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REVISTA
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PUBLICAÇÃO DO DEPARTAMENTO
MUNICIPAL DE OUL TUR A
Redação :
Divisão do "
Arquivo
Histórico
Oficinas :
Grá fica da
Prefeitura
Telefone 8-1051
Assinaturas :
para o Estado de São Paulo
Cada 12 nameros Cr . $ 40,00
Numero avulso Cr . $ 6,00
1
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Publicação da Divisão do Arquivo Histórico , do Departamento de Cultura ,
da Secretaria de Educação e Cultura , da Prefeitura de São Paulo
São Paulo, Rua Cantareira n . ° 216
Diretor ANO XV VOLUME CXXV Secretário
José do Barros Marthas JUNHO DE 1949 Nuto Sant'Aana :
SUMÁRIO
NOV 1 9 1992
Prefeito
S3
v . 125-128
AURELIANO LEITE
Senhoras
e Senhores
M692546
4 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
tomava contacto com o solo de São Carlos, Aqui tivemos um dia cheio e
raidogo . Banquete, baile e espetáculo. Tudo na correspondência do vosso
adiantamento. São Carlos dava a nota ... hermista . O exemplo nos foi
reconfortante, porque, em quase tôda a parte do Estado, nós continuáva
mos totalmente por baixo. Isto não está de forma nenhuma em contradi
gão com que afirmei acima, que lutávamos com mais calor por sermos
em ínfima minoria , visto como, quem luta, quer vencer, deseja a glória
de impor a sua bandeira e muito mais quem procede de uma minoria
ínfima. A recepção de São Carlos ofereceu -se realmente acima de tudo
quanto aguardávamos e, nestas condições, ficou perpetuada em minha
memória e em meu coração de rapaz que fui.
Está aqui, em tudo quanto até aqui vos disse, porque, quando Rubens
do Amaral me levou o vosso convite para esta palestra, aceitei - o desde
logo, duplamente satisfeito, por ele e por vós.
Mas surgiu , daí a pouco, uma dificuldade : e o assunto ? Pensei em
falar acérca do próprio Rubens do Amaral, o que na certeza , vos agra
daria imenso. Mas ele protestou veementemente e quase me bateu. E, de
mais, já haviam se ocupado dêle, aqui , em São Carlos. Propus-me então
de discorrer sôbre a própria cidade e os seus filhos ilustres, que são mui
tos. Mas também outros já o fizeram . Pensei em tratar da política inter
nacional da hora presente, da vitória dos aliados, da resistência da In
glaterra, da grandeza dos Estados Unidos, da surpresa da Rússia ( a
ameaçar com as suas garras portentosas o ocidente ), da volta da glorio
sa Itália ao bom caminho, da ressurreição da França, da constância da
vasta China, das façanhas reconfortantes dos nossos expedicionários ...
Imaginei de me ocupar do nosso Brasil , da constitucionalização do
país, dos gestos incompreendidos de Luís Carlos Prestes, das candidatu
ras de Eduardo Gomes e Gaspar Dutra, do desaparecimento precoce de
Armando de Sales Oliveira, das greves, do custo astronômico da vida, da
lei eleitoral e das eleições , que muita gente afirma que não vêem ...
Deus nos livre, nada, nada disto ! Deixássemos a política, lá fora ,
deixássemos, lá fora, as coisas sérias , que nos atormentam , dia e noite, e
cuidássemos de assuntos mais suaves e de menos responsabilidades, e,
sobretudo, de menores riscos...
Que tarefa realmente difícil achar o tema para uma palestra ! Aca
bou, afinal, por nos socorrer uma idéia, quando nos lembramos de que a
minha palestra estava fixada para hoje, véspera de São João. Falássemos
do santo glorioso e da tradição dos seus festejos e cantos . Foi assim
escolhida esta matéria, que mereceu depois a vossa aprovação.
É realmente um assunto muito da nossa alma e que enleva a todos,
mas que a nenhum brasileiro pode trazer novidades, muito menos a este
sabido auditório de São Carlos.
Proponho -me, desta arte, a recordar convosco algo do que todo o
mundo conhece, neste salão prenhe do espírito masculino e resplandes
cente da graça de Eva, enquanto , lá fora, tenta aquecer a noite fria e
chuvarenta o espoucar dos fogos de ruído, ajudados pelo faiscar e treme
luzir das luzes policrômicas, sem falar num ou outro balão, que iludindo
a vigilância das posturas municipais e afrontando o mau tempo , giram
valentemente no céu, levando da terra às nuvens, enfarruscadas e amea
çantes, mensagens rubras e bojudas de paz.
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 5
São João ! Quem foi o São João de amanhã ? Não existe nome mais
popular em todo o arredondado mundo que o de João. Nos santos, nos
príncipes, nos papas, nos nobres, tanto quanto nos humildes e pobrezi
nhos. A história da civilização humana está repleta dêsse nome herdado
dos vales e colinas da Judéia . João, em português, espanhol, francês, ita
liano, provençal e rumaico : sucessores do latim , João em inglês, alemão,
stieco, dinamarquês, e norueguês. João em russo, polaco, boêmio, búlga
ro , serbo , sloveno e em tantos outros idiomas .
Sem falar no hebraico, a língua de alguns capítulos da primitiva Bi
blia, e no basco, língua sem parentesco no orbe, e no sânscrito, língua sa
grada dos brâmanes.
João, antes de ser um nome essencialmente brasileiro, já era pois um
nome essencialmente universal. E o do nosso santo não constituía , como
já lembrei, privilégio de São João Batista. Êle foi o primeiro. Mas depois
déle, outros surgiram . São João Evangelista pertenceu ao seu tempo e foi
da sua companhia. No “ Flos Sanctorum ”, do Padre Diogo do Rosário, e
muito antes desta obra, na Bíblia livro dos livros, já se debulham tocan
temente a vida e os feitos religiosos de ambos, que vêm sendo, pelos sécu
Jos afora, fontes de inspiração, em especial o primeiro , dos mais fulgu
rantes mestres da pintura e da estatuária. A São João Batista, de prefe
rência , deram os antigos os primores da sua arte divina e eterna. Nós, os
pobres dos modernos, não lhe podendo oferecer tão grandes dádivas do
espírito concedemos- lhe, todos os anos, oblatas do coração, com os nos
403 festejos ingênuos e barulhentos,
Aliás , fazemos lembrar o irmão saltimbanco do conto de Anatole
France.
Numa velha comunidade da França, os frades costumavam dedicar à
imagem padroeira da capela, em certos dias, cânticos e harmonias.
Ora, havia sido admitido no convento um ex-histrião de grande pie
dade, mas incapaz de qualquer participação naquelas lindas coisas.De
maneira que o pobre “ irmão saltimbanco " era invariàvelmente excluído do
côro entoado. Aquilo feria- lhe a sensibilidade religiosa. Afinal , ele con
seguiu sossegar o seu coração, indo sempre à capela, às escondidas , para
oferecer ao santo as artes de que era capaz: saltos e equilíbrios. Não o
castigou o superior, encontrando -o , um dia, naqueles exercícios, ante o
altar-mor. Ao contrário, compreendeu o pobre irmão e louvou -o, pois que
chegou a divisar no rosto de madeira da imagem homenageada contenta
mento por isso !
Assim acontece porventura com o querido São João. Ofereceram - lhe
os antigos, por meio de Donatello, Murillo , Andrea de Sarto, Fra Angéli
co , Tintoreto , Van Dyck , Leonardo da Vinci , Rubens e tantos outros,
belos mármores, mosaicos, bronzes, telas incomparáveis de magnificência
estética. Damos -lhe, nós , da idade moderna , apenas estrondos e lumina
rias, em todas as gradações de barulho e de côr.
Retomemos, porém , o fio, tratando em alguns traços mais da vida de
João Batista, um João menos divino e mais humano, embora não despre
zemos as informações bíblicas.
Judeu de origem , como Jesus Cristo, de quem foi o precursor, João
não podia ser de raça pura . Desde aquele tempo, desde antes daquele
tempo, reinava o ecletismo nas genealogias. Os próprios Jesus e sua mãe,
Maria, tinham na carne, tal qual lembra o irreverente Renan, umas gotas
de sangue egípcio e doutras raízes africanas.
6 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Ora, São João Batista não podia fugir à regra . Pertencia à mesmir
família de Maria Santíssima, sua prima consanguínea. Mas isto , acaso ,
tornaria São João menos querido aos brasileiros e, antes dêles, aos italia
nos , aos espanhóis e aos portuguêses ? Não, isto , ao contrário, é motivo
para mais amar - se no Brasil o santo que nasceu aos 24 de Junho . Um
santo moreno, a côr predileta da nossa gente! A côr das nossas rapariga
mais queridas, dessas lindas criaturas que um francês célebre decantou,
chamando-as “ Les jennes filles vertes du Bresil ” !
Porém , socorramo - nos do Padre João Batista Lehmann, entrando
mais na vida do nosso santo :
“ Em Hebron, nas montanhas da Judéia , oito milhas além de Jeru
salém , vivia um casal Zacarias e Isabel. Ambos justos diante do Se
nhor. Não tinham filhos , o que muito os afligia , e eram já idosos. Zala
rias, sacerdote, um dia em que estava ocupado em suas funções , no tem
plo de Jerusalém , entrou no santuário para queimar o incenso , enquan
to o povo orava no adro. Apareceu-lhe, então, à direita do altar dos per
fumes, um Anjo . O Anjo , porém , lhe disse : “ Não temas, Zacarias,
porque Deus ouviu tua oração. Tua mulher te oferecerá um filho, a
quem darás o nome de João . Terás uma forte alegria e muitos se regozi.
jarão pelo seu nascimento, porque será grande diante do Senhor. Não
usará vinho, nem bebida alguma fermentada e será cheio do Espírito
Santo. Reconduzirá os descendentes de Israel , em grande número a Deus.
( teu próprio filho o precederá em espírito e com o poder de Elias, a fim
de preparar ao Senhor um povo perfeito ”.
Zacarias objetou ao Anjo : " Como saberei com certeza que isto
acontecerá ? Já estou velho e minha mulher já vai adiantada em anos " .
Respondeu -lhe o Anjo : “ Eu sou Gabriel, e meu lugar é diante de
Deus . Ele é que me manda trazer- te esta feliz nova . Mas , como não deste
crédito a estas minhas palavras, ficarás mudo, até o dia em que tudo isso
se cumprir. "
Fora, o povo se admirava da longa demora de Zacarias no santuá
rio . Afinal saiu , sem poder falar. Por sinais entretanto, deu a compre
ender que tivera uma visão.
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 7
Livres dos olhos severos de São João, Salomé pediu ao tio a cabeça do
santo, o que lhe foi satisfeito , em rica salva, merecendo éste episódio um
dos mais inspirados quadros de Leonardo da Vinci.
Os discípulos de São João foram buscar -lhe o corpo e o inumaram
en Sebaste, no túmulo dos profetas Eliseu e Abdias.
Aí estão, em resumo, um tanto atropelado, mas respeitadas as fon
les, a vida e obra gloriosa do filho de Santa Isabel e primo de Nossa
Senhora .
O seu nome e a sua devoção ficaram eternos. O seu nome, como já
lembrei, vai sendo repetido em centenares de milhares de seres humanos.
A sua devoção, na igreja e fora dela, comemora -se em muitas partes do
mundo. As festas de São João, nos fogaréus e regabofes , apresentam ori- .
gem pagā e parecem quase tão velhas como o universo , existindo nos
cultos orgíacos da Ásia e da África. A igreja viu- se obrigada a não só
tolerá - las como a adotá - las .
Tal qual recorda Gustavo Barroso, adotou -as, adaptando-as ao seu
espírito e dando- lhes como patronos São João, São Pedro e Santo Antô
nio . De maneira que os festejos joaninos antecedem o próprio São João .
Passaram depois, antes porventura de atingir os povos do Sul da Europa,
para os costumes góticos, reforçados em presença dos árabes, em Portu
val e Espanha. Note-se que na China, desde os primeiros séculos da era
cristā, usavam -se fogos de artifício, foguetes, etc ..
O filósofo Teófilo Braga, citado por Luís da Câmara Cascudo, estu
da as origens dos festejos joaninos em " Epopéias da Raça Moçarabe ”.
Mas nós, brasileiros, recebemos as festas e cantos consagradas a São
João dos lusos e espanhóis. Com os primeiros dias da nossa vida colonial ,
São João, como Santo Antônio e São Pedro, instalou-se no Brasil. Para
São Paulo trouxe-o inquestionàvelmente o nosso avô luso : João Ramalho .
( ) outro nosso avô, Antônio Rodrigues, trouxe Santo Antônio. Com João
Ramalho, que alguns chegam a acreditar que tivesse aportado ao nosso
litoral antes de Pedro Álvares Cabral descobrir o Brasil, iniciaram - se evi
dentemente essas festividades da tradição ibérica .
No Norte do Brasil, segundo Frei Vicente do Salvador, já aos 1603,
erguiam -se fogueiras e organizavam -se “ Capelas ”, em louvor de São João.
Consistiam as " capelas ”, que ainda hoje ali têm voga nos festejos
sto campo, segundo Pereira da Costa , em ranchos de homens e mulheres
coroados de flores e folhas, percorrendo alegres as estradas e ruas das
povoações e cantando :
rio bento. Depois da meia noite, a pessoa vai ver a sua sorte, rezando
antes um Padre Nosso . Segundo a imagem que a clara representar, nun
fundo do copo, assim é o destino.
Por exemplo : se fôr um navio , viagem próxima. Uma igreja, o espe
rado casamento. Uma cruz, a morte anda perto.
No Norte, ainda acredita -se em coisas espantosas, que acontecem na
véspera de São João : se o alho plantado, amanhece germinado, é uma
boa sorte . Quem se mirar nágua e não divisar a cabeça , não chega ao
fim do ano ...
Outra adivinhação para moça é colocar uma moeda na fogueira e , 110
outro dia, retirá-la e dá -la ao primeiro pobre, perguntando -lhe o Senz
nome . Será êsse nome o do futuro marido . Antigamente a moeda era un
vintém . Hoje, nestes amargos tempos getulianos, em vintém deve ser ,
pelo menos , um cruzeiro ...
Para aumentar o cabelo das raparigas, usava -se cortarem -se-lhes as.
pontas, na manhã de São João. Contra a calvície , em Veneza, costumava
se recolher em um frasco , para uso diário , o orvalho da madrugada de
24 de Junho .
Uma crendice ( que era muito comum em São Paulo e Minas ) é a da
imunidade de quem tem fé contra as brazas da fogueira de São João. Já
vi com estes olhos, que a terra há de comer , algumas pessoas passarem
lentamente , sem se queimarem , por cima de tições acesos e flamejantes.
Experimentem-n'o os que tenham fé ... Mas aviso que nem sempre
São João pode fazer milagres ... Não venham depois atirar a ele próprio
na fogueira, para puní-lo da sua falta de proteção ... Aqui perto de São
Carlos, na adiantada Jaú , havia um rico fazendeiro, muito devoto do sall
to, que acabou arremessando - o ao fundo rio Tietê.
O caso foi este. O inverno andava castigando de rijo, naquele ano,
os fecundos cafesais. O nosso lavrador prometeu de levantar uma capela
ao santo , se não geasse em Junho . O coitado de São João não pôde aten
der o lavrador. Nunca geou tanto, em Jaú , como por essa época. O santo
teve o destino do início do caso , foi arremessado ao fundo do rio Tietê.
Da minha infância, em Minas, lembro -me, como se hoje se passasse,
de uma outra prática , que devia também ser de liábito aqui, em São
Paulo . Um rapaz , ou uma moça , cada um por sua vez , tinha que pular,
três vezes , a fogueira. Feita a peraltagem , punha -se atrás de uma porta,
à espera de ouvir o primeiro nome pronunciado, se era rapaz, o de uma
moça, se era moça, o de um rapaz. Ésse nome seria o do seu marido ou
esposa. Afirmava-se que esta arte não falhava .
Entre as sortes galantes, narra Afonso Arinos, havia sortilégios ter
ríficos, que ninguém revelava para não cair na abominação geral: tal era
o pacto com o diabo.
“ O homem de grandes ambições e sem temor nem escrúpulo, que
rendo " tomar parte com o diabo ”, para que tudo lhe corresse bem e fà
cilmente no mundo, armava -se de facão, e , sozinho, à meia -noite, ia ao .
fundo de um mato distante ou a uma encruzilhada deserta . Aí invocava
três vezes o filho das trevas, que lhe aparecia, a princípio, sob a forina
de um galo prêto, sob a de um porco, de um bode e, por sucessivas trans
formações, cada vez mais horrendas , tentando infundir o terror e que
brantar o coração de quem o desafiava ! Mas este , de facão em punho ,
tem de defender-se contra as arremetidas do inimigo que, por último, sob:
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 11
No sapateio se nota,
Aos risos dos que lá estão,
Nho Lau, de esporas e bota,
Dançando junto à nha Cota,
Viúva do Conceição ...
E no sarau campesino,
Nessa festa alegre e chã,
Ruge a voz do Saturnino,
Que grita, esgalgado e fino :
Balancez ! Tour ! En avant ... ”
b) Da influência estrangeira
nova China
que teus lusos povoam fértil, rica."
Nize tirana,
Tem dó de Armido.
1
!
ÍNDIOS E CABOCLOS
FRANCISCO S. G. SCHADEN
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1. ERVA SANTA
***
uma cana , feita de casca de palmas e chamada tipiti. Deste modo se torna
sêca a massa, que depois passam numa peneira. Da farinha fazem bolos
fininhos. A vasilha na qual secam e torram sua farinha é feita de barro
queimado e tem a forma de uma grande travessa.
Segundo : , Tomam as raízes frescas, deitam - nas nágua, deixando -as aſ
apodrecer ; retiram -na então e secam -nas na fumaça sobre o fogo. Chamam
a estas raízes secas carimã. Conservam - se por muito tempo . Quando os
selvagens querem utilizá - las, esmagam - nas em um almofariz de madeira.
Isteo dá uma farinha branca. Com ela fazem bolos que se chamam beijus.
Terceiro : Tomam mandioca bem apodrecida, não a secam, mas a mis
turam com seca e verde. Obtêm assim , torrando, uma farinha que se con
serva perfeitamente um ano. E ' boa também para comer. Chamam- na
uitán " ( 2 ) .
A cultura da mandioca já devia ser bem antiga quando os europeus
arribaram a América, o que se depreende das múltiplas aplicações do pro
duto entre os índios da época.
Em primeiro lugar, os Tupi-Guarani da costa faziam da farinha os seus
bolinhos, a que chamavam mbeû , nome que os portuguêses transformaram
em beiju . Membeka era o nome dado pelos índios ao pirão, que se gene
ralizou entre grande parte de nossa população rural . Havia também um
bolo de mandioca chamado pokeka . Na preparação do kurubá emprega
va - se , além da farinha de mandioca, o fruto da sapucaia. E assim po
der- se - iam enumerar muitas outras comidas feitas com esse produto, de
que se fabricavam também bebidas fermentadas (kauíme kaumſ) , bem
como molhos para temperar os alimentos.
padre Manuel da Nóbrega refere ter ouvido dos índios Tupinamba
que a mandioca lhes fôra doada por um homem de nome Zomé. Esse
personagem é freqüentemente identificado com o Apóstolo São Tomé, que
teria estendido a sua viagem , pela China e pela Índia, até o Brasil . Ou
tros consideram a denominação Zomé como corruptela de Zemi , nome de
uma divindade venerada pelos aborígenes de Haití, que, além de lhes trazer
o fogo, teria ensinado a esses índios o cultivo de plantas de raízes tuberosas
( 3 ) . Zomé ou Sumé é o grande herói civilizador dos Tupinamba. O mito dessa
figura foi registrado principalmente por André Thevet, no século dezesseis.
A origem da mandioca ocupa um lugar de destaque na mitologia de
muitas tribos ameríndias.
Os índios Pareci , tribo aruak do Brasil central , explicam - na da seguin
te maneira :
* Zatiamare e sua mulher, Kökôtêrô , tiveram um casal de filhos : um
menino, zokððie, e uma menina Atiôló. O pai amava o filho e desprezava
a filha. Se ela o chamava, ele lhe respondia por meio de assobios ; nunca
lhe dirigia a palavra.
Desgotosa, Atiôlô pedia à sua mãe que a enterrasse viva, visto como
assim seria útil aos seus . Depois de longa resistência ao estranho desejo,
Kokotêrô acabou cedendo aos rogos da filha , e a enterrou no meio do
cerrado . Porém , ali não pôde ela resistir, por causa do calor, e rogou
que a levasse para 0 campo onde também não se sentiu bem . Mais
uma vez suplicou a Kökôtêrô que a mudasse para outra cova, esta última
aberta na mata ; al sentiu - se à vontade. Pediu , então, à sua mãe que se
retirasse, recomendando - lhe que não volvesse os olhos, quando ela gritasse
Depois de muito tempo gritou ; Kökôtêrở voltou - se, rapidamente. Viu,
no lugar em que enterrara a filha, um arbusto mui alto, que logo se
tornou rasteiro assim que se aproximou . Tratou da sepultura . Limpou
o solo. A plantinha foi se mostrando cada vez mais viçosa. Mais tarde,
Kókôtêrô arrancou do solo a raiz da planta : era a mandioca " ( 4 ) .
Em seus traços essenciais, esse mito se repete em muitas tribos ame
rindias. De tipo bem diferente é a tradição registrada por Karl von den
Steinen entre os Bakairi, tribo caraiba das nascentes do Xingu .
Contam ésses indios que a mandioca lhes foi doada por Kléri, que por
sua vez a recebera do veado . O primitivo dono da planta era , porém , o
peixe bagadú ou pirarara . Foi da seguinte maneira que o veado entrou
na posse da mandioca :
" O veado estava com sede e foi procurar água . Nessa ocasião encon
trou o bagadů . O bagadú estava em sêco e respirava com dificuldade.
Disse então ao veado : " Carrega -me! Trança um laço de imbira , para
carregar- me ' ' . Depois de trançar o laço de imbira, o veado pós o bagadú
nas costas, levando - o ao barranco do Rio dos Beijus. AI disse : " Agora
tenho muita vontade de descansar " . Mas o bagadú não queria que a veado
parasse. Assim , conversando , desceram o barranco , Em baixo, lançaram - se
no rio. O veado sentia- se bem na água , O bagadú levou o veado para
sua casa. Depois de aí chegarem , o veado bebeu pogú e também comeu
beijus. O bagadú conduziu o veado à plantação de mandioca ; @sse foi
caminhando atrás daquele. Vendo a mandioca, quebraram ramos , atando
66
três em feixe. Depois foram para casa. “ Amanhã quero ir - me embora " ,
disse o veado e ainda dormiu essa noite na casa do bagadů. Na outra
manhã, disse o bagadú : “ Leva os ramos de mandioca. Faze o roçado , e
em seguida planta os ramos " . E acrescentou : " Se estiverem bem planta
das, em breve terás mandioca " . “ Passa bem " , disse o bagadů ao veado .
Este saíu da água . " Pois bem, vai ! ' ' “ Eu vou para casa " , disse o veado .
Entretanto pós os ramos no chão , empilhando - os na margem do rio . Não
rodia carregá- los sozinho e deixou - os aí . Foi para casa, aonde só chegou
de noite. Dentro em pouco voltou para o lugar 'acompanhado do filho
os dois então levaram os ramos para casa. Depois de pequeno descanso ,
foram fazer roçado no campo . Mas a mandioca não dá no campo . Por
isso derrubaram árvores no mato . Fizeram fogo, queimaram a roca
em seguida plantaram a mandioca ” . ( 5 ) .
***
( 6 ) Ibidem .
( 7 ) Ermano Stradelli, “ Vocabulários da língua geral português -nheen
gatu e nheengatu -português ” . Rev. do Inst. Hist, e Geogr. Bras . Tomo 104 .
Vol . 158, pág . 380 . Rio de Janeiro 1929 .
( 8 ) Apud Nunes Pereira, Ensaio de etnologin amazônica ( 2.2 edição ) ,
pág. 41 . Manaus 1942 .
32 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Italia. Ainda em 1616 o produto era tão raro que só as pessoas abastadas
o podiam comprar. Foi somente com o interesse que lhe dispensou Frode
rico o Grande que o cultivo desse vegetal se incrementou na Prussia e
em outros estados alemães.
Na época do descobrimento, a batata inglêsa era cultivada pelos indios
num território que se estende de Chile, i. é , de 430 de latitude sul, até
Bogotá e o vale do Cauca, no norte ( 5 ) . O primeiro " habitat” da planta
não pode ser ainda delimitado com exatidão. Embora tenha sido encon
trada em estado silvestre somente na planičie úmida e nas ilhas adjacentes
do Chile meridional, Rimbach julga que o primitivo território tenha sido
bem mais extenso , alcançando mesmo no planalto andino ( 6 ) , Tribos nômades
de economia coletora ( ou " extratora " , como alguns preferem ) exploravam
o Solanum commersonil, que cresce em estado silvestre no Uruguai e no sul
do Brasil. Esta espécie, porém, não chegou a ser cultivada pelos aborígenes.
( 7 ) . Modernamente foi plantada no estrangeiro, onde já deu resultados apre
ciáveis ( 8 ) .
Baseado em observações pessoais, o autor destas linhas é de opinião
que a batata inglêsa se encotra, em estado silvestre, também no sul de
Santa Catarina . Referimo - nos a uma planta encontradiça nas nascentes
do rio Capivari. E ' certo , em todo caso, que não se trata de batatas de .
cultura degeneradas. Seria interessante talvez o estudo da questão da
parte dum especialista. A folhagem do vegetal é um pouco mais midda
do que nas variedades cultivadas, e como a haste também é mais fina, a
planta se abre um pouco no centro, caindo para os lados. As partes ver
des não são revestidas de pêlos. A flor é um pouco menor do que na ba
tata cultivada, mas aparece em abundância . Os tubérculos alcançam 0
tamanho de um Ovo de pomba . Embora a planta apareça logo depois do
inverno, o período de seu crescimento se prolonga muito pelos meses de
verão.
***
O MITO DO SUME
vas ' ' ( 10 ) . Não possuímos elementos para verificar a nossa hipótese de
que, em parte, a figura mítica do saci deve a sua caracterização a certas
pecullaridades do bicho da taquara. Em todo caso, é interessante confron
tar as frases de Monteiro Lobato acima citadas com a explicação do na
turalista a respeito daquelas " larvas de insetos, que se desenvolvem no
oco das taquaras'': “ Haverá várias espécies dessas lagartas, mas predo
mina entre elas a da mariposa Myelobia , cujos insetos adultos em certos
anos, à noite invadem as cidades aos milhões, traídos pela iluminação .
A larva da mariposa, logo ao sair do ovo, faz um minúsculo furo da
taquara e assim passa a habitar um internodio, cuja parede interna lhe
fornece também o alimento. Cresce então até 10 cms . de comprimento,
e, antes de tecer seu cásculo, rối uma janelinha' oval , deixando - a , porém ,
ainda fechada, isto é , não rompe a parede externa. Continuando, pois,
bem oculta, está , contudo, com a saida de tal forma preparada que mais
tarde, depois da fase de ninfa, e já transformada em mariposa e, portanto,
desprovida de maxilares, o inseto, quando quiser sair, sem mais trabalho,
empurra a porta com a cabeça." ( 11 ) .
Entre os habitantes da várias regiões do Brasil e das repúblicas do
sul , a figura do saci , do mesmo modo como a ave homônima, aparece sob
muitos nomes mais ou menos diferentes, como sapere, saterê, sererê, siriri ,
taperê, pererê, tapererê, mati - taperere , Matintaperera, Matim Pereira e
outros. Sob oʻ verbete " Matintaperera " informa Osvaldo Orico em seu
Vocabulario de crendices amazônicas ( 12 ) : " E ' a designação de pequena
coruja , que goza , entre os nativos, da faculdade de transformar -se em
gente e pintar o sete, brincando, ralhando, castigando os meninos vadios
e mal- criados. No interior, e até mesmo na Capital do Amazonas e Pará,
a gurizada acredita que a ave solerte ronda as casas pela calada da noite,
a fim de roubar os meninos travessos ou fazer estrepolias. Oferece - lhe, en
tão, grande quantidade de tabaco, convidando - a a aceitá - lo : “ Matintape
rera , podes vir buscar a encomendazinha " . Mau destino está reservado à
pessoa que, pela manhã seguinte, é a primeira a entrar na casa em que
se faz semelhante convite. Fica encaiporada para o resto da vida, é
como se virasse Mati . Todas essas crendices foram herdadas das supersti
ções indigenas e chegaram até nos pelo veículo dos pagés e curandeiros,
interessados em arranjar sempre maior número de motivos para as suas
artes misteriosas ".
A idéia mais comum que hoje em dia se costuma fazer do primitivo
duende silvestre inclui vários traços que revelam influência direta ou
indireta do elemento africano no Brasil. Aparece, nesta concepção, como
anãozinho de cor preta e de uma só perna ( como no caso da galinha) ,
o que não o impede de correr e pular com grande agilidade, e de virar
mesmo as mais extravagantes cambalhotas. O saci, nesse feitio, é de ordi
nário desprovido também de quaisquer órgãos anatômicos destinados à
evacuação e à micção. Além disso , enxerga muito mal , ou só de noite,
Tazão pela qual escolhe as horas noturnas para praticar suas diabruras.
Em tupi - guarani, a palavra “ saci" traduz “ vista doente ” . As insignias do
Esse " herói das sextas- feiras " , uma das crendices mais comuns
nossas populações sertanejas, bem mereceria em vez das despreten
ciosas notas que lhe dedicamos um estudo folclórico aprofundado quan
to à proveniência dos motivos míticos que nele se exprimem , quanto as .
feições que assume nos diferentes cenários da paisagem física étnica
do Brasil, e quanto a suas ligações com outras crenças populares.
***
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
8. LOBOS E LOBISOMENS
teriam morto a nós todos, e neste caso o digno governo não poderia re
ceber os impostos que lhe devemos pagar.
Do ponto de vista psicológico, parece - nos indiscutível que as idéias li
cantrópicas se fundam , pelo menos em inúmeros casos, em conceções dua- ,
listas ou pluralistas da alma humana ( 14 ) .
A esse respeito, conviria estudar detidamente as formas de animismo
observadas entre os povos primitivos. Se bem que, p. ex., entre os abo
rígenes do Brasil não se tenham registado muitas crenças rigorosamente
correspondentes à tradição do lobisomem ( 15 ) , não há dúvida de que o
conceito da alma humana, tal qual o encontramos em numerosas tribos,
não está longe de sugerir alguma analogia com idéias licantrópicas.
Dentre os casos mais típicos, e por certo mais significativos , está o
dos Apapokuva -Guarant, horda indigena estudada, há mais de trinta anos ,
por Curt Nimuendaju ( 16 ) . Acreditam esses índios que a alma humana se
compõe de dois elementos distintos, o ayvukué e o acyiguá . Ao primeiro
dêsses elementos, com que o homem vem ao mundo , atribuem - se as ma
nifestações brandas e pacíficas do indivíduo, enquanto o segundo que se
associa ao ayvukué pouco após o nascimento é a alma de um determi
nado animal, e responsável pelas manifestações violentas e más. Em
outras palavras, todo indivíduo é ao mesmo tempo homem e animal. Αο
passo que o nyvukué é sempre bom , não se pode afirmar que o acyiguá
seja necessàriamente máu , porquanto pode ser a alma dum animal de
Indole pacífica , como, por exemplo , uma borboleta . Se o acyiguá é a
alma dum animal feroz, ele se torna anguéry (fantasma ) perigoso depois
da morte do indivíduo ( 17 ) .
E ' conhecida também a crença dos Bororo , que se julgam simulta
neamente homens e araras vermelhas ( 18 ) .
Os Kaingang, por sua vez, se consideram verdadeiros parentes das
cnças, chegando mesmo, como observa Nimuendaju , a apresentar pertur
bações mentais, alucinações em que o indivíduo, julgando - se amado pela
" filha do senhor das onças ” , abandona os parentes e compenheiros, desa
parecendo na solidão da mata virgem ( 19 ) . Este fenômeno assemelha - se
muito a uma doença mental também chamada licantropia, e na qual o
***
A LARA E A LORELEY
E ' notório o fato de que, apesar das grandes distancias que separam os
continentes, se encontram, em quase todas as tribos ameríndias, mitos e
lendas que, em suas linhas principais, correspondem com as do Velho
Mundo. $6 em pouquíssimos casos essa correspondência remonta a ele
mentos do folclore europeu , espalhados, desde os tempos do descobrimento
e da conquista, entre os indios da América , ao contato dêstes com coloni
zadores, aventureiros e missionários. A grande maioria dos mitos regis
tados entre os ameríndios, por maiores que sejam as suas semelhanças
com lendas européias, fazem parte integrante do primitivo patrimônio
cultural das tribos indígenas .
Como exemplo de uma lenda espalhada entre os mais diferentes povos
do mundo, pode- se mencionar o mito conhecido no Brasil pelos nomes de
Mãe d'água ou Iara ( Uiara, Oiara etc. ) e aproveitado por vários escritores
nossos para a composição de belas produções literárias em prosa e verso.
( 20 ) Ibidem .
( 21 ) Theodor Koch -Grünberg, Zwei Jahre unter den Indianern , vol .
II, pág. 155 . Berlim 1910 .
( 22 ) Ibidem .
( 23 ) Veja - se, por exemplo , Theodor Koch -Grünberg. Vom Rorolma rum
Orinoco , vol. III, pág. 200 , Stuttgart 1923 , e Rafael Karsten, The Civilisation
of the South American Indians, págs. 267 ss. , Londres e Nova York 1926 .
Karsten reuniu abundante material sobre concepções ameríndias de espí.
ritos animais e, particularmente, sõbre idéias relativas ao "man - tiger"
entre indios sulamericanos .
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 51
E havia
no país das palmeiras,
que era todo um rumor
de água clara
e de alegria matinal,
uma estranha mulher, muito linda ,
muito clara,
como ainda não houve no mundo
outra igual:
cabelos verdes, olhos amarelos:
Chamava - se Uiara ( 2 ) .
***
8. COBRA DE FOGO
mente os indios e mata-os, como os curupiras : o que seja isto, ainda não
se sabe com certeza " ( 1 ) . Mais para o sul, a denominação indígena era
maboi - tata , cobra de fogo. Entre as populações sertanejas das diferentes
partes do Brasil, transformou -se em boitatá , baitata, batatão, bitatatá etc.
Como já foi notado por Teodoro Sampalo, em sua obra " O Tupí na
Geografia Nacional" , as palavras macal, macalera e macachera também
significam fogo-fatuo em tupi- guarani. Segundo Marcgrave e O padre
Simão de Vasconcelos, o mito do macachera é um " numen viarum " , como
escreveu o naturalista, ou : " espírito dos caminhos ” , como traduziu o padre
jesuita. Nessa qualidade, confunde - se com o saci; o há realmente pontos de
contacto entre os dois mitos. Escreve Gustavo Barroso, que, em vários es
tados do norte, “ se acredita que o Batatão ensina o caminho errado a
quem o seguir, persegue os que correm com medo dele, ou leva o indivi
duo até uma sepultura próxima, se o acompanhar' ( 2 ) . E explica : " A
primeira crendice é comum a quase todos os povos. A segunda vem do
fato da deslocação do ar , produzida pela carreira do medroso, atrair 0 .
fogo errante. E a terceira promana da própria verdade do fato : esse fogo
nasce das putrefações, sendo natural que apareça perto dos charcos e das
sepulturas" ( 3 ) .
Nesse mesmo livro ( 4 ) , Gustavo Barroso reproduz um mito africano,
" a lenda de Bingo " , colhido na “ Anthologie Nègre" de Blaise Cendrars, e
em que ocorre uma personificação do fogo -fátuo com o nome de Mboya
é a mãe que anda errando eternamente pela floresta à procura do filho
que foi atirado a um precipício. E' estranha a coincidência de nomes, que
ainda não encontrou explicação satisfatória .
E ' no sul do Brasil que o mito do mboi - tatá deu origem as mais curio
sas variantes regionais.
Em Santa Catarina, refere Crispim Mira, " é grande como um touro ,
com patas como os gigantes e com um enorme Olho no meio da testa , a .
brilhar, que nem um tição de fogo . Ninguém sabe onde seja o seu antro ,
nem do que se alimenta. O certo é que ora se mete pelo mar a dentro
como um cavalo - marinho, ora voa por cima das árvores como um fantás
tico pássaro infernal. A esse respeito não há a menor dúvida . Os incré
dulos têm pago caro a fanforronice " ( 5 ) . E contam - se horripilantes his
tórias das dsegraças que o monstro tem causado, das pessoas que morre
ram , das plantações que definharam, das famílias que ficaram reduzidas
à mistéria somente porque lhes passara por perto esse " coisa ruim " ( 6 ) .
Segundo uma versão riograndense, recolhida por Silvio Júlio, e repro
duzida por vários autores, omboi- tatá é uma cobra que escapou das
águas do diluvio, refugiando - se numa toca ao alto dum monte. Na escu
ridão, arregalava os olhos, para exergar alguma coisa ; assim , dilatando
se, ficaram cada vez mais luminosos, até que afinal a serpente se metamor .
foseou em cobra de fogo.
***
56 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
9. O MACAUA
***
10 . LUZ E CALOR
(8 ) Ibidem .
(9) 0. C., pág. 97 .
( 10 ) " História dos indios Cavaleiros ou da nação Guaicuru " , Rev. do
Inst. Hist. e Geogr. Bras ., tomo I ( 3.4 edição ), págs. 28-29. Rio de Janeiro
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REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 63
HÉLIO DAMANTE
H. D.
3
I
II
" Urzes ” fêz sucesso naquele São Paulo de 1899, fervilhante de cau
sas políticas. Aquêle São Paulo que se preparava para o seu largo e in
término vôo de cidade grande. No jornalismo, Amadeu já era figura de
projeção e a sua afirmação como poeta de valor, viera - lhe sagrar um lu
gar de liderança nas letras paulistas.
Frequentador assíduo do Café Guarani , o cenáculo por excelência
de tôda uma geração, êmulo paulistano do Café das Belas Artes do Rio de
Janeiro, iniciou Amadeu, por essa época, com sabedoria e amor, o seu
sacerdócio no mundo das letras.
A revista “ Paulópolis ” e outras de caráter literário que apareceram
em São Paulo nos princípios deste século, tiveram nêle colaborador assí .
duo e animador entusiasta . Aliás, como veremos mais adiante, as revistas.
foram sempre o seu fraco. Foi para aquela revista, em uma tarde de
1903, no Café Guarani , que Amadeu entregou a Veiga Miranda o soneto
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
que " especialmente define em síntese a sua intrínseca santidade ", o qual
foi incluído depois nas páginas de “ Névoa” e que aí vai, em sua forma
original, conforme citou -o Veiga Miranda no discurso de recepção a Alti
no Arantes, na Academia Paulista de Letras :
VOZ INTIMA
III
AMADEU AMARAL
( Desenho de Wasth Rodrigues )
1
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 73
ran outra das suas constantes preocupações. Ainda pouco antes de morrer
editava aqui em S. Paulo o “ Malazartes ", de que sairam apenas cinco
números. Não encontrou ambiente e está fazendo falta .
Já em 1909 estava de volta à capital paulista. Chamavam -no para
ocupar um lugar na redação do “ Comércio de S. Paulo", onde logo che.
you a secretário. Na bagagem trazia quase todos os versos de " Névoa " e
muito dos célebres poemas de “ Espumas ” .
Um episódio relevante ocorreu então : a fundação da Academia Pau
lista de Letras, que se tornou possível graças à intervenção realmente pro
videncial de Amadeu . Adoentado, éste voltara para S. Carlos a refazer
as forças. Substitui -o na secção “ Dia a Dia " do Comércio ” Roberto Mo
reira, que logo entra em acesa polêmica com o dr. Joaquim José de Car
valho (J. J. de Carvalho ) , médico ilustre, pai da idéia da fundação da
Academia e que a desejava não exclusivamente literária , mas o cenáculo
dos grandes nomes da vida paulista. Roberto Moreira e os de seu grupo a
queriam no modelo de sua congênere Brasileira : uma academia literária .
la acesa a polêmica quando, em carta aberta a Roberto Moreira, intervém
Amadeu, mostrando a conveniência de concretizar -se a iniciativa ( 1 ) .
Amainaram -se como por encanto os ânimos acirrados. Estava vitoriosa a
Academia, que viera à luz a 5 de setembro, dando asso ao debate, e oficial
mente instalara -se a 27 de novembro desse mesmo ano de 1909 .
A Amadeu, sócio fundador, coube a cadeira número 33, que tem por
patrono Teófilo Dias, o poeta maranhense da “ Lira dos Verdes Anos ” ,
** Fanfarras ”, “ Canticos Tropicais ”, - tribuno eloquente e político apai
xonado, por certo uma antítese do modo de ser de Amadeu Amaral, mas
por este mesmo escolhido para seu patrono, talvez por essas misteriosas
afinidades espirituais, em que não se pode ver contradições ... Ocupa
hoje a mesma cadeira o sr. Altino Arantes.
O nosso poeta estava destinado a ser um verdadeiro nume tutelar da
Academia Paulista de Letras. Já nos últimos anos de sua vida, presidin
do -a, veio -a sacudir do torpore indolência, reorganizá -la, refundí-la,
deixá - la, enfim , com pujança, tradição e grandeza .
IV
1) Seu artigo " Tico - Tico " , publicado no “ Comércio " em fins de
1990, foi considerado o primeiro embate da candidatura civilista , a qual.
desde a primeira hora, filiou - se Amadeu.
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 75
Em " Vencedor ”, como esses outra jóia de " Espumas ", êle canta a
vacnidade da glória :
VI
“ Senhores,
VII
pelo folclore ( 1 ) , carta que dá bem amostra do zelo que colocava eca
suas pesquisas e do valor que representa o material contido e comentado
nos vários trabalhos seus, artigos e livros, que consubstanciaram tais es
forços :
“ S. Paulo, 5 - II - 1920 .
VIII
no 1 ) S. Paulo
Francisco Damante publicou , no gênero, “ Na Roca " ( Tip. Cumi
1919 ) e "O Bom Povo " ( Gráfica Editora Monteiro Lo
bato S. Paulo - 1925 ) .
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
" Trajano
Depois que recebi sua carta, não me lembro se mandei ou não
nova remessa de volumes , tantas coisas se me remexem na cabeça .
Porisso despacho agora mais dez vols. Se por acaso o pessoal aí achar
caro 2 $500 , pode mandar vender a 2 $000 .
IX
AO RIO CAPIVARI
frutífera , mas que produz frutos quando é sazão, e fora disso não
produz mais nada. Ali está , no seu lugar , quieta, sem movimento ,
sem iniciativa, sem préstimo, sem solicitudes, sem graça. Apenas dá
sombra. Uma sombra igual para todos. Mas que importa aos ho
mens uma árvore que dá sombra ! A " sombra aproveita quando ader
ga, gosa -se, saboreia -se, mas não se tem nnehuma gratidão para a
planta equânime que não nô-la reservou para nós e que dará ao pri
meiro vagabundo que a procure. Assim, a árvore de boa sombra vive
realmente isolada, cercada por uma densa muralha de impenetrabi
lidade própria e de alheia indiferença ! "
XI
“Não sei como lhe agradecer, nem sei como mereci as expressões
do seu artigo sobre a minha candidatura. Vou transcrevê- lo no Esta
do, com outros. Se eu não fôr eleito, nem porisso deixarei de me
sentir vitorioso com estas honrosas e confortaveis expressões -
dos meus poucos mas bons amigos " .
88
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
ang
lismo cívico, teve desgostos sérios e colheu mágoas . Talvez que muitas
reflexões do “ Memorial” se estribem nessa dura experiência do trato
com os homens , sejam um desabafo. O que, sem dúvida, sob outros aspe
ctos e em outros campos, não constituia novidade para ele.
Acostumara -se o suave mestre da “Carta de Guia " a colher injusti
ças onde semeara boa vontade e compreensão. É esse o destino dos bons.
Não seria a política que o haveria de atirar , irreconciliável, contra a vida
ou os seus semelhantes. Não . Sem tirar vinganças de qualquer espécie,
sem descer aos destratos pessoais, o Amadeu dêsses instantes de sofri
mento e desilusão, de incompreensão, quizá de abandono, não é outro se
não aquele que pregava aos próprios filhos :
XII
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autografo
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Amadeu
.Amaral
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REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 89
1
1
FONTES PRINCIPAIS
( 1743 )
Dom João por graça de Deos Rey de Portugal, e dos Algarves da quem,
e dalem mar em Africa Senhor do Guinê &*. Faço saber a vos officiaes da
Camera da Cidade de Sam Paulo que eu sou servido ordenarvos cumpraes
O VOBO regimento incorporado na ordenação não fazendo mais despezas do
que a ley vos premite penna de as pagares de vossa caza, e quando ne .
cessiteis de Provizões pa. alguns ordenados ou propinas, mo deveis fazer
prezente para que vistas e examinadas as rendas desa Camera, e a neces
sidade dos ordenados ou outras despezas extraordinarias se vos poderem
regullar e premitir como for justo . El Rey nosso Senhor o mandou pello
Dezembargador Thomê Gomez Moreyra, Manoel Caetano Lopes de Lavre
conselhros .' do seu Conso. Ulrtamarino, e se passou por duas vias. Caetano
Ricardo da Sylva a fez em Lxa . a dezoito de Março de mil setecentos e
quarenta e trez o Secretro. Manoel Caetano Lopes da Lavre a fez escrever .
// Tomê Gomes Moreyra e Manoel Caetano Lopes de Lavre 1 / E não se
continha mais na dita ordem que aqui fez registar bem e fielmente do pro
prio original o que me reporto porque a ly corri conferi com a propria
sobscrevy e asigney nesta Cidade de São Paulo aos de dezoito dias do mes
de julho de 1743 . eu Manoel da Luz Silveyra escrivão da Camera que
sobscrevy a asigney e conferi, Manoel da Luz / Silveyra. Conferido pr. mim
Silveyra .
Dom João por graça de Deos Rey de Portugal e dos, algarves da quem
e dalem mar em Africa senhor de Guinê & . Faço sabe a vos officiaes da
Camera da cidade de São Paulo que se vio a vossa carta de vinte e hum de
junho de mil e setecentos quarenta e hum em que representaveis achares
Tos gravados com a obrigação da factura do caminho que vay dessa ci
dade the o Cubatão lugar chegado , ao mar que vay para a Villa de San
tos, rezão porque me pedieis fosse servido ordenar que a metade do ca
minho que debaixo do destrito dessa cidade, e das partes de serra asima
a façais vos, e a outra metade que he destrito da villas da marinha ,
Santos e São Vicente a fação estas, e vistas as vossas razões, emformação
92 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Dom João por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves da quem
e dalem mar em Africa senhor de Guinê da conquista navegação comercio
de Etiopia e Arabia , Persia e da India &'. Faço saber aos que esta minha
carta patente virem que tendo respeito a Manoel Mendes de Almeyda estar
provido por Dom Luiz Mascarenhas governador cappitam general da
Cappitania de São Paulo no posto de cappitam mor daquella cidade que o
dito governador creou de novo em virtude da minha real ordem de vinte
e hum de abril de mil e setecentos e trinta e nove, porque determino que
as ordenanças do Brazil se regulem na mesma forma que se pratica neste
Reyno : Attendendo ao dito Manoel Mendes de Almeyda ser pessoa de
conhecido prestijo, destinção e merecimento, e melhor servido na mesma
cidade no cargo de provedor da caza da rendição com grande zello e fede
lidade, e por esperar delle que da mesma maneyra se haverá daqui om
diante em tudo o mais de que for emcarregado de meu serviço, conforme
a confiança que faço da sua pessoa. Hey por bem fazer lhe merce de o
nomear / como por esta o nomeio / no posto de cappitam mor das ordenan
ças da cide. de Sam Paulo por tempo de tres annos, no fim dos quais se lhe
tirará rezidencia com o qual não haverá soldo algum de minha fazenda ,
mas gozará de todas as honrras, previlegtos liberdades, izenções, e fran .
quezas que em rozão delle lhe pertensserem : Pello que mando ao meu
governador e cappitão general da Cappitania de Sam Paulo conheça ao
dito Manoel Mendes de Almeyda por Cappitão mor das ordenanças daquella
cidade, e como tal o honrre e estime, deixe servir e exercitar o dito posto
pelo dito tempo de tres annos debaixo da mesma posse e juramento que
lhe deu quando nelle entrou, e aos officiaes, soldados e mais pessoas suas
sobordinadas ordeno tambem que em tudo lhe obedeção, o cumprão suas
ordens por escripto o de palavra , como devem esam obrigados, que por
firmeza de tudo lhe mandey passar esta por duas vias por mim asignadas
digo por mim asignada e sellada com o sello grande de minhas armas.
Dada na cidade de Lixboa aos quatro de março . Anno do Nascimento de
Nosso Senhor Jezus Cristo de mil e setecentos e quarenta e tres // A
Raynha // Lugar do sello grande // Patente por que V. Magestade ha
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 93
Doe. CLIV
Pagamento de aluguéis
Doc . CLV
Doc . CLVI .
Doc . CLVII
Srs. Juis de Fora pela Ley Presidte, e Offes. da Camara desta Cide.
Havendo a Soberana . Assembleya Geral Constituinte e Legisdativa deste
Imperio projectado, q. huma das Universidades q . se tem de criar, deve
ser estabelecida nesta Provincia, acaba de participar a este Governo
Exmo. Deputado della Joze Arouche de Toledo Rendon, q. algumas Provin
cias requerem q.e a Universidade destinada para esta se transfira para ellas ,
e q. por isso hé de toda importancia q. as Camaras das cabeças das tres
Comarcas dirijão & Mesa Soberana Assembleya hua bem organizada repre
sentação, pedindo q . se não altere aquelle estabelecimento, de q . tantas
vantagens devem rezultar a Provincia , e mostrando em summa as utillda
des do local a commodidade de ter já o Edeficio do collegio e as rendas
do subsidio, e contribuição Litteraria, q . montão em mais de 28 contos
annuaes ; e nestas conrcunstancias este Governo, confiando muito no pa
triotismo de vmces., espera hajão de faser com brevidade esta represen
tação , nos termos os mais energicos, e patrioticos , bem proprios dos hon
rados, é briozos Paulistas, amantes da sua Patria, e solicitos pela sua
prosperidade e augmento ; o g . feito participarão ao referido Governo . Ds
ge, a vmces. Palacio do Governo de Sm. Paulo 3 de 9bro . de 1823 Candido
Xer , de Almda . e Souza João Bapta . da Sa. Passos Bonifacio de Frey
tas Trancozo João Gonçalves Lima - Cumpra - se e Registe. São Pio .
em Camara de 6 de 9bro. de 1823 Penteado -- Ramos Vaz Bar
boza . No verso : “ Regdo. a fl . 188 do Lo. actual de Registos s . Pla
17 de 9bro. de 1923 ' '.
97
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Doc. CLVIII
Doc . CLIX
Doc. CLX
Doc. CLXII
Doc . CLXIII
Doc . OLXIV
Doc . CLXV
Recebimento de um edital
Doc. CLXVI
( 1913 )
18., 19. , 20. , e 21.", tambem votaram contra , estes tres ultimos vereado
reg . Em vista do ocorrido o Senhor presidente encerrou a presente sessão .
E para constar, eu, Alfredo de Andrade Arruda Botelho, Secretario da Ca
mara a escrevi e assigno conjunctamente com os Senhores vereadores reu
nidos. Carlos Schmidt. Izaias Branco de Araujo, José Guilger Sobri
nho. José Conrado. João Felippe da Silva. Brazilio Procopio da
Luz, Alfredo de Andrade Arruda Botelho. -
ACTA DA SESSÃO ESPECIAL PARA A SEGUNDA DISCUSSAO DA LEE
ORÇAMENTARIA PARA O EXERCICIO DE 1913
Presidencia do Sr. Carlos Schmidt
Aos trinta e um de Outubro de Mil Novecentos e doze, nesta cidade de
Santo Amaro, Comarca da Capital do Estado de São Paulo , ás 8 horas da
manhã, reunidos 08 senhores vereadores : Carlos Schmidt presidente, Te
dente João Felippe da Silva vice-presidente, Brazilio Procopio da Luz
prefeito Municipal, Izaias Branco de Araujo , José Conrado, José Guilger
Sobrinho, o Senhor presidente declara aberta a sessão para a segunda
discussão do projecto da lei orçamentaria para o exercicio de 1913. Posta
em discussão as emendas constantes da acta da primeira sessão, realisada
no dia vinte e oito do mez vigente, o vereador Izaias Branco de Araujo ,
apresentou, ainda a emenda de ser redusido à Rs. 1 :200 $ 000 o ordenado do
Secretario . o ultimo vereador citado pedio a suspensão da sessão por
quarenta minutos. Attendido pelo Sr. presidente, este vereador, solicitou
a entrega daquelle projecto de lei, para exihibir, por escripto, como lhe
fora pedido pelo presidente da Camara, as emendas constantes da sessão
de vinte ( 1 ) oito do ocrrente e a concernente que fez na presente. Terminado
este praso , e reaberta a sessão, foi apresentado pelo vereador Izaias Bran
co de Araujo, o seguinte documento : “ Ao projecto N.° 4. Na Receita . Artigo
2.• Supprima - se os $$ 6.°, 9.º, e 17.º. Na despesa . Artigo 4.º ao paragrapho
129, em logal de 700 $000, digo $ 20.º, em vez de Rs, 2 : 160 $ 000, diga- 86 Rs.
1 :440 $000, ao 12.• em logal de Rs. 700 $ 000 diga-se 500 $ 000 ; ao ſ 15.º em
logar de 1.000 $000 - 600 $ 000, ao 16.º em logal de 2 :700 $000 2 :400 $ 000 .
19.º em vez de 2.050 $000 diga- se 550 $ 000 ; e suprima-se o que consta do
Artigo 5.º, Sala das Sessões, 31 de Outubro de 1912. José Guilger Sobrinho .
Isaias Branco de Araujo . José Conrado ” . Posta em discussão o documento
supra transcripto e depois de prolixo debate entre os Senhores vereadores,
pelo Senhor presidente foi lido o seguinte : “ Em virtude da desintelligencia
occasionada na presente sessão entre os vereadores Izaias Branco de Arau
jo, José Conrado, e José Guilger Sobrinho e os demais vereadores acerca
do projecto da lei orçamentaria para 1913; em vista de não haver accordo
entre os mesmos vereadores, visto que aquelles trez primeiros citados, ne
gam o direito de voto ao prefeito Municipal para a mesma lei orçamentaria
de accordo com as leis que regem as Camaras, declaro suspenso os traba
lhos referentes ao mesmo projecto orçamentario e que vigorará, em face
do exposto, o orçamento de 1912, no exercicio de 1913. 31 de Outubro de
1912. Carlos Schmidt presidente " . Nada mais havendo a tratar, o Se
nhor presidente encerra a sessão. E para constar, eu, Alfredo de Andra
de Arruda Botelho, lavrei a presente que firmo em seguida a assignatura
do ultimo vereador. Carlos Schmidt, Os vereadores abaixo assignados,
s6 estão de accordo, apresente acta, referente ao projecto da lei orçamen
tarta , apresentado pelo Prefeito e de accordo com as emendas apresentada ,
(1) Consta a margem : Vale a entrelinha que diz - " vinte " . Botelho .
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 103
Termo de comparecimento
Termo de comparecimento
Decreta :
Decreta :
Decreta :
Decreta :
Decreta
COLABORAÇÃO
DOCUMENTACAO
Papéis Avulsos
Doc. CLIV Pagamento de aluguéis 95
Doc. LV Reclamações de alguns presos 95
Doc. CLVI Nomeação de presidente para a provincia de São Paulo . 96
Doc . CLVII Criação de uma Universidade . 96
Doc. CLVIII Devassa sobre a morte de um Capitão do Mato 97
Doc. CLIX Consertos em uma ponte 97
Doc. CLX Acusando recebimento de um ofício 97
Doc. CLXI - Cópia de uma portaria 97
Doc. CLXII Contribuição voluntária para a Marinha de Guerra . 98
Doc. CLXIII Publicação de dois editais . 98
Doc. CI XIV Dispensa sobre nomeação .
Doc. CLXV Recebimento de um edital 99
Doc. CLXVI Edital sõbre o projeto de Constituição .
Decretos e Leis
Leis
REVISTA DO ARQUIVO
MUNICIPAL
CXXVI
DOCUMENTS DEPARTMENT
APR 7 1960
LIBR RY
UNIVERS ! OF CALIFORNIA
SAMPAIO FERRAZ
Famoso Chefe de Polícia do Rio.
DO
1
A R Q U I V 0
M U N ICI P A L
PUBLICAÇÃO DO DEPARTAMENTO
MUNICIPAL DE OULTURA
Redação :
Divisão do
Arquivo
Histórico
Oficinas : 4
Gráfica da
Prefeitura
Telefono 8-1051
4
Assinaturas :
para o Estado de São Paulo
Cada 12 nameros .. Cr.$ 40,00
Nomero avulso .. Cr . $ 5,00
SUMÁRIO
Prefeito
1
LIGEIRO ESBOÇO BIOGRAFICO
O AUTOR
LIGEIRO ESBOÇO BIOGRÁFICO
DE
por ventura , algum recanto do mundo que seja pátria dos que ali nasce
ram e, ao mesmo tempo, a pátria de todos os que trabalham no mundo ?
Não e não. A esse cosmopolitismo dissolvente Tiradentes opusera o genuí
no patriotismo, que sempre morou tanto nas montanhas alcantiladas de
Minas Gerais, como nos pampas sulinos, nos mares verdes do nordeste,
como às margens dos caudais impetuosos do rio -mar, nas emaranhadas e
densas florestas do Brasil central, como nas campinas verdejantes da glo
riosa Piratininga , teatro de lutas memoráveis.
Voltemos, agora , ao primitivo assunto :
Quanto a uma nova divisão territorial das Provincias do Brasil, não
admira que os seus limites de então tivessem evocado um forte protesto
do ilustre brasileiro, então residindo em Madri, na qualidade de nosso re
presentante diplomático. “ As Províncias do Sertão", diz-nos ele mesmo,
' foram -se criando à medida que se iam descobrindo mais minas de ouro,
e era necessário pôr autoridades para a cobrança dos quintos ou para
proteger uma nova casa da moeda ... Depois da Independência, por ver
gonba nossa, quase que não se tem pensado a respeito da tão necessária
divisão do território ” ( Páginas 6 e 7 , primeira parte ) .
Entre outras anomalias, que Varnhagen cita, notamos a que se refere
existir, então, no Brasil, uma povoação chamada " Pedras de Fogo ", da
qual a mesma rua pertence a duas Províncias, as casas de um lado , a
Pernambuco, as do outro a Paraíba. A linha do norte do Espírito Santo
ainda era exatamente a mesma do primeiro donatário . E como éstes, há
inúmeros outros exemplos. Este mal é de caráter grave, e o autor propõe,
assim , as bases de uma reforma : Cada Província deveria ter uma
extensão de território proporcionada à das outras e suficiente população
e riqueza para que gozasse proximamente de igual importância um pla
no de certo patriótico e de longo alcance, mas, a nosso ver, inteiramente
irrealizável, na época, como o foi, por exemplo, nos Estados Unidos da
América do Norte .
Acerca da escravatura e da traficância de africanos para o Brasil, as
opiniões do autor não podiam ser menos sensatas, generosas e nobres do
que sôbre o mais que forma o assunto do seu bem compilado “ Memorial” .
" A escravatura dos africanos ” , diz êle a certa altura, com suma verdade,
" torna o país escravo de si próprio ; pois, como diz o Marquês de Maricá,
o cativeiro apostema e tortura os escravos e seus senhores ” .
O remédio ' apropriado que Varnhagen propôs para se erradicar este
mal é o mesmíssimo que só vinte e dois anos mais tarde foi adotado no
Brasil com benéficos resultados e depois de muita e acirrada oposição .
Eis o que escrevia, a propósito , o ilustre e notável brasileiro , em 1849 :
" Cumpre, pois, que uma lei declare já, quando ficam livres todos os filhos
de escravos ” . Se naquele tempo se tivesse aceito e adotado esta idéia
humana de que se achavam possuídos os verdadeiros patriotas, estaría
mos, há muito mais tempo, sem um só escravo . O nosso povo, porém,
jamais deixou de procrastinar não só nesta magna decisão, como em quase
tôdas qu e conduzi-lo -iam infalivelmente a seu maior bem -estar, como por
exemplo, a reforma religiosa, a Guarda Nacional e tantas outras medidas
de relevante importância.
Prosseguindo neste ligeiro e dispretencioso esboço biográfico, vemos
Francisco Adolfo de Varnhagen fazendo uma visita à pátria que lhe era
tão cara, em 1851. Neste mesmo ano, foi êle eleito Primeiro Secretário do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro ; quando , porém, prestava- lhe
16 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
CARTAS DE VARNHAGEN
" Meu caro Sr. Redator : Espero que me desculpará a resolução que
tomei de preferir confiar a V. S. a publicação da minha desafronta con
-
tra os tais pseudo -eríticos portuguêses, a qual com esta lhe remeto.
Por pouco que V. S. se entregue ao estudo da questão, reconhecerá que
tenho carradas de razão , que necessito, desde já de um protesto justifi
cativo, e que este protestos, a não ser um livro, que agora não posso es
crever, não pode ser senão no estilo em que vai . Inteire-se V. S. das gra
tuitas e ingratas acusações que recebi, da minha 1.6 resposta ( Provarás ),
para o caso bastante cortez e moderada, da insana violência com que de
pois disso fui agredido e me dará tôda a razão. Não chego, porém , a pe
dir que m'a dê nas suas linhas de cabeçalho, se preferir manter-se fora
da questão ; mas a publicar a minha carta, porquanto há não a acompa
nhe de censura contra mim. Então antes não a publique. Creio que pode
ria manter um têrmo meio informando os seus leitores da verdade e la
mentando os precedentes que me obrigam a essa carta. Nos apontamentos
juntos reuno algumas frases que penso poderão satisfazer a essas condi
ções ; mas tudo quanto vier de mais a meu favor aceitarei com o maior
reconhecimento. Em todo o caso , de novo peço a V. S. que se ponha
em guarda contra os artigos dos tais dois sujeitos, conforme creio que já
em outra ocasião lhe escrevi. Na literatura portuguêsa um e outro quase
não -têm por si mais que a si mesmos, elogiando o Sr. Coelho as obras do
Sr. Braga e o Sr. Braga as do Sr. Coelho . E se não veja a tal Bibliogra.
fia Crítica que parece já morreu . Requiescat in pace. A minha carta não
lhe ocupará quando muito mais que uma coluna do Novo Mundo. A mi
nha letra, para sair um pouco mais clara, como pede a imprensa, alarga
muito . Da 1.* Ed. da História das Lutas com os Holandêses ( 1630
1654 ), que acaba de fazer-se em Lisboa em bom tipo e papel , volume gros
so de 8 gde., ainda não recebi nenhum exemplar e lhe mandarei um quan
do cheguem : o mesmo quando se aprontem as novas páginas acerca de
Américo Vespucci. O mais prometido irá tudo acompanhando esta , em
pacote separado de impressos. Tenho continuado a ler com interesse
o Novo Mundo, e em prova de interésse, vou expôr -me ao desagrado dan
do-lhe um conselho amigável. Evite V. S. no seu, aliás, claro e belo estilo,
tanto quanto puder, o demasiado emprego dos pronomes pessoais e pos
sessivos, riscando na minuta todos os que se poderem dispensar ; e ainda
mais a repetição frequentíssima ( à francesa ) do pronome um , por exem
plo : Fulano de tal, um homem de raro talento, etc. Porque não simples
mente homem de raro , etc. ? – Perdoe o atrevimento de um velho, que
se confessa de V. S. muito reconhecido e 0. C. P. Seguro ” .
" Ilmo. Amigo e Sr. Tenho demorado a resposta da sua última , por
que o meu enoadernador, ou antes brochador, me esteve continuamente en
ganando a respeito do prazo em que daria uma nova porção de exempla
res brochados que agora promete para esta semana sem falta. Satisfa
22 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
volumes, pois que Varnhagen foi um dos raros brasileiros cujas abali
zadas e luminosas opiniões gozam de incontestável prestígio e autoridade
fóra do nosso mundo intelectual “Francisco Adolfo de Varnhagen ”
Relatório do Ministro de Estado para os Negócios Estrangeiros, José A.
Saraiva, 1866, páginas 118. a 119 .
Ferdinand Denis apelidava Vernhagen, por ocasião dos seus primei
ros trabalhos, “ june savant, un des plus laborieux et instruits Bresi
liens de notre temps ”.
M. D'Avezac assim se exprimiu no luminoso parecer emitido sobre a
“ História Geral do Brasil ” :
" The only intelligent modern treatise ou the life and voyages
of this navigator is Varnhagen's collection of monographs... Var
nhagen's book has made every thing else antiquadet, and no one
who has not mastered it in all details is entitled to speak about
Vespucius. In the English language there is no good book on the
subject ".
de água e uma lagoa muito grande no centro dela, pois, como é sabido, não
possui Mariguana, água interior.
Verdade é que Varnhagen não deixa de citar o mesmo “ Diário " em
abono da sua hipótese.
O resumo por ele utilizado, dêsse desaparecido e preciosíssimo docu
mento , do qual, já Las Casas se teria aproveitado na forma resumida,
existe na antiga Biblioteca dos Duques de Osuna, em Madri. O texto de
que se serviu Varnhagen é diferente do de Navarrette, idêntico éste, ao
de Las Casas, se é que, como pretende Harrisse, este último escritor não
empregou o texto completo.
No tocante a Vespuccio a questão reside em saber -se se ele fês, no
Novo Mundo, as quatro viagens que são apontadas e nas datas alegadas.
A data da primeira viagem , sobretudo, é importante, porque dela
depende o verificar-se o florentino foi realmente o primeiro descobridor
da terra firme americana, catorze meses antes de Cris vão Colombo e
uma ou duas semanas antes dos Cabots.
A convicção, não superficial e empírica, mas muito estudada , de Var
nhagen sôbre a veracidade dessa viagem de 1497 é, entre outros, forte
mente partilhada e defendida com grande cópia de valiosos argumentos
pelo historiador americano do norte , John Fiske.
Deve mesmo dizer - se que a opinião de Varnhagen é, atualmente, re
-
conhecida de preferência como a correta. Segue- a também Gaffare
“ Histoire de la Découverte de l'Amérique " , - e a este respeito escreve
John Fiske, o qual , no seu entusiasmo pela reabilitação do florentino che
ga a encontrar novas razões para confirmar -se na sua asserção, que foi o
gigantesco saber de Alexandre de Humboldt que fêz raiar a primeira “ luz
clara ” nas trevas que obscureciam totalmente as viagens de Vespuccio,
mercê de um erro tipográfico ou alteração ignorante na tradução de Saint
Diè de uma falsificação bem intencionada de Bandini, no século passa
do, e de outras muitas circunstâncias mais. Coube, no entanto, ao grande
Varnhagen , a glória incontestável de , desvendando a não autenticidade
dessa carta de Bandini, e deslindando gravíssimo erro da tradução de
Saint Diè , tornar tudo perfeitamente inteligível.
“ Pode - se, ajunta John Fiske, não aceitar todas as conclusões
de Varnhagen, mas já não existe sombra de dúvida sobre a integridade
de Vespuccio” .
Em verdade, nada há que prove absolutamente a negativa , como nada
há que prove conclusiva e afirmativamente, além do testemunho do prin
cipal interessado.
O Visconde de Santarém baseia sua argumentação em contrário à rea
lidade da viagem de 1497, no fato de se não encontrar nos documentos
contemporâneos existentes nos arquivos a mínima referência ao aconte
cimento e grande resultados dêle derivados.
Isto, quando Vespuccio afirma na sua carta de 1504, endereçada a
Soderini, publicada na íntegra, em Saint Diè, em 1507, e cujo original
nem se sabe bem em que língua foi escrito supondo -se, com bons e
sólidos fundamentos que o foi em italiano meio adulterado pela esidên
cia, na península, sendo o folheto editado na própria Itália, em 1505
1506, que a expedição se levara a cabo por ordem do rei e que a este
apresentou ele, no regresso, seu bem cuidado relatório, de que ninguém
dá fé.
32 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
.
38 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
1
tamentos nas constantes remoções a que o compelia a agitada e intensa
vida diplomática ; tanta era a pressa de comunicar ao público o que lhe
ocorrera, tanto o dominava um constante desejo de conversar com os seus
muitíssimos leitores.
Com aquelas publicações avulsas, sempre úteis e sempre interessan
tes, organiza - se a mais curiosa das bibliotecas, com volumes de todos os
formatos: bulindo em não sei quantos assuntos, escritos em português,
em espanhol, em francês, em alemão, pois que ele conhecia profundamen
te e redigia em uma porção de línguas vivas e mortas, impressos nos mais
variados lugares, ora em Lisboa, ora em Stockolmo, ora em Madri, em
Caracas, em Viena, em Lima, em Havana, em Santiago, etc. , etc ..
Seja -me lícito entrar em todos estes pormenores bibliográficos , já que
dêles era tão amigo o escritor de que, mercê da feliz oportunidade que
se me oferece, me estou ocupando.
A feitura da “ História das Lutas com os Holandeses ” foi primeiro
empreendida por um móvel de patriotismo, para reanimar alguns fracos
e pusilânimes, algumas coragens desfalecidas ante as sérias dificuldades
oriundas de imprevistos vários, com que se apresentava, não raro, a guer
ra a que nos arrastou o despótico governo Paraguaio, rememorando a
lição admirável do século XVII, que é , ainda hoje, a página épica e uma
das mais puras e mais tocantes da nossa história.
Que melhor prova de patriotismo podia, outrossim , Varnhagen dar,
do que concentrar o vigor mental de que fora dotado, sôbre a ressurreição
gráfica do passado de sua terra ? O amor do passado é comum às nações
que farejam sua decadência, para as quais constitui um regresso a tem
pos melhores, aos tempos da grandeza e da epopéia, e bem assim às 'na
ções em via de progresso, para as quais representa a necessidade impres
cindível da unidade, da coesão, da continuidade histórica , dos anteceden
tes próprios, da tradição.
O réveil napoleoniste correspondeu , em França , à primeira orienta
ção : a segunda encontra, nos Estados Unidos da América do Norte, o
exemplo mais frizante.
O estudo da história pátria é, pois, muito mais do que uma tarefa
simpática e agradável : é a satisfação de uma tendência da alma nacional.
O passado não só envolve a tradição, como gera o incentivo da ação
pela lembrança dos feitos gloriosos de qutras gerações, que, com a dis
tância do tempo perdem as asperidades e imperfeições, e mais glorio
sos parecem ainda na sua idealização vaporosa não se lhes conhecendo as
sombras nem os defeitos.
Assim , na pintura, por efeito da perspectiva , esfumam -se os contor
nos, esbatem -se as côres, corrigem -se as desigualdades e uniformisa - se a
visão. Além disso, o passado pesa com todo o seu peso sobre o presente,
engrinaldando - o com a messe das suas peregrinas virtudes e manchando - o
com a recordação dos seus crimes.
O historiador que exalçando-as , evoca as primeiras e , vilipendiando -os
tenta corrigir os segundos, faz obra de moralista e merece mais do que a
admiração,tem jus à veneração pública
Os sentimentos de honestidade profissional e de equidade social eram
em demasia arraigados no caráter do Visconde de Pôrto Seguro, para que
ele se esquivasse a tão bela missão, cujo cumprimento empresta relêvo ao .
seguimento da sua sábia narração.
1
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Nas próprias palavras dêle, a história deve ter, por intenção, " for
mar e melhorar o espírito público nacional", e foi sem tergiversações que
desempenhou cabalmente este papel de moralista, na acepção mais eleva
da da palavra, a saber, do historiador que faz servir a história de ensi
namento para os seus contemporâneos, porque, como Varnhagen disse
algures, o presente não é mais do que a repetição do passado.
O escritor que se segrega da sociedade para, na solidão do seu gabi
nete chamar de novo à vida o passado, com os seus personagens, os seus
dramas, os seus horrores e as suas glórias, e com esse encantamento visa
realizar não só uma primorosa reconstrução artística mas uma nobre tare
fa de pensador, corre muito risco de falsear sua missão pela ignorância
em que forçosamente cai das necessidades morais do presente .
Para prevenir este mal, é mister conservar o interesse ligado ao mun
-vdo exterior e não se isolar na torre de marfim da especulação mental.
Varnhagen não podia sofrer das consequências de semelhantes circunstân
cias, porque a sua vida intelectual é inseparável da sua vida pública.
Com efeito, não podemos esquecer que se foi principalmente, essen
cialmente um homem de letras, ele foi oficialmente um fino diplomata .
Sua extraordinária atividade neste campo não pode, portanto , ser
passada sob silêncio.
A primeira nomeação na carreira que preferira à militar, veio - lhe no
ano de 1842, na categoria de Adido à nossa Legação em Lisboa, de onde
passou, mais tarde, em idêntica categoria, para a Legação na Espanha, em
1847, sendo, nesse mesmo ano promovido a Secretário e, em 1851 a Encar
regado de Negócios.
Em Madri demorou-se até o ano de 1858, o que perfaz um total de
dezesseis anos de bons e assinalados serviços nas duas capitais da Penín
sula Ibérica, tempo que empregou no revolver sofregamente dos arquivos
e no preparo da primeira edição da sua estupenda " História Geral do
Brasil " , coroando um já elevado monte de pequenos trabalhos.
Ninguém , penso , se queixará de que durante esse período, Varnha
gen ocupasse seu tempo mais nas bibliotecas, arquivos e nos cartórios,
que na Chancelaria, ou por outra, que combinasse e mesmo preferisse os
estudos históricos à fofice e a superficialidade diplomática, e os ensaios
literários à ociosidade burocrática ; pois não me consta que houvesse, en
tão , outra questão pendente entre a real Côrte de Madri e a Imperial
Côrte do Rio de Janeiro, além de umas tediosas reclamações espanholas
por apresamentos de navios , e outras não menos tediosas reclamações bra
sileiras consequentes de fornecimentos não satisfeitos e efetuados por
particulares a forças estacionadas no Rio da Prata , datando todas de de
zenas de anos e afetas a uma comissão mista, constituída para tal fim,
sendo as negociações a elas pertinentes conduzidas pelo ministro espa
nhol acreditado junto ao Governo Imperial do Brasil.
Eu bem sei a diplomacia não se compõe só de negociações importan
tes, felizmente raras ; que o ramerrão é muito mais natural , e que o trato
constante dos agentes de uma nação com os respresentantes políticos e
sociais da outra se impõe como um dos meios de fomentar, intensificar e
solidificar as relações internacionais, de desmanchar quaisquer atritos
supervenientes, de tornar mais íntimo e recíproco o conhecimento dos dois
países e, conseguintemente mais enraizada sua mútua estima.
Varnhagen era por demais inteligente e bem educado para descurar
esta parte necessária do ofício , a chamada representação, começando por
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 41
Alexandre Dumas pai, que não foi acadêmico, porém , tinha em si:
pano para meia dúzia dêles, ainda podia afirmar que o " Dicionário de
Cozinha” que escreveu era o digno remate do seu milhar de volumes, e ,
chegada a ocasião, deleitava -se em pousar a pena para atar o avental :
branco e tentar a experiência das suas receitas .
Como imaginarmos um Paul Bourget ou um Pierre Loti, com tôdas
as suas preocupações psicológicas e perplexidades sentimentais, entre
gando -se a uma tão desanuviada tarefa ? Para se achar prazer nesta como:
em outras distrações manuais, não a exemplo dos gentil-homens france
ses do século findo que, por luxo ou simples vaidade aprendiam um ofício ,
mas meramente por desfastio, como o fazia Varnhagen, o qual, segundo.
parece, se dava a vários misteres, para os quais requerem -se uma alta
dose de satisfação profissional , perfeito desprendimento de esnobismo e
ausência de inquietação intelectual.
Todos estes predicados possuia o autor da " História Geral do Bra
sil ” ; era um orgulhoso, um simples e um forte.
Não o esqueçamos, nós, os da geração contemporânea, cuja vaidade.
nem sempre é contrapesada pelas duas outras qualidades.
Tão pouco devemos esquecer, agora, meus pacientes e ilustres Julga
dores que com tão louvável afã festejaremos, em 1950, precisamente qua-.
tro e meio séculos decorridos do descobrimento de nossa muito amada Pá-.
tria, quando, então , deveremos proceder a novo balanço do que temos .
realizado como contribuição para a história da humanidade, que foi , há
mais de um século, o digníssimo homem de letras cuja fisionomia moral
procurei relembrar e enaltecer neste ligeiro e dispretencioso esboço bio
gráfico, quem descobriu jubiloso e piedoso apontou à gratidão brasileira
o túmulo de Pedro Álvares Cabral, esquecido e já ignorado na Capela do .
vetusto Convento da Graça, de Santarém.
Como não bateria apressado o coração de Varnhagen decifrando na :
lousa gasta pelo perpassar de gerações de crentes, o singelíssimo epitáfio
do ilustre almirante e navegador lusitano à cuja vista atônita primeiro se
desvendaram as opulências inimagináveis da Terra de Santa Cruz, e agora
dorme o último sono na Terra que Almeida Garret chamou " pátria dos
rouxinóis e das madressilvas, cinta de faias belas e de loureiros viçosos ” .
Recordando com o poeta “ que não parece senão que a paz, a saúde, o
sossêgo do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um:
reinado de amor e benevolência ” – Viagens na minha Terra, volume Is
é para consolar que a ação terrivelmente niveladora da morte haja con
fundido as ossadas do navegador insigne e de pessoas da sua ilustre famí
lia ; pois que de outro modo, apesar de ser quase uma impiedade, não po $
deria resistir a exprimir o voto que me acudiria aos lábios neste momen
to, de que, algum dia , quando formos verdadeiramente grandes, valoro
sos, tolerantes e bons, os restos de Pedro Álvares Cabral sejam conduzio
dos às plagas de Santa Cruz a exemplo da nova peregrinação além do
Atlântico, como o foi a transladação , reclamada pela voz de um nosso
patrício ilustre que foi ardoroso propagandista da República , do corpo do
Monarca Magnânimo que tanto presou as coisas do espírito e a nação .
que governou, e do da sua santa companheira de trono, modelo de tôdas.
as virtudes
Menos do que em Santarém, o nobre coração de Varnhagen, não exul
ta neste instante o meu coração, com poder associar o nome do descobri;
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 49
Assim , esta nossa cidade de São Paulo nasceu numa escola. Fatn
único, fato ímpar na história do mundo, onde as maiores cidades surgi
ram à beira de uma estrada, na confluência ou à margem de um rio, num
acantonamento militar, ou num pouso perdido no descampado. Nessa es
cola de São Paulo, tempo adiante, andou Pedro Taques , o nosso linhagis
ta-mor, na sua infância. Conheceu ali o gosto dos estudos genealógicos e
históricos, através da latinidade e das letras humanas. E muitos, muitos
outros frequentaram o Pátio do Colégio, estudaram nas aulas dos jesuítas
para ocuparem , mais tarde, o lugar dos homens da Europa, no Brasil que
ia alvorecendo.
Presente à inauguração do Colégio de São Paulo, nessa remota ma
nhã de 25 de janeiro de 1554, Padre Manuel da Nóbrega, o fundador da
cidade, continuou a dirigir - lhe os destinos, a partilhar a sua atividade en
tre os colégios de São Vicente e de São Paulo, assistir os primeiros passos
54 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
1
i
SAMPAIO FERRAZ
-
}
DUAS PALAVRAS
APANHADO GENEALÓGICO
Casou -se Sampaio Ferraz no Rio de Janeiro com D. Elisa Vidal Leite
Ribeiro, filha dos Barões de Itamarandiba, figuras de destaque do segun
do Império. A essa família pertencem o Visconde de Taunay, Barões de
Santa Margarida, Ayruóca, Vassouras etc., Domiciano Leite Ribeiro, Vis
conde de Araxá , que governou o Estado de São Paulo, no ano de 1848,
tendo sido seu décimo oitavo governador.
JOAQUIM DE SAMPAIO GOES
Convencional de Itú em 1873 Pai de Sampaio Ferraz.
UM VIGOROSO PAULISTA NA HISTORIA DO BRASIL
SAMPAIO FERRAZ
Numa época de aterradora crise moral, nada nos parece mais oportu
no do que reviver, ante as gerações de hoje, os vultos da velha e sólida
fibra brasileira. Ao recordar-lhes os feitos, invade-nos o orgulho do pas
sado . A rijesa do caráter, a sobranceria admirável dessa gente há de
causar espanto à geração de hoje. Os povos não se impõem unicamente
pela inteligência , mas pelas qualidades de caráter e viriſidade.
Roma, no auge da cultura, teve que baquear sob a imensa vaga de
corrupção que a envolvêra. A Inglaterra, viril e honesta , encravada na
solidez granítica de um patriotismo formidável fêz do pequeno rochedo
do Mar da Mancha o maior Império da terra e resiste, inabalável, a todos
os fermentos revolucionários da época. Como numa apoteose à própria
grandeza moral, assistiu ao fenômeno, único na História, de vêr, durante
as grandes guerras de 1914 e 1939, os próprios vassalos, - produtos de
todas as raças e religiões, correr pressurosos em defesa da metrópole da
liberdade e da justiça !!
Fanáticos das tradições da raça , inimigos de tudo que possa alterar
a personalidade inconfundível, o inglês, sem ser jacobino, é a obra prima
do patriotismo, porque ama, prefere e sobrepõe a Pátria a tudo mais que
exista sôbre a terra .
A História nos ensina que o destino dos povos são mais a obra da
energia moral do que da inteligência. Quem mais fêz pela nossa nacio
nalidade do que José Bonifácio, D. Pedro II, Feijó, Caxias, Osório, Rio
Branco , Floriano ! Não foram , entretanto, os " gênios" da raça. Po
nham - se, pois, em primeiro plano aqueles que, pelas virtudes, amavam a
pátria, a retidão e a altivez, tanto quanto os " patriotas ” de hoje amam
o proprio estômago e & velhacaria .
Provoca - nos tais comentários o aniversário da morte de Sampaio
Ferraz, brasileiro que se distinguiu por essas raras qualidades cívicas,
hoje tão desvalorizadas. Paulista da velha têmpera , sua popularidade
irradiou de tal modo da capital do país, que raro o brasileiro que não
haja ouvido falar do seu nome quase lendário. Qual o motivo dessa cele
bridade Únicamente porque o bravo propagandista da República foi o
72 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
3
EVISTA AILUSTRADA
ESTADOS
CAPITAL PUBLICADA POR ANGELO AGOSTINI. ANNO 201000
ANNO 45000 A corrsspandencia e reclamacdes devem ser dirigielas SEMESTRE 411000
SEMESTRE 81000 ÁREA DE CONFAVES DIAS N °50,SOBRADO AVULNO 48000
TRIMESTRE 1000
DIECA
Rio de Janeiro, Sampaio Ferraz deverá figurar, com justiça, como o ser
saneador_social. Foram estes, na República, as três grandes figuras do
Distrito Federal.
No ano de 1891, viu-se eleito deputado à Constituinte, pelo Rio de
Janeiro , obtendo o maior sufrágio até hoje verificado naquela capital.
Logo revelou, ao lado da proverbial eloquência, tal desassombro de atitu
des que cela va sans dire –, em pouco tempo se recolhia aos ostracis
mo, deixando a política que, já então, deitava os primeiros tentáculos de
corrupção, prometendo ser o que hoje é . Entregou -se, depois, à advoca
cia, em cuja profissão sempre brilhára pelo talento, cultura e proverbial
honradez. Especializando-se no crime , pois , fôra durante seis anos, um
dos mais notáveis promotores públicos da “ Côrte ” , voltou logo a ser das
grandes figuras do Juri. E não era fácil um promotor da justiça sobres .
sair naqueles tempos, em que o Tribunal do Crime, além de respeitável,
conseguia atrair oradores do valor de Silveira Martins, Bush Varela, Fer
reira Viana , Viveiros de Castro, Sizenando Nabuco , Jansen Júnior e ou
tros de igual estirpe.
Com efeito, a sua eloquência veemente tinha cunho inconfundível e
empolgante. Improvisador habilíssimo , jamais preparava um discurso.
Nas festas populares ou nos grandes acontecimentos, uma vez descoberto
pelo povo , era sempre aclamado e forçado a ralar. O temperamento arre
batado, ardoroso, à veemência excepcional, a que tonalidades magníficas
e raras davam admirável relêvo, fizeram - no mais um orador judiciário ,
um tribuno popular do que parlamentar. Fôra, com Lopes Trovão e Silva
Jardim , um dos maiores tribunos da propaganda republicana na Capital
do país . A eloquência era, no bravo republicano, a feição intelectual
predominante. Assim a retratou Teodoro de Magalhães. em formoso elo
gio fúnebre pronunciado no “ Instituto da Ordem dos Advogados do Rio
de Janeiro ” Sampaio Ferraz possuia maravilhosa intuição da arte de
dizer ; ilustrara - se na leitura de Cícero, folheava Danton, mas era -lhe
inata a eloquência. Os predicamentos de tribuno êle os reunia, realçan
do-os seus discursos que empolgavam auditórios adormentados e conven
cia assembléias granizadas de dubiedade : voz robusta e bramidora , olhar
fulminante e generoso, busto de atleta, sustentando cabeça senhoril, ges
ticulação sóbria e viril , fisionomia contractil definindo todos os seus sen
timentos ; a barba negra, nazarena, e trunfa romântica , que parecia cris
par ao ar tôdas as centelhas de sua cerebração potente. Quem o ouvia,
disputando um acusado, assombrava-se ( “ Gazeta dos Tribunais de 31 de
julho de 1921 , do Rio ) .
Desprendido, de uma generosidade que chegava às raias da ingenuida
de, recusou, por questões de princípios e irredutível intransigência , vários
cargos da mais alta relevância, entre os quais hastaria citar o de presi
dente do Rio Grande do Sul, no Governo Provisório, ao deixar a Chefig
de Polícia .
Sustando a nomeação do General Cândido Costa , o Marechal Deodo
ro ofereceu o pôsto a Sampaio Ferraz , que aceitou a honrosa incum
bência, apesar dos telegramas de Júlio de Castilhos e seus companheiros
aplaudindo o pensamento do Generalíssimo.
Por este motivo, e pelas posteriores e íntimas relações com elemen
tos políticos do grande Estado sulino, Pedro Moacir, ao responder, em
1906, numa manifestação pública, a um discurso de Sampaio Ferraz, pro
clamou - o Rio Grandense honorário.
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 85
i
DO DELITO , CÓDIGO PENAL E ORGANIZAÇÃO
POLICIAL NA INGLATERRA
RELATÓRIO
apresentado pelo Dr. Sampaio Ferraz ao Governo do Estado de São Paulo
INTRODUÇÃO
Sampaio Ferraz em Nova Iorque, ano de 1902 , vendendo cafés de São Paulo.
Nesta fotografia estão juntos sua filha D. Sylvia, Dr. Garcia Leão, Vice
Consul do Brasil e o saudoso Dr. Caramurů Paes Leme, de São Carlos do Pinhal.
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 95
seu futuro, não vendo mais do que as linhas gerais que o costume cria e
desenvolve, não vacilando ante a repulsa dos que se afastam do dever
comum e aplaudindo, incondicionalmente, a conduta dos bons, a prosperi
dade dos dignos e a elevação dos que mais lutam.
Há uma grande frase nas páginas de um dos maiores historiadores
inglêses. Macaulay, o intemerato analista das qualidades e defeitos so
ciais dos seus contemporâneos, dizia que a Inglaterra constitúe curiosa e
extranha aristocracia onde predominam os sentimentos mais democrátı
cos e ao mesmo tempo, uma democracia em que medra o mais acentuado
espírito aristocrático ...
O grande apotegma de que nas sociedades livres todos os cidadãos
são iguais perante a lei, é um lábaro naquelas ilhas cobertas de névoas
e onde vive a agremiação humana mais poderosa e que tem decidido da
sorte do próprio Universo, arrojando-se a todas as plagas, invadindo to
dos os hemisférios para demonstrar que a civilização e o engrandecimen
to resultam em parte da vontade e do trabalho. Não há exageros otimistas
na crítica do que vimos esboçando . Ao invés de uma reconhecida admi
ração pela Inglaterra, o nosso juízo se funda em considerações de alta
valia, sopesando os fatos e o desenvolvimento social daquele país que
se incumbem de pôr à luz, a elevação do espírito nacional, ùnicamente
preso à idéia da grandeza e do poderio da pátria. Povo rico, por um fe
nômeno econômico singularíssimo, mantém as grandes riquesas quasi que
monopolizadas pelo grupo de proprietários territoriais ; povo essencial
mente industrial, imprime ao marasmo que acompanha o capital tradu
zido pelos vastos latifúndios o impulso da movimentação reclamada pelos
industriais, inerente à moeda , à circulação do agente das trocas e só então
a sua riqueza se unifica , depois que ela foi um instrumento poderoso de
transformação , de melhoramentos e de progresso.
Povo excêntrico, por excelência, a singularidade do seu viver e a sin
geleza dos seus costumes se modelam por uma calma absoluta, contínua,
mantida em tôdas as eventualidades . À índole pacata que o caracteriza,
o afeiçõa ao silêncio e à ponderação . O inglês, como coletividade social,
é um tipo obediente, quasi passivo , porém cheio de personalidade. Quan
do porém a injustiça o fere, o seu protesto é frio, mas firme, como o seu
temperamento. Homem de luta, ele a trava em todos os terrenos , para
ter o seu direito respeitado. No fundo, a agitação, a espetaculosidade,
inerente à natureza humana, transformam-se nele em pertinácia e teimo
sia . É impossível, no entanto, encontrar quem mais firmado tenha no
espírito , o sentimento da ordem. É difícil desmontá - lo da firmeza e do
estoicismo com que domina o seu eu . Balzac , psicólogo que abriu veredas
novas no estudo da alma humana, ponderava que o egoismo é o exercício
superior da vontade do homem sobre si , o domínio sôbre os ímpetos da
fraqueza, a submissão do entendimento às riquezas do raciocínio e do
cálculo. O inglês começa por se dominar a si próprio para poder depois
dominar os outros . Todo o seu viver se modela pelo plano de vida, prè
viamente concebido , tôda a sua existência se circunscreve à consecução
do ideal que sonhára. As contingências da fraqueza, ele substitúe por
uma reação tenaz e nunca desfalecida . Os impulsos da paixão êle as
combaté pela inatividade e pela inércia .
Povo de heróis porque é um povo que aceita o sofrimento com a
resignação impassível dos que não desesperam nunca . Convencido de que
cada um é o árbitro supremo das suas ações, o agente único da sua feli
96 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
cidade, ele recebe o sucesso, sem o estonteamento dos que o não aguardam
ou encara a miséria sem os terrores dos que a não promovem .
O espetáculo das grandezas sociais, as ostentações do luxo, os ouro
péis dos nababos, não filtram na alma do mais baixo mendigo esse senti
mento vilão da inveja e da revolta. Quando pequeno e miserável, se
adapta ao seu meio, vive entre os seus pares, recordando que a sua inca
pacidade ou o seu vício é que o acorrentaram àquela existência infeliz e .
mesquinha. Êle vê passar no brilho das galas, do ouro, do poderio e da
grandeza, a rainha ou o camponês enriquecido , o príncipe ou o industrial
favorecido pela fortuna, o político eminente erguido ao fastígio das posi
ções oficiais ou o fabricante de fósforos que possúe milhões, com a supre
ma indiferença dos que compreendem que tudo resulta do esforço, do
mérito acumulado, da ação contínua para um objetivo certo, ainda que o
imprevisto possa às vezes desnortear a sua concepção. O acaso, o azar,
o destino, a bôa , ou má sorte, são palavras vãs, entidades abstratas que
não se conhecem naquele país, saturado de um " filosofismo” inato, emj.
nentemente verdadeiro e, por isso mesmo, estranhamente estimulante.
O domínio sobre si é a qualidade social que resulta dêsse modo de
vêr as cousas da vida e, daí vêm o retraimento, a reflexão, a paciência, a
quietude de ânimo que caracteriza o inglês .
Com tais elementos, não é de extranhar-se a inextência de codifica
ções. A lei principal reside na consciência de todo o cidadão e nesta n.
sentimento que predomina é o supremo dever de respeitar a autoridade ,
ainda que esta seja um méro símbolo. A concepção de que para a ordem
é necessária a submissão de cada um ao que está estatuído pela consciên
cia geral, êsse bom -senso prático extraordinário que ensina o respeito
sagrado , quasi fanático ao Direito, são os dois bronzes, sem oxidação pos
sível , sôbre os quais se levantam todas as instituições sociais na Ingla
terra, desde a mais insignificante associação de esporte até a eminente
estrutura de governo, que eles aceitam e não discutem, representando o
eixo concêntrico para o qual convergem as aspirações gerais da Nação e
donde se irradiam todos os estímulos de engrandecimento moral para o
povo .
A absolvição de um crime não satisfaria o criminoso, ainda que con
fesso de culpa. A condenação do inocente não necontraria reação da víti
ma, porque, esta lamentaria diante da própria corda dos enforcados, o
êrro do julgador.
2 A plataforma e a imprensa unificam a opinião nacional e diante de
uma situação política que se desmoronasse, chocada pelos embates de
uma oposição honesta, ou perante a bandeira negra que hasteiam na velha
cadeia de Newgate, quando o carrasco estrangula aquele que perturbou :
gravemente a ordem social , a multidão não sai do silêncio respeitoso a
que submete o calmo temperamento.
Cada membro do organismo social conhece o lugar, a função, o dever,
a atitude que lhe assiste na vida coletiva . Todos têm noção nítida, clara
e imperturbável dos privilégios que possuem e das garantias que gozam.
E ninguem ignora as proibições que se lhes impõem. A esfera do exercí
cio de um direito, qualquer que seja o seu revestimento, é um terreno
firme em que não há depressões . E se o direito existe deixa de ser um
privilégio para se constituir um símbolo. É O NOLI ME TANGERE das
virgens que guardavam o fogo sagrado... Os privilégios os mais odiosos .
nascem do costume, residem na tradição, flutuam , dispersos, nos estábulos.
políticos ou vivem na consciência acorde de cada cidadão, e deixam por
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 97
i
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 101:
Acresce que a revogação de uma lei anterior por uma posterior, nun
ca é feita completamente, na generalidade dos seus preceitos subsis
tindo a primeira apenas como um documento cronológico por entre as
coleções legislativas.
tão bem compreender e melhor ainda executar. Nem tudo pode ser trans
portado de uma sociedade para outra e funcionar igualmente, tanto a
beira do Tamisa como nas regiões tropicais. Entretanto, com conheci
mento de causas, saberemos tudo examinar, promovendo, “ quantum satis ”,
as providências de adaptação.
Trata -se do povo inglês,
66 estirpe singular, impar, formada por um
quasi isolacionismo, com signets e virtudes características, bem suas.
mais suas do que doutrem .
SAMPAIO FERRAZ
GOE THE
CONFERÊNCIAS COMEMORATIVAS DO
BICENTENÁRIO DO GRANDE POETA
TRADUÇÕES DO FAUSTO
ABRAHÃO RIBEIRO
( Presidente Honorario da Sociedade Goethena .
e Membro da Academia Goethea ) .
car aos pés da Virgem Dolorosa, que sofria também , num nicho dos
muros da aldeia, onde se lia :
Vemos, nos 14 versos dêsse soneto, sempre o mesmo “ leit -motiv ' ) :
" Quem vê cara não vê coração ''.
De fato ,
da Manhã ” , que começa com estas palavras : “ Boa nova é o último arti
go de Sérgio Buarque de Holanda, que nos revela que a Sra. Jenny Kla
bin Segall , dando um exemplo de probidade , que é raro na tribu dos
tradutores, retomou a sua tradução do Fausto , com o mesmo espírito
de pertinácia que já transparecia no primeiro texto , corrigindo ou apu
rando a sua notável tentativa, a mais completa em língua portuguêsa ” .
“ Tentativa completa !!! ... Como os nossos críticos são cautelosos !
Jenny Segall faz bem em refundir o seu trabalho , o qual nos dá a
impressão de um diamante bruto , a pedir lapidação.
A tradução de uma peça como o Fausto, é tarefa ingente e dificili
ma, que nenhum literato de valor deve dar por terminada, antes de sub
meter o seu trabalho ao buril consciencioso dos mais competentes. Tem
que ser um trabalho de equipe , de colaboração honesta e despretenciosa,
para que não induza a enganos , a falsas interpretações, e afirmações
como esta de Pierre Lafitte, para quem " o Fausto é uma tentativa notá
vel, mas abortada, de um poema sociológico " .
É uma dessas frases bem sonantes , mas sem o mínimo fundo de
verdade, revelando, antes, uma falta absoluta de conhecimento da obra
criticada. Faz lembrar a já citada frase de Castilho : “ O Fausto é uma
cordilheira de poesia , povoada de trevas e de monstros , rebentada a sú .
bitas de profundezas descohecidas ' '.
Pura fatasia ! O " Fausto " , de Goethe , como a “ Divina Comédia ' ,
de Dante, a " Gerusaleme Liberata ” , de Tasso , o “ Paraizo Perdido ” , de
Milton, e “ Os Lusiadas ", de Camões é uma dessas belezas de fama
universal, mas que ninguém viu , completamente desconhecida do comum
dos homens.
Conhecem-lhe só a ponta do nariz :
“ Habe nun , ach , Philosophie,
Juristerei und Medizin und leider
Auch Theologie , mit heissem Bermühen
Studiert ' .
É simplesmente inacreditável !
Aquela frase “ Si lhe ganho a aposta , oh ! que ufania ! ” com não
estar no original , deixa mal o coitado do Mefistófeles , o qual momentos
antes , na sua prosápia, tinha a certeza de ganhá-la.
Quando Deus , desafiado , lhe disse : “ Um homem bom , no seu mar
char na treva , o caminho direito há -de guardar” respondeu -lhe o po
bre diabo : " Pois bem ; isso não há -de durar muito ; não temo pelo resul
tado da minha aposta ” .
Si quizéssemos apontar todas as passagens de todas as traduções
que conhecemos , teriamos que transcrever as traduções inteiras da tra
gédia , o que seria mais uma tragédia .
A “ Sociedade Goetheana de São Paulo " , na sua nobre e desinte
ressada missão cultural, prestará , ao mesmo tempo , um serviço ao Bra
sil e a maior das homenagens à memória de Goethe , no bicentenário do
seu nascimento , si promover a tradução das suas obras , sem preocupa
ção de exibições literárias , mas com o único fito de lhe propagar as
idéias , aqui no nosso meio , onde ele é sinceramente admirado por pou
cos , simuladamente admirado por muitos, e completamente ignorado
por quasi todos .
WILHELM HAUSENSTEIN ( * )
(Membro correspondente da Academia Goe
theana de São Paulo ) .
Anjos abençoados
Aconselham-se com as puras criancinhas ,
Para promoverem o bem , desviando a vontade do mal ...
E o tirano das selvas, como filho querido ,
Vem-lhes ao doce regaço ,
Tocado pela piedade e por suave melodia ..."
Não será isto mais que o dúbio sentido de uma simples alegoria ?
Sim . Aí temos , antes , um como que legado , cheio de pressentimentos,
dos últimos instantes ...
Seria preciso recordar que em 1820 havia Goethe traduzido o “ Veni
Creator Spiritus ” , e que em 25 de fevereiro de 1824 declarava a Ecker
mann : “ Com Lorenzo de Médici gostaria de dizer que já estão mortos ,
para esta vida , aqueles que não esperam nenhuma outra ' ' ?
( Tradução de W. Treumann . )
REFLEXÕES SOBRE A DIALÉTICA DO FAUST
Em que pese o seu pacto com Mefisto, Faust sempre tende à reali
zação de valores , e realiza-os justamente em sua ação , em suas expe
riências, em seus novos conhecimentos . E como éstes valores são eter
nos, Faust não pode perder-se :
Es kann die Spur von meinen Erdetagen
Nicht in Aeonen untergehn ...
Mefisto mesmo é potência do mal , diz ele próprio que o mal “ é seu ele
mento ' . Será interessante então constatar que a tensão entre bem e mal ,
a dialética íntima entre os dois princípios , existe , de certa maneira,
também no espírito mau , e não é mera invenção . Quando , com efeito ,
Faust está morto , e os anjos chegam para levar a sua alma, a arma qua
usam contra Mefisto e os seus espíritos , não é o poder físico , mas é , de
certa maneira , despertar-lhe uma certa intuição de bem , e mesmo de
bondade , um sentimento de pena que lhe produz , é verdade , um extremo
mal estar ( afinal , trata-se do diabo ) mas que , apesar de ser-lhe imposto
por forças contra as quais é impotente, e não ser expontâneo , produz o :
efeito desejado, Mefisto então , constata com ira e surpresa que os anjos ,.
que detesta, lhe parecem amáveis :
Ich bin ein Teil des Teils, der Anfangs alles war
Ein Teil der Finsternis, die sich das Licht gebar ...
In Lebensfluten , im Tatensturm
Wall ich auf und ab
Webe hin und her
Geburt und Grab
Ein ewiges Meer
Ein wechselnd Weben,
Ein gluehend Leben
So schaff ich am sausenden Webstuhl der Zeit
Und wirke der Gottheit lebendiges Kleid ....
Alles Vergaengliche
Ist nur ein Gleichnis.
momen eternidade vislumbrada
A to, não se ident por Faust , quando exclama gozar o seu
ifica como “ Verweile doch , du bist so schoen ! ” .
144 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
ALBERT SCHWEITZER
Goethe ist ein Denker. Dies bekommt jeder zu erfahren , der sich
irgendwie mit ihm beschäftigt. In so manchen seiner Dichtungen klingen
Weltanschauungsfragen an .
Aber dieser Denker will nichts mit Denksystemen zu tun haben,
Stolz bekennt er von sich , er habe es so weit gebracht, weil er nie über
das Denken selbst nachgedacht habe . Er hat also eine gewisse Abneigung
gegen das , was man Philosophie nennt.
Wie ist er darauf gekommen ? Gleich wo er mit der Philosophie
der Aufklärung bekannt wird , zuerst in Leipzig , dann in Strassburg , hat
er eind gewisses Misstrauen gegen sie. Er hat den Eindruck , dass er das ,
was er von ihr auf den Hochschulen erfährt, eigentlich von sich selber
gewusst habe . Was ihn an dieser Philosophie des 18. Jahrhunderts
abschreckt, ist, dass ihr Begriff des Ethischen nicht geläutert ist. weil
sie immer , und zuweilen in fast oberflächlicher Weise, versucht, das
Ethisehe . als das Nützliche zu begründen und begreiflich zu machen,
Unsympathisch an dem Denken des 18. Jahrhunderts ist ihm auch , dass
es meint , alles erklären zu können , und dass es keine Geheimnisse
bestehen lässt. Darin offenbart sich für ihn , dass es keine tieferen
Begriffe vom Wesen des Seins und von dem des Ethischen hat.
Nun vollzieht sich bei ihm , in Strassburg , die Loslösung vom Denken
der Aufklärung. Und zwar kommt der Bruch durch Voltaire . An Voltai
res Denken missfällt Goethe , dass er, um die Kirche zu bekämpfen, über
soundso viel Dinge der Bibel spottet. Zwar weiss Goethe selber , dass in
den Dokumenten des Christentums die Geistigkeit und das Ethische
nicht immer in derselbeu Klarheit und Tiefe vorhanden sind. Aber als
Dokumente des christlichen Glaubens sind ihm die Bücher der Bibel
heilig. Er leidet nicht, dass man leichtfertig von ihnen redet . So ist seine
Abneigung gegen die Philosophie seiner Zeit völlig geworden durch die
französische Aufklärung. Mit dem Denken überhaupt, wie es an den
Hochschulen gelehrt wird , will er nichts zu tun haben . In Dichtung und
Wahrheit bekennt er, dass er und seine Freunde ganz auf die Natur
zurückgehen wollen.
Sie wollen sehen , wie weit sie mit der Natur kommen . Überall,
wo Goethe dann in der Zeit der Blüte einer neuen , kühnen Philosophie,
die er miterlebt, irgendwie mit einem philosophischen System zusam
146 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
haben wir ein Zeugnis von Schiller. Im Jahre 1787 , während Goethe in
Italien weilt , kommt Schiller nach Weimar , und in einem Briefe ap '
Köorner lässt er sich über Goethe und seine Freunde aus . Er urteilt, dass
Goethe und die Seinen keine Lust haben , sich mit Philosophie abzugeben .
sondern dass sie von einem bis zur Affektion getriebenen Attachement
an die Natur beherrscht seien . Eine gewisse kindliche Einfalt der
Vernunft kennzeichne ihn und seine Freunde. Man suche lieber Minera .
lien, als dass man sich mit philosophischen Spekulationen abgebe.
Ein Jahr später aber , als Goethe aus Italien zurückkehrt , muss er
sich mit der Philosophie beschäftigen . Denn an der Universität Jena
wird Kantsche Philosophie gelehrt .
Die “Kritik der reinen Vernunft " war erschienen . Der Grund
gedanke der Kantschen Philosophie ist , dass wir die Dinge nicht sehen ,
wie sie sind. Wie sie wirklich sind , ist für uns unerkennbar. Wir dürfen
die Sinnenwelt nicht als Wirklichkeit , sondern nur als Erscheinung der
Dinge in Raum und Zeit nehmen. Sich in diese Lehre einzudenken,
damit quält sich Goethe nun ab . Aus einem Brief an Wieland vom
Februar 1789 erfahren wir , dass er mit grosser Applikation das grosse
Werk von Kant studiert . Im Jahre 1794 schliesst er Freundschaft mit
Schiller . Durch diese Freundschaft ist er gezwungen , sich weiter mit
Kant zu beschäftigen . Schiller geht so in Kant auf , dass er fast sein
eigenes Wesen verliert. Ihm zuliebe versucht Goethe , sich die Kantsche
Erkenntnistheorie zu eigen zu machen . Es will ihm nicht gelingen . Im
mer wieder kommt er zu seinem natürlichen Realismus zurück , in den :
Dingen Wirklichkeit zu sehen und sich mit ihnen als mit solchen zu
beschäftigen. In der Gedenkrede , die er 1813 auf Wieland hält , sagt er,
dass ihm und dem Verstorbenen das gewaltige Werk der Kritik der
reinen Vernunft , wie eine Zwingfeste erschienen sei , durch die die
Menschen abgehalten werden sollten , sich unbefangen in der Natur zu
ergehen . Aber etwas findet er in diesem Werke , das ihm Kant lieb .
macht , nämlich die Lehre vom “ kategorischen Imperativ ' '. Kant versucht
nicht , das Gute als das Nützliche zu begründen . Das Gute ist ihm etwas
viel Tieferes . Nun ist ihm Kant der Bundesgenosse gegen die oberflächli
che Auffassung vom Guten .
Nach Kant erfährt das deutsche Philosophieren eine merkwürdige .
Wandlung. Es folgen eine Reihe von Philosophen , deren Denken etwas
Phantastisches an sich hat , Ihren Gedankengang zu verstehen , ist nicht
leicht . Sie gehen darauf aus , die logische Notwendigkeit zu begreifen ,
dass das reine, zeitlose , einheitliche Sein sich in ein vielgestaltiges , in
der Zeit Ablaufendes entfalte . Bei diesem Unternehmen sind sie von der
Uberlegung geleitet, dass die Erkenntnis des Wesens und des Sinnes
dieser Entfaltung des Seins die des Sinnes unseres Lebens in sich enthält.
Die grössten Vertreter dieses sogenannten spekulativen Denkens :
sind Fichte , Schelling und Hegel . Mit allen dreien hat Goethe sich befasst.
Von sich aus steht er solchem Denken ablehnend gegenüber . Seine
Parole ist ja , in unbefangener Weise auf die Natur einzugehen . Hier
stellt sich aber irgendein phantastisches Denken zwischen die Natur
und den Menschen . Aber das Ergebnis dieses Denkens , dass das Unendli
che sich in dieser gewaltigen , vielfältigen Natur entfaltet habe , zieht
ihn an.
Irgendwie hat der gewaltige Geist dieses Denkens es ihm angetan.
Er fühlt sich mit ihm in dem Streben verwandt . In dem Verfahren aber
geht er seinen eigenen Weg. Die Erkenntnis, zu der die andern durch
148 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
verschliesst sich die Natur, und nur dem Zulänglichen und Wahren und
Reinen gibt sie sich gerne hin und offenbart ihm ihre Geheimnisse. "
Charakteristisch für Goethes Waltanschauung ist ihre Wahr
haftigkeit und ihre Einfachheit. Von der Natur ausgehend , versenkt er
sich in sie. Dabei stellt sich ihm die Frage , an der alle Naturphilosophie
anlangt : wie aus der Ergründung der Natur die Idee des Ethischen zu
gewinnen sei. Mit diesem Problem hat die Naturphilosophie sich abzu
mühen. Goethe verfährt dabei in einfacher Weise. Ihm zufolge ist das
Ethische in der Natur enthalten und kommt in ihr zur Entwicklung.
Es gibt, sagt er einmal , nicht nur physische Evolution in der Natur ;
auch die Geistesgeschichte der Menschheit ist nicht etwas für sich ,
sondern eine Bewegung in der Evolution der ganzen Natur . Wie sich die
Struktur von Pflanzen und Tieren verändert, so bleibt auch in dem
geistigen Leben nicht alles stehen, sondern nach der Anlage , die darin
ist , entwickelt es sich . Wenn bei den Propheten und bei Jesus der
Gedanke des Ethischen als der Gedanke der Liebe aufkommt , so will
dies heissen, dass der Gedanke der Liebe in dem Urgrund des Seins selber
ist und dass Gott, der diese Natur erhält und den wir als Schöpferkraft
erkennen . zugleich Urgrund der Liebe ist. Durch die Erfahrung , das
heisst , durch Natutbeobachtung , stellen wir fest , dass das Gute nicht
irgendwelche Einbildung, sondern etwas Naturhaftes ist, das auf Gott
zurückgeht, dass also der Mensch sich in seiner wahren Art entwickelt,
wenn er gut ist.
Obwohl wir in der Natur nichts von Liebe sehen , ist die Liebe in
der Natur. Sie ist in der geistigen Evolution der Menschheit in Erschei
nung getreten .
Und nun, wo der Mensch sein Verhältnis zur Natur als ein ethisches
begriffen hat , weiss , er, dass er auch seinem geistigen Wesen nach Gott
angehört , dass er durch die Liebe in Gott ist und dadurch die Bestimmung
seines Lebens erfüllt. Mehr braucht er , nach Goethe , nicht zu wissen .
Goethe bescheidet sich , in einem unvollendbaren Hause zu wohnen.
Wenn er nur die Gewissheit hat , seiner Bestimmung nach ein ethisches
Wesen zu sein , kann er die anderen Fragen , wenn er sie nicht zu lösen
vermag, dahingestellt sein lassen . Seiner Resignation gibt er in dem
Worte Ausdruck , dass man im Endlichen bis nach allen Seiten des
Erforschlichen zu gehen habe, das Erkennbare verfolgen solle bis zu den
Urphänomenen, in denen sich die Gottheit offenbart, und sich bescheide ,
das Unerforschliche als Geheimnis zu verehren . Wir sind nicht da , urteilt
er, die Probleme der Natur zu lösen , sondern zu sehen , wo die Probleme
anfangem , um unsern Weg in dem Erkennbaren zu suchen .
Er ist also davon befreit , mit soundso viel Fragen , die man sonst als
wichtig für die Weltanschauung angesehen hat , beschäftigt zu sein und
sie zu lösen zu suchen . So hält er dafür , das er sich nicht damit abzuge
ben habe, wie das Ewige und das Zeitliche sich zueinander verhalten .
Es genügt ihm zu wissen , dass in allem Zeitlichen sich ein Ewiges offen
bart. Ebenso hält er es mit dem Problem , wie das Geistige und das
Materielle sich zueinander verhalten . Er kann sich dabei beruhigen , dass
in derselben Weise , in der Gott und die Natur zusammengehören , dies
auch für das Materielle und das Geistige der Fall ist . In diesem Gedan
ken , dass er das Ewige in dem Zeitlichen hat und dass er nicht über die
Natur hinaussehen muss findet Goethe eine merkwürdige Ruhe. So sagt er :
“ Willst du ins Unendliche schreiten , geh nur im Endlichen nach allen
Seiten " und " Was ist Unendlichkeit , wie kannst du dich so quälen ? Geh
in dich selbst. Entbehrst du drin Unendlichkeit, im Sein und Sinn, so ist
150 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
dir nicht zu helfen ." Sein Gedanke ist, tiefste Versenkung in die Natur ,
In diesem Suchen steht er einsam da in seiner Zeit .
Noch eine Frage, die er dahingestellt sein lassen kann : die der
Fortexistenz . Goethe trägt den Unsterblichkeitsglauben in sich . Dern
alles Zeitliche ist für ihn nur eine Erscheinungsweise des Ewigen. So
sagt er einmal in einem Gespräch : " Ich lebe ganz ruhig , denn ich weiss,
das menschliche Wesen ist unvergänglich . " Aber wie es unvergänglich
ist, das ist ihm ein Geheimnis . Wir können , meint er , uns Gedanken
darüber machen ; aber wenn wir uns vorzustellen suchen , dass wir unver
gänglich sind , werden wir immer auf Widersprüche stossen, die uns
hindern , dies ganz auszudenken . Was wir mit einiger Sicherheit von
unserer ewigen Fortexistenz wissen , ist, dass wir fortwirken . Wenn etwas
sicher ist , dann ist es , dass jedem einzelnen Menschenwesen von Gott
ein Wirken bestimmt ist, das nicht erst in diesem Leben anfängt oder
mit ihm aufhört , sondern unendlich ist. Manchmal finden wir bei Goethe
Versuche, sich diese unendliche Existenz des Wirkens vorzustellen . Auf
de Heimweg von dem Begräbnis von Wieland innerlich bewegt, wie
er in jener Stunde ist , geht er aus sich heraus und redet davon , wie er
versuche , sich das ewige Leben vorzustellen . Alsbald aber fügt er hinzu ,
dass das alles nur vage Gedanken sind. Der wahre Unsterblichkeitsglaube
des Menschen ist nicht , dass er gequält ist von der Sehnsucht nach
Unsterblichkeit . Ihm zufolge gilt es , den Unsterblichkeitsglauben durch
Wirken in dieser Welt zu bewähren , dass er sich durch dieses. Wirken
läutere auf das ewige Wirken hin , das ihm Gott bestimmt hat . Dies ist
in seiner Schlichtheit der Unsterblichkeitsglaube Goethes.
Nun noch die letzte Frage : die der Weltanschauung . Weil sich das
Denken , um zu einer vollständigen Weltanschauung zu gelangen , nicht
mit dem Erkennbaren zufrieden geben kann , sondern Gedanken hinzu
denkt, um sich das Unsichtbare , den Sinn der Welt , begreiflich zu
machen , unternimmt er etwas Beanstandbares . Goethes Ansicht ist die ,
dass der Mensch viel zu klein ist , um der Welt einen Sinn geben zu
können . Während die andern darauf bestehen , dies zu tun, um den Sinn
ihres ethischen Wirkens in ihr begreifen zu können , bedarf Goethe dessen
nicht . Ihm zufolge hat der Mensch aus innerer Notwendigkeit ethisch
zu sein . Kein Ding der Welt ist Zweck auf einen Zweck hin , sondern die
Dinge der Welt sind Zweck für sich selber . Aber , sagt Goethe , in dem
lebendigen Geschehen hat jedes einzelne Geschehen zugleich eine
Beziehung zum Gesamtgeschehen , das heisst , es geschieht nichts , was
nicht eine Beziehung zur Gesamtheit hat . Der Sinn der Welt erfüllt sich
also, wenn jedes einzelne Wesen seinen Sinn erfüllt. So ist der Mensch
davon befreit , zu einer Erkenntnis des Sinnes der Welt gelangen zu
müssen . Er hat sich dem Gedanken hinzugeben , dass er den Sinn seines
Lebens , wie er ihn empfindet , erfüllen muss . Der Sinn des Lebens ist,
dass der Mensch das Gute , das in ihm ist , entwickle und dem Bösen , das
diesem Guten hemmend entgegenwirkt, widerstehe .
Die Bestimmung des Menschen ist , dass er er selber werde . Dies
kann , nach Goethe , in nichts anderem bestehen als in dem Wahrhaft
Gut-Werden . Goethe erkennt den in der Überlieferung enthaltenen , in
der Geistesgeschichte der Menschheit entstandenen Begriff des Guten als
allgemeingültig an , während ihn Nietzsche verwirft.
Goethes Ethik ist beherrscht von dem Begriff des Edelwerdens.
In dem Spruch “ Edel sei der Mensch , hilfreich und gut" nennt er es an
erster Stelle , weil es in seiner Vorstellung des Guten diesen Platz
innehat . Dass der Mensch das Gute , wie es in einer Persönlichkeit
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 151
( Vortrag 1982 ) .
SOCIEDADE GOETHEANA DE SÃO PAULO
Presidente honorário :
Dr. Abrahão Ribeiro .
Presidente :
Dr. José Horacio Meirelles Teixeira .
Vice - Presidente :
Dr. Renato Cirell Czerna .
1.º Secretário - Tesoureiro :
Dr. Wolfgang Pfeiffer
2.• Secretário :
Dr. José da Veiga Gonçalves de Oliveira.
Conselheiros :
Dr. Pedro Xisto de Carvalho ,
Dr. Werner Treumann ,
Dr. Carl Albert Loo ,
José Antonio Benton ,
Prof. Dr. Pedro de Almeida Moura .
Diretor da Academia :
José Antonio Benton ,
Secretário :
Dr. Wolfgang Pfeiffer,
Os Membros :
São Paulo :
Geheimrat Prof. Dr. Martin Ficker ,
Desembargador Prof. Dr. F. Pontos de Miranda ,
Dr. Abrahão Riboiro ,
Prof. Dr. Henrique da Rocha Lima,
Prof. Dr. Alfonso de E. Taunay,
1 Prof. Dr. Sergio Buarque do Holanda ,
154 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Belo Horizonte :
Prof. Dr. H. G. Ritter .
Rio de Janeiro :
Prof. Dr. Florivaldo Linhares.
Pernambuco :
Prof. Dr. Pinto Ferreira.
Chile :
1 Prof. Dr. Alberto Theile , Santiago ,
Dr. Udo Rukser, Quillota,
Prof. Dr. Humberto Diaz Casanueva , Santiago ,
Prof. Dr. Yolando Pino Saavedra , Santiago ,
Prof. Dr. Ramon dela Serna , Santiago ,
Prof. Dr. Enrique Molina, Concepcion.
Argentina :
Prof. Dr. Werner Bock , Buenos Aires ,
Prof. Dr. h . c . Carlos Vaz Ferreira, Buenos Aires,
Prof. Dr. Emilio Oribe , Buenos Aires ,
Dr. Luis Giordano, Buenos Aires ,
Dr. Eduardo Mallea , Buenos Aires ,
Dr. Jorge Luis Borges , Buenos Aires ,
Dr. Luis Emilio Soto , Buenos Aires,
Prof. Dr. Francisco Romero , Buenos Aires,
Dr. Ezequiel Martinez Estrada, Buenos Aires.
México :
Prof. Dr. Alfonso Reyes , México.
Estados Unidos :
Prof. Dr. Erich von Kahler , Princeton ,
Prof. Dr. Karl Loewenstein , Amherst,
Prof. Dr. Werner Vortriede, Madison Wisconsin ,
Prof. Dr. Arnold Bergstraesser, Chicago,
Maestro Fritz Busch , New York ,
Dr. Carlo Francisco Weiss , New York .
Canadá :
Prof. Barker Fairley , Toronto.
Prof. Victor Lange , Cornell University..
Lambarene Congo :
Prof. Dr. Albert Schweitzer ,
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 155
Alemanha :
Prof. Dr. Anton Kippenberg, Marburg/ Lahn,
Prof. Dr. Gustav Radbruch , Heidelberg,
Prof. Dr. Wilhelm Hausenstein , Tutzing Muenchen,
Prof. Dr. Oscar Schuerer, Aschaffenburg,
Prof. Dr. Werner Milch , Marburg / Lahn ,
Ministro Dr. Erwin Stein , Wiesbaden ,
Prof. Dr. Ernst Beutler, Frankfurt a. M. ,
Geheimrat Dr. Wilhelm Hertz , Friedberg,
Dr. Fritz Usinger, Bad Nauheim ,
Prof. Dr. W. Bultmann , Marburg / Lahn ,
Prof. Dr. Heinrich Frick, Marburg / Lahn,
Prof. Dr. Ernst Benz , Marburg / Lahn ,
Prof. Dr. Alwin Kuhn , Marburg / Lahn ,
Prof. Dr. Max Deutschbein , Marburg / Lahn,
Prof. Dr. Walter Fischer , Marbur / Lahn ,.
Prof. Dr. Richard Hamann , Marburg / Lahn ,
Prof. Dr. Walter Ziesemer, Marburg / Lahn,
Geheimrat Dr. Volkmann, Hamburg ,
Prof. Dr. Strunz , Hamburg ,
Dr. Rudolf Alexander Schroeder.
:,
(
EVOCAÇÃO DE UM BANDEIRANTE
1
1
RESUMO DO DISCURSO DO DR. ANTONIO DE
TOLEDO PIZA .
FONTES
( 1737 a 1757 )
Eu el Rey fasso saber aos que este meu alvará virem que tendo res
peito a me representa André Corssino de Mattos cappitão de Infantaria
paga de huma das companhias da Praça de Santos que pella copia da
carta que juntou constava averlhe eu feito mercê de o encontrar na pro
priedade do officio de escrivam da Ouvidoria geral da Comarca de Sam
Paulo, e por quanto o suplicante em rezão do seu posto o não podia servir
tem seu filho primogenito chamado Diogo Pinto do Rego que o exercitou
e tem idade suficiente para o tal officio e se acha cazado com huma filha ,
do provedor da fazenda real que foi da Praça de Santo Thimoteo Correa
de Goiaz que he falecido como melhor constava das certidoens que apre
zentou, e para se haver de manta digo se haver de manter conforme o .
seu estado não tem outra couza mais que o suplicante lhe possa doar
o refferido officio de escrivam da Ouvidoria de Sam Paulo de que he
proprietario ; pedindo me que em attenção a elle suplicante me estar
actualmente servindo no dito posto de capitão de Infantaria com bom
procedimento, e dezejar ver seu filho aumentado, e que possa sustentarsse
com aquella decencia de vida, lhe fizece mercê conceder licença para poder
renunciar nelle a propriedade do dito officio vistas as razões referidas e
sendo visto seu regimento doumentos que juntou e o que respondeu o
Procurador de minha Coroa a que se deu vista. Hey por bem fazer lhe
mercê de lhe conceder faculdade para que possa renunciar na pessoa de
seu filho primogenito Diogo Pinto do Rego a propriedade do do. officio -
de escrivam da Ouvedoria geral da Comarca de Sam Paulo e nos registos
da carta de propriedade que se lhe passou delle se porão as verbas ne
cessarias e este se cumprirá inteyramente como nelle se conthem sem
duvida alguma, e valerá como carta sem embargo da ordenança do 1.° 2.°
tto. 4.° em contrario e se passou por duas vias e pagou de novo direito
dous mil e quinhentos rs. que se carregarão ao thezoureyro Manoel Anto .
Bottelho de Ferreyra a fl : 18 vo . do 1.º 3.º de sua receita e deu fiança no
lo. 1.o dellas a fl . 166 a pagar do mais rendimento que tiver e no mesmo
lo. a fl. 166 deu outra fiança a mostrar se tem pago os direitos da pro
priede., ou a pagallos no cazo que os não tenha pago como constar de
seu conhecimento em forma registrado no lo. 2.o do Registo geral a fl . 272
Lxa. Occidental dezouto de Julho de mil setecentos trinta e nove // Rey
// Alvará porque V. Mage, ha por bem fazer mercê a Andre Corssino de
196 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Dom Joam por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves da quem
e da lem mar, em Africa senhor de Guiné e da conquista navegação, co
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 197
mercio da Ethiopia, Arabia, Percia e da India & * Faço saber aos que esta
minha carta virem que havendo respeito as letras e mais partes que con
correm no Doutor Domingos Luiz da Rocha, e que no de que o emcarregar
me servirá como cumpre a meu serviço e boa boa administração da justiça,
como o fez nos lugares de letras que ocupou e ultimamente no de Juiz
de fora na cidade de Miranda que servio e de que deu rezidencia . Hey
por bem fazer lhe mercê do lugar de Ouvidor geral da Cappitania de Sam
Paulo por tempo de tres annos e alem delles o mais que houver por bem
emquanto eu lhe não mandar tomar rezidencia o qual elle servirá segundo
forma de minhas ordenações, asim e da maneira que o servirão as mais
pessoas que antes delle o ocuparão, e haverá ordenado proes e precalços
e dos que digo e precalços que direitamente lhe pertenserem ; e mando
ao governador da dita Cappitania, officiaes da Camera pessoar da , gover
nança della e suas anexas lhe deixem servir o dito cargo e haver o dito
ordenado proes e precalços como dito he sem cazo lhe ser posto duvida,
ou embargo algum por que asim he minha mercê, e na Camera da dita
Cappitania lhe será dada posse deste cargo pellos officiaes della ; e jurará
na chancellaria aos santos evangelhos de que bem e verdadeiramente
sirva guardando em tudo meu serviço, e as partes seu direito de que se
fará asento nas costas desta carta que por firmeza diço lhe mandey passar
por mim asignada e sellada de meu sello pendente que se lhe cumprirá
como nella se conthem ; e pagou de novos direitos quarenta e tres mil du
zentos e cincoenta rs. e deu fiança a outra tanta quantia no lo primeiro
dellas a fl . 21 vo. e pagou mais trinta e oito mil novecentos e trinta e
quatro ries de quatro annos e vinte e sete dias que mais servio o lugar
de Miranda , e tudo foi carregado ao thezro . delles no lo. 3.º de sua receita
a. fol . 96 como se vio de seu conhecimento em forma registado no l. 7.0
do Registo geral a f1.7 vº. ' Dada em Lxa. aos onze de outubro de mil
setecento e quarenta e dous. Pagou quinhentos reis // A Raynha // Lu
gar do sello pendente // Carta do lugar do ouvidor geral da Cappitania de
Sam Paulo de que V. Magestade faz mcê. ao Dor. Domingo Luiz da Rocha
por tempo de tres annos // e alem delles mais que houver porbem em
quanto lhe não mandar tomar rezidencia na forma asima declarada //
Para Vossa Magestade ver // Por rezolução de de S. Magestade de tres
de março de 1742 // e Portaria do doutor Gregorio Pereyra Fidalgo da
Silveyra como rezidente // Gregorio Pereyra Fidalgo da Silveira // Joam
Galvão de Castello Branco a fez escrever // Registada na chancellaria
mor da Corte e Reyno no lo. de officios e mercês a fl. 51 Lisboa treze de
outubro de 1742 // anns. // Francisco Joseph de Saâ // Maone] Caetano
de Payva a fez // Antonio Teixeyra Alves // Fica asentada esta carta
nos livros das mercês e pg. duzentos rs. // Paulo Nugueira de Andrade //
Jozeph Vás de Carvalho // registe se // Pg. sinco mil e seiscentos rs. aos
officiais seiscentos e quatorze rs, Lisboa treze de outubro de mil e sete
centos e quarenta e dous // Dom Miguel Maldonado // E eu lhe dey
juramento Lisboa treze de oitubro de mil e setecentos e quarenta e dous
! / Jozeph Vas de Carvalho // E não se continha mais na dita carta de
S. Magestade que aqui bem e fielmente fiz registar do proprio original
a qual me reporto em tudo e portodo e a torney entregar ao mesmo
doutor ouvidor geral Domingos Luiz da Rocha vay na verdade
sem couza que duvida faça porque a confery e concertey sobscrevy e asi
gney nesta cidade de São Paulo aos vinte e oito dias do mes de Setembro
de mil e setecentos e quarenta e tres annos e eu Manoel da Luz Silveyra
escrivão da Camera que o sobscrevy, asigney e confery Manoel da
Luz Silveyra Confo. pr. mim . Silveyra,
?
1
PAPÉIS AVULSOS
Doc . CLXVII
Doc . CLXVIII
Doc. CLXIX
Doc. CLXX
& a. Que no dia sabbado 18 do corrente ao meio dia se ade esta Camara
achar nos lugares das calçadas e atterrado pa. se fazer a competente vis
toria requerida, e a vista della se lhe defirirá. São Paulo em camara de
15 de 8bro. de 1823 Penteado - Ramos Cantinho Barbosa. No
verso : “ P. Mdo. no Lo, compete. e se ve a N.° 33 a fl. 157: v. da qtla, de
210 $rs.”
Doc. CLXXI
Snr. Juiz de Fora pela Lei Os Editaes não são pa. correição, sim
pondo em praça os contractos do Concelho, como sejão os cortes, q. todos
os as. assim se prática. O Capam, do Matto Anto . não o quis
mandar levar o Edital, mandei q. a ordem de V. Sa. notifica- se ao Capm.
do Matto Salvador, q. mora no curral, e pr. q. o do. Salvador não quizesse
obedecer a sua ordem foi q. mandei o mmo. Anto. q. o prende - sel ordem
de V. Sa,; e a isto hé q. elle dezobedeceo ; de modo, q. não quis hir prender
ao primeiro dezobediente do. Salvador, digo do. Manoel Capm. do Matto o
q. agora melhor explico a V. Sa. q. mandará o q . for servido. Ds. ge. a
V. Sa. S. Plo . 27 de 9bro, de 1823 . De V. Sa, subdo . obdiente Sor .
Manoel Benedicto de Toledo No verso : “ Torno a dizer, q. todo e ql. qr.
que dezobdecer prenda - o, e pa. maior segurça . mande pelo Portro . fazer
essa notificação Penteado " .
Doc . CLXXII
Obras na Tabatinguera
Doc . CLXXIII
Aterrado do Fonseca
Doc . CLXXIV
Ponte da Emboaçava
Sertificamoz Noiz abaxo asinados que fomos nois e mais Srs. do , Senado
: a Ponte de Boa Sava pa, efeito de se fazer huma, Ponte Nova pa. se pro
ceder na avaliação della. Deve ser a ponte de vinte palmos de largo com
vinte tanxão de cada lado inbaxo de cada trayeça dois que fazem a soma
todos elles de oitenta tanxam e sendo ' mto. bem travada pr..baxo afim
de ficar bem forte com grades de hum e otro lado ' comforme esta de Sta .
Anna devera as cabeças serem asentadas em hum ladrio de pedras e toda a
madeira deve de ser canella ligitima e os tanxam todos de vamirim com
seis palmos de roda e trinta palmos de arto e as vigotas pa. as grades
serem de vatinga e a estiva tudo madeira de Lei As travecas palmo e
meio de lagro e palmo de groço de vinte quatro palmos de comprido de
canella boa o vigamto. que recebe a estiva sera de palmo inquadar tera
de conprido cada viga trinta e dois palmos e tera quatro andares de viga
o atreso ficara no meio bem abaulado e sera guarnicida as cabeças das
estivas com taboas de asoalho afim de não apordecre as cabeças das esti
vas cuja a ponte da forma que a de ser contorida avaliamos comformes
as contição asima de calrada avaliamos comforme intendemos na quantia
de hum conto e duzentos Milrez e pr. ser verdade o referido mandemos
pacar este que vai pr. nois anbos asinado . Sm . Paulo 4 de Janeiro de 1823
Manoel Jose Antunes da Silva Joze Ferra. Leite. No verso : " 800 + 400 +
+ 100 1 : 300 + 1120 2 : 420 . 960 + 160 = 1 : 120 " .
Doc. CLXXV
Doc. CLXXVI
Construção de ponte
Doc . CLXXVII
Avallação de terreno
Doc. CLXXVIII
Aterrado do Carmo
|
ATAS DA CÂMARA DE SANTO AMARO
SESSÃO EXTRAORDINARIA
TERMO DE COMPARECIMENTO
que, a elle competia dispor dos seus emolumentos como entendesse. " A
Camara não tomou conhecimento " . RESOLUÇÃO : “ Artiĝo primeiro. Fica
creado o imposto annual de Rs. 150 $000 a cada empresa cinematographica ,
uma vez que seja domiciliada nesta cidade. Artigo segundo Para as
demais empresas não domiciliadas fica prevalecendo o imposto a que se
refere a actual tabella em vigor. Artigo terceiro. O imposto de que
trata o artigo primeiro poderá ser pago semestralmente. Artigo quarto.
Para a presente resolução fica concedida a urgencia de que trata o regi
mento interno. Artigo quinto . Revogadas as disposições em contrario.
Sala das sessões, 27 de Janeiro de 1913. Brazilio Procopio da Luz " . Esta
resolução foi adiada para a proxima sessão, á pedido do Sr. vereador
* Izaias Branco de Araujo. INDICAÇÕES : " Indico que o senhor Prefeito
Municipal mande fazer os concertos de que necessita uma ponte, digo, uma
parte da estrada do Socorro dannificada com a ultima enchente. Indico
mais que o Prefeito Municipal apresente a Camara um orçamento em
quanto poderá montrar as despesas com os reparos que necessita a Capella
do Cemiterio Municipal . Sala das Sessões em 27 de Janeiro de 1913.
João Felippe da Silva . " Quanto a primeira indicação , prejudicava ;
quanto a segunda, a Camara approvou unanimemente ' '. “ Indico que a
Camara auctorise ao Senhor Prefeito para com a maxima urgencia fazer
o seguinte serviço : Levantar o aterrado na parte onde sempre por enchente
do rio Jurubatuba tem impedido passagem e retocar todo o aterrado até
a ponte denominada 15 de Novembro , podendo o Senhor Prefeito gastar
com esse serviço até a quantia de seiscentos mil reis. Sala das Sessões,
27 de Janeiro de 1913. – Izaias Branco de Araujo " . Submettida a discussão
e em seguida a approvação da Camara, esta indicação foi approvada sem
debate. REQUERIMENTOS : Do Dr. Francisco Ferreira Lopes e Estanis
lau Pereira Borges, solicitando previlegio por quinze annos para extrahir
arela e pedregulhos no rio Jurubatuba, desde a embocadura do Ribeirão
da Traição até o ponto de juncção do rio Guarapiranga, de modo a poder
esse rio ser, em tempo normal navegavel . De Octavio Machado, escrivão
de paz, designado para Secretario da Commissão do Alistamento eleitoral,
pedindo um auxilio na importancia de Rs. 200 $ 000 para occorrer as des
pesas do alistamento que ora se procede cuja quantia será destinada ao
pagamento de auxiliares e não uma renumeração ao requerente. De Do
mingos de Oliveira Orlandi, juntando diversos titulos de datas que lhe fo .
ram concedidas em sesão de 5 de Maio de 1891 e pedindo, para conhecer os
limites dessas datas, o preciso alinhamento. De Gattas Attuy, solicitando
concessão por cinco annos para a montagem de um Chalet de estyllo ele.
gante, destinado à venda de bebidas, compromettendo - se a fazer por conta
propria a limpesa do jardim publico, nos domingos, dias santos e feriados ,
cujo chalet será construido, no referido jardim , no local indicado pela
prefeitura Municipal . De João Coelho Ferreira, pedindo seja- lhe suppridos
os titulos de datas referentes ao recibo firmado pelo ex - secretario da
Camara Octavio Machado , em 31 de Julho de 1901 e appenso ao seu re
querimento . — “ Adiado para a proxima sessão " foi o despacho dado
pelo senhor presidente, nos mencionados requerimentos em virtude de to
marem essa deliberação os Senhores Vereadores Izaias Branco de Araujo
José Conrado e José Guilger Sobrinho. De Claudio José Branco, solici
tando providencias acerca de uma ponte illegalmente feita, em terreno de
sua propriedade , pelo Cidadão Amaro Roque, e que tornou um desvio sem
pre alli existente e franqueado ao transito publico em franca estrada para
vehiculos, Para estudar a questão e dar o necessario parecer, sobre a
questão digo, parecer а Camara nomeiou uma Comissão composta dos
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 209
balhos desse gênero. Destaca uns nica que deve, precipuamente, cuidar
poucos nomes de artistas como Dja dos complexos problemas da admi
nira , Pancetti, Bruno Giorgi, Fayga nistração, a “ Revista do Serviço Pú
Ostrower, Balloni e outros. Julga, blico ” , não poderia deixar de des
com justificado pessimismo, o Salão pertar especial interêsse entre os que
Nacional que, dia a dia, ou melhor, dedicam suas atividades ao serviço
ano a ano, parece afundar no mais do Estado. Interessou -nos, sobrema
deplorável amadorismo. Dêle diz com neira, nesse volume, o trabalho do sr.
amargura : “ Ali, apenas, aglomeram Konrad Kowalewski que trata de al
se os artistas, confusamente, como guns aspectos do problema do petró.
numa feira ” . É pena que Mário Pe- . leo na França. Devido à atualidade
drosa tenha limitado o seu “ panora do assunto transcrevermos , em segui
ma " ao Rio de Janeiro, principal da, as conclusões a que chegou o con.
mente quando um crítico carioca ceituado articulista :
como o sr. Antônio Bento, reconhece “ 1. Pelo exame da solução fran
que , o eixo artístico do Brasil está
cesa verifica-se a importância da
atualmente em São Paulo . Publica, criação da indústria de petróleo como
ainda, o presente número de “ Cul verdadeira indústria -chave da adian .
tura ” , a conhecida “ Árvore da Pin tada e industrializada economia na
tura Moderna ” , de R. H. Wilenski cional ;
que apesar de velha ainda pode aco 2. a razão de ser desse setor da
lher à sua sombra os iniciantes na
indústria não depende exclusivamen
pintura contemporânea. Deixamos, te da disponibilidade das reservas
porém, propositadamente, para um suficientes de óleos crú no território
mais longo comentário o importante nacional,
e oportuno estudo do arquiteto Lúcio
Costa sôbre o ensino do desenho no 3. o êxito das iniciativas nesse sen
curso secundário. É êste um assunto tido depende duma acertada e eco
nômicamente razoável regulamenta
que demanda acurada análise e me
rece ampla divulgação. Pois, todos ção da matéria por lei, com a parti
nós estamos plenamente convencidos cipação ativa dos poderes públicos
na aplicação de tal programa, sobre
de que a má orientação do ensino do
tudo mediante a concessão de uma
desenho ou , por outra, a inteira de
série de providências protetoras, al
sorientação do ensino dessa discipli
na tem sido a principal responsável fandegárias, tributárias e outras ;
pela profanação do gôsto artístico 4. no que diz respeito ao progra
da mocidade brasileira. C. M. ma da participação do capital es
trangeiro na criação e desenvolvi.
mento desse setor da indústria de
REVISTA DO SERVIÇO POBLICO
Ano XII Volume II N.° 1 combustíveis, progra éste tão ampla
Abril de 1948. mente debatido, não paruce impor
8e a opção entre duas soluções nìti
órgão do Departamento Adminis damente opostas e inconciliáveis : a
trativo do Serviço Público, subordi da estadização nacionalista e a da
nado portanto a uma repartição téc entrega dêsse setor ao capital estran .
212 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
balhos dêsse gênero. Destaca uns rica que deve, precipuamente, cuidar
poucos nomes de artistas como Dja dos complexos problemas da admi
nira , Pancetti, Bruno Giorgi, Fayga nistração, a “Revista do Serviço Pú
Ostrower, Balloni e outros. Julga , blico " , não poderia deixar de des
com justificado pessimismo, o Salão pertar especial interêsse entre os que
Nacional que, dia a dia, ou melhor, dedicam suas atividades ao serviço
ano a ano, parece afundar no mais do Estado. Interessou -nos, sobrema
deplorável amadorismo. Dêle diz com neira, nesse volume, o trabalho do sr.
amargura : “Ali, apenas, aglomeram Konrad Kowalewski que trata de al
sc os artistas, confusamente, como guns aspectos do problema do petró.
numa feira ” . É pena que Mário Pe . leo na França . Devido à atualidade
drosa tenha limitado o seu “ panora do assunto transcrevermos , em segui
ma ao Rio de Janeiro, principal da, as conclusões a que chegou o con
mente quando um crítico carioca ceituado articulista :
como o sr. Antônio Bento , reconhece " 1. Pelo exame da solução fran
que o eixo artístico do Brasil está cesa verifica- se a importância da
atualmente em São Paulo. Publica, criação da indústria de petróleo como
ainda, o presente número de “ Cul verdadeira indústria-chave da adian.
tura " , a conhecida “ Árvore da Pin tada e industrializada economia na
tura Moderna ” de R. H. Wilenski cional ;
que apesar de velha ainda pode aco 2. a razão de ser desse setor da
lher à sua sombra os iniciantes na indústria não depende exclusivamen
pintura contemporânea . Deixamos, te da disponibilidade das reservas
porém, propositadamente, para um suficientes de óleos crú no território
inais longo comentário o importante nacional.
e oportuno estudo do arquiteto Lúcio
3. o êxito das iniciativas nesse sen.
Costa sôbre o ensino do desenho no
tido depende duma acertada e eco
curso secundário. É este um assunto
nômicamente razoável regulamenta
que demanda acurada análise e me
ção da matéria por lei, com a parti
rece ampla divulgação . Pois, todos
cipação ativa dos poderes públicos
nós estamos plenamente convencidos
na aplicação de tal programa, sobre
de que a má orientação do ensino do
tudo mediante a concessão de uma
desenho ou, por outra, a inteira de
série de providências protetoras, al
sorientação do ensino dessa discipli
fandegárias, tributárias e outras ;
na tem sido a principal responsável
pela profanação do gôsto artístico 4. no que diz respeito ao progra
da mocidade brasileira. C. M. ma da participação do capital es
trangeiro na criação e desenvolvi.
mento dêsse setor da indústria de
REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO
Ano XII Volume II -- N.° 1 combustíveis, progra êste tão ampla
Abril de 1948. mente debatido, não parece impor
se a opção entre duas soluções nìti
órgão do Departamento Adminis damente opostas e inconciliáveis : a
trativo do Serviço Público, subordi da estadização nacionalista e a da
nado portanto a uma repartição téc entrega dêsse setor ao capital estran
214 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
“SANGUE LIMPO " por PAULO Citam -se versos de Castro Alves
Eiró. que se parecem com os de Eiró, o qual
usava de imagens grandiloquas como
Com respeito à peça teatral do a da seguinte quadra, dedicada a
brilhante poeta paulista, Paulo Eiró, Gonçalves Dias e que se encontra nas
peça que recentemente apareceu em Obras Póstumas dêste, sem citação do
segunda edição, publicada nesta re autor :
vista e em separata, encontramos no
" Jornal do Comércio ” , do Rio de Ja “ Deus num acesso de amor,
neiro de 16 de Julho de 1949 , a se Ao poeta soberano,
guinte referência, do eminente es Deu - lhe por bêrço o equador
critor patrício Dr. Cláudio de Souza, E por túmulo o oceano ."
que muito nos desvaneceu, e quo
agradecemos : À autoridade poética de quem as
O Sr. Cláudio de Souza ofereceu sim o julga, acrescente-se a seguinte
à Academia , em nome do Sr. José apreciação de Amadeu Amaral, um
A. Gonsalves, um exemplar no drama dos príncipes de sangue da métrica
Sangue limpo, dizendo : “ Paulo Eiri brasileira : “ Eiró era um poeta de
é o autor dêsse drama, representado nascença , poeta até à medula, fazen
a 2 de Dezembro de 1861 , em São do versos a propósito de tudo " .
Paulo. A vida e a obra de Paulo
Das oito peças da obra teatral de
Eiró, o desventurado poeta paulista Paulo Eiró, apenas se salvou do tem.
que morreu louco, já tem sido refe po a que ora se reedita por iniciativa
ridas na Academia , não só por quem de meu eminente consócio do P. E. N.
ora fala, como por outros acadêmicos, Clube e da Academia Paulista o bri.
entre os quais o saudoso e queridíssi. lhante escritor Nuto Sant'Anna, que
mo Amadeu Amaral, cuja minuciosa se dedica devotadamente ao exercício
conferência consta da Revista da do cargo de Diretor da Divisão do
Academia de Maio de 1936 .
Arquivo Histórico do Departamento
Foi vida triste, amargurada e su de Cultura de São Paulo . Essa re
marenta de pobre e desfalecida ter edição é um real serviço à história
nura. Há quem , como o poeta Jamil
da cultura nacional, e torna-se ainda
Almansur Haddad, afirme que “ se mais preciosa pela autorizada e cri
não fôsse interrompida pela demên teriosa notícia bio- bibliográfica que
cia sua trajetória poética chegaria contém , da autoria do escritor José
mos a ter provavelmente nele um poe A. Gonçalves.. A bibliografia, aju
ta com a significação histórica de
dada por informações da família , é
Castro Alves ” . E conclui que Paulo completa e servirá à excelente publi
Eiró merece o título de precursor do cação Autores e Livros, de nosso in
poeta de A Cachoeira de Paulo Afon signe companheiro Mucio Leão, quan
80". do houver de tratar dêsse poeta ” .
DECRETOS E LEIS
Decreta :
Decreta :
Decreta :
Art. 1. ° Fica parcialmente revigorado o Ato n .° 1542, de 24 de
fevereiro de 1939 , para que sejam novamente declarados de utilidade
pública, a fim de serem desapropriados amigável ou judicialmente os
imóveis necessários à abertura do canal do Rio Tietê e avenidas mar
ginais, no trecho compreendido entre a Penha e a Ponte das Ban
deiras.
Art. 2.° Ficam declarados de utilidade pública , para o mesmo
fim de serem desapropriados judicial ou amigávelmente os imóveis
necessários ao alargamento de trechos da Avenida Marginal Direita e
a obras complementares , de urbanização nos bairros da Corôa e Ca
nindé, imóveis êsses a seguir descritos e configurados na planta ane
Xa, n .° 1.582, que, autenticada pelo Prefeito, fica fazendo parte inte
grante dêste Decreto, a saber :
I uma área de forma irregular cujos limites são os seguintes :
partindo de um ponto no alinhamento leste da projetada Praça Nor
te da Ponte das Bandeiras, a 418,00 metros da intersecção dêsse ali.
nhamento com o alinhamento do limite da avenida direita adjacente
ao canal do Tietê, com uma deflexão a direita de 98°, segue em ali
nhamento reto numa distância de mais ou menos 286,00 metros até
encontrar o alinhamento impar da avenida Cruzeiro do Sul , aprova
do pelo decreto n . 971 , de 14 de abril de 1947 ; daí, defletindo à di
reita segue por esse alinhamento numa distância de aproximadamen
te 153,00 metros ; nesse ponto defletindo novamente à direita segue
em alinhamento reto numa extensão de 113,00 metros , onde defletin
do à esquerda , atravessando a rua Voluntários da Pátria , em alinha
mento curvo com 130,00 metros de raio e desenvolvimento de cerca
de 93,00 metros, atinge novo trecho reto tangente à curva anterior,
pelo qual numa extensão de aproximadamente 124,00 metros, encon
trando o alinhamento leste da aprovada Praça Norte da Ponte das
Bandeiras ; dai defletindo à direita segue por esse alinhamento numa
distância de aproximadamente 244,00 metros, onde atinge o ponto
inicial da presente descrição ;
220 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Decreta :
Decreta :
Padrões Cruzeiros
А 1.280,00
B 1.440,00
С 1.650,00
230 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
D 1.800,00
E 2.100,00
F 2.240,00
G 2.520,00
H 2.800,00
I 3.360,00
J 3.920,00
K 4.300,00
L 5.000,00
M 5.500,00
N 6.000,00
0 6.500,00
P 7.000,00
Q 7.500,00
R 8.000,00
S 8.600,00
T 9.200,00
U 9.800,00
V 10.300,00
W 10.900,00
X 11.500,00
Y 13.800,00
z 15.000,00
Padrões Cruzeiros
Q-1 7.500,00
R-1 8.400,00
S-1 9.200,00
T-1 10.000,00
U-1 10.900,00
V-1 11.700,00
W- 1 12.500,00
X- 1 13.400,00
Y-1 14.200,00
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 231
Padrão M Q-1
Padrão N R - 1
Padrão O S - 1
Padrão P T-1
Padrão Q U-1
Padrão S W-1
Padrão T X - 1
b) Assistente Administrativo da Diretoria do Departamento Ju
ridico
Padrão S padrão W- 1
c) Assistente Jurídico
Padrão T. padrão X-1
d) Diretor do Departamento Jurídico
Padrão U. padrão Y- 1
c) Chefe da Divisão de Cobrança Amigável e Inscrição da Di
vida Ativa
Padrão l .. padrão U-1
300,00 600,00
400,00 800,00
500,00 1.000,00
1.000,00 1.500,00
Companhia irá fazer a “ The San Paulo Tralisway Light and Power
Co. Limited ” , de terrenos que irão se integrar no leito , margens e
faixas do canal do Rio Pinheiros, por 17 terrenos com a área total
de 6.433,06 ms.2, avaliados em Cr$ 8.000,00 ( oito mil cruzeiros ) , de
propriedade da referida Companhia , situados no “ Bloco 10 ” , neces
sários ao alargamento da avenida Cidade Jardim , à abertura de par.
te de uma praça situada no entroncamento da avenida Cidade Jar
dim com a Avenida Nove de Julho, e à formação de parte do leito desta
última avenida, terrenos esses configurados na planta anexa , que , ru
bricada pelo Sr. Presidente da Câmara e pelo Sr. Prefeito, passa a fa
zer parte desta lei , a saber : Paralelogramo 1-2-3-4 (situado na quadra
“ I ” ). comprimento pelo eixo, cerca de 294,77 ms . largura 4,00 ms. e
área cerca de 1.179,08 ms2 , Frente. leito da Avenida Cidade Jardim
(divisa-alinhamento do antigo leito do Rio Pinheiros ) ; lado direito :
doadora ou sucessores ; lado esquerdo : antigo alinhamento da Avenida
Cidade Jardim ; fundos : Antônio da Costa Pacheco. Paralelogramo 5
6-7-8 ( situado na quadra " F ' ') comprimento pelo eixo , cerca de 20,925
ms.; largura 4,00 ms. e área cerca de 83,70 ms2. Frente : prolonga
mento do alinhamento da Rua João Augusto ; lado direito : doadora
ou sucessores ; lado esquerdo : antigo alinhamento da Avenida Cida
de Jardim ; fundos : João Alves Carneiro ou sucessores . Paralelogra
mo 9-10-11-12 (situado na quadra “ F ” ) : comprimento pelo eixo,
cerca de 67,045 ms.; largura 4,00 ms. e área cerca de 268,18 ms2.
Frente : João Alves Carneiro ou sucessores ; lado direito : doadora
ou sucessores; lado esquerdo : antigo alinhamento da Avenida Cida
de Jardim ; fundos : prolongamento do alinhamento da Rua Piraí.
Trapésio 54-12-15-55 ( situado na quadra “ D ” ) : comprimento pelo
eixo cerca de 50,27 metros; largura 4,00 ms, área cerca de 201,08
ms.2; Frente : prolongamento do alinhamento da Rua Pirai ; lado di
reito : doadora ou sucessores ; lado esquerdo : antigo alinhamento da
Avenida Cidade Jardim ; fundos : retângulo 51-54-55-53 adiante des
criio . Trapésio 51-54-55-53 ( situado na quadra “ B ” ) com cerca de
5,67 ms2.: Frente : reta 54-55 , na extensão de 4,00 ms., dividindo
com o trapésio 54-14-15-55-54 , já descrito ; lado direito : reta 53-55,
na extensão de 1,56 ms., dividindo com Arthur B. Hortas ou sucesso
res ; lado esquerdo : reta 51-54 , na extensão de 1,50 ms. mais ou me.
nos, pelo alinhamento antigo da Avenida Cidade Jardim ; fundos :
reta 51-53 , na extensão de 3,56 ms. mais ou menos, dividindo com a
área 50-51-53-52 adiante descrita. Trapésio 50-51-53-52 (situado na
quadra “ D ” ) com cerca de 1,02 ms2 .; frente : reta 51-53 , na extensão
de 3,56 ms., dividindo com a área 51-54-55-53, já descrita ; lado di
reito : reta 52-53, na extensão de 0,52 ms. mais ou menos , dividindu
com Arthur B. Hortas ou sucessores ; lado esquerdo : reta 50-51 , na
exiensão de 0,27 ms., pelo antigo alinhamento da Avenida Cidade
REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL 239
( 0 IT A B 0 R x C : 0
DOCUMENTAÇÃO
Ordens Régias
Papéis Avulsos
Doc. CLXVIT Portaria expedida pela Secretaria de Estado dos Ne
gócios do Império 173
PUBLICAÇÕES
ATOS OFICIAIS
Dceretos
Leis
MUNICIPAL
CXXVII
DO UVENTS DEPARTMENT
AUG 2 5 1950
LIBR RY
NNIVERSIFY OF CALIFORNIA
K. s .
INDIO CARAJA
DO
A R Q U I VO
MUNICIPAL
PUBLICAÇÃO DO DEPARTAMENTO
MUNICIPAL DE CULTURA
Redação :
Divisão do
Arquivo
Histórico
Oficinas:
Gráfica da
Prefeitura
Telefone 3 - 1051
Assinaturas :
SUMÁRIO
UM CONGRESSO INTERNACIONAL DE FI
LOSOFIA LUIS WASHINGTON
PREFEITO
ASPROBAL EURITYSSES DA COIRA
COLABORACÃO
MEMÓRIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA
PARTE GEOGRAFICA
ESCOLAS :
Sede 149
Zona rural 2.298
1,000 gr .
CONCLUSÃO
Magnésia 1,60
Quartz 5,60
Ácido titânico 20,00
Per óxido de ferro 74,30
2.° Oxido de manganês vestígios
Cal idem
Magnésia 1,60
INDÚSTRIAS :
FÁBRICAS :
CASAS COMERCIAIS :
ARTIGOS DE EXPORTAÇÃO
Arròs 27.000 Sicos, valor 1.00: 000 $ 000
Café 2.000 Sacos valor 120 : 000 $ 000
Feijão 600 Sacos, valor 24 : 000 $ 000
Suinos . 1.000 Cabecas 50 : 0008000
Aguardente 809.000 litros 320 : 000 $ 000
HOTÉIS:
" Jacupiranga " , de Miguel Stonoga , Jacupiranga ( Cidade )
" Paulista " , de Nina Lino, Pariquera -Assú ( Distrito )
ECONOMIA PÚBLICA
1931-1932
Café . 12.364 arrobas
Açucar 30.663 arrobas
Arros 107.163 sacas
Feijão 16.942 sacas
Milho 91.850 sacas
Batata sacas
MEMORIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA 23
Soma 309.028
ESPÉCIES 1933-34 εε - ε6 !
INSTRUÇÃO PÚBLICA
Cortezias Quilombo
Lavras Braço Preto
Indaiatuba Pariquera -Mirim
Cachoeira Pedrinhas
Azeite Padre André
Areia Preta
1
II
PARTE HISTÓRICA
A REGIÃO DA RIBEIRA
RIO JACUPIRANGA
E acrescenta :
PRIMORDIOS DA POVOAÇÃO
BOTUJURÚ
!
A povoação de Botujurú conservou esse nome até o ano de
1870 , quando passou a denominar-se Jacupiranga , por estar situada
à margem do rio do mesmo nome .
A anterior denominação é de origem tupi , provindo da confi
guração do terreno , pois que os índios costumavam batisar os lu
gares tendo em atenção os elementos naturais .
E porque passasse o sítio a assim chamar -se, o mesmo nome
foi estendido a um pequeno morro existente nesse ponto .
Botujurú , como nome de lugar , segundo a lição dos mestres,
é corruptela de Ibitu - jurú, de Ibitu , o vento, o ar, o clima , a núvem .
É vocábulo composto de ibi, terra e de tu golpe, impulso, queda .
Diz Teodoro Sampaio que a principio se pronunciava alterado
em Ibitú , Ibutí ou ubutu e ainda botu ou votú ; Jurú- boca, ( pes
coço, colo ) .
Botujurú, quer dizer bóca do vento , isto é depressão do ter
reno, garganta nas montanhas ou entre morros , por onde se enca
minha o vento .
E' equivalente ao que se denomina -bocâina . ( 15 )
( 14 ) Arquivo do Estado Tombamento de 1842 mario
út omsra da Vila de igu nd .
( 15 ) Dr. Teodoro Sampaio . O tupi na geografia nacional .
MEMÓRIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA 31
PRIMEIROS POVOADORES
O grito é nosso .
Jacupiranga
de
parcial
Vista
|
1
MEMORIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA 33
RIO JACUPIRANGA
1806
29 66
José da Cunha Iguape
Gertrudes da Cunha 22 Iguape
Filha :
Inácia 2 Iguape
66 65
Francisco Domingues 35 Iguape
Escolástica 37 Iguape
1817
1 - Rafael Morato rezidente nesta Va. possue -200 -braças de testa . neste
Rio com 50 de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva, Confta. com
2 Manoel Navaes rezide. nesta Va. possue 200-braças de testa. com
50-de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Confta .
com
11 - José Ribro, rezide. nesta Va. possue 150 - braças de testa. com 100 -de
fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Confta. com
12 Anto. Pedrozo rezide. nesta Va . possue 50 -braças de testa . com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama.
Confta . com
13 Severino Gomes rezide. nesta Va. possue 50-braças de testada com
meia legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama.
Confta . com
14 Franco. Domingues rezide, nesta Va. possue 50-braças de testa . com
meia legoa de fundo, hunicante. por posse, e as cultiva com sua fama.
Confta . com
15 José Domingues rezide, nesta Va. possue 50 - braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte . por posse, e as cultiva com sua fama . Con
fta. com
17 Daniel da Cunha rezide. nesta Va. possue 60-braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta . com
18 Ingço . Mora . rezide. nesta Va. possue 100-braças de testa , com meia 1
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta. com
19 – João José de Carvo . rezide, nesta Va. possue meia legoa de testa , com
meia da . de fundo por compra q' fes aos primos. cultivadores, e par
te dellas a José Joaqm. d'Asumpção, e as cultiva com Escros. Confta .
com
20 José da Cunha rezide . nesta Va . possue 30 -braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte . pr. posse, e as cultiva com sua fama. Con
ita. com
21 Anto . Ribro , rezide. nesta Va . possue no Quilombo 100-de testa. com
meia legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama.
Confta . com
22 Anto . Domingues rezide . nesta Va . possue na Praia redonda 150-bra
ças de testada com meia legoa de fundo, hunicamte. por posse,, e as
cultiva com sua fama . Confta . com
23 Pedro Franco. rezide. nesta Va. possue 100 -braças de testa. com meia
legoa de fundo, hunicanite. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta. com
24 Anto. Felizardo rezide. nesta Va. possue 200 -braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta . com
25 Anto. Carriel rezide nesta Va . possue 100-braças de testa . com meia
legoa de fundo hunicante . por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta , com
1
MEMORIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA 37
26 Anto. Gomes rezide. nesta Va. possue 100 -braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta. com
-
27 Bento de Souza rezide. nesta Va. possue 100 -braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta. com
28 Sebastião da Sa. rezide. nesta Va. possue 50 -braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
1
fta. com
29 - João da Sa. rezide . nesta Va. , possue 100 -braças de testa . com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta. com um hum terreno devoluto de 2 legoas de testa. sem morador
por pantanosas e sugeitas as correntes deste Rio, no fim do qal. se acha.
30 João da Guarda rezide, nesta Va. possue-200 -braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta. com
31 Anto. d'Olivra . Sza . rezide, nesta Va. possue 600-braças de testa. com
meia legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com 6 Escros.
Confta , com
32 Anto . Pinto d'Almda . rezide. nesta Va. possue 500 -braças de testa. com
meia legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com 9 Escros.
Confta . com
33 Chrispim de Pontes, rezide. nesta Va. possue 150 de testa. com 100
1
fundo hunicamte. por posse , e as cultiva com sua fama. Confta. com
34 Franco. Luis do Canto rezide, nesta Va. possue 100 -braças de testa .
com 100 de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama.
Confta . com
35 Franco . Gomes rezide . nesta Va. possue 100 -braças de testa. com 100
de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Confta. com
36 Victor Mariano rezide, nesta Va. possue 100 -braças de testa. com meia
legoa de fundo hunicamte. por posse, e as cultiva com sua fama. Con
fta . com
37 - João Domes . Ribro . rezide , nesta Va. possue 400 -braças de testa , com
400 do outro lado do Rio com meia legoa de fundo hunicamte. por
posse e as cultiva com sua familia .
1827
RAMO DO SUL
RELAÇÃO
Ei -lo :
42 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
elsestesse
8Luantidades
Capinzal. Tem de distancia maior do seu limite a estação
Saturalidade
do Juiz de Paz .
Oburvaçoes
isa
1
durahdade
marang
estabelea
hospita
Paugen
E& xpence
captivos
man
testado
po
bobol
de
das
Se es
Profissão
minto
liv
Shades
de
.
on
leores
NOMES
ga
Glauonile
dades
Proficão
Estado
Share
Pries
NOVES
23
9 Maria da Silva 60B 1189 V L 20$
Belarmino Antonio12 S
10 Francisco datu
pha 30 B Case 50
Lina Ribeira 33
Francisco
Jodo
Belxior
Damiana
11 Ignacio Moreira 45 Caso L EC
Ignacia Maria 40 N
Manoel -Filhos
BER
Thomas
003
::
Leandro 13
Maria 13
12 Anna da Cunha Bo 8 Ig ?
luiz agregado 02 S
Joaquim -lho
Maria Idem 6
38. José Eibe Iro 50D Casº 10 L003 ri 180
Anna Gomes 40
Maximo Filho 12 S
furcula 184
fuarla 141 "
Francisca
arcolino_Assegadh 5 "
26 Daniel da Cunha 55 E Ig . Case
Anna Barboza 16 14
Francisco - Filho 20 09ee 11
antonio 4
Daniel 3 n
Iconstantina 30 ) 21
Xaria 23
alexandrina 19 N
Rita 14
Rosa 3 19
44 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
sobot
20
sp
,
NOMES
boz
Francisca 189
Anna
Joaquina 6
Florentina
17 André Pereira 80 P CasºL Sitid 80 $ LOOS
Maria Pereira AS 1g
Manoel Pereir & 20
.
3
Filho
18 Domingos ontein
0 190 P V 40 $ 500
a
19 José Domingues 59 P ng Cas 8018 2004
Anna Maria 46
Joaquim Agregadd 14
Catbarina 7
NOMBS
S
Bento -Filho 25
Bartholomeu 9
Antonio
Joaquim
Domingos H
Marie 18
brancisco Dominguea.
espetor
RETISTA DO ARQUIVOJEVICIPAL
NOMES
NOMES
NONES
::::
Ignacio de Souza 30 P Casº L Sitio 100 arros
303
Thereza de Jesus 28
João - Filho 1 01
Laria - . 7
Bezarina * 5 10
Izabel
brancisco Pereira de 28 P ig ! Casa
SO
Har ia Navais 23
Rita Filha 2
José Jacintho B 18 .
Joana da Silva 35 6 $0
Izidoro 14
Sodo 10 10
0
Pelicio 7
Delfina 8
Blena 6 #0 10
soana 2 #1
Victoriana 1 10
Jezuina Gomes 40 Cass sos 80
Maria do Nas cinto 35
Gregorio Per Passos 35 cas 2003
Benedicta Roiz 30
boathilde . F12,2 9
Antonia 8 .
Leonora
:v ::::
Florentina 3
TanCiSCO DIAS
trisula
anoel Coitinha
Ilho 17
:
09
Bento 16 $
50 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Arbor
out
Raimundo - Filho
Antonio 5 11Ig
Benedicta 7
Magdalena 2
Ignacie tanga 70 Sitio 100 $ erro N
Agostinho -Filho 39
Francisco 24
unria 120 33
Maria Neta
Mariana 5
Senedicte Moreira 27 P Ig . 1000
Janna Luiza 25
José - Filho - 2
Clara 2
Francisca " 2
Salvador Nunes 35
Boaquina Felizard 32 11
Francisco Palho 9
Vergilio 7
Antonio
rhereza
jacintno
intonio 14
Antonaria
Kaxiano- Filho
Fidencio
Sebastido al
Constancia 6 H
Anna 2
Antonio Felizardo 79 silio 30 $ 100 Sabe
aria Luiza Zer e
escret
ver .
Pedro Francisco 74 10
Maria das Neves 61
Caetara - Filhs - 22 11 S
Joaquina 12 71
Anna 2. 44
Luiza 5 #1
Francisco Gomes 56 B 200
Janna Naria 56
Thimot1o . Filho 18 . N So
Pedro 13 11
Antonio - escravo 40 N Capt . 24
Ignacia 30
Laria 11 11
Anna . 20
Josepna
16
1
MEMÓRIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA 51
Joke Tilho 11
Hanoel 01
Maria 11
Anna 14
Francisco Antanes 28 р1 Do
Anna de fontes 27
Fortunata - Filha - 2
.
Benigna
Joaquim Vicente 25 P
Laria de Pontos 16
Paulina - Filha 3
Manoel 13
JA?3:
Domingos Pereira 32
Maris Pereira 18
Serino- Filho 3
Joaquim 2
Escravo
José 6 10 Capt
Francisco Justo da 463 18 . Leitio 100 180
Luz
:2
preria Pedrosa 49 .
Albog H
João 19 Se
Dionisio 131
Floriano 20 -
Antonio 16
saria 17
slora 35
srancisca
52 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Illmo. Snr .
Determina -se o Illmo . Snr. Conselhero . Presidente da
Prova . que remetta a V. Sa. para ser prezte . á Assemblea
Legislativa Proval . , em satisfação á exigencia constante do
Offo. que V. Sa. me dirigio em data de 22 de Março ultimo
sob n .° 51 , a inclusa informação prestada pelo Vigro . Geral
deste Bispado acerca do projecto da Assembléa, creando no mu
nicipio de Iguape a Freguezia de N. S. da Conceição de Ja
cupiranga .
Deus guarde a V. S. Secretaria do Governo de S. Pau
lo, 22 de Abril de 1858 .
Sr. Dr. Americo Brasiliense Almeida Mello ( 1.° Secre
tario da Assembléa Legislativa Provincial. )
João Carlos da Silva Telles ( 28 ) ”
* *
DECADÊNCIA E RESURGIMENTO
DATA DA FUNDAÇÃO
E conclue :
IGREJA MATRIZ
UM DOCUMENTO IMPORTANTE
Estevão Je . Raimundo
João Luiz do Nacimento
Manoel Roxa
José Furtado Roy Sumo.
Felisberto Marques d’Aguiar
Francisco José de Lima
Manoel Antonio Gonçalves
Casimiro Alves Vieira
a rogo de Rafael Pera . de Sza .
José Luis de Souza França
A rogo de Victor Pedrozo de Lima
e de Antonio Moreira de Moraes
José Luis de Souza França
A rogo de Manoel Dias
Ignacio Pereira d'Oliveira
A Rogo de Pedroso Ribr.° Ramos, de Imidiano José Miranda, de Antonio
Moreira da Sa. filho, de Je. Dias Subral, e de Rafael Anto. Mranda
Franco . de Sza . de Oliveira Rato
A rogo de Antonio Marques da S. , de Gregorio José Domingues
Luiz da Sa. Franco
Benedicto Jozé Rodrigues
Jozé Furtado Roiz (35) ”
DA ELEVAÇÃO A MUNICIPIO
了
MEMÒRIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA 75
GUARICANA
E acrescentou :
PRIMEIRA FASE
SEGUNDA FASE
TERCEIRA FASE
“ Nucleo de Pariquéra-assú
Como consta do relatorio da Commissão de Terras Publi
cas , ( 1872 ), o “ Territorio de Iguape ", que hoje constitue este
nucleo, foi medido e demarcado em 144 Secções , de cujos tra
baihos não existem mais vestigios " .
Homens 188
Mulheres 153
Total 341
Lotes
Distribuidos 7
Disponíveis
Total 27
*
MEMÓRIA HISTÓRICA DE JACUPIRANGA 83
10 6 12 6 6 7 1 0 48
1889 1892
Godlibe Barkmann Raphael Grupioni
Pedro Bellini Casemiro Berthoriko
David Dafoneli
Biaggio Franciosi 1893
Sanson Giuseppe José Kinckin Jor .
Franciosi Pietro João Garcia Alano
Buttini Carlos Antonio Hovilosky
Erick Erickson
Maximiano Gibertoni 1894
Navilli Ercole Bazoli Giacomo Felice
Lamagne Vincenzo Simoni Giacomo
Angelo Bertolleti Arcine Jacomo
Anna Grelte Affonso Bouillet
Marcon Vincenzo Leon Bouillet
Bonni Secondo Francisco Iwanski
Bonni Luigi Edmundo Bouillet
Vichi Angelo Delai Bartholo
Lamagne Angelo Maria Rossini Giovani
Pedro Salleti
1890 Antomdi Giuseppe
Valetim Olbnisz Felix Bouillet
Casemiro Blaski
João Ochocinski 1895
Josepp Paukowski Netis Adestem
Miguel Patykavski João Buaski
Josepp Paukowski Gregorio Gravinischi
Ignacio Kochorek Himon Joan
Ponssoni Gianni G. Roechi
Alexandre Weschesky Michol Hemon
Coppi Lourenço Milhoto Savokio
André Schiskwist Tlko Janovo
João Guttard Halom
Peter Zumbrum 1896
João Hardt Carlos Munkhammer
Maria Kinchin Godofredo Humphiers
Theophilo Redys Joseph Kuprich
Wladislau Hellegda Giroli Annibal
Pedro Witascki Antonio Brosmann
Joseph Zelisky Matheus Ilek
Adão Brzezinski Matheus Grozz
José Kugler João Baptista Bromler
João Paulkosky Augusto Abraham
João Kugler Stephan Kern
Adão Paulkosky João Oweraxski
Antonio Valdosky Christian Pulhl
André Paulkosky André Powieniecz
Hermann Arnord
1891 Josep Sanin
Emilio Orbelli Franz Lemberg
Concetta Buzzo Voichetz Stonoga
Bonni Giovanni Pedro Izarosky
Bonna Giuseppe João Owezarski
Arnoldo Lamagne Mathias Krimn
Grupione Archangela José Mireider
João Schmit
86 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
1897 1899
André Pavience Frederico Wenda
José Hellegda Stephan Pioker
Stephan Senik Max Alter
Luiz Bremar Otto Donath
George Engel Henrique Klepa
Standislau Kwiathowski Joseph Ambach
Michel Kotona Stephan Klettlinger .
Giovannini Valerio
e se esta exposição excede a vossa espectativa, peço -vos que mandeis ins
peccionar aquella Colonia por pessoa de vossa confiança antes de me conce
derdes as autorisações que acima pedi.
" Saude e fraternidade. ( assignado ) O engenheiro chefe Jeronyın .
Francisco Coelho " .
Luis WASHINGTON
SUMÁRIO
" A filosofia existencial , como todo " ismo ", tem já sea
público, no qual assume a ditadura , por meio de umas notas e
receitas , o inominado senhor “ tôda gente ” . Para seu império, a
autenticidade originária da problemática subjacente costuma ficar
velada, como da mesma forma para suas exposições críticas e até
para seus adversários . A clareza discriminativa e a precisão bri
lham pela ausência nas formulações correntes e, sobretudo, nas
apreciações de carter polêmico ; tudo dá na mesma . Faz -se ne
cessário assim deslocar , dentro da comum denominação de exis
tencialismo , a de maior envergadura e estrita filosofia, represen
tada pelo pensamento de Martin Heidegger . Uma de suas con
sequências de maior alcance é a afirmação da existência concreta ,
com seu âmbito social- histórico e do destino do homem como sêr
terreno, para quem fica aberto o caminho que há de conduzi-lo
a sua humanidade plena, sem interferências transcendentalistas
nem chamados do além . A essência do homem está no que este
efetivamente é . Mas esta essência do homem sua humanitas
é histórica e não uma estrutura ou núcleo ontológico de carater
supra -temporal. Vale dizer que o sêr do homem há de realizar -se
na história , através de suas contingências, necessidades e mu
danças . Em meio disso tudo , imerso no tempo histórico, o ho
mem estará sempre próximo de sua grande peripécia terrena :
torna - se humano ” .
8. DIÁRIO DE VIAGEM
gua. E o cêrro, que tem como pano-de- fundo nada menos que
os Andes recobertos de gelos persistentes, é uma vista panora
mica inesquecível.
À tarde o Congresso foi solenemente inaugurado com a pre
sença do ministro da Edur ação da Argentina, prof . Oscar Iva
nissevitch . Seu discurso, menos demagógico que o foi em
certo sentido - do que patèticamente ressentido, teve em mira
algumas abstrações que não foram bem decifradas pelos delegados
estrangeiros. Curiosa foi a tese defendida pelo simpático minis
tro platino, de que o preço da liberdade é a eterna vigilância ...
policial .
À noite foi oferecido o que os argentinos chamam de “ jantar
frio " aos delegados vindos de todas as partes civilizadas do mundo
e do Brasil . A coisa aconteceu no Salão dos Espelhos do
“ Plaza ", o hotel mais importante de Cuyo . Foi lauto, foi exu
berante, cabendo quase um perú a cada convidado – e estes so
mavam 300 pelo menos , entre nacionais e estrangeiros . Creio
ter notado que os filósofos europeus estavam terrivelmente ató
nitos e escandalizados -- principalmente os alemães, que vêm cur
tindo uma fome que data de 10 anos diante de tanta e tão
variada comida . Doravante , no meu fichário de frases- feitas, as
expressões " banquete oriental” e “ repasto pantagruélico ” serão
substituidas por " jantar frio platino ” ,
10. ANEXO
CONFUSÃO NO CONGRESSO
( Rapsódia )
DE ALBERTO RANGEL
L. G. DE SIMAS
(Capitão de Mar e Guerra )
INFERNO VERDE
COM UM PREFACIO DE
EUCLYDES DA CUNHA
E DESENHOS POR
ARTHUR LUCAS
GONZALO :
AN lor ment, trouble. wonder, and amaremont
Inbabits bere...
SHAKESPEAR - THE TEMPEST
ACT V - SCENE VIR .
GENOVA
SA I CLICHES CELLULOJDE BACKALONI
1999
ADVERTÊNCIA
O AUTOR
1
1
ABREVIATURAS
ERRATA
SERRE
Tercy Sau
Pescadores de Pirarucus
1
CLUCIDÁRIO DO “ INFERNO VERDE " 141
diário, parasita que vive entre patrão e o " toqueiro ", seringueiro
este que entrega a borracha no tôco da árvore por um preço vil . RM 0.
" .. Ao chegarem ao Funil, o “ aviado " agasalhou com piedadı ... '
AXI! 86 Expressão do Pará : de tédio ou desagrado ou re
pugnância para com alguma coisa, ou dito desagradável. ( Baixo- Jari)
Corresponde ao português : apre ! fora !, VBR . " ... Axi ! Tertuliana ... "
AZINHAVRADAS 69 Amarelo esverdeado . o soprar
do vento lhe vergava as frondes azinhavradas e tristonhas... "
AZUL DA PRUSSIA 211 Azul escuro de um leve tom
esverdeado, Calk . " o céo embebia - se de aguada azul da Prús
sia ... "
Regatocs
Buritizal, Amazonas
" CORDA " 253 ( homens de ) Dá-se esse nome aos indiví
duos que se empregam para o serviço de sirga nas embarcações .
CORIACEAS 165 Duro como couro . A copa de peque
nas folhas coriaceas... "
CORICAS 248 Papagaio de mangue de encontros verdes,
aldra- curaua, jurucuruca, curica-curáu, quer dizer : maldizente . GS .
“ ... do bando espavorido de coricas ou papagaios ... "
CORNOCLARIM 273 Clarim feito de chifre . “ ... Notas de
cornoclarim rompiam em accentos argentinos ... "
CORNUTOS 132 Que tem cornos ; cornítero, cornudo .
* .. : gritos de alencos cornutos ... "
“ CORREGENDO " 163 Por corrigindo. Linguagem de ca
boclo. " ... tinha estado " corregendo " seu terreno ... "
“ CORTA - AGUAS ” 96 Ave aquática do norte do Brasil .
como voo das leves “ corta - aguas " ... "
COROAS DE AREIA 195 Aglomeração de areias acima do
nível das águas : Praia isolada, redonda de areias alvas, sem vegeta
ção . E a primeira na forma de terra a surgir do seto das aguas .
RM . " patentear de novo as corðas de areia , .. "
CORUTOS 271 Penacho do milho e de outras plantas . "
entre os corutos dos milhos ... "
COSMORAMA 248 série de quadros que represente, vistas
de diferentes países, para serem observados por instrumentos oti
cos ampliativos. Esse relancear pelo cosmorama da viagem ... "
COTIARAS 70 Diz R.Morais, no Homem do Pacoval quando
fala da caça na Amazônia : não vale falar da cotiara, muito menor
que ( cotia ) dona de uma pequena cauda que finda na reunião de alguns
cabelos, Carne muito tenra e apreciada. surgiam as cabecinhas
arruivadas de duas cotiáras ... "
COUCEIRAS 154 Coico da porta ; barra de ferro, de ma
deira sobre que gira a porta . Aulete ( Coiceira ) “ ... As serras hão
de partir em couceiras ...
CRAIONADO 107 Gall . do autor, no entido de enegrecido.
Craião : substância terrosa ou metalica para traçar linhas, desenhar.
Desenho feito com esse lapis. de um só aspecto vago e crayo
nado ... "
CRASTINO 253 Relativo ou pertencente ao dia
19 seguinte, ao
dia de amanhã . " ao ameaço do alvor crastino ...
CRATO 143 Cidade do Estado do Ceará, a margem direita
do Rio Grangeiro, notável por suas riquezas naturais e fertilidade
de suas terras. É a segunda cidade do Estado . Houve outra com o
mesmo nome, na foz do Jamari, sucessivamente, transferida de local.
VC. AB . “ ... gente do Crato e caratheus ... "
CRISPANTE 103 Que crispa ; contraído, franzido - crispar:
oncrespar ; franzir, Encrespante. “ ... desdobrada é valdosa ao beijo
crispante do nordeste ..."
CROCITOS 37 A voz do corvo, do abutre e de outras aves.
bulha de azas e crocitos... "
CROTOES 88 Codlaeam Variegatum e Croton Obamaedry
folins, Linney e Criseb . Euphorbiaceas. Originaria da India. Arvore
ELUCIDÁRIO DO “ INFERNO VERDE " 159
" DADO O PREGO " - 208 - Cansar ; “ morrer ". " cinco
haviam " dado o prego " com as febres ... "
" DANADA " 204 Leonardo Mota , da como : adjet!vo que
dá sempre a idea de avantajada. Parece ser aqui, porém , querida
tinha saudades, porém, da " damnada " da cabocla ... "
" DANADO " ( OH ! ) 262 Grande “ Bichão ! ” . “ Oh ! dam
nado ! "
" DAR UM LANCE AOS PEIXES " 247 Pescar com tar
rafa ou anzol . “ a ceifar capim para o gado ou a “ dar um lance
aos peixes " .
DE BUBOIA 30 Flutuar a mercê das aguas ; ser levado a
mercê. QC . “ ... como o tronco que de bubuia ... "
DECOTANDO 140 Cortar por cima ou em volta .
bater dos ferros decotando as ramas, os caules e as folhas...
DEDALO 124 Labirinto ; rodeio confuso ( dos caminhos )
" A montaria singrava por um dédalo ... "
DEFENSE AUX NOMADES DE STATIONNER 187 Proi
bido aos vagabundos de parar. se lê å borda de aldeias de
França ... "
“ DEFUMADOR " 276 Pequena choupana de palha, junto
da habitação, onde o seringueiro defuma a borracha, isto é , onde
coagula o leite da hévea por meio da fumaça dos caroços de uricuri
ou do cavaco de madeira de lei. E al que ele transforma a selva bran
ca , da árvore amazônica , em ouro negro. O líquido vegetal, para
la conduzido numa bacia, é derramado sobre uma pa de madeira que
mantida acima da boca dum grande boião de ferro ou de barro , da
altura de um metro , que jorra fumaça, vai formando, camada a ca
mada, a pele de goma elástica (bola ) , Minúscula barraca de palha
RM . " ... a solidão de um “ defumador ” ... "
DEISCENCIA 75 Ato de se abrirem as válvulas de um or
gão vegetal. “ ... se desprendem na dehiscencia bocados aligeros ... "
DELEVEIS 278 Que se pode apagar. “ ... Em volutas de
leveis ... "
DELINDO -SE 279 Extinguindo - se , " phrases que se estran
gularam delindo -se em murmurios ... "
DELIQUESCENCIA -171 Fenômeno que se observa em certos
corpos minerais e sólidos, os quais absorvem a umidade do ar e nele
se dissolvem . “ ... apodrecidos numa deliquescencia ignobil... "
DELUSÃO 238 Engano. “ ... O que ha é uma delusão ... "
“ DE MEIA " 78 Metade por metade “ creando o gado
" de meia ", plantando o milho ... "
DENEGRIDA 283 Infamar. " Por ti sou denegrida ... "
DENSIDÃO 58 Espessura . ( Talvez no sentido de : cer
cada, fechada ) “ se abriam na densidão da mataria ... "
DE PARELHA 57 Ao mesmo tempo . mas de parolha
diziam .. , "
ELUCIDÁRIO DỞ " INFERNO VERDE ” 161
" DO ( 14 : 1 " :1
Pittt ceud dimint.00panhado
" de Capangas . ,
DOCÚCUS 252 Cita Barb . Rodrigues em Poranduba pg . 288 ,
como animais que emprestam sono os “ Xurucututús " (mochio ) e
* Dúcúcús " (cuja significação não escurece ) ! VI. “ .. barwios ,
ducucús e acuríos .
DUENDES Divindade mitológica ou espírito Suurena
tural que se supunha fazer travessuras de noite, dentro das Casas
candel: bros para uma festa de duendes ...
- $ 1721 “ ERA O GEITO » 2041 Único rémédio , récurso : " ... Fora
lhe bem duro apartar - se ; mas "era o geito " .. aj info !
ab “ERGASTULO 7_1 282 Cárcere; enxovia (ver pobre Jesuita
Foáð Daniely . Nha escuridão de um ergastulo . !!19.7 .)
: 9
'; 71 : 11 1 111,
ERVECENTEV_11275 Vicejar ; orivecer; vioejante. * ) ... erve
cente de membécą e “ malicia ” . ATO
ESBOFADOS 252 Esbaforidos ; ahelantes. ***!? De multos
apeitos humanos esbofados ..
ESCABUJANTES 229 Estrebuchantés, "agitados convulsiva "
mente , ... Cunha, tem uma poesia descrevendo esse espetáculo, muito
perfeita : " O encontro das águas " }(dos rios Amazonas, Negro ), em
seu livro “ Pelo Solimões ” . a lucta de dous monstros escabujan
tes12 .." . , #5145: 1 ! 216 0 ( 110 ) bir
ESCAMPADOS 136 Que serenou ( tempo ) . escampar : dei
xaro de chover : estiar , slim par- se de nuvens ; clarear - ge oicéu . Diz - se
do tempo sereno depois de um aguaceiro , " id . tudo , porém socegou
escampado;. *, 13-12-11 DIU ") 13. "nin
ESCANTILHÃO 235 ; De roldão . * 791110 ar de escantilhão ,
rasgava - se com a torva claridade ...
ESCANZELADA 78 Muito magra . amarella'e escan
zelada ... 1. )
ESCARAFUNCHAR 67 Esquadrinhar! !!. haviam cansado
de escarafunchar .
ESCARÇADA 131+;
1girar das 99colmeias ( a ' cêra ) ; esgarçar .
uma colmois de jatys, escarçada .; I
ESCARCHA 67 Fio de ouro ou 'prata tecido em sêda .. “
soda do céo bordava - se da escarcha auri-rosada .
ESCARCEO, em 178 Saltando, c.'Aulete. * !! Uma grande
9
vaga de luz, em escarcéo .
ESCARDEADO 2156 Limpo de cardos ( a terra ) " . о сатро
escardeado aguardava os romeiros ... "
ook! ESCARVALHO 194 - Falha ou cavidade na parte interior de
canhão . Ferida . verteu o liquido ardente no escarvalho da chaga
pavorosa : 1 .
DE ESCARVOADAS 175 Esboçadas; desenhadas a carvão . “
entre fragas escarvoadas ... "
. lun.ESCLEROSANDO -LHE 195 Tornar escleroso : qualquer en
durecimento morbido dos tecidos . * ' que ' o accidentavam , esclero
sando - lhe o fundo ... " ,
ESCOLA ( DE ) 273 Contemporâneo ' do periodo escolar .
Um collega de Escola " , alferes -aluno... "
ESCONSO - 128 Escondido ; escuso . ... do vir buscal- a no
resguardo esconso ...
ESCORSO - 249 -- Resumo . “ ... O igarapé era um escorço do
rio ... "
1. ESCORRALHO 4 267 Resto ; resíduo de líquidos nas bordas
ou fundo de vasilhas. “ ... junto ao escorralho putrido do pantano ...
܃܃ ܃ ܃ 1. VISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
cities
)
G
Н.
Car . Flores branco -róseo . E ' verdadeira " sensitiva " murchando ao
menor toque . Há outras espécies. PLC . " ... ervescente de membeca
e “ malicia ” ...
MAL NAS FRUTEIRAS 79 ( Veja “ broca " ) . “ ... ou désse
o mal nas fructeiras ... "
“ MAMA -NA - ÉGUA " 52 Que não vale nada . “ ... seu cara
de “ mama -na -égua ” .
“MAMÃO -MACHO" 53 Diz-se das pessoas de rosto longo e
chupado. seu ventas de “ mamão -macho " .
MAMELUCO 45 Filho de europeu e de mulher indígena .
a resistencia do elemento tapuyo ou mameluco ..."
“ MAHATA REMUNHÃ REYKO " ? Que está fazendo ?
A tradução destas frases tupi guarani, devo a nimia gentilesa
do Exmo . Sr. General Candido Mariano da Silva Rondon .
MANACAPURU 223 Vila situada à margem esquerda do rio
Solimões, em lugar pitoresco . Exporta goma elástica e madeiras ser
radas . “ Ja em Manacapuru não encontrára a Gertrudes..."
MANAUS HARBOUR 230 Companhia construtora e arren
datária do Porto de Manaus . " Dous
7 paquetes inglezes, encostados
ao “ flutuante " da Manaus Harbour ...
MANDACARUS 142 Ou Jamacaru CEREUS . Catáceas.
Planta que pode atingir grandes dimensões . Hab . em terrenos secos
e mesmo rochosos . O suco dos frutos é antiscorbutico . A tintura das
flores é diurética . PCL . " na volta da estrada dos mandacarus... "
MANDA -CHUVA 158 Chefão político ; maioral . .. que o
manda-chuva avassa lára ... "
MANGA 216 Assim se chama a um ramal da “ estrada " de
meringueiras, na Amazônia . “ . ou simples linhas as mangas
MANGRULHO 211 Pôsto militar de observação, em sítio
elevado, e formado de madeiras toscas, acima das quais se sobe para
observar . “ ... dominava um mangrulho a chateza da veiga ...
MANI ( lenda da ) - 128 - A lenda diz que a mandioca foi desco
berta assim : Em tempos idos apareceu grávida a filha de um chefe
selvagem , que residia nas imediações do lugar em que hoje está a
cidade de Santarem . O chefe quiz punir o autor da desonra de sua
filha, a ofensa que sofrera seu orgulho, e, para saber quem era enpre
gou , debalde , rogos, ameaças e severos castigos. A moça permaneceu
inflexível, tanto diante dos rogos, como diante das ameaças e castigos,
dizendo que nunca tinha tido relação com homem algum . O chefe
tinha deliberado matá - la quando lhe apareceu em sonhos um homem
branco , que lhe disse não matasse a moga , por que ela era efetiva
mente inocente e não tinha tido relação com homem algum . Passados
os nove meses ela deu a luz a uma menina lindíssima, e branca , cau
sando este fato a surpresa , não só da tribo, como das nações vizinhas,
que vieram visitar a criança, para ver aquela nova e desconhecida raça .
A criança , que teve o nome de Mani, e que andava e falava precoce
monte, morreu ao cabo de um ano, sem ter adoecido , sem dar mos
tras de dor .
Foi ela enterrada dentro da própria casa , doscobrindo -se - a , e re
gando - se diariamente a sepultura, segundo o costume do povo . Αο
cabo de algum tempo, brotou da cova uma planta que por desconhe
cida inteiramente, deixaram de arrancar . Cresceu , floresceu e deu
Irutog . Os pássaros que comeram as frutos se embriagaram , e este
fenomeno desconhecido dos índios, aumentou - lhes a superstição pela
188 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
que ainda não poude atingir o grau de esplendor da que fôra sub
mersa . Foram de novo habitá - la os Muras ; mas em breve por entre a
escuridão da noite, começam a ouvir, transidos de medo, como o can
tar sonoro de galos, que incessante se ergue das águas . Consultados
Os “ pagés " venerandos, que prescrutavam os segredos do destino, de
clararam estes que aquele cantar de galos, ouvido horas mortas da
noite , provinha daqueles mesmos “ angaturanas " , que deploravam
outrora a misérrima sorte da povoação submergida e que sempre pro
tetores dos filhos da tribo dos Muras, serviam - se do canto dos galos
da “ Sapucaia -oroca ” ( quer dizer , galinheiro ) submergida, para re
cordarem o tremendo castigo por que passaram seus maiores e des
viarem a nova geração do perigo de igual sorte . É este o fato que
dou origem ao nome da povoação Sapucaia - oroca No médio
Juruá, há um paraná, na margem esquerda, com o nome de Muras
VC . “ .. Nelle inscreveu - se certa malóca de Muras... "
MURI 76 Gramínea aquática da Amazônia. O xerim
babo socorria - se do mury ... "
MURISAL 98 Lugar cheio de muris . “ em identica barra
de murysal... "
MURMUR 120 O mesmo que murmure ; ruído das ondas
ou da água corrente ; murmúrio . insinuava -se num murmur
brando ... "
MURUCUTUTUS 252 Ou “ Jucurutu " ou " coruja do mato "
É a grande coruja ou mocho de orelhas pretas. BUBO MAGELLA
NICUS de côr amarelada com salpicos e linhas escuras ; a garganta
é branca. RVI. os murucututus, “ rasga -mortalhas” ...
MURUMURÚ 140 ASTROCARYUM MURUMURÚ, Mart.
Habit. na sombra da mata , em terrenos argilosos da várzea e, as
vezes, da terra firme e fértil, em toda a Amazônia. A polpa que en
volve o caroço é comestível, doce e aromática ; passa por ligeiramen
to afrodisíaca. As fibras são muito usadas nos largos chapéus de
pescadores. RM . “ ... topara o grosso tronco dúm murunuru... ”
MURURES 122 Nome genérico dado ás plantas aquáticas,
segundo G. Cruls . NYMPHAEA AMAZONUM , M. e Zucc . (Ninfeá
ceas) . Planta aquática . Hab comumente nas águas paradas . Flores
branco- esverdeado . As flores da NYMPHAEA AMAZONUM desabru
cham somente de noite e são muito aromáticas ; podem dar óleo es
sencial para a perfumaria . PLC . 66 uapés mururés, sapemirim
e canaranas... "
MUTÁS 210 Palanque no tronco das árvores onde o caça
dor espera a embiara , reixe ou caça para frecha - la . RM , “ Cons
truissem mutás... "
MUTUCAS 254 Ou " butuca " . Dipteros BRACHYCEROS
da família TABANÍDEOS. Trata - se de um conjunto de cêrca de 200
espécies brasileiras. São moscas volumosas, de cerca de 1,5 a 2 cms ;
de cabeça larga, com olhos enormes, em geral, de belas cores ( verdo
esmeralda e prêto ) ; a tromba é um estilete, o tórax e o abdomen
são grossos. Só as fêmeas picam . Seu vôo é tão silencioso que se
não ouve o voltigear do moscardo . Algumas mutucas são suspeitas
como transmissoras de moléstia de gado . Pousam de mansinho e só
quando seu estilete já encravou na carne e começa a sução uma dôr
aguda nos adverte, bruscamente, que estamos sendo picados. RVI.
todos os piuns e mutucas do rio ... "
MUTUN FAVA 204 Pássaro negro, do tamanho de um
peru , bico encarnado , come prego , dedal, chifre, anéis, o que encontra .
RM . Há várias espécies CRAX ALECTOR O mutum - poranga; o mu
196 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
blioteca Nacional , onde foi encontrada a frase ) . da pág . 282 “ seria "
delicias dos homens etc.
POÉ 112 ( Edgar ) Escritor americano, gênio a tormentado ,
duma imginação estranha e pungente. DL. que lembraria a
Poé ... "
POJAR 230 Desembarcar. encostada á amurada e ar
dendo por pojar ... '
PONGA 163 Corruptela de gaponga “ A pesca na Amazônia "
de Jl . pg. 103, dá : o nome de gaponga , talvez fósse primitivamente
“ aponga " , barulho , ruído, som de coisa redonda a esfera , semente,
caroço , e, " pong " igual à ponga -ruído, barulho ou quiça iaponga ,
igual á igaponga , barulho nágua de coisa redonda ( igual a ; ig , água ) .
Empregam também a ga ponga na pesca da pirapitinga, belo e gos
toso peixe sara pintado , pouco menol que o tambaqui. Em Q. da
Cunha, se lê sobre a ponga ou muponga o seguinte : Suponhamos um
canico com uma linha, tendo em lugar de anzol, uma pequena bola
de osso ; eis 0 instrumento auxiliar da pesca , a que eles chamam
“ muponga ". Batem com ela incessantemente, na água, e a queda do
pequeno peso semelha a queda duma fruta. Ato contínuo poem 0
anzol nágua iscado o peixe que se aproxima, vendo -o, pega - o ,
sendo colhido . Alguns chamam de ponga , por muponga . O emigrado
cearense que facilmente deturpa as palavras em lugar de dizer :
bater com a ponga , contraiu a expressão, fundindo - a ein : bater ca
ponga , que é aliás, mais usual hoje . “ o paneiro contendo catoarys
e a ponga ... "
PONTÃO 231 Barca chata e estreita destinada a formar
por si só ou com outras, as chamadas pontes de batéis, “ ... um re
bocador arrastando um pontão ... "
PONTEDERIAS 30 Murerú ( Par, de Adauacá ) PONTEDE
RIA ROTUNDIFOLIA L. ( Pontederiaceas )99 Herva flutuante dos pa
ranás. PLC . “ . pontederias enfeitam ...!
POPUNHEIRAS 82 Guilielina Speciosa , Mart. Tronco de
12 a 18 m . de alt. com 10 a 20 cms. de diam . armado de espinhos re
gularmente espaçados ; frutos ovais ou arredondados, vermelhos
amarelos quando maduros. Madeira muito dura , preta riscada ou de
amarelo ; os indigenas fazem com ela arcos e pontas de flechas : dá
bonitas bengalas. O fruto é comestível , cozido, de gosto agradável e
muito nutritivo PLC . Qualquer roçado aberto polo incola deixa 0
sinal da reverência indigena pelo maravilhoso pomo: a popunimira
em pé . RM . umas bacabeiras e popunheiras ... "
PORFIRO 29 Espécie de mármore muito rijo , de côr verde
ou purpúrea e salpicado de manchas esbranquiçadas ou de várias
eöres. “ ... vasto conglomerado de porphyro ... "
“ PORQUEIRA " , 159 De nenhum valor. por uma “ por
queira " elle se arriscára ... 99
" PORQUINHOS ” 233 São assim chamados no trivial os
filhotes de caitetus, segundo QC . “ ... o magote de “ porquinhos " ... "
“ PORTO ” ( DE LENHA ) 83 Lugar na barranca dos rios
onde o vapor encosta ou atraca para receber lenha, deixar passageiros.
o caboclo desceu ao “ porto ” com a Rosa ... "
“ POSITIVO " 144 Com segurança , certeza soube “ po
sitivo ", do acontecido ...
“ POSITIVO " - 146 Resolutamente . “ ... depois mandou “ po
sitivo " que eu tirasse o coração della ... "
200 ELIISTA DO ARQUIVO Mathilde
RABEANDO 257 66
Serpear. A água, rabeando na flo
resta ... "
RACÍMOS 224 Cachos de uvag ou de qualquer flor . Fruto
ou flor em forma de cacho de uva ... bengalas, peixes o raci
mos ... ”
“ RAID " 188 ( Angl. ) Caminhada ; marcha . os cauchei -
ros faziam “ raid ” venturoso ...
RAIMUNDO ( SÃO ) 54 Arrabalde de Manaus . de
São Raymundo ao Educandos ...
RAIZAME 154 Conjunto de muitas raízes. “ apenas os
galhos ou o raizame... "
RAPACES 2 26 Roubadores ; rapinantes . com Os seus
olhos rapaces e perfil imperativo ... "
RÁPIDO 260 Corrente impetuosa ; cachoeira dos rios “
presas a cordas, montassem o rápido.
RASANDO 104 Pôr ao nível do terreno . 66 pareciam
estrellas rasando o rio ...
“ RASGUA -MORTALHA ” 252 No Amazonas é 0 mesmo que
" Suindara " . Não sabemos explicar a origem da palavra , mas é claro
que envolve idéia de mau agouro. Seu canto equivale ao romper da fa
zenda com que se fazem as 9 mortalhas dos defuntos . OS muru
eútús, “ rasga -mortalhas" ... "
RAUCISSONA 102 Que tem som rouco. “soprou mais forts
na trompa raucísona... ”
RAZZIA 119 ( Arabismo - rhaziat ) Palavra empregada na
Argélia para designar as incursões feitas em território inimigo com
o fim de roubar os rebanhos, colheitas etc. DL . na tremenda
razzia de vingança ...
REBOJOS 154 Espumarada que a água faz no mar e nos
rios ; sorvedouro que se forma nos rios pelo encontro das águas vivas
com as mortas, perigoso á navegação fluvial. A RABL, vol . 102. hras.
dá como : “torvelinho das águas de um rio encachoeirado. “ sacu
didos pelos rebojos... "
REBOLADAS 178 Área ocupada por uma só espécie do
plantas nativas ; touça. 66 vencida uma rebolada de buritys... "
REBOLCA Lançar ; rolar ; fazer rebolar. “ que a re
bolca ao mesmo antro ...
RECHINO 251 Produzir som estridulo e áspero . “ ... tro
pear de patas e rechinos ...
RECIPENDIÁRIO 53 Que tem de receber qualquer coisa .
... mandou desafogado que o novo recipendiário sahisse ... "
REFÊGO 275 Moita ., “ ... abalaram para o refêgo dos ar
búsculos... "
REGATOES 96 Embarcação de comércio ambulante . Galeo
ta , maior que a igarité, de tolda corrida, com um compartimento
fechado á popa . É tirada a remo de faia por dois tripulantes. Proprie
dade hoje, do turco. já do hebraico e do português. Trafega em toda.
ELUCIDÁRIO DO " INFERNO VERDE " 209
SORNO 128 66
Vagaroso " o furo " sôrno e retorcido na
matta ...
ELUCIDÁRIO DO “ INFERNO VERDE " 215
arremedá - lo . Matou o avô dêles. Depois disse aos filhos : " olhem par
êste meu bico" , isto, é sangue do avó de voces. “ Por isso, diz ainda
o povo, os japiins que arremedam o canto de todos os pássaros, não
imitam a voz do tamburupará. RVI . um tamburupará somno
lento ... "
TAMISADA 36 Depurada ; peneirada . “ .. tamisada , na
parte enxuta ..."
TÂNTALO 152 --Filho de Júpiter e de uma ninfa chamada
Plota . Para fazer prova de quanto podiam os deuses que uma vez
vieram à sua casa , lhes apresentou por ceia os membros de seu filho
Pelops, e Júpiter condenou este cruel a uma fome e sêde perpétuas .
Mercúrio o atou com cadeias, e o meteu até a ponta da barha no meio
de um lago nos Infernos, e lhe pôs junto da bôca um ramo carregado
de frutos, o qual se levantava todas as vezes que dêle queria comer, o
a água se retirava se acaso queria dela beber . Dahi se supli
car a terra tal um Tantalo ...
TAPERIBAZEIRO 77 SPONDIAS LUTEA , L. (Anacardia
ceas ) . Sin : Cajá ou cajázeiro . Hab . na várzea e na terra firme argi
losa. Fruto ovoide, da grossura de uma pequena ameixa amarelo,
perfumado, ácido, de sabor agradável, próprio para limonadas, cor
vetes . () decôto das flores é útil nas oftalmias e laringites. PLC .
Um taperebaseiro encoifado... "
TAPERIS 135 Cabana ; choga . ... chuva forte com trovo
adas alagára os taperys...
TIPIIRA 82 Lago tributário do rio Purus, da hargem
direita . Ha , outro com o mesmo nome ; tributário da margem esquer
da do Nhamunda , entre os rios Negro e Japurá . AB . " o Iranduba , o
Tapihyra ... "
TAPIÚ 31 Nome de várias vespas sociais grandes , cuja
picada é muito temida. Diz-se igualmente, “ Tapiúcaba ". Seu ninho, é
mais ou menos semelhante a um cupim arboreo, alcanca grandes di
mensões . RVI. " ou a tapiú com seu ferrão de brasa ... "
TAPUIO 45 Indígena já domesticado da Amazônia . RABL .,
vol. 5 , bras . Alencar dá : como significando : bárbaro , inimigo . De
taba aldeia ; e puir fugir ; os fugitivos da aldeia . “ ... do ,
elemento tapuyo ... "
“ TAPURU " 203 Ou Murupita , Pau de bicho , burra de
leite, seringarana. SAPIUM BIGLANDULOSUM , var. AUCUPARIUM ,
Mull . “ Arg . ( Euforbiaceas ) . Hab . nas várzeas . O latex dá borracha ,
-de hoa qualidade ( mistura - se ao da hévea ) . Madeira leve, branca . PLC .
Afóra um pouco de ta purú... "
TAQUARIS 79 --- MABEA ANGUSTIFOLIA , Benth . (Euforbia
eas ) e MABEA TAQUARY, Aubl . Nas capoeiras secas de Obidos . As
sementes são oleaginosas ; o óleo extraído é amarelo, inodoro, muito
sicativo. Os renovos são ôcos e tem 6. os nós muito espaçados, servem
para canudos de cachimbos . PLC . taxygeiros, embaúbas e ta
quarys ... "
TARDIGRADO 153 Que caminha lentamente ; que anda
de vagar. “ . mas a tardigrada , a custo, seguia ... "
TARIMBA 173 Vida de quartél; vida de soldado .
estreito circulo de tarimba ... "
TARUMA 67 É uma das mais lindas cachoeiras do rio
Negro , fica a 4 léguas pouco mais ou menos de Manaus. Domina
oma ribanceira , formada de pedras ; tem oito braças em sua queda
218 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
“ TERNA CAÍDA " 89 - A famosa " terra caída " dos geógra
fos inexpertos, não é uma determinante geral de erosão ; nem se efe
tiva e aparece em todos os pontos da planície, mas só e exclusiva
mente onde flui o Canal. Os que observaram com ligeireza o caso na
Amazônia não viram o motivo desses esboroamentos de taludes, a ra
zão da água roer e desmoronar as ribanceiras, o afundamento, enfim ,
da “ terra caída " que é o Canal . Sómente quando ele lambe a orla
ribeirinha com sua lingua demolidora , carregada de detritos sede
mentícios, de massa aluvionária proveniente dágua branca ( nos rios de
de água preta e verde não existe o fenômeno ) é que se remarca o fato
singularíssimo da margem naufragar com o nome de “ terra caída " . O
Canal é o agente, único responsável pelo desastre . Sem êle todas as
beiradas amazônicas permaneriam se dilatando, se estendendo , se am
pliando numa perene conquista geológica, numa vasta projeção telu
rica, dentro de cujas linhas construtoras em breve a planície teria en
xotado de seu colo tôda a água mediterrânea . RM . " ... Ha de ser
“ terra cahida "
“TERRA FIRME ” . 41 Ou simplesmente, “ firmes " , têrmo da
Amazônia , nomeia os terrenos altos onde não chegam as águas das
enchentes. BJS. “ ... abalaram da “ terra firme” para as " feitorias" ... "
“ TERRA PRETA " 155 Cemitério . Na Amazônia , assim se
designa “ o terreno em que se encontram fragmentos de cerâmica in
dígena e onde deve ter sido aldeiamento de selvícolas . BJS . “ ... nesse
quadro de " terra preta " ia dormindo gente ..."
TERRAL 95 Que sopra de terra ( vento ) em oposição a " vi
ração " que sopra do mar . “ ... O terral , pelas tardes de Agosto ... "
TERREIRO 106 Solo varrido, limpo , plantado , na frente das
moradias no interior, à beira dos rios e lagos . até o terreiro do
rancho ... "
TESO 135 Elevação de terreno, onde não chega a água das
enchentes . GC . por um vasto teso de terra firme... "
TESOURAS 205 Conjunto de peças de madeiras ou ferro que
sustenta a cobertura dum edifício . se prendia ao pendural das
tesouras... "
TESSITURA 138 Contextura . “ ... dominavam de vez em vez,
a tessitura da floresta ..
TETANIFORME 97 Semelhante ao tétano : doença caracte
rizada pela rigidez convulsiva e dolorosa dos músculos. “ palpitava
todo com ondeios céleres, agitando -se tetaniforme... "
TETARDOS 98 Erro de impressão por tetartos . Têrmo de
composição que exprime a idéia de quatro . Significando que as quatro
ilhas estão enfiadas no mesmo alinhamento . “ Representadas nas
cartas, semelham tetartos . GC . supõe seja antes um neologis
mo tirado do francês TETARD Gerino .
THY TIDE WASH'DOWN THE BLOOD OF YESTERDAY
118 “Tua corrente transporta o sangue dos ancestraes”.
TIGELINHAS 46 Vasilha . Recipiente usado pelo seringueiro
para recolher o leite que escorre da cesura aberta pelo golpe de ma
chadinho no tronco da seringueira . “ as tigelinhas, o balde e o
“ boião " ... "
TIJUBINAS 254 Citado por Rod . Teófilo ( “Sêcas do Ceará " .
Pg. 217 ) : as cobras, os tijuaçus, os sapos, as tijubinas se incorporavam
aos carniceiros e iam se fartando de ovos ( das pombas avoantes ) . Pau
lino Nogueira escreve tejubina, palavra composta , cujo primeiro radical
220 TEVISTA DO IRQCIO MUNICIPI
Hab . na nata e terra firme . Fruto pouco carnudo , com caroço volu
moso . A polpa é muito aromática, doce , oleosa , de9 gosto agradável.
PLC. “ . os uichys e umaris de frutos sápidos ...'
UIRAPURU 130 Arapuru ou guirapuru . Passarinho da Ama
zônia , muito conhecido sob essa denominação, pois há varias lendas o
superstições, aliás, bastante generalizadas, que se prendem ao uirapuru ,
Dotado de lindíssima plumagem , em parte preta, o que dá ainda maior
realce ao vermelho escarlate ou amarelo, intenso, da cabeça e do peito .
RVI . Do guarani : guira pássaro ; puru do verbo puru : em
prestar , como traduziu C. Magalhães, pássaro que não é pássaro
pássaro encantado . Entre os índios é rei dos cantores ; no pajêismo é
uma “ mascote ” que dá felicidade . QC . Humberto de Campos o cha
mou de “Orfeu do seringal tranquilo " , no soneto de igual nome . Bar
bosa Rodrigues diz ser o uirapuru um pica pau de cabeça vermelha .
: 0 canto do enfeitiçado uyra purű ... "
ULULANDO 209 Uivando . “ ecoou sinistro , ullulando no
ermo...
CMARIRANA 61 Couepia Suboordata , Benth . e Hook , Ro
sáceas . Árvore copada , servindo para alamedas ; comum em Manaus ;
muitas vezes cultivada. PLC, “ ... o marido havia sido esmagado pela
umarirana ...
UMARIS 95 ( Veja Umarisal)
UMARISAL 212 Grupo de umaris . Poraqueiba Sericea , Tul .
( Icacináceas ) . Árvore média e pequena . Indigena e cultivada no Es
tado do Amazônas . Fruto comestível, como o umari do Baixo Amazô
nas, porém , maior da grossura de um ovo regular ; o caroço grande é
envolvido de uma camada delgada, de polpa oleosa e adocicada . PLC .
Na cidade de Belém , do Pará, há um bairro assim chamado. “ ... che
garia mesmo ao Umarisal...
" UNHAS DE GATO " 215 Bignonia Uuguis Cati L. Bigno
niáceas. Planta ornamental; flores grandes, numerosas, amarelo claro .
Diurético ; adstringente . “ ... depois de um oerrado de “unhas de ga
to " ... "
UNIÃO 142 Cidade do Estado do Ceará , situada numa ilha
formada pelo rio Jaguaribe, a 36 quilômetros de Aracati. VC . “ ... ia
ao Acarati ou á União ... "
* UOMO DELINQUENTE " - 107 ( Ital. ) Homem assassino . De
finição dada por César Lombroso, grande criminalista italiano . “ ... De
via ser assim o “ uomo delinquente" .
URUBU 117 Ifluente do Amazonas, margem esquerda , na
cente nas terras altas, que se prolonga até às fronteiras da Guiana In
glêsa . Suas águas são pretas . AB . Há umas montanhas com o mesmo
nome, de contornos nítidos e vades singulares entre emersões paralelas,
apresentando curiosos aspectos; uma arborisação só em uma encosta ,
da base ao vértice, mostrando - se nua a parte oposta ; outra simples
mente relvada até meia altura, enquanto o cimo se ostenta coberto de
altas florestas . HRS . Existe uma cachoeira com o mesmo nome no
rio Juruá. VC. No Dic. Histórico e Geográfico Brasileiro, lê -se : " no
tempo da viagem de Pedro Teixeira Os índios lhe davam o nome de
“ Burururu ", que era o da nação que lhe dominava o curso e também
o de “ Uarubé ”, que por corrupção deu Urubu..." a nervura se
cundária do Urubu ... '
“ URUBUGUAIAS ” 119 Os habitantes das margens do rio
Urubu ; como os do Paraguai e Uruguai são paraguaios e uruguaios .
“ ... em caça a pretos fugidos a cabanos, ou a " urubuguayas " .
Pirarucu
de
Pescador Caboclo
Amazonas
do Pará
do
Castanheiros
“Revista
pela
cedidos
"Clichês
Geografia
de
Brasileira
1
1
ELUCIDÁRIO DO “ INFERNO VERDE " 225
HERBERT BALDUS
( continuação )
INFÂNCIA
66
gún él , lo céltico, ibérico, itálico, págs . 30-31 ) , no seu suposto “ po
dacio, no seria de importancia mu sitivo ”, chama de discurso, palavra
cho mayor para diferenciar las len ou fala , ou seja a execução do idio
guas románticas que los contactos e ma pelo indivíduo, o que quer dizer
invasiones de germanos, árabes, es o mesmo que se vem definindo, des
lavos ” ( págs . 80-81 ) . de a antiguidade clássica, com o no
Estas duas longas citas, que não me de estilo ( ver, por exemplo, Vi
traduzimos por ser o castelhano, gilio Inama, Filologia Clásica Gre
pros brasileiros, tão acessível e com ca e Latina , 2a . ed ., Milão, 1911 ,
preensível quanto o português, cons pág . 111 ) .
tituem as duas últimas e mais mo Em relação com o tema do subs
dernas referências que temos sobre trato e do superstrato, a par da con
estes dois temas, ou seja sõbre o qüente mestiçagem linguistica, don
idealismo de Vossler e sua escola de não haver nunca linguas puras,
germânica , e sobre o problema do tôda lingua sendo produto de mesti
substrato a par do superstrato que çagem, é ele também oportuno no
engendram , em conseqüência , a mes. Brasil , onde se tem verificado, ùl
tiçagem linguística , ponto hoje já timamente, uma espécie de racismo
pacífico na ciência da linguagem , luso linguistico, no qual se tenta im
pois, tal como as raças , não há lin pedir, em conseqüencia, a realidade
guas puras . E estes dois temas , da lingua brasileira, porque se vem
eomo dissemos , são de muito atua tentando negar até a anterior mes
lidade no Brasil . tiçagem linguística do luso com O
De fato, arvorando, geralmente, o amerindio e o afronegro no Brasil,
nome de Vossler , se tem, entre nós, tal como se pode ver de dois recen
confundido estilo com idioma, como tes trabalhos : Serafim Silva Neto,
aconteceu, recentemente, com a cria Capítulos de História da Lingua
ção do que chamamos de “ escola Portuguêsa no Brasil, Rio, s/d
do estilo brasileiro " , de Sílvio Elia, ( 1946 ) , pág . 47 ; e Matoso Câmara
Serafim Silva Neto e Gladstone Cha Junior, Os Estudos Linguísticos Re
ves de Melo ( ver nosso comentário gionais, no “ Boletim de Filologia " ,
no vol. CXIII, pág . 223, da “ Re Rio, fasc . V ( Março de 1947 ) ,
vista do Arquivo " ), esquecidos de pág. 5 e passim. Tem o tema, tam
que a estilística de Vossler e sua bém , aplicação e relação com o re
escola germânica, ou a de Charles latório da comissão que, nomeada
Bally e sua escola franco suiça , em nossa última Constituinte ( 1946 ) ,
nada tem de idealista ou original em pra opinar sôbre a denominação da
relação com o chamado “ positivis língua brasileira, “concluiu ” que :
mo " do linguísta suíço Ferdinand " a nossa lingua nacional é a lingua
de Saussure , de quem , aliás Baily portuguesa , com pronúncia nossa ,
é discípulo . E isto pela simples ra alguma leves divergências sintáticas
zão de que tanto a estilística de em relação ao idioma atual de além
Vossler ( ver Karl Vossler, Positi mar, e o vocabulário enriquecido por
vismo e Idealismo en la Linguisti elementos indígenas e africanos e pe
ca, trad . , Madri, 1929, sobretudo o las criações e adoções realizadas em
capítulo Un ejemplo de análisis es. nosso meio " , o que quer dizer que,
tilístico, na pág . 182 ) , como a esti. apesar de mestiçagem a comissão
listica de Bally ( ver Charles Bally, afirma que, houve a “ reprodução '
Traité de Stylistique Française, 2a . biológica do português no Brasil .
od ., Paris, 1919, onde se concreti E isto depois de se ler no começo
zam as teorias do seu anterior Pré do mesmo relatório que : “ Encon
cis de Stylistique, Genebra, 1905 ), trou - se ( o português arcaico e co
nada mais são do que aquilo que lonial no Brasil ) , como era natural ,
com a lingua dos indios ; e durante
Saussure ( ver Ferdinand de Saus
sure, Cours de Linguistique Géné algum tempo, foi mesmo o tupi fa
rale , 3a . ed . , Paris, 1931 , sobretudo lado em maior proporção do que o
242 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
(1 ) " Fra queste chi parla, o chi scrive, puó scegliere liberamente quelle che a lui
paiano rendere meglio il proprio pensiero . Codesta varietà di modi e libertá
de scelta va mano crescendo a seconda che dalle proposizioni semplici passia
mo a quelle composte e alla multiforme maniera di unirle, di combinarle,
d'intrecciarle insieme in periodi. Ognuno ha a sua disposizione un complesso
di parole e di forme che costituiscono quella parte di língua che diremo fissa
e tradizionale, ma nel suo discorso, sia nella scelta delle parole, sia nella loro
collocazione ed unione ognuno deve mettere qualche cosa di suo ; la língua é
come una materia molle che egli deve di volta in volta plasmare, secondo il
concetto che gli nasce nella mente, secondo i moti che gli si destano nell'ani
mo . Questa parte che ognuno mette di suo nel parlare e nello scrivere é lo
stile . La stilistica prende appunto le mosse dalla grammatica ; dove
questa cessa di poter dare regole fisse e costanti , incomincia la stilistica a
dettare le sua, che sono regole di gusto, di preferenza, che ognuno puó, ma
non é obbligato a seguire ” ( Vigilio Inama , Filologia Clássica Grecà e Latina,
2a. ed ., Milão, 1911 , págs. 111 e 112 respectivamente ) .
244 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
( 1737 a 1757 )
Dom João por graça de Ds. Rey de Portugal e dos Algarves da quem
e dalem mar em Africa senhor de Guiné &.a. Faço saber a vos officiais
da Camera da Cidade de São Paulo que se vio a representação que me
fizestes em carta de vinte e nove de Agosto do anno passado em que
insinuaveis que pellos exsessivos gastos que os ouvidores geraes manda
vam fazer com azeites, ferros e mais couzas da cadea pellos bens do Con
celho estava nos termos de se achar empenhado em dous mil cruzados,
cuja despesa pertencia as condenações da justiça, e não a esse Senado;
e que replicando vôs a mesma despesa vos passavão mandados os ouvido
res com pena para se dar porem prestimo ; e pedindo se aos thezoureyros
das taes despezas responderão não ter com que pagar ; ao que devia eu
de dar providencia, tanto pello que se pedia a esse Sennado como ao ca
minho que levam as condenaçoens das despezas da Justiça ; e que alem
da refferida despesa entrara ó ouvidor Joam Rodrigues Campello a ru
brica livros contra o estillo desse Sennado cujas rubricas as fazião os
prezidentes delle sem despeza algua, levando o dito ouvidor oitenta reis
por cada rubrica, que no espasso de nove annos que servira importavão
duzentos settenta e sete mil rs ; e que por huma e outra despeza se estava
devendo a Fazenda Real o que tocava a esse Camera pagar para os or
denados do do. ouvidor sem haver redito por donde se pudeçe pagar pellos
continuos gastos que os ouvidores obrigão fazer a esse Senado e que de
continuo estavão indo a Camara ocupar o lugar de presidente, dizendo
que a elles lhe tocava todas as vezes que quizessem ; perturbando desta
sorte os despachos do bem comum expondo mais que ignoraveis se nas
festas reaes que os Sennados custumão selebrar conforme as leys se lhes
devia dar propinas não assistindo as ditas festas , como temde obrigação,
e que tambem praticava o do. ouvidor Joam Rodrigues Campello nos actos
de correição levar desse Sennado fora das contas que lhe tomava de seus
rendimentos e despezas, alem dos emolumentos que lhe tocavão, de as to
mar, vinte mil rs . de apozentadoria, dizendo pertenser lhe naquele acto de
correição sem embargo de eu lhe prohibir por hua provizão de quinze de
novembro de 1735 /ị não levaçe apozentadoria por ter casas proprias dos
ouvidores compradas com o dro. das despesas da Justiça desde o tempo do
ouvidor Manoel de Mello Godinho Manço sendo ouvidor sobretudo o re
ferido, o procurador de minha croa. Me paresseo dizer vos, que quanto
as despezas da cadea se nessa cidade não ha alcayde mor a quem pertenção
as carseragens que por isso estejão obrigados as ditas despezas, havendo
carsereiro que perceba toda a carseragem , deve pagar conta certa aos quar
teis , pondo se em deposito para as duas despezas da cadea, e o que faltar
se pagará pellas despesas da Justiça havendo as, tomando se todos os
annos conta dellas ; e quanto as rubricas, dos livros pertencentes a Ca
mera, e governo da cidade as deve fazer o juiz ordinario sem sellario, e
não o ouvidor, não tendo para isso provizão ; declarando que os ouvidores
não podem hir a Camera occupar o lugar de Prezidente salvo na ocazião
de hir a ella fazer correição, ou eleyção ou em a entrada de seu cargo de
ouvidor nem ter propina de procissoes não assistindo a ellas, nem emolu
mentos alguns pella aposentadoria, tendo como dizeis casas proprias para
Os ouvidores e outro sim se vos declara que deveis fazer esta queixa na
rezidencia do ouvidor, o que asim ficareis entendendo para o praticares
sc tiveres semelhante motivo, e quando os ouvidores não pratiquem o que
nesta ordem disponho, recorrereis ao governador o qual ouvindo o ouvidor
ORDENS REGIAS 255
( 1823 )
DOC . CLXXX
Avaliações Diversas
DOC . CLXXXI
Férias de Esgotos
1 $ 100 Manoel, dos . dos . 1 $ 100 Firmiano, dos. dos. 1 $ 100 Fidellis,
dos. dos. 1 $ 100 Clemente, dos. dos. 1 $ 100 João, dos, dos. 1 $ 100
Joaquim 5 dias e hum quarto, a 200 rs. 1 $ 050 Vicente, 5 dias e meio
a 200 rs . 1 $ 100 - Manoel, dos. dos. 1 $100 Faustino, 4 dias, e hum quar
to, a 200 rs. 0 $850 Madeireiro Jozé da Paichão, botou 4 duzias de
tanxoes, a razão de 120 rs. cada páo, somão as 4 duzias já ditas 5 $ 760 -
Feitor Antonio Joaquim, 5 dias, e meio á 200 rs . 1 $ 100 - Som . 18 $ 660
podese pagar Gabriel Frz. Cantinho Espetor da obra do rio Anto .
Joaqm . Reconheço as assinaturas supras , Toledo .
N.° '11 – Feria do esgoto, e limpação, e Assudes feitos no ' Rio deno
minado Tamandathihi, desta Imperial Cidade de Sam Paulo finda a vin
' te quatro de Dezbro . de 1823 Trabalhadores Jozé 2 dias e meio, a
200 rs . 0 $ 500 — Antonio, dos. dos. 0 $ 500 - Jozé dos. dos. 0 $ 500 Fran
co. , dos. dos. 0 $ 500 Clemente, dos. dos. 0$ 500 Joaquim , dos. dos.
09509 Manoel, carpinteiro, dia e meio, a 280 rs. pr . dia de apontar os
páos para os Assudes, 0 $ 420 Quatro duzias de páos pa. Os Assudes, á
640 rs . a duzia, 2 $ 56 ) Feitor, Antonio Joaquim, 2 dias e meio á 200 rs.
pr. dia 0 $500 Som. 6$480 Podese pagar a feria e madeira que servio
para o apedre. S. Paulo 28 de Dezbro. de 1823 Gabriel Frz. Cantin
ho Espetor da obra do rio Anto . Joaqm . Reconheço as assignaturas
stipras Toledo.
DOC . CLXXXII
DOC . CLXXXIII
Férias diversas
( 1913 )
.
i
1
DECRETOS E LEIS MUNICIPAIS
Decreta :
Art. 1.0 Fica declarado de utilidade pública para o fim de ser
desapropriado amigável ou judicialmente , o imóvel constituido pelo
terreno e benfeitorias sõbre o mesmo existentes , situado à rua Ver
gueiro, esquina da Avenida Lins de Vasconcellos, terreno êsse com
a área total de 342,75ms2 ( trezentos e quarenta e dois metros e seten
ta e cinco decímetros quadrados ) , mais ou menos, necessário à exe
cução do plano de alargamento da Avenida Lins de Vasconcelos , apro
vado pelo Ato 1.219 , de 19 de dezembro de 1936 , e assinalado em
amarelo , sob n.ºs 1 , 2, 3 , 4, 5 , 6 , 7 , 8 , 9 , 1 , na planta anexa n.º
P.4418-6 3 -A 15 , do Departamento do Cadastro, que, rubricada pelo
Prefeito , fica fazendo parte integrante dêste decreto .
Art. 2.0 É de natureza urgente a desapropriação de que trata
o presente decreto, para efeito de imediata imissão de posse do imóvel
em referência, na forma do artigo do decreto - lei federal n .° 3.365 ,
de 21 de junho de 1941 , com a alteração constante do decreto-lei
federal n.º 9.811, de 9 de setembro de 1946 .
Art. 3.0 As despesas decorrentes da execução do presente de
creto correrão por conta da verba n .° 940.8894 ( Despesas Diversas,
para obras, melhoramentos em geral e serviços municipais ) , consig
nada no orçamento vigente .
Art . 4. ° --- Este decreto entrará em vigor na data de sua publi
cação, revogadas as disposições em contrário .
Prefeitura do Município de São Paulo, 1 de setembro de 1949 ,
396.º da fundação de São Paulo , O Prefeito, Asdrubal Eurityøses
'
270 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Decreta :
Art. 1.º Não se realizarão feiras livres no Município de São
Paulo, no dia 7 de setembro, reservado à comemoração do dia da
Pátria .
Art. 2.° Este decreto entra em vigor na data de sua publica
cão, revogadas as disposições em contrário .
Prefeitura do Município de São Paulo, 6 de setembro de 1949,
396.° da fundação de São Paulo. O Prefeito Asdrubal Euritysses
da Cunha o Secretário de Negócios Internos e Jurídicos, Francisco
Oscar Penteado Stevenson O Secretário de Higiene, Panlo Ribeiro
da Luz
Publicado na Diretoria do Departamento do Expediente e do
Pessoal, da Secretaria de Negócios Internos e Jurídicos, em 6 de so
tembro de 1949 . O Diretor, Paulo Teixeira Nogueira
Decreta :
Art. 1.º Fica declarado de utilidade pública, para o fim de
ser desapropriado amigável ou judicialmente um imóvel constituido
por terreno o benfeitorias, situado às ruas Coroliano e Clélia, 15.º
sub distrito , Lapa , de propriedade da Associação Therezinha do Me
nino Jesus ou de quem de direito , necessário à execução do plano de
prolongamento da rua Trajano, aprovado pelo Decreto n .° 955 , de
12 de março de 1947 , terreno aquele assim caracterizado : Área 1 , 2 ,
3 , 7, 6, 5 , 10 , 1 , de forma iregular, com mais ou menos 875,00 m2 ,
confrontando pela frente, linha 1-2 , com 16,00 ms . de extensão,
mais ou menos, ao longo do alinhamento da rua Coroliano, com
DECRETOS E LEIS MUNICIPAIS 271
leito da referida rua ; pelo lado direito, de quem do terreno olha para
a referida rua , linha 2-3 , irregular, com 67,20 ms. de extensão mais
ou menos, e 3-7 , irregular, com 30,00 ms. de extensão, mais ou menos,
com um córrego ; pelo lado esquerdo, linhas 1-10 , com 18,40 ms. de
extensão, mais ou menos ; 10-5 , com 80,15 ms. de extensão, mais ou
menos, 5-6 com 3,00 ms. de extensão, mais ou menos, com terrenos
remanescentes de propriedade da transmitente ou sucessores e . pelos
fundos, linha 6-7, com 6,90 ms, mais ou menos, de extensão, ao
longo do alinhamento de rua Clélia, com o leito da referida rua ;
imóvel esse assinalado na planta anexa , sob n.° P4355 -G3 -A15, que,
rubricada pelo Prefeito, passa a fazer parte integrante dêste decreto.
Art. 2.0 As despesas decorrentes da execução do presente de
ereto correrão por conta do crédito aberto pela lei n .° 3.701 , de 7 de
agosto de 1948 , item “ a ” do § único do artigo 1.º modificada pela
lei n. ° 33.746 , de 18 de março de 1949 .
Art. 3.° Éste decreto entrará em vigor na data de sua pu
blicação, revogadas as disposições em contrário .
Prefeitura do Município de São Paulo, 8 de setembro de 1949 ,
396.º da fundação de São Paulo. O Prefeito, Asdrubal Euritysses
da Cunha O Secretário de Negócios Internos e Jurídicos, Francisco
Oscar Penteado Stevenson O Secretário das Finanças, João Pacheco
Fernandes O Secretário de Obras, Dario de Castro Bueno
Publicada na Diretoria do Departamento do Expediente e do Pes
soal , da Secretaria de Negócios Internos e Jurídicos, em 8 de setembro
de 1949 . O Diretor, Paulo Teixeira Nogueira
Decreta :
n.° P- 4255 - G2 -A15 que, rubricada pelo Prefeito, passa a fazer parte
integrante dêste decreto .
Art. 2.0 As despesas com a execução do presente decreto cor
rerão por conta do crédito aberto pela lei n.° 3.725 , de 27 de dezem
bro de 1948 , item a do parágrafo do artigo 1.º.
AI 3.0 Este decreto entrará em vigor na data de sua pu
blicação , revogadas as disposições em contrário .
Decreta :
Art. 1.º Fica obrigada a The São Paulo Gaz Company a
proceder ao fornecimento e ligação de gás, nas seguintes bases :
a) As quotas de racionamento de gás , que até a presente data
são inferiores a 80 ms3 mensais, ficam elevadas até essa
quantidade, adotada doravante como quota mínima;
b) Serão efetuadas mensalmente, em média 540 ligações e
aberturas de gás, de sorte que, dentro de dez meses con
tados a partir de 1.° de junho de 1949 , tenham sido feitas,
no mínimo, 5.400 ligações e aberturas novas .
Art. 2.0 — As ligações e aberturas referidas no artigo anterior
deverão ser efetuadas com observância da ordem cronológica dos
pedidos, registados na conformidade do Decreto n . ° 288 , de 17 de ja
neiro de 1942 .
$ 1.0 Terão preferência os casos de despachos, das autorida
des municipais, proferidos nos têrmos do artigo 1.', $ 1.º, do Decreto
n .° 288 , de 17 de janeiro de 1942 .
$ 2.0 Será dada, também , preferência , em seguida, aos pré
dios de apartamentos , até o limite de 150 ligações mensais .
DECRETOS E LEIS MUNICIPAIS 273
COLABORAÇÃO
Memoria Histórica de Jacupiranga, por Antônio Paulino de
Almeida
Um Congresso Internacional de Filosofia, por Luis Washington
Elucidário do “ Inferno Verde ", de Alberto Rangel, por L. G.
de Simas 127
Os Tapirapé , por Herbert Baldus 231
PUBLICAÇÕES
“ Linguistica y Filologia clásica , su situacion actual” 239
--- Boletim de Filologia ” 242
" Three Hispanic Word Studies, Latin Macula in
Ibero Romance ; Old Portugueses Trigar ;
Hispanic Lo ( u ) cano ; 249
DOCUMENTAÇÃO
Ordens Régias
N.° 24 Registo de uma Provisão de Sua Magestado que Deus
guarde, para o dr. ouvidor geral desta Comarca Domin
gos Luís da Rocha poder levar as próprias que se costu
mavam pagar aos seus antecessores o seguinte
N.° 25 Registo de uma ordem de Sua Magestade, sobre os
excessivos gastos que os ouvidores gerais, mandavam
fazer com azentes, ferros e mais cousas da cadeia pelos
do Conselho e aposentadorias dêles tendo casas próprias
e propinas como nela se declara e rúbricas de livros 254
Papéis Avulsos
Doc . CLXXX Avaliações Diversas 251
Doc . CLXXXI Férias de Esgotos 258
Doc . CLXXXII Despesas feitas por ordem do Senado 260
Doc . CLXXXIII Férias diversas 261
280 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
ATOS OFICIAIS
Decretos
Decreto n .° 1.083 , de 1 de setembro de 1949 Declara de uti
lidade pública imóvel situado á Avenida Lins de Vas
concelos, esquina da rua Vergueiro 269
Decreto n .° 1.084 , de 6 de setembro de 1949 Determina que
não se realizem feiras livres na Capital, no dia 7 de
setembro, em comemoração ao dia da Pátria . 270
Decreto n .° 1.085 , de 8 de setembro de 1949 Declara de uti
lidade pública imóvel situado as ruas Coriolano e Clé
lia , necessário à execução do plano de prolongamento
da rua Trajano, aprovado pelo Decreto n.º 955 , de 12
de março de 1947 270
Decreto n .° 1.086 , de 24 de setembro de 1949 Declara de uti
lidade pública área de terreno necessária á execução
do plano da retificação do alinhamento da rua Bom
Pastor, aprovado pelo Ato n .° 1.170 , de 14 de setem
bro de 1936 271
Decreto n .° 1.087 ,de 27 de setembro de 1949 Obriga a The
São Paulo Company a elevar a oitenta metros cúbicos
as quotas de gás inferiores a ésse limite, e dá outras
providências 272
Leis
Lei n .° 3.792 , de 1 de setembro de 1949 Dispõe sôbre oficia
lização de via pública 273
Lei n . ° 3.793, de 1 de setembro de 1949 Torna obrigatória ,
a partir de 1950 , a publicidade da “ Relação dos Con
tribuintes do Município de São Paulo " 273
Lei n .° 3.794 , de 3 de setembro de 1949 Dispõe sobre deno
minação de via pública 274
Lei n .° 3.795 , de 3 de setembro de 1949 Dispõe sobre deno
minações de vias públicas 275
Lei n .° 3.796 , de 3 de setembro de 1949 Dispõe sõbre deno
minação de via pública . 275
Lei n . ° 3.797 , de 3 de setebro de 1949 Abre crédito espe
cial de Cr $ 217.183,90 276
Lei n . ° 3.798 , de 12 de setembro de 1949 Abre crédito espe
cial de Cr $ 3.000.000,00 para a realização da Tempo
rada Lírica Oficial de 1949 276
Lei n . ° 3.799 , de 14 de setembro de 1949 Dispõe sôbre me
didas judiciais tendentes a recuperação da posse doe
terrenos municipais denominados “ Campo de Marte " . 277
REVISTA DO ARQUIVO
MUNICIPAL
DOUVENTS DEPARTMENT
CXXVIII
AUG 2 5 1950
TOR RT
UNIVERSITY OF CALIFORNIA
DO
ARQU I V O
MUNICIPAL 1
1
PUBLICAÇÃO DO DEPARTAMENTO
MUNICIPAL DE CULTURA i
Redação :
Divisão do
Arquivo
Histórico
Oficinas :
Gráfica da
Prefeitura
Telefone 3 -1051
Assinaturas :
para o Estado de São Paulo
Cada 12 números . . . Cr$ 40,00
Número avulso Cr $ 5,00
SUMÁRIO
HERBERT BALDUS ,
VARIO MIRANDA ROSA ,
SOCIEDADE AMIGOS DO ÍNDIO GAL. CANDIDO MARIANO
DA SILVA RONDON , e
HARALD SCHULTZ .
PREFEITO
ASORUBAL EURITYSSES DA CUINA
COLABORAÇÃO
1
1
A CRITICA LITERARIA NO BRASIL (1)
WILSON MARTINS
INTRODUÇÃO
brio perfeito da espécie com o meio', ' reino da razão ', ' consciên
cia absoluta do universo ”. Nesse misticismo do progresso en
contram - se os românticos e os seus implacáveis inimigos, os evo
lucionistas, daruinistas e outros " realistas ” das ciências ; e nele se
colocava Sílvio Romero lado a lado com o Cônego Fernandes
Pinheiro .
Ora, " não há progresso nas artes”, como diria Roger Caillois,
ou , pelo menos, o progresso , nas artes como em tudo, não é essa
linha reta e ascendente que os temperamentos ou excessivamente
românticos ou excessivamente lógicos amam se figurar. Pois a
história, como observou Henri Focillon , " est généralement un con
flit de précocités, d'actualités e de retards" ( 5 ) . As classifica
ções spencerianas terminam necessàriamente na preferência pelo
ponto mais alto da evolução do progresso , que é forçosamente aque
le em que o classificador se coloca donde uma negação impli
cita de ulteriores possibilidades de progresso . Ora , as classifi
cações só valem pelo que contém de objetividade, e nenhuma obje
tividade é possível quando se sabe, de antemão, que há uma cor
rente, a nossa , melhor que todas as outras .
Essa ascenção lógica, de um zero teórico a um absoluto tam
bém teórico , não existe . Menos ainda pode verificar- se em ati
vidades que escapam a todo contrôle metarial , que dependem não
de um crescimento espiritual, mas de uma afinação da inteligência .
A crítica que fazemos hoje, como a ciência que hoje realizamos,
não são necessàriamente melhores que as dos nossos antepas
sados ; e se de fato temos motivos para julgá -las melhores, a ex
plicação deve ser outra que a idéia, supremamente discutível, de
que nos encontramos num pináculo . Pois o nosso pináculo vale
tanto quanto o de Fernandes Pinheiro ou o de Sílvio Romero, e
não é com ilusões dêsse porte que se pode estabelecer nem uma
sólida ciência nem uma crítica sólida .
A classificação de Silvio Romero parece -me incompleta, ain
da, quanto aos detalhes . Pois não existe identidade entre os tipos
de crítica praticados pelos autores que ele inclue em cada um
dos seus períodos. Não sei que pontos comuns poderiam mar
car, ao mesmo tempo, a crítica de Varnhagen e a de Pereira da
Silva ; nem a de Sílvio Romero e a de Clóvis Beviláqua , nem por
que Tobias Barreto, cujas incursões na crítica literária foram
puramente acidentais, marcaria ele só todo um período .
(6) Ct . Vie des Formes Paris, 1947 08. 83. Julien Benda
Du style d'idées - Paris , 1948 pga . 127 e sgs . , Ch. V.
Langlois e Ch . Seignobos Introdução aos Estudos Históricos
São Paulo, 1946 pg . 201 .
14 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
ferentes, que são a " história literária do Brasil " e a " história da
literatura brasileira " . Todo o período colonial e mesmo o do pri
meiro reinado, não passam da pre-história de nossa literatura .
Sua influência é inegável, maior ou menor , conforme os casos,
mas no mesmo sentido em que se fala da influência da pre-his
tória na história da civilização . Assim como os escritores por
tuguêses continuaram a exercer, mesmo depois da Independência,
séria influência sôbre os escritores brasileiros.
Foi a literatura portuguêsa do Brasil que preparou o terreno
para o aparecimento da literatura brasileira, e nada ganhamos com
êsse enriquecimeneto abusivo que avoca para a nossa história lite
rária autores profundamente portugueses, como Antônio José,
Anchieta, Gregório de Matos ou os árcades mineiros. Pois o
sentido nacional de uma literatura , como já o observara Machado
de Assiz , não reside no assunto nacional , mas no espírito nacional,
e espírito nacional não o possuiam , nem o poderiam possuir, os
escritores brasileiros antes de 1830 . O que os historiadores de
nossa literatura costumam identificar com o nome de “ nativismo"
não passa de um equívoco, como não passa de um equívoco essa
atribuição póstuma de espírito nacional com que nós outros, pos
suidores de uma nítida consciência de pátria , premiamos os escri
tores coloniais .
Assim sendo, divido o presente trabalho em duas partes. ' A
primeira, constituida pela pre-história, refere -se ao período pre
enchido por nosso arcadismo, de origem e natureza acentuada
mente lusitanas, e pela crítica poética de Manuel Inácio da Silva
Alvarenga . A segunda parte, reserva - se a história propriamente
dita da crítica brasileira , ocupada pelos precursores e pelas di
versas linhagens, assim constituidas:
A. LEMOS BARBOSA
NOTAS CRITICAS
Um ou outro exemplos:
Ms. , p. 31v.
Paranagoaçu raçapa
aju derepiapota
ejort orerauçubâ
Toj catu nde cuapa
xe uba Tupinỹba
Ms. , p . 24v .
Tapuijpepira guabo
xe ramuya poracei
xe Tupã reco ayucei
xeruba reco peabo .
M8 . , p. 31
Xotapinābagoaçu
palgoaça yrüdiba
5
Na 3.a poesia, procede tanibem a correção a respeito de coi
[ koy' ) .
Lamento, isso sim , tanto esforço de Philipson ( p. 22 ) para
compreender acoeime. Lá está no tão pouco estudado Voca
regra formulada por Philipson , devia -se dizer, p . ex . , aîukā áng - bae
mboîa " matei esta cobra " , e não aîuká áng - bae mboia ...
Em nota ( 25 ) , Philipson lembra distraídamente : “ Existe
também um verbo moesay " recrear ", etc. " . Mas passa adian
te, sem perceber que ali é que estava a solução . Existe realmente
o verbo, mas um tanto diferente : inoesãi. No VLB 86 , vem
mocsái “ alegrar o triste ” . O acento agudo, em vez do til , é equi
(9 ) Em
66 nota ( 26 ) observa Philipson : “ Admitindo-se uma liberdade
poética poder-se -ia traduzir : “ Vamos hoje falar a ela no
lugar onde ... " . Neste caso a forma correta da última palavra
“ do texto deveria ter sido ambápe , reduzida a ambá , por causa
" da rima. Tanto as altimas palavras da citação de Léry , com
a qual termina êste Apêndice, como o uso da forma abreviada
" de ambába poderiam talvez apoiar esta hipótese." Mas, em
Tupi, a tal forma “ abreviada ” (ambá , kuapá , soroká ) so pode
ocorrer : 1 ) quando regida de preposição como -pe ; 2 ) quando
em função de genitivo ; 3 ) ou quando 1.º elemento de um voca -
bulo composto ou derivado. Philipson recorre à preposição
-pe para explicar por que vem ambá e não ambaba . E recorre
à rima para explicar a falta de preposição.
42 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
EDIÇÕES CITADAS
traz uma cabaça cheia de água e uma " cuíca " . Outro preto
trouxe um atabaque menor e um caixão de querosene . Um velho
manquejante traz um " guaia ” . Ao redor dos instrumentos for
ma - se uma roda . Dela participam homens e mulheres . Há mui
tas mulheres olhando , porém tomam parte na dança apenas duas
pretas e duas brancas, aliás estas caboclas claras não gozam de
boa reputação . Não há ordem para a distribuição na roda , pois
há apenas quatro mulheres e cerca de vinte homens dançando .
Logo que Augusto Rita coloca o atabaque no solo , antes de
sentar - se sõbre ele , tira o chapéu , ajoelha - se, faz o Sinal da Cruz .
Dá uns toques no atabaque ( ou tambu ) . O tocador do atabaque
pequeno responde. Augusto Rita, deixa o atabaque, outro tocador
toma o seu lugar, então apoia a mão esquerda sobre o instru
mento, segura o chapéu com a mão direita , e olhando para o céu ,
levanta o braço direito , e , no meio de um silêncio absoluto , com
uma voz pausada, grita estentòricamente :
A seguir canta o seu " ponto " . Enquanto ele canta somente
a " cuíca" toca normalmente, o " candongueiro " e a " angona" fi
cam tocando em surdina até finalizar o canto . Depois de can
tado o novo ponto ou desatado o anterior, recomeçam a tocar alto ,
todos começam novamente a dançar e a cantar o estribilho, ro
dando em torno dos instrumentos :
Para cada " ponto" cantado costumam dar três voltas dançan
do e cantando um estribilho, que sempre é o último verso do
" ponto " , ou as duas palavras finais . No momento que balança
o " guaiá ”, todos se calam e param , porque ele gritou " cachoeira” .
Canta novo verso outro jongueiro :
A pessoa que " desamarrou " o " ponto " decifrou o canto .
Depois foi obtida a confirmação do jongueiro que o cantou , acres
centando que foi fácil desamarrá -lo porque aquela pessoa sabia
de sua caçada e dos apuros que passara . o " ponto " significava
o seguinte : Augusto Rita foi caçar, de volta , já havia gasto toda
sua munição quando, de repente, surge uma onça que mata seu
cachorro . Vendo que seria atacado pelo felino, ajoelha -se e su
plica o auxílio de São Benedito . Inesperadamente a onça toma
outro rumo e ele se vê salvo .
É um episódio da vida que o jongueiro levou para o Jongo,
narrando - o sob a forma de " ponto ". E , assim , são quase todos
os “ pontos ” .
Consigo notar que há uma correlação entre a adivinha e o
" ponto ” que os jongueiros cantam . A adivinha, como o " ponto " ,
toma sempre a forma versificada, rimada, pois é a melhor forma
de ser decorada, memorizada .
Por meio dos “ pontos” os escravos combinavam fuga, mar
cavam encontros, criticavam seus senhores, e atualmente essa mes
ma verve resta aos jongueiros, pois ao pesquisador compararam -no
a " galinha que come dado o milho ", pelo fato de anotar os
versos cantados, sem lhes pagar nada por “ esse milho ... da cul
tura espiritual" .
Uma crítica feita a um chefe político :
60
Tanto pau de lei
que tem no mato ,
embaúva é coroné" .
Logo que o jongueiro canta o " ponto ", os que estão dançan
so em volta do instrumento, repetem cantando e dançando o ver
so final , por exemplo, deste somente cantam : "eu num sô daqui,
eu só viajante" .
RESUMO
SUMÁRIO
HERBERT BALDUS
HARALD SCHULTZ
Introdução
ESTATUTOS
DA “ SOCIEDADE AMIGOS DO ÍNDIO "
1
CAPITULO I
DA SOCIEDADE , SEUS OBJETIVOS E DURAÇÃO,
Art. 1.º A sociedade “ AMIGOS DO INDIO ", com sede e foro
na Cidade de São Paulo, é uma sociedade civil, de intuitos não lucra
tivos, nem políticos, nem religiosos .
A sociedade tem por fim :
a) promover e fomentar atividades científicas e artísticas rela
cionadas com o Indio e a sua cultura ;
b ) divulgar, por todos os meios possíveis, os conhecimentos a
respeito do Índio e sua cultura, de modo a torná- los cada
vez melhor compreendidos .
c) cooperar com qualquer instituição ou pessoa que tenha obje
tivos iguais ou similares .
Art. 2.° — A sociedade funcionará por tempo indeterminado o
não se dissolverá por morte de sócios, só podendo ser dissolvida por
três quartos dos votos em Assembléia Geral , especialmente convocada
para este fim .
og unico No caso de dissolução da Sociedade, caberá à Ag
sembléia Geral resolver sobre o destino do patrimônio líquido que,
em caso algum , poderá resultar em proveito dos sócios : coleções, ar
quivos, etc. por princípio não serão separados ou divididos, podendo
ser doados globalmente ou em partes integrais, a instituição ou insti.
tuições que, a critério da Assembléia Geral , melhor uso possam fazer
dêles .
CAPITULO II
DOS SOCIOS E SUAS CATEGORIAS
Art. 3.° — São as seguintes as categorias de sócios :
a ) fundadores
b ) honorários
efetivos
beneméritos
correspondentes
$ 1.º São sócios fundadores os que participaram da “ Assem
bleia Geral Constituinte" .
$ 2.0 São sócios honorários pessoas de merecimentos reco
nhecidos pela causa do Indio, distinção que só poderá ser conferida
pela Assembleia Geral , por proposta da Diretoria .
$ 3.° -- São sócios efetivos os que se comprometerem à contri
buição regular e à devida colaboração .
$ 4.0 São sócios beneméritos pessoas que aderirem à Socie
dade com um múltiplo da contribuição regular .
$ 5.0 São sócios correspondentes os domiciliados fora de São
Paulo e que apoiem a Sociedade .
70 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
CAPITULO III
CAPÍTULO IV
DA ADMINISTRAÇÃO
Art. 7.º - A Sociedade será administrada e representada , ativa
o passiva, judicial e extrajudicialmente, pela sua Diretoria, a qual
será constituida de 8 ( oito) membros, devendo os mencionados nas
letras b, c, d, serem domiciliados na cidade de São Paulo :
a ) um Presidente Honorário ;
b) um Presidente em Exercício ;
c) dois Vice - Presidentes ;
d ) quatro Diretores .
$ único : Atos de rotina administrativa serão válidos desde
que assinados por dois ( 2 ) membros da Diretoria . Atos que importa
rem numa responsabilidade da Sociedade só serão válidos quando as
sinados pelo Presidente em Exercício , em conjunto com mais dois ( 2 )
membros da Diretoria .
Art. 8º. Cabe à Diretoria, além da administração e represen
tação da Sociedade :
a ) admissão dos sócios efetivos e correspondentes e nomeaçãı
de sócios beneméritos ;
b ) a proposta dos sócios honorários a qual será aprovada pela
Assembléia Geral ;
c) a exclusão de sócio do quadro social;
d ) a convocação das Assembléias Gerais .
Art. 9.° A Diretoria, eventualmente reforçada por sócios fun
dadores, conforme o artigo 4. ° $ 1.º, tomará suas resoluções com nunca
menos de três de seus membros, por maioria absoluta de votos, exceto
as que dizem respeito à exclusão de sócios, as quais demandarão, três
quartos dos votos . Nas votações por maioria caberá ao Presidente da
sessão o voto de desempate .
SOCIEDADE AMIGOS DO INDIO 71
CAPITULO V
DAS ASSEMBLEIAS GERAIS
Art, 12.º - As Assembléias Gerais realizar -se -ão :
a) anualmente , dentro dos quatro primeiros meses ;
b) sempre que pelo menos dez ( 10 ) associados, quites com as
suas contrituições, o requererem por escrito , em oficio diri
gido à Diretoria , especificando o assunto a ser tratado, exi
gência que deverá ser atendida dentro do prazo de um mês ;
c) por convocação da Diretoria, sempre que a mesma achar
necessário .
$ único As Assembléias Gerais decidirão, em primeira convo
cação com a presença da metade dos sócios quites. Não havendo Esse
número, reunir-se- ão meia hora depois, em segunda convocação, re
solvendo, então, por maioria simples de votos .
Art. 13.° Cabe às Assembléias Gerais :
a) deliberar sobre os relatórios da Diretoria sobre o andamento
dos trabalhos a seu cargo ;
b ) tomar conhecimento do Balanço Anual da Sociedade ;
en
CAPITULO VI
DA ADMISSÃO E EXCLUSÃO DOS SOCIOS
Art. 16.0 Poderão ser Sócios pessoas de ambos os sexos, inte
ressadas nos problemas do Indio .
A admissão de sócios efetivos e beneméritos far-se - á mediante
proposta preenchida pelo interessado, apresentada por dois sócios e
aprovada pela Diretoria em escrutinio secreto .
o indeferimento eventual do pedido será comunicado apenas ao
interessado , sem menção dos motivos .
Art . 17.° - A exclusão de um sócio será determinada em sessão
da Diretoria, após o interessado ter sido ouvido pela mesma . O motivo
da exclusão será comunicado apenas ao interessado .
72 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
CAPITULO VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 18.0 O ano legal será o ano civil .
Art. 19 . Os associados não respondem quer solidária , quer
subsidiàriamente , pelas obrigações contraidas pela Diretoria .
Art. 20.0 Estes estatutos foram aprovados pela Assembléia
Geral Constituinte de 8 de Junho de 1948, e entrarão em vigor ime
diatamente , ficando 'a Diretoria autorizada a registrá - los em Cartório
do Registro de Pessoas Jurídicas.
and Los Angeles, 1948 ( VI + 242 meiro volume acaba de ser posto
pgs. com ilustrações ) ; a publica em circulação . A direção desta pu
ção faz parte da coleção fbero . blicação foi atribuida , a J. Im
Americana, de que são editores belloni, nome consagrado nos cfr
Carl O. Sauer, Lawrence Kinnaird culos etnológicos da América do
e Arturo Torres- Rioseco. Uma Sul . Este autor consigna a se
excelente documentação inédita guinte explicação do vocábulo :
levou os autores a reexaminar o “ Runa , como todos sabem , é a
problema da população aborigene pa'lavra que na língua do Peru
no México na época indicada. No antigo , o Runasimi, significa “ Ho
trabalho é analisada a documen mem E ' plausível que adote
tação estatística disponível e são mos seu equivalente do idioma
cuidadosamente discutidas as es Runasimi, que foi a mais alta lini
timativas a respeito das tendên gua de cultura da América do
cias de desenvolvimento da po Sul " ( pg. 7 ) .
pulação entre 1519 e 1600 ( 1519 , O presente volume de Runa
1540-1570, 1597-1610 ) , cujo decli contém os seguintes trabalhos ori .
nio é impressionante. Quanto às ginais : Osvaldo L. Paulotti, Los
mudanças subsequentes, os auto Toba ; contribución a la somato
res indicam dados relativos a logia de los indigenas del Chaco
1650 e 1793. Em apêndice, são ( pgs. 9-96 ) ; Tibor Sekely, Ex
fornecidas as tabelas relativas à cursión a los Indios del Araguaia
população aborígene em 1565 , a ( Brasil ) , (pgs. 97-110 ) ; Osvaldo
lista alfabética das comunidades F. A. Menghin , Migrationes Medi
nativas do México Central no sé . terraneas ; origem de los Ligures
culo XVI e o índice numérico do Ibéros . Aquitanos y Vascos ( pgs .
mapa de distrbuição das comuni 111-195 ) ; J. Imbelloni, De la Es
dades nativas do México Central . tatura Humana ; su reivindicación
O interesse de semelhante es como elemento morfológico y cla
tudo é evidente . O conhecimento sificatorio ( pgs. 196-243 ) . As res
positivo do desenvolvimento da co tantes oitenta páginas da publi
lonização da América e das con cação são dedicadas a extratos e
dições de contacto entre brancos contribuições, a resenhas e noti
e nativos dependem estreitamente ciáros . Cabe - nos desejar amplo
de estudos deste tipo, meticulosos sucesso e continuidade à nova e
e bem documentados. Por este importante publicação de antro
prisma é que se deve considerar pologia .
o valor do modesto trabalho de F. F.
Cook e Simpson .
F. F.
FOLKLORE DOMINICANO
edição da obra entregue aos cui como o homem fossil mais antigo
dados de Juan Francisco San e preservado, descoberto na Amé
chez, que enriqueceu a obra com rica do Norte ou Central: Tepes
algumas anotações . Sobre o ca pan Man , The Viking Fund Inc.,
ráter destas, escreve 0 editor : New York , 1949 ( 160 pgs ., ilus
“ Algumas correções e esclareci trado com mapas e gravuras ) .
mentos foram introduzidos por O volume contém uma introdução
meio de notas, para eliminar êr e uma análise do homem primi.
ros, omissões ou må interpreta tivo no México, feita por Helmut
ções, inevitáveis em um trabalho de Terra ( pgs. 13-86 ) ; uma ana
feito por um estrangeiro que tri. lise dos aspectos físicos do Ho
Ihava um caminho quase inexplo mem de Tepexpan , realizada por
rado, pois os estudos folclóricos Javier Romero (pgs. 87-117 ) ;
em nosso país são de recente or uma análise comparativa entre o
ganização, tendo tomado caráter Homem de Tepexpan e outros fós
científico com a criação da Sec seis americanos, desenvolvida por
cão de Linguistica e Folclore, T. D. Stewart ( pga. 137-145 ) ; e
adstrita à Faculdade de Filosofia cinco apêndices, entre os quais
desta Universidade ” ( pg. VII ) . se salientam as comunicações de
O trabalho de Manuel José An Franz Weidenreich e T. D. Stewart
sobre os caracteres anatômicos do
drade é sobejamente conhecido,
dispensando comentários. Inician Homem de Tepexpan ( pags. 123
do a publicação de sua obra, a 124 e 125-126 , respectivamente ) ;
Universidade de São Domingos a análise de Samuel Fastlicht so.
bre os maxilares do Homem do
realiza uma empresa de mérito o
Tepexpan (pg8. 127-129 ) ; as im
de justiça, ao mesmo tempo que pressões de C. J. Connoly sobre
dá uma lição inegável aos insti
tutos congêneres latino -america a caixa craneana do 16 ssil recons
nos . São numerosas as obras que truido ( pgs. 130-131 ) ; e os testes
poderiam ser reeditadas por estes de William S. Langhlin sobre a
presença de grupo de substancias
institutos, segundo a forma pela
sanguíneas no esqueleto do Ho .
qual está sendo feita pela Secção
de Linguistica e Folclore daquela mem de Tepexpan ( pgs. 132-135 ) :
Unversidade com anotações e O escultor Loo Steppat executou,
tomando por base os resultados
correções indispensáveis. No Bra
sil, onde os estudos dessa natureza das investigações científicas, uma
reconstrução plástica do Homem
se desenvolvem por assim dizer
de Tepexpan , apresentada em fo
à revelia da iniciativa oficial, im togravura no frontespício da obra .
põe -se uma reflexão sõbre tal
acontecimento , pois muitas são as Seria inútil ressaltar a importàn
obras que merecem semelhante cia desta contribuição, quer em
destino . virtude das felizes circunstâncias
F. F. que rodearam a descoberta do
fossil e sua exploração científica
( cf., a respeito, as considerações
de Stewart, pg. 139 ) , quer em
O HOMEM DE TEPEXPAN virtude da orientação metodolo
gica adotada pela equipe de cien
tistas, que realizaram a análise
Na coleção de publicações an da região , dos dados arqueoló
tropológicas do Viking Fund saiu gicos encontrados e a reconstru
recentemente uma obra de cola ção do fóssil, quer em vista de
boração, em que Helmut de Terra, suas consequências com relação
Javier Romero e T. D. Stewart as pesquisas de antropologia fi.
expõem os resultados de suas pes sica nas Américas.
quisas sobre o Homem de Tepex
nar . considerado de Terra
PUBLICAÇÕES 79
1
ORDENS RÉGIAS
( 1737 a 1757 )
Carta //
Pella copia da real ordem que com esta remeto a vinces. consta ordena
S. Magestade o que se deve praticar a respeito dos gastos que os ouvidores
costumão fazer a esse Senado. o que participo a vmces , para que na con
formidade da referida real ordem asim a fação executar . Acompanhada
digo acompanha tambem a esta copia da real ordem pella qual he o dito
senhor servido detreminar que sejam ouvidas as Cameras nas cartas de
Sesmarias que se passarem , e para que a todo o tempo conste o que na
dita ordem se determina farão vmces. logo registrar nos livros do Sennado
remetendo me certidão por duas vias de como asim o executarão . Deos
guarde a vmces , muitos annos villa de Santos onze de setembro de mil se
tecentos e quarenta e quatro // Dom Luiz Mascarenhas // Snres. officiaos
da Camera da cidade de Sam Paulo //
nos caminhos para ellas, sejam somente de meya legoa em quadra, e que
no mais Certão sejão de tres legoas como está determinado, e que para as
ditas Sesmarias se concederem sejão tambem ouvidas as Cameras dos citios
a que ellas pertenção, e as que se derem nas margens dos rios caudalozos
que se forem descobrindo pellos certoens, e nessecitão de barca para se atra
vessarem se não dem sesmarias mais que de hua só margem do porto, e
que da outra se escreve ao menos meya legoa para ficar em publico ; e por
que convem ao meu serviço, que se cumpra esta minha resolução. Me
parceo ordenar vos que com effeito a executeis asim por virem alguas cartas
de Sesmarias sem as Camaras a que toca serem ouvidas, tendo entendido
que de outra sorte se não hão de confirmar; e para que a todo o tempo
conste desta minha real ordem a mandareis registar nas Camaras da vossa
jurisdição, remetendo me digo jurisdição remetendo certidãm dos escrivaes
dellas de como asim se tem executado ; El Rey nosso senhor o mandou por
Alexandre de Gusmão, e Thomé Joaquim da Costa Corte Real concelheyros
do seo Concelho Ultramarino e se passou por duas vias Theodoro de Abreu
Bernardes a fez em Lxa . a quinze de Abril de mil e setecentos quarenta e
quatro o secreto . Manoel Caetano da Lavře a ' fez escrever Alexandre de
Gusmão // Thomé Joaquim da Costa Corte Real // E não se continha mais
na dita carta do Ilmo. e Exmo . Snr . Gnal. Dom Luiz Mascarenhas, copia
da ordem de S. Magde. que aqui fiz registar bem e fielmente dos prios ( 1 )
originaes que ficão no archivo da Camera a que me reporto Sam Paulo
vinte e seis de 8bro . de 1744 // annos e eu Manoel da Lus Silveyra escrivão
da Camera que o - sobscrevy asiney, e confery, Mel . da Lus Silveyra
Comfo . pr . mim Silveyra .
tocava a essa Camera pagar os ordenados do dito ouvidor sem haver redutos
por donde se pudesse pagar, pellos continuos gastos que os ouvidores obrigão
a fazer aquelle Sennado, e que de continuo estava indo a Camera ocupar o
lugar de prezidente, dizendo que a elles lhe tocava todas as vezes que qui
zesse perturbando desta sorte o despacho do bem comum , expondo mais que
ignoravão se nas festas reaes que os Sennados costumão selebrão conforme
a : leys se lhes devia dar propinas não assistindo as ditas festas como tem
de obrigação, e que tãobem praticavão o dito, ouvidor Joam Roiz Campello nos
actos de correição levar aquelle Sennado fora das contas que lhe tomava
dos seus rendimentos, e despezas alem dos emolumentos que lhes tocavão
de as tomar vinte mil reis de apozentadoria, dizendo pertenser lhe naquelle
acto de correição, sem embargo de eu lhe prohibir por huma provizão de
quinze de Novembro de 1735 não levaçe apozentadoria por terem casas pro
prias os ouvidores com ordenados com dinheyro das despesas de justiça desde
o tempo do ouvidor Manoel de Mello Godinho Manço e sendo ouvido sa
bretudo o referido, o procurador de minha coroa . Me pareceo dizer lhe
quanto as despezas da cadea se nessa cide. não hâ alcayde mor a que per
tenção as carceragens que por ... obrigados as ditas dispezas ; havendo
carcereiro toda a carceragem deve pagar quota certa aos quarteis
pondosse em deposito para as ditas despezas da cadea, e o que faltar se
pagará pellas despezas da justiça havendo as tomandosse todos os annos conta
dellas, e quanto a rubrica dos livros pertencentes a Camera e governo da
cidade as deve fazer o juiz ordinario sem sellario, e não o ouvidor não tendo
para isso provizão, declarando lhe que os ouvidores não podem hir a Ca
mera ocupar o lugar de Prezide ., salvo na ocaziam de hir a ella fazer cor
reição, ou eleyção, ou em outra de seo cargo de ouvidor, nem ter propina
de provizoens, não assistindo a ellas, nem emolumento algum pella apozen
tadoria, tendo como dizem cazas proprias para os ouvidores, e outro sim se
lhe declara que devem fazer esta queixa na rezidencia do ouvor. o que asim
ficarão entendendo para o praticarem se tiverem semelhante motivo, e quando
os ouvidores não pratiquem o que nesta ordem disponho recorrerão a vós
que ouvindo ao ouvidor por escripto detreminareis a duvida dando me conta .
De que vos aviso para que asim o tenhaes entendido e o façaes executar.
El Rey Nosso Snr . o mandou pello desembargdor . Raphael Pires Par
dinho, Thomé Joaquim da Costa Corte Real, conselhros . do seu concelho
ultramarino e se passou por duas vias . Caetano Ricardo da Sylva a fez
ein Lxa . a doze de Mayo de 1740 // O Secretario Manoel Caetano Lopes
da Lavre a fez escrever // Raphael Pires Pardinho // Thomê Joaquim
da Costa Corte Real, e não se continha mais na dita ordem de S. Magde.
que aqui bem e fielmente fis treslladar digo registar do proprio original
a que me repporto e vay na verde. sem couza que duvida faça porque a
ly corri, e conferi e assigney nesta cide ., de São Paulo em 26 de Ebro . de
1744 e eu Manoel da Luz Silveyra escrivão da Camera que o sobscrevy,
asigney e conferi . Mel . da Luz Silveyra. Confo. pr. mim. Silveyra .
1
PAPÉIS AVULSOS
( 1823)
Doc . CLXXXIV
Férias dirersas .
a 160 rs . $160 . Carreiros Manoel, com seo carro botando tterra , venceo
a quantia de $120 - Jozé Joaqm . botou duas carradas de Pedras, a 640 rs.
1 $ 280 . Feitor Antonio Joaquim , hum dia, a 160 rs . $ 160. Som . 2 $ 520.
Anto . Joaqm . Revisto pr . mim Escrivam Toledo .
N.° 11 Feria do concero do chafaris, e Alcatruzes do mesmo, finda
a treze de Zbro . de 1823 . Mestres Pedreiros Vicente Gomes Pereira,
2 dias á 1 $000 rs .2 $ 000 - Pedro, dos . á 360 rs . $ 720 - João Ferreira, dos.
á 480 rs. $ 960. Serventes Clemente, 4 dias á 160 rs. $ 640 - Domingos,
dos. do . $640. Matteriaes Cal, Azeite, e Estopa, e Pedra Por huma
quarta de cal, á 800 rs . ao alqueire $ 200 . Por duas medidas e meia de
azeite de Peixe, a 640 rs . 1 $600 - Por duas libras de Estopa, a 200 rs . a
libra, $ 400 - Por huma carrada de Pedras, q . botou o Carro de Mel . Riz . ,
$640. Feitor Antonio Joaquim, 4 dias a 160 rs . $ 640. Sm. 8 $ 440
Anto. Joaqm . Revisto pr . mim escrivão Toledo .
DOC . CLXXXV
Recibos .
DOC . CLXXXVI
Relações de rendas .
Ram . do que rendeu o contracto das Agoas ardentes das quaes entrarão
todo este prezente mes o seguinte - - Pr . 522 canadas a 160 reis por canada ,
83 $ 520 Abatida a ma . commição de 12 por cento emportante em 10 $022
Fica liquido que entrego ao Snr . Procurador da Camara Rs . 73 $498 .
São Paulo 31 de Janro. de 1823 - 0 Administrador Joze Mendez da Silva
No verso : 1823. Janro . Rendimento de Aguardte .
Teis por cada huma, 89 $ 280 – Abatida a ma . comição 12 por cento impor
tante em 10 $713 — Fica liquido que catrego ao Snr . Procurador da Caman
Rs. 78 $ 567 . São Paulo 31 de Janro. de 1823 - O Administrador Jove
Mendez da Silva Fes carga no Lo. compette. a fl. 79 v. S. Plo. 2 de
Fevro . dé 1823, Toledo . No verso : Mez de Jaoro. de 1823 rendimento
do Assougue.
Ram . do que reudeu o contrato das Cazinha ; dos effeitos que nellas
entrarão todo este prezente mes o seguinte – Pr . 841 capados a 40 reis
cada hum , 33 $640 – Pr . 125 cargas de mantimtos . a 10 reis por cada carga,
1 $ 250 – Pr. 138 ars . de Asucar a 20 reis por ars . 2760 – Soma 37 $650
Abatida a ma . Commição de 12 por cento emportante em 4 $ 518 - Fica
liquido que entrego ao Snr . Procurador da Camara rs . 33 $132 São Paulo
31 de Janro. de 1823 - O adminisrador Joze Mendez da Silva No verso :
Mes de Janro. de 1823 Rendimento das Casinhas .
Ram . do que rendeu o contrato do sougue desta cidade das rezes que
se cortarão todo este prezente mes seguinte – Pr. 234 rezes a 320 reis por
cada huma 74 $ 880 Abatida a ma. Commição de 12 por cento emportante
em 8 $ 985 Fica liquido que entrego ao Snr . Procurador da Camra . Rs.
65 $895 - São Paulo 28 de Fevro . de 1823 Administrador Joze Mendez
da Silva . Consta do verso : Mes de Fevro . de 1823 – Rendimento d:)
Assougue.
Ram . do que rendeu o contrato das Cazinhas dos effeitos que nellas
entrarão todo este prezente mes o seguinte . Pr . 697 capados a 40 reis por
cada hum, 27 $ 880 Pr. 185 cargas de mantos. a 10 reis por cada carga, 1 $850
Pr . 255 arrobas de asucar a 20 reis por arroba, 5 $ 100 . Soma 34 $830
Abatida a ma . commição de 12 por cento emportante em 4 $ 179 . Fica liquido
que entrego ao Snr . Procurador da Camara Rs. 30 $651. São Paulo 28 de
Fevro . de 1823 O Administrador Joze Mendez da Silva . No verso :
1823 Fevro . Rendimento das casinhas .
Ram . do que rendeu o contrato das Agoas ardes . das quaes entrarãɔ
todo este prezente mes o seguinte . Pr . 656 canadas a 160 reis por canada,
104 $ 960 Abatida a ma . commição de 12 por cento emportante em 12 $ 595
Fica liquido que entrego ao Snr . Procurador da Camara Rs . 92 $ 365 –
São Paulo 31 de Março de 1823 – 0 Administrador Joze Mendez da Silva.
No verso : Mez de Março de 1823. Rendimento d'Agoaardte.
Ram . do que rendeu o contrato do Asougue desta cidade das Rezes que
se cortarão todo este preze . mes o sege . Pr . 262 rezes a 320 reis por cada
huma 83 $ 840 Abatida a ma . commição de 12 por cento emportante em
10 $ 060 Fica liquido que entrego ao Snr . Procurador da Camara Rs . ...
73$780 São Paulo 31 de Março de 1823. O Administrador Joze Mendez
da Silva No verso : Mes de Março de 1823. Rendimento do Assougue.
Ram . do que rendeu o contrato das Cazinhas dos effeitos que nellas
entrarão todo este prezente mes o seguinte Pr . 823 capados a 40 reis
PAPÉIS AVULSOS 93
Ram . do que rendeu o contrato das Cazinhas dos effeitos que nellas
entrarão todo este prezente mes o seguinte Pr . 818 capados a 40 reis
por cada hum, 32 $ 720 Pr . 212 cargas de mantos . a 10 reis por cada
carga 2 $ 120 . Pr . 326 arrobas de asucar a 20 reis por arroba 6$520. Soma
41$ 360. Abatida a ma . commição de 12 por cento emportante em 4 $ 963.
Fica liquido que entrego ao Snr. Procurador da Camara Rs . 36 $ 397. São
Paulo 30 de Abril de 1823. O Administrador Joze Mendes da Silva . Consta
do verso : 1823 – Abril Rendimento das casinhas .
重
}
|
1
ATAS DA CÂMARA DE SANTO AMARO
( 1913 )
aos mesmos sobre um voto de pesar que propunha fosse insirido neste
termo, ao que os mesmos accederam , officiando - se a familia communican
do -se esta resolução ; e que , nos termos do artigo 17 da lei 1103, convocava
aos Senhores vereadores para uma sessão extraordinaria, no dia 9 do cor
rente as 11 horas da manhã, afim de tratar- se da verificação, digo de as
sumpto referente ao preenchimento da vaga do mesmo prefeito Municipal.
E para constar, eu , Afredo de Andrade Arruda Botelho, Secretario da Ca.
mara, lavrei o presente que é devidamente asignado . José Conrado. Izaias
Branco de Araujo . José Guilger Sobrinho .
Decreta :
Art. 1.º Quando a natureza e o vulto de trabalho de qualquer
dos orgãos que lhes estejam subordinados assim o exigir, poderão os
Secretários Municipais estabelecer, por portaria, e na conformidade
do disposto no art. 21 do Decreto - lei n .° 404 , de 8 de março de 1947 ,
e § 3.° do art . 1.º do Decreto n.º 917 , de 6 de novembro de 1946 , o
regime de até 8 horas diárias de serviço para os ocupantes de cargos
de Direção ou Chefia de tais orgãos .
Parágrafo único Estende -se o disposto neste artigo aos ocu
pantes dos cargos de Auditor, Assessor, Assistente, Gerente da Gráfica
e Montepio, e Inspetor da Auditoria da Fazenda , bem como aos que
exerçam funções gratificadas .
Art. 2.° Tal regime será cumprido no horário que for esta
belecido pelo Secretário, em um ou mais períodos, e o modo a permi
tir, tanto quanto possível, a presença do dirigente durante o expedi
ente normal de sua repartição .
Na seção de pintura :
a) tipos e costumes paulistas, assuntos históricos e
paisagens paulistas : Pintura a oleo Cr$ 15.000,00
Aquarela, pastel, afresco, desenho em geral,
aguaforte, gravura , buril, xilografia e litografia Cr$ 10.000,00
b) qualquer outro gênero de pintura Cr$ 15.000,00
II Na seção de escultura :
a) esculturas decorativas trabalhos definitivos
ou maquetes próprias para jardins e praças,
podendo versar sobre o gênero humano . Sem
pre, porém , dentro do cunho de brasilidade Cr$ 15.000.00
Decreta :
Art. 1.º É declarado de utilidade pública, para o fim de ser
desapropriado, amigável ou judicialmente, o imóvel consistente em
terreno e construção, situado à rua Faustolo n.º 1670 , Lapa , 15.° sub
distrito desta cidade e comarca da Capital, de propriedade da firma
“ Irmãos Farinelli " ou de quem de direito, compreendendo o terreno,
que é de forma irregular, a área de 2.081,60 m2 ( dois mil oitenta e
um metros e sessenta decímetros quadrados) , mais ou menos, a se
guir descrita : divide pela frente , na extensão de 30,00 m . , mais ou
menos ( linha 9-5 , ao longo do alinhamento da rua Faustolo, com
leito desta rua ; pelo ?ado direito de quem do terreno olha para
rua, na extensão de 60,00 m . , mais ou menos ( linha 8-9 ) , com pro
priedade de quem de direito ; pelo lado esquerdo, por uma linha
quebrada, nas extensões sucessivas de 51,20 m . , mais ou menos ( linha
5-4 ) , m. , mais ou menos ( linha 4-3 ) , e 10.00 m. , mais ou menos
( linha 3-2 ) , com o córrego Tiburtino ou do Mandi e terrenos do pro
priedade de quem de direito ; e , pelos fundos, na extensão de 30,00
m . , mais ou menos ( linha 2-8 ) , com terrenos de propriedade de quem
de direito , imóvel esse necessário à execução do plano de melhora
106 REVISTA DO ARQUIVO MUNICIPAL
Decreta :
RESUMO
DUODECIMOS
Abast
. Gabin 510-8491 180.000,00 15.000,00
.1
Abast 511-8491 166 2.500.000,00 2.468.860,00 208.333,33 205.721,69
.2
Abast 512-8491 581 9.000.000,00 8.957.100,00 750.000,00 746.425,00
.Hig 1 523-8851 2.797 38.000.000,00 37.992.412,00 3.166.666,00 3.166.034,33
Hig
.2 522-8411 117 1.500.000,00 1.494.748.00 125.000.00 124.562,33
Hig
.3 521-8461 41 700.000,00 565.604,00 58.333,33 47.138,66
TOTAL 3.705 51.880.000.00 51.478.724,00 Saldo
Cr
$de 401.276,00
DECRETOS E LEIS MUNICIPAIS 107
Decreta :
COLABORAÇÃO
PUBLICAÇÕES
Estudo Estatístico de Adolescentes da Cidade de São Paulo 75
Estudos Latino - Americanos 76
População Aborígenedo México no século xvi : 76
Publicações de Antropologia 77
Folklore Dominicano 77
O Homem de Tepexpan . 78
O “ Grupo de Ascendência Comum ” na China 79
Um Estudo Etnológico Sobre os Kaska 80
Os Contos de Juan Timoneda : Uma Contribuição Bibliográfica ao
Folclore
DOCUMENTAÇÃO
Ordens Régias
Papéis Avulsos
Doc . CLXXXIV Férias diversas 89
Doc . CLXXXV Recibos 90
Doc . CLXXXVI Relações de rendas 91
ATOS OFICIAIS
Decretos
Decreto N.° 1.088, de 5 de outubro de 1949 – Dispõe sobre o regime
de serviço para os cargos de direção e chefia e outros análogos 103
Decreto N.° 1.089, de 15 de outubro de 1949 Regulamenta a con
cessão do prêmio “ Prefeitura de São Paulo ", do Salão Paulista
de Belas Artes, instituído pela Lei n . ° 3.171 , de 7 de outubro
de 1948 104
Decreto N.° 1.090, de 25 de outubro de 1949 Declara de utilidade
pública o imóvel situado à rua Faustolo n.° 1.670, Lapa, 15.º
subdistrito da Capital, necessário à execução do plano aprovado
pelo Decreto n .° 955, de 12 de março de 1947 105
Decreto N.° 1.091, de 106
Decreto N.° 1.092, de 26 de outubro de 1949 Fixa o quadro do
pessoal diarista para a Secretaria de Higiene e dá outras pro
vidências . 106
Decreto N.° 1.093, de 27 de outubro de 1949 Declara de utilidade
pública um imóvel situado à avenida Hortulânia ( não oficial),
destinado a instalações necessárias ao serviço de limpeza pública 107
Leis
}
RN
NIA U
NIA
UNIVERSITY LIBR
LIB
IA
V
IA
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TH
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A
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