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Trabalho de Sociologia

Por que o Corona vírus mata mais as pessoas negras e pobres no Brasil e
no mundo

DISPONIVEL EM -https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53338421

Nome: Wiliam Jorge Gaspar Ferrão

DRE: 120174472
A pandemia da covid-19 além de acarretar mundialmente uma quantidade
expressiva de mortes, despertou o efeito concreto da desigualdade social sobre
a humanidade. Dos casos de morte confirmados as pesquisas apontam que
num cômputo geral as classes vilipendiadas tendem a morrer mais em relação
às classes melhor posicionadas. Deixando, assim, iminente o conceito de
biopoder mediante a divisão entre as pessoas que devem viver e as que devem
morrer.¹

Considerando esses casos, os dados explicitam que 55% de pretos e pardos


morreram, enquanto, entre pessoas brancas, esse valor ficou em 38%. A
porcentagem foi maior entre pessoas negras do que entre brancas em todas as
faixas etárias e também comparando todos os níveis de escolaridade. O estudo
também concluiu que, quanto maior a escolaridade, menor a letalidade da
covid-19 nos pacientes. Pessoas sem escolaridade tiveram taxas três vezes
superiores (71,3%) às pessoas com nível superior (22,5%). Cruzando
escolaridade com raça, então, a coisa piora: pretos e pardos sem escolaridade
tiveram 80,35% de taxas de morte, contra 19,65% dos brancos com nível
superior.²

O fenômeno não é exclusivamente brasileiro. Nos Estados Unidos, dados


levantados pelo APM Research Lab mostra que negros morreram a uma taxa
de 50,3 por 100 mil pessoas, comparado com 20,7 para pessoas brancas. Mais
que o dobro.No Reino Unido, números do Office of National Statistics
mostraram que homens negros da Inglaterra e de Gales têm três vezes mais
chance de morrer por covid-19 do que homens brancos.³

"É um fenômeno mundial. Esse vírus mata mais pobres e


negros - não porque são negros, mas porque são pobres",
diz Vecina Neto. Para Góes, os contexto são semelhantes.
"As pessoas negras nos EUA e no Reino Unido também
são as que vivem em locais periféricos de menos acesso,
menos fornecimento de serviços e com maior prevalência
de comorbidades. O que muda são os sistemas de saúde 4."

Na economia do biopoder, a função do racismo é regular a distribuição da


morte e tornar possíveis as funções assassinas do estado. Segundo Foucault
essa é a condição para aceitabilidade do fazer morrer 5. O racismo é acima de
tudo uma tecnologia destinada a permitir o exercício do biopoder 6.

Em entrevista ao UOL, o presidente da Rede Nossa São Paulo


relaciona a taxa de mortalidade a questões básicas de falta de
higiene e habitação, escancaradas pela desigualdade social.
"Estamos em um momento de expansão da crise. A gente vem
observando que a covid-19 é letal na periferia. E não dá para
responsabilizar as pessoas. Muitas não têm condições de cumprir
o isolamento por morarem em cubículos, em que sete pessoas
dividem um quarto. A impossibilidade é uma questão de estrutura,
e isso revela o quanto a gente, como sociedade, ainda está
atrasado quando se trata de condições dignas de habitação e
saneamento básico", afirma Jorge Abrahão. A pobreza no Brasil é
muito séria. Mais da metade da população sobrevive com um
salário mínimo ou menos. São pessoas que trabalham um dia
para comer no outro. Então, pede-se que elas fiquem em casa,
sem fonte de renda, sem condições de habitação favoráveis e
espera-se que elas cumpram? Isso não existe. Nosso problema é
muito maior e [as soluções] teriam de ter sido pensadas antes. 7

A Desigualdade segundo a pesquisa Credit Suisse 2013 Wealth Report, 0,7%


da população concentra 41% da riqueza mundial. De acordo com a ONU, o
Brasil era o oitavo país mais desigual do mundo em 2005. 8

Com base nestes dados, é válida a premissa de que a linhagem


contemporânea capitalista é excludente e fere com os fundamentos do  estado
democrático de direito. No entanto, se toda norma assim que em vigor
produzisse efeitos imediatos deveria, desde já, ser inconstitucional   as linhas
diretórias de políticas públicas que se firmam   neste modelo excludente de
sociedade. Neste último, as receitas públicas são  equacionadas  sob um
parâmetro utilitário, resultando num estado de exceção, onde aqueles que não
são soberanos lhes é destinada à morte como certa, isto é, a morte deixa de
ser definida pelas causas naturais, e passa a ser determinada pelas condições
sociais preestabelecidas   de  cada um. 

Esse estado necrotério age ao arrepio da lei  porque  pelo art. 1 da CF. o Brasil
constitui-se em estado democrático de direito sobre os fundamentos I. A
soberania,II- a cidadania, III- a dignidade da pessoa humana... 9, art.3
constituem   objetivos fundamentais III- erradicar a pobreza e a marginalização
e reduzir as desigualdades sociais e regionais 10, art. 5 todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza¹¹. Por essa sustentação jurídica, se
houvesse de fato  a aplicabilidade destas normas  não se possibilitaria a
seletividade de condenar os que não são abastados à  morte. Infelizmente, a
realidade aponta que a desigualdade não termina  sequer por normas nem
sequer por decreto, porém, aplicando-a corretamente reduzir-se-ia  a
possibilidade de se construir um estado injusto, desigual e promotor de uma
política necrotéria, aliás, se   a constituição é a carteira de identidade do estado
e através dela, conhecemo-lo, a realidade fática não pode se contrapor a lei
constitucional, em outras palavras, se a constituição prevê igualdade no sentido
formal ela deve também produzir efeitos  imediatos no mundo concreto.

Para Karl Marx a luta de classes é o motor da história 12, logo, para ele, a
democracia burguesa está a serviço das classes dominantes, e esta busca
incessantemente distanciar a classe subjacente a si da consciência de classe,
por conseguinte, faz parecer que pelo novo modelo econômico se pode
prescindir da política, dizimando assim aqueles poucos que frente ao sistema
estabelecido possam tomar consciência e alertar aos restantes a lutar por um
modelo de sociedade que ressuscite o estado democrático de fato. Já que no
modelo vigente não só a morte do pobre é naturalizada mas também a da
própria lei.

Assim, fica parecendo que não precisamos de política,


apenas de administradores competentes. Acontece que
esta não é uma forma neutra ou não ideológica de fazer
política – ao contrário, é uma forma ideológica de fazer com
que a política seja vista apenas como a administração do
que já é, e não como a invenção do que deveria ser. Mais
do que qualquer outro pensador, Marx nos alertou para as
armadilhas da invasão da Economia sobre o terreno da
política... E se a desigualdade, antes de ser um efeito
indesejado do capitalismo, for, na verdade, indispensável
ao seu funcionamento? E se as grandes crises econômicas
não forem acidentais, mas estruturalmente necessárias? ¹³

Contemporaneamente, as cidades são administradas como se fossem


empresas e é praxe que em situações críticas, o pilar de baixo, isto é , os tidos
como dispensáveis absorvam os efeitos negativos da crise, não tem sido
diferente nesta crise sanitária.

“A história de todas as sociedades que existiram até


nossos dias tem sido a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo,
mestre de corporação e companheiro, em uma palavra,
opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido
em uma guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma
guerra que terminou sempre, ou por uma transformação
revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das
duas classes em luta.” (Manifesto Comunista).14

Em suma a forma de estado necrotério reveste-se no arcabouço tecnocrata


de linhagem liberal e formaliza a naturalização da morte do pobre, negro e
periférico, salvaguardando as benesses de uma restrita minoria em detrimento
da anulação simbólica da existência da maioria sobrevivente. Tal lógica fere o
estado democrático e para lá do formalismo legal ,sustenta a tese que não é
possível que exista capitalismo sem desigualdade ,isto é ,sem que o pilar de
baixo da sociedade não seja condenado à morte.
Referencias bibliográficas
[1]
Mbembe,Achille.Necropolítica.1.biblioteca universitária.n-1 edicoes,2018. Pag

Ibidem
[5]

[6]
ibidem
[2]
DISPONIVEL EM ---https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53338421

[3]ibidem

[4]ibidem

[8]ibidem

DISPONIVEL EM ---
[7]

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2020/07/12/por-que-o-
coronavirus-mata-mais-as-pessoas-negras-e-pobres-no-brasil-e-no-mundo.htm
[9]
Constituição (1988) da República Federativa do Brasil
[10]
ibidem
[11]
ibidem

Livro didático de fundamentos das Ciências Sociais Solange Ferreira de


[12]

Moura [organizador]. — Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá,


2013. P.114
[13 ]
ibidem, p120
[14]
ibidem, p113

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