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2 As opções totalitárias
Totalitarismos:
. conservador (extrema-direita) – FASCISMO/NAZISMO (1922-1945)
. revolucionário – ESTALINISMO (1928-1953)
*totalitarismo – Sistema político no qual o poder se concentra numa só pessoa ou num só partido. Cabendo ao Estado
todos os domínios da sociedade e da economia (o Estado sobrepõe-se ao individual).
A instalação dos totalitarismos explica-se através:
o dos efeitos da Primeira Guerra Mundial (crise económica e financeira; agitação social; desemprego;
instabilidade política; descrença das classes médias e do operariado nas democracias liberais);
o da ameaça do avanço do comunismo;
o das consequências da crise de 1929 (desemprego; redução salarial; miséria; delinquência).

FASCISMOS – Fascismo na Itália e Nazismo na Alemanha


Rejeitam:
o o individualismo, o respeito pelos direitos do Homem e pela dignidade humana (os direitos dos indivíduos
tinham de estar submetidos ao interesse do Estado);
o a igualdade dos homens no nascimento (defendiam a existência de raças superiores que nasciam para
comandar, e outras inferiores que nasciam para obedecer);
o a liberdade, sendo esta vista como uma forma de divisão e enfraquecimento do grupo;
o a democracia (considerada um regime de fraqueza, assim como a escolha a escolha dos governantes por parte
do povo era vista como inútil);
o o pluripartidarismo (gera divisões e discussões poendo em causa a coesão e a força da Nação);
o o sistema parlamentar (encarado como uma manifestação da fraqueza do poder);
o o socialismo e o comunismo (assentavam na luta de classes que conduz a divisões e enfraquecimento da
sociedade; propõem formas de poder em que a “maioria de indigentes” nascidos para obedecer se sobrepõem
às elites que nasceram para governar; com a sua política de internacionalização operária contrariam a coesão e
afirmação nacional);
o o sindicalismo livre e a possibilidade de fazer greves;
o o liberalismo económico por privilegiar os interesses individuais em detrimento dos interesses do Estado.

Defendem
o o nacionalismo/ultranacionalismo (a Nação era encarada com um valor sagrado, um bem supremo, exaltando
as glorias práticas – passado);
o o imperialismo (defesa da legitimidade de as “nações superiores” expandirem o seu território, submetendo os
“povos inferiores”);
o o militarismo (culto da força, da violência e da guerra);
o a supremacia do Estado sobre o indivíduo;
o o corporativismo (forma de organização económica e social que defende a formação de grupos profissionais
que englobam trabalhadores, patrões e serviços, com vista a alcançar a paz social e o progresso económico –
opõe-se à luta de classes e ao liberalismo individual);
o o culto ao chefe (interprete da vontade nacional, a quem se devia obediência cega);
o a superioridade das elites (soltados, forças militarizadas, filiados no partido – as mulheres eram consideradas
inferiores, subordinadas aos maridos);
o o monopartidarismo (partido único na intermediação das relações entre o chefe e o povo, onde se forma a
classe dirigente);
o o Estado deve ser autossuficiente – ideal de autarcia (apostava-se no desenvolvimento da produção nacional
para o Estado se tornar forte e independente, proporcionando emprego aos seus cidadãos);
o um “homem novo” (viril, corajoso, disciplinado, acrítico, … devendo ser formado para acreditar, obedecer e
combater).
Formas de atuação ou práticas:
. Criação de meios e instituições de enquadramento/doutrinação das massas (jovens e trabalhadores), destinadas a
veicular os princípios ideológicos do regime:
o organizações de crianças e jovens (juventude fascista, juventude hitleriana) que promoviam o culto do Estado
e do Chefe, o amor pelo desporto e pela guerra, o desprezo pelos valores intelectuais e pela vontade
individual, a ordem, disciplina e obediência;
o os professores e os manuais escolares veiculavam os modelos e os valores fascistas, promovendo a submissão
e a obediência;
o na idade adulta a doutrinação continuava por intermédio:
. da filiação no partido único (Partido Nacional Fascista/Partido Nacional Socialista) e nas milícias
(indispensáveis para o desempenho de funções públicas e cargos de responsabilidade)
. na integração em sindicatos autorizados (corporações na Itália e Frente do trabalho Nacional Socialista na
Alemanha)
. na participação em organizações recreativas e culturais que reforçavam a ideologia fascista
o intensa propaganda, apoiada em técnicas inovadoras (radio, imprensa e cinema) promovendo as realizações
políticas, sociais, económicas e culturais do regime (a grandeza do regime e o culto ao chefe)
o grandes comícios/manifestações – cuidadas encenações, lideradas pelo chefe (paradas militares com materiais
bélicos, uniformes, estandartes, …) destinadas a impressionar e convencer as massas
. Culto da força, da violência e negação dos direitos humanos:
o criação de um aparelho repressivo do Estado que garantia o controlo da sociedade:
. censura (controlo dos jornais, da rádio, cinema, proibição de toda a produção cultural contrária ao regime)
. milícias armadas (MVSN na Itália e SA/SS na Alemanha)
. polícia política (OVRA na Itália e GESTAPO na Alemanha)
. campos de concentração (desde 1933)
Particularismos do nazismo: racismo/antissemitismo
A ideologia nazi levou ao extremo o princípio ideológico do racismo:
o defesa da superioridade da raça ariana (alemã) e desprezo pelas restantes;
o aperfeiçoamento físico e mental da raça ariana, através dos conhecimentos genéticos (EUGENIA);
o promoção do casamento e da natalidade entre os arianos;
o eliminação dos “degenerados” (doentes mentais, incapacitados, velhos, homossexuais, …).

O racismo nazi assumiu contornos mais violentos contra os judeus, culpados de todos os males que assolavam a
Alemanha e da ruína da pureza da raça ariana.
O antissemitismo propagou-se, desde cedo na Alemanha hitleriana:
o 1ª vaga (a partir de 1933) – os judeus foram segregados, boicotados, excluídos dos serviços públicos e foi lhes
restringida a entrada nas universidades.
o 2ª vaga (a partir de 1935) – com as leis de Nuremberga foram legitimadas as perseguições e descriminações
contra os judeus, nomeadamente a proibição de casamentos com arianos e a perda da cidadania alemã.
o 3ª vaga (1938) – destruição de locais de atividades económicas e locais de culto, a “Noite de Cristal” (9/10 de
novembro de 1938) constituiu um exemplo dessa crescente agressividade sendo que na sequência desde
acontecimento muitos judeus:
. foram mortos e/ou enviados para campos de concentração;
. foram proibidos de frequentar locais públicos e de exercer qualquer profissão;
. foram identificados pelo uso obrigatório da estrela de David.
o 4ª vaga (em 1939 após o início da segunda guerra mundial):
. deportação de milhões de judeus para campos de concentração;
. milhões de judeus foram encerrados em guetos onde viviam em condições desumanas;
. a partir de 1942 foi adotada (Conferência de Wannsee) a chamada “solução final do problema judaico”, isto
é, o extermínio preparado, que se traduziu no genocídio de milhões de judeus nos campos de concentração.
A autarcia como modelo económico
Em termos económicos os regimes fascistas procuram resolver os problemas através da aplicação de um programa
económico caracterizado pelo:
o Dirigismo/intervencionismo/controlo do Estado;
o Protecionismo;
o Nacionalismo.

Este programa tinha como objetivo relançar a economia, combater o desemprego e tornar os países autossuficientes,
ou seja, procurava-se atingir a autarcia. Embora submetida ao interesse do Estado, a iniciativa privada foi mantida.
Na Itália:
o Controlo da economia pelo Estado através do enquadramento de todas as atividades laborais nas corporações;
o Agricultura:
. “Batalha do trigo” – aumento da produção de cereais
. “Batalha da bonificação” – recuperação de terras para a agricultura
o Finanças:
.” Batalha da lira” – estabilização da moeda italiana
o Indústria – lançamento de um programa de industrialização, através do financiamento a empresas
o Comércio – controlo das importações e exportações e subida das taxas alfandegárias

Na Alemanha:
o Promoção de grandes obras públicas: autoestradas, pontes, linhas férreas, …
o Incentivo à produção agrícola
o Relançamento da indústria, especialmente a relacionada com armamento: siderurgia, mecânica, eletricidade,
aeronáutica, química, automóvel
o Estas realizações económicas permitiram combater o desemprego e assim aumentar o número de apoiantes da
ideologia nazi

O Estalinismo

De 1928 a 1953, Estaline foi o chefe da União Soviética. Empenhou-se na construção da sociedade socialista e
na transformação da Rússia em potencia mundial, através da coletivização dos campos, da planificação
económica e no totalitarismo repressivo do Estado.

Coletivização dos campos

Objetivos:
 acabar com a propriedade privada;
 aumentar a produtividade (de modo a libertar mão de obra para a indústria e fornecer alimento aos operários).

Forma de atuação:
 violência contra os Kulaks (deskulakização) – confisco de terras e gado e a execução e deportação para
campos de trabalho na Sibéria

Organização das terras confiscadas:


 Kolkhozes – Grandes propriedades agrícolas coletivas trabalhadas pelos camponeses, sob administração do
Estado. Uma parte da produção ficava para o Estado e a outra era distribuída pelos camponeses (de acordo
com a sua produção).
 Sovkhoses – Grandes propriedades dirigidas diretamente pelo Estado, nas quais os trabalhadores tinham um
salário fixo (baixo).

Resultados: Apesar das reações e resistência de muitos camponeses ao processo de coletivização, os


resultados foram satisfatórios no que respeita à produção de trigo, de algodão e de beterraba.
Planificação económica – definir metas e prioridades e evitar crises de superprodução (indústria)
(planos quinquenais)

1º PLANO (1928-1932)

Objetivos:
 criar fundamentos sólidos de futuros programas de industrialização;
 desenvolver a indústria pesada.

Medidas
 produção de carvão, petróleo, eletricidade, metalúrgica pesada e vias férreas;
 recurso a técnicos estrangeiros e formação de técnicos nacionais;
 utilização de métodos coercitivo para aumentar a produção (cadernetas de trabalho obrigatório).

2º PLANO (1933-1937)

Objetivos:
 desenvolver a indústria ligeira e de bens de consumo;
 melhorar o nível de vida da população.

Medidas:
 estimulo à produção de vestuário e calçado.

3º PLANO (1938-foi interrompido pela II Guerra Mundial em 1941)

Objetivos:
 desenvolvimento da indústria pesada, química e setor energético (centrais hidroelétricas)

A planificação económica colocou a URSS no lugar de 3ª potência industrializada do mundo. No entanto, só


atingiram este objetivo devido aos trabalhos forçados, à deportação em massa de trabalhadores, às campanhas
de propaganda nacionalista (culto a Estaline) e ao apelo ao sentido de superação dos trabalhadores
(emulação).

Totalitarismo repressivo do Estado

O Estalinismo baseou-se num modelo totalitário (Constituição de 1936):


 o Estado e o partido confundem-se (ditadura do Partido Comunista);
 reforço continuado da autoridade de Estaline;
 culto do Estado e de Estaline;
 partido único (PCUS);
 formação de uma nova elite de quadros do partido, burocratizados e seguidores incondicionais de Estaline;
 mobilização das massas em organizações de juventude e do partido, como forma de controlo ideológico e
político;
 ausência de liberdade;
 censura e controlo de todos os meios de comunicação;
 instauração de um regime de terror levado a cabo pela MKVD/KGB: milhões de cidadãos foram perseguidos,
condenados, deportados e executados.

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