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Redes colaborativas na equalização do conhecimento

da ciência da administração
Alfredo Heitor Lucato
Celso Maia
José Roberto Campanele
Vanessa Martins
Resumo:

O objetivo do artigo é fazer um ensaio sobre a necessidade do aprimoramento do


conhecimento no ensino da Administração. Para que este seja constante, o caminho crítico a
percorrer é o da capacitação, tanto do corpo docente das universidades, faculdades e centros
universitários, como também dos elementos de coordenação pedagógica de cada instituição. O
estudo propõe uma melhor exploração do princípio e uso das redes colaborativas no processo
de qualificação do corpo docente, através de uma agenda de discussões e cursos utilizando os
recursos das redes sociais e na infraestrutura de EAD. Não obstante a metodologia a ser
trabalhada deve-se identificar quais as principais universidades, grupos e núcleos de difusão
tecnológica (clusters) que, agregados no trabalho colaborativo, podem atuar como referência e
quais aqueles que podem interagir como agentes multiplicadores do conhecimento. A
abrangência do tema não prescinde da participação e orientação de setores governamentais e,
igualmente, não prescinde do esboço de uma política que englobe a proposição e oriente a
definição de atores nos processos, seus papéis e suas responsabilidades, conjugando o
interesse público e o privado para a consecução de metas de desenvolvimento. O artigo faz
uma ponte entre o mundo público e o privado para chamar a atenção para o um melhor
entendimento sobre as formas de controle, advertindo que uma nova metodologia, dissociada
dos vícios de gestão praticados na atualidade, também é critica para o sucesso de uma política
nessa área, abrindo um extenso caminho para que o sucesso dos objetivos coletivos da rede
seja alcançado.

Abstract:

The aim of this paper is to make an essay on the knowledge improvement needs in the
Business Administration teaching. For this to be constant, the critical path to go is to qualify
the staff of the faculty of universities, colleges and universities, as well as the pedagogical
coordination elements of each educational institution. The study proposes a better exploitation
of the principle and use of collaborative networks in the process of qualification of the faculty
through an agenda of discussions and courses using the resources of social networks and the
infrastructure of ODL. Nevertheless the methodology should be worked to identify which
major universities, groups and centers of technological diffusion (clusters) that aggregates in
collaborative work, can act as a reference and which ones can interact as multipliers of
knowledge. The scope of the theme does not obviate the participation and guidance from
government and also wants all the outline of a policy that embraces the proposition and direct
actors in defining processes, roles and responsibilities, combining both public and private
interests to the achievement of development goals. The article makes a bridge between the
public and private sectors to draw attention to a better understanding of the forms of control,
warning that a new methodology, dissociated from the vices of management practiced today,
is also critical to the success of a policy this area, opening an extensive way for the success of
the collective goals of the network are achieved.

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Introdução:

Trabalhar coletivamente e de forma colaborativa é um desafio que se impõe com a


força da nova cultura das redes sociais, na contramão dos conceitos seculares de maximização
de ganhos e lucratividade. A resolução de problemas simples pode estar ao alcance de
especialistas que, através de debates produtivos realizados de forma organizada e em rede,
otimizam recursos e favorecem a consecução de macro políticas. O modelo de gestão
verticalizada, duramente criticado, ganhou vertentes de gestão centralizada, no formato de
plano centralizado, passando por fases de erro e acerto. No que se refere particularmente ao
processo de educação, notadamente no campo da Administração, as práticas vigentes não tem
apresentado resultados no que tange o desenvolvimento de novas práticas de intervenção e de
interação com outros domínios no sentido de favorecer a ação educativa.
Os dados estatísticos do MEC / Inep (2010) mostram que no país 88% das instituições
de ensino superior, no universo de 2.377 escolas, são mantidos e administrados por setores da
iniciativa privada. Neste campo, 69% dos cursos são oferecidos por instituições privadas,
onde nada menos que 74% dos estudantes efetuaram matrícula em Faculdades e
Universidades que exigem uma contrapartida financeira, seja ela custeada pelo próprio aluno
ou por meio de subsídios oferecidos por programas oficiais. Certamente, este fato se constitui
num quadro irreversível tornando, assim, necessário conceber a ideia que um significativo
aporte de recursos governamentais oriundos das esferas federal, estadual ou municipal seja
destinado ao fomento do ensino superior no país.
Os dados estatísticos apresentados na tabela 1 destacam o fato de que a formação de
docentes em nível de pós-graduação para este campo de atividade (formação de especialistas,
mestres e doutores) carece de igual envolvimento e de participação maior das instituições
privadas, uma vez que somente 16% do total dos pós-graduandos são titulados pelas mesmas.

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Entretanto, manter os níveis de especialidade neste setor da educação é ao mesmo
tempo necessário e dispendioso: necessário por se tratar de interesses adjacentes às políticas
governamentais de desenvolvimento; dispendioso porque a produção do conhecimento é
tarefa que exige alta integração, interação, intercambio e pesquisa, cuja contrapartida é obtida
nos impactos de longo prazo que causa sobre a estrutura social do país. Ignorá-la é relegar a
nação aos postos de desprezo no ranqueamento do progresso, desenvolvimento e do bem estar
social.
Este estudo é resultado de uma micro pesquisa e faz uma incursão aos vários artigos
científicos publicados sobre o tema. A abordagem faz uma consideração às potencialidades
das redes colaborativas utilizando apontamentos para provocar um melhor entendimento,
através das instituições de ensino superior, notadamente no que se refere ao ensino das
ciências sociais aplicadas, e em particular a Administração, que podem colaborar entre si
munidas do mais alto espírito deliberativo e coletivo (HABERMAS, 1997 – BOHMAN,
1997) de maneira a tornar uniforme a orientação dos fundamentos do ensino nesta área do
conhecimento, a partir de algumas constatações:

- As melhores e mais estruturadas instituições de ensino estão situadas nos grandes


centros podendo assumir papeis de coordenação num processo a partir de sua localização
privilegiada.

- Considerar as dimensões continentais do país, bem como as distâncias e localização


geográfica entre as instituições. Considerar, também, que o país conta com uma legislação
específica e atuação de organismos reguladores e incentivadores que não abordam algumas
diferenças óbvias na concepção de modelos e normas e, assim, acabam por colocar à margem
do ideal do conhecimento, as instituições já tratadas como a periferia do mundo acadêmico no
país.

- Dentre os efeitos adversos desta constatação, há o evidente risco da deficiência na


formação de pessoal especializado, em quantidade e qualidade necessárias às pretensões do
país relativas ao seu desenvolvimento tecnológico e nos avanços sociais.

- As regiões Sul e Sudeste abrigam as melhores instituições de ensino superior do país,


em quantidade e qualidade, precedidas pelas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte,
respectivamente. (CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR, MEC/INEP, 2007). Ainda assim,
em cada uma destas regiões existe uma persistente "concentração da concentração", o que
determina que nestas localidades o acesso às melhores instituições passa por sucessivas e
exigentes etapas de comprovação de competências e habilidades, adquiridas em preparações
para exames vestibulares, seguidos, muitas vezes, de um ensino estagnado quando comparado
com os avanços mais significativos das instituições de ensino em centros mundiais de
referência.

Capacitação contínua e compartilhada no rol das ações colaborativas

No microcosmo das ações produtoras de nova identidade para a coletividade


(WARREN, 1998) isto significa dizer que, de maneira democrática e de forma bastante
consciente e planejada, as instituições de ensino superior devem fazer uso das tecnologias
disponíveis, tais como a Internet e sua infraestrutura; os aprendizados das redes sociais,
revestidos de um ideal único, direcionado e enaltecido pelo objetivo de equalizar a
capacitação de divulgação do conhecimento, para possibilitar uma atividade diferenciada por
este sentido; da função clássica das redes colaborativas para que os melhores especialistas,

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localizados nos pontos centrais possam compartilhar por meio de ferramentas que incluem as
redes colaborativas, com todas as unidades geograficamente deslocadas do denominado
"centro de produção e de controle da qualidade do ensino", assim como as unidades dos
pontos centrais afetadas por insuficiências, os benefícios resultantes das modelagens ideais de
aquisição de conhecimento do que compõe o estado da arte das diferentes formas de aplicação
da ciência da administração.
O objetivo é colocar à disposição de todas a unidades de ensino superior do Brasil e de
instituições associadas, tudo o que compõe os fundamentos e pilares das disciplinas, deixando
como especialidade inequívoca e inerente de cada instituição, que fiquem sob sua
responsabilidade as avaliações locais e regionais e o estudo dos melhores modelos de
adaptação às propostas de soluções e direcionamentos locais para acompanhamento das
políticas centrais de desenvolvimento e avanço tecnológico. Ainda que as tecnologias e as
redes sociais sejam as ferramentas mais adequadas e eficientes, não há como descartar o
planejamento de um calendário presencial, de visitas regulares de docentes das instituições de
fora do centro de produção para o centro de produção e de docentes do centro de produção
para as áreas periféricas de ensino.
Como parte do rol das disciplinas no campo da administração, ensina-se que sem
controle e sem gerenciamento o sucesso de um planejamento fica relegado à direção do acaso
e do desconhecido (KAPLAN E NORTON, 1997; PMBOK, 2004). O mundo corporativo,
seja ele das organizações com fins lucrativos ou não, seja ele da administração pública ou
privada, em qualquer circunstância não deixará de prescindir de controle. A implementação
adequada de um projeto deve considerar o exercício apropriado das regras de políticas
públicas e fazer valer o papel de ações burocráticas (SUBIRATIS, 1989, WINTER, 2002)
pela via de procedimentos objetivos e a criação de métricas que impulsionem o seu sucesso,
minimizando ou mitigando os efeitos de posicionamento e direcionamentos pessoais, tanto no
escopo dos trabalhos quanto na destinação de recursos. O estudo de métricas, o registro e
acompanhamento aplicados a cada membro participante, pessoa e instituição, será sempre
fundamental para o registro, acompanhamento e validade do sistema (BERTALANFFY,
1937).
Com ênfase na concepção de Ron Krabill (2001), a origem e facilitação dos módulos
colaborativos tiveram sua base numa experiência compartilhada entre as universidades de
Nova Iorque e África do Sul. Há que se considerar que o mundo da comunicação no momento
atual é cada vez mais mediado por meios eletrônicos, portanto, as discussões on-line, a
divulgação e a troca de experiências e a divulgação de conhecimentos tem neste facilitador
uma aliado de inestimável potencial. Não é preciso dizer que o cenário que mais incentiva o
impulso de propostas relacionadas aos esforços de minimização dos resultados dos efeitos
negativos das diferenças sociais, que também constituem um desafio para os já crônicos
problemas educacionais, é o da aparente facilidade de aplicação das tecnologias a serviço do
ensino.
Provavelmente, um dos grandes projetos do passado recente, relativo a este uso e
aplicação de tecnologia para solucionar problemas de educação, tenha sido um projeto
incentivado pelo Fórum Mundial da Educação, ocorrido em 2000 e que culminou com o
estudo etnográfico e netnográfico denominado MNPAD (2009), a partir da implantação da E-
School (2005-2006). Neste programa de ação coletiva focado na sociedade africana, para
escolas primárias e secundárias dos países participantes (África do Sul, Burkina-Fasso,
Camarões, Egito, Gabão, Gana, Ilhas Maurício, Lesoto, Mali, Moçambique, Nigéria e
Uganda) avaliou a influência da interação mediática e linguagem entre os participantes nos
diversos níveis. O programa Sillabus utilizado neste projeto tinha como características a sua
alta tecnologia e a facilidade de uso (User-Friendly) com serie de possibilidades de toque de

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tela e blogs estabelecidos sobre os diversos assuntos tratados no programa de ensino
(JANSEN, 2010).
Como o estudo trata de uma equalização do conhecimento no universo das instituições
de ensino superior, os apontamentos de Olson e Brunner (1987) quanto ao aprendizado
presencial, de contato direto, em contrapartida ao aprendizado on line ou mediático, são
experiências que devem ser consideradas porque o nível de abstração dos participantes
permite uma abordagem diferenciada, a partir das experiências individuais e da sua visão
sobre os fenômenos e disciplinas estudados dos diversos temas e assunto de um programa
disciplinar que permitem a experiência complementar, senão deve provocá-la. O sistema
mediático tem a característica da substituição da experiência direta, mas conta essencialmente
com o “comportamento de rede”, conforme mencionado e investigado por Castells (1986), o
que permite que um número incontável de participantes possa ter acesso ao mesmo tempo em
relação ao trabalho que venha a ser executado, o que não prescinde do dimensionamento da
contribuição de cada participante.
O sociólogo Anthony Giddens (2002) registra que a maneira como nos falamos e
como pensamos a respeito de um fenômeno é que determina como vamos agir em relação a
este mesmo fenômeno, de maneira que é extremamente importante que haja uma ideia de
consenso para a realização de um projeto, no qual a divulgação do conhecimento seja efetuada
através de meios virtuais. Para isso, há um valor importante quando se considera a
complementação dos relacionamentos através dos contatos presenciais. Olson & Brunner
(1987) fazem uma distinção entre a aquisição de conhecimento e as habilidades e
características que formam a experiência através da qual derivam três conjuntos de ações: a
primeira delas é a cognitiva (o grupo do aprendizado cognitivo); a segunda são as categorias
de comportamento (as informações são extraídas do grupo); e, por fim, as revoluções
tecnológicas.
O processo de avaliação investigativa gradua com distinção a integração de duas
categorias, Comportamento e Revoluções Tecnológicas, como credencial importante para que
os facilitadores da equalização do conhecimento identifiquem a distinção entre participar de
uma rede social e a participação de uma rede colaborativa, com objetivo de divulgação
consistente do conhecimento. Neste segundo caso, o processo de avaliação passa pela
elaboração de uma sistemática centralizadora e controladora de uma “agenda de
qualificação”, o que significa dizer que é preciso otimizar o que já existe e o que está
disponível em termos de tecnologia de EAD e que seja trabalhado um aplicativo facilitador
que abrigue um referencial teórico de produção de conhecimento que seja comum e aplicável
entre todas as regionalidades associadas, complementado com a interação presencial dos
multiplicadores do ensino.

Rede colaborativa estruturada e atribuições de responsabilidades

A arte reside em estabelecer a conjugação correta e eficiente, como também o perfeito


balanceamento entre a participação entre os atores do setor público, político, privado e a
comunidade acadêmica de forma que, positivamente, é sim necessário que se elabore e
pratique uma agenda política que estabeleça o quais são as iniciativas que devem ser
colocadas e praticas para garantir o sucesso abrangente de um projeto desta dimensão.
Sucesso esse que deve grifar a perspectiva de êxito na ótica das políticas públicas, a
perspectiva de viabilidade técnica, econômica e financeira, na ótica das corporações com fins
lucrativos e a perspectiva dos organismos sem fins lucrativos que primam pela consolidação
das ideias e pela modificação de direcionamentos fundamentais da convivência social.
À iniciativa privada cabe a crítica e sugestão de quais seriam os programas
importantes para suprir as necessidades para que o desenvolvimento econômico e tecnológico

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seja contínuo, o que aumenta a responsabilidade de comunicação acadêmica quanto a
trabalhar uma mescla entre estes fatores, filtrando do acúmulo de conhecimento acadêmico os
elementos que sejam aplicáveis, práxis, à transformação de técnicas e habilidades transferíveis
para a realidade de mercado e as regras da economia para benefício da sociedade.
Uma análise criteriosa de capacitações através de redes sociais colaborativas é
inegável e imprescindível, e desta análise redunda a melhor metodologia para tornar tangível
um formato de transmissão e disseminação de novos conhecimentos entre as instituições de
ensino.
Uma observação criteriosa das publicações científicas nos ajuda a entender, qualificar
e analisar o grau de colaboração cientifica entre os cientistas; a colaboração acadêmica entre
os acadêmicos; entre estes grupos e as instituições; e, finalmente, entre diferentes instituições
dentro e fora de uma rede colaborativa, sobretudo quando haja um entendimento claro de
particularidades regionais nas quais estejam inseridas ao que se associa o valor de agregação
do conteúdo destas publicações com discussões e debates, que permeiem a comunidade
objetivada através da multiplicação do conhecimento, o que requer um trabalho de precisão
cirúrgica para sua constatação e comprovação, representado por acompanhamentos e métricas
(KAPLAN E NORTON, 1997).
O índice H (HIRSCH, USC), que mede e valoriza a trajetória e produção de um
acadêmico ou cientista, e que é baseado no número de citações feitas de um dado pesquisador
por outros pesquisadores, é uma métrica que pode ser evoluída para concepção de uma
vertente a partir da qual se possa aplicar a mencionada graduação para o conjunto de esforços
que apresentem resultados de melhoria e, ou aproveitamento de orientações a partir de uma
dada participação nas redes colaborativas de equalização de conhecimentos.

A figura 1 é uma representação da rede social de colaboração institucional voltada


para o ensino de Engenharia Química formada por um número de universidades espanholas.

Fig.1- Rede social de colaboração nacional entre universidades espanholas – Engenharia


Química

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Fig. 2 - Demonstração gráfica entre a relação de comunicação de uma rede colaborativa entre
universidades espanholas e outras universidades no âmbito internacional (Fonte: FERNANDEZ, GUERREIRO,
BARBOSA – 2010).

Destas duas representações, destaca-se que há um ponto comum na problemática


analisada: a geopolítica. Este ponto comum não diminui o potencial e capacidade de
transladar conhecimento entre as diferentes áreas, mas aponta por outro lado a necessidade de
uma coesão muito forte entre os colaboradores e colaborados para que a difusão seja fluente e
constante, superando diferenças e orientando modificação de comportamento. Se a
conectividade é fundamental, não é diferente a importância de um trabalho marcado pelo alto
desempenho na conjunção dos ambientes virtuais e presenciais, o que faz do papel das
lideranças no processo o motor principal (D´ANNUNZIO, 2008) para a condução de um
ambiente de trabalho que propicie inovação, criatividade e diversidade.
Quando os organismos reguladores do ensino no Brasil passaram a aplicar o
ranqueamento das IES, a elaboração uniforme das regras não pesou a influencia das
regionalidades, o que torna ainda mais difícil equalizar a geopolítica do ensino no Brasil e sua
administração. Se os grandes centros concentram a maior produção de conhecimento e esta
maior produção tem vetores na capacitação financeira das instituições, dos acadêmicos e dos
cientistas, seu treinamento ou aquisição de conhecimentos pode contar cada vez mais com um
número de mestres, doutores, pós-doutores e livre docentes em numa desproporção quando
comparadas às IES afastadas e mesmo aquelas que estando geograficamente instaladas nos
grandes centros, não possuem a capacitação financeira.

Ranking de acordo com o ICG – INEP


Instituições com nota 5 (máxima) em 2011
Ordem Instituição Sigla UF Pública /Privada
1 Universidade Federal de São Carlos UFSCAR SP PÚBLICA
2 Universidade Federal de Viçosa UFV MG PÚBLICA
3 Universidade Federal de Minas Gerais UFMG MG PÚBLICA
4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS RS PÚBLICA
5 Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ RJ PÚBLICA
6 Universidade Federal de São Paulo UNIFESP SP PÚBLICA
7 Universidade Federal de Lavras UFLA MG PÚBLICA
8 Universidade Federal do Triângulo Mineiro UFTM MG PÚBLICA
9 Univ. Fed. de Ciências da Saúde de Porto Alegre UFCSPA RS PÚBLICA
10 Centro Universitário Municipal de São José USJ SC PÚBLICA
12 Escola de Adm. de Empresas de São Paulo FGV-EAESP SP PRIVADA
13 Instituto Tecnológico da Aeronáutica ITA SP PÚBLICA

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16 Escola de Gov. Profº Paulo Neves de Carvalho EG MG PÚBLICA
17 Faculdade de Economia e Finanças Ibmec FAC. IBMEC RJ PRIVADA
18 Insper- Instituto de Ensino e Pesquisa INSPER SP PRIVADA
19 Faculdade de Administração de Empresas FACAMP SP PRIVADA
20 Escola Bras. de Adm. Pública e de Empresas EBAPE RJ PRIVADA
22 Escola de Economia de São Paulo EESP SP PRIVADA
24 Faculdade Fucape FUCAPE ES PRIVADA
25 Escola Brasileira de Economia e Finanças EBEF RJ PRIVADA
Quadro 1 –Ranking das IES
Fonte: Portal do MEC / INEP – Censo 2011

Administração e Finanças: Graduação


Ordem Instituição
1 FGV-EAESP (SP)
2 USP/São Paulo (SP)
3 IBMEC (RJ)
4 PUC (SP)
5 UF R.G. do Sul (RS)
6 UF Rio de Janeiro (RJ)
7 FAAP (SP)
8 Mackenzie (SP)
9 PUC (RJ)
10 ESPM (SP)
Pós-Graduação
Ordem Instituição
1 FGV-EAESP (SP)
2 USP São Paulo (SP)
3 IBMEC (RJ)

Quadro 2 – Ranking das IES na área específica de Ciências Sociais Aplicadas


Fonte: Portal MEC /INEP - 2011

Outro fator preponderante não equalizado pelas regras trata da dedicação exclusiva,
onde os docentes que dispõem de maior tempo acadêmico para a produção científica não
enfrentam as dificuldades que outros docentes se deparam, sobretudo os da periferia
acadêmica, quando devem dividir seu tempo com uma segunda atividade, ainda que seja
dentro da própria IES, a exemplo das atividades administrativas. Portanto, a rigorosa
exigência de um maior número de mestres e doutores passa, também, por uma questão de
privilégios entre as grandes universidades, mormente as universidades organizadas e as
universidades públicas. Neste último caso há ainda a escala federal, estadual e municipal, e
aquelas fomentadas por recursos públicos pela via indireta dos financiamentos subsidiados.
Finalmente, as faculdades que compõem uma categoria à parte no fim da escala de
categorização e que, no geral, devem focar mais que as anteriores na geração de recursos
financeiros para sua manutenção e, assim, acabam por não privilegiar o corpo docente sequer
para atender os requisitos mínimos de remuneração. Deste modo, deixa de incentivá-los para
uma preparação progressiva e incessante. Neste aspecto, a rede colaborativa propositiva para
a finalidade aqui abordada passaria a ter um papel fundamental na política pública de
diretrizes do ensino, de forma que a elaboração, a coleta de dados, pesquisa e trabalhos de
teorização dos participantes menos habilitados, os chamados periféricos, seja um meio
garantidor para que estes contribuam com maior intensidade nos processos de produção
científica, na atuação em atividades presenciais constantes, e também pelas suas atribuições
nos grupos virtuais a partir de uma metodologia que implique em obrigações consentidas pelo
conjunto fiscalizador de uma rede colaborativa e a instituição participante.
Não há dúvida de que a evolução desta prática provocaria uma transformação no
sistema educacional e viabilizaria a ampliação de suas bases, com extensão de seus efeitos
para uma população estudantil crescente. No mesmo ambiente de avaliação, temos que

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considerar o desafio que representa a característica sócio-demográfica do Brasil com seus
quase 200 milhões de habitantes e cuja distribuição e acesso do conhecimento, mesmo pela
via mediática, é uma barreira para a equalização dos saberes e fazeres, notadamente na
qualificação através do ensino.
É necessário se ter um perfeito entendimento do significado do “como” e do “quanto”
representou as modificações da LDB, e também como o incentivo financeiro do governo para
a criação de novas IES e fomento de universidades influenciou na comercialização do ensino.
Em outras palavras, o ensino passou a ter conotação mercantil e, por consequência, o
conhecimento passou a ser visto como produto. Como trabalham as novas instituições e as
instituições reformadas com origem nas novas regras. O quanto estão para atender
necessidades ou quanto se concentram no objetivo de geração de caixa e lucratividade
crescente ou no seu prestígio internacional, o que suscita melhor atenção para procedimentos
e metodologias que obriguem o cumprimento de certos requerimentos de aperfeiçoamento,
melhoria e integração que atenuem com propriedade as relações impostas por modelos de
competitividade inadequados à proposta de divulgação de conhecimento, mas que é parte
inerente de uma política que implantou um sistema de profundas raízes e que já não pode ser
descartado.
Numa visão ampliada, a participação de uma IES na rede colaborativa pode ser um
requerimento obrigatório para que a concessão do direito de explorar o ensino ou para que
esta seja renovada, com o entendimento de que a fiscalização e avaliação do serviço em
concessão é uma obrigação governamental, ou seja, o Governo deve garantir que o direito de
explorar o serviço tenha a contrapartida de prover o ensino com vistas a um interesse mais
democrático; o ensino em todas as esferas do conhecimento; a desqualificação das instituições
privadas que não demonstrem condição mínima necessária para arcar com as
responsabilidades desta obrigação à elas concedida.
Isto significa que uma política pública com este objetivo deve representar as diretrizes
de uma boa gestão para consecução de um trabalho com metas claras a partir de
responsabilidades de enorme impacto no campo do ensino. Uma política pública que contenha
no capítulo de finalidades, a especialização das diferentes IES na tarefa investigadora e
integradora do conhecimento com satisfação das necessidades e demandas de outras políticas
públicas de desenvolvimento das economias, local, regional e nacional.
A este processo de redes colaborativas cabe visar dois aspectos comportamentais que
se originam de suas atividades para possibilitar uma execução plena; um deles, que é óbvio e
de maior exploração, é o domínio do aspecto virtual; o outro, de fundamental importância
para o habitus (BOURDIEU, 2003) da divulgação e equalização do conhecimento, é o aspecto
presencial.
Ainda que não tenham sido concebidos à luz das redes colaborativas no espírito deste
artigo, dois exemplos são fonte de inspiração para este trabalho investigativo propositivo: a
Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro, com sua rede de MBAs espalhadas por todo o
pais e a Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, com os programas PAEx. O corpo docente
destas instituições viaja para várias das unidades parceiras levando conhecimentos específicos
(do centro) no campo da Administração e atuam com coberturas contratuais criando uma rede
de ensino e formação com disseminação dos fundamentos da área, carecendo, portanto da
integração do programa com as necessidades regionais. Adequar, expandir e levar este
modelo possibilitando a troca periódica entre docentes regionais para viabilizar a equalização
do ensino e do conhecimento nas IES periféricas é um caminho possível. A qualificação
evolutiva será resultante desta importação e da exportação de conhecimento. Novamente, a
arte reside em como estabelecer a harmonia entre os diferentes centros regionais e o centro de
produção e maior qualificação de conhecimento, o foco de equalização, e a distribuição dos
benefícios do modelo até as IES periféricas superando as barreiras sociopolíticas e

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geopolíticas tanto das regionalidades brasileiras como da uma possível extensão às
regionalidades da América do Sul e América Latina que também podem ser inseridas no
projeto.
Fato é que para uma política efetiva que contribua com processos de inovação, como
exemplo, a que pretende a atual gestão federal (Plano Brasil Maior) e algumas esferas
estaduais de governo, há que eliminar manifestações de diferentes interesses particulares de
qualquer das instituições participantes, independentemente de suas relações fora do âmbito
das redes colaborativas de equalização. Isto porque seria impossível imprimir um trabalho
consistente voltado para a inovação sem o concurso das IES, sobretudo no que se refere ao
ensino da ciência da Administração quando é inegável que as grandes instituições colaboram
de forma diferenciada com sua carga de conhecimento adquirida pela via dos intercâmbios
com as grandes correntes de inovação no exterior conforme apontam autores especialistas
neste campo como Schumpeter (1957) e Freeman (1982),
Segundo Tovani e Bicchi (2009) em seu estudo sobre redes comunitárias marginais
urbanas referem-se a Longo (2002) apud Tovani e Bicchi (2009) sobre a questão da qualidade
no ensino com a seguinte definição: “A educação de qualidade é aquela que responde de
maneira eficaz às demandas sociais”. Isto porque muitos dos autores da atualidade concordam
que qualidade é um termo polissêmico e multivariável (TOVANI E BICCHI, 2009). No
entanto é valido considerar que esta qualidade não pode esbarrar em pontos básicos, como por
exemplo, a capacitação, pois se sabe que a capacitação do docente, numa avaliação
generalizada, é para a maioria das instituições uma despesa alocada da aplicação de recursos,
dado que os critérios aplicáveis para que seja investimento caem na vala comum do
desconhecimento, sobretudo nas IES periféricas e nas menos estruturadas. Esta é uma ação
decisiva na sistemática de aprimoramento do sistema e para a qualificação de participantes da
rede.
As redes sociais são uma realidade no mundo atual, sobretudo quando nos referimos às
redes organizadas em ambientes estruturados nos países que estão na liderança da produção
de conhecimento e também, sem fazer exceção, a casos bem sucedidos em países cujo
processo de desenvolvimento ganha consistência estrutural e direcionamento guiado por
políticas cujas diretivas econômicas privilegiam aspectos sócios culturais. Obstante a isso, sua
vertente de redes sociais colaborativas não correspondem a este avanço e encontram-se num
processo ainda embrionário. Mesmo nas sociedades que lideram as estatísticas sobre a
presença e uso de redes sociais não há consenso que estabeleça como utilizar, e como obter
benefícios das atividades conduzidas no seio destas redes, nem tampouco de como envolver
os diferentes atores para que ela seja uma ferramenta de promoção do conhecimento que
transpasse dificuldades elencadas nas varias áreas do conhecimento humano, como a
psicologia comportamental, a legislação sobre a propriedade intelectual, as barreiras
geopolíticas, custo, precificação e remuneração. Rede social como atividade ainda é um
campo desconhecido, e como um novo campo a ser explorado e entendido, pouco se pode
controlá-lo com as teorias, práticas e ferramentas antigas de instituições milenares.
Algumas linhas do pensamento filosófico (CHAUI, 1997) e de outras Ciências Sociais
nos dão suporte para afirmar que, para o sucesso de uma modificação cultural (ATKINSON,
2000) é imprescindível uma nova concepção de mundo e construir uma linha consciente de
conduta moral. Isto nos leva a ponderar que se a proposta de manutenção ou modificação da
concepção de mundo é lançada, então:
“Quais os caminhos que vão ser assumidos para promover as novas maneiras de pensar”?

Desafios e paradigmas

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Certamente, o pensamento aqui não esta voltado para a criação de uma nova camada
de intelectualidade, mas sim no reforço do conhecimento de atores e de uma equalização
dentro de uma área específica, e com foco na ciência da Administração e das IES que
trabalham no aprimoramento desta ciência e o reconhecimento que desta equalização podem
resultar processos de inovação que promovam o desenvolvimento econômico e sócio cultural.
Para isso, politicamente imbuído da forma mais hedonista do que niilista, é necessário avaliar
caminhos eficientes para utilização de redes colaborativas, que deem uma nova dimensão no
que se refere ao treinamento de docentes e ao treinamento e conscientização das direções das
próprias IES na condução de suas responsabilidades numa campo de fundamental importância
para o país.
Gramsci, (1977) quando fala da definição de intelectualidade, cria duas categorias
principais: a intelectualidade urbana e a intelectualidade rural. Entende-se que o intelectual
urbano não possui iniciativa autônoma na elaboração de planos de construção, mas se
articulam, em uma massa instrumental a exemplo do que são os empresários. Portanto, eles
elaboram a execução imediata de produção a partir de uma mente privilegiada e controlam
então as fases produtivas elementares, ou seja, os intelectuais urbanos são padronizados e se
confundem cada vez mais com um estado maior. Já os intelectuais rurais são, sobretudo,
tradicionais. Portanto, eles estão ligados à massa social local e dos costumes das cidades onde
estão localizados, principalmente quando estão nos centros menores e aí, este tipo de
intelectual tem uma função político social que á a mediação profissional que dificilmente se
separa da mediação política.
Estas duas breves referências sobre a intelectualidade nos levam a instigar sobre o
papel desta intelectualidade no processo colaborativo, diferenciando a qualidade das metas
atingidas quando influenciadas pelo interesse pessoal e quando influenciadas pelo interesse
social (NIETZCHE, 1991). A menção em Gramsci traz uma reflexão sobre o engajamento do
intelectual (acadêmico, pesquisador, empresário, político) e seu trabalho para a transformação
social. Uma menção que ganha espaço quando se relembra que a estrutura de redes sociais ,
com mais ênfase o processo de redes colaborativas, nasce com uma ideia colaborativa por
imposição e necessidade das estratégias militares.
Substituindo o vértice militar do argumento, vamos nos ater ao cumprimento de metas
estabelecidas com um propósito bem elaborado, isso quer dizer, realização com eficiência de
comunicação, temporalidade da comunicação, entendimento de instruções, tudo a um só
tempo e dentro do aspecto de maior eficiência possível no mesmo tempo de execução. Ainda
mais, o que é para ser discutido, pode ser discutido no aspecto geral e no aspecto detalhado. A
dedicação à implementação de projetos e a compreensão dos seus objetivos de maneira que a
consecução seja bem sucedida, acontece num espaço de tempo razoável o suficiente para que
os tomadores de decisão possam propor modificações, melhorias e cada um dos atores
participantes captem o entendimento de consenso daquilo que está sendo tratado.
Entretanto, o desafio imposto, é o mesmo observado por Medeiros e Ventura (2008)
no seu trabalho sobre a cultura tecnológica e Hitter (2003, p.2) apud Medeiros e Ventura
(2008) num artigo sobre a definição de redes sociais:

“Entendo as redes sociais como uma meta e meio de informação, porque além de
seus objetivos serem sempre transformadores, o ato de forma e fazer parte de uma
rede desperta o protagonismo e ainda ensina a ser facilitador para o protagonismo de
muita gente. Parece fácil, mas não é”. Vários estudos sobre redes trazem este ponto
comum – “o maior dos desafios das redes, senão o maior é a mudança cultural que
elas exigem”. “Acredito que o processo grupal é sempre transformador e
desencadeia mudanças nos hábitos individual, grupal e social porque possibilita a
aprendizagem”.

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Ao longo deste trabalho várias alusões são feitas sobre alguns dos questionamentos
relativos à implementação de uma rede colaborativa específica para o ensino da ciência da
Administração. Passar por uma mudança cultural é passar por uma mudança de expressão, ou
expressões, e a principal delas pode ser apontada como a “vontade participativa”, incessante e
incremental. Os atores de um projeto desta rede particular têm que ter uma manifestação
constante de vontade participativa e as ações de continuidade para o sucesso do programa,
inclui envolvimento geral e consciência de que o sucesso não está constrito na rede e sim fora
dela pela verificação de sua influência e aplicação prática de seus ensinamentos.

Consciência do papel administrativo na instituição na rede e do sistema de rede

GiorgioAgamben (2002) diz que os lideres das organizações lucrativas têm que ter o
seu papel cada vez mais claro integrando-o ao conceito de trabalhar não somente no interior
da sua instituição, mas também de forma crescente em outras organizações e instituições
situadas no seu entorno.
Que rumo então se toma quando se fala no que esta rede colaborativa deve atuar, não
só quanto ao processo educacional, mas também no processo de gestão das instituições?
Quais métricas devem ser utilizadas para alimentar estes processos adequadamente em
deferência aos princípios de inovação e criação?
Existem muitas IES conscientes dessa realidade e que praticam inclusive a sua gestão
estratégica e financeira de maneira a capitalizar o complexo do sistema interorganizacional e
seus benefícios naquilo que se refere à sua integração de forma que agindo assim têm o
objetivo de melhorar a sua posição de cunho institucional e de fazer avançar os seus interesses
em detrimento a várias outras instituições. Outra forma de exposição fica evidente quando
constatamos algumas IES de menor qualificação travarem lutas competitivas (guerras de
preços) nos centros de produção de conhecimento se limitando a manter seu “negócio” com
um funcionamento tradicional, isolando-se desta forma da participação num novo e complexo
ambiente relacional interinstitucional das redes colaborativas que é o que passa a caracterizar
o mundo educativo contemporâneo.
Jorge Ávila de Lima (2007) aponta que uma condição bastante importante sobre este
aspecto, é que a introdução de formas de privada na prestação de serviços públicos e a
privatização de outros serviços, assim como a entrega a entidades privadas de atividades
anteriormente de responsabilidade do Estado associadas à competição estimulada entre
entidades públicas e entre estas e entidades privadas, complicaram muito mais a tarefa do
Estado de assegurar o controle das políticas que se inserem na coordenação dos serviços
públicos e torna mais complexas e ambíguas as linhas de autoridade das organizações. A
conseqüência última desses desenvolvimentos tem sido a maior dificuldade sentida pelos
Estados em assegurar a defesa dos interesses coletivos LAEGREM( 2001) apud Jorge Ávila
de Lima (2007).
Com a adoção das práticas de governabilidade aplicadas a nova gestão pública e o
consequente desenho e implementação das políticas publicas com base nas novas técnicas de
gestão que encontram suas raízes no setor privado, corre-se o sério risco de o interesse
público ser menosprezado. Por exemplo, leva à erosão da prioridade concedida de cuidar da
definição e implementação das políticas nas questões de eficiência (BARTOUILLE, 2000).
Um dos principais riscos que corre a nova gestão pública é o de colocar prioridade
naquilo que é interesse e não no que é prioritário. É o chamado “modelo da galinha sem
cabeça”, que sugere um corpo sem cabeça correndo sem rumo definido. Bartouille alerta o
risco de os interesses da gestão pública serem simultaneamente geridos do modo insuficiente
e com excesso. Insuficiente na gestão do conjunto ao nível de todo o sistema a ponto de não
acontecer uma orientação global, e em excesso em nível de cada unidade organizacional no

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contexto de um projeto. A ação que cabe ao setor público não toma em consideração qualquer
estratégia progressiva e definida para o setor, pois não existem regras de funcionamento
adequado. Isto implica em mais um risco, o da diluição das responsabilidades sem a
atribuição de incumbências entre todos os atores.

Conclusão e Considerações

O virtuoso desenvolvimento da telemática propiciou a consolidação, em meados dos


anos noventa, daquela que seria o maior conglomerado de redes de comunicação interligadas
em escala mundial: Internet. De acordo com a “Internet Word Usage Statistics- IWUS
(2010)”, nada menos do que 28% da população mundial ou aproximadamente 1,96 bilhão de
pessoas tem acesso à rede mundial de computadores. No Brasil, estima-se que o número de
usuários chegue a 76 milhões, o que representaria hoje algo em torno de 36% da população.
Outro fato importante a ser destacado é o chamado ensino mediado ou Ensino a Distância –
EAD, conforme definido pelo Decreto no 2.924 de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o
artigo 80 da LDB – lei no 9.394/96: “educação a distância é uma forma de ensino que
possibilita a autoaprendizagem, com mediação de recursos didáticos sistematicamente
organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou
combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação”.
O advento e popularização da Internet trouxe em seu bojo o surgimento das chamadas
redes sociais ou redes colaborativas. Dentre as aplicações que delas se possa fazer uso, nas
mais diferentes áreas da atividade humana, o presente ensaio focou estudo no comportamento
social, em particular a sua utilização na Educação. As redes colaborativas permitem o
compartilhamento do conhecimento, possibilita a comunicação escrita, flexibilidade de
publicação e disponibilização de documentos, permite transformar informação em
conhecimento e, intrinsecamente, o desenvolvimento do espírito de colaboração. Numa
consideração analítica as redes colaborativas, potencialmente, conectam pessoas, instituições,
setores, grupos, núcleos e podem produzir novas articulações e ações. As redes colaborativas
interagindo com as facilidades tecnológicas disponíveis permitem a produção de novos
saberes, a difusão do conhecimento e novas formas de ser e de pensar.
A elaboração do presente ensaio teve como premissa estudar a questão do ensino das
Ciências Sociais Aplicadas, particularmente da Administração, e destacar a necessidade
constante no aprimoramento do conhecimento nesta área de fundamental importância para
qualquer organização, independentemente dos fins a que se destinam ou da propriedade legal
de seu capital. Para que o aprimoramento seja constante, o caminho crítico a percorrer é o da
capacitação, tanto do corpo docente das Universidades, Faculdades e Centros Universitários,
como também de seus elementos da coordenação pedagógica, notadamente a direção de
ensino de cada instituição.
Como resultado, a proposta do estudo sugere uma melhor exploração dos princípios e
uso das redes colaborativas, mormente as já existentes, a nível local ou internacional, no
processo de treinamento com foco no corpo docente das IES, através de uma agenda de
discussões e cursos utilizando os recursos já consolidados nas redes sociais e na infraestrutura
de EAD.
Não obstante a metodologia a ser trabalhada deve-se identificar quais as principais
universidades, grupos e núcleos de difusão tecnológica (clusters) que, agregados no trabalho
colaborativo, podem atuar como referência e quais aqueles que podem interagir como agentes
multiplicadores do conhecimento compartilhado.
A abrangência do tema não prescinde da participação e coordenação de setores
governamentais e, da mesma forma, não prescinde do esboço de uma política de ensino que

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englobe uma proposição que orienta a definição de atores nos processos, seus papéis e suas
responsabilidades, conjugando interesses para a consecução de metas de desenvolvimento.
Como o princípio da rede colaborativa não é fundamentado unicamente nos recursos
técnicos disponíveis, mas positivamente nos indivíduos que dela participam, é necessário que
estes estejam imbuídos de um forte ideal, unidos através de uma linguagem própria, com
senso de cooperação e motivação para a consecução dos objetivos almejados, onde a
recompensa possa retratar com equilíbrio os benefícios dos impactos causados na viabilização
das políticas de ensino atrelados ao sucesso na proposição de projetos sociais.
Ao se mencionar a linguagem própria, infere-se na assimilação de um processo que
acontece ao longo de um prazo, orientado para um propósito autoconstruído, como é
característica das redes sociais, e que não funcionaria diferentemente numa rede colaborativa.
Trata-se de uma nova cultura que produzirá uma nova linguagem e um novo comportamento
e, consequentemente, um grupo de indivíduos multiplicadores destas características, possível
de ser potencializado (MEDEIROS, 2008).
Finalmente, o artigo faz uma ponte entre o mundo público e o privado para chamar a
atenção no que tange um melhor entendimento sobre as formas de controle, advertindo que
uma nova metodologia, dissociada dos vícios de gestão praticados na atualidade, também é
crítica para o sucesso de uma política nessa área, abrindo um extenso caminho para que o
sucesso dos objetivos coletivos da rede sejam alcançados (ROTH, WEGNER, VALLE,
PADULA, 2010).

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