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aula de CLAUDIO ULPIANO. 22/11/93, 10 aula Oficina TRES RIOS (SP) (transcrigdio das fitas: Mara Sclaibe) (tema)A Estétiea Deleuziana Gove /s9 BD Fernie HP) Basicamente, ao que me parece, é uma conversa sobre estética'e eu vou utilizar - se isso existe - a estética em Deleuze; basicamente uma estética pictural e musical. ‘Deleuze, no Francis Bacon... -j4 que cle tem um livro sobre artes plAsticas € quE THO tem nada especifico sobre misica, mas me parece que no Mille Plateaux ele € muito associado com o Pierre Boulez, no caso da miisica e, no caso da pintura, ao Francis Bacon (com aberturas, evidentemente com ab certuras). Na pintura eu vou utilizar também o Paul Klee. Vou, usar estratégias, vow colocar 0 Deleuze, vou trabalhar com textos, scl (ndo todos, mas a maioria) em portugués e tomar 0 curso algo que possa ter seguimento a partir das(Gua3 aut que eu vou dar, ~ : Hoje, o livro do Deleuze que cu vou adotar é um Tivo dos mais antigos dele. Chama-se Lévica do Sentido- tem uma tradugdo brasileira -_mas no vou usar exatamente como 0 Deleuze faz. Eu vou fazer umas certaf misturas, porque 0 meu objetivo inicisl, claro, ¢ levar vocés a0 entendimemto dO"QUEEH estou fazendo. Entdo, esse entendirpeffo wal mé forgar a ho seguir Deleuze assim certinho, Eu von + fazer algumas derivas, ——__ No livro do Piglio A Republica (tem em portugués), no_livro VI dA Republica, no final do livre’ VI, aparece 0 Platio colocando uma questio que mio vai receber exatamente este nome, mas que eu vou dizer que vai: diagrama da linha, Essa figura, 2 da linha, ¢ jo - a tmica preocupagao que ele tem - com@cg io de uih sistema de saber.\O Plato quer constimir um sistema de _sobrendo no. miso. e,.a filosofia que comeca 2 \ saber A cidade prega esti‘nascenda; anleior8 ela exists a cdxte Onna que tem cycles matmnslios = esténcias 7 (ashlee » fnivets) ~ cheb, 0 0003 bless fvw mas inkenighvol a mundo sensivel ¢ acima da lina ele coloca © que pertence ao mundo inteligive. & de uma simplicidade incrivel! ‘Rpora,debaixe-ds Vina Side est osensivel, ele vai dividir em dois. Um ele chama aikones de gikones e outro de pists. A cikones ¢ 0 mundo das imagens: reflexos. sombras,_ pics imagens, Por exemplo, 0 fato de 0 c&u Se reproduzir numa poga dlégua, 0 fato de “ema nuvem produzir uma sombra sobre a Terra, o fato de as superfcies polidas + devolverem imagens. Ento, 0 nosso mundo -todos sabemnos disso - est povoado de “* Feflexos, somtbras, imagets. Hoje és femos a T-V., o cinema que nifidamente ifabalham com imagens. Entio, o Platio esta dizendo que o mundo sensivel ¢ constituido de imagens que so sombras, refjexos, imapens,no_espelho. as imagens qi sparecem ‘nos sonhos.¢, todas essas imagens ele chama d gs. Ao lado dessas imagens existriam 05 corpos: os corpos vivos dos animais, as plantas ¢ os objetos tecnicos - objetos que os homens produzem. Assim, o mundo sensivel seria facil de compreender: nos teriamos essas imagens percorrendo esse mundo sensivel aque é a etkones ¢, do ouié lado, ns terlamos a pistis que seria o higar dos corpos. [sso se daria no mundo em que nés vivesios. aad De 347 < Qual € a preocuipagdo do Plato? A preocupagio dele ¢ de filésofo; filésofo vem da °%™ 29 palavea filo/sofia que & amizo do saber. Entdo, a questio dele & constituir um saber..>%5° wi, Nade oa ST Toon noe: OF ERB, nos cant Sea Ue CGA a saber sobre as coisas. Q Plato quer constitnir, no caso. um saber sobre eikanes-¢- 2 sobre a pists - sobre imagens, feflexos e sombras ¢ sobre os corpos. Dai a prirteira ao que ele tem € a constifuiga0 de um saber sobre esses objetos, mas ele is reflexos que pertencem a eikones esto em _ permanente mudanca, mudando sempre: estio deixando de ser 0 que sio para seem “buira coisa. AS imagens nos espelhOS Se modificar, os espelhios podem ser convetos Gomo no maneirismo e, entio, aquilo vai se transformando. E ele conclu ‘ que um ‘| saber sobre objetos mutantes é impostivel de se dar. N5o é possivel constituir um A ee (iss sombre e dos rellexos esta cm constante mutagios Dai, ele vai c dirige a fentativa de constituir um sistema de saber sobre a pisis - que SB 05 corpos ¢ 08 objetos técnicos, Mas ele verifica que os € 05 obj Eeicos em das imagens e dos reflexos - também esto em constamé Fe anon e wu eT mis vals: wots jt mala A Sin 9 Platio renuncia a consti 3 as coisas que esto debaixo da lin a 5 So sGmipre_a wiesma_ isso que a percepgao nos da. Sempre gue nds queremos abjetos no mundo. iu iu le ay i i i 5 ag 'n6s dizemos: mas 0 que sera iso” O pintor 20 inves de se preocupar emt tepor na sua tela aquilo que a percepeéo aprecnde, vai nase ee figura chamde petepto que tem 0 objet de, Wwe nds nem mesmo sabemc 1 Hé uma fi Sa epee Soe PT RSS coe vomoga 0 mame ealreimentes para seegest (lado B/ fita 1) / < aul Rlee quanto Cezanne dizem mais ou menos isso” ‘A matéria plistica de modo algum ¢ 0 visivel. A matéria plistica ¢ o invisivel, o que BIE chama defsengmebes) Entéo, nos temos agora um confronto de um lado entre © | Pereepto ea percepeso ¢, de outro lado, enue a materia do percepto, que € a sensacao invisivel. e a matéria da percepedo, que si os objetos que nos estamos Teostumados a entrar em contato, Agora, o que seria , exatamente, essa sensagdo? O que seria esse invisivel? Aparentemente vai ser muito decepcionante porque nés estamos acostumados com as tolices da televisdo e as tolices da-T-V, estdo sempre dizenda coisas fantisticas para nés. Aqui, diante do perisamento da arte, vai aparecer ‘uma coisa, assim, de pouca importincia. we 40 -que o Deleuze o Guattarichamam de sensapdes, ae cles ohamam-deperceter) flan ~ que fio sdo objetos apreendidos pela percepedo - © que seria a mater ata \ [isu io Gor MESES MR 0g ue 9 ° > ? 2 ? > 2 > : a 9 Masao. 8 (questo): 0 ca0s ¢ 0 vazio? Claudio: O caos é 0 vazio. (questo): A dobra é 0 vazio? a Cléudio: No. A dobra ¢ uma forca, E um b sdesse cans. um ofesto desse vaio, yf ‘sue pergunta €interesrante (Vooe se essustou com 0 vazi0,Be yoce estudat = nfo 3)” precisa ser fortemente, ndo - s¢ vocé ler algo de fisica quiiitica/~Vocé vai ver que os oe Fcos quinticos faze una dvsto wae gre micto-objetos, que sio_ at a de vizio Gudintico. Eles usam essa expressio elétons, neutrons é 0 qug eles hiram dey a Bem, gu falei de pensamento, eu flei que a ate esta associada com o pensamiento. (aati ¢ pi emarieae do pensametisy Ms, simaitaneameniere-boo todos nde ‘tonhecemos, nos: emos O que ocorre’no século XX - alias desde o XIX nds sabemos disso - que a ambi Olha, mesmo um _F pessoal do jazz americano, voté ainda sente uma grande aimbiguidade na vida deles. Mas, o misico do século XIX, ele usava libré: roupa de criado. Entao, ha uma ambiguidede no misico, hi uma ambiguidade no pintor, ha uma ambiguidade no asta, hé uma ambiguidade no campo social. Q artista, cle soffe com uma,‘ ambiguidade muito grande, sobretudo por causa s Hele. Se ele n omem de percengto, se ele € um hi de percepio e, se ele nto éum homem da. .- liggneia_ se ele £ um bomen do_pensamenio as prices utiuinas, 2 Ya - {cierminados artistas excepcionais - como um inglés, chamado Tumer, que fez uma lia viagnifica, 1a obra relacignada com o caas. Ele tinha uma administragdo da vida pessoal dele magnifica. Cocusiveemprestva dieiro a jue) Ele oscilava, cnt um homie gue enpreoter Smears ae @ 0 que fazia una arte imortal, uma arte magnifica: aquelas camadas de ouro, agueles buracos de tempestade, isas notaveis que o Tumer faz. 40. @ artista, como cle ndo tem as estruturas ut gico. um confronto que a vida faz, que @ uma experiéncia que determinados jensadores _ndo_podem deixar de fazer, ec vooés vo ver isso no século XX. Q. Deleuze, magnificamente, ele trabalha excepcionalmente nissoz de um lado o artista que faz uma composicdo com 0 alcodl? Scott Fitzgerald, 31 ¢ caminham pelo Borte tee je ane Ste HE = mio essa subjetividade rmaterializada que nos temos ai - que faga novos tipos de experiéncias, experiéncias de afecto, como a Suely Rolnik coloca na obra dela. Novos tipos de experiéncia ¢ talvez a produgio de uma nova forma de vida que ¢ 0 que se objetiva exaramente Toma arte. Porque o que i explicando um pouco para voces € mostrar que o ee tno de fazer ne de produzit uma arte-€ simultaneo f produgio de uma pedangna, yo de producao-de uma nova forma de vida. O artista € um educador, por in ioral at eae pareqa Vin OO reducador, Arad & tim educador — Eniio, essa primeira fala que eu estou fazendo para vocés é tomar cada vez mais claro e compreensivel o ritundo que en vou apresentar nestas aulas. Entio, ponto final nessa primeira passagem,'ta? ey Vocés viram que eu utilizei - houve até uma pergimta hé-pouco - vazio, tempo, ca0s. jensamento, inconsciente, Eu utilize essas figuras. Entdo, eu vou passar agora @ fzer um oUrO tipo de exposigdo para cu ligar as duas e-tentar, quase que __ rmagicamente, passar algo para vocés num tempo to curto, numd exposigfo 149 pide, para socés aderem levar alguma coisa e seguir com isso, Eu vou passar 2 falar do tempo, Vou contar umas pequenas histérias, pequeninas, para vocés o entender= HE duas figuras que eu acredito que todo mundo entende porque elas esto muito yous Ligadas: temps ¢ movimento. A gente diz assim: quanto tempo daqui até o Rio de P27 Janeiro? E quando nos falamos isso, nés estamos articulz .? Movimento do con) avido, do trem, do automével - as questées do Paul_Virilig) das estradas : engarrafadas, velocidade etc. Ent&o, tempo e movimento Se articulados. Quando a filosofia surgiu, ja ai muito associada com © pensamento onental, era dito Jue tempo efa produto do movimento. Produto do movimento € 0 seguinte: primeiro 0 movimento e depois .o tempo. wvimento no ina 9 evo etn © acabaria o tempo. Enti 36 teriamos tempo se houvesse movimento. | Gino genalo gerade Mangal os Fiosofosacharam que existe um | movimento perfeito. O movimento perfeito sea 0 OATS aT qe © 0 movimento que um corpo faz em tomo de si prdprio, chamado movimento rotativo; lum movimento uniforme € perfeito. Entio, esse movimento circular, que era 0 tico ‘movimento que existia, gerava um tempo necessariamente circular. O movimento era 0 Ne ‘avamos que o movimento era, ve circular ¢ produzia um tempo circular. Assi circular e 9 tempo era também circular. Haveria s6 0 movimento, o movimento circular que serta.0 MOVIMenTO dO C€Us € 0 jempo seria circular. : ‘Mas, 0s filésofos vo verificar da existéncia do nosso planeta Terra ¢, no nosso planeta Terra hd a existéncig/da gravidade - eles nao sabiam bem o que cra a gravidade, fia época -, ha a éxisténcia dos corp velocidades, aceleragie: como esses. Ento, os movimentos_aberrantes comegam a aparecer_na historia, comegam a aparecer na fisica, na economia, na politica, no-empréstimo a juros. Em todos | os recantos comegam @ aparecer os movimentos aberrantes ¢, quapio mais movimento aberrante di. mais vai aparecer tina coisa surpreendente: (/ tempd, vai se libertando, .O tempo que era prisioneiro absolute do movimento cifcwfar, com 05 movimentos aberrantes cle comega a se ! movimento, imento/tempo_cireular, movi “ss {aeaneep 19 libertando-se_e tempo_como forma _pura_vazia/movimento, : Eu vou fer que 2“ explie: ara Voces porque is cu vou juntar \ essa explicacdo, eu vou-juntar a faixe do tempo com a faixa das forgas, das dobras, \D dos espasmos para fazer arte com voces pessas duas aulas que nds temos. #20, © que Vai acontecer - mas, simplificando muito - é que voce pega a década de "40, que teve acontecimentos notiveis (afora a guerra) no cinema. Orson Welles, Mankiewicz, Luchino Visconti. Eu ndo sei se vocés conhecem bem cinema. Na década de "40 comegé' aparecer, na Itélia, ainda no tempo da guerra, 0 neo- realismo, 0 famoso neo-realismo italiano © comega 2 surgitCno Seulaxe, ninlidéde de Oiggn, Welles © dar ia associgeso. que el Tewicz, novas formulagoes de ‘cinema nos vamos encont ana. dé “ ue se vai tentar com o cinema « =é0 tempo se libertando do movimento, (lado A/ fita 2) 99 circular ¢ 0 tempo miticd> lege essfio do surgiu uma escola de arte chamada Surrealismo, que vem do Dadaismo. F 0 surrealismo é uma ane que valorizou mito o sono. Os antsas suas, inclusive, eles fcavam nos hoes dormindo 14 trabalhando, produzindo; togo, Wecés forem pensar Bacon, ele nao tem nada a ver com Dali. Se vocés forem pensar a au assis -deleuziana, ela nada tem a ver com sonbo. O-que que € isso que ex estou dize Ss tempo todo, inclusive por aquela pergunta, dizer que se trata do pensémento entrar no vazio, no caos, numa pura forma do tempo e com isso ele produzir uma obra, Ha uma categoria que nés trabalhamos na linguagem cotidiana, mas que nds dificilmemte 2 explicamos, que é a categoria de eternidade. Nés usamos muito esse nome eternidadé, mas nds nao sabemos usar 0 significado exato de_eternidade isa interessante isso daqui qc Nos temos 0 passado de um Tado, o futuro na frente ¢ estamos no presente. Entdo, passado, presente, futuro, eles sio claramente distinguidos: um esté atrés, outro est ‘ro nds estamos dentro dele, Ha uma separagio do fo, 0 que marca 0 dag dimensdes temporais. Por isso Humphrey 10 maior, ele pergunta: “Onde estou?”. Na verdade € 350 Tesino, ‘Quando ngs dormimos num lugar que desconhecemos, quando nés - mensions pornue item ial Compe) reulhar nessa etemidade, merguihar_nessa complica voces Torem verific o artista, esse contsto com a etemidade, ond2 2 tempo est complicsdo, inteiramente misturado, ele comee: — segundo as suas proprias formas. ss sofia eum merailh: ‘nessa complicacdo, um menaulho nessa cternidadc. Merguiliando nessa etemidade Expor, expressar formas do_tempo diferentes. Por exemplo, EST um ditor de Ginema italiano, 0 Luchino Visconfl - voces devem conhecer pelo menos um filme dele belissimo que ¢ Morigém Veneza, que & um filme de um livro de Thomas i Mann ¢ que trata da vida de um miisico chamado Mahler. E o Visconti é um artista pat a ‘excepcional. Entio. qual é a questio do Visconti? Mersulhar na complicagdo e criar Y novas formas do tempo. Eu estou Simplificando niuito, viu? Mas nesse filme Morte I sae Vezeen Gar vah isn que &cecoral- digamos tn plnis doosecafinins om oe Piaistaracionalsta - e ele quer produzir uma misica altamente matemitica, tulo yj organizado formuilarmente ¢ & isso que ele faz na obra dele, Vai até os cinquenta e al " pPoucos anos, comeca a ficar doente, a mulher morte, a filha morte, Ele para a obra dele achando que 2 obra dete estava concluida ¢ ele vai passar um tempo em Veneza. Quando ele chega em Veneza ¢ vai passar um tempo naquele hotél - um desses hotéis do principio do século - e diante dele aparece um rapaz, um garoto belissimo, uma beleza de garotb e ele fica assombrado com a beleza daquele garoto. Assombragdo! Aparentemente - Luchino Visconti era hom a E ele estava diante faquele rapaz tendo uma revelacgo. Estava revelando-se para cle alguma coisa de | tuna belera exeacrdindria SafefiéSu chocado com aquilo. Tante beleza que aparecia | para ele! Mas, acontece que o Luchino Visconti, quando cle produz a obra de arte « dele, cle coloca que todas as revelagdes que aparecem nas nossas vidas - e muitas ~ jPrevelagses que aparecem em nossas vidas - essas revelagdes, sobretudo as de campo 2° antistico, quando elas aparecem, elas s6 aparecer do Hina 2. fazer, Entdo, o Lixchino Visconti esta criand. 7 ee. podem se lembrar do Edgar Allan Poe que ja tinha produzido Fk #0 Convo, £ € exatamente is50 qué 0 Visconti produziu na obra del E : rT tor que val ser assim um marco para m6, na proxima aula, que é 0 Paul Klee. Toda féntativa do Paul Klee é transformar 0 or isso que as cores do Paul Klee sio cores claras, aquadas, gormiar) Tudo dele so no * a uma fentativa de musicalizar. Mas, quand5“6 artista fez isso, 0 que ele esti "ya ernidade__d ssa_complicago OURO oor iessa_complica: ae Toduzit novas dimensbes. em termos bem faceis para vocés entenderem, é, por exemplo, (computador que tem dois usos muito claros hoje: usado para calcular, para produzir programas de compra, programas de venda, mas ele € usado também pata pintar, usado para ajudar no pensamento. ), € exatamente isso que eu estou di; artista niés-seriamos obrigados a conviver sempre com esse mundo e nunca ouviriamos dizer que o Visconti teria feito o tarde demais. Nés nunca poderiamos conviver com a beleza dessas criagées; com a musica de John Cage ete. Porque o que © pensamento vai acabar por nos ensinar... (olha, ew vou concluir) Vou usar agora o John Cage que é mitsico e vou usar um teatrélogo chamado Gombrowicz aa wamado_Bacacal (comprem ess¢_livro, dele; fantistico!). O ‘rianga nos estamos mdividualizados, nos-Eanhamos fer © com esse Carter ios vaiod SveICer um papel social" dentro desse papel social ns vamos fazer sticas_ ee fecializagdo ete. Entio, nds somos um_sujelto humano” socializado individualizado_ plenamente. OQ Gomb*oy slides. 2 cxperiéncia para quebrar a individuagao, a socializacio ¢ a coriinicasdé. Porque’ socializaglo, individuagao e cor a 7 Prectsos, com Contomnos precisos, bastante delimitado: aed “Agora. voeés perguntem. (questi): 0 afeeto nao é essencialmente humano? Pode haver algum afecto que nfo seja humano? Claudi 3s sentimentos. O afecto, no afecto nao tem nada de humano. Por exemplo, cu vou contar uma pequena historia, para vocés, uma historia conhecida que tem no Deleuze. Vocé pega determinados animais que tém afecto - nfo so sentimentos, sio afectos, Eles sio_afe “io, por uma dobra da matéria. E ‘rimeiro Tivro que se chama Cinema: A Imagem-Movimento, ele fala sobre @fecto. (Eu aqui nfo posso explicar longamente isso.) Mas, ali ele expe como o afecto nao ad iteg] ele distingue primeiridade, seaundidade, terceiridade, ima diferenga entre afecto e sentimento crande. Por isso que vocé tem essa obra figural. (GroririenienaUAHAUOEAEEGSE ii par 0 homem -o bone aa ae é (questéo}: Como é que a gente poderia distinguir afecgao (Leopoldo) ¢ relagées mecanicas; entre o excmplo do camapaig, dT haga afta... Qual Ga diferenga numa relago: uma luz que atinge um bicho e. Claudio: Vocé esti perguntando uma relagdo, por exemplo, de uma tartaruga cibemética e de um carrapato? E mais ou menos isso, A mecinica, uma huz que afcta ~umabjeto cibernétic (Leopoldo): Nao. Como niio confundir uma relagio mecanica de {atti resposta com uma meebo de afeopta? Cliudio: Nao é bem afecgio : mpl, ence oie SESE gue aR OO dele, 6s, _os homens. temos _uma_poténcia q 2 Nos “podémos_inventar_o5_afectos, Sera won de ofp ‘um determinado animal, ele, necessariamente, tem um poder de ser afetado ¢ um poder de afer. Voce vai encontrar coisas magnificas na compreensio dessa distiigao entre afecto sentimento, isso que eu u (questi: Esse afeto no tera algo a ver com o lan “\ vital, do Bergson? Claudio: Oha, vamos dizer que sim. 6 (gu Claudio: Vamos dizer que sim. Mas nao exatamente isso. Mas pode se aproximar aproxima. Existe uma distinefo entre a palavr desse lan vit peegeaae Eontar um caso que cu conto, mas-ndo-seinem se ele € vel Quando esteve no Srenll umm frances chamado Michel Tourmigr, que é um eseritor, ¢ cle esteve aqui no > Bias aa epoca em que moireu o Drimmont de Andrade. Fu no sei se voces sabem —,.p// a que o Drummont de Andrade era muito afeigoado a filha dele. Ele tina uma afeigio “yng: a ‘enorme pela fitha dele. E, um més antes da propria morte do Drummond. fitha dele de Y% ’ tinha morrido. Ai, o Tournier disse que o Drummond ja nfo tinha para que invent 2 novas poténcias afetivas. Enido, > ) J ‘afectos cessa € ai a a, nds morremos por dentro, (Suely) falou do pensamento e do inconsciente. Primeiro vou falar uma coisa que eu pensei outro dia, se faz sentido, ¢ ex estou colocando aqui porque acho que tem a ver com a aula: € seo pensamento tem aver com 2 propria hececidade. 4 Cliudio: Heeceiiade? Sem diivida, sem divida, (Guely): Entdo,ai ¢ pensamento é aquilo que apreende a hecceidade, aquilg que apreende o inconsciente ow ele & a proprig praticado inconsciente? primeiro queremos sal ‘mesa é real © nds vamos dizer que de individuos, (questo): (inaudivel) Claudio: Nao. Individuo ¢ tudo aquito que forma.um determinad: Este copo € um individuo, este dedo ¢ um individuo, eu sou um individuo, 0 sod we a a 3 a = a a a a a s = 2 = 2 a a a 2 a 2 a ee iene nua coy microfone = em in (lado B/fita 2)) (questi): (inaudivel) Claudio: Eu nao me lembro. (questo): Eu vou fazer uma pergunta sot io altamente ligados. ow “ te Z ¥ (questo): £. O pensamento estaria relacionado A arte. A pedagogia estaria relacionada a imehizencia? Claudio: Nao. A questdo foi muito bonita. Vejam, os greyos utili Claudio: Esta a casa, para 4 ec¢ que, para 03 gTegOS - no vamos discutir a questo das mulheres, heim? - as mulheres ndo_poderiam fazer a relagdo de péder de si para consigo proprias, Essa relagio chama.encratéia. Bem, as mulheres no poderiam fazer isso Os gregos, ao contririo do que todo mundo pensa, eles eram.apaixonados por suas mulheres. Entio, 0 matriménio, para.os gregos, era g) era uma a patica cational. A mulher entrava com uns 20/21 femrfetinha uns 4 “in ensinar a essa mulher as relagdes de poder que ela deveria fazer. cidade ~ porque ela niio entraria na politica - nem consigo devo Jato ope ¢ dive lalogamios coms nossa propia alma, 05 greyos = vores me perdgam as mulheres no faziam isso. uma coisa p passar uma educagao do pensamento, 0 confronto_que oat fat gees acl fazer ima educagdo de pensamento € imenso! Sabe por_que? Porque é como? sentimento. © sentimento, o humanismo ¢ que barra, que néo deixa passar. Para + ‘voce criar almas poderosas, almas brilhantes, fortes como 9 Péricles, por exemplo.. (participante): Dizem que se nao fosse (inaudivel) nao existiria Péricles nem, portanto, a democracia urega. Clindio: £ possivel. Agora, eu no acredito que néo existiria democracia grega porque o Péricles no inventou a democracia grega, nao foi ele que inventou. Ele € ucistidesderam condibes para ca pater, Masa grande questo donascimento da (participante): E sem a heresia ndo haveria também a possibilidade... Claudio: Otha, eu no sei porque vocé tirou a heresia. A palavra didlogo vai substituir uma palavra religiosa que existia anteriormente. Entio, paidéia/educagio esté ligada ao exercicio da palavra, ao exercicio que a gente faz com a palavra, Tudo isso sfo também praticas relacionadas com a arte. Vejam, nda om eo (pally € Dor isso politica; economia vem da palavra grega vikds, vikonumia, Entio, si dis poderes exercem 0 poder na ci aE » Pe eee oe SSHHTTHFHSOLHEIFHTIOIVHSERIESSESSISE aaa : (questo): Néo é um equivaco dizer que os gregos tinham preconceito contra o feminino, quando foi Plato que inventou a figura de Diotima ¢ colocou na boca de Diotima aquele discurso sobre o amor, so- bre a fusdo do conhiecimento com 0 desejo? Cliudio: Foi Plato quem inventou isso. Mas, o urezo niio tinha preconceito com a mulher (Suely): E uma idéia preconceituosa contra 0 grego. Claudio: Contra o prego. O que cia fala € exatamente isso, Ha uma questo contra 0 ‘ego por causa da democracia, por causa de dizer que o grego era homosexual, que ‘© amor homossexual era privilegiado, Nao é bem assim. Mas, a questio da Diotima \ Sar poUeo diferente, ne? A_questao da Diotima um terror que Plato impde ao mundo. 'né? . (questo): Terror? Por que? Claudio: Otha, na proxima aula eu the dou essa resposta. Agora eu vou tentar juntar uma coisa aquilo que eu estava falando. A obra do Deleuze tem algo que produz uma certa confusio em aljzuns tedricos. Sao » Por exemplo, voces ouvem: uma iusica do Chico Buarque. & ‘ima misica cheia de melodia; vocé grava equela musica, vocé cantarola aquela masica, voc® assovia aquela musica, Quendo vocé vai ouvir uma misica duodecafonica, uma musica, py fnaudivel) aquilo parece que nfo tem melodia. vai construir, entio, a estética picural ssa é a primeira parte, Vamos deixar a misica de lado, para nfo complica. E-hé do outro lado 0 problema dos afectos ¢ do inconsciemte. Vamos da? uma Ofhada nisso aqui. Um livro do Deleuze chamado O Berssonismo, onde ele esta tratando do Bergson, ele vai_dizer que_o Bergson vai utilizar ecito de (Neste momento, vocés tentem entrar em agenciamento comigo para reud. Tr vou user Sinonimia para vooés entenderem isso. Um homers se distingue de uma pedra porque ele ¢ dotado de uma subjetividade. O que eu chamo de subjetividade € uma estrutura psicoldgica. Entdo, o homem tem uma psicologia, uma cstrutura peicoldgica, Nessa estrutura psicolésica o homem ig memoria, pereepgio, rece bao, cle soiha (Sle a chara: faewdodes) Eni, 0 homer in tima estunura psicologica onde estfo as Taculdades ¢-0 homem. no vontade. Ai estaria o homem. . Para o Freud, segundo Deleuze, além dessa estrutura psicolégica, por baixo, estaria fo inconsciente. Logo, o inconseiente pertenceria a estrutura psicolégica da mesma maneira que uma pedra pertence a estrutura césmica, A pedra seria fisica e 0 inconsciente seria psicolégico. Assim, a subjetividade humana seria dotada de dois componentes: a consciéncia ¢ 0 inconsciente, ~~ ‘Deleuze, na leitura que ele faz do Bergson ota a icoloyie, OMMeSnSeiante nto elbsie Rerrercia do Tisico ego pscorpmes, £0 é algo pertencente due te chamato plano de imanencia Ao invés de se colacaz 0 i ‘Tmdeieto da consciencia, o meongelente s€ torna uma(forea venete’y (questdo}: Entdo, por exemplo, o tarde démas. Ele en =a rae (Suely) dessa estrutura psicolégica ¢ vai criar uma sub- ltt pe! ‘etividade diferente daquela (inaudivel) tubing (lance sto, 996 Claudio: Isso, Exatamente isso. O inconsciente ¢ de uma poténcia sta tadora. & uma coisa de chocar. Quimbonseiente;seria exatamenta pofencia ude k Quem chama Ta nao tem mais estrutura psicologica:)— " que eu estou tentando mostrar para voces ¢ a existéncia de alguma coisa que niio dcpende da estrmtura psicolégica, ls € a) eondieao de femengencia) da estritural psicologica e que ¢ exstamente 0 que eu estou chamando de inconsciente, o que eu chamo de pensemento. Entdo, seria nés 20 invés de pensarmos que 0 inconsciente ¢ alguma coisa que pertence 4 nossa psicologia - ¢ se o inconsciente pertence.dsnossa,psicglouia.cie € humano. . Se ele no pertence a nossa psicologia. te nio_¢ humano. E a obra do Deleuze. 1s50¢ 0 Anti-Edipo. © ineonseietite quantos, sexositem on 9,3 Freonsciente? Se for Rumanc err dor item aOR ee Sexos, Alo inconscicnte ¢ retirado das formas da consciéncia. 1ss0 ¢ que é.a obra do Deleuze ¢ o Guattari. ¢ uma tentativa nao consumada ainda de pensar o inconsciente q wana 3a Fda DI TTETT son nce liguaserse b Tnconsciente 20 hurmano 0 Deleuze €, evidememente, um de varuarda, de dls vangtnrda ‘Mas. quem foram os pensadores de vanguarda no século XX? Foram Freud ¢ Marx Eles foram as wrandes vanpuardas do pensamento do século XX, as vanguardas da. Culture, (Oldalens warda_da_contracultura. E como_o Nietzsche. £ Zratamente agusles que quebram todas as tentativas de modelar tudo pel E _exatamente_ao_contrat é mento _com o humano, ci um_meio_da produc ad uaa nova ferris de ye oes fra de ales nova forma de se lig coma arte, com 0 amor. ic =O Foucault coloca isso na obra dele também. F uma, em que nos fizemos nes hiimanismo excessivo, nese oe ghee eae excessivo - que é 2 marca do século & XX, eo resuliado foi catastrfico - para a produggo de alyo diferente. Vocés — Rncontram esse cleo diferente nas artes Provavel mente, na_pedayogia ginda nao. ‘Mas as ales voces. encontam. No teda, no cinema, Mas, ¢iss0.naattndo nessa. Boe quanti de asneira que aparece. por ai, Falo de uma permanente —— ificuldad: ~ porque voeés talvez no conhegam aiguma tha, a dificuldade que talvez eu tenha - porque vocés tal ‘coisa do que estou falando - mas, um drogado como o Burroughs (ele parou; agora dedicou a vida dele a pensar até a produgo de outro tipo de ‘Artaud, com a loucura dele. o d aula de CLAUDIO ULPIANO 24/11/93, 20 aula Oficina TRES RIOS (SP) (wanserigdo das fitas: Mara Selaibe) (tema)A Estética Deleuziana Para que haja um maior rigor no que estarei falando eu vou trabalhar num livro vou indicar esse livro para vocés lerem. E Proust ¢ os Signos, de Gilles Deleuze. Eu, literalmente, vou usar esse livro nesta aula. Vou usar & minha maneira, um pouco diferente do Deleuze, evidente, Meu objetivo claro é de que alguma coisa sabre para vocts em fungi dessa pas sla gus ou estou dando SE Bem, hé determinadas palavras em filosofia que tém pertencimento também a Jinguagem ordinaria, a linguagem cotidiana. Mas, os significados que percorrem 0 campo filoséfico geralmente, $0 mais rigorosos - eu no disse melhores: eu disse ‘mais rigorosos. Mais rigorosos no sentido de que eles deslizam menos, eles mantém uma certa estabilidade. E rigor nesse sentido. Por cxemplo, eu vou utilizar. para

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