva, E hd momentos em que, porque as contradigées nio foram resolvidas, a5 rupturas se impéem: sio as fases da necessidace. Na minha compreensio da histéria, 108 dots aspectos esto ligados. 4 libetdade representa a capacidade do ser humano para inventar, pata se projetar para diante rumo a novas opcées, adicdes, descobertas. E an cessidade representa as estruturas socais, econémicase cultutais que, pouco a pouco, vio seinstalando, por vezes de forma subtertinea, até se imporem, desembocando a luz do dia ‘numa configuracio nova. De uma certa maneita, a parte da necessidade da histria escapa- nos, mas pode-se dizer que, mals cedo ou mais tarde, ela ha de se impor por si propria Assim, no podemos separar os dois pés da histéria — a histiia-necessidade e a histéria- invengio -, como nao podemos separaros dots pés de alguém que anda: 05 dois estio com- binados para avancar. Como a historia tem esse pé da lberdade, que antecipa 0 processo, exile sempre uma grande porta abects pata y futur. hiotininveng reulana u Futur incita as pessoas a se impelitem pata algo inédito, que ainda nio foi catalogado, que nio fot visto em parte alguma e que, subitamente, &estabelecido por um grupo, Isto significa que nem tudo estéfechado a cadeado pela histrts-necessidade: continua a haver sempre uma abervara”, [Definigio de Histéria elaborada pelo historiador africano Joseph KiZerbo, extraido da seguinte referéneia: KEZERBO, J. Para quando a Affica?: entrevista com René Holestein Rio de Janeiro: Pallas, 2006. p.17.] 2) Reflexio para aprofundamento tematico: ‘Tomando como referéncia 0 exttato documental apfesentado, bem como as atgumenta- «6es 20 longo do capitulo, elabore uma definicio de historia, contemplando termos como tempo, homem e sociedade. rd Abistéria #0 ofcio do historiador

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