FÓRUM ROSACRUZ

PUBLICAÇÃO PRIVATIVA AOS MEMBROS DA AMORC – VOLUME XV – Nº 02 – 2022

Jean Delville, (Anjo dos Esplendores) 1894.

Museus Reais de Belas Artes da Bélgica.
PÁGINA 2 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
 MENSAGEM DO GRANDE MESTRE

Posso afirmar com pouca margem de erro que, dentre os eventos rosacruzes, aquele em que a energia da
nossa Egrégora pode ser sentida em todo seu esplendor são nossas Viagens Místico Iniciáticas o Egito.
Em seguida, vem nossas Convenções, sejam elas Regionais, Nacionais ou Mundiais, pois nessas ocasiões
há a reunião de mentes e corações que pulsam num mesmo diapasão. Temos também as nossas convocações
ritualísticas e nossos períodos de harmonização no Sanctum do lar.
Neste ano teremos a nossa XXVI Convenção Nacional com o tema A Paz Profunda dos Rosacruzes e com
certeza sentiremos suas altas vibrações, tendo em vista que estaremos harmonizados com a nossa Egrégora.
O artigo do nosso saudoso Frater Raymond Bernard, publicado nesta edição do Fórum define muito bem
o que acabamos de afirmar: Assembleia de personalidades terrestres e supraterrestres, constituindo uma unidade
hierarquizada e movida por certo ideal.
Nós fazemos parte desta assembleia de personalidades terrestres e os Mestres Cósmicos de nossa tradição
constituem a Assembleia de personalidades supraterrestres. Vale a pena a leitura para compreender como o
estudante Rosacruz está inserido neste maravilho campo de Energia Cósmica.
A questão da Consciência Cósmica é um assunto sempre caro aos nossos estudantes e o artigo relacionado
vem trazer novos esclarecimentos sobre este tema.
O Serviço em prol de nossos irmãos(ãs) ou da nossa Fraternidade é uma das âncoras do desenvolvimento
espiritual e todo Rosacruz conhece a sensação de bem-estar proporcionada pela atuação em nossos trabalhos.
O texto dos nossos arquivos sobre o assunto esclarece alguns aspectos do Serviço Rosacruz.
Por que os iluminados sofrem? Essa é uma pergunta icônica que todo estudante de misticismo em algum
momento faz a si mesmo. Republicamos um artigo de 1972 que aborda este assunto com muita propriedade,
incluindo o exemplo das dificuldades enfrentadas pelo Imperator Emérito o Dr. e Fr. H. Spencer Lewis nos
primórdios do atual ciclo da nossa Ordem.
A questão de critérios com relação aos princípios místicos é muito interessante, pois busca responder se
haverá coisas e condições que devam ser aceitas inteiramente pela fé e que não podem ser provadas. Esse
artigo foi escrito pelo nosso Imperator Emérito Raph M. Lewis, que além de místico foi um notável filósofo
e discorreu magistralmente sobre muitas questões da existência humana.
A compreensão da nossa existência e do nosso próprio ser, a aura humana, Recordação de Vidas passadas,
Premonição e Intuição, a prática mística para resolver problemas da vida diária são outros temas revisitados
nesta edição.
Lembro que devemos encontrar nos ensinamentos rosacruzes o ímpeto em direção à nossa evolução
incorporando novos conhecimentos, ideias e descobertas. Sendo assim, o fórum fornece rico material para
pesquisa e reflexão dos assuntos estudados em nossas monografias. Perguntas ao fórum podem ser encaminhadas
para instrucao@amorc.org.br.
Espero revê-los em nossa Convenção Nacional em novembro.
Nos Laços da Ordem sou,

Sincera e fraternalmente

Hélio de Moraes e Marques

GRANDE MESTRE

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 A EGRÉGORA ROSACRUZ, AMORC
A Egrégora Rosacruz, sua composição e influência
na vida do estudante é com frequência uma questão
levantada pelos nossos Membros. Para esclarecer
algumas dúvidas sobre a Egrégora, publicamos aqui um
excelente artigo do Frater Raymond Bernard.
arece-me útil despertar a
atenção dos nossos Membros
para alguns fatos relativos aos
estudos Rosacruzes, a fim de
que todos, independentemente
de Grau, compreendam bem
o valor fundamental de sua
filiação e dos esforços empreendidos conosco
na senda da evolução pessoal e da realização
mística. É evidente que este artigo se relacionará
exclusivamente com a nossa f raternidade
Rosacruz AMORC e os laços que unem os
nossos Membros à mesma. Em outras palavras,
as explicações deste artigo estarão restritas à
nossa Ordem, que é somente o que aqui nos
interessa, e, como se há de perceber, isto já
representa muito, em consequências individuais
e coletivas. Esses poucos esclarecimentos são
tudo o que poderia constituir o objeto de uma
instrução geral, porém, a meditação sobre esses
diferentes pontos levará a numerosas e fecundas
conclusões, até que certos Graus superiores de
novo os abordem, extensa e detalhadamente.
Assim sendo, examinaremos neste artigo, do
ponto de vista geral, a questão da egrégora. A
melhor definição que encontrei para este termo
é a seguinte:
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“Assembleia de personalidades terrestres
e supraterrestres, constituindo uma unidade
hierarquizada e movida por certo ideal”.
O que aqui nos interessa é, evidentemente,
a egrégora da Rosacruz, AMORC.
– As personalidades terrestres são os
Membros ativos Ordem, tenham ou não
alguma responsabilidade específica. Por “ativo e
regular”, entende-se o Membro que, não somente
participa da existência da Ordem física, através de
suas mensalidades, mas estuda os ensinamentos
e os põe em prática na vida cotidiana.
As personalidades supra terrestres formam o alto
conclave dos Mestres cósmicos e, em particular,
daqueles que estão mais especificamente
encarregados da senda Rosacruz representada
pela nossa Ordem.
A hierarquia é constituída desse alto conclave
invisível e de todos os Oficiais da Ordem, cada
qual em seu estrito cargo, na sua particular função,
desde que esse cargo e essa função tenham
sido determinados em nome da alta hierarquia
invisível, segundo as normas estabelecidas para
a Organização visível, e sejam preenchidos em
conformidade com os princípios temporais que
os regem.
 – O ideal é o misticismo Rosacruz,
promulgado e protegido pela Ordem Rosacruz,
AMORC. Por isto é imperioso que cada
Oficial da Ordem mantenha suas atividades,
em pensamento, em palavras, em escritos e de
qualquer outro modo, exclusivamente dentro do
círculo de nossa Ordem, de suas tradições, de sua
Constituição e de seus Estatutos, toda vez que aja
conforme a responsabilidade a ele outorgada e
aceita no seio da AMORC. Como indivíduo,
cada qual conserva sua plena liberdade em todos
os campos, porém, uma vez que deva o Oficial
agir em sua função, perante um Organismo
Afiliado ou Membros da Ordem, ou toda vez
que a Ordem esteja de algum modo em jogo,
quer se trate de um conselho ou de uma decisão,
estará o Oficial sujeito ao ideal da Ordem
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Rosacruz, AMORC, e a ele deverá se conformar.
Do contrário, haveria interferência na egrégora
e, naturalmente, reação da mesma, de um modo
ou outro, relativamente ao Oficial em questão.
Para reunirmos estas considerações numa
explicação tipicamente Rosacruz, é suficiente
afirmarmos que a egrégora formada pela
assembleia das personalidades terrestres (que
constitui a AMORC) e supra terrestres (o
conclave invisível) constitui uma força psíquica,
espiritual, de considerável poder. Podemos
entender essa egrégora como uma cristalização,
uma condensação particular da Divina Essência
do Cósmico, para uma finalidade definida, qual
seja, a evolução individual e coletiva do homem,
que constitui a nossa vida.

A Egrégora
Rosacruz vibra,
ela própria, em
uníssono com todo
o grande cósmico,
no seio do qual tem
“vida, evolução e
existência”.
A estrita disciplina imposta neste plano
físico e a unidade da AMORC perpetuam
essa cristalização, essa condensação, essa
concentração de força positiva, e é por isto que
os Oficiais da Ordem, cada qual na sua função,
velam zelosamente pela harmonia, segundo
os textos e regulamentos estabelecidos que a
favorecem. E é por isto, também, que medidas
de exclusão - embora raras, felizmente - fazem-
se por vezes necessárias. Elas são da alçada
exclusiva do Grande Mestre e tomadas somente
se parecerem vitais para a força da egrégora e
através de trâmites especiais, instruídos com
provas ponderadas colhidas de diversas fontes
e às vezes por outros Oficiais.
No seio dessa egrégora geral, cada qual
prepara o seu lugar. Se um Membro se
harmonizar com o todo, nele depositará a sua
pedra e, ao mesmo tempo, colherá, em proteção
e evolução, os frutos de sua participação na
força comum; do contrário, há de eliminar a si
mesmo, ou será rejeitado pela egrégora, muitas
vezes sem se dar conta de que seu “afastamento”
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se terá devido a um impulso originado fora de
si mesmo. A lei da harmonia se manifesta neste
domínio de um modo mais ativo do que em
qualquer outro campo. Todo membro da Ordem
deve portanto, de algum modo, concentrar sua
própria pequena “egrégora” na egrégora global.
E o que é válido individualmente, também é
válido a um grau um pouco maior. Cada Loja,
cada Capítulo, cada Pronaos, ou, de maneira
mais ampla, cada grupo ou instituição da
Ordem, reconhecido pela hierarquia visível,
segundo seus poderes, deve, no seio da egrégora
global, em ressonância com ela e a partir dela,
cristalizar, concentrar sua egrégora particular.
Isto não se consegue num só dia mas requer,
assim como no plano individual, a lealdade,
a perseverança, a dedicação, a unidade e o
conjunto das qualidades que permitem a um
empreendimento qualquer alcançar êxito, e um
tal parto nem sempre se faz sem dor.
No seio da imensa egrégora da Ordem,
cada um de seus elementos concentra pois sua
egrégora parcial, e esta não se pode constituir,
nem pode em seguida receber as forças vivas
da egrégora global, se não está em constante
harmonia com esta última. Em verdade, nada
está isolado numa pirâmide deste gênero. Do
todo a cada parte, tudo deve vibrar em uníssono,
para expressão do ideal. Se uma vibração está em
dissonância, aparta-se do conjunto, rejeita-se ela
mesma da congregação, num isolamento estéril
e perigoso. O fruto do trabalho pessoal é então
perdido, bem como os esforços anteriores, e
será necessário que o interessado os reconstitua,
talvez noutra parte e a partir da base.
Seja como for, com vistas ao que aqui
nos interessa, o importante é que nos
conscientizemos da necessidade fundamental
de que cada Membro, cada Oficial, cada Loja,
Capítulo ou Pronaos, cristalize sua egrégora
particular no seio da egrégora global da
Rosacruz materializada pela AMORC. Essa
egrégora global existe, está há muito constituída
e ativa. Um Membro, por seus estudos efetuados
regularmente e por viver segundo os princípios
Rosacruzes; um Oficial da Ordem, pelos
mesmos motivos e, além disso, pela consciência
aguda de suas responsabilidades e por seu
trabalho no fiel cumprimento de sua função;
os Organismos Afiliados, por suas atividades
regulares, harmonizadas com o todo graças à
diligente observância dos rituais e das normas
adotadas pela necessidade de uma vibrante
unidade de inspiração e manifestação; todos,
enfim, pela sinceridade, a lealdade e o fim
comum, podem e devem concentrar a força de
sua particular egrégora. Esta é a responsabilidade
de cada qual, a fim de que “tudo seja em baixo
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como é em cima”, pois, escusado seria lembrar
que nossa egrégora Rosacruz vibra, ela própria,
em uníssono com todo o grande cósmico, no
seio do qual tem “vida, evolução e existência”.
Assim se realiza, de cima para baixo e de baixo
para cima, o milagre da unidade.
Meu voto mais ardente será pois o de
que cada um dos nossos Membros construa
ou reforce sua ressonância perfeita com a
egrégora Rosacruz, pois, não há dúvida de
que, “fundindo-se” sempre a um tal conjunto e,
consequentemente, dando-lhe cada vez mais de
si mesmo, dele há de colher, individualmente,
as mais extraordinárias recompensas em todos
os planos e, coletivamente, o que é ainda mais
importante, estará imprimindo à humanidade
um novo ímpeto para um futuro melhor,
mais amplamente aberto aos homens de boa
vontade.
Raymond Bernard, FRC
 CONSCIÊNCIA CÓSMICA
Estaria a Consciência Cósmica ligada à evolução e à
cultura? Em outras palavras, será que a manifestação
da Consciência Cósmica é apenas um problema de
um futuro distante e de outras gerações, ou será que
ela pode surgir agora na sociedade contemporânea
por meio do desenvolvimento de certas forças e
capacidades latentes dentro de nós?
m primeiro lugar, vamos
descrever rapidamente o que
se quer dizer com a f rase
Consciência Cósmica e, depois,
o modo como ela pode estar
ligada a membros da sociedade
no passado, presente e no futuro.
Primeiro, o termo Cósmico deveria representar
para os Rosacruzes um estado de Ser de
natureza radiante que permeia todo o espaço -
e, portanto, todas as coisas - e que é provido de
vitalidade, mente, força construtiva e suprema
inteligência. Normalmente, as pessoas se
referem a este estado de Ser usando muitos
nomes diferentes – como o Absoluto, a Suprema
Realidade, a Mente Divina, assim como o
Cósmico – e a consciência total desse estado
divino é conhecida como Consciência do
Cósmico, ou Consciência Cósmica.
O objetivo maior do misticismo tem sido,
talvez, o de descobrir como se pode sintonizar
individualmente esse estado permanente de Ser
e, com isso, perceber nossa própria fonte assim
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como a fonte de toda a vida, de tudo que existe.
É através da sintonia com o Cósmico que o
místico recebe a iluminação e, honestamente,
o caminho místico nada mais é do que um
caminho que leva diretamente a esse estado
de ser.
O estado de sintonia consciente com a
Divindade que se atinge é diferente em todas
as coisas vivas. Parece existir uma ordem
hierárquica nessa percepção. Os grandes
místicos do passado, entre os quais estão
personalidades religiosas verdadeiramente
inspiradas assim como filósofos antigos
e moder nos, per petuar am par a nós a
existência desses estados de percepção. Pelos
seus esforços, somos eternamente gratos.
Certamente, essa herança mística não estaria
atualmente tão intacta se não fosse pelos
avanços culturais e refinamento da sociedade
em geral. Contudo, é de suma importância
compreender que em toda geração existem
pessoas que passaram por graus ascendentes
de iluminação, que se harmonizaram com o
Cósmico e atingiram graus mais elevados de
compreensão de sua existência. A maioria
dessas pessoas não é alvo de grandes e
frequentes reconhecimentos, nem se isola
normalmente dos contatos mundanos. Essas
pessoas são, no entanto, imediatamente
reconhecidas por companheiros humanos
como sendo excepcionalmente inspiradas; mas
também praticam a verdadeira humildade,
que aparentemente sempre acompanha a
harmonização com o Cósmico.
Como dito anteriormente, trata-se de um
princípio – quando não de uma doutrina –
do misticismo o fato de podermos alcançar
uma percepção direta e imediata do Cósmico
ou da Verdade Divina, e isso é conseguido
através da faculdade da intuição que não faz
uso direto da razão ou de qualquer outro
sentido comum. Entre os canais místicos
tradicionais de aproximação ou métodos
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de harmonização pelos quais essa realidade
maior pode ser apreendida estão a meditação
e a iniciação.
Devido à natureza da questão, tentei evitar o
uso do termo ‘Deus’ em relação à Consciência
Cósmica. Contudo, neste momento, para uma
maior compreensão e clareza de pensamento,
acho que é necessário fazer isso. Para a maioria
de nossos leitores, o termo é satisfatório. Aqui,
no entanto, estamos usando este termo no
seu sentido mais abstrato. Muitos membros
vão atingir uma compreensão maior através
desse termo muito antigo do que através das
expressões Consciência Cósmica, Mente
Cósmica, Realidade Suprema, e assim por diante.
A realidade de Deus é fundamental à maioria
dos Rosacruzes. Em nosso longevo Manual
Rosacruz está escrito: “Para os Rosacruzes existe
apenas um Deus, eterno, onipresente, sem atributos
 uma compreensão maior da natureza da vida e
da própria criação. A vida é uma expressão da
A vida é uma força ou energia fundamental que deu início
ao universo como um todo e que o mantém.
expressão da É uma parte do que chamamos de Deus, de
força ou energia Inteligência Universal ou de Absoluto. Através
dele estamos sempre ligados àquela força maior
fundamental que deu e a tudo mais que existe.
início ao universo
como um todo e
que o mantém. É
uma parte do que
chamamos de Deus,
de Inteligência
Universal ou de
Absoluto.

limitantes ou forma def inida de manifestação.

É o Deus do nosso coração. A Ordem Rosacruz,
AMORC, é composta de indivíduos de muitos
credos e de muitas fés religiosas de todas as
partes do mundo, mas existe uma unidade
absoluta nessa única ideia de Deus, a Suprema
Inteligência, a Mente Divina”. Muitas vezes
dizemos em nossos rituais e meditações: “Deus
do nosso coração, Deus de nossa compreensão”,
significando qualquer grau do Cósmico ou
do Absoluto que pessoalmente conseguimos
compreender.
Em última instância, nossa relação com
Deus não está ligada a objetivos políticos,
sociais ou culturais. É bem verdade que estamos
em débito com nosso passado; mas todos em
qualquer lugar têm a oportunidade de alcançar
A Consciência Cósmica não é uma
condição de ontem ou de amanhã. Mas uma
condição de cada momento. Para tornar
manifesta esta condição precisamos remover
as barreiras que nos impedem de receber as
respostas corretas às nossas perguntas. A
remoção de todas essas barreiras é a parte da
existência que deve ser conquistada por cada
pessoa. As pessoas de hoje certamente têm
todas as potencialidades intuitivas necessárias.
Mas elas só poderão se manifestar como
capacidades reais se tivermos disposição para
fazer com que isso aconteça.
The Rosicrucian Forum
2008-01, nº 37, pp.4-5

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 UMA QUESTÃO DE SERVIÇO
Uma pergunta frequentemente feita pode ser
parafraseada da seguinte forma: Visto que a Ordem
enfatiza a necessidade de servir, poderia ser dada uma
definição de serviço do ponto de vista Rosacruz?
verdade que serviço é con-
siderado um tema central
do trabalho Rosacruz, pois é
somente através do serviço e
da nossa entrega que podemos
verdadeiramente expressar o
talento natural e as habilidades
que temos. A finalidade de nossa encarnação é
de termos a oportunidade de desenvolver cada
talento e habilidade que temos adormecidas
dentro de nós. Cada pessoa desenvolve alguns
talentos e habilidades em cada vida. O serviço
acontece quando usamos esses talentos e habi-
lidades para o bem de nós mesmos e de outras
pessoas.
Podemos, por exemplo, ter uma habilidade
mecânica e sermos capazes de trabalhar com
vários instrumentos e máquinas com muita
proficiência, mas se usarmos este talento apenas
para nossa própria satisfação pessoal e de forma
alguma fizermos algo que favoreça a outros,
então não estaremos oferecendo os talentos que
temos. Em outras palavras, um mecânico que
conserta carros está oferecendo seus serviços
à humanidade, assim como um médico que
ajuda a curar o doente e a enfermeira que
ajuda os pacientes. Eles estão oferecendo
seus serviços ao usar seus talentos naturais e
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habilidades, abdicando de seus interesses em
função de outros, mesmo que estejam fazendo
isso profissionalmente e que estejam sendo
remunerados pelo trabalho que desempenham.
Um piloto de uma empresa aérea que leva
pessoas de uma cidade a outra também está
oferecendo seus serviços, mesmo que essa seja
sua ocupação regular.
Agora, do ponto de vista místico, o serviço
tem que ser colocado numa perspectiva do
senso comum. Não devemos tentar fazer às
outras pessoas o que elas deveriam, precisam
e até mesmo têm que fazer por elas mesmas.
Além disso, a definição Rosacruz de serviço
é que devemos desenvolver todos os talentos
e habilidades que temos latentes dentro de
nós e usar essas habilidades e talentos a fim
de auxiliar a humanidade e ajudar a sociedade
a se desenvolver. Além disso, à medida que
estudamos as leis e princípios do universo,
devemos usar esses princípios para os interesses
de outras pessoas e não exclusivamente para
nós mesmos.
Iremos descobrir que ao fazer isso, podemos
dominar essas leis e princípios e nos desenvolver
através de caminhos que nos faça extremamente
criativos e úteis para a humanidade. Além disso,
a sociedade e a humanidade são o que são hoje
devido ao serviço que é dedicado e a ajuda que foi
dada por milhões de pessoas ao longo dos tempos.
Sem este serviço oferecido pelas pessoas, a
sociedade permaneceria estagnada e imóvel e não
haveria nenhum progresso para a humanidade.
O problema que muitos membros têm é com
relação à qualidade do serviço que ofertam. Os
membros frequentemente percebem que se não
fizerem algo extremamente importante para o
benefício da humanidade, não estarão realmente
ofertando qualquer serviço. Entretanto, o lojista,
o dono de mercearia, o vendedor e o gerente
do banco local estão todos providenciando
um serviço útil e necessário e estão ajudando a
humanidade da melhor forma possível que está
aos seus alcances naquela ocasião.
Pensa-se com frequência que, um membro
ao ajudar milhares de pessoas através de seus
esforços, deveria ser considerado como alguém
que presta serviços. Entretanto, do ponto
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de vista cósmico, todo o serviço é de igual
importância. Nenhum serviço é considerado
como sendo maior que o outro. O serviço que
a pessoa presta a muitos milhares de pessoas,
do ponto de vista cósmico, se igualaria ao
serviço que um indivíduo dá a outro. Além
disso, é a razão e a abnegação com os quais a
pessoa oferta que são importantes aos olhos do
cósmico. Isso é o que determina se alguém está
ou não verdadeiramente servindo à sociedade
na qual vive.
Devemos sempre nos esforçar para buscar
ideais mais elevados e maiores realizações em
nosso desejo de servir aos outros. Não devemos
simplesmente nos deter a realizações do
passado, mas nos empenhar para obter maiores
habilidades e maiores conquistas em tudo o que
fizermos através do serviço, pois é apenas dessa
forma que podemos desenvolver e dominar
nossos talentos.
Arquivos Rosacruzes
 POR QUE OS ILUMINADOS SOFREM?

Recentemente, conclui o estudo de uma monografia

sobre Cagliostro. Ele terminou seus dias numa miséria
horrorosa como muitos outros. Por que não foram
usados os princípios místicos? Conhecemos o poder
impressionante dos princípios místicos, mas as pessoas
que tiveram acesso a esse conhecimento parecem ter
sofrido mais do que os que não o tiveram. Por quê?

ma pessoa iluminada é aquela abusos e tormentos.

que está imbuída de um
forte senso de justiça e de
compaixão. Tem a coragem e
a determinação de repelir tudo
o que considera moralmente
errado e contenha injustiças
que causam sof rimento à humanidade.
Colocando de forma mais simples, a pessoa
iluminada não foge da realidade da vida. Ela
não tenta escapar daquilo que pode lhe causar
perturbação ou danos pessoais promovendo a
causa que sua consciência iluminada considera
correta.
Essas pessoas, com seu conhecimento
adquirido e aquela sabedoria que lhes era
espiritualmente imanente, certamente poderiam
tê-los usado para sua proteção pessoal. Poderiam
ter estabelecido circunstâncias nas quais teriam
sido libertados de perseguições pessoais ou
da morte por violência. No entanto, nesses
exemplos, eles nunca teriam sido honrados pela
história como sendo seres intelectualmente,
eticamente ou espiritualmente superiores, e bem
possivelmente não teriam atingido as metas
pessoais de realização espiritual que buscavam.

Deste ponto de vista, vemos que a pessoa
iluminada se expõe mais aos perigos do
fanatismo, da intolerância, da crueldade e da
violência do que outras pessoas. A história
revela isso na vida dos grandes preceptores do
conhecimento ou da liberdade de consciência.
Akhenaton sacrificou sua autoridade, Sócrates e
Pitágoras sofreram humilhações. Outros como
Paracelso, Copérnico e Bruno sofrerem por
apoiarem um conceito iluminado. Zoroastro,
Moisés e Jesus todos passaram por humilhações,
Recorrendo a uma referência mais próxima,
podemos citar a vida de Spencer Lewis, primeiro
Imperator da AMORC neste século. Nos
últimos anos de sua vida, com o crescimento da
AMORC pelo mundo todo e pela atenção que
teve que dar a ela por esse motivo, ele se tornou um
alvo pessoal de perseguições por parte daqueles
que se opunham à luz e ao conhecimento que
a Ordem estava disseminando. Poucos homens
nos tempos modernos foram sujeitos a tantas
calúnias e difamações do que Spencer Lewis

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 conscientemente violava vários deles
em detrimento de sua vida e na defesa
da Ordem. Quando foi informado
por membros bem-intencionados de
que estava colocando em risco sua
vida com os esforços exagerados dia
e noite, ano após ano, na tentativa
de, por um lado, realizar aquele
enorme trabalho de construção para
a Ordem e, por outro, combater
simultaneamente os inimigos e
defender a Ordem, ele só tinha uma
resposta: “Este é um período crítico
na história da Ordem. Existem certas
coisas para as quais o tempo é agora, o
momento é propício. Se isso não for feito,
é possível que nunca sejam realizadas, e
grandes vantagens podem ser perdidas
para a AMORC. Eu posso poupar ou
a mim mesmo ou à AMORC”. Ele
escolheu a segunda alternativa de
boa vontade.

Consequentemente, na maioria das

vezes, isso explica por que as pessoas
Harvey Spencer Lewis – 1883-1939 mais iluminadas usam seus lampejos
intuitivos, conhecimentos e técnicas
adquiridas não principalmente para si
e mesmo membros mais próximos de sua
mesmas, mas por uma causa a que se devotaram
família foram submetidos a isso naqueles anos.
e que consideram de maior valor do que alguns
Ele tinha a compreensão de como evitar tais
anos a mais de vida pessoal.
situações, mas, fazendo isso, sentia que estaria
impedindo o crescimento da Ordem Rosacruz.
Poder-se-ia perguntar: uma causa não
seria levada adiante de uma melhor forma se
Spencer Lewis passou pela transição ainda
seus líderes iluminados vivessem e usassem
relativamente jovem quando se considera a
sua sabedoria para essa finalidade? Sim, se o
média de vida atual. Será que ele ignorava as
restante fosse igual. Mas, como já foi dito, a
leis básicas da saúde? Será que os princípios
pessoa iluminada geralmente é considerada
Rosacruzes relativos à saúde não tiveram
um radical não no sentido da violência, é claro,
qualquer valor, ou será que ele não sabia como
mas por introduzir métodos e conceitos novos e
colocá-los em prática? O Dr. Lewis conhecia
divergentes. Portanto, ele muitas vezes tem que
muito bem esses princípios básicos, mas
combater as tradições estéreis que não deixam

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 nossa assim chamada ‘era iluminada’.
Poderíamos dizer que o Cósmico
apenas propicia iluminação àqueles
que têm o caráter e a força para se
sacrificar de boa vontade por uma
causa meritória em vez de usar tal
superioridade exclusivamente para seu
próprio bem-estar e euforia.

Fórum Rosacruz outubro de 1972

Harvey Spencer
O funeral do Imperator transcorreu no auditório
Francis Bacon – 5 de agosto de 1939 Lewis: “Este é um
a humanidade caminhar. Essas tradições são período crítico na
muitas vezes usadas para fins de opressão da história da Ordem.
liberdade de pensamento e consciência por
aqueles que têm objetivos nefastos. Além disso, Existem certas coisas
pessoas ignorantes equivocadamente atacam para as quais o tempo
uma espécie de valor sagrado de uma tradição
simplesmente porque é uma coisa antiga. Pessoas é agora, o momento é
assim ressentem-se de mudanças mesmo que, propício. Se isso não
em última instância, elas venham para o bem da
humanidade. Mesmo o raciocínio mais eloquente for feito, é possível que
não consegue convencê-las a se adequarem ao nunca sejam realizadas,
inevitável. A pessoa iluminada, portanto, por seus
atos de progresso, expõe-se à hostilidade amarga e grandes vantagens
daqueles que se opõem a mudanças. podem ser perdidas
A verdadeira pessoa iluminada, em qualquer para a AMORC. Eu
de suas capacidades, muitas vezes se transforma posso poupar ou a mim
em mártir. Muitos grandes cientistas, tendo
sido obrigados a agir contra a inércia da mesmo ou à AMORC”.
ignorância das massas com novas ideias Ele escolheu a segunda
revolucionárias, sofreram enormemente por
causa do conhecimento que tentaram comunicar alternativa de boa
à humanidade. Até certo ponto isso ainda vontade.
continua acontecendo nos dias de hoje em

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 PERSONALIDADE E ABNEGAÇÃO

Cada entidade da consciência se esforça em direção

a realização da personalidade. Com isso, queremos
dizer que cada entidade tenta compreender sua
própria existência. Alguém que pensou muito a
respeito da personalidade e de sua posição na vida e
no ambiente perguntou se este processo de buscar
perceber a personalidade poderia ser, na análise final,
o verdadeiro propósito da vida; em outras palavras, é
verdade que vivemos originalmente para o propósito
de compreender nosso próprio ser?

mais complexo de todos os para saber o porquê de estarmos aqui e como

fatores psicológicos é o que
engloba a personalidade.
O estudo da psicologia diz
respeito ao relacionamento
de uma entidade, chamada
personalidade com o seu ambiente. Além disso,
diz respeito aos meios nos quais a entidade se
relaciona com o ambiente, bem como quanto
a continuidade da razão que é estabelecida
dentro da existência da personalidade. Nesse
sentido, podemos dizer que a personalidade tem
que estar relacionada a personalidade. Numa
primeira análise, isto não parece fazer sentido.
Entretanto, através de uma pequena observação,
podemos perceber que todos os seres racionais
estão fazendo uma tentativa no sentido de
reconciliar seus próprios pensamentos com as
suas próprias aspirações, desejos, esperanças ou
anseios. Todos nós vivemos com a esperança
de alcançar sucesso na tentativa de obter
a compreensão da nossa condição de vida,
podemos melhor alcançar o que acreditamos ser
uma aspiração que compense.
Para se tornar completamente familiar com o
que faz um indivíduo uma entidade, o conceito de
“Eu” que usamos, ao referir a nós mesmos como
seres, ajuda muito na compreensão do propósito
da existência e no resultado final ou destino de
todos os seres. Ao considerar a personalidade
e a abnegação, não devemos necessariamente
interpretar esses dois termos, como que se
aplicando ao egoísmo e ao altruísmo. Estes
conceitos não necessariamente se adequam à
discussão psicológica de personalidade e da
abnegação. A palavra “egoísmo” é extraída do
mundo personalidade ou preferivelmente, é
uma modificação desta palavra, tendo a ver
com um modelo ou sistema de comportamento
completamente diferente do que a compreensão
psicológica tem da personalidade como uma
entidade consciente e em desenvolvimento.

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 É difícil isolar a personalidade. Quando nos nossos pensamentos ou em outras palavras,
referimos a personalidade, pensamos vagamente cada mudança que ocorre em nossas mentes,
no completo modelo que constitui a consciência está relacionada à existência da personalidade.
dentro do nosso ser. O conteúdo mental, a V ivemos como pessoas independentes,
atitude, o caráter e o comportamento que faz consciente ou inconscientemente. Ponderamos
de nós o que pensamos ser como entidades está todos os fenômenos ou ocorrências. Exagerar isto
todo incluído no que pode ser chamado de pode ser perigoso. Podemos viver de modo que a
personalidade. A personalidade, então, é uma personalidade se torne para nós uma consciência
palavra que abrange esta vasta complexidade pesada de modo que não possamos pensar em
de comportamento, de pensamento, de mais nada. Visto que estamos envolvidos com
memória, dos vários a personalidade, não
modelos que fazem podemos levar em
a totalidade da consideração mais
existência individual. nada. Nada muito
Esta palavra tem impor tante pode
recebido diferentes nos acontecer, ou
interpretações por nada de significativo
quase todos que já pode ocorrer em
tentaram defini-la. nosso ambiente que
Com relação ao ponto aumentará nosso
de vista com o qual a prazer de viver ou
palavra é abordada, nosso avanço em
seja ela psicológico, geral. A abnegação
religioso, filosófico ou é um estado do ser
puramente biológico, no qual alguém
não existe nenhuma não considera a si
definição para mesmo como o fator
personalidade que é mais importante na
aceita sob todos os existência ou como
pontos de vista. o centro do universo.
Uma vez que somos
Em qualquer normalmente
momento, estamos tão conscientes
conscientes de nossa personalidade. Somos, da personalidade, raramente pensamos
entretanto, incapazes de perceber como a em abnegação fora de um estado absoluto
consciência seria possível sem a personalidade. de sono ou num estado de inconsciência.
A respeito de onde podemos estar ou o que Estamos constantemente colocando ênfase na
podemos estar fazendo, no centro da consciência, personalidade e obviamente tudo o que fazemos
não necessariamente sempre como o centro e tudo o que consideramos está ligado a isso. Se
das atenções, há o despertar da existência abordarmos o tema personalidade a partir de um
da personalidade. Tudo o que percebemos, ponto de vista puramente psicológico, podemos

PÁGINA 15 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022

lançar alguma luz no assunto ou fazer com que a
personalidade tenha ou não a atenção contínua
não dividida com que ela com tanta frequência
tem durante o tempo em que somos entidades
conscientes.
A personalidade é mencionada em muitas
escrituras sagradas. Em muitas delas, ela
se transformou num fator importante no
desenvolvimento do ser humano individual ou
na consciência. Em outras palavras, ela se refere
simplesmente ao sentido de ser um outro ou
à palavra sinônima que leva o lugar de “Eu”.
Interpretações religiosas e místicas variam
muito em diversos lugares e em várias épocas.
Assim como a terminologia psicológica é sempre
assunto para o ponto de vista do indivíduo que
a usa, então a palavra personalidade é usada de
diferentes maneiras.
Há uma tradição interessante (pode ser
um mito) que diz respeito à personalidade
e à abnegação mencionada no Chandogy
Upanishad. Este documento antigo, contém
a estória de dois indivíduos que chegaram
a compreender a personalidade. A estória é
de certo modo, extraída de uma parábola, no
sentido de que é semelhante às parábolas do
Novo Testamento com as quais os Cristãos
estão tão bem familiarizados. A estória fala
de dois indivíduos que se dirigiram até um
professor com o propósito de adquirir uma
compreensão completa acerca da personalidade
e, portanto, estar aptos a encontrar seus lugares
e propósitos na vida e no universo. A estória
conta que, primeiro, quando eles abordaram
o professor que iria orientá-los, eles estavam
entusiasmados e como qualquer estudante,
estariam principalmente preocupados em se
tornarem professores, uma vez que teriam
PÁGINA 16 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
aprendido a verdade sobre a personalidade no
plano humano das coisas e como a personalidade
está relacionada ao Absoluto ou Deus.
O professor os instruiu para que fossem até
um lago e que olhassem para seus rostos na água.
Eles assim o fizeram e contaram que tudo o que
viram foi os seus reflexos. Então o professor
disse-lhes para que colocassem suas melhores
roupas, as melhores coisas que possuíam ou que
a eles tivessem acesso e olhassem novamente
para a água. Eles fizeram isso e, certamente,
viram a eles mesmos, vestidos da melhor forma
possível, para esta finalidade. Eles estavam
impressionados porque seus reflexos mostravam
a glória que eles fisicamente, ou pelo menos,
financeiramente eram capazes de garantir a si
mesmos.
Depois de admirarem seus reflexos desta
maneira, eles deixaram o professor e se
prepararam para voltar para a casa. Um dos
indivíduos estava completamente satisfeito. Ele
acreditava que havia descoberto a personalidade,
que a personalidade era o reflexo de nossa
entidade física, que sua personalidade corpórea
poderia ser arrumada, ser realçada e se
transformado em algo grande e maravilhoso
e que, contudo, poderia então ser venerada.
A mensagem dele à raça humana seria para
preparar a personalidade de modo a satisfazer
as necessidades físicas ou do corpo, para
satisfazer os seus desejos e seus apetites. Assim
procedendo, o homem encontraria o que estava
procurando.
De forma entusiasta, ele repetiu estas ideias
ao segundo estudante, mais cada vez mais, o
segundo estudante pensou sobre isso e percebeu
que o que o primeiro estudante havia aprendido

não deveria ser bem verdadeiro. Na verdade,
o segundo estudante disse: “Assim como esta
personalidade parece estar bem arrumada quando
o corpo está bem vestido, então também, ela estará
ofuscada quando o corpo estiver ofuscado, imperfeita
se o corpo estiver imperfeito, deformada se o corpo
estiver deformado. Esta mesma personalidade
morrerá quando o corpo morrer. Não há nada de
bom neste conhecimento. ” O indivíduo viu ou
concluiu que, a personalidade que foi percebida
no reflexo do lago não era mais do que uma
entidade temporária. Era apenas o tema de
várias vicissitudes do se. Assim, o indivíduo
não poderia encontrar satisfação permanente
ou ganho.
Então o segundo estudante voltou até o
professor. O professor era indulgente; ele viu
que pelo menos um de seus alunos pensou
algo mais do que o reflexo do objeto físico. De
acordo com a estória, o professor solicitou a ele
que não ficasse longe da escola por trinta e dois
anos enquanto estudava. Durante este tempo,
o professor o instruiu sobre vários princípios
que guiaram a uma compreensão total da
personalidade. O professor revelou ao estudante
que, em sonhos, um indivíduo poderia encontrar
PÁGINA 17 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
a personalidade, mas o estudante chegou à
conclusão de que esta personalidade também
não era verdadeira, uma vez que em seus
sonhos, era ainda consciente do sofrimento
e prazer; a verdadeira personalidade então
não seria percebida ao dormir e nos sonhos,
visto que essa condição é o equivalente à
aniquilação e a aniquilação da personalidade
não teria valor algum e não contribuiria à
descoberta.
Entretanto, depois de um estudo mais
profundo, o segundo estudante chegou
a uma descoberta mais importante e nas
escrituras sagradas estava escrito: “Este corpo
é morto e, eterno no poder da morte, mas dentro
dele habita a personalidade, imortal e sem forma.
Esta personalidade através de sua associação com
a consciência e com o corpo, é sujeito de prazer e
de sofrimento e enquanto houver essa associação,
nenhum homem poderá encontrar a liberdade
através do sofrimento e do prazer. Quando esta
associação chega a um fim, há um fim também do
sofrimento e do prazer. Ao ressurgir da consciência
física, conhecer a personalidade como distinta dos
sentidos dos órgãos e da mente, e conhecer o Absoluto
na verdadeira Luz, uma pessoa se regozija e se
torna liberta. ”
O segundo aluno, então, percebeu que a
verdadeira personalidade não é uma entidade
física, mas algo que habita no físico e que
enquanto a personalidade estiver associada à
consciência com o corpo, é sujeita ao prazer e
ao sofrimento. Quando a associação se encerra,
tanto o prazer quanto o sofrimento se encerram.
Estes sentimentos, estas respostas ao ambiente,
são simplesmente uma mensuração de padrões
físicos. Eventualmente este estudante aprendeu
que “tendo percebido sua própria personalidade, o
homem torna-se abnegado. Através da abnegação
ele não tem participação no prazer ou no sofrimento
mas alcança o poder absoluto. ”
A abnegação é a percepção de que somos mais
do que a consciência objetiva nos faz ser. Isto
significa que, como somos capazes de expandir
nossas consciências além dos limites de nossa
mente objetiva, combinamos forças que habitam
num plano mais elevado do que o qual estamos
familiarizados enquanto seres humanos terrenos.
O homem é, contudo, corpo e alma. O corpo
REFLEXÕES SOBRE A AURA
Você pode ver minha aura?
ssa é basicamente a pergunta
que muitas pessoas, Rosacruzes
ou não, fazem a estudantes da
AMORC. Muitas vezes essa
indagação decorre de uma
atitude sarcástica que algumas
pessoas assumem com relação
à percepção da aura. Acham que se a pessoa
não pode “ver” sua aura no próprio momento,
isso é prova bastante de que esse fenômeno não
existe. Outras pessoas desejam que o estudante
da AMORC “leia” sua aura e diga o tipo de
pessoa que elas são ou se sua aura tem uma cor
específica, e assim por diante.
Neste artigo não entraremos em tecnicismos
sobre a aura, pois essas informações podem ser
colhidas revendo-se as monografias. A aura é
PÁGINA 18 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
é físico; a alma é espiritual. A personalidade é
a consciência do corpo físico; a personalidade
interior é a consciência da alma. Para alcançar
domínio sobre esta personalidade física precisa-
se expandir nossa consciência para incluir, pelo
menos, alguma conscientização da personalidade
interior. A personalidade interior é parte da força
que transcende todos os seres físicos e através
dela podemos alcançar um nível de abnegação
devido a sua relação com a força ou energia que
é maior do que nós, como indivíduos, podemos
esperar ser no universo físico.
discutida e analisada amplamente e de vários
pontos de vista nos Graus iniciais e nos Graus
superiores. Por outro lado, a maioria das pessoas
que não estudam misticismo percebem que um
campo de energia circunda até mesmo objetos
inanimados, como resultado da radiação da
estrutura atômica da matéria.
Não obstante, segundo as lições rosacruzes,
tomamos a posição de que esse campo de
energia, que se irradia de objetos animados
e inanimados, possui uma polaridade dual.
Em outras palavras, a aura é uma combinação
da radiação e pulsação da Energia Espírito
da matéria (subjacente a todas as partículas
subatômicas) e do etéreo fulgor da Energia
Essencial de Vida (que constitui o campo
psíquico de energia e que não se reduz à matéria
sólida, líquida ou gasosa).
 Os estudantes de misticismo
comentam muito que certa pessoa
possui uma aura “negativa” ou
“positiva”. Basicamente, esse tipo de
comentário se deve a que a pessoa
se sente ou atraída ou repelida por
outra pessoa. Mas é ar que devemos
aplicar os aspectos de relatividade
para compreender a aura. Por exemplo,
uma pessoa que teve uma existência
essencialmente criminosa e esteja
buscando amigos compatíveis sentir-
se-á atraída por pessoas de igual índole.
Estas serão complementares de suas
necessidades e desejos. Ela se sentirá
à vontade com esses indivíduos.

Por outro lado, uma pessoa que

busque a bondade e a harmonia
provavelmente se sentirá repetida pela
Afirmamos que um pedaço de madeira ou uma
mente e pelo estilo de vida criminoso. Sentir-
pedra possui dentro de si alguma porção mínima
se-á atraída por aqueles que tenham quase os
dessa Energia de Vida. Mas um organismo
mesmos elevados objetivos de vida e modo de
vivo, como o de um ser humano ou de um
viver. Entretanto, alguns afirmarão que esse tipo
animal, possui ainda o potencial de consciência
de atração e repulsão não tem nada a ver com
e, além disso, de consciência da consciência
a aura, que se trata de uma reação estritamente
(autoconsciência). Ademais, a multiplicidade da
psicológica.
experiência de alguém, vida após vida, compõe o
arco-íris de sua personalidade, e isso é refletido
para fora, de dentro do corpo, na forma de uma A tentativa de provar a outrem que a
personalidade-alma. ação e reação que ocorre entre duas pessoas
é consequência da aura é análoga à de provar
a veracidade da reencarnação. Não podemos
Assim, podemos dizer que pelo menos três
prová-la; ou vivenciamos ou não teremos prova.
condições devem ser levadas em consideração a
A marca de um místico de mentalidade aberta
respeito da aura: a pulsante estrutura atômica da
é a tolerante atitude que diz “não tive ainda
matéria (como resultado da Energia Espírito),
essa experiência pessoal, e por isso não tenho
o campo de atividade conhecido como corpo
certeza de que isso é verdade; mas respeito a
psíquico (decorrente da Energia Essencial de
compreensão dos outros que já tiveram essa
Vida) e o sabor essencial da personalidade (que
experiência”. Assim, como no fenômeno da
resulta de aprender as complexas lições da vida
reencarnação, não se deve atacar a aura apenas
e da consequente evolução do Eu).
porque não se consegue percebê-la ou senti-la.

PÁGINA 19 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022

 Sabemos que os exploradores Europeus,
ao regressarem da terra que mais tarde seria
chamada de América, eram olhados com
zombaria e descrença ao descreverem o novo
mundo de além oceano, mundo que, em suas
inumeráveis milhas de deserto, continha
muitas plantas, animais e pessoas peculiares.
Tal condição fantástica não se enquadrava na
realidade dos europeus, de modo que muitos
rejeitavam completamente as informações.
Nossas lições apontam pelo menos duas
aplicações práticas da aura: cura e projeção
psíquica. Na cura, é melhor buscar fortalecer
o campo áurico ao redor do corpo, de modo
que o grande acúmulo de energia possa ser
cientificamente aplicado aos vários gânglios,
segundo explicações das monografias. Ao se
concentrar, fazer respirações profundas e talvez
realizar o exercício de concentração nas várias
partes do corpo, a aura adquire uma condição
de forte magnetismo. Outro exercício de
intensificação da aura é o de magnetização da
água.
PÁGINA 20 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
As duas áreas em que a radiação da aura é
pronunciada são a cabeça e as mãos. As mãos
vêm sendo usadas tradicionalmente por aqueles
que perceberam naturalmente seu potencial
para curar e pelos estudantes da AMORC
que estudaram nas monografias os meios de
aplicá-las com eficiência ao corpo para fins de
cura. Entretanto, a cura psíquica é mais eficaz
quando a aura do terapeuta foi intensificada
pelos métodos mencionados.
Nos exercícios de projeção, uma aura intensa
é fundamental. A energia positiva psíquica do
corpo e da personalidade deve estar tão intensa
que supere o campo de energia essencialmente
negativo do corpo físico. (Tenham em mente
que, com positivo e negativo, estamos nos
referindo a polaridade.) Quando alguém
consegue perceber a presença do corpo psíquico
projetado de outra pessoa, geralmente percebe
não só um campo de energia, mas sente também
a personalidade da pessoa. Esse é um aspecto
muitíssimo interessante dos estudos rosa cruzes,
e recomendamos que nossos estudantes revisem
quando puderem essas lições.
A o m e s m o t e m p o, a s
monografias avisam os novos
estudantes que o fenômeno
de projeção psíquica, por
e x e m p l o, é s o m e n t e u m
dentre uma ampla gama de
temas místicos abordados nas
lições. Compreender e aplicar
esse conhecimento exige o
estudo criterioso e gradativo
das primeiras monografias. É
fundamental enfatizar que uma
aura de forte carga positiva é
extremamente importante para
os exercícios de projeção.
 Enfatizando outro ponto, a pessoa deve
alcançar certo nível de desenvolvimento interior
para ser capaz de perceber a aura. Se ela possui
natureza sensível, de modo geral sente a aura
da outra muito antes de poder vê-la. Por outro
lado, afirmamos que o sentir psíquico é tão
válido quanto o ver psíquico, mas a maioria
das pessoas fica muito mais impressionada por
uma experiência visual. Talvez essa atitude seja
vestígio da velha concepção materialista de “ver
para crer”.
Queiram lembrar, Fratres e Sórores, que
só porque a literatura mística nos informa
sobre a existência de uma aura, isso não nos
fará automaticamente percebê-la. Estamos
tentando dizer que a consciência precisa ser
gradativamente elevada de nível, como o
desabrochar das pétalas de uma rosa, para que
ocorram certos níveis de despertar interior.
Por isso, sugerimos que o estudante não dê
importância tão absoluta a conseguir ou não ver
a aura. Sugerimos, porém, que ele continue a
subir a montanha interior da iluminação, e que
não fique desencorajado. Lembrem-se também
de que não é só a reencarnação, a aura e outros
fenômenos que necessitam de experiência
pessoal, mas a percepção da própria natureza
da Inteligência Infinita.
Num excelente artigo intitulado “Compre­
endendo a Lei Cósmica”, o Dr. Lewis escreveu:
“Elevando nossa consciência ao Cósmico
passaremos a compreender (suas) leis e
princípios. Isso, então nos aproximará mais de
Deus.
Fórum Rosacruz
abril de 1987

VOCÊ TEM PERGUNTAS

OU DÚVIDAS
PARA O FÓRUM?
ESCREVA PARA:
forum@amorc.org.br

PÁGINA 21 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022

 RECORDAÇÃO DE VIDAS PASSADAS
Um frater dirige ao Fórum a seguinte pergunta:
“A recordação de experiências passadas e sua
coordenação na memória resultam em maior
desenvolvimento e compreensão espiritual?”
odas as coisas se modificam,
a t é c e r t o p o n t o, c o m o
passar do tempo. Com os
anos, enf rentamos muitas
experiências diversificadas.
Estas nos conferem maior
profundeza de compreensão e
a capacidade para avaliarmos circunstâncias que
com elas estão relacionadas. Em outras palavras,
aumentamos o nosso discernimento. Podemos
comparar acontecimentos de um certo período
de tempo e suas causas, com os efeitos que a
eles se seguem. É possível, então, razoavelmente
presumir que uma causa conhecida, definida, que
ocorre em circunstâncias idênticas, produzirá os
mesmos efeitos em época futura.
Naturalmente, essa Suposição não é neces­
sariamente absoluta, por que depende da
observação do indivíduo e de sua capacidade
para analisar todo o emaranhado de uma
experiência complexa. Aquilo que ele possa
considerar uma causa, talvez não o seja
totalmente; pode haver outras circunstâncias
estranhas, porém relacionadas, das quais ele não
tenha conhecimento. Portanto, aquilo que ele
imagina ser uma causa absoluta não seria tal, e
não poderia ser projetada na imaginação para se
enquadrar em outras situações do futuro.
PÁGINA 22 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
Geralmente, contudo, o discernimento de
todas as pessoas se intensifica com o tempo
e as inúmeras revelações que ele propicia, nas
várias vicissitudes da vida. De maneira simples,
tornamo-nos, até certo ponto, mais judiciosos
do que éramos alguns anos atrás.
O frater, todavia, ao aludir a experiências
passadas, está principalmente se referindo a
encarnações passadas. A recordação de encarnações
passadas nem sempre é verdadeiramente igual
ao acontecimento objetivamente experimentado
naquela encarnação. Em outras palavras, a
experiência recordada pode, na medida em
que seus detalhes específicos tenham ligação,
ser totalmente simbólica. Com a compreensão
do simbolismo, poderemos, então, colher o
significado verdadeiro da experiência passada e
qualquer lição que ela nos transmita no presente.
Permitam-me fazer uso de uma analogia.
Uma pessoa poderá, subitamente, quando em
meditação, perceber a imagem mental de uma
grande cortina de chamas. Através das chamas,
consegue vislumbrar uma figura, que identifica
como sendo ela própria, aproximando-se das
chamas. É claro que essa pessoa pretende
atravessar a cortina de chamas. Ela não corre
perigo onde se encontra, porém é evidente
uma instância desconhecida
para cruzar as chamas e atingir
o outro lado. Na experiência,
ela é vista se aproximando
das chamas, vez após vez,
afastando-se delas, em seguida.
De algum modo, a pessoa que
está passando pela experiência,
na ocasião, percebe que a figura
que está visualizando não tem
medo exc lusivamente das
chamas; não é apenas isso que
está causando o afastamento,
mas alguma coisa que as chamas
a ela estão sugerindo.
é, se ela não parecer racional ou compreensiva,
Pois bem, a experiência total na analogia de como parece, então teremos de interpretá-
uma vida passada não está apenas relacionada la como simbólica. É nesse particular que o
com uma cortina de fogo; está ilustrando discernimento que adquirimos nesta existência
certos atos nocivos e pensamentos que a se tomará útil. Uma recordação normal do
pessoa abrigou, no passado, e que estavam passado apresenta a continuidade de causa e
causando sofrimento não apenas a ela mesma, efeito, igual à de qualquer experiência que hoje
mas também a outros. No passado, ela estava tenhamos, muito embora as circunstâncias do
consciente dessas fraquezas de seu caráter, e passado possam ser diferentes.
deveria ter tentado superá-las. Todavia, sua
vontade era fraca e ela não conseguia vencer as Tão logo compreendamos o simbolismo
tentações; retraía-se sempre, e voltava ao padrão de uma experiência passada, seremos psíquica
de hábitos imoral que havia estabelecido. Em e materialmente auxiliados. Isto resulta em
outras palavras, subitamente o simbolismo da desenvolvimento da compreensão de nós
experiência se tornou claro para a pessoa que a mesmos e da nossa relação cósmica. Expresso de
estava percebendo mentalmente. maneira simples acelera o despertar espiritual.
Se o simbolismo de uma experiência passada
Assim, quando tivermos recordações de uma revelar certa fraqueza do Eu, esse conhecimento,
outra encarnação, teremos de lembrar que elas então, nos dará a possibilidade de corrigir essa
podem ser simbólicas. Como saberemos que uma fraqueza e, consequentemente, evoluir o Eu.
certa impressão de uma encarnação passada No entanto, a iniciativa para isso fazermos é de
não é uma lembrança de acontecimento real e, nossa inteira responsabilidade.
sim, na verdade, simbólica? Se a cena de uma
encarnação passada que estivermos percebendo Não é conveniente, em qualquer ocasião,
não for razoável do ponto de vista objetivo, isto conforme repetidamente afirmamos nas
monografias, pedir a outros que para nós

PÁGINA 23 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022

descubram o simbolismo de uma experiência
mística que tenhamos tido. A interpretação
de uma outra pessoa poderá nos confundir
em vez de nos auxiliar, por que não estamos,
todos, no mesmo nível de consciência. Algumas
pessoas têm maior sensibilidade, isto é, a
faculdade de explorar mais profundamente
o seu próprio subconsciente, do que outras.
Consequentemente, cada um de nós tem as
experiências que estão relacionadas com a nossa
dualidade de consciência e compreensão. A
experiência mística que tivermos, é destinada
a nós mesmos. Ela decorre da compreensão que
tivermos adquirido em nosso atual estágio de
desenvolvimento.
É também conveniente compreendermos
que o simbolismo de uma recordação passada
nem sempre é imediatamente compreendido.
PÁGINA 24 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
Talvez levemos algum tempo para decifrá-lo.
Melhor será que não tentemos racionalizá-lo,
mas, quando em meditação, aguardarmos pelo
lampejo intuitivo (semelhante a uma ilustração
inspiradora, súbita, revelando o simbolismo)
que se nos apresentará. Se ele não surgir durante
os primeiros poucos minutos de meditação,
esqueçamo-lo e, então, reavivemos a recordação,
em uma outra ocasião. Quando o significado do
simbolismo se nos tomar claro, adquiriremos
uma perspicuidade tal, isto é, clareza, que ele
se nos tornará evidente por si mesmo. Não será
necessário, então, que indaguemos de uma outra
pessoa se a nossa interpretação do simbolismo
está correta. Saberemos que ela realmente está,
e teremos a sensação de convicção em todo o
nosso Ser.
Arquivos Rosacruzes
 PREMONIÇÃO E INTUIÇÃO

Qual a diferença entre premonição e intuição?

pesar da aparente simila-

ridade entre premonição
e intuição, existem di-
ferenças que devem ser
compreendidas. A intui-
ção é o ato de perceber e
discernir imediatamente
algo que está ocorrendo. É a voz do Eu
interior direcionando o tempo todo o
nosso comportamento. Ela acontece e se
refere a acontecimentos do presente, na
atualidade, em forma de impressões psí-
quicas transferidas para a nossa consciência
objetiva que poderá tomar a decisão de
aceitar ou rejeitar o que lhe é sugerido.
É uma importante ferramenta da vida
diária, mesmo que conscientemente não a
percebamos. Todos somos intuitivos, mas
temos dificuldade de apreender a intuição, amamos ou algum outro acontecimento que
pois quando a trazemos para o plano objetivo, tenha grande impacto na coletividade. Enquanto
tendemos a questioná-la e submetê-la à razão a intuição é silente e sutil, a premonição é
antes de agir. Nossos ensinamentos, desde as mais enfática e pode acontecer em forma de
primeiras lições, contêm exercícios que ensinam impressões auditivas, visuais e até mesmo em
como desenvolver a capacidade de perceber as sonhos. Um dos cuidados que devemos ter é
sutis sugestões da intuição e proceder conforme o de não confundir nossas próprias criações
esta importante faculdade. imaginárias, oriundas de nossos medos ou
preocupações, com premonições negativas, o
Já a premonição, tem o sentido de pres­ que é bastante comum. Neste sentido, praticar
sentimento ou presságio de algo que ainda não os ensinamentos da Ordem, mantendo nossa
aconteceu. Normalmente, a premonição tem mente limpa do envenenamento mental nos
uma função protetora, nos advertindo a respeito ajudará a discernir as verdadeiras impressões
de um perigo iminente, nos precavendo sobre advindas do nosso eu interior.
um acontecimento futuro que pode pôr em risco
nossa própria integridade física, a de pessoas que BMP

PÁGINA 25 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022

 PRINCÍPIOS MÍSTICOS
Serão os princípios místicos, meras afirmações
agradáveis? Haverá coisas e condições que devam
ser aceitas inteiramente pela fé e que não possam
ser provadas? Ao analisar a questão de provar,
defrontamo-nos, logo de início, com a necessidade
de estabelecer critérios. Em outras palavras, que será
aceito como prova?
experiência se processa em
vários níveis (objetivo, subjetivo
e emocional). Por exemplo,
como poderíamos provar o que
uma pessoa está recordando, se
ela não manifesta objetivamente
a recordação? Não obstante,
não podemos refutar a declaração de uma
pessoa no sentido de que num dado momento
está recordando alguma coisa. Não podemos
contestar a emoção de uma outra pessoa
simplesmente porque ela não a demonstra
exteriormente, de modo objetivo.
Possivelmente, há realidades de natureza
inteiramente íntima e que estão confinadas
ao indivíduo. Essas realidades são para ele
incontestáveis, porém não o são para os outros.
Talvez ele não possa provar suas sensações a
outrem; por outro lado, os outros também não
podem provar que ele não as esteja vivendo.
A prova deve ser de duas espécies. Uma deve
ser feita exteriormente, por meio da percepção
sensorial. A outra deve ser interior (atividade
inteiramente própria do estado subjetivo e do
subconsciente).
PÁGINA 26 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
Se o elemento de prova é físico, material, está,
então, restrito ao campo dos sentidos receptores.
Se afirmo que uma casa tem telhado vermelho
e persianas verdes, estou me referindo a algo
bastante empírico que está relacionado com cores
perceptíveis e um objeto tridimensional. Caso
se trate de uma coisa que posso ver a olho nu, o
mesmo deve ocorrer com todas as outras pessoas
normais. Se eu não for capaz de demonstrar a
existência dessa coisa e fazer com que outras
pessoas tenham a mesma experiência visual,
então terei falhado em provar minha afirmação.
Muitas de nossas emoções são transferíveis,
isto é, podem ser transferidas para uma ação
ou expressão exterior. O ódio e o medo são
exemplos comuns deste fato. Por contorções
faciais, tom de voz, e talvez por violenta ação
de braços e pernas, o indivíduo dá mostras da
raiva que está sentindo. Terá, então, convertido
um sentimento subjetivo numa condição
objetivamente percebida. Desse modo, deu
prova de sua raiva a outros que não sentiam
essa emoção. O próprio indivíduo, porém, não
precisa de qualquer evidência externa do fato
de que está sentindo ódio.

Usemos uma analogia para esclarecer este
ponto. Admitiremos que três homens estão
conversando. A faz uma observação que, tem
certeza, fará B ficar zangado. C, no entanto,
desconhece essa observação e seu efeito sobre B.
Embora A esteja zangado, não dá demonstração
de seus sentimentos. Seria, portanto, impossível
para A ou B provar posteriormente a C que A
estava zangado durante toda a conversa. No
entanto, A e B sabem que a observação havia
sido motivada pela raiva.
Os princípios místicos, na maioria dos
casos, não podem ser provados por uma
pessoa a outra ou outras. Os assuntos de que
geralmente se ocupa o misticismo não são
de natureza empírica, ou seja, não podem ser
objetivamente demonstrados. São coisas que o
próprio indivíduo deve empreender (tornando-
se, por conseguinte, experiências pessoais).
Todavia, é lógico que o misticismo não teria
persistido através dos séculos, se não tivesse sido
convincente para seus cultores.
Nenhuma pessoa inteligente admitirá
resultados que não possa de algum modo
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perceber. O misticismo, embora
filosófico e abstrato em suas doutrinas,
recomenda, não obstante, numerosos
exercícios e atos que devem ser
executados e para os quais são previstos
resultados específicos. Evidentemente,
se ninguém tivesse obtido esses
resultados, repetimos, o misticismo
jamais teria sobrevivido.
Um dos propósitos básicos do
misticismo é proporcionar uma
experiência íntima com o Absoluto,
chamemo-lo de Deus, Cósmico, ou
Consciência Universal, se preferirmos.
Embora difícil de definir com detalhes para
outrem, aqueles que passaram por essa experiência
analisaram-na suficientemente com o propósito
de estabelecer os efeitos específicos que então
perceberam.Disseram da excepcional tranquilidade
que ela proporcionou, da momentânea eliminação
de todos os pensamentos e sentimentos de
conflito e ansiedade.
Referiram-se a uma perda das qualidades
determinantes do ego durante a experiência, e
a um sentimento de absorção no Ser Total (a
união com o Todo). Explicaram também suas
subsequentes sensações de júbilo e a agudeza de
sua mente, a clareza com que puderam aplicá-la
a problemas que antes causavam perplexidade.
Não puderam provar essas coisas (obje­
tivamente) a outrem, porque elas não eram
condições tangíveis externas que pudessem ser
percebidas por outras pessoas. Então, significará
isto que o misticismo não é demonstrável para o
indivíduo que o pratica? Em mais uma analogia,
como pode um indivíduo provar a um outro que
algo lhe é moralmente ofensivo?
 O senso moral é pessoal. Circunstâncias e
condições que sejam repulsivas para uma pessoa,
talvez não o sejam para uma outra. O fato de
que um indivíduo não sinta qualquer angústia
de consciência ao explorar um seu semelhante,
não é indicação de que um sentimento de culpa
e imoralidade, pelo mesmo ato, não ocorreria a
um indivíduo.
Não é possível formular o misticismo em
base científica. A ciência é uma investigação da
Natureza, com base em observações coletivamente
demonstráveis. O objetivo da investigação e os
resultados da pesquisa devem ser demonstráveis
para os sentidos receptores de qualquer pessoa
normal, em condições semelhantes.
Os níveis de comprovação do misticismo e da
ciência são bem diferentes. Um é inteiramente
físico, e o outro subjetivo e psíquico. Alguns
fenômenos psíquicos podem ser transferidos
para o campo físico para avaliação científica,
porém isto não é possível com todos esses
fenômenos.
O próprio pensamento é um processo
psíquico, se comparado ao caminhar, falar ou
escrever. Não obstante, o pensamento
(a ideia) pode ser traduzido em ação
física simbólica, em forma de palavra
falada ou escrita. Por conseguinte,
podemos provar cientificamente
qual o pensamento de um indivíduo
quando ele o tenha simbolicamente
expressado. Entretanto, sem essa
objetivação, nenhum conhecimento
podemos ter da ideia de uma outra
pessoa, exceto por meios telepáticos
que, uma vez mais, implicam em
estado psíquico.
PÁGINA 28 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
Tudo que pode ser objetivamente provado,
usualmente pode ser demonstrado dentro de
um período de tempo conhecido. Em outras
palavras, quando o indivíduo é levado ao ponto
de observação daquilo que se conhece como fato,
o tempo requerido para se provar sua natureza
é geralmente conhecido, quer o fenômeno seja
imediato ou leve dias ou semanas. Tão logo
um fenômeno natural seja reduzido a uma lei,
o tempo do processo de desenvolvimento (o
período necessário à operação da lei) torna-se
conhecido.
Em ciência, todas as variáveis são finalmente
conhecidas se o experimento for demonstrável.
Em misticismo, essas variáveis não são
conhecidas. Exatamente quando um indivíduo
poderá ter a experiência da Consciência
Cósmica, por exemplo, ou mesmo se algum
dia a terá, é especulativo. O instrumental, no
misticismo, consiste da personalidade humana
e do estado de consciência. Estes fatores são
desconhecidos, no que tange a grau de perfeição
ou desenvolvimento específico do indivíduo.
Não se pode afirmar, com certeza, quando esses
fatores são suficientemente agudos ou sensíveis
para provocar o resultado almejado.
 Ao sintonizarmos um amplificador de cascata
de alta frequência para certos comprimentos
de onda com o objetivo de captar programas
irradiados em ondas curtas, os fatores em jogo
são todos conhecidos (capacidade do receptor,
frequências que ele pode sintonizar, e também
sua potência de amplificação). Sabemos em
que faixa de ondas estamos sintonizando, se há
uma estação transmitindo nessa faixa, podemos
demonstrá-lo auditivamente. Se houvesse
um meio de se ter a mesma certeza quanto à
evolução psíquica de um indivíduo, poder-se-
ia ter a mesma segurança dos resultados que
ele poderia obter. No entanto, cada indivíduo
precisa desenvolver o seu próprio instrumento,
PRIVACIDADE DOS ENSINAMENTOS ROSACRUZES
De vez em quando algum Membro escreve
perguntando se é permitido mostrar alguma das
lições a estranhos ou parentes nos quais está tentando
despertar o interesse pela Ordem.
lém do fato de que as lições
devem ser mantidas privativas e
secretas, não se obtém nenhum
benefício ou vantagem de
mostrar algumas lições a algum
possível candidato a Membro.
Sempre achei interessante
observar numa livraria ou biblioteca possíveis
compradores ou leitores de um novo livro. Eles
apanham um livro com título atraente na capa,
e abrem o livro ao meio, lendo aqui e ali um ou
dois parágrafos. Eles examinam vários livros
desse modo, para decidir o que merece ser lido.
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sua própria consciência, e descobrir, em seu
próprio âmago; sua capacidade.
Muitas condições criam desequilíbrio nas
reações psíquicas; usualmente, porém, essas
condições não se fazem presentes em instrumentos
físicos. A saúde do indivíduo, seu ambiente,
ansiedade, tensão, interferências, pensamentos
alheios, podem impedi-lo de alcançar sucesso.
A pessoa que alcança resultados com princípios
místicos prova sua eficácia a si mesma. Afinal, é
com o ego que o misticismo se preocupa.
Ralph M. Lewis
Fórum Rosacruz janeiro de 1974
Sempre que converso com essas pessoas, dizem-
me que estão verificando se o livro é interessante
e, ao se decidirem sobre um livro, fazem-no
geralmente porque encontraram um parágrafo
que lhes pareceu interessante.
Ora, independentemente de o livro conter
uma ficção ou ser expressão de alguma filosofia
ou ciência, o autor o escreveu e planejou com a
intenção de começar em certo ponto e terminar
em certo clímax. Isso se aplica especialmente a
uma estória ou assunto apresentado de modo
lógico, e o escritor desses livros passa muitos
meses dispondo a sequência de fatos, para que

estes conduzam passo a passo o interesse do
leitor, de modo a impressionar eficientemente
o leitor e revelar os fatos na maneira mais
digna e justa. Pulando o primeiro capítulo ou
saltando para o meio da estória ou da análise
científica, você está colocando o livro, o autor
e sua obra em desvantagem, e enganando-
se a si mesmo e, inquestionavelmente,
dando-se a si mesmo equivocada impressão,
interpretação e entendimento de todo o
assunto.
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O meio adequado de examinar
um livro e determinar se ele será de
interesse é ler não só o título na capa,
mas voltar à página de rosto e lê-la
totalmente, de cima a baixo. Primeiro
observe sobre o que fala o livro, lendo
o título e o subtítulo cuidadosamente,
e então note quem é o autor ou quais
outros livros escreveu, e então leia a
data e verifique a idade do livro. Se se
trata de um livro que aborda questões
científicas e tem o livro vinte e cinco
ou mesmo dez anos, você deve estar
preparado para mais tarde descobrir
que muitas das afirmações do livro
serão contraditadas em novos livros.
Mas para determinar se o livro
será ou não interessante, você deve
consultar o índice e ler os títulos,
observando o esboço completo dos
temas revelados por esses capítulos,
e então, se ainda em dúvida, você
deve ler a introdução ou prefácio,
pois com frequência o que o autor
ou alguém mais diz nos revela mais
sobre a obra do que qualquer outra
descrição. Às vezes um livro com um
título desinteressante ou um índice
mais ou menos sem atrativos torna-se
surpreendentemente interessante ao
lermos a introdução.
Tomemos o livro “A Vós Confio”. O título
não é atraente, exceto para estudantes de
misticismo que reconhecem a antiga frase, mas
depois que a pessoa leu a introdução e descobriu
que o conteúdo do livro se origina num antigo
manuscrito descoberto num mosteiro do Tibete
e soube o modo misterioso e estranho com que
o livro veio aos olhos do público, imediatamente
fica interessada pelo conteúdo do livro, como se
fossem uma estória ou obra de ficção que conta
uma estória de mistério.
Permitir que alguém leia algumas lições,
seja do Primeiro ou de Graus subsequentes, é
como extrair um capítulo ou dois de um livro
e estendê-lo para que alguém o leia, de modo
a despertar seu interesse por todo o livro.
Muitas de nossas lições, se separadas das que as
precedem e as sucedem, não têm interesse tão
estupendo a ponto de fazer qualquer buscador
desejar se juntar a nossa organização e iniciar o
trabalho sem demora.
PÁGINA 31 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
Mesmo os produtores de cinema descobriram
que um dos problemas mais difíceis é a
preparação de “trailers” de filmes futuros que
sirvam de propaganda para filmes que virão.
É extremamente difícil decidir quais as duas
ou três cenas que serão extraídas de um filme
de duas horas, para dar à plateia mesmo um
vislumbre bom ou razoável do que contém todo
o filme, e estou informado de que as maiores
autoridades da área jamais foram capazes de
ficar satisfeitas com qualquer escolha de cenas
que pudessem fazer justiça ao filme todo. Se
achássemos que algumas amostras de lições
fizessem justiça ao nosso trabalho e
fossem um argumento convincente
que levasse as pessoas a desejar os
estudos completos, não hesitaríamos
em preparar essas lições-amostra,
mas sabemos que isso não pode ser
feito com justiça ao nosso trabalho;
portanto, não o fazemos.
Entretanto, como todos os Mem-
bros concordaram voluntariamente
com os juramentos e obrigações de
afiliação que precederam a mostra das
lições, estamos certos de que nenhum
deles tentará esse tipo de coisa. Nossas
lições devem ser conservadas como
material privativo, confidencial. São
emprestadas a você pela organização,
e você tem o privilégio de guardá-las
para uso próprio; mas não constituem
matéria que foi vendida a você ou
que você de algum modo comprou.
As lições por si mesmas e em si mes-
mas, à parte da relação que elas têm
com a organização e de sua afiliação
à organização, não constituem todos
os benefícios e todas as formas de
instrução que os Membros recebem.
Dr. H. Spencer Lewis, F.R.C.
 PROBLEMAS E DECISÕES
Uma Soror pede o seguinte ao nosso Fórum: “Parece
que eu estou tendo problemas sérios, um atrás do
outro, neste período da minha vida. Não consigo
decidir como lidar com eles. Vocês têm algum conselho
para me orientar de maneira mística?”
roblemas de família. Proble­
mas sociais. Problemas de
negócios. Estas coisas têm
realmente um jeito irritante de
se acumular, com frequência
tudo de uma vez. Praticamente
todos nós já passamos por
períodos assim e, como somos todos Membros
da mesma Ordem fraternal, nosso coração deve
se estender à nossa Soror, que parece presa
num emaranhado de perplexidades. Quando
sua energia é exaurida na tentativa de resolver
uma dificuldade, outra aparece logo atrás, como
algum monstro lendário exigindo combate. Em
consequência, apenas uma fração da vitalidade
necessária é dirigida a cada sucessiva situação.
Isto pode levar ao desespero e pensamento
negativo. Não dispomos de nenhuma panaceia
para a nossa Soror, ou para qualquer dos nossos
Membros, mas ofereceremos alguns pensamentos
construtivos que poderão ajudá-la a restaurar seu
equilíbrio e conseguir uma perspectiva mais
elevada sobre a vida.
Nossa Soror diz que não consegue decidir
como lidar com seus problemas. Concordamos
em que, quando estamos sofrendo sob uma
PÁGINA 32 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
miríade de preocupações, o processo de tomar
decisões às vezes torna-se de fato debilitado;
encontramos dificuldade para estabelecer um
curso de ação. Por outro lado, é importante
lembrarmo-nos de que podemos disciplinar nossa
mente, e de que decisões estão realmente sendo
tomadas por nós a todo instante e em diversas
situações. Por exemplo, decidimos levantar da
cama hoje de manhã, escolhemos uma roupa
para vestir, e deliberadamente planejamos certas
ações para o dia. Depois escolhemos algum
alimento para ingerir, e demos preferência a
certo tipo de distração, mais tarde. Além disso,
num nível mais alto, em algum momento da
nossa vida fizemos a escolha de um cônjuge, e
escolhemos também qual seria nosso meio de
subsistência na vida.
Ainda num outro nível, um dia decidimos nos
unir à AMORC. Sim, estamos constantemente
tomando decisões que podem afetar e de fato
afetam nossa vida por anos à frente.
Uma das maneiras de readquirirmos o
domínio mental do ego durante esses períodos
de tensão consiste em lembrarmos que a Ordem
Rosacruz acena com a possibilidade real de cada

um de nós ser capaz de criar mentalmente uma
nova situação para si mesmo na vida.
Se, no entanto, nos deixamos levar a esmo
e permitimos que as coisas nos aconteçam de
modo arbitrário, certamente o resultado vai ser
uma depressão mental. Uma Aplicação Semanal
menciona esse infeliz estado psicológico que
ocorre a homens e mulheres que vão vivendo
sua vida diária ao sabor dos acontecimentos,
de maneira monótona e apática. A própria vida
deve ser encarada como um meio para um fim
e não apenas um fim em si mesma. Em outras
palavras, recomendamos aos nossos Membros
que façam alguma coisa com sua vida e não
se deixem simplesmente arrastar pela maré.
Escolham um bom objetivo na vida. Façam
dele algo que se torne um projeto construtivo
para o bem de outros, além do seu próprio bem.
Transformem-no em uma meta realística e,
então, sigam em frente, passo a passo, seguros
e felizes na consciência de que sua decisão
de melhorar sua vida conta com o apoio e a
assistência da Mente Cósmica, que há de guiá-
los e inspirá-los para a consecução final.
PÁGINA 33 – FÓRUM ROSACRUZ – 02 – 2022
Antes de continuarmos com
o que acredi­tamos que será uma
orientação construtiva para a nossa
Soror, queremos salientar que
uma não-decisão também é uma
decisão! Isto é, de tempos a tempos,
deparamo-nos com um problema
particularmente controverso,
sobre o qual hesitamos em tomar
uma decisão rápida. Infelizmente,
podemos saltar para o extremo e
hesitar em tomar uma decisão por
longos períodos de tempo. Essa
própria decisão de adiar, protelar,
ou ponderar e julgar ad infinitum, é uma decisão
real de nossa parte e resulta em certas atitudes
e condições em nossa vida. Às vezes alegamos
que estamos aguardando “inspiração cósmica”
que nos mostre o caminho a seguir. Esta é
uma atitude válida para assumirmos em muitas
situações, especialmente se esperamos que o
resultado há de ser de algum modo sério.
Mas, como já dissemos, podemos ir longe
demais e nos recusar a tomar uma decisão ao
ponto de se perder o bem que nos aguardava e
a demora se tornar uma situação negativa em
nossa vida. Nestes casos, sugerimos que vocês
tenham em mente que fizeram o melhor que
podiam em suas deliberações e sigam em frente
com um firme julgamento da situação, seja ele
qual for. Pode ser então que sua decisão abra o
canal interno para a inspiração Cósmica, a qual,
ou virá apoiar e sustentar emocionalmente sua
decisão ou, talvez, delicadamente impeli-los a
tomar outro caminho. O ponto importante é
que vocês, como estudantes de misticismo, terão
voluntariamente exercido sua capacidade de
traçar um rumo de vida para si mesmos.

É também verdade
que o nosso caráter,
como resultado
de nossos ideais e
escolhas na vida, é
uma condição que está
sempre em evolução,
e a importância de
tomarmos decisões
construtivas em nossa
vida é a maior possível.
Os problemas da vida resultam muitas
vezes de nossa tentativa de dominar os outros
pela força da nossa vontade. Por exemplo,
digamos que tomamos uma firme decisão sobre
uma questão de negócios, mas essa decisão
não está funcionando bem. Está começando
a surgir oposição ao nosso plano, talvez
justificadamente. Não obstante, insistimos no
plano e teimosamente determinamos que as
coisas aconteçam como queremos, seja qual
for o resultado. Para citarmos uma monografia:
“Em geral, o poder da vontade é o resultado de
conclusões obtidas pelo raciocínio da mente ou
inteligência objetiva, exterior; tais conclusões,
certas ou erradas, verdadeiras ou falsas, razoáveis
ou não, do ponto de vista do padrão de verdade
universal, são fixadas pela obstinação do caráter
exterior da pessoa. É a isso que as pessoas dão
o nome de força de vontade.”
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Essa lição prossegue recomendando que
a verdadeira causa desses problemas seja
procurada (talvez mediante intuição) a fim
de que se possa chegar a uma consecução
maior. Quando o indivíduo desiste de se
bater por uma causa insignificante e recebe
Luz do Mestre Interior, uma mudança
pode ser feita, uma decisão melhor, capaz
de verdadeiramente trazer benefício para
todas as pessoas envolvidas.
Esta próxima recomendação está
relacionada com a anterior, na medida em
que o estudante esteja trabalhando contra
si mesmo para realizar algum propósito.
Por exemplo, um pai decidiu que é melhor
ser rigoroso e severo com seus jovens filhos,
para que eles cresçam respeitando-o e
também às leis da sociedade. Estuda suas
monografias e segue a “Lei da Sugestão”
muito firmemente. Submete um claro e bem
definido comando à sua mente subconsciente,
todas as noites, no sentido de que será rigoroso
em exercer disciplina sobre os seus filhos.
Enquanto isso, a mente subconsciente do nosso
Frater, por estar em constante contato com a
Mente Universal de Deus, está lhe enviando
mensagens de amor, compreensão, compaixão,
calor humano, bom-humor, firmeza e justiça.
Isto, naturalmente, provoca um conflito de
emoções no âmago do nosso Frater e resulta
numa real perturbação em sua aura enquanto
ele desenvolve suas atividades diárias. Os
filhos sentem esse conflito, ficam eles próprios
confusos e começam a se rebelar.
Não estamos dizendo, necessariamente, que
a disciplina é errada, mas estamos afirmando
que nossas decisões e sugestões ao Eu interior
“para que sejam bem-sucedidas e poderosas
devem ser de natureza tal que não interfira no
princípio construtivo da mente subconsciente”.
Quando tomamos uma firme decisão, seguindo
essa orientação construtiva, essa decisão torna-se
uma lei ou um hábito para o Eu interior. Temos
então uma sutil sensação de paz em nosso âmago.
Neste ponto, vamos reiterar o que foi dito num
artigo anterior do Fórum relativamente à since-
ridade do estudante ao lutar com seus problemas.
Se a pessoa está abrigando uma natureza cínica,
então todas as suas decisões estarão de algum
modo coloridas com certo ponto de vista defor-
mado. Por outro lado, se o indivíduo é verdadeira
e sinceramente aberto ao auxílio cósmico, tem o
maior bem para os outros predominando em sua
mente enquanto procura soluções para seus pro-
blemas, então há de encontrar felicidade, alegria e
pacífica resolução de preocupações. “A sinceridade
é um elemento necessário ao domínio de qualquer
empreendimento.”
Nenhum artigo sobre a importância de se
tomar decisões claras pode ser completo sem
se enfatizar aquilo que é discutido
num Grau de Templo superior: o
caráter. Sem nos aprofundarmos
muito nos ensinamentos da
monografia, queremos enfatizar
novamente que toda escolha,
toda decisão firme da nossa parte,
é um importante degrau para
moldarmos o nosso caráter, para
o bem ou para o mal. Se os nossos
ideais são elevados e desejamos
o melhor e mais nobre na vida,
então uma decisão sobre algum
problema social, por exemplo, deve
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necessariamente e há de refletir esses ideais que
vibram em nossa consciência. Isto é como um
escultor que, com a escultura final em mente, faz
todas as nuanças e curvas da argila se ajustarem
ao seu ideal mental. É também verdade que
o nosso caráter, como resultado de nossos
ideais e escolhas na vida, é uma condição que
está sempre em evolução, e a importância de
tomarmos decisões construtivas em nossa vida
é a maior possível.
Às vezes é possível que tenhamos estabelecido
em nossa mente uma concepção desarrazoada
ou talvez mesmo completamente falsa, que nos
esteja causando preocupações e tensão quando
nossos sonhos e esperanças estejam falhando
em se concretizar. Suponhamos, por exemplo,
que uma mãe estude a conjuntura econômica do
país em que vive com sua filha e chegue à firme
conclusão de que a melhor maneira para uma
mulher jovem sobreviver e ser economicamente
segura, hoje em dia, seja entrar no campo da
eletrônica. A filha, porém, está pensando seria-
mente em entrar para um conservatório e estu-
dar violino. A mãe, em lugar de ficar feliz com o
fato de sua filha ter descoberto em seu próprio
íntimo um objetivo construtivo e enobrecedor,
um objetivo que representará alegria e benefício
para a humanidade, fica compreensivelmente
aborrecida e sob a tensão da preocupação de
como sua filha vai sobreviver com o minguado
salário de musicista. Os seres humanos cons-
troem castelos no ar, por assim dizer, e ficam
desesperados quando eles não se concretizam.
Pelo mesmo raciocínio, algumas pessoas
negaram a própria existência de Deus porque
haviam antes decidido que o Deus do seu
entendimento teria de ter esse ou aquele
tamanho, peso, essa ou aquela aparência,
inteligência, etc. Mais uma vez, temos aqui os
seres humanos concebendo um falso Deus e
ficando aborrecidos e contrariados quando sua
concepção não é confirmada. É bom termos
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sempre em mente, Fratres e Sorores, que o Deus
que concebemos há de estar em conformidade
somente com a nossa capacidade interior de
compreender, no momento. Damos a essa
concepção o nome de “Deus do nosso coração,
Deus de nossa compreensão”.
No que tange aos nossos estudos místicos,
nunca teremos qualquer conflito em nosso âmago
se decidirmos, agora mesmo, que nenhum ser
humano pode conceber mentalmente Deus. Isto
seria como uma xícara de chá tentando conter
todo um oceano. O homem pode alcançar uma
união mística íntima, mas somente até certo
ponto, dependendo de sua evolução interior.
Para citarmos uma monografia: “Deus é uma
experiência, não uma ideia que tem definição
intelectual.”
E
Antiga e Mística Ordem Rosacruz – AMORC
41 3351-3000 | www.amorc.org.br