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Capitulo 2 Teoria dos Conjuntos Acreditamos que 0 leitor jé teve contato com os conceitos basicos da teoria dos conjuntos, como elemento, unio, intersecgao, etc.. Nesta segio vamos revisar esses conceitos. Embora seja possivel desenvolver a teoria de conjuntos de maneira axiomitica, como foi feito por Georg Cantor (1845-1918) e Emest Zermelo (1871-1953), a abordagem informal apresentada é suficiente para nossos propésitos. Um conjunto & um conceito primitivo, que informalmente pode ser entendido como uma colegio ndo ordenada de entidades distintas, chamadas de elementos do conjunto. Dizemos que um elemento x pertence a um conjunto A se x é um elemento de A. Denotamos este fato por a € A. Para denotar que x ndo pertence a A, ou seja, que x nao & um elemento do conjunto A, escrevemos x ¢ A. Se x pertence a um conjunto A, diz-se também que A tem (ou possui) x, ¢ escreveese A 3 x. A negaedo desta afirmagio (A ndo fem ou ndo possui x) & denotada por A 8 x. Nao é correto dizer que A “contém” x, pois este termo ¢ usado em matemitica com um sentido bem diferente (veja a segdo 2.4) 2.1 Especificando conjuntos Podemos especificar um conjunto de diversas formas. Se um conjunto tem poucos elementos, podemos listé-los, um a um, em qualquer ordem, entre chaves *{}’. Por exemplo, 0 conjunto cujos elementos sio os mimeros inteiros 2, 3 e 5 pode ser escrito (2,3, 5). Assim, por exemplo, temos que 3 € {2,3,5), mas 4 ¢ (2,3, 5}. Outra maneira de especificar um conjunto através das propriedades de seus elementos. Para tanto, usamos a notago (a : P(a)}, onde a & uma varidvel arbitréria e P(a) uma afirmagio ma- temética que pode ser verdadeira ou falsa dependendo do valor de a. Por exemplo, {a:aéum numero inteiro e —5 0}, '* 0 conjunto dos mimeros racionais Q a,beZebs0},e ‘© o conjunto dos mimeros reais R. 2.1.1 Definigdes circulares e contraditérias A definigdo de um conjunto pode usar outros conjuntos, como por exemplo “seja X’ 0 conjunto de todos os elementos que esto no conjunto ¥ mas ndo no conjunto Z. Porém, deve-se tomar cuidado para evitar definigdes circulares, que podem nao ter sentido. Um exemplo clissico é a definigdo “seja X o conjunto de todos os elementos que nio pertencem a X”. Esta “defini¢ao” ndo faz sentido pois diz que um elemento que esta em X no esti em X, ¢ vice-versa. Este contra-exemplo teve um papel muito importante no desenvolvimento da teoria de con- juntos. Ele & conhecido pelo nome Paradoxo de Russel, por tet sido observado pelo matemtico inglés Bertrand Russel (1872-1970). Ele € conhecido também como Paradoxo do Barbeiro, pois foi exemplificado com uma anedota em que o barbeiro de um quartel recebeu a ordem de fazer a barba de todos os que nao fizessem sua propria barba, ¢ apenas esses — deixando o barbeiro na diivida sobre o que ele deveria fazer com a sua, Por outro lado, ha definigdes circulares de conjuntos que sio perfeitamente vilidas. Por exem- plo, considere 0 conjunto de inteiros X que contém o inteiro 1, ndo contém o inteiro 0, contém x+2ex~2 qualquer que seja o elemento x de X. Pode-se verificar que o tinico conjunto X com estas propriedades & o conjunto dos inteiros impares. Para entender porque esta definigdo é valida ‘vamos precisar do conceito de indugo matemitica, que seri visto no capitulo 5. 2.2 Igualdade de conjuntos Por definigio, um conjunto 4 é igual a um conjunto B se, ¢ somente se, todo elemento de A é elemento de B, e todo elemento de B é elemento de A. Esta condicdo, denotada por A = significa que A, B so 0 mesmo conjunto. Dito de outra forma, dois conjuntos 4 ¢ B sio diferentes (A # B) se, e somente se, existe um elemento de A que no pertence a B, ou um elemento de B que nfo pertence a A. Observe que, como os conjuntos nao so ordenados, o conjunto {1,2,3} & igual ao conjunto (3,2, 1}. 2.3. CONJUNTO VAZIO 21 2.3 Conjunto vazio E possivel definir conjuntos sem elementos. Dizemos que tal conjunto é vazio. Por exemplo, considere 0 conjunto A = (x:xeRex=x+1). Pela regra da segio 2.2, todos os conjuntos existe um timico conjunto vazio, que & geralmente denotado por @. vazios sio iguais; ou se 2.4 Relacao de incluso Sejam A ¢ B dois conjuntos. Dizemos que A é um subconjunto de B se, e somente se, todo elemento de A é um elemento de B. Neste caso, dizemos também que A esté contido em B, ou que B contém A. Denotamos esta condigéo por A < Bou BD A. Se existe um elemento de A que nao pertence a B, entéo 4 nao é subconjunto de B, e escrevernos A&B. Deacordo com esta definigdo, todo conjunto esta contido em si préprio e contém o conjunto i0; ou seja, A CA e 0 CA, para qualquer conjunto 4. Se 4 © B mas A # B, dizemos que A é um sub-conjunto préprio de B, que denotamos por Ac BouB> A. Analogamente, 4 ¢ B significa que A nao é um subconjunto proprio de B. 2.5 Cardinalidade Informalmente, dizemos que um conjunto 4 é finito se ele tem um nimero finito n € N de ele- mentos. Este mimero é a cardinalidade de A, denotada por |4| ou #4. Observe que |4| = 0 se ¢ somente se 4 = 0. Dizemos que um conjunto é infinito se ele nao & finito. Os conjuntos N, Z, Q, € R. sao infinitos. Conjuntos infinitos ndo podem ter seus elementos listados explicitamente, Informalmente, & comum usar *...” nesses casos, por exemplo eo N=(0,1,2,..) © Z={...,-3,-2,-1,0, +1, +2, +3,..} Entretanto, esta notagdo deve ser evitada pois pode ser ambigua, Por exemplo, o que é 0 conjunto (2,3,5,7,..}? 2.6 Operagdes com conjuntos Para os proximos conceitos sejam A e B dois conjuntos. 2.6.1 Unifio e intersecgio A unido de A e B, denotada por AUB, & 0 conjunto de todos os elementos que estio em pelo menos tum dos conjuntos, 4 ou B. Exemplo 2.1: Se A 1,2,3) € B= (2,3,4,5) entio AU B= {1,2,3,4,5}, 22 CAPITULO 2. TEORIA DOS CONJUNTOS A interseccao de A ¢ B, denotada por 40 B, € 0 conjunto de todos os elementos que esto em B ambos os conjuntos, 4 ¢ B. Exemplo 2,2: Se A 1,2,3) € B= (2,3,4,5) entio dn B= (2,3). Se AM B= 0 dizemos que os conjuntos 4 e B so disjuntos. 2.6.2. Diferenga, universo, e complemento A diferenca de A ¢ B & 0 conjunto de todos os elementos de A que nao estio em B. Este conjunto & também chamado A menos B, ou 0 complemento de B em A, e & denotado por A ~ Bou A\ B. Em certos casos, é conveniente supor que todos os elementos de todos 0s conjuntos que nos interessam pertencem a um conjunto universal ou universo, que denotaremos por Ul. Se 4&0 conjunto universo U, entio ‘Ul — B & chamado 0 complemento de B e denotado por B ou B° Observe que se 4 C Bentio AU B= B, ANB=AeBCA. Exereicio 2.2: Dé exemplos em que (AU B)- B= Ae (AUB)-B#A Exercicio 2.3: SejamU=(neN:0

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