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GoulDAO E RISCO NO CAMPO Dos AFETOS: ot euclAS SIMBOLICAS E FATAIs VIVENCIADAS me ANAUISE SopRE ‘OR MULHERES NEGRAS LONELINESS AND RISK IN THE REALM oF. SYMBOLIC AND FATAL VIOLENCES EXPERI AFFECTIONS: & review og IENCED gy BLACK WOMEN Maat Mestra em Direito Penal pela Faculdade de Caton Gono oo Com Bacharela em Direito pela mesma jas vo Dinero: Penal; Direitos Humanos feumo:0 presente artigo dedica-se a investigar aticarelativa as violéncias de género que, indo sobrepostas a questoes raciais, manifes- ane de forma particularizada. A abordagem tenstufoco no campo dos afetos das mulheres sxy@s ¢ pousa 0 olhar sobre dois aspects em escil:a solidéo vivenciada por essas mulheres emvivénias afetivas € a alta representatividade és mulheres negras nos indices de feminicidio ‘Basi ~ contraposta 4 queda constante do sero de vitimas brancas. O artigo tem como focondutor 2 produgdo de autoras e autores ‘nBasi edo exterior que se dedicam @ estudar ‘erinismo negro e questdes interseccionais, ¥im de situar 0 debate no campo tedrico. S20 ‘sos também relatérios de pesquisa recentes ‘uM GadOs para avast 00 TeMOMTEM epi io.Tabalha-se com a hipotese de "ag ett simbslica direcionada 4 mulher “oecttifestada em Ambito intimo pode re- pega Outras espécies de agresséo e que aS Matsa StTuturais por ela sofridas podem s€ ti iia 4 i Festal €m Ultima instancia, em uma viO- le de Direito da U Instiiga niversdade de So Paulo, outoranda em Diteito Penal Advogada Semariaclaudia@gmailcom esti em mn208 : rovado em: 14052018 ttm verséo do () autor (}: 21062018 Asstnact: This article focuses on investigating the issue of gender-based violence thatisexpres- sed in a particular way when intertwined with racial issues. The approach focuses on the realm Cf black women's affection and on two speci- fic aspects: the solitude these women undergo in emotional experiences and the high share of black women in the feminicde rates in Brazil as opposed to the constant decrease among white Vietims. The article aims at fostering Brazilian and foreign authors that are devoted to studying black feminism and related issues, in order to place the debate in the theoretical field. Recent research reportsare also used to provide data for the feminicide phenomenon review. It is accep ted the hypothesis that symbolic power applied towards black woman expressed in the intimacy can affect ather types of aggression and thatthe structural oppressions they suffer can ultimately be translated into a fatal violence: Co a Caudia Grotto do. Solida0« 0 00 Ca Tatts vivenciadas 146, ano 26-P- Pesta Basen de ibaine Criminal 146 smpo dk fos: uma analise sobre wolenias simblicas jos afetOs: por mulNees Ey palo: E.R a8 ane Digitalizado com CamScanner MIN — Cri ec ast psin Baas fe cernonost Feminicide ~ Racism py _ Muller arsectionality ~ Black feminjg. no- Mt Inter Feminism, “Wong aca, 2. soliddo estrutural. 3. Viol ei fay Introdugao. | hs su eada. corsideragoes racializads 5500S estruturais € fundamentay cerca dos arores (Ue protagonizam a vida social e poig;. 8° asta para sinalizar og 4% A sfio ja bi cos de decisto ja B is dos we temos, hoje, 04 sociedade brasileira,! a q, eit I sobre a igu Peito IntRODUCAO A preci centendimento ac mera observacéo de re] resentatividade q orientacao constitucional compreensio sobre OPre aldade entre homens ¢ mulheres em ¢ tos e obrigacdes e sobre a vedacdo @ discriminacdes de qualquer espéci — Se mesmo diante da existéncia de normas prevendo a igualdade con reito fundamental ainda subsistem profirdas mareas de seBrepaet, tae cessério olhar para outras forcas sociais. O racismo € 0 machismo sao, “ne dividual que exercem controle sj atualmente, elementos de socializacao in 0 imaginario e, consequentemente, sobre institui¢Ges. ‘As lutas das mulheres e dos movimentos negros, capitaneadas por que se recusam a permanecer 4 margem da representa¢ao social, tem MES das quebrade i e 2 ce q lo barreiras de poder e alcancado repercussao crescente, tendo no ativismo digital, hoje, um importante aliado.’ Dentre os intimeros desafic 10S en LS Seaunil os Cs da Camara dos Deputados, os parlamentares brancos repr las vagas, enquant : Saeae quanto os negros ocu ae ae “ cadeiras, enquanto as totais are cee pe ‘as vagas. Fonte: site da Cai 2 hl Vistaralinds coe aC mara dos Deputados: [http!! ecal ic % nais de video online tem conseguido democ®™ tizar debates a cerca de ra im cismo e sexi PACtO especialmente tienncae Sexismo estabelecendo um didlogo acessivel ¢°% em entrevista muh a Agenci eres neges Eng ing ee BRS, “a mda Regen me ela Dia ‘ et es 6ni ono ane. = “Movimento soca oo eo eNCOntro 8emdnica nos invisibiliza [as mull ou um espaco pra existir’. Sobre 0 1m isco ng, ‘campo ivenciog.2 "PO dos afetos: —— sv ees or mulheres uma andlse sobre vilénias Digitalizado com CamScanner - —__D055I8 esrecya.: fos pelts MILANCHS Se nsere a adogagg a 7 ‘AO de um: a ler adequa mais de nla srenca”> jetta diferenga”? a fim de compreen Perspecti a ctiva de" dom osquc ocupam simult Pe dala diferenca aneamente a as demandas de et POT exemplo, significa ter que en rn eee nl gcotidianos, esses obstaculos se 4 gama pi ie * emt questo a0 racializadas, pe zar optessoes especificas de que so viti 'ental para evitar invi- giscrminacoes miultiplas. As agressées di teristics especificas, nao sendo fruto de jgolado, mas sim de sua interacao. “aso, tém carz um o1 , Te "OWL marcador de diferenca Aadogao de uma lente interseccional ao Se tratar de viola; —-rescindivel para a plena aprcenca lencia , jher €imprescindivel para a pena apreensao do fendmeno Com pi wissa 7 . sa este artigo tem como objetivo lancar luz sobre duas manifestacs prem; sivecionadas A mulher negra de forma espect es a , sendo uma delas situad. simbélico e outra em ambi! Gana ae aca) campo ibito concreto,* quais sejam: a 1 solidao no cam- podosaletos € 0 assassinate de mulheres negras em razio de seu genero (ou conforme diccao Tegal, feminicidio)> 1 A fim de concretizar 0 presente estudo, tracar-se-4, a principio, um pano- rama a respeito de violéncia de género, de violencia com componente racis- ae interseccionalidade a partir do levantamento bibliografico sobre o tema. Posteriormente, abordar-se-4 o fendmeno da solidao afetiva vivenciada pelas movimentos-sociais-encontram-na-internet-o-caminho-para-mobilizar-militantes, hup:/blogueirasnegras.org/2016/1 0/20/internet-como-um-apendice-da-resistencia- negra/] e [htips:/medium.com/@winniebueno/o-ativismo-negro-no-mundo-virtual- fe0d1d024b2]. Acesso em: 24.02.2018. 3. CRENSHAW, Kimberlé, Documento para 0 encontro de especialistas em aspectos da disctiminagao racial relativos ao género. Revista de Estudos Feministas, Floriandpolis, ¥.10,n. 1, jan. 2002. p. 3. 4. Nao se desprezam as intimeras simbol agressdes fatais, A classificacao visa somente Tiotiza de forma mais evidente de outro que s 04, a quali Em marco de 2015 foi incluido no Codigo Penal, a parti da Lei 0 beat cadora relativa ao feminicfdio, que prevé sangao mals eee legal, consubs- cometidos contra mulheres em determinados casos. Segundo © Ni Tay Uincia-se o feminicidio quando 0 assassinate $° da orn aa ‘crime envolve Condigdo de sexo feminino, sendo essas uitimas veriicasss TT naicao de (violencia domestica e familiar e (i) menosprez0 ou CSP "mulher. ogjas que s4o atualizadas no momento das ‘a diferenciar um fendmeno que se exte- ;¢ aloca em ambito intimo. aise sabre votndas simboicas ‘88a Gaudia Goma do Soho «rc no campo dos TS ay lise sor te : rt ig evans a Sh "8a Basia de Céncas Criminals 0l 46 370 26. Digitalizado com CamScanner c P tio que sjatorios de pe: Pa ossines tsa at Fs s de Pesqtisa reer te ae ole <0 copre violencia domé en f Pare —gambem" I al Néstica @ gl i dio. ™ para a andlise em tely Mk pre fer Ww a cn razao de Set BENCTO Obedece g ge dc infligit dor ou sofriment fisieg Fe udo, de ainsi tlhe em sa sue Jo-a para firma-la numa posicao de inten « que ao longo dat historia sem . opressora, € certo que a reproduz ¢ atualiza a difereng, jliza a mulher como Sujeito de ¢ inviabi nino € 0 masculino € hist6rica e se mostra ocidentais € orientais, sendo tema de mento. A essa divisdo desigual de pode, Joracao_das mulheres, convencionou-se arcado se manifesta pelo poder 4 assi ceem grande part Prados em diversas areas dC conhec fandada no binomio dominacao-explor Lk ? denominat ratriarcado. Segundo Saffioti, 0 pattl : fi dos homens de determinar ‘condutas e papéis de categorias sociais nomea e a punir o que define De tal modo, o masculino € auiorizado PeT socie mo desvio dos padroes que cle mesmo forjou como naturais. A capacidade de mando reveste-Se, consequentemente, do exercicio da violencia. =e ue os padroes de femi- ‘0 contraria 0 entendimento de qi polarizadas determinadas pe- ro, ao tomar a desigual liza a diferenca dos sexs presen! A concepcao de géner nino ¢ masculino sao caracteristicas estaticas lo discurso biol6gico. A adogao da categoria géne! como produto de uma construcao social, desnatura biologicos, que legitimaria a hierarquizagao entre os dois papeis cons Desde a segunda metade do século XX, ja Beauvoir é post vel encontrar ¢concepeo segundo a qual nao é a fisiologia que’ cra mas as|relacoes de poder dentro de uma sociedade: eset {Slendo.o c ie she ae ae de nosso dominio do mundo, este se apres ente diferente segundo seja apreendido de wma manele oe 6. SAFFIOTI, Heleieth 1. p, stnero. Cadernos Pagu. Ca Revit br fate asa de Cdnig 5 Vverladas porto uals sobre violén cis Criminals oy seas Pot Mulheres neoras. x IN IR mean FOR an Duss Fe RT, aGOStO Digitalizado com CamScanner Dossié espee NERO E Sistema Py ’ OSSIE Especy IN "GENERO € Sistenag ‘unmvo" 543 ou de outra. Eis por que os F = permitem comy ree 1 ® estudamos to dem que F Preender a mulher, Ma: oradamente; sao as ch Fpstituem um destino imutay Ia pt fee tadenn ei ‘vel a ela, N, uisamos 6 a. Nao basi €aideia de « ast que , ‘am p: A mulher é 9 ¢ ndigéo de subordina quia dos SeXOS; NAO explicam por qu ervar para sempre es ara definit uma hierar. to, nao a condenam ida." c a ct act gg homen historicamente se reserva a esfera pil Sua comTTUSTATcativa de que seu corpo es que demandam fora, expresso, racionaly q ‘a, expressio, racionalidade. A mulher. odesiin ‘A muther, o destino ai dad teprodugao do trabalho (e do postamente natural € a esfera privada, local da sjatho Feprodutor), que demanda manutencio das relagdes lami 7 iares, expli- Spa partir de uma suposta fragilidade corporal, da docilidade que som sqte a0 temperamento feminino e de uma aproximagao tida quase como i ine a a " amaastarelas de cuidado. Nesse contexto, violencia contra a mulher se inser durante muito tempo coo parte integrante_ essa organizacao social de genero, sendo reconhecida como um mecanismo legitimo de manutengao dos papéis masculinos e femini- os! A violencia contra a mulher, assim, tornou-se um instrumento naturali- ‘ado de opressao, ma resposta a fuga da mulher de seu personagem submisso, ue deveria dedicar-se exclusivamente a familia e a satisfacao dos desejos do homem, Insere-se, portanto, como um controle masculino no corpo feminino. loméstico, desenhado como local de pertencimento da mulher, éesvaziado de seu contetido politico, no sentido da compreenso das relacoes poder envolvidas. Nao por acaso, € 0 Tocal onde, via de regra, as mulhe- rs softem violéncia. Tal invisibilidade, conju; ada com a opressao patriarcal, cust terreno favoravel ao exercicio do controle da mulher, A ideia de que ————enn te asculino: nica, as leis € 0 espaco publico seriam campos de protagon!sino Mt faisedimentada em variados momentos histéricos, 0 due conferiu a mulher ° atstamento da vida social e firmou seu pertencimento 20 seio doméstico. Em tnasociedade em que o individuo considerado padrao para o desempenho da lita é 9 homem (e, além disso, o homem pranco), representacio 4 asm Be teres sempre encontrou diversos obstaculos, com vecuzidas posstbilida ° Mojecdo e de concretizacao de suas demandas especificas: O espaco di “eon 4, Sto Paulo: Difusto Europela do Livro, Tp UVOIR, Simone. 0 segundo sexo. 4. ed: me nae ue & violencia contra 4 & i O qu TELES, Maria Amelia de Almeida; MELO, Monica de: © mailer Sto Paulo: Brasiliense, 2002. P- 18: OTT, Joan. © enigma da igualdade. Revista sana ; cco =a bre veri simbaleas Florianopolis, «13. Estudos feministas, Mata) mrs impo dos ‘a Claudia Gi Fado « risco no campo 405 FOr cara 5 : a Giotto do. SoS venciad por es ree, Sto Poul: E f RT, agosto 2078. de En 2 Digitalizado com CamScanner 2 © RBCChim ounces Crinss 2078 a5 sn Bras Cl _ genera € # OPFCSSIO SOftida po ee ie brasileira ¢ constiqee > Mu Tad stittem gig. re Fencia domestica se Feconhecam i sre Ta Fado, contribucmy pa ie emprexar a violencia comp." Tue Ihes Toi Tegitimaments ay 544 Ras cao dos P res na socicd Sitos important o«lizem ele prod rave para que as Vitit presse Injusta no direito ¢ esse € 0 pape pas de en ios de wma a homens ainda " zerenga de que ¢ ase vejan ! wnizacio, a violencia JOMEStICA inser odo casa, compondo a dinamica dg = Com, ctroalimenta-se a cada dig,!0 pion, De parte mento que ma, € construida uma liberdade da vitima sobre seu PF bi erverso, f . tara de dominacao que CerCeia a auton pro cope, gerando nela vergonhay St pa. estru Essas circunstancias explicam, em parte, 0 alto indice de subnotificagig violencia doméstica no Brasil, embora ja se estime que a cada cineg Tine ama mulher é agredida no pats, de acordo com o Mapa da Violencia de aie homicidio de mulheres no Brasil."" Considerar as particularidades que ¢y Is: vem as varias dimensdes da violéncia de género (raz6es historicas, ee culturais, economicas, entre outras) € um dos desafios do direito no cae mento dessa espécie de violencia, principalmente na perspectiva preventiva ge tais comportamentos. : Faz-se necessdrio, fundamentalmente, compreender vulnerabilidades par ticulares de alguns grupos de mulheres que as fazem padecer de forma dife rente ou desproporcional’? diante de fendmenos como a violéncia de'genern, Omarcador da raca, nesse contexto, demonstra-se relevante para a anélise dis agressdes domésticas ¢ a sua nao verificacdo nao s6 mascara uma caracterist ca importante do fendmeno como invisibiliza a demanda das mulheres negras em situacdo de violéncia. 10. ARCS, er oO Perverso ciclo da violencia doméstica contra a mulher. Ihupsiverwen jibe ' ‘0s nds. Portal do Conselho Nacional de Justica. Dispontvelen fs compensate aloe nistraivos/atos-secretaria-geral/433-informace Monta di nB0s/13325-o-perverso-ciclo-da-violia-domica-contra-a-illtt ignidade-de-todos-n}. Acesso em: 24.02.2018, Zs 11. MAPA DA vi IOLENCIA 2015. Homictdios de mulheres no Brasil. Disponi (hup:/Avww.ma - -mapadaviol ‘5 ‘Acesso em: onze Sn8-or8 br/pdi2015/MapaViolencia_2015_mulher 12. CRENSHAW, Ki NSHAW, Kimberlé. p, : discriminagao een para o enconi iali itro de especialistas em “ joriaioP> racial relat 10,m.1, jan, 2002, p. 3, 8° 8eRETO. Revista de Estudos Feminstas;F aa Maia Cauda Gromodo Soliddo e risco n sco no. Revi lei camy = t st Brasilia de Gina einge teats por mul ae viovencias 1.146. ano 26, Se e . 539-556, Séo Paulo: Ed. AT, 290 = __ i Digitalizado com CamScanner Dossit ts cap de uma lente interseccional Tevel; - al revela mas iMteracdes que geram es q tte DEcies dig diferenga dentro da diferenca”! tint h TE Ca" evita qtr ao de discriminagoe: 7 We a construcao d i xpi Woes se UE por gry Tuicdo das narrati- 48 OPTesses nao sido me las de discriminacao da Esse < ) POs privileg je opressid Biados dentro de cada Elste enquadramento em um tinico iuacto, identificagao © reme S Negras na concet 6 dle sexo ¢ rac, limi 105 do grupo que, de : 7 ¢. de ontra 8 palavras, em casos de de " act as experi¢ncias dos membr, mancira, sto privilegiados. Em outn es de diseri 6 racial a diserimvinagao tend a ser vista em termos de negra ca em telacao a sexo ow classe; cm casos de disctiminagio erates AHO sex snutheres privilegiadas em relagao a raca e clases" tando a investigagao al, 0 foco € em Conforme analisa Kimberlé Crenshaw, a iavivenciadas por mulheres negras faria com que elas s6 tivessem suas d _andas valorizadas quando se aproximassem dos sujeitos universais dentro de «aia marcador de diferenca, quais sejam, o homem negro ca mulher branca.”” hibridez das experiéncias de vio- ‘Nao por outra razao, Carmen Hein de Campos, ao tratar da simplificacao da categoria mulher pela Lei 11,340/2006 — Lei Maria da Penha, defende que 0 ‘erecimento de solugdes legais padronizadas permite pouca margem de arti- cao de outras Tespostas as violéncias com componente de género. Segundo autora, para que a mulher possa agir como sujeito politico, € necessario dis- lunciar-se de um conceito unificado de vitima e contemplar a violéncia de gée- hiro sob uma perspectiva nao normatizadora.'® Dados do Mapa da Violéncia de 2015 relatam que 59,7% das mulheres que sessaram 0 Ligue 180 — canal para dentincia e busca sobre informacdes sobre 33. Idem, 's. CRENSHAW, Kimberlé, Mapping the margins: interse inst women of color, Stanford law review, 1981. Ds ia om “Ainterseccionalidade € uma coneceituacio do problema que busca capi 38 Sequencias estruturais e dinamicas da ineragio entre dots ou es si dare 4inasa0, Ela trata especificamente da forma pela qual reign, ¢ paulo “ optessao de classe € outros sistemas discriminates er ca sses € outraS” 5 que estruturam as posigoes relativas dle mulheres, re SN scones (CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontte ¢ 5 a ‘eministas, Florianopolis, lscriminagao racial relativos ao genero. Revista dle Estudo “10m 1 ja 4) - ea » jan, 2002. p. 4, » sujeito do fer CAMPOS, Carmen Hein, Violencia de genero € 8 n0¥0 He 3 #0. Texto apresentado no evento Fazendo Gener .ctionality politics and violence 1245, Tradugao livte i Zeno compo dos afetos: uma otto do, Solita ¢ enciadas Pot mule 50 Paul: d. RI. agosto 2018. Revi i “to Brosiera de Cgncias Criminois vol. 146.80 Digitalizado com CamScanner “ negras. A despeito das inti, dado, mostra-se evidente ques rm componente racial yee? m - invisibilizar mais afetagg Mey Te am a eck se autode " ‘ am esse possuem 4 sstica as que no fenomenm 9, sol circunda 0 po risco de violencia dome veis metodol6} ésticas CO! aes dome no en ae no pode ser AeSPC que joléncia doméstica ¢ fami; fendmeno. trias especies de violence eae familiar Tela, e existam varia a,!’ nos inte! |, NO pres " Anda que eT aa da Pea.” NOS MLEFESS RO Present gu das na Lei 11 3340/2006 — nao compocm explicitamente esse diploma , . . le. =e fenomenos que oem explicitame oar para ds eae ampo dos afetos ¢ @ violencia fatal (femin gal: a violencia simbolica onal # ole i vivencias tendo como perspectiva as viver 2. A souDAO ESTRUTURAL 4 O racismo presente na sociedade brasileira, a Se descreditady De. la crenga em uma suposta democracia racial, esta p1 7 € em diversos am. bitos: no alto indice de mortalidade violenta ou de evasao escolar, na quay inexistencia de pessoas racializadas em postos de poder € em representagiey estereotipadas nas midias.'* Mas gostarfamos de tratar, neste momento, sobre uma modalidade especifica de violencia que, de tao recorrente, quase se ele. va a agressio estrutural: a solidao a qual as mulheres negras estao sujeitas nos campos dos afetos. Ha um niimero expressivo de agressdes simbélicas direcionadas a pessoas negras ¢, se dialogarmos esse tipo de violéncia com o sexismo, temos como re- sultado uma opressao que vulnerabiliza em especial as mulheres negras. Neuza Santos Souza, ao investigar a fragilizacdo da autoestima de pessoas racializa- das, relata que os negros tm como arametro para construc’o de sua imagem 17. egundo o art. 7° da Lei 11.340/2006 ~ Lei Maria da Pemha; sao consideradas vio cias domésticas e famili z lares contr: i i : : Pscolia, sexual epatimona, Te utr, a volencla fen mH ici 18, Oe plencia 2017 pat]. Acesso. em: 24.022 le un penigmaticg © caso recente da publicagae ie pared ue se identifica como de esquert a) Charges engaj ‘orges: Publicado na revista Carta Capila ismomnas ee * Disponivel em: {htrps://www.caTtaeP *Bes-engajadas). Acesso em: 24.02.2018: ilustacdo rac forme pode se yarn’ C@P4 d Se ley tulado “EQ racisme Attigo de R Com.buisociedadeyan® Revsto Basie cis sie de Cena, a 3 de Ciencias crits Vivencingsn © 40s afetos: uma andliw conve wiorencas si " Digitalizado com CamScanner gu dé DESSORS branes ~ 6 gue g Ig 0 Se pa Ce Braco.” E, Se para mulheres by, in =n £ associacio do branco Onfere ara as ‘anea gel, para as mulheres negras ele? z SC mo a0 belo, no Contexty viduo negro © o inscre n, nocTOTTIS di encia sob esta régua in “etetiewo 00 campo da afetividadte. De ge groretroalimenta a hipersexuatizacdo soft p A busct pela aproximacao de um ideal de be diistrias como tinica beleza Possivel, faz coy jam marcantes na vivéncia da mulher neg derepresentacio feminina que fogem do modelo causa : ; iano requ apresentam tracos que se assemelham aos de mulheres brancas There mente : encodes puraalisaro cabelo, por exemplo, que comumente apresentam sl toxicidade so corriqueiros nas vidas de muitas mulheres negras.” Esse constonte sang mento de ndo pertencimento ao modelo estabelecido € fator de fragilizacao de aufoestima, uma Vez que nao raramente vem acompanhado de manifestacoes racistas em seus circulos sociais. A Je poder 0 individuo ne de e vive i beleza branco, vendido pelas in- ° que conflitos de autoimagem se- » Uma vez que mesmo as tentativas O passado escravocrata fez com que ficasse impresso no imaginario brasi- kero a figura da mulher negra como elemento sexual, que ndo compoe uma entidade familiar nem é digna de sentimentos como amor ¢ respeito, tendo aexisténcia voltada exclusivamente para servir aos desejos do homem bran- co. Os estupros que originaram a miscigenacao brasileira foram de tal forma 19, SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro —as vicissitudes da identidade do negro brasi- leito em ascensao social. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1983. sae 20, “Mais que qualquer grupo de mulheres nesta sociedade, as negras tem sido consile init escravidio tadas's6 corpo, sem mente’. A utilizagao de corpos femininos nis Hk pritica da como incubadoras para a geracao de outros escravos cra a exe™P Para justificar a explo i " : m ser controladas. ideia de que as ‘mulheres desregradas' devia s durante a escravidio, a cultura branca ‘eve que produzir uma iconografia de corpo: 1 erotismo primitivo € coma aiemente doradas de sexo, peret encanta os Femina, «3.7 Aesenfreado” (HOOKS, Bel. Intelectuais negras: Revs 1995, jal é a chae P. 6), de plastica facial € Ly, ; ‘odalidade comum de Senias © campo de jas estéticas, uma modalidade 1 riz de pessoas mad, Pe ce cure ‘omo objetivo alte ea bance a “rinoplastia étnica”, que tem C 7 afetos: uma anise sobre Vo eias smbolicas i Tencias si oe wane ‘8 Nate Claudia Grotto do, Soldso eeeeo nog it mules E98 paulo Ee 29002012 Feiss de cincina Crminls vl 14.890 25 F Digitalizado com CamScanner 18 va gnats 20. sf nics CHINN pest Baste ui wana diate “a ao de uma dita demog pala re nO “exaltacdo Sexual dae rey ce nan abla 1 encitOs 4 al das mah za gere Sue -se Muito Mais © ‘ nararalizad ‘onforme suger’ Jade mostra como Sipe ey 1 Brad CONT ga Sens egsts SMFCTANN do que como Tecan ~ o-cuttio de nis que © ‘ as ¢ : an juntos pat peTPeUUAT IMA cong gey spre mt cOnscienela cule lt am aeste planeta, princi ream a este plancla, principalmen ya mulhe negnis te, a 55 OUTS iddeia de que c servit 6 sfinalidade le Serv que o poder simbONCO e IMAgEtiCo Telaciong a n rel: Patricia ul anca pode ser um dos fatores a levar, em rel acionamentas do a mulher branca ‘ens negros a fixarem™ relacionamentos de longo pra; Z a ae negras,” o que faria com que essas a S nentos das mulhere: trim pelos homens brancos, mas também pelos am 1 Collins menciona te. rosse essas em det s res fossem preteridas no 50 ls ae mento de Cre Atves da Silva Soca defemdttiag, strado de Claudel ides issertacao de me: ster Silva Sou A dissertacé Sociais da Pontificia Universidade Catolica de 2008 na faculdade de Ciéncias : ‘Sao Paulo, foi um dos trabalhos pioneiros a tratar do tema no Brasil. Em sey Ressalte-se, nesse momento, a invisibilizacao/naturalizacao das violagdes cometi etidas também pelos bandeirantes, tidos ainda hoje como simbolos nacionais, contra a populagdes indigenas. 23. CARNEIRO, Sueli, Raca, género ¢ ascensao social. Estudos Feministas, ano 3, 2° Sem. 1995. p. 546, 24, Ciao f Bell Hooks no artigo “Afetividade negra ~ por que beijar sua preti em E in ae ‘ um ato de resistencia”, de Juliana Goncalves, no site do Centro de Eudes Rebs de Trabalho e Desigualdades. Disponivel em: [htep:/Avwowceet. spree edt enero-mulher/3587/afetividade-negra-por-que-beijar-sua-preee 25 COLL ne tmatorde-resistencia).Acesso em: 24.02.2018, a 7 INS, Patrici: fy en ; Felina ri Hill. Black Feminist Thought: Knowledge, Consciousness, and comparithada por Son (costo: Unwin Hyman, 1990, Essa percepgao também’ entretanto, que wien onormie mencionaremos adiante): “Existe um parado® ma andlise mais profumda. Observo e constato m8 il tlectuais ou aqueles que atingiram wm sts 'monial por mulheres brancas, inclusive ist s mM a questao racial” dete ial” (SOUZA, Claudete 47” CBO na cidade de g ~ sua subjetivid, ; Jo ho GitnciasSociais fo 8° PAU0. Dissertagar 4 ace € Seu Preterimento PE i 's da Ponttica Univensgee® @@ mestrado defendida na Facull™ "dade Catolica de Sao Paulo em 2008)" = _ M0 26.0 R20. cen es meu or anit Z Digitalizado com CamScanner Dossit especiny “Ge GENER & Sip SISTEM iy 549 spo auton ealzot ma pesqea de pall ma probabilidade maior de € vetificon ah em a prom Tidade Ticar que muth a8 i SoTagene TEM solteiras heres a amente 0 Tem com homens que tambem ems, ©: tando casadas ail e homens neg " TH sag er ae de homens negros que firm 10 Negros. Por outto Ta. a’ nic am vv aM Matrime coeatieer oe lev Otten ania nOnio coy 7 xpre | ‘auttora a atitmar que a an m mulheres brane 4 miscigenacao no B genacdo no Brasil x8 “ateeS profundas cm casamentos inter-raciais er atees pra : Aciais em q cot Galizado. Enquanto buscar uma parceita bry” Namen €0 Indiv a : = aca 0) ears, 0 posto NAO SC masa meee a € uma opcio para os jon aunio parceitos homens brancos, Tamente as mulheres ne wecitos homens brancos. 5 Beau estudos, Souza se deparou com um paradoxo sn que a muller negra se imsere em relacdes romantiens am rum lado, as mulheres negras sto tidas como eel egundo a autora, p iif Taterlocucao entre os pares ha uma acentuada soe, omc 3 Autor, uada assimetri a : i, ia uma “geque, pela lente do amor, seus atributos nao se enquadram nos estereotipos idos”® fina midiaticos requeridos””® — 0 que se relaciona intimamente com as palavras de gueli Cameiro em texto supracitado: : campo ao analisar a forma Estamos diante daquilo que o poeta negro Arnaldo Xavier considera 0 unico espaco de cumplicidade efetiva existente entre o homem negro e o homem branco: 0 machismo. Fles estariam de acordo e seriam ctimplices pelo me- nos nisso, no direito que ambos se dao de oprimir, discriminar e desumani- zar as mulheres, brancas ou negras.” A fragilizacao da autoestima da mulher negra, conforme aponta Souza, é sprofindada ao perceber que, além de nao conseguir se encaixar em um pa- dido de beleza publicitario, ela € preterida inclusive entre os homens negros, (ue supostamente partilhariam com ela uma bagagem similar de discrimi- nacio.® Esse historico de pretericao pode ser fator para que mulheres negras 26. SOUZA, Claudete Alves da Silva. A solidao di Preterimento pelo homem negro na cidade defendida na Faculdade de Ciencias Sociais So Paulo em 2008. p. 116. 1. CARNEIRO, Sueli. Raga, genero 1995. p. 550, aa 8 SOUZA, Claudete Alves da silva. Asolo da mulher negra sua subjetividade «0 Petetimento pelo homem negro na cidade de S40 Paulo. Disseteco ‘caoiea ée defendida na Faculdade de Ciencias Sociais da Pontificia Universidade Sto Paulo em 2008, p. 117. 1a mulher negra —sua subjetividade e seu de Sto Paulo. Dissertagio de mestrado: da Pontificia Universidade Catolica de ano 3, 2° Sem. ce ascensio social. Estudos Feministas, feos: ara alse sobre vilencissimbleas Mavi Caudia Gi sco re sto 201 is Caudia Gr no campo do’ a ae sale wivenciadas por mullet near paulo: Ed RT agosto 2018 it frsieira de Ciencias Criminals vol. 46. ano 26. 539° Digitalizado com CamScanner 9 . CCRIM 146 sys 2018 ° RBCCH estima abalada), quand com auto em dificuldades pa Ins rem bara Tot encont! cite a violencia doméstica e far i avi sop ae familigg a dos casos de Feminicidig 7 21 Sey 2 as «ne jo de violencia ~ sta clagg Sse Jaz mais press pantindo-se do da oe ae asente no historico da maio ee rf dades da mulher cm ste u pad » familiar, sua raga ~ sao a ei rsa raga i e amparo sig ou nao de® i at 19 do fendmeno. si contra pr goes ¢ particu! sua ronda, a existe eis para o ad 3. VioueNcia FATAL, RACIALIZADA cidio em geral s¢ apres oes vividas por mul acuimulo de opressdes vivi rencia dog vo quando o agressor considera que houve tansgressdo injustiicada do py social de subordinacao. ‘Apresentam-se como crimes Com caracteristicas mi ginas,” que muitas vezes tem componentes sexuais € de desfiguracao ~oque sustenta a interpretagdo segundo a qual a violencia de género nunca pose uma dimensio somente fisica, mas se apresenta também (e talvez principal mente) no plano moral, Nao por outra razao, Wania Pasinato aborda a inten cional aproximagio do termo feminicidio com genocidio: feminicidio é descrito como um crime cometido por homens contra me Iheres, sea individualmente seja em grupos. Possui_caracteristicas misoye nas, de repulsa contra as mulheres. Algumas autoras defendem, inclusive © uso da expresso generocidio, evidenciando um carter de exterminio & pessoas de um grupo de género pelo outro, como no genocidio." Ao infligir violencia sexual no momento do homicidio, o agressor realm ual ici i rressor reafirm ° spel da mulher de proporcionai indo-aa objeto [s- xual] cuja existénci; 5 ie Asdestgunay Somente teria sentido em razao das necessidades mast . eS i ti do corpo femiginn > mutlagdes, que atingem geralmente partes distin! i vagina e seios, apresentam-se como forma nao sot ceifar a vida da m wulher, autonomia » mas também de atacar sua individualidade, estetica? enta como resultado de um histricg ¢ uu ) femini O femir [heres em decorréncia do género, naa ‘own Mita Cauda Gronage Old Mari ucla Gi Solidi ven Revista Bras se Brasiira ge Crs SE nen mings vol aa DOssié Especiay- "Ge P, 2 "Géteng £0 € Sisteaa Puninyor | | 0 551 ¢ COMET, r ease COMENTO, O feminicidio em wirata-se do homictdio de ean’ ade ee tnulheres por seq en fete um papel my ow pessoa de seu _circulo ate S Por seu comp, Papel seit atic Pode se me? © ocr ee cetbanciaeeompe se manifestar ¢ ’ Maior parte das ar Como cons das vezes em eq 2 Hencia de Mancira m, ia de uma violencia resar de Fecorrente, se den de o, ow entao de fort : ais extrey 10, forma premeditada xtrema em determinado segundo pesquisa realizada pelo IDEA, 5 co de armas de fogo, € 34%, de instrumen ent Enforcamento ou sufocacao foram re, 0% dos 5 feminici dios envo to perfur, Iveram 0 ‘ante, cortante ou contun- ee ‘gistrados 3 jmatos ~ incluindo agressdo por meio de forca me ¢m 6% dos Gbitos. Maus- “ental, negligencia, abandono e outras sindromes , violencia sual, erueldade mental ¢ tortura) — foram registrados em 3% eee s Obitos.”* Jao feminicidio nao fntimo, menos evidenciado na sociedade brasileira (ainda que também muito expressivo), caracteriza-se por ser perpetrado por afeto ou de convivio. OS autores sio em geral amigos, colegas de trabalho ou homens que nao faziam parte do circulo social da mulher e/ou que por ela nu- iriam desejo sexual. Os estupros seguidos de morte, quando 0 autor nao é um familiar/[ex] conjuge/[ex]companheiro, inserem-se como feminicidios nao in- timos. Outro gatilho comumente apontado para ataques direcionados as mu- heres 6 0 inconformismo diante de negativas perante investidas sexuais e/ou amorosas de desconhecidos em bares, festas e até mesmo nas ruas ~ condutas que podem desencadear agressdes morais € fisicas, que variam do espancamen- toa disparos de arma de fogo, chegando a resultar na morte das mulheres as- sediadas. Nesse caso, é patente que uma resposta negativa a um flerte remete a subversio da expectativa patriarcal de exclusividade masculina em manitestar pre ani misogino seus desejos. Novamente a violéncia emerge enquanto ne Jocontrole social dos papéis de genero- Fstudo recente coordenado por Mans fato de que boa parte do sis ts eminiidioséntimos no Brasil acena Pat A Fra lidar cot crimes ‘ula cntendimento de dodo de uma pers ae jemanda a ados! re fizado em suias reais Mo- "29 $6 com que o homicidio de mulheres se)" invisible pressdes), mas thacdes (que em geral ¢ expressao do pice de wan hist cerca Rodriguez de Assis Machado hein IEA. Violencia contra @ i “A APLICADA ~ | a 8 mer eee OOM Tp eee m pal. Acess0 e lher: feminicidios no Brasil. Disponivel om eee “ovieveDFs/130925_sumn_estudoFemiiN = ise sre volencas siboicas ~ uma analise sot Pr SETH COPD Ses DS, pp £8, 0897018 Digitalizado com CamScanner 1 institucional co, a S VezeS CM QUE O Tribunay Ml tambem que se Te Stipos, culpabilizangg Soft, ana. Segundo oY Sander To EH, Conclamando ge Wig ¢ apresemta come er amon isténe. sos [eas o de violenta emocao.» engi perante¢ fea ada privilegiae quencia lancada a fim nail de homicidio pt fa paiva € CO frequene ano apen de Telativigg c: ja pa fame! Jao a as C A justice fd que fern como TNE “ uma baga; rom hi © Config in se crime la uma bagagem histgy; . gravidade desse crit og agressor, mas 10¢ Bi Ba8eM historicg td tcrindividual entre vitin jade do homem © no como ingye Vi propried : no momento das arguicoes pela gy tt nase nao 56 da culpabilidade dg 8 Iher. Mostra-se frequente 9 er como turalizacto da nmaller come PR ‘ cans que OCOrTe, autonomo. Identifica-se que or pela acusagdo no Tribunal do Jit es vitima como mul ; . ta da vitima © ; rad mas da propria condu fefeneenes te aon ae depreciativas da conduta femini SUPOStOS papeis é ses que sugerem que a vitima nao seria “uma boa egy. non a ae fron ave dena vidade do homicidio.™ De acordo com dados do Mapa da Violéncia 2015: homicidio de mulheres no Brasil, no lapso temporal compreendido entre 2003 ¢ 2013, houve ung queda de 1.747 para 1.576 (9,8%) no total de homicidios de mulheres bran. cas registrados. Porém, quando se olha para as mortes violentas de mulheres negras, vemos um aumento de 54,2% no mesmo periodo: houve um salto de 1.864 mortes em 2003 para 2.875 em 2013. Essa disparidade evidencia a ne. cessidade de verificar quem sao as vitimas para além de seu género (ou, na pers. pectiva reducionista da diccao legal, sexo). : Ponivel em: [httpyfv Cejus_FGV_feminicidi -Xperimenta” 0 2 0 telatétio Fe Jurema Werneck, a frente 4a minicidio: #InvizibilidadeMata, do lms TO nvizibilida Ic vel om: tll GALVAO, Feminictdio: #lnvizibilidade PY\wwwagenciapatriciagalvao.org.bi/doss mupet0S: uma andlise sobre violéncias ano 72 28S negras. eas Digitalizado com CamScanner eciso (estiONAT: POF qUe aS Dolitiegs 1 553 ” salvar apena “'S Dublic; cfeito Pare SAIVAF ApENAS mulheres prayer SS APAreMemeny . an ancas? eit ol jas 08 AINA, qUais respostag ren? Quis peng ee HO sue ie politicas de prevenao? 80 Seto negligenciadge oo i sligenciadas ~ 3 de Vi : a ela. jwras de Vilma Reis, a desty i 1 nN jiseriminacans oUStUiedO da vida fi jlitada PS ae Acoes acumuladas,3 ca das mulheres ne ras ¢ ol omnis, nao se trata de me lorie asseveram as tearee 0 aM as teoriag ag, mas de uma associagao d idades de opressao di- ‘temas multi : « wet de OpreseS iplos a va faccta de opressig ” le suordinaeg 1 eee O8 ETITOS disso ican evident te Bera arelasst sOcial € a raga das vitimas de feminictdhe ne ea? anali- 0 0 os no Brasil 03 indicadores sociais brasileiros, Iheres negras, revelam um context risco de vida, prejudicam o acess set garantidos pelo Estado e refor 7 s a avaliados na perspectiva das mue © de desigualdades que potencializam o 0 a Justica e a outros servicos que devem ‘am caminhos de desvalor de vidas, * A opressd0 de Classe AO pode ser dissociada da discriminagao de gt woe de raga, Mulheres negras habitam, em sua maioria, regides vulnevabil, iis, onde a violencia incide de forma mais gravosa e a seguranca publica {mostra menos presente. Ademais, um histrico de reduzida escolaridade, combinado com 0 racismo e 0 machismo, determinam que essas mulheres ccupem vagas de empregos com remuneracoes baixas e distantes dos espa- cosde poder. Importa destacar que a investigacdo a respeito de crimes que tém como fandamento marcadores sociais da diferenca nao pode se distanciar da propria «itica ao sistema punitivo como via de composi¢ao de conflitos. Conforme as- ‘evra Maria Luicia Karam, a légica punitiva ¢ em si contraditoria a defesa de ‘{fupos vulnerabilizados ¢ visa sempre a manter ou reproduzir mecanismos edominacao.” Ainda assim, a andlise critica da distribuicao de punicoes de- ‘elevar em conta as particularidades das vitimas ¢ sua eventual alocagao em thos de opressao especificos. = %. Idem 3. CRENSHAW, Kimberlé, Documento para o encontro de ese a discriminagto racial relatives ao genero. Revista de Estudos Feminists a Mia Len 2002.7 3, STITUTO PATRICIA GALVAO. Feminicti at, Maria Lucia. A esquerda punitiva. Ducane » Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, 1996. p81 ¢9" sm aspects da Florianopolis, cit. : Sedliciosos: crime, direito ¢ socie- oeneias simbalicas g re oa Feros uma anise 50 ‘a Claudia Gir Taio e risco no campo dos a as. yosto 2018. fang 8 Siotto do Solidi ¢ Tet iadas por MulReres NOP Sao Palo: Ed AU 29 Digitalizado com CamScanner yore» RBCCHM 146 sein de WIA ARTESSAO Fatal g nstitucionais €interpegs, stado em prover qe jo, cdUcacaO € SCBUTANCA, jpye ts spondo-ts a situacdes de yee adas por um homem oy, Ung 554 wre y ocortel va mito Ma m jvel ¢ se exterioriza na cee jeinstitueional cine nico " ins escolhas Made ico especilico. E, nesse ¢ 4 esponsab T posstem piiblico esP seme alent PTET Te, Frcs, ae ido a rmaler mera eS desvalor atid OES FINAIS NSIDERACOES FINAI - Consinenacnes o, tracar uma possivel linha de continuidade en deu-se, neste artigo, (7 a Prevent 5 mulheres negras. Os motivos que levam 884s my, cessbes direcionadas wo esas apres dt orma dstnta com a solidao podem trazer em si simi, Fa antes processos de dscriminacdo vivenciado por mlhens a * y Ss racializadas “Assim, sentimentos intimos fendmenos exteriorizados nos indi. -es de seguranca publica fandem-se em quest6es estruturais (estruturantes) de uma sociedade racista € machista. Morre-se na rua, pela violencia urbana es sm casa, pelas maos do companheiro; morre-se simbolicamente pela auséncia a de oportunidades e pelas doses cotidianas de senso de inadequagao estético.E como se 0 corpo negro feminino pertencesse a todos — mercado, homens, si tema -, mas nao a propria mulher; motivo pelo qual a retomada da autoestima €a apropriacdo, pelas mulheres negras, de seus corpos e potencialidades € uma demanda politica urgente.* y 40. ues ngs psn 58,86% das vitimas de violencia doméstica, segundo 2015 do Miner es mas de mortalidade matera, segundo dads & Gados de 2014 da Fads ne O99 das vitimas de violencia obstetrca, segue idacio Oswaldo Cruz; 68,8% das mulheres mortas pot #er& So, de acordo com dados de 2015 do ério da Justica, Cor 2 Compilag de 2015 He ist Justice ez 4l, we nenhuma e: ai ial indi ue SPAER Sa recupersy estoria de mobilidade social rang eo (CARNEIRO, ee fet¥a de nossa capacidade de auodeter ae 2° Ser i. . 1995,» 553) Nl! 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