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CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. “Conceitos gerais”. In: . Nova gramatica do portugués contempordneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. pp. 1-8. CONCEITOS GERAIS LINGUAGEM, LINGUA, DISCURSO, ESTILO 1. LinGuacem é “um conjunto complexo de processos — resultado de uma certa atividade psiquica profundamente determinada pela vida-social — que torna possivel a aquisig&oq e o emprego concreto de uma ‘LINGUA -qualquer”’. Usa-se também o termo para designar todo sistema de sinais que serve de meio de comunicagio entre os individuos. Desde que se atribua valor convencional a determinado sinal, existe uma LINGUAGEM. A lingiifs- tica interessa particularmente uma espécie de LINGUAGEM, ou seja; a LIN- GUAGEM FALADA OU ARTICULADA. 2. Lincua é um sistema gramatical pertencente a um grupo de indivi- duos. Expressdo da consciéncia de uma coletividade, a Lincua é 0 meio por que ela concebe o mundo que a cerca e sobre ele age. Utilizagéo social da faculdade da linguagem, criagao da sociedade,. nado pode ser imutdvel; ao. contrario, tem de viver em perpétua evolugao, paralela 4 do organismo so- cial que a criou. i 3. Discurso é a lingua no ato, na execugio individual. E, como cada individuo tem em si um ideal lingiiistico, procura ele extrair do sistema idio- matico de que se serve as formas de enunciado que mielhor lhe exprimam © gosto e o pensamento. Essa escolha entre os diversos meios de expressaio que lhe oferece o rico repertério de possibilidades, que é a lingua, denomina- Se ESTILO’. 4. A distingio entre LINGUAGEM, LINGUA: e DISCURSO, indispensdvel do ponto de vista metodolégico, nao deixa de ser em parte artificial. Em verdade, as trés denominagées aplicam-se a aspectos diferentes, mas nao opostos, do fenédmeno extremamente complexo que é-a comunicagéo humana, 1 Tatiana Slama-Casacu. Langage et contexte. Haia, Mouton, 1961, p. 20. 2 Aceitando a distingdo de Jules Marouzeau, podemos dizer que a Lincua é “a soma dos meios de expresso de que dispomos para formar.o enunciado” ¢ 0 ESTILO “o aspecto e a qualidade que resultam da escolha: entre esses meios de expresso (Précis de stylistique frangaise; 2. ed. Paris, Masson, 1946, p.. 10). A interdependéne a9 escrever; “A LinGua € a cri bém LNGUAGEY que nao poderia funcionar sem cla —; é, simultaneamente, o instroments © © resultado da atividade de comunicagao. Por outro lado, a LINGUAGEY no pode existir, manifestar-se ¢ desenvolver-se a nao ser pelo aprendizad, © pela utilizagdo de uma LinGua qualquer. A mais freqiiente forma da ma, nifestagiio da LINGUAGEM — constituida de uma complexidade de Proces. sos, de mecanismos, de meios expressivos — € @ LINGUAGEM FALADA, con, cretizada no DIscuRSO, ou seja, a realizagao verbal do Processo de comunj. cagdo. O piscurso é um dos aspectos da LINGUAGEM — O mals importante —e, a0 mesmo tempo [....], a forma concreta sob a qual se manifesta LINGUA. O piscuRSo define-se, pois, como o ato de utilizagdo individual ¢ concreto da LinGuA no quadro do processo complexo da LINGUAGEM. Os trés termos estudados — LINGUAGEM, LINGUA, DISCURSO — designam no fundo trés aspectos, diferentes mas estreitamente ligados, do mesmo proces. 80 unitério © complexo”! desses aspectos, salienta-a Tatiana Slama-Casagy ‘0, mas também o fundamento da Lingua, LINGUA E SOCIEDADE: VARIAGAO E CONSERVAGAO LINGUISTICA Embora desde principios deste século lingiiistas como Antoine Meillet c¢ Ferdinand de Saussure tenham chegado a configurar a lingua como um fato social, rigorosamente enquadrado na definigéo dada por Emile Durk- heim’, s6 nos ultimos vinte anos, com o desenvolvimento da socioLinGuis- TICA, as relagdes entre a lingua e a sociedade passaram a ser caracterizadas com maior precisio. A sociolingiifstica, ramo da lingiiistica que estuda a lingua como fend- meno social ¢ cultural, veio mostrar que estas inter-relacdes so muito com .Plexas .c podem assumir diferentes formas. Na maioria das vezes, com prova-se uma covariacio do fenémeno lingiiistico e social. Em alguns casos, no entanto, faz mais sentido admitir uma relagdo direcional: a influénci® da sociedade na lingua, ou da lingua na sociedade. E, pois, recente a concep¢ao de lingua como instrumento de comuni- cagiio social, maledvel ¢ diversificado em todos os seus aspectos, meio de expressiio de individuos que vivem em sociedades também diversificad® social, cultural ¢ geograficamente. Nesse sentido, uma lingua histérica nie € um sistema lingilfstico unitério, mas um conjunto de sistemas lingilistico® 1 Obra cit, p. 20. 2 Vejam-se Antoine Meillet. Linguistique historique et linguistique générale, 2- ° Paris, Champion, 1926, p. 16, 230 passim; Ferdinand de Seussute, Cours de ntti tique générale, édition critique préparée par Tullio de Mauro. Paris, Payot, 1975: P2 2 isto é, um DIASSISTEMA, no qual se inter-relacionam diversos sistemas e sub- sistemas. Daf o estudo de uma lingua revestir-se de extrema complexidade, nfo podendo prescindir de uma delimitaco precisa dos fatos analisados para controle das varidveis que atuam, em todos os niveis, nos diversos eixos de diferenciagio. A variagio sistemtica est4, hoje, incorporada a teoria ¢ a descrigdo da lingua. Em principio, uma lingua apresenta, pelo menos, trés tipos de diferen- gas internas, que podem ser mais ou menos profundas: 1°) diferencas no espaco geografico, ou VARIAGOES DIATOPICAS (fala- res locais, variantes regionais e, até, intercontinentais) ; 29) diferencas entre as camadas socioculturais, ou VARIAGGES DIAS- TRATICAS (nivel culto, lingua padrao, nivel popular, etc.); 3°) diferencas entre os tipos'de modalidade expressiva, (ou VARIAGOES piaFAsicas' (Ifngua falada, lingua escrita, lingua literdria, linguagens espe- ciais, linguagem dos homens, linguagem das mulheres, etc.). A partir da nova concepgdo da lingua como DIASSISTEMA, tornou-se possivel o esclarecimento de numerosos casos de polimorfismo, de plurali- dade de normas e de toda a inter-relagio dos fatores geogrdficos, histéricos, sociais e psicolégicos que atuam no complexo operar de uma lingua e orien- tam a sua deriva. 7 Condicionada de forma consistente dentro de cada grupo social e parte integrante da competéncia lingiifstica dos seus membros, a variacao é, pois, inerente ao sistema da lingua e ocorre em todos os niveis: fonético, fono- légico, morfolégico, sintatico, etc. E essa multiplicidade de realizagdes do sistema em nada prejudica as suas condigées funcionais. Todas as variedades lingiifsticas sao estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados as necessidades dos seus usuarios. Mas © fato de estar a lingua fortemente ligada a estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliacdo distinta das caracteristicas das suas diversas modalidades diat6picas, diastraticas e diafasicas. A lingua padrao, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempré a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como nor- ma, como ideal lingiifstico de-uma comunidade. Do valor normativo de- corre a sua fungao coercitiva sobre as outras variedades, com a que se torna uma ponderdvel forca contraria & variacao. Numa lingua existe, pois, a0 lado da forga centrifuga-da inovacio, a forca centefpeta da conservagao, que, contra-regrando “a primeira, garante a superior unidade de um idioma como o portugués, falado por povos que se distribuem pelos cinco continentes. ' Veja-se Eugenio Coseriu. Structure lexicale et enseignement du vocabulaire. In Actes du premier Colloque International de Linguistique Appliquée. Nancy, Université * kL Nancy, 1966, p. 199. . ~ : A LINGUA: ADE GEOGRAFICA D DIVERSIDADIALETO E FALAR As formas caracteristicas que uma lingua assume regionalmente deno. minam-se DIALETOS. ‘Alguns lingiiistas, porém, distinguem, © FALAR do DIALETO. i “Dusite séria “um sistema de sinais desgarrado de uma lingua comum, viva ou desaparecida; normalmente, com uma concreta delimitagao Bcogré- fica, mas sem uma forte diferenciagéo diante dos outros da mesma origem”, De modo secundério, poder-se-iam também chamar dialetos i ‘as estruturas lingiiisticas, simultdneas de outra, que nao alcangam a categoria de lingua”, FALaR seria a peculiaridade expressiva propria de uma regido ¢ que nao apresenta o grau de coeréncia alcangado pelo ‘dialeto. Caracterizar- se-ia, do ponto de vista diacrénico, segundo Manuel Alvar, por ser um dialeto empobrecido, que, tendo abandonado a lingua escrita, convive apenas com as manifestagdes orais. Poder-se-iam ainda distinguir, dentro dos FALARES REGIONAIS, OS FALARES LOCAIS, que, para © mesmo lingilista, corresponderiam a subsistemas idiomaticos “de tragos pouco diferenciados, mas com matizes préprios dentro da estrutura regional a que pertencem e cujos usos estdo: limitados a pequenas circunscrigdes geograficas, normal- mente com carater administrativo”?. No entanto, a vista da dificuldade de caracterizar na pratica as duas modalidades diat6picas, empregaremos neste livro — e particularmente no capitulo seguinte — 0 termo DIALETO no sentido de variedade’ regional da lingua, ndo importando o seu maior ou’ menor distanciamento com refe- réncia a lingua padiao. entre as variedades diatépicas, A NOGAO DE CORRETO de norma e d Jo idiomé- i itimo- il 8 le corregao idiom® tica, Permitimo-nos, por isso, uma ligeira digressaio cee tro vertido tema. a respeito deste contro Os progressos dos estudos. lingiifsticos vieram mostrar a falsidade 49 1 Manuel Alvar. Hacia los concept Filologta Hispdnica, 15:7, 1961." * ‘8, dialecto y heblas. Nueva Revisé 2 id., ibid, p. 60. 4 postulados em que a gramatica logicista e a latinizante esteavam a corregio idiomatica e, com isso, deixaram o preceptismo gramatical inerme diante da reag&o anticorretista que se iniciou no século passado e que vem assu- mindo, em nossos dias, atitudes violentas, nfo raro contaminadas de radi- calismo ideoldgico'. Por outro lado, a idéia, sempre renovada, de que 0 povo tem o poder criador e a soberania em matéria de linguagem associa-se, naturalmente, outra — a de considerar elemento perturbador ou estérit a interferéncia da forga conservadora ou repressiva dos setores cultos. Contra essa concepgaio demolidora do edificio gramatical, paciente- mente construido desde a época alexandrina com base na analogia, levan- tam-se alguns lingiiistas modernos, procurando fundamentar a corregdo idiomatica em fatores mais objetivos. Dessa nova linha de preocupagées foi precursor Adolf Noreen, o lin- Biiista sueco a cujas idéias geniais hoje se comega a fazer justica®: Para Noreen ha trés critérios principais de correcdo, por ele denomi- nados histérico-literdrio, histdrico-natural ¢ racional, 0 iiltimo, obviamente, o seu preferido. De acordo com o critério histérico-literdrio, “a corregio estriba-se essencialmente em conformar-se com 0 uso encontrado nos escritores de uma época pretérita”, em geral escolhida arbitrariamente. E o critério tra- dicional de correg&o, fundado no exemplo dos classicos. O segundo critério, 0 histérico-natural de Noreen e que Jespersen pre- fere chamar andrquico, baseia-se na doutrina, a que nos referimos, de que . a linguagem é um organismo que se desenvolve muito melhor em estado de completa liberdade, sem entraves. Dentro dessé ponto de vista nao pode haver, em principio, nada correto ou incorreto na lingua. Depois de deixar patente o cardter arbitrario do primeiro critério e 0 absurdo do‘segundo, se levado a suas naturais conseqiiéncias, Noreen tenta justificar 0 tinico que resta, o dele Noreen, expresso na férmula: “‘o melhor € 0 que pode ser apreendido mais exata e rapidamente pela audiéncia pre- 1 Veja-se, a propésito, Angel Rosenblat. EI criterio de correccién lingiitstica: unidad y pluralidad de normas en el espafiol de Espaita y América. Separata de P.1.L.E.1. El Simposio de Indiana. Bogot4, Instituto Caro y Cuervo, 1967, p. 27. Consulte-se também Celso Cunha. Lingua portuguesa e realidade brasileira, 8. ed. Rio de Ja- neiro, Tempo Brasileiro, 1981, p. 35-39, texto em parte aqui reproduzido. 2 Leiam-se Bjérn Collinder. Les origines du structuralisme. Stockholm — Géteborg — Uppsala, Almqvist & Wiksell, 1962, p. 6 ¢ ss.; Bertil Malmberg. Les nouvelles ten- dances de la linguistique, trad. por Jacques Gengoux. Paris, P.U.F., 1966, p. 42, 52-53, 130, 184-186, 197, 279. sente e pode ser produzido mais facilmente por aquele que fala”; ou no enunciado mais sintético de Flodstrém: “o melhor é a forma de falar que reine a maior simplicidade possivel com a necessaria inteligibilidade”’. Jespersen considera a férmula de Noreen oportunista, individualista, atomistica, “pois que divide demasiado a comunidade lingiiistica em indivi- duos particulares e olvida excessivamente o conjunto”?. Em nome de que principio se. corrige, entéo,.o falar de uma pessoa? Por que uma crianca aprende de seus pais que nao deve dizer sube por soube, fazerei por farei e, 4.medida que vai crescendo em anos, continua a ter 0 seu comportamento lingiifstico ora corrigido por outros, ora por esforco proprio? Para Jespersen nenhum dos critérios anteriormente lembrados — e enumera sete: o da autoridade, o geogrdfico, o literdrio, 0 aristocrético, o democritico, 0 légico e o estético — o explica. E evidente, no entanto, que existe algo que justifica a correcdo, “algo comum para o que fala e para © que ouve”, e que lhes facilita a compreensdo. Este elemento comum é “a norma lingiifstica que ambos aceitaram de fora, da comunidade, da socie- dade, da nacao”?, Todo o nosso comportamento social est4 regulado por normas a que devemos obedecer, se quisermos ser corretos. O mesmo sucede com a lin- guagem, apenas com a diferenga de que as suas normas, de um modo geral, sao mais complexas e mais coercitivas. Por isso, e para simplificar as coisas, Jespersen define o “lingiiisticamente correto” como aquilo que é exigido pela comunidade lingiiistica a que se pertence. O que difere é o “lingiiisti- camente incorreto”. Ou, com suas palavras: “falar correto significa o falar que a comunidade espera, e erro em linguagem équivale a desvios desta nor- ma, sem relagdo alguma com o valor interno das palavras ou formas”. Re- conhece, porém, que, independentemente disso, “existe uma valorizagio da linguagem na qual o seu valor se mete com referéncia a um ideal lingiifsti- co”, para cuja formacao colabora eficazmente a “formula energética de que o mais facilmente enunciado é o que se recebe mais facilmente”*. Entre as atitudes extremadas — dos.que advogam o rompimento radi- cal com as tradigées classicas da lingua ¢ dos que aspiram a sujeitar-se a velhas normas gramaticais —, ha sempre lugar para uma posicgio moderada, termo médio que represente 9 aproveitamento harménico da energia dessas ' Citados por Otto Jespersen. Humanidad, nacién, individuo, desde el punto de vista lingiifstico, trad. por Fernando Vela. Buenos Aires, Revista de Occidente, 1947, p. 113 e 114, Obra cit.. p. 120. 2 3 Ibid., p. 120 e ss. 4 Ibid., p. 178, forcas contrérias e que, a nosso ver, melhor consubstancia os ideais de uma si € eficaz politica educacional e cultural dos paises de Imgua portuguesa. “Na linguagem é importante 0 pélo da variedade, que corresponde & expressao individual, mas também 0 € 0 da unidade, que corresponde A co- municago interindividual e é garantia de intercompreensao. A linguagem - expressa o individuo por seu cardter de criagéo, mas expressa também o ambiente social ¢ nacional, por seu cariter de repeticao, de aceitagdo de uma norma, que é ao mesmo tempo histérica e sincrénica: existe o falar Porque existem individuos que pensam e sentem, e existem ‘linguas’ como entidades histéricas ¢ como sistemas ¢ normas ideais, porque a linguagem nao é s6 expressio, finalidade em si mesma, senéo também comunicagao, finalidade instrumental, expressdo para outro, cultura objetivada historica- mente e que transcende ao individuo”!, A hipotese da “linguagem monolitica” nao se assenta numa realidade, € a sua corporificacdo nas gramaticas ndo tem sido benéfica ao ensino dos diversos idiomas. “Sem nenhuma divida”, escreve Roman Jakobson, “para qualquer comunidade lingiifstica, para todo individuo falante existe uma unidade de lingua, mas esse cdigo global representa um sistema de subcé- digos em comunicagao recfproca; cada lingua abarca varios sistemas simul- taneos, cada um dos quais se caracteriza por uma funco diferente”, Se uma lingua pode abarcar varios sistemas, ou seja, as formas ideais de sua realizagao, a sua dinamicidade, 0 seu modo de fazer-se, pode tam- bém admitir varias normas, que representam modelos, escolhas que se con sagraram dentro das possibilidades de realizagdes de um sistema lingiifstico. Mas — pondera Eugenio Coseriu, o licido mestre de Tiibingen — se um sistema de realizagdes obrigatérias, consagradas social e culturalmente”, a norma no corresponde, como pensam certos gramaticos, ao que se pode ou se deve'dizer, mas “‘ao que ja se disse e tradicionalmente se diz na comu- nidade considerada”?. A norma pode variar no seio de uma mesma comunidade lingiifstica, seja de um ponto. de vista diatépico (portugués de Portugal / portugués do Brasil / portugués de Angola), seja de um ponto de vista diastratico (lin- ' “Eugenio Coseriu. La geograjia lingiistica. Montevideo, Universidad de la Repi- blica, 1956, p. 44-45. A propésito, consultem-se também os magistrais estudos do autor: Sistema, norma y habla ¢ Determinacién'y entorno, agora enfeixados’ no vo- lume Teoria del lenguaje y lingiiistica general. Madrid, Gredos, 1962, p, 11-113 ¢ 282-323. 2 Closing statement: Linguistics and poetics. In Style in Language. Edited by ‘Tho- mas A. Sebeok. New York-London, M.1.T. & John Wiley, 1960, p. 352. 3 Sincronia, diacrorita e historia: el problema del. cambio lingiiistico, 2. ed. Madrid, Gredos, 1973, p. 55. guagem, culta / linguagem média / linguagem popular), seja, finalmente, de um ponto de vista diafasico (linguagem poética / linguagem da prosa)'. Este conceito. lingilistico de norma, que implica um maior liberalismo gramatical, é 0 que, em nosso entender, convém adotarmos para a comu- nidade de fala portuguesa, formada hoje por sete nagdes soberanas, todas movidas pela legitima aspiracdo de enriquecer o patriménio comum com formas e construgdes novas, a patentearem oO dinamismo do nosso idioma, o meio de comunicacao e expressdo, nos dias que correm, de mais de cento e cingiienta milhdes de individuos. “Nao se repreende de levé num povo o que geralmente agrada a todos”, disse com.singeleza 0 poeta Goncalves Dias. Com efeito, por cima de todos os critérios de corregio — aplicéveis nuns casos, inaplicaveis noutros — paira o da aceitabilidade social, a consuetudo de Varrao, 0 Gnico valido em qualquer. circunstancia. E justamente para chegarem a-um conceito mais preciso de “correo” ém cada idioma: que os lingiiistas atuais vém tentando estabelecer métodos que possibilitem a descrigo minuciosa de suas’ variedades cultas, seja na forma falada, seja na escrita. Sem’ investigagdes pacientes,. sem métodos descritivos aperfeigoados nunca alcangaremos determinar’o que, no domi- nio. da nossa lingua ou de uma rea dela, é de emprego obrigatério, o que é facultativo, o que.é toleravel, o que € grosseiro, o que é inadmissivel; ou, em termos radicais, 0 que é € o que nao é correto. \ Veja-se Celso Cunha. Li io, alienacdo. Ri po 7314 ¢ 3s. nha. Lingud, nagdo, alienagéo. Rio de Janeiro,,Nova Fronteira,

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