You are on page 1of 449
- Lois CARRE Serer tS ONTOS POPULARES > DA GALIZA Museu de Emografia e Historia _ JUNTA DISTRITAL DO PORTO FAL - CARI L- cm LOIS CARRE ALVARELLOS CONTOS POPULARES DA GALIZA Museu de Etnografia e Historia JUNTA DISTRITAL DO PORTO PORTO — 1968 PREFACIO JA em 1949 tive a honra de prefaciar uma obra notdvel do meu querido e saudoso Amigo Lois Carré Alvarellos, intitulada «Romanceiro Popular Galego de Tradizon Oraly que foi galardoado com o prémio «Padre Feijéo» pelo Centro Galego de Buenos Aires, em 1955. Atendendo ao seu alto merecimento, este trabalho foi publicado sucessi- vamente em varios niimeros do Boletim do Douro Litoral e no fim sain em livro que ficou a ser uma das mais notdveis edigdes do Museu de Etnografia ¢ Histéria da Junta Distrital do Porto. Antecedem este excelente Romanceiro as palavras proféticas de Manuel Murguta: «gran servicio haria a las letras y al pais gallego, el recogiese fielmente, no solo las leyendas, sind los cuentos, fabulas, cantares, etc, etc, esas vivas manifestaciones del sentimiento pottico del pueblo gallegon. Ninguém prestou & Galiza maior servico nestes dominios do que Lois Carré Alvarellos, que bem merece o respeito e a admiragiéo dos seus conter- raneos pelo muito que fez em prol da sua Terra. O sea «Romanceiro Galego» fica a atestar as geracées vindouras quanto pode o amor a uma das mani- festagoes mais apaixonantes do saber tradicional. Lois Galo Vicente Carré Alvarellos nasceu na Coruiia, a 22 de Janeiro de 1898 ¢ faleceu a 26 de Abril de 1965 na mesma cidade. Foi um investi- gador notivel e ficou como exemplo bem demonstrativo do que vale o estudo persistente e sério. Teve na sua propria familia uma grande escola, pois era constituida por escritores de justa nomeada. Eugénio Carré Aldao, sen Pai, legou uma obra que o tornou célebre, assim como seus ilustres irmios Eugénio e Leandro, E ao falar em Leandro Carré Alvarellos seja-me licito anunciar que a «Revista de Etnografiay se sente muito honrada em publicar o seu magistral ensaio «Las Leyendas Tradicionales Gallegas». Em 1952 Lois Carré foi nomeado membro correspondente da Real Academia Galega, que assim consagrou os seus valiosos trabalbos cientificos. Quero chamar neste momento 4 atengéo para os seguintes: 0 que escreveu «Sobre el Museo escolar y manera de formarloy que foi premiado no «Certame Pedagogicon organizado na Coruita em Setembro de 1926». Em 1929, novo prémio lhe é concedido, no «Certame Galaico-Castelhano do Centro Galego de Montevideu, pelo seu «Estudo encol da Escritura Hemisféricay, contribuigéo para o estudo da Historia da Galiza, Em 1951, também o seu ensaio sobre «Manuel Curros Henriquez. A sua vida e a sua obray obteve novo prémio no «Concurso Literdrio em home- nagem ao grande poeta, comemorativo do centendrio do seu nascimento», pelo «Centro Galego de Buenos Aires» e publicado em 1953 pelas «Ediciones Galiciay da mesma cidade. Outro prémio lhe é atvibuido em 1952, no «Certame Literério do Centro Galego de Madrid» pelo estudo «La obra romantica de Vicetto (Sintesis valorativa de su obra). Esta série de prémios demonstra o valor indiscutivel de Lois Carré Alvarellos e marca bem a sua carreira ascensional no campo das letras. Se bem que fosse fundamentalmente um cientista, escreven também duas novelas: «O consentimentoy» em 1926, e 0 «Alevamentoy, em 1928, ambas com o pseudénimo de Luis Vicencio. No entanto, volto a repetir, foi na Pré-Historia e na Etnografia que se evidencion a actividade de Lots Carré Alvarellos. No que diz respeito a Pré-Historia, quero recordar os excelentes ensaios: «Un falo alado en el Museo Provincial de Lugo, estudo encol do culto fdlico na Galizay, Boletin de la Real Academia Gallega, 1945; Una nueva pieza para el Catélogo de Torques Gallegos», Boletin de la Comision de Monumentos Histéricos y Artisticos de Lugo, 1947; «Piedra con inscul- turas en espasantey, idem, 1949; «Una representazon do Deus Innominado Pre-Romdn?», Boletin de la Real Academia Gallega, 1956; «Estudo Encol da Escritura Hemisféricar, Brdcara-Augusta, Revista cultural da Camara de Braga, 1957. (Trata-se dum novo trabalho, apesar de ter o titulo de um estudo jd elaborado em 1929 e por mim atrds citado). Nos dominios da Etnografia, recordo 0s «Temas Foleléricos Galegos — Arte popular escénico — Descrizon de alguns simulacros escénicos» — Boletim Douro Litoral, 1954; «Noticia sobre el Castaito y su aprovechamiento en vl Galiciay (Informe etnogrdfico-folclérico), Boletim Douro Litoral, 1956; «Histéria do Folclore na Galiza». (Comunicazén presentada ao I Congreso de Etnografia e Folclore—Braga 1956), Actas, vol. 11, Lisboa, 1963; Teatro Popular, idem, vol. m; «Labores da Terra. O Trigo». (Comunicazén presentada ao Colbquio de Estudos Etnograficos Dr. José Leite de Vascon- celos. Porto, 1958), Actas, vol. 1, Porto, 1959. E, caso curioso, os trabalhos mais importantes de etnografia de Lots Carré foram publicados em Portugal e mais precisamente no Porto, cidade que ele admirava sinceramente. Ainda merecem referencia especial dois artigos: um intitulado «El Idilio del Poeta Aguirre con Felisa Tabouda en la Cindad de Vigo, reportage da vida do poeta roméantico mais sonado da Galiza», publicado no niimero especial do jornal «Faro de Vigo», comemorativo do sen centendrio, Vigo, 1954} outro: «Sobrado dos Monxes e 0 Renascemento Galego»; infruxo do mosteiro en Vicetto durante a sua estada como soldado, nas loitas civis do século xvi, e consecuencias para 0 rexionalismoy. «Lar», Buenos Aires, Julbo de 1954 e Abril de 1955. No entanto, deve dizer-se que as suas duas obras fundamentais «Romanceiro Popular Galego de Tradizon Oraby e «Contos Populares da Galizay si0 edigdes do Musex de Etnografia e Histéria do Porto. A Junta Distrital do Porto, ao autorizar a publicagdo destes dois livros, veio prestar mais um alto servico a etnografia portuguesa, pois é impossivel fazer-se um trabalho de investigagao profundo sem se conhecerem as tradigbes galegas. Tal como ja aconteceu com 0 «Romanceiro Popular Galego», que é 0 primeiro, e, até agora, o iinico que sobre este tema e em conjunto se fez na Galiza, 0 mesmo sucede com os «Contos Populares da Galiza», que é também a mais importante vecolha de contos populares galegos. Lois Carré Alvarellos era justamente considerado nesta matéria, pois, desde 1961, pertencia a «Marchen der europiichen Vilker» importante associagao alema na qual figuravam os principais especialistas do Conto Popular de todo 0 mundo e onde Lois Carré publicon nos volumes anuais por esta instituigao editados alguns contos inéditos por ele recolhidos na Galiza. E para maior prestigio do seu ilustre nome, foi o primeiro cspanhol que figuron em tao douta colectividade. Eis, em rapida sintese, quem foi Lois Carré Alvarellos, 0 autor dos «Contos Populares da Galizay. Na «Introdugdo» deste seu livro 0 saudoso investigador jd nos abre largos horizontes sobre um tema que hoje apaixona os maiores tratadistas da matéria, Explica-nos as razes que o levaram a fazer este trabalho, diz-nos quais as caracteristicas fundamentais do conto vin Galtciay (Informe etnografico-folclérico), Boletim Douro Litoral, 1956; «Histéria do Folclore na Galizay, (Comunicazén presentada ao I Congreso de Etnografia e Folclore— Braga 1956), Actas, vol. 1, Lisboa, 1963; Teatro Popular, idem, vol. m; «Labores da Terra. O Trigoy. (Comunicazén presentada ao Coléquio de Estudos Etnograficos Dr. José Leite de Vascon- celos. Porto, 1958), Actas, vol. 11, Porto, 1959. E, caso curioso, os trabalbos mais importantes de etnografia de Lots Carré foram publicados em Portugal e mais precisamente no Porto, cidade que ele admirava sinceramente. Ainda merecem referéncia especial dois artigos: um intitulado «El Idilio del Poeta Aguirre con Felisa Taboada en la Cindad de Vigo, reportage da vida do poeta romantico mais sonado da Galizay, publicado no niimero especial do jornal «Faro de Vigo», comemorativo do seu centendrio, Vigo, 1954; e outro: «Sobrado dos Monxes e 0 Renascemento Galego»; infruxo do mosteiro en Vicetto durante a sua estada como soldado, nas loitas civts do século xvi, e consecuencias para o rexionalismoy. «Lary, Buenos Aires, Julbo de 1954 e Abril de 1955. No entanto, deve dizer-se que as suas duas obras fundamentais «Romanceiro Popular Galego de Tradizon Oraly e «Contos Populares da Galizay sto edigdes do Musex de Etnografia e Historia do Porto. A Junta Distrital do Porto, ao autorizar a publicagao destes dois livros, veio prestar mais um alto servico a etnografia portuguesa, pois & impossivel fazer-se um trabatho de investigagao profundo sem se conbecerem as tradigdes galegas. Tal como jd acontecen com o «Romanceiro Popular Galego», que é 0 primeiro, e, até agora, 0 unico que sobre este tema e em conjunto se fex na Galiza, 0 mesmo sucede com os «Contos Populares da Galiza», que é também a mais importante recolha de contos populares galegos. Lois Carré Alvarellos era justamente considerado nesta matéria, pois, desde 1961, pertencia a «Marchen der europaichen Volker» importante associagéo alema na qual figuravam os principais especialistas do Conto Popular de todo 0 mundo e onde Lois Carré publicou nos volumes anuais por esta instituigdo editados alguns contos inéditos por ele recolhidos na Galiza. E para maior prestigio do seu ilustre nome, foi o primeiro cspanhol que figuron em tao douta colectividade. Eis, em rdpida sintese, quem foi Lots Carré Alvarellos, 0 autor dos «Contos Populares da Galizay. Na «Introducaoy deste sen livro 0 saudoso investigador j4 nos abre largos horizontes sobre um tema que hoje apaixona 98 maiores tratadistas da matéria, Explica-nos as tazbes que o levaram a fazer este trabalho, diz-nos quais as caracteristicas fundamentais do conto vit popular galego e tem esperanga que um dia vird em que outros tomem Sobre si a tarefa urgente de um estudo comparativo entre as narrativas tradicionais por ele coligidas com a de diferentes paises europens. Depois de falar sobre 0 conto popular na «generalidader faz uma «andlise criticax, para, logo a seguir, nos dar uma rdpida explicagio sobre a diferenca que existe entre 0 «conto popular» e a «lenday. Chama também 4 atengao sobre a «linguagem» e para o que ha de espontineo nesta admi- rivel criagao do povo, pleno de «colorido locals, sem perder com isso 0 sentido da «universalidaden. Lois Carré Alvarellos num «Estudo Etnogrdficon primoroso mostra como é dificil a recolba dos contos, e 0 cuidado que nela se deve ter, pois «o contistay possui uma psicologia propria e, por isso, é preciso estar bem atento a descrigéo e também nunca esquecer «o ambiente» que o cerca. A seguir esclarece-nos sobre a finalidade dos «contos populares», para logo nos falar sobre as curiostssimas formas por que eles comecam e acabam. A «lntro. dugaoy termina por nos apontar as miltiplas «variedades e divisto dos contos» e a dificuldade que teve em os classificar. O leitor verd as inimeras espécies que se distribuem ao longo de mais de quatrocentas paginas e poderé avaliar quanto trabalho despendido para levar a cabo uma tarefa desta natureza, onde Lois Carré Alvarellos, com uma paciéncia beneditina, nos dd uma série longa de contos cujo enredo vai do mais simples ao mais complexo, dos contos mavavilhosos até as historias de animais, desde os contos de sentido religioso até aos mais irénicos e mordazes. Isto é, tal como ensina Lois Carré Alvarellos, através do conto popular podem fazer-se estudos fundamentais sobre a psicologia e 0 gosto estético do povo, fontes preciosas de conhecimentos e de interpretagao da maneira de ser, dos costumes e da crenca das gentes das aldeias repartidas pelas quatro provincias galegas, Neste livro encontram-se registados 262 contos tradici nais, obra exans- tiva e meritéria que o Saudoso investigador Lois Carré Alvarellos vealizou com os olbos postos na sua sempre amada e querida Galizal FERNANDO DE Castro Pires DE LIMA (Director do Museu de Etnografia e Histétia do Porto) vin INTRODIZON SE A ARTE popular nas suas mais diversas manifestazéns adoita se con- siderare como un dos elementos dé meirande valor pra nos fornecer unha ideia da espiritualidade dun pobo, en traténdose da literatura popular, pédese decir que a estes efeitos, supera con moito a todal-as demais produzéns artisticas conxéneres, pol-as circustanzas tan esceicionaes como caraiteristicas que en ela concorren, pois para o caso, condensa os mais puros valores do esprito dun pobo, por se nutrir de aquelas esenzas que trocadas en forma, tencién e sentemento, amostran ao través das conceiciés que lle son propias, ou pol-a escolla de aquelas pezas de caraiter universal mais do seu aprougue, cal € 0 complexo da ideosincrasia coleitiva nos seus diferentes aspeitos, chegando ao mais fondo, e pofiéndonos ben de manifesto pol-as tendenzas dos teimas e a predileicién dos seus gostos, irmanados pol-o tempero artis- tico a caraiterizal-a sua vea creadora, o espritualismo ou o brosmo do xenio coleitivo, o seu nivel moral, e canto de mais puro ou que aquel de tosqedad alenta nos seus anceios e tamén nas suas mais imas creenzas, trocadas para ‘© caso en materia para o esparexemento da sua eisistenza. tan grande o convencemento que temos da verdade e importanza de canto vimos de decir mais arriba, que tal foi a raz6n a nos levar a emprestarlle a meirande atenzién 4 literatura popular, de par de outros tei- mas de estudo e pesquerizns a que vimos adicando dende hai moitos anos, unha parte das nosas aitividades, no bon desexo de contribuir, sequet fagimolo con honesteza, ao mais compreto cofiecemento de canto coa nosa terra relazdase. N-ese labor de Ardega tarefa, longo xa no decorrer dos anos, fomos recollendo dia atrés dia, e peza a peza, sempre que atopimol-o conxeito, a fartura espallada do noso acervo da literatura popular de tradi. z6n otal, e 0 froito do noso pescudar calado e cotidn, estrevémonos a volo ofrecer hoxe en parte, caro leitor, axuntando n-esta nosa coleicion, unha serie de pezas tanto pol-a esenza como pola forma, populares e tipicas, gue poden ouvirse en calesqueira curruncho da nosa tetra, inda que como Ouservaré quen nos lére, pol-o ponto de orixe que se consina 20 pé de cada conto, — figurando no primeiro lugar o nome do rueiro onde foi recollido, seguido do nome da parroquia que leva sempre anteposto o do santo Padroeiro, ¢ logo do nome do auntamento e 0 do pastido xudicial mais o da provincia de ser preciso,— proceden os mais de eles da «Terra das Marifias», unha bisbarra de certa largueza onde se abranguen as ribeiras das rias da Crufia, de Sada e de Betanzos, amais das de Pontedeume e do Ferrol, nunha fondura variabre terra adentro, sen pasar dos vinte kiléme. tros, ou rebordando pouco mais en moi contados casos, Entendendo que compre fagamos costar a xeito de acraraci6n necesa- ta enantes de lle pofier fin 4 presente Introdiz6n, 0 pot qué prescindimos de moitos materiaes que corren en castelan por vilas e cidades, deciremos Pra nos xustificar, que facémolo asi, por se fosen chegados en pubricaz6ns de diverso orde do comercio literario con outras terras, pois inda que moi ben poden ser versiés galegas castelanizadas no meio ambente onde corren, pol-a diibeda, deixdmolas a un canto, como tamén fixemos con algunhas variantes recollidas de contos que pubticamos, sempre que as diferenzas coa version dada a cofiecer por mais compreta e millor, non pasan da forma de espresién e de miudezas sen calesquet importanza, estremindonos no caso de pusuic varios exemprares n-esas condicién, a pofien ao pé do conto pubricado, os diferentes nomes das localidades onde os recollimos, Antepofiemos 4 nosa coleicién, uns apontamentos a xeito de estudo limiar encol das caraiteristicas do conto popular en xeneral, e falamos a res- peitive da Galiza, do contista, do ambente, do ouxeto dos contos, das for- mulifias de comenzo e romate, do agrupamento por crases, e da comenenza do estudo comparativo, cé bon desexo e a espranza de que ogallé xurda un dia non moi lonxano, quen con novas pesqueriz6ns, e canto poida haber de proveito no noso labor ¢ mais no de outros, faga dun xeito cientifico, © estudo do parentexo da nosa literatura popular de tradizén oral, coas demais da vella Europa. Téiase por adaxe do noso estrevemento 20 nos enguedellar no ardego labor de hoxe, a boa tenz6n que nos move 6 nobre anceio de arrequecel-o «corpus» do noso folclore en canto se refire ao conto popular de tradizén oral, e de mover 4 imitanza a outros colleitores, porque, se ben é certo que por algiins boletis e pubricazéns da arnaxe mais varia dironse a cofiecer moitos materids, amais de atoparense espallados e sere moi caristoso 0 dar con eles, non sempre foron verdadeiramente populares, e ainda moitas veces, fixose con engadegas aos deturpar, amais de que apenas se algunha coleicién por demais curta, inda que 6 seu mérito, viu a liz pibrica nos nosos dias, corréndolle en esto moito millor sorte, ao noso canzoneiro, ao nosso refra- neiro, e até ao romanceito, do que hai ben pouco pubricamos unha colei- cién de 147 pezas na compafia de un estudo limiar (*). XENERALIDADES Compréndese baixo a denomifianza de literatura popular ou tradizoal, aquel conxunto de produzins de xeito literario e caraiter anénimo, que corren de boca en boca e transmitense de unhas a outras xeneraz6ns, amais de concorrer n’elas determifiadas caraiteristicas de inxenuidade de fondo e sinxeleza de forma, itmanadas con unha chea infinda nos modos de espresion, Non é do caso, arestora, o nos ocupar nas diferentes tendenzas de escola que tefien entrado en retesfa encol dos orixes e produzén da litera- tura popular, pois xa fixemos algunhas considerazéns a respeitive no noso «Romanceiro Popular Galego de Tradizén Oral», citado na Introdizén; ademitimol-a tese da ctiaz6n persoal, da eisistenza de un autor fineco pri- meiro, mas, temos pra nds, que a condizén de popular promana, percisa- mente, de que a obra de que se trate, ainda sendo froito de un labor per- soal, e tendo s veces un orixe mais ou menos erudito, ao sere conservada pola tradizén como un algo propio de cada repetidor, perde no decorrer dos tempos por mér do labor individual dos millenta membros da coleiti- vidade que a trasmiten, o antergo caraiter persoal, ¢ sabido, pasando refletir © esprito e tendenzas peconiales do grupo, dun xeito mais en consonancia coa maneira de facer do pobo, e, compre asinalar asemade, que ningunha obra por perfeita que ela sexa, se non responde as arelas, ou ao sente- mento de caraiter coleitivo, quérese dicir, se non soubo cautal-a esenza ()_Véxase: «Romanceiro Popular Galego de Tradizén Oral». Junta de Pro- vincia de Douro Litoral, Porto, 1959. Separata de Douro Litoral —Boletin da Comi- ssifo de Etnografia e Historia. idosincrética da masa popular, non chegard endexamais ao dominio do tra- dizoal, porque, non atinando a afondar na i-alma, non fixo acordal-o anoto do sentemento étnico, difuso, mas, Jatexante, adormentado, meio incons- cente si se quér, pro vivo, ao cabo, disposto sempre a rearxir e se mani- festare se ten modo de o facer. O tipismo, pois do popular, promana ao noso ver, da espontaneidade con que a obra se produxo, cal o froito de un sentemento latexante de caraiter coleitivo, cautado por unha individualidade sobresainte con capa- cidade de abondo para trocar unha obra tanxibre a que lle da cabo 0} xene- ral asenso, amosttado no apracemento de que a masa da unha boa proba, recebindoa como cousa propia, e amais de a conservar con agarimo, espa- lala pol-as terras raianas, e ainda se cadra, pol-o mundo enteiro; unha vez chegado ao dominio do pobo por se ter compenetrado cO esprito que na devandita obra latexa, e que ven sel-o seu propio esprito. Outro dos pontos a debater, o da procedenza ou orixe das ptoduzéns de tipo popular, no tocante 4 inspirazén e 4 téinica, sabidas ou vulgares, coidamos tense ourentado dun xeito imperfeito, unilateral, ben pouco axei- tado, méisime se cavilamos que sendo a literatura popular unha criazén human, responde a causas e ten otixes tan complexos como vatios, por estare sometida ao xogo de moitas infruenzas; e, asi vemos, como 4s veces, o autor sabido, inspirase ou vai na precura de elementos constitutivos ou formaes ao cabedal popular, facendo doado que a sua obra volte 4 masa de que se non tifia arredado por enteiro, maisque, a sua condiz6n de estilo traballado, como producida pra sere adicado a mais requintadas esfe- ras culturaes, somelle na sua aparencia levala ao canto do popular; ou, se cadra, € a sua produzén libre nun todo de estas infruenzas costrutivas popu- lares, amais de se nos ofrecere encaixada nos moldes de unha téinica da meitande polideza, e por enteiro allea 4 maneisa de facer do pobo, na que 0 seu autor imprimiu ourentazéns novas de carditer persoal, ou fillas de infruenzas alleas, a que, por se dare n-ela esas circustanzas a que pouco hai referidmonos, decindoas por esenza ateigadas de sentemento con unha fonda tendenza espritoal e moi afins 4s coleitivas, comenza por se popula- tizare, e sigue logo o proceso enteiro no decorrer do tempo ao través da tradizén até se esvair de un xeito ausoluto o artifizo téinico e a persoali- dade do autor; e, se esto chega a acontecer cando aquel é sabido, convirtese nun labor de transformaz6n mais facile e rdpida, cando o autor non pasa de ser unha individualidade xenial, si, mas sen outro cultivo das suas facul- tades ctiadoras, que o esprit artistico persoal ¢ innato, infruido do meio ambente circundante, sendo a sua produz6n, unha obra millor ou pior, mais menos inspirada, pero sinceita, sin se sumeter aos cdnones da sabencia e da moda pasaxeira das escolas impeirantes, asemellindose a peconial inxe- nuidade das produzéns libres de artifizo, caraiteristica do cabedal popular, ateigadas dun atrainte saibo de espontaneidade, nas que a sinxeleza e o sin- cretismo son méritos cotids. Deixemos ben sentado, pra Ie non dar pé ao trabucamento, que a condizén de popular de calesquer produz6n, seia ou non literatia, non pro- mana do feito do seu autor pertenescer a un determifiado estamento social, senén das circunstanzas referidas, © conto popular que viu costituil-a materia do noso pescudar de hoxe, se ben € certo que por ire avincallado 4 abastosa literatura popular de que forma parte, tesponde en xeneral as devanceiras definiciés, ten por outra parte un caraiter especialismo que o ven diferenciar en certa maneira dos outros xéneros afins, e, promana esto, de que o inxente espallamento dos seus temas ao través do espazo e do tempo, é moito meirande n-ele que nos outros campos literarios, por sere a sua materia de mais facile trasmisién, pois a non prenden nen a medida nen a rima do verso como acontéz coas «historias», como os nosos labregos chaman 4s narrativas en verso, que requiren o seren adeprendidas verba a verba para as deixar ben graburadas na memoria si € que se queren lembrar logo. O conto popular rediicese, en esenza, a unha natrativa curta con un fundo human de universalidade a se trasmitir de uns a outros pobos, cos- tituindo este fundo ou teima, o que poderiamos chamar o seu esquelete; mas, por outra parte, améstrasenos infruido de par, en moi diversa grada- z6n, asegtin os casos, polo que poderiamos dicir cOrido local, que non é cousa mais ningunha, que o refrexo da persoalidade dos grupos étnicos en cuio seo foron recollidal-as diferentes variantes ou versiés de cada conto. O meirande nimero de somellanzas en cada unha das partes das numerosas versiés, en comparanza con outra dada, pédenos servit para apontar o posibre logar de orixe da forma primeira ou inizal, e tamén, si ben ao caso, a terra por onde entrou nun pais a forma a provir do estranxeiro e 0 seu camifio de espallamento, si se dar 0 caso que na forma avaliada como modelo, concorresen en maior nimato esas partes ou carai- teres tipo da narrativa de que se tratar, que podemos asinalar logo espar- xidos ao través de todal-as demais, e poderemos afiuzar mais n-esa crénza, se pol-a sua afinidade con outras composiz6ns da mesma ou de diversa arnaxe literaria, pédense avaliar como peconiales do grupo étnico onde foi recollido 0 conto consideirado como a mais anterga forma das demais versiés. Por outro parte, son tamén esas somellanzas 0 meio mais axeitado e eficente para estabrecer 0 grau de parentexo antre os contos populares dos diferentes paises, 0 que, axudado de outros fautores folclérico-etnogrficos, pode escrarecer mais de un probrema histérico ao nos fornecer un novo rasto_poderoso, De se propofier facer un estudo do conto popular, éste debe abranguer cando menos dous aspeitos: un, o seu andlise critico, como produz6n lite raria, € 0 outro, o seu estudo folclérico-etnografico. No primeiro precisase consideirare as suas caraiteristicas; a afinidade e diferenzas que ten coa lénda; a sua linguaxe; o caraiter de universalidade e 0 cérido local. No segundo, habemos de Ile emprestare toda a nosa atenz6n, pois ben a meres- cen, a quen conta os contos; ao ambente; a cal sexa a finalidade que cos contos se precura; as formas adoito empregadas pra Illes dar comenzo e pra os romatar; 4 varieade de teimas e ao seu agrupamento no conceito popular do pais, e, sobor de todos estes aspeitos de tantismo interés, a0 si se quér mais istrutivo de todos eles, ao seu estudo comparativo por ares xeogrificas, Ao presente, e por se non tratar coa nosa coleicién de hoxe, mais que o dar a cofiecel-os materiaes recollidos, estremarémonos no noso estudo de xeneralidades, aos diferentes aspeitos da andlise critica, e aos de tipo folclético-etnografico que fan’ relaz6n 4 nosa terra galega, deixando para millor oportunidade a comparanza dos nosos contos populares cbs das outras rexiéns da Espafia, para asinalal-a sua posiz6n no marco xeografico da Peninsua. Andlise critico De por parte de aquelas circunstanzas pouco hai apontadas que como dicimos costituien a caraiteristica do conto popular, compre asinalar, unha vez dentro do terreo da critica literaria, consideirando como propiedades peconiales de aquele, a sobriedade, refletido pol-a concis6n e dun xeito xeneral pol-a ausenza de calificativos e descriciss que poderian Ile empres- tar unha meirande beleza 4 narrativa, mas, que de non sere esenciés, a inventiva popular deixas a un canto; por falla de imaxinazén poética?, non, por craridade, con mentes de non estrael-a atenzén dos ointes, da ideia fondamental e xenética da narrativa. Unha consecuenza inmediata da falla de ese artifizo construtivo, tan oposto 4 naturalidade cotién n-este xénero de produzdns, é a eliminazén dos tépicos frolidos e mais dos recursos efeitistas dos que tanto espasi- Ilase as veces na literatura culta ou erudita; de ahi promana o recendo atrainte de inxenuidade, que fai mais amébele ao conto popular, empres- tindolle un certo saibo peconial de eternidade que nas etapes crucids da crise dos estilos cultos, levanos botal-a vista ao homildoso venero, na precura de remozamento das formas decadentes a rebordar culteranismo choco por mais runfleiro. © conto popular € naturalista sin que en xeneral caia no bocachén, de non ser nos casos propios de ese xénero particular, non recollido por nds, n-esta coleicién, que eisisten en todal-as literaturas populares e erudi- tas do mundo; adaita as suas narrativas, ao que tanto o contista como os ouvintes, ven e viven, de ahi, o cérido local; sinxelo na forma, a sua lin- guaxe nun todo natural, sen escolla, é a da conversa cotidn, por eso tamén, sen facer esparamexo e como cousa corrente, 0 que € moi ldxico, a0 se tratar de certas funciés orgdnicas consideitadas porcas pol-os convenciona- lismos sociaes, que o non son no mesmo grau para o elemento popular, e mais ainda para o campesic, refirense a elas pol-os seus nomes, unhas veces cd gallo de facer risa, outras, por non sentil-a necesidade de se valere de eufemismos. Usase moito do parrafeo, mas, éste, adoita en xeneral ser sinxelo e répido, sen grandes parrafadas nen compricaz6ns, cuase que sempre de perguntas e respostas curtas; e, outra particularidade do conto popular, e dun xeito moi especial en aquelas narrativas mais longas e con meirande trambilico, achegadas ao romance e con un fondo mais ou menos mara- villoso, ven a costituir unha acusada tendenza 4 repetiz6n de certos pard- grafos enteiros, dun xeito invariabre, sen o mais lene troque, nen de ponto nen de coma. Pra romate, engadiremos, que eiqui, na Galiza, hai unha variedade de contos populares como se verd, que coidamos ainda sen os cofiecer que tamen os tefian os outros pobos, o dos que é a sua caraiteristica a breve- dade, podéndose dicir de cles que viran arredor dun dito, dicaz, as veces, ou chusqueiro, outras, cando non é que levan en si unha sentenza filos6- fica; tefien amais cuase que sempre estes contos un certo saibo epigrama- tico, non sendo raro o emprego de aqueles ditos na conversa cotidn, sem- pte que ven ao caso, ¢ eles son como un estraito do contido dos devanditos contos, a correr de voca en voca. Somellanzas e diferenzas antre 0 conto e a lénda De par do conto popular e moitas veces a se confundir con ele, corre a lenda; nesta, que pode set de duas crases a sua vez sudivididas, compre salientar como as mais principaes as histéricas e as miticas. Na coleicién que hoxe damos ao prelo, incritiense non poucas léndas; prescindimos das de caraute histérico, por se tratar de narrativas de tipo local a correr en determifiado logar, enantes que de narrativas de tipo xeneral, maisque, a cotio leven aparellados certos elementos miticos en formas mais menos putas, mas, damos non embargantes algunhas relazoadas con seres sobrenaturaes, ultraterreos, pol-o seu fondo mitico e relixioso, que vefien ser como a fidel espresién mais tipica da crendice popular coas suas estranas criazéns mes- turadas de certo sentemento medoso con un aquel de chuscada, froito e imaxen da i-alma do noso pobo, a se refrexar nas suas creenzas ao través de esas tres facetas principaes relazoadas c aén, cos entes sobrenaturaes, € coas ideias piedosas; facémolo asi, porque esta crés de léndas, non é Ptivativa dun ponto dado, e se nds recollimolas n-esta ou na outra terra, atépanse cds mesmos caraiteres e somellantes miudallas de non seren nun todo iguaes, espalladas por todo o ameto do pais, probandonos asi, seren como 0s contos, a estes efeitos; logo, podense ter por iguaes a estes, inda promanando dun diferente orde de ideias. Nas léndas, pol-o xeneral, créese, 0 que non acontez cés contos, inda que poida haber ointes capaces de se identificare con algtin dos hero's da narrativa, chegando sentil-as suas magoas, aleddndose coas suas ledicias, ou prendendo da inquedanza pol-os seus apretos contrallas, Das léndas que recollemos, cOntanse como edificantes, unhas; de adevertenza ou pra pro- catar, outras, e pra romate, algunhas, tambén, como sucedidos, ou de sim- ptes pasatempo; n-esta crds de léndas, é ben xeneral o aparescer avincallado con elas algin vecifio, que foi para o caso o autor ou particimeito nos feitos de que se fala, cando non € como acontéz moitas veces, que o mesmo contista di pasoulle a ele, ou tivo modo de o ver; eis, pois, a dife- renza esenzal antre os dous xéneros, de por parte de que na lénda, actisase unha meirande intensidade do sobrenatural, que chega costituil-o amago da narrativa, no entanto que no conto, o sobrenatural cando eisiste, aparéz trocado en fantastico e maravilloso, mas, inda asi, se non emprega sempre tampouco, por se ter releixado 4s narrativas de caraiter chegado ao do fomance, que por esa condiz6n, ofrécense mais «traballadas» sen se arredar da peconial sinxeleza, cal si se tratar de produzéns de mais outa cras, che- gadas ao pobo de outras crases mais cultas pata as que foi composta,.¢ dimpois de ter pasado por un proceso de adaitazén pra se afundir nas correntes eternas da literatura popular. A linguaxe Como todo o produto a correr antre as masas, e por elas modelado pra o axeitar aos seus gostos e tendenzas, os contos populares vistense ca linguaxe da rua e do campo, por eso, pédese dicir das belezas que atesouran na fala, ou da polideza ao se espresare, da eufonia, do sente- mento, ou da crueza nos conceutos e nas ideias, tanto como do argu- mento ou teima aos caraiterizar, que son propios do idioma e refrexo do tempero estético do pobo que precura n-eles o esparexemento do seu esprito, pois, no conto popular, non eisiste o artifizo cultista, nen un tencionado debezo de locemento que leve a contrafacer as esenzas formaes populares, cal acontéz 06 froito do labor dos artistas profesionés; no conto popular, xa o dixemos, todo é natural e esponténeo, de ahi a necesidade pra o non despoxar das meirandes mostras das suas galanias, que se impofia a reco- Ilida dos contos tal e como os conta o pobo, sen efeites nen troques; por eso, nds damos 4 pubricidade, na fala nativa, os que tivémol-a sorte de recoller, reproducindés tal e como ouvimos contalos. O cérido local e o caraiter de universalidade Dado o caraiter de xeneralidade que Ile imprimimos aos presentes apon- tamentos, parécenos o estar fora de logar o afondar de mais n’estes concei- tos, no que se refite a canto poida facer referenza & caraiteristica diferen- cial dos materiaes dados hoxe a cofiecer, pois se non trata de un estudo de comparanza, pot eso estremdmonos en seguil-a ténica marcada dende © comenzo de estas disgresi6s sen outro fin que o de fixal-a nosa posiz6n a0 nos enfrontar cOs problemas que elas abranguen. En lifias devanceiras sifialamos xa, enantes de agora, a doble faceta de universalidade e da impresién de cOrido local, que son peconiales do conto popular, atribuindo 4 primeira condiz6n a eisistenza dun fondo psicoléxico tan humdn, que é de todol-os tempos e de todol-os pobos; o amor, a ino- zenza, 0 sentemento, a afouteza, o sacrifizo, a bondade de curaz6n, a obe- dencia, a sinceiridade, o desprendemento, e, en cabo, todal-as bélidas cua- lidés da i-alma humdn; e enfrontadas con elas, a fachenda, a xenreira, a envexa, 0 esprito comenenzudo; o eterno lidar antre o ben e mail-o mal, pra producil-o anoto nos ointes, acucial-os mais nobres sentementos, e soer- guel-o esprito enfortecendo o anemo pol-o exempro; e de par, atop4monos con aquelas outras produzéns que precuran o facer risa pra nos levar a esquecer inquedanzas, fadigas, e delores, dos que o cotian vivir e tan costuso; casos de inxenio lisgairo, de artice, ou de situazéns chusqueiras, rematadas de xeito chocalleiro Pra os enxuizar pofiéndés no facheiro, moitos Pequenos defeutos e debilidades humdns, das que a cotio bilrase 0 pobo de moi boa gana e abertamente. A cr local, tanto proven do ambente fisico, como dos faitores inter- nos de orde psicoléxico do grupo human onde © conto se recolle; no pri- meito de estes faitores, infruyen a paisaxe e 0 xénero de vida, que con- tribuien en certa medida a ourentar e a dirixil-a preferenza polos teimas; e, no segundo, o gosto estético, o sentemento espritoal, a maxinazén, a vaguedade ou a conctez6n, a sobranceitia do ensofio, ou 0 prosaismo da vida; a polideza ou a toscalleiria, e, se en ocasiés danse casos de certa some- lanza nos xéneros de vida de diferentes pobos, e no ambente fisico onde se desenvolven, que vefien a nos espricar o espallamento de determifiados teimas en grandes ares espacids, ou en grupos humans alonxados antre si, € non moi afins antropoléxicamente consideirados, como queira que 0 cbrido local, proven da mestura ou xogo dos fautores internos e mais dos esternos, as diferenzas, débense daquela, ao infruxo podente ¢ teimoso do esprito racial, a0 que corresponde a meirande impostanza, por promanar de ele as forzas a Ile emprestar vida puxente a particularidade diferencial que cha- mamos cdrido local; porque, tense notado que nen a unidade mais menos estreita de cultura, nen os vincallos politicos sociaes de tipo histérico, ao fin e ao cabo formas nun todo aicidentaes, tefien forza de abondo para esmorecer, nivelandés nun todo indiferenciado, aos caraiteres psicol6xicos peconiales dos pobos, pois pata o conquerir, precisase o decorrer de moi longos perfodos de tempo, e a prditica de unha fonda mistura cotian e compreta dos seus elementos humans. Rematadol-os apontamentos encol das consideraz6ns xeneraes e chegado © caso de concretal-as nosas ouservazéns de tipo etnogréfico dondndolles un caraute descritivo e particularizado, pasamos a nos referire a que tive- mol-o conxeito de ver ali por onde desenvolvimos as nosas aitividades de recolleita folclérica, tracexando o seguinte 10 Estudo etnografico E cotian antre moitos de aqueles que adican as suas aitividades a ardega tarefa da recolleita de contos e outros materiaes da literatura popular nas mais varias das suas manifestazéns, 0 se non preocupar gran cousa de quen seia que llos forneza, como tampouco paran mentes nas circunstanzas nas que foron recollidas as pezas, sen se deprocatar que non ten o mesmo valor literario un conto, pedindolle a calqueira que nol-o diga, ou ouvido no muifio, cando as xentes, de vagat, letean por pasal-o tempo, ou, a corn da lareira no inverno, nas xuntanzas a que leva o frio e mail-a choiva coas longas noites, por seren circustanzas nas que axudan o ambente e mail-o momento, no que cada un di o que sabe, ben disposto ao se sintir acuciado pol-o exempro dos demais, Porque, © conto, como todal-as produz6ns mais menos artisticas, gafia moito cando a ocasién empréstalle cdr e saibo axeitados, e se é asi en todol-os casos, cando 0 pobo valse da mesma fala nos diferentes estamentos Sociaes, maisque eisistan sempre certas diferenzas de linguaxe propias das crases mais modestas ou menos cultas en comparanza coas xentes de mais outa posizén, calcilese cales son de feito as fadales consecuenzas para os materiais recollidos, cando 0 contista, afeito a se valer dun léisico moi dife- rente de aquel do que se val 0 seu descofiecido interlocutor —ou que ele cando menos tal Ie supén, dada a sua condiz6n de home da cidade, circunstanza para a sua inxenuidade, de abondo a Ile conceder unha supe- tioridade non sempre efeitiva, e da habela, promanante de outras causas moi diferentes—, fai por se pofier de par das citcunstanzas no seu bon desexo de adaital-as suas narrativas a quen llas pide, con un interés pra ele non sempre comprensibre, porque, pol-o xeneral, as xentes sinxelas do campo, non sempre chegan comprender tanta cursidade dos estranos pol-os seus contos € as suas cousas, 0 que moitas veces, lévaas a contalos cuase en esquelete, mancos a cotio do por miudo 4s veces moi interesante, e ainda © que é pior, deturpados sempre, no entanto o non cofiecen a un, conse- cuenza natural de unha xustificada reserva filla de un caraute desconfiado a forza de continas bulras. De aqui promana 4 nosa maneira de ver, a probeza maxinativa e a esptesién defeutuosa e barbara de algunhas versiés que temos visto inzadas de formas ausurdas a desfigural-a linguaxe orixinal na que se pretendeu tecollel-as; por outra parte, non todos temol-a mesma habilidade, e un contista, entendendo por tal a persoa afeizoada a contar contos, doutada dun 1 aquel natural para o facer, que amais deliciase contandés, chega posuir unha arte adequerida coa prditica, axudada da propia tenzbn, que fai as suas narrativas moi supetiores e moito mais correitas que as da xenerali- dade, manca de aquelas facultés, pois se esa xeneralidade pode referil-o conto por cofiecelo a perfeicién, non sempre atina a Ie emprestal-a gra- cia, ou 0 anoto € mail-o interés requeridos por non sete capaz de abran- guel-a forza espositiva ¢ a craridade de conceitos que tan diferentes fan o discurso dun bon orador e o latricar de calquer badueiro; porque, tanto a maneira de se valer dos pousos, e do xeito de modular algunhas verbas, como a tenz6n posta no dicir, e tantas outras cativas miudezas asociadas, fan moi outro un mesmo conto, O contista Cofiecida € de todos a caraiteristica da nosa poboaz6n galega, espallada por todo o dmeto da rexién en pequenos rueiros mais menos alonxados os uns dos outros, asegiin sexa a natureza particular das diferentes terraxes, mas, a cotio, proisimos e numerosos, a non set en algins casos da montana, onde os niicreos de poboazén son mais compaitos e menos numerosos; esta caraiteristica, da pé 4s xuntanzas de tipo familiar antre os vecifios do rueiro, en de chegando as longas noites da invernia, pois de vran, debido 4 inten- sidade do traballo do dia, e ao curto das noites, de par das moitas festas, se se non deixan de facer por compreto estas xuntanzas, fanse tan curtas e pdsanse tantos dias sen ensexo pra elas, que ao seren reducidas a unha minima espresién cuase pédese dicir que non contan. N-estas reuniés, nas que é cotian axtintanse mozos e vellos de amos os sesos, mdisime si no logar no hai unha taberna que é o verdadeiro casino rural dos varés, sempre hai un contista, muller ou home, a se enca- rregar voluntario da animaz6n do xuntoiro, contribuindo a meirande con- cotrenza de vecifios gostantes dos seus contos, 0 que non embargantes se non op6n a que todol-os presentes conten algunha cousa, mas, 0 bezo prin- cipal, € sempre 0 contista, chegando moitas veces a sua sona amais de atrair aos convecifios, a dat pé pra que se Ile convide con gosto a moitas festas das parroquias lindafias pra se deliciar cOs seus contos no decurso do xantar. © contista por natureza, adaita 4 perfeicién a linguaxe ao xeito e calidade das suas narrativas; alonga ou encurta os pousos asegiin conveha 12 pra Iles emprestar meirande efeito; en ocasi6s arrousa mais menos as ver- bas, imprimindolles millenta infleisi6s variadas con verdadeira arte, e, un dito, unha sentenza, un mesmo aldraxe, adequiren oO seu dicit un relevo tan diferente as mais das veces pol-a tenz6n que le pén, que non hai maneira de lle dar traslado ao papel a eses elementos de vida das narrati- vas, que asegtin se estilen, fainas gafiar ou desmerecer para os ointes; todas estas cualidés son por enteiro persoaes, mas moi cotids nos nosos ontistas, ainda sen seren dos millores, pois tampouco son cousa estrana 4 mesma masa en xeneral, endeben n-esta, non aparezan salientadas da mesma maneira, Bés contistas son a cotio os xastres e cantos adicados a profesiés seden- tarias, non embargante, por mor do caraute peconial da nosa poboazén campesia, corren bisbarras enteiras ofrecendo os seus servizos pol-as portas; algo somellante acontez con moitos dos probes a quen non hai moito, ¢ quizaves ainda agora pase en algunas terras cds de sempre cofiecidos, se Mes daba casa cuberta para pasal-a noite. Algiin bon contista temos ouvido tamén na nosa nenice e ainda na puberdade, cando ob gallo da sacha do millo ou da sega do trigo, baixa- ban as collas de montaiieses para axudar no labor, e, romatada a tarefa do dia, axuntdbanse a carén do lar os xornaleiros cansos do traballo, a familia da casa, e algdn vecifio, mas, esto, lévanos como si dixeramos, da man, a nos ocupar do ambente, no que a cotio, ofrécese 0 ensexo de escoi- tal-os contos populares. O ambente Como € natural, 0 conto require 0 concutso de varias persoas, pois se ben € certo que abonda con duas, unha que diga e outra que escoite, asegiin acontez moitas veces, non é menos certo que un meirande nimaro de ointes sempre acucia ao contista, que poucas veces falla nas xuntanzas labregas ainda sendo familiés, e sin se dar de conta, ele mesmo, fai ver- dadeiras demostranzas da sua arte, millorando a maneira do seu dicir, contando o meirande nimaro de contos do seu roport6rio, que algén dos ointes arrequece encoraxado pol-o exempro do contista, cando non é sim- prementes, porque, lembrando o que ele sabe, sinte unha verdadeira nece- sidade de lle face compartillar aos demais en aquelo que para ele foi un 13 deliciamento. N-este xeito de xuntanzas, a mescla de idade e seso dos ointes é grande, e asegtin sexan os mais, nenos ou maores, asi soe sel-a arnaxe dos contos, porque ainda que as mais das veces se non ropare moito en quen escoita, adoita se precurar sempre axeital-as narrativas 4 condizon dos ointes. En poucas verbas pédese pintal-a xuntanza: o lume a alaprear bam- baneante e ledo na lareira; nos escanos de arredor, a canalla ¢€ os vellos; moi chegada 4 lareira, sentada nun tallo, a dona da casa atendendo o lume € aparellando a cea; non tan achegados 4 lareita, mas, sen se arredar moita cousa, rapazada e mozarria da casa e de fora; homes e mulleres; as veces a familia chega ao andamio onde estén as manxadoiras do gando que os da casa cbidanse de mantere, e onde ao chegal-o seu tempo fanse as peque- nas esfollas; algunha muller fia; outras veces, axudan todos ou unha parte, a debullal-o grao para levar ao muifio a moer; un ou dous candiles de petrdleo ou de aceite, alumean medojientos, tomando as figuras un tinte bermello pol-o alaprear do lume da lareira, poboando-se os curtos mais escuros de movibres somas, E, se no inverno, por mor das noites que tan cedo comenzan e pola ctueza do. tempo que leva a botar longas horas ao agarimo da lareira, é cando se ofrece 0 conxeito mais favorabre para ouvir na casa os contos populares, non se vaia coidar que é a tineca adaxe; o galego é un grande afeizoado a dicit e mais a escoitar contos, e sempre que atopa 0 modo por unha xuntanza de calesquer crase, xurde o contista con grande e xeneral contentamento; asi, oimol-o namentres agardan no muifio homes e mulleres, variando os contos asegtin que sexan mulleres soias, ou que os concorrentes sexan de amol-os sesos, e tamén asegiin haxa mais xente moza ou mais xente vella, inda que as veces at6panse vellos de esprito mozo e chusqueito capaces de trocal-o ambente mais contrario; no muifio, 0 tneco a traballar € 0 muifiero, os demais folgan, a menos que algin bote unha man, se hai mais de unha pedra, e ten presa por se marchar. Na forxa, onde tamén axtintanse as veces algins vecifios que agardan a sua vez, pois é xeneral costume que cada un axude ao ferreiro ora tirando pol-o barquin e logo baticando no ferto riba da zafra cO pesado macho, xurde tamén 0 conto, mas, agora, axeitado ao gosto dos homes con un seu aquel de sal e de tenzén, Nas fiadas, nas tascas-do lifio, e nas esfollas do mainzo, a concurrenza cuase que sempre con mais mozas ¢ mulleres que homes e mozos, fornece contos dende o romancesco maravilloso, de traballos 14 e de premios até os do trasno e de meigas, pasando pol-os de bulras, os de risa, e toda a variedade dos ropostorios; como en estas xuntanzas colei- tivas hai sempre mais de un contista, estabrécese antre eles, sen o decrarar, unha porfia que Iles empresta mais atraitivo interés, e asi tamén acontez pol-o xeneral nos xuntoiros que, como non hai moito dixemos, tefien logar a0 se recolleren dempois da ardega tarefa do dia os xornaleiros da mon- tana que ofrecen os seus rudes brazos para os traballos de estazén, ali onde a familia non é de abondo para tanto labor. Xurde coa mesma espontaneidade o conto, nas reunids que tefien logar 6 gallo do velatorio cando morre un vecifino, ou pot mais grados acontecementos, como cando se trata de celebrar un casamento, e tamén, atredor da tiboa ben servida nos farturentos xantares da festa do santo padroeiro da parréquea, dias nos que, 0 dono da casa ten a fachenda de que ninguen ofteza mais abastanza do que ele, nen tefia un meirande nimaro de festexeiros, pois chégase en moitas partoquias a convidar a estes xantares a cantos estranos vefien ao logar, e aos probes incrusive; e do mesmo xeito que en todal-as reuniés de que falamos, tamén é ben aco- Ilido 0 conto popular, pol-a mozarria que ao pé da fonte axiintase no entre lusco e fusco do serin, en algunhas aldeias; é dicit, 0 conto popular é ben recibido, namentres se descansa, se agarda, ou se traballa en comu- nidade, se a natureza do traballo se non opén ao palique. De ahi, que xastres e costureiras seipan tantos contos, 0 mesmo que podemos dicit de solés, zoqueiros ¢ cesteiros cando van de porta en porta, inda que antre os derradeiros se non poida apricar con tanta propiedade como dos primeiros, cicais, creemos, porque, namentras os artifices da agulla traballan dentro da casa e cuase que sempre rentes das mulleres que atenden os seus labores cotids, aos outros, técalles de traballar soios, e lévaselles a un logar mais isolado, nun alpendre, ou na bodega, nas depen- denzas da eira ou do curral. A nenice escoita os contos que Ile din os maores na sua casa e nas casas dos vecifios, mas, quizaves poidamos dicire, sen medo de nos enganar, que o meirande cabedal das suas colleitas ten logar cando xa un pouquifio mais grandes os nenos, axtintase con outros rapacifios da sua mesma edade ou somellante, ao iren apastal-o gando na brafia ou en herdades lindeiras, dimpois de se fartaren de brincar. Ouservard 0 caro leitor que, até o de agora, referimonos sempre 4 familia do campo, 4 meirande masa da nosa poboazén mas non a tneca, 15 pois na nosa Galiza, rexién de costas largacias e de rias abondosas a se adentrar nas terras marifids, eisiste asemade espallada en niicreos de diversa importanza, cantidade de xentes que ainda adicadas a un xénero de vida diferente do peconial da grea labrega, ten con ela unha certa somellanza, sen contar que n-esas aldeias de marifieiros hai sempre mais de unha casa de labor a formar parte do conxunto, non sendo raro tampouco, inda que © xeneral antre os pescadores € que cando mais traballen unha horta, que algiin de eles compartille en parte os costumes dos seus vecifios labregos, cicais, porque o noso marifidn, a non ser en aqueles casos que habita en logares mais ben hetmos, pol-a crueza dos ventos mareiros, non crebou por enteito as ataxentas que o avincallan cd seu irman campesio, sendo cotidn nas terras mais vizosas, cal acontez en moitas aldeias das rias, onde cuase tanto como a pesca antre os varés é peconial antre mulleres e rapaces 0 se adicare a recolleita de mariscos, € cotién, repetimos, 0 se atopare pol-os camifios e corredoiras, ou nas searas, verdadeiros tipos de lobos de mar a quens Iles non produz amporro, leval-os bois do carro ou apufial-a rabela do arado. A pesares de esta certa somellanza de costumes, sendo as cocifias das casas dos pescos mais pequenas que as dos labregos, e non precisando dos labores que levan a estes no inverno a se axuntaren a carén da lareira, as tertulias nouturnas tefien menos importanza que antre os seus irmans que viven do traballo da terra, porque os homes en xeneral, ainda os vellos, vanse 4 taberna se non andan no mar, non quedando na casa senon as mulleres, alg vello, e a rapazada miuda, B un caso cotian que poidemos ouserbar moitas veces, o de que, namen- tres hai moitas aldeias campesias onde se non atopa unha soja taberna, nas de pescadores, ainda nas mais cativas, € raro, en troques, aquela onde haxa una taberna soia, e téfiase en conta que nas aldeias de pescadores a necesidade adoita ser sempre moito meirande que antre os labregos, como meirande € tamén a diferenza do seu viver antre as etapes da costeira, € mais ainda si se presenta boa, e a crueza da invernia; mas, nos non dei- xemos levar da natural tendenza a enxuizar de lixeiro; non caiamos no erro de atribuir esa afeizon dos pescos pol-a taberna, e non vexamos tam- pouco nese vezar de esbauxamento e miseria a vizo e desordeada impre- visién; non, mais que a eso, inda que algo haxa no fondo, habemos encul- par ao xéneto de vida, que trai como consecuenza tan dispares situazéns a produzir unha necesidade incontibele de fartarse, dimpois de longos dias de fame endexamais satisfeita; atribiiase asemade a afeizén dos pescos 16 pol-o augardente, a necesidade impeirante de Ile emprestac calor ao corpo non sempre farto, mas a cotio esposto 4 rixeza das noites no mar, traba- Mando en pequenas lanchas sen outra defensa escontra a friaxe e a choiva, que as lixeicas roupas de augas a cochal-as camisetas de franela, amais de que, as xuntanzas da taberna con un xerro de vifio diante, ou un pucheiro de cafia, é outro desforro, tamén compensazén, das longas horas de soedé, isolado no mar, onde 0 pesco bota o mais da sua vida; e ahi temos, na taberna, outro lugar de xuntanza axeitado pra contaren contos, como tamén o son as horas do xantar a bordo, nas lanchas de moita xente, arredor da caldeira onde cada un mergulla 0 seu coberto na precura da mastoca, até matal-a fame; a bordo, nas horas de lecer, unha vez rematada a faena cotién, e namentres en terra reméndanse os aparellos, ou cando uns, rentes dos outros, sentados no chan, empatan a carnada nos anzols do palangre, tamén atopan modo axeitado os nosos pescos pra contal-os seus contos. Pra romate, engadiremos que se ben & certo que nas vilas e cidades céntanse as veces contos que son escoitados con xeneral satisfaicién, 0 ambente € moi outro, e os teimas dos contos tamén; ao se dispofier nas reuniés familias —vilegas de mais variados e meirandes meios de destrai- mento, 0 conto popular foise deslocando de antre os maores, pra se trocar nun estrumento con que entreter 4 nenice, adaitandose con marcada pre- ferenza os teimas romancescos maravillosos, os de simpres divertimento e os exemprares, sendo mais raros os de animds, dos que en troques tanto gostan os nenos da aldeia. Un podente elemento de introduzén dos contos populares do campo, nos fogares vilegos, € 0 servizo doméstico que moi- tas veces delicia 4 nenice de que coida coas suas vellas narrativas. Tamén antre o elemento que se axunta nas tabernas, ben que provefia da aldeia ou dos baitros, é faitible o recoller algén conto, 0 mesmo que en certas xuntanzas de homes, mas, daquela, o reportorio e a base de contos de risa, algo porcos as veces, ou dicaces, nos que de preferenza arrexuase con xenetal contento a certa crase social. Finalidade dos contos populares ‘Ao non ser todol-os contos de unha mesma natureza, 0 ouxeto que con eles se persigue € moi vario; en dendes de logo, habemos recofiecer que as mais das veces non son outra cousa que simpres pasatempo, inda que algins de eles, de esa cras que dixemos epigramitica, lémbresse a cotio na con- 17 versa diaria; con todo, e dun xeito principal, os contos de risa non tefien outra tenz6n postreita. Esto non quér dicir, non embargantes, que 0 conto, calqueira que sexa, non leve sempre algunha insinanza de calesquer orde, pois, a cotio, vemos en eles o trunfo ¢ o premio da inocencia, da bondade, da honradéz, e pol-o xeneral, cando unha ou cando outra, de todal-as vir- tis, inda que tampouco deixa de haber algin caso a pofier de relevo a inxus- tiza con que na vida corresp6ndese moitas veces 4 virtude, axudando pol-a contra 4 malvadez se sabe se encobrir con un capelo de enganosas aparen- cias, maisque, ao cabo, se faga xustiza; de por parte, eisiltase tamén no conto popular a artice, desemulando certos pecadifios como fallas benids, se con eles se correxir meirandes males. Como vemos, 0 conto popular que en certa maneira refrexa o cotian vivir, garda sempre algunha insinanza, mas, como non € esta a causa tinica que leva a contalo, se non pode dicit en xustiza que se Ile dise vida pra servire de exempro. Os afeizoados ao conto popular, maisque se delicien oindd, e gosten do sinxelo anoto que Iles produz se é de caraute romancesco, non adoitan creer n-ele, se, craro esta, esceituamos 4 canalla, ocurrindo todo o contrario, como xa tivemol-o ensexo de o facer costar mais atrds, cando se tratar das léndas de asunto ultraterreo mas que se cree as cegas en xeneral, e cando se contan, faise 6 4nemo de precatar certos males e contratempos, se non é como proba da eisistenza de castigos eternos pol-o mal proceder; como lembranzas das bulras e falcatruas do trasno; como resultado de remedios escontra as malas aiciés das meigas e narrativas dos seus feitos e diverti- z6ns; cOntanse tamen antre estas léndas, outras de caraute edificante, 4s veces relazoadas coa vida de algin santo, e os contos de cande Deus Noso Sifior andaba pol-o mundo, inda que moitos de estes tan avincallados coa tude eisistenza da grea campesia non sempre compre crasificalos n-esta crds de léndas. Formulinas pra lle dar comenzo e poher remate aos contos Nos contos populares galegos non hai unha forma que prevaleza sobor das demais pra Iles dar comenzo, cal se de algo ritual se tratar, pol-a contra, son varias, maisque se asomellen, as que nés atopamos e reco- llimos, e ainda tivemol-o conxeito de comprobar que un mesmo contista, © para a mesma narrativa, valse de calqueira de elas nas diferentes ocasiés que di o seu conto; asi temos ouvido: «unha vez», «disen, «ele era», «ele 18 foi», ¢ tamén: «ele era, ou ele foi unha vez», «céntase», «houbo unha vez», «dis que unha vez», «diz que houbo unha vez», e tamén: «alé lonxe, moi lonxe», «hai moito tempo», eicétera, porque os contos galegos refirense sempre a un pasado, empregindose amais algunhas outras formulas seme- llantes antre si e sempre a virar de arredor dos mesmos conceitos; cando se trata de contos de animds, ou se algin de eles entra como autor prin- cipal, ad6itase comenzar: «ando os animés falaban», ou «foi nos tempos nos que os animas falaban»; e, en de tratindose de contos nos que interve- fien el Sifior e os seus Apéstolos, on a Santisma Virxe, emprégase: «cando © Noso Sifior andaba pol-o mundo», e, «cando a Santisma Virxe andaba polo mundo», Ao contrario do que acontez coas formulas pra Ile dar comenzo aos contos, as de Ie pofier remate tisanse menos, ¢ para eso mais ben antre tapaces, ou cando unha persoa maior conta contos aos picarifios; de estas recollimos: Colorin, colorete, pol-a chimeneia sain un foguete. e estas outras: Colorin, colorado, o meu conto éromatado, que conte outro quen tefo de lado. Conto contado, burro aparellado, que conte outro quen tefto de lado. e na cidi da Crufia, son moi correntes para Ile poiier romate aos contos romancescos nos que os herois se casan, estas outras que ouvimos moitas veces en castelan, antre os nenos, porque en castelan tamén, céntanse os 19 Contos, inda que seian os mais tipicos do pais, a non ser nos bairtos onde sigue faldndose o galego: Y se casaron, vivieron felices comiendo perdices, y 4 mi no me dieron porque no quisieron. e tamén: Y se casaron viviendo felices, comieron perdices, y me dieron un hueso que aqui lo tiengo teso. € ao dicir, erguen a man c6 dedo de asinalar estricado. Variedés e divisién dos contos Falamos xa dos logares mais axeitados pra escoital-os contos popula- tes, algunha cousa dixemos tamén encol do contista, mas pouco foi o que falamos das preferenzas de idade e seso por este ou pol-o outro xénero de narrativas; en primeito logar compre que asinalemos, pra que se non esqueza, que © axente’ mais favorable para a conservaz6n do tradizoal é a muller, que de feito costituie 0 niicreo consuetudinario mais podente da sociedade, seguindolle no orde de importanza a nenice, tan conservadora como ela, e logo a vellice, pol-a forza do poder evocador, pol-o apegamento ao pasado proisimo e aos costumes adequeridos, e por riba de todo, por esa tendenza innata tan human de tornar aos gostos e o demerxer da idade primeira; en canto a edade viril, inda que gafiada pol-o ambente e as tendenzas espritods da raza, améstrase mais dada ao infruxo esterior e aos fendmenos internos de transformazén, maisque os seus produtos e suseguintes efeitos aos se esvair na masa do acervo comin, deixe moi lene amésega cando a chega deixar, que non & sempre. A muller, 0 neno, e o home, este na edade viril e na vellice, amos- tran unha meirande preferenza por este ou aquel xénero, 0 que & dabele 20 asinalar pol-a escolla que fan dos teimas, inda que, non embargante con esto non queiramos siftificat unha ideia de esctusivismo ou cousa que se We pareza, pois, se a muller gosta mais de contar e ouvir contos roman- cescos de amores e sentemento, de maxinaz6n, de traballos e aconteceres maravillosos, e de narrativas mitoléxicas de todo o orde, non soio non abafalla os contos de tenz6n, mais menos godalleiros, e os dicaces, senon que tamén gosta de eles e fai pol-os precurar, 0 mesmo que fai cds de artes e enganos pra facer risa. Os nenos e rapaces novos, cuia intelixenza espértase afoutada pol-a solicitude das nais, se non poden evanecer do demerxer fémeo en custids de gosto literario, e van formando o cabedal do seu reportorio artistico na materia, acugulando narrativas de maxinazén con feitos maravillosos e traballos; de criancil galdrideza; de inxenio ou de artice e mais engano; de animds que falan e viven ao xeito dos homes; parlotarias de rezado, e as léndas miticas, de trasno e dos espritos ultraterreos, estarrecedoras para a crendice da canalla, a deixar tan fonda amésega, que no decorrer da vida das sinxelas xentes do campo, fai trimbillicar os sentementos ances- traes arraizados no mais fondo da i-alma popular como un algo consus- tancial. Por outra parte, os homes amostran unha meitande preferenza pol-as narrativas curtas, de marcado naturalismo, cra, en moitas ocasiés, dicaces € de rexuba ao través de feitos bulrescos de variabre comicidade: notdndose, como cd decorrer do tempo ao ire chegando 4 vellice, os contos de pasa- tempo van deixindose a un canto, ao seren deslocados pol-as narrativas de xeito sentencioso e filoséfico, sendo moi cotian antre os vellos 0 costume de sacar, sempre que atopan modo pra o facer, algtin conto que tefia rela- zén mais menos direita cés millenta feitos da vida cotian, ou que vefien a conto na conversa. Pra romate, cémprenos o recoller a crasificaz6n que cd acerto peconial do seu fino istinto ten feito o pobo da profusén dos contos populares, axuntandés de acordo cos seus teimas e dos seus protagonistas; baixo a denomifianza xenérica de contos, sen un calificativo especifico, comprén- dense pequenas hisorias ou narrativas de maxinaz6n, de xeito romancesco, maravillosas ou fantdsticas; contos de amores sentimentaes, de trabalhos e contrallas; de loitas de inxenio, e millenta motivos mais, incruindose tamén composizéns curtas da mais varia arnaxe pra adivertimento, outras das que se tira algin insifio filos6fico, carauterizadas por un fondo sentido critico, mas, como estas condiz6ns danse mais menos maisque sexa en distinto 21 grao nos mas dos contos populares, pédese engadir pra millor esprical-o critetio que paresce preside a forma de crasificazn, que neste primeiro grupo, o mais amplo de todos, collen en xeneral, aqueles contos non abran- guidos baixo denomifianzas majs precisas como son as de «contos de xas- tres», de «curas», de «tontos ou parbos», de «ladrés», de «eisaxero», de «animds», de «cando Deus 0 Noso Sifior andaba pol-o mundo», da «Virxen, do «trasno», de «meigas», da «Santa Compaiian, eicétera, eicétera, pois, baixo a denomifianza de «contos pra facer risa» compréndense moitos dos outros grupos, tantos, como de por parte de arrexuar a detremifiadas crases, e pofier de relevo os seus defeutos e baldas, crian situazéns e desenlaza- mentos paveros ou chocalleiros capaces de atrical-a gargallada. O estudo comparativo Como xa enantes de agora algo zorofiamos, teimaremos que o com- premento obrigado de todo traballo folclérico, constituieo 0 estudo com- parativo dos materiais recollidos, cds provindos de diferentes circos cultu- taes mais menos afins, e canto mais numerosos millor, pra determifiar os paralelos ou desomellanzas que nos leven a poder asinalar o grau de paran- texo antre uns e outros, as infruenzas mutuas se as houber, e coa posibre procedenza das pezas recollidas, detremifial-a sua traieitoria espacial; pro- cedemento que levard asemade a cofiecel-a importanza da are de espande- mento, € 0 proceso evolutivo das formas orixinds ao través do tempo, do espazo, e das diferenzas étnicas. Como se ve, 0 estudo comparativo, é cicais de todol-os relazoados c6 conto popular, o mais complexo e dificile, por abranger c triple aspeito de teima, fondo e forma dos materiaes estudados, 0 cofihecemento e cando menos unha nozén ampla, das relazéns histéricas e do desenvolvemento cultural de aqueles pobos tomados para a comparanza dos seus contos popu- lares; € 0 primeito dos aspeitos formaes, como sabemos, pol-o ter dito enantes, o teima, ou esquelete, que cal dixemos mais atrds costituie o ele- mento transmisibele pol-o seu caraiter de universalidade, e son os outros dous, a roupaxe con que se visten e a peconial tenz6n e sentemento que Ile imprime cada pobo, os caraiteres que calificdbamos de cdrido local; pata o discernimento de tal variedade de facetas descriminandoas cal o caso require, asinalindolles os seus respeitivos valores, requirese un esprito ana- litico moi agudo e cofiecementos da meirande vasteza, amais de dispofier 22 de un bon cabedal de materiaes con que traballar, pra conquetir que a comparanza sexa feita da maneira mais compreta e coa perfeicién posibre. Tal € a razén de que o presente traballo dadal-as moitas dificultas que encerra o facer siquera un estudo comparativo do conto popular galego dentro do Ameto peninsular, non pase de recoller un «corpus» do noso acervo rexional, coa tenzén de servir de bezo a outros pesqueridores, ao tempo que pata ofrecer unha mostra da ticaz canteira onde coidamos é doade tirar novas pezas ben numerosas con que arrequecel-a nosa aportazén de hoxe, dada a variedade de teimas e diversidade de estilos recollidos por ‘ns nunhas cantas pequenas localidés proisimas, aparte de algunhas pezas que tivemol-o conxeito de conquerir en logares espallados da nosa terra. Para romate, salientaremos como ao través do conto popular pédense levar a cabo interesantes estudos de diverso orde, dos que non son os menos importantes aqueles que nos pofien de relevo, a psicoloxia, o gosto estético, e as inctinaciés do pobo onde corre, de por parte do valor que tefien como fontes de cofiecemento, pol-o ricaz cabedal informativo que costituien aprol de costumes e feitos da vida, creenzas, eicétera, eicétera. 23 CONTOS ROMANCESCOS DE MARAVILLAS, E OUTROS 1—O PAXARO DE OURO ELE ERA un rei que tifia tres fillos, e prantou na sua horta unha maceira que tifia unhas mazds portuguesas de linda cdr bermella que eta moito o que sabjan, ¢ 0 sifior el rei, andaba doente porque todol-os dias fa contal-as mazds, e todol-os dias faltaba unha, e daquela, chamou ao fillo mais vello e dixolle: —«Oooué!, a ver, meu fillo, ti érel-o mais grande dos tres irmés, quero que me digas quen € que come as mifias mazds;—e deulle unha escopeta pra que fose gardal-a maceira. rapaz botou todo o dia pé da maceira, e ao chegirea noite, tomoulle © Sono e durmiuse. Pol-a mafian, cando o sifior el rei foi contal-as mazés faltaballe outra, daquela o sifior el rei berroulle ao fillo, decindo: —«Fuche ti, quen a levow»,— E, meteuno na cadea. Chamou pol-o outro fillo, ¢ dislle tamén: 25 —<«Ti, érel-o segundo dos tres itmas, quero que me digas quen € que come as mazis»:—e deulle a escopeta pra que fose gardal-a maceira. © segundo fillo fixo como o mais grande, botou todo o dia pé da maceira, e ao chegdrea noite, tomoulle o sono e durmiu-se. Pol-a mafian ao contalas, faltaba outra mazdn, e o sifior el rey volveu berrar oO outro fillo: —«fuche ti, tamén, — dixolle,—quen a levou»,—e meteuno na cadea cO mais grande, e andaba a cada paso mais doente porque xa non tifia mais que unha mazdn que tamen estaba para pintar e 0 terceiro fillo ainda era moi novo. — Padre, — dixolle 0 picato, —deixeme a min ir gardal-a maceira. —Non, meu fillo, se teus irmés non souberon e pixenos na cadea, que € 0 que ti vas facer? —Eu heille gardal-a mazin, padre. — E tanto fixo, que o sifior el rei, consentiulle en que fose gardal-a maceira. O itman pequecho botou todo o dia pé da maceira, e en de chegando a noite, fixo pra se non durmir, e non durmiu, e viu vir um paxaro apou- sar nunha ponla da maceira pra peteirar na mazin e fuxir coela, mas o rapaz ceiboulle un tito, e se o non matou, arringoulle unha pruma; pillouna, € moi contente, foilla levar ao sifior el rei, espricdndolle: — «Padre, ten de pofier libres a meus irmés, sacdndoos da cadea, pois non eran eles os que levaban as mazds portuguesas da sua maceira, que era 0 paxaro de ouro, —E, daquela, ti vichelo? — Viiiin!. Gardei a maceira pol-o dia, e ao de chegal-a noite non fun durmir, seguin axexando, vin chegar un paxaro grandismo a se pousar nunha ponla, e cando ia peteirar na mazén, broooun!, ceibeille un tito, e arringueille unha pruma, mas fuxiu voando, —Ula, a vel-a pruma? —Vel-a ahi ten. —E mais é certo, — diz o sifior el rei, — pois, eu quero ese paxaro. E 0 mais pequecho dos irmds fixo de que pofieran aos outros dous en liberdade sacdndés do carce, e daquela o sifior el rei, axuntounos e dixolle ao mais grande: —Xa vos eu perdoei de non ter sabido quen artoubaba as mifias maz4s cando fan pintar, soubd 0 mais pequecho, e, agora vas ir ti cafial-o paxaro de ouro pra o engaiolar. —Irei,—diz 0 fillo mais grande, e partiu na sua precura, mas no camifio cruzouse coa raposa e perguntoulle ela: 26 —«E logo, onde vas? —Onde hei ir?, e, a ti que 6 0 que che importa? — Xa sei onde vas, —rofiou a raposa, —ven de par de min, — E cami- fiaron xuntos, ¢ a raposa levouno 4 xolda, e ali quedou a brincar. Pasaron dias, e como non tornara, o sifior el rei, chamou ao segundo fillo e man- douno ir na precura do paxaro de ouro que o mais grande non trouxer. Foise 0 fillo meian, e tamen atopou @ raposa no camifio, que lle per- guntou como fixera ao outro irman: —«E logo, onde vas?. — Onde hei ir?, e, ati que é o que che importa?. —Xa sei onde vas, —falou a raposa,— ven de par de min. —E cami- arn xuntos, ¢ a raposa levouno 4 xolda como fixera ¢6 outro, e ali que- dou tamen a brincar. Como 0 segundo irmén tampouco tornou, o mais novo pediulle a seu pai, o sifior el rei, que Me dese licencia pra ires ele; 0 pai non queria, mas tanto e tanto rellou n-ele, que conqueriu a licencia e foise. Como os Outros, atopou tamen 4 raposa no camifio, e ao Ile perguntares: —E logo, onde vas?. Dixolle ele moi abaixado:— «Vou na precura de paxaro de ouro que © quér meu pai, o sifior el rei, porque Ile arroubaba as mazis portuguesas cando fan pintar. —Pois, leva este camifio, e atoparaste c'unha casa moi escura; non petes na sua porta, sigue endiante, e depois, chegaris de contado a outra casa chea de luz; petas na porta, abriranche sen veres a ninguén, e na horta, na primeira arbre, veri-lo paxaro de ouro que agarda por ti; cabo de ele, penduradas na mesma ponla, hai duas gaiolas, unha de pau e de ‘ouro a outra; pillal-a de pau, engaidlal-o paxaro, e veste correndo; se pil- lala de ouro, 0 paxaro berrard, e ao despertares a familia da casa val-o pasar moi mal. O ‘apéz foise, pasou pol-a casa escura, chegou 4 da luz, petou, abri- ronlle a porta, ¢ viu na horta o paxaro e as gaiolas, quino facel-o mandado da raposa, mas a gaiola de pau pareceulle tan ruin para 0 paxaro de ouro, € a outra era tan bonitifia, que pillou a gaiola de ouro, e ao metel-o paxaro dentro tanto ¢ tanto berrou, que toda a familia que habia na casa arrodeou ao rapaz, e falou un patroncifio vello: —«E, ti, querfas de nos arroubal-o paxaro de ouro? —O non roubaba, tifia de Ilo levar a0 meu pai, o sifior el rei, pra que © cofiescer. 27 —Boeno, —dixo 0 vello,—daquela se non queres perdel-a vida has de me traeres 0 cabalo de ouro. | O rapaz que era arriscado pnometeulle de o traer, e deixdérono par- tir; ao Saires, atopou outra vez 4 raposa, —E logo, hom, como é que non fixeche 0 que che eu dixen? — Era tan bonitifio o paxaro ¢ tan ruin pra ele a gaiola de pau! —Pois xa vés o que fixeche. —E agora?, — Sigue a camifiar, chegards a outra casa, entras na bodega do alprende, e na corte, hai un cabalo que é 0 cabalo de ouro, e riba do bastardo, tefien duas albardas, unha, é de ouro, e moi ruin a outra; pillal-a mais ruin, apatellal-a besta, e veste a correr; se Ile pos a albarda de ouro, 0 cabalo tinchara e a familia da casa prenderache e xa nunca mais voltards. —Foise 0 rapaz, como a outra vez, matinando de faceres como a raposa dixer, mas, cando viu o cabalo e as duas albardas, cabilou que o cabalo de ouro, non podia ter outra albarda que a de ouro, mais que Ie pesar, arreouno con ela. Cando brincou n-ele para sair aos catre pés, 0 cabalo rinchou, e rinchou tanto ¢ tan forte, que recordou toda a familia e prendérono: —Oooué!, fixo 0 mais vello do fato,—e, daquela, ti querfas arrou- barnol-o cabalo de ouro, lambén?, —Eu 0 non roubaba, levéballo ao vello que con moita familia garda © paxaro de outo. —Boeno,— diz o vello, daquela si non queres de perdel-a vida, has de me traeres a principesa dos cabelos de ouro. E foise 0 rapaz e dixolles que traeria a principesa, ¢ deixérono partir; tocou a andar, e por fin, chegou ao castelo da principesa dos cabelos de ouro, e dixolle o sifior el rei pai da principesa: — «Ti vés buscal-a mifia filla, non si?, pois, eu dareicha se ela é gus- tante, se me sacas estes dous montes que asombran o meu castelo. —E que tempo me das para o facer? — Douche seis dias, e se non sacas os montes, sacareiche eu a vida. Foise o rapaz, ¢ traballou a reo pol-o dia e pol-a noite, ¢ xa foran pasados cinco dias sen o traballo arrequecer, cando presentouse a raposa e dixolle a0 rapaz: —E logo?, xa ves en que apreto estés metido por te non guiares dos meus consellos, mas, como és bé, axudareiche,—e, coa mesma, comenzou 28 esgatufiar coas unllas nos dous montes, e de contado tirounos de ali. Cando o sifior el rei pai da principesa viu pol-a mafian, quedouse pampo. —E, fixéchel-o, — dixo, — amecichesme!; boeno, pois xa que gafia- ches, leva & principesa; —e deulla; o rapaz pattiu moi contente con ela, Foron a cis do cabalo de ouro; moita familia alf habia; recibironos moi ben, e o vellifio da outra vez, xa tifia ao cabalo pol-a cordella e rosmou: — «, ti, gafiar, gaitéchesme, pro, deixa que xa...!,—e, deulle o cabalo coa sua albarda de oro; montou a principesa de acabalo de ele, ¢ seguiton a andar. Na cis do paxaro de ouro cando viron chegar ao rapaz c6 cabalo de ouro, tamen habia moita familia, e o vellouquiifio dixo: —«Demo de rapaz, ti sei que me amocas?, e trouxeche o cabalo de ouro!, toma 0 paxaro xa que o gafiache, mas deixa que xaaa...!.—E o rapaz pillou o paxaro na sua gaiola de ouro, e marchou c6 cabalo e a prin- cipesa, Xa pasaran a casa escura e ia moi canso o rapaz de tanto camifiar, cando viu 4 raposa e dizlle: —«Oes, non te sentes no peitoril do pozo pra que os teus irmdns te non boten n-ele, —Que han botar;—e sentouse no peitoril do ozo, € ao pouco, vifie- ron os irmd4s e guinddrone dentro, mas, tivo sorte porque 0 pozo tifia moito brizo, e se non mancou nin afogou, e a raposa que xa vira todo, meteu seu rabo tranqueiro dentro do pozo para que o pillara o rapaz, € ao se prendere n-ele, pillou a escape a raposa e tirouno do fondo do pozo. Ao chegares fora, xa non estaban nen os ims, nem a principesa, nen cabalo, nen gaiola cO paxaro; daquela o ismén pequecho segufu o camifio da casa, e atopou un vellifio cego moi pobre, que andaba a pedir, € tro- caron de roupas: ele, parecia daquela e probe, e chegou 4 sua casa sen decir quen fose por ver se o conoscian, e falou cd pai, o sifior el rei, que © non conosceu, mais 0 paxaro que non cantaba, o cabalo que non comia ea principesa sempre tristeira en dentes que chegara cés outros irmds, deron, ela, em rir, 0 cabalo en comer, € 0 paxaro en cantar. O sifior el fei paxose contente; marchou o probe, e a tristura voltou gafiar aos tres. O sifior el rei, quedouse moi sentido, e outra vez voltou o probe, € cantou 0 paxato, comeu o cabalo e a principesa rebuldou; daquela o sifior el rei dixo: —«Por qué é, que facedes esto? 29 E a principesa espricoulle 0 que pasar, e cando o sifior el rei soube que © probe era seu filo, xa 0 non deixou marchare, casou coa principesa € todos viviron contentes. Santaya de Cafids. —Carral. — A Crufia. —IRIA E O CABALO BOLIGAN, UNHA ves era un rei que tifio unha filla, e como estaba viudo sempre andaba matinando en que habia casar. —En non quero casar ainda, que son moi nova, —dicia a filla. —Pois tés que casar, que eu xa vou andado, e non quero que en morrendo quedes desamparada, O tei presentaballe filla todol-os seus palacianos, pra que escollera home; mais a ela lle non gustaba ningin. Un dia que iba chorando pol-a horta do pazo sentiu que a chamaban moi caladifiamente, Non viu ninguén, e como pasaba por diante do estrabo mirou se estaria ali agachado o que lle falou. Daquela viu que o cabalo Boligin, que ali estaba ollando pra ela, chamouna outra vez: — Iria! —Iria son, — dixo ela. —Choras porque o teu pai quérete casar? Pois non chores, Dille que casaras c6 home que tefia os dentes brancos, igualifios e de marfin. Coido que non haberé ninguén, e asi non casards hastra que ti queiras. ‘A principesa pixose moi leda con aquelo e foillo dicir ao rei que casaria 6 home que tiver os dentes igualifios, brancos e de marfin. O rei botou un pregén por todol-os estados; porque queria casar a sua fila, Pasaron moitos dias, e cando algin cabaleiro se presentaba no pazo do rei pretendendo a principesa, logo se Ile miraban os dentes, e viase que todos eran feitos por artistas e postos no lugar dos seus. A uns dabanlles de paus, a outros metianos eu cabozos, por falsarios. A principesa estaba moi eda, e logo mandaba que os ceibaran e os deixaran it en paz. 30 Un dia chegaron arautes anunciando a vinda dun podente sefior, rei dun largacio estado con moitos vasalos. Houbo grande rebolicio no pazo, fixéronse festas pra recibilo. A prin- cipesa Iria encomenzéu a sentir impacencia, seria aquel o seu futuro marido? Mas cando chegou, a ledicia xeneral trocouse en acedume e dd, por- que tal rei era mouro. Pero como tifia os dentes de marfin e todos brancos e parellos; Iria tivo que se casar co’el. ‘Ao dia seguinte dixolle o rei mouro a Iria: —Tés que te aparellar pra vires camigo 4 mifia terra. Ela foise a chorar para a horta, Daquela o cabalo chamouna e dixolle: Tes que Ile pedir a teu pai que xa que casaches, que che deixe levar © faco Boligan. Se me non levas contigo estés perdida. A principesa pediulle a seu pai que Ile deixara levar 0 cabalo Boligan, € 0 fei, como estaba apadumado por ter casado a sua filla con un mouto, deuxoulle leval-o cabalo inda que o tifia con moita estima porque non habia outro coma él en todo o reino. O mouro foise coa sua muller camifio dos seus estados. Andiveron moitos,- moitos dias. ‘A principesa cansibase de tanto andar d’acabado. Pedfulle a seu home: —Podiamos pousar uns dias nun castelo que atopemos. —Non. Quero chegar axifia, —E seguiron andando. Un dia o cabalo do mouro ao pasar onde uns bois, gafiou medo ¢ deu tal pulo que 0 mouro caeu € magoouse na testa quedando esvaido. —Agora eu poderia fuxir, — dixo Iria, —Pois da volta,—repricoulle o cabalo,—pero ten tino que non acorde o teu home. - Iria fuxiu, mas despois de levar todo o dia correndo a todo o correr do seu faco, sentiuse cansa. —Quixera pousar un’ pouco, Pois vaite a aquela casifia que hai n-aquel outeiro. Pero tes que te amostrare xangal e mandible, sen decir que és principesa. Na casifia vivia unha vellifia e pediulle casa cuberta por aquela noite, —Casa cuberta dareicha; 0 que non podo e ofrecerche cama porque non tefio mais que a mifia,—e engadiu rindo,— soi se foras unha princi- pesa, que daquela dariacha. —Inda que fose principesa durmirfa no chan enriba de unhas pallas, que son moza, ¢ a vostede cémprelle a cama. 31 —E se queres cear non tefio senon unhas papas. — Boas son, — dixo Iria, Pol-a majién, inda o sol non rayara, ergueuse Iria e despediuse da vella agradecéndolle o seu bon acollemento. —Es unha boa rapaza,—dixo a vella,—e por se che poida ser de utilidade, garda estas duas cousifias. E deulle un cacho de pelica de ovella ¢ un agulheiro con unhas agullas, Iria surtindo gardou aquellas cousas e volvendo a se mostrare agra- descida, foise en precura do seu cabalo, Montou nel e botou a galopar. Levaba moito tempo correndo cando coidou que outro cabalo iba atrés d'ela, Ollou para trés e viu que a seguia o seu home. —Probe de min, coitada e desditada, que 0 mouro me sigue! —Ceiba 0 cacho de pelica que che deu a vella,—aconselloulle o seu faco. Ela botou no chan a pelica, e unha mesta brétema cubriu a terra as suas costas. Daquela puido seguir correndo namentres 0 seu home tivo que refrear o cabalo porque non via o camifio, De tanto cabalgar sentiu sede e parouse pra beber nunha fonte, tamen bebeu o seu cabalo, e despois voltaron 4 carreira, Mas pol-a tardifia, Iria sintiu atrds de si o troupelear de outro cabalo, Ollou com medo do que fose 0 seu home, e non se enganou. — Ceiba as agullas no chan, — dixolle o seu faco, E Iria deitou as agullas no chan. Ali onde caeron erguéronse irtas penedias ¢ © mouro tivo que se deter diante d’elas e ir dando a volta de attedor. Iria puido fuxir outra vez, mas 4 mafid seguinte, viu que o seu home non deixaba de a perseguire. — Agora si que estou perdida! — Artingame unha seda e botaa no chan, — dixolle a cabalo Boligan. Isia arringou a seda, botouna ao chan, e formouse un grande rio que a arredaba do seu home. Cando pasaban por diante de unha casa beira do camifio, dixolle o cabalo: —Vai a esa casa e pide que che vendan un traxe de home. Tes que te vestir de home pra poderes fuxir millor. Iria foi @ casa, pediu que Ile venderan un traxe de home, e como © pagou ben, dironllo. Vestiuse de home e seguiu o seu camifio. 32 Chegou a unha grande cidade dirixiuse cara a unha pousada, mas, ao pasar por diante do pazo do rei, éste qu’estaba no patin, viuno e como Ile gostou 0 cabalo, chamouno. — Ei, rapacifio!. Quéresme vender ese cabalo? —Non vendo; non sefior. Chegou 4 pousada, ¢ mentres Ile quitaba os arreos ao faco e Ile botaba de comer, o animal dixolle: — Maiién, ao pasares por diante do pazo, o rei vaite voltar a chamar. Si mon queres verderme vaite dicir que quedes a0 seu servicio. Como si non quixeres, mandarate matar, tés que Ile decir que si, que quedas ao seu servicio, E asi foi, O rei chamouno e volveu a lle pidir que lle vendese 0 cabalo. Iria respondeulle: —Non vendo; non sefior, —Pois daquela quédate ao meu servicio. —A seu servicio quedarei; si, sefior. © tei fixo que Ie deran outro traxe mellor a Iria, quen dixo cha- marse Payo; mas cando o viu vestido coa roupa de paxe, qued6uselle mirando pasmado da sua fermosura. —Payo: Es un guapo mozo, — dixolle. —Tamen o foi meu pai, sifior, — retrucou ela. © tei desconfiou noustante de que fose unha muller e perguntoulle a un dos seus homes de cencia: —Cé6mo pode recofiecerse se unha persoa que esta vestida é home ou muller? —Cando esté sentada bdtelle vosa maxestade unha mazdn no regazo. Se é muller abriré as pernas, e se é home as axuntard para coller a mazdn. Mas cando Iria foi dar de comer ao seu cabalo, dixolle éste: —O rei quér saber se és home ou muller, e cando estés sentada hache botar unha mazdn, Coida de axuntar as petnas pra que che non caya. ‘Asi foi que ao lhe dicir o rei: —Payo, pilla esta mazdn. Aos rapaces giistanvos. Ela axuntou as pernas e colleuna. Mais o rei viu que Payo pofiiase moi cérado, e que os ollos relucianlle como luceiros, e se non convenceu. Voltou a perguntarlle a outro dos seus sabios: —Cémo pode cofiecerse se unha persoa que esté vestida € home ou mulher ?. 33 —Digalle que vosa maxestade ten medo pol-a noite e que se quede ao pé da sua cama, Se € home quedarase; mas se é muller non quereré que- dares por vergofia. Mas cando foi a botar de comer ao seu cabalo, dixolle éste: —O tei quér saber se é home ou muller e hache pedir que quedes denoite ao pé da sua cama porque disque ten medo. Ti vai e non digas que non. E cando o rei chamouna e faloulle pra que se quedar pola noite ao pé da sua cama, ela dixolle que si, que iria, E foi. Pero ao se comenzar a espit o rei, Iria tivo que lle confesar que era muller € que non podia quedar ali. O rei, que era mozo, doulle unha aperta garimosa decindolle: —Xa eu coidaba que eras muller; porque non pode haber un home tan formoso como ti, nin tan feitifio de corpo. Dime quen ti és?, —Sefior, eu sou filla d'un rei. — Pois tés que te casar comigo. E como a ela gustoulle o rei, casaron: porque a nai do rei tamen encantoulle a sinxeleza e fermosura da principesa Iria. Un dia chegou ao pazo a nova de que un grande exército de mouros entrar n-aquelas terras. O rei tivo que botar apelido chamando dos seus con- des, e axuntando 0 exército paxose ao frente e foi combatir os invasores, montado no cabalo Boligan que Ile pareceu mais forte ¢ lixeiro. Iria, a coitada desditosa, comprendeu que o rei dos mouros era o seu primeiro home, que a buscaba asafiado, e sentiu medo por si e pol-o seu amado esposo o tei; 0 seu desespero foi grande e grandes os seus choros, € a principesa pariu dous fillos. A saifia nai enviou un menaxeiro Cunha carta pra Ile dicir a0 seu fillo como a sua muller tivera dous fillos como dous soles. Mas o mensa- xeito, chegada a noite, entrou nunha pousada e un mal home que ali pou- saba, atroboulle canto levaba, e tamen a carta; e por s’adivertir escribiu outra carta dicindo que a muller do rei parira duas alimarias que somella- ban dous cadelos. O rei cando leu aquela carta botouse a chorar; mas, en cabo, como os fillos eran seus, contestou a carta da nai dicindo que posto que Deus os mandara, habia que se resinare. Cando o mensaxeiro voltou, e namentres durmia, 0 maldoso que Ile roubara a primeira carta pilloulle tamen a resposta, e trocouna por outra que dicia: 34

You might also like