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MIGRACOES INTERNAS: CONSIDERACOES TEORICAS SOBRE O SEU ESTUDO pigitaizauo ci iPeam O CARATER HISTORICO DAS MIGRAGOES INTERNAS © Como qualquer outro fenémeno social de grande significado na vida das nacdes, a ncontrar, portanto, os limites Ravenstein, por exemplo, estudou as migracoes internas na ra-Bretanha, no contexto da revolucao industrial. Suas “leis da migracao” dificil- mente se aplicariam as grandes migragdes dos povos germanicos que puseram fim ao Império Romano ou as migracdes dos ame- tindios do norte ao sul do continente, no perfodo pré-colombiano. No entanto, elas se aplicam razoavelmente as migracoes do campo \ cidade de numerosos paises em proceso de industrializagéo, inclu- ae aetiog da América’ Latina, “1eG60 eal lnfOFnilairatsnipstes A anilise a processo a industrializagdo mostra, no entanto, que o seu cardter tem softido modificagdes profundas, que levam a distinguir pelo menos trés modalidades de industrializagao: a) a Re- voluséo Industrial “original”, que comecou no século XVIII, na Inglaterra e rapidamente se expandiu na Europa Ocidental e Central ena América do Norte, da qual resultou o sistema econdmico dos Pafses capitalistas desenvolvidos de hoje em dia; b) a industrializagao dos paises de economia centralmente planejada, iniciada na Unido Soviética com o Primeiro Plano Qiingiienal (por volta de 1930) € que hoje tem lugar em varios pafses da Europa Oriental, Asia © Améri : i ital ——__ 1 RAVENSTEIN, E. G. — ‘The Laws of Migration”, Journal of the Royal Statistical Society, XLWIIT, Part. 2 (June, 1885). Economia Polftica da UrbonizagGo 31 vigitaizauy corm vam: AGiaN@Afrieg Uma primeira questo importante a examinar, po. tanto, & em que medida diferentes modalidades de indueniahi2 condicionam ou nao tipos correspondentemente diferentes erties, migratérios. 2. INDUSTRIALIZACAO E MIGRACAO O processo de industrializagao nao consiste apenas numa my. danga de técnicas de produgao e numa diversificacao maior de to. dutos, mas também numa profunda alteraca > _da divisio social do trabalhioy Numerosas atividades manufatureiras, que antes eram combinadas com atividades agricolas, so separadas destas, passando a ser realizadas de forma especializada em establecimentos espacial. mente aglomerados. Allaplomeracao. espacial da atividade industrial se deve & necessidade de utilizaco de uma mesma infra-estrutura de setvigos especializados (de energia, Agua, esgotos, transporte, comu. -nicagGes etc.) ¢ as economias externas que decorrem da complemen- taridade entre os estabelecimentos industriais. Para reduzir os custos de transporte que consubstanciam estas economias externas, as em. Presas que realizam intenso intercimbio de mercadorias tendem a se localizar préximas umas as outras. Surge daf a cidade industrial, Uma vez iniciada a industrializagio de um s urbano, ele tende a atrair populacdes de dreas geralmente proximasipO ctesci- mento, demogréfico da cidade torna-a, por sua vez, um mercado ‘cada vez mais importante para bens e servicos de consumo, 0 que Passa a constituir um fator adicional de atragao de atividades pro- dutivas que, pela sua natureza, usufruem de vantagens quando se localizam junto ao mercado de seus produtos. Tal € 0 caso das in- distrias de bens de consumo nao durdvel, dos servigos de consumo coletivo (escolas, hospitais etc.), de certos servigos de produgio (comércio varejista) ‘¢ assim por diante, As cidades que acabaram Por se industrializar foram, geral- mente, aquelas que j4 tinham telativa expressio urbana porsterem sido antes importantes centros comerciais, Tais centzos, quase sem Pre, j4 possufam parte dos servicos de infra-estrutura que a industria necessitava. A industrializacfo, por sua vez, fez surgir uma grande variedade de novos servicos (de educacao, de pesquisa cientifica, Governamentais, de financas, contabilidade etc.) além de fazer crescet _ cnotmemente muitos dos j4 existentes, Sendo os servigos atividades que tém que” ser executadas junto aos usudtios, a cidade acabou tas atividades passaram a se realizar. sendo o lugar onde todas est Houve inclusive a transferéncia a cidade de numerosos servicos TU 92 Paul Singer vigitazauy corm Cam: Biblioteca Universitaria ‘ és GOL OS 4 6-F UFSC antes eram executados em dreas rurais. Na sociedade pré-industrial 0 camponés transporta seus produtos até o mercado onde ele mesmo os vende (geralmente em feiras periddic:s). Além disso, a educacéo e'os cuidados da satide sio providos por membros da prépria comu- s > Toda esta transferéncia de atividades do campo & cidade parece ser motivada por uma exigéncia técnica da producao industrial: a aglomeragao espacial das atividades — que se traduz em sua urba- nizagéo — parece ser um requisito de sua crescente especializacao © conseqiiente complementaridade. HH que acrescentar ainda o 4 imenso crescimento das escalas de produgio, que torna a especiali- zagdo economicamente rentdvel e leva ao surgimento’ de estabeleci- mentos de grande porte. Quipigaiitismo)idasliunidades iprodutivas Neste contexto, as migracdes internas (sem falar das. interna- cionais, que poderiam, em boa parte, ser explicadas do mesmo modo) nao parecem ser mais que um, i- - Os mecanismos de mercado que, no capitalismo, orientam os fluxos de investimentos as cidades ¢ ao mesmo tempo GhiamillOs\linicentives|leconémicos|las ‘al interpretagao faria derivar o pro- cesso migratério da prdpria industrializagio, sem que as caracteris- ticas institucionais e histéricas da mesma tivessem qualquer papel na determinacio‘daquele processo. Vale a pena, no ‘entanto, exa- minar se 3. CAPITALISMO E MIGRAGAO As teorias econémicas correntes dao, em geral, énfase a deter- minacao dos precos pelos mecanismos de mercado, ocultando, desta maneita, a considerdvel manipulacao “politica” dos pregos que de- sempenhou e continua a desempenhar um papel fundamental_na industrializagao em moldes capitalistas. (Overs eambisme na. Gat Economia Politica da Urbantzagdo 33 Digildallzduo Corl Lam: Jé o protecionismo alfandegs- tio, posto em pratica pela a e pelos Estados Unidos, foi necessdtio para que a indtistria destes paises pudesse se defender do superior poder de competigao da Gra-Bretanha. Ainda no século XIX, o desenvolvimento do mercado de capitais 4 base da sociedade anénima foi um elemento importante para a redugao do curso do capital para as empresas em expansio. | . Nos paises que chegaram tarde A corrida industrial, a manipu- lacio dos precos para favorecer a industrializagdo tornou-se mais direta e, por isso, mais Sbvia. a in } irateamento 2 na ‘auséncia de um mercado de capitais suficientemente desenvolvido, passou a ser assegurado mediante o crédito estatal a juros baixos ou mesmo negativos e subsfdios de toda espécie, principalmente sob a forma de isengGes fiscais. Também 0 custo da mao-de-obra passou a ser subsidiado indirctamente mediante 0 fornecimento de servicos sociais — de satide, seguro social, educagio, alimentacio, habitagio — em parte ou inteiramente pagos pelo Estado. E preciso referir ainda a extensa série de servigos de infra-estrutura — transporte, cnergia, 4gua, esgotos, comunicacdes — fornecidos As empresas 2 precus subvencionados. . Ela sé se torna possivel mediante arranjos ins! ais que permitem, de um lado, acelerar a acumulagio do capital e, do outro, encaminhar o excedente acumu- lavel as empresas, que incorporam os novos métodos industriais de produgdo. Como foi visto, os arranjos institucionais que promovem a industrializago nem sempre so os mesmos, dependendo sua natu: reza do contexto histérico: a industrializagio britanica requereu um tipo de politica de comércio externo (livre-cambismo) ao passo que a alema e a americana exigiram outra, oposta (protecionismo) Nio obstante, a \s arranjos institucionais que influem sobre os pregos relativos tém por fim tornar as empresas industriais lucrativas, aumentando 94 Paul Singer vigitailzauo com Cam: vin ee * sua participagio na renda. ssim, por exemplo, na medida \ em que o governo subsidia (direta ou indiretamente) certas ativi- / dades industriais, a assim por diante. O progresso técnico e a concentragao do capital s#o duas ten- déncias que se alimentam mutuamente. O progresso técnico requer escalas cada vez mais amplas de produgio, proporcionando deste modo vantagens as empresas maiores, iti gavel que a concentragio do capital € uma condicio necessétia 20 progresso tecnolégico, mas é inegdvel também que o quadro insti- tucional apropriado 4 industrializasio capitalista leva a uma concen- tracio do capital ainda muito maior, ? ao favorecer uma acumulagio do capital em escala geométrica dentro das empresas e ao permitir que, nos perfodos de baixa conjuntural, as empresas maiores absor- vam um grande ntimero de empresas médias ¢ pequenas. Do porito de vista puramente tecnoldgico, os modernos métodos de producio exigem o crescimento do estabelecimento e uma cres- cente coordenacio entre os estabelecimentos, a qual supera os limites da aco rotineira dos mecanismos de mercado. O quadro institu- cional do capitalismo monopolista prové os meios pelos quais se pode dar esta coordenacao pelo crescimento da firma, que assume a forma do “conglomerado”, cujo tamanho é determinado antes pelas necessidades de valorizagao do capital do que pelas do processo produtivo enquanto tal. Sem insistir mais neste assunto, j4 bastante discutido na litera- tura econémica cortente, € preciso considerar que a concentracao do capital e a concentracao espacial das atividades possuem, no capi- talismo, um nexo causal comum. 2 BAIN, J. (Barriers to new Competition, Cambridge, 1965) demons- trou que, nos Estados Unidos, em numerosos ramos industriais as maiores gmpreses’ possufam tamanho vitias vezes maior. que 0 “mimo tamanho timo”, fs Economla Politiea da Uthanisago 95 vigitaizauy corm Lam: 1A razao bdsica desta concentragao espacial exagerada € que as empresas unicamente usufruem as economias de aglomeragio, ao passo que as deseconomias: do congestionamento e do esvaziamento sfo suportadas pelo conjunto da sociedade, em particular pelas clas- ses mais pobres, Isto se dé devido aos mesmos arranjos institu. cionais que criam condigdes propfcias & industrializagio ¢ que, na pratica, isentam as empresas dos énus decorrentes das irraciona- Tidades do processo de industrializacio. Os exemplos, ilustrativos deste fato podem ser multiplicados 4 vontade. Admite-se que, na medida em que aumenta a densidade de ocupacio humana € econd- mica do espaco urbano, as autoridades piblicas locais sao solicitadas a inverter somas crescentes na ampliacio dos servicos urbanos, recor- rendo a solugdes cada vez mais caras: trens subterrancos, vias ele- vadas, tratamento de esgotos, desvio de correntes d’4gua de dis- tancias cada vez maiores etc. a deste Grids, Acontece, porém, que as empresas industriais freqiien- temente se beneficiam de isengdes fiscais e que boa parte dos im- postos sao indiretos, podendo ser passados adiante, ao consumidor final. Geiaiais recuticsie. a9 empresas, nataralmente:®) Por outro lado, o esvaziamento de atividades econémicas e de populacéo de muitas 4reas implica num evidente desperdicio de recursos, na medida em que habitagdes e equipamentos de servicos so abandonados inteira ou parcialmente e recursos naturais — espaco sobretudo — sio subutilizados, H4 nestas dreas também um evidente desperdicio de recursos humanos, na medida em que a emigragio das atividades aio € seguida imediata e plenamente pela emigracio da populacio, ‘orém, icio. nfo é senti 2 Na médida em que 0 solo sobe de prego, as empresas industriais so levadas a desconcentrar suas atividades no espago. Mas elas 0 fazem dentro da mesma rea urbana, meramente ampliando o seu perimetro, pois suas necessidades de servicos urbanos — basicamente vias de transporte, energia ¢, algumas vezes, 4gua — so muito mais modestas que as da populagéo, que necessita também de meios de transporte, de comunicagio, servigos de educagao, de satide etc. Deste modo, os terrenos industriais sempre alcancam precos mais baixos que 0s residenciais, mesmo quando situados na fimbtia das grandes aglomerases urbanas. 36 Paul Singer vigitaizauo com Cam: Mas, nc Tais desequilibrios regionais sio bem conhecidos e se agravam na medida em que A déeiaseslotaeiodnis a0 tomadas tendo Dor ei apends a petspectiva da empresa piad EE sabido que, em freqiientes casos, a localizagio que seria “racional” no scntido de minimizar os custos para a empresa apresenta varias alternativas economicamente equivalentes. sta decisio & geralmente devida a motivos subjetivos: o tipo de vida que a cidade grande oferece & mais atracnte para os que tomam a decisio e que, muitas vezes, terio que morar na proximidade da nova empresa. Tudo leva a crer que a urbaniza¢io assume caracte- risticas préprias no capitalismo, na medida em que este cinde as perspectivas micro ¢ macro-econdmicas, fazendo com que as decisées Jocacionais sejam tomadas apenas em funsio da primeira. 4. CAPITALISMO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MIGRAGOES INTERNAS A criagio de desigualdades regionais pode ser encarada como o motor principal das migragdes internas que acompanham a indus- trializacio nos moldes capitalistas. Como mostra Gunnar Myrdal, ¢ as regides favorecidas nao cessam de acumular vantagens ¢ os efeitos de difusio do progresso se fazem sentir num Ambito territorial rela- tivamente acanhad 4 MYRDAL, G. — Teoria Econdmica e Regides Subdesenvolvidas, cap, TIT, Economia Politica da Urbantsagéo 97 vigitalizauo corm vam: faz com que participem do proceso de acumulagao sem que possam Beneficiar-se dos seus frutos. A forma concreta com que este pro. cesso de esvaziamento se manifesta pode vatiar, de acordo com as citcunstancias locais e regionais. Em alguns lugares, @ economia se especializa na produgao de uma ou algumas poucas matérias-primas, reproduzindo dentro dos paises a dicotomia idesenvolvidos x subde. senvolvidos” que se nota no plano internacional. Quando” esti; matérias-primas se destinam a industria nacional, € costume falar-se de “colonialismo interno”, Em outros lugares, a economia se encon- tra A margem da divisio interregional do trabalho, fechando-se sobre si mesma na base da produgao para subsisténcia, cujo excedente mediocre anima uma débil vida urbana local. ~ Em qualquer circunstancia, o nivel de vida da populagio per- mifnece baixo, os hotigontesjculturaisysemantém.cerrados ¢ as opor- tunidadesjecondmicasyquase:inexistem, Os fatores de expulsiol que Jevam as migracoes sao de duas ordens: faloresidelmudancaaue decorrem da introducao de relagdes de producio capitalistas nestas Areas, a qual acarreta a expropriacio de camponeses, a expulsio de agregados, parceiros e outros agricultores nao proprietarios, tendo por objetivo o aumento da produtividade do trabalho e a conse- quentesreduciondo, nivel-desempregoy(enclosures’sena. Inglaterra, + o desenvolvimento da eriacao comercial de gado nos Pampas da Argentina, a exptopriagio das terras comunais indigenas durante 0 “porfiriato” no México etc.); e fatores@dewestagnagao, que se mani- festam sob a forma de uma crescentepressaoypopulacionalysobre uma disponibilidade de dreas cultivaveis que pode ser limitada tanto pela insuficiéncia fisica de terra aproveitével como pela monopoli- zacao de grande parte da mesma pelos grandes proprietdrios (0 Agreste no Nordeste brasileito, as comunidades indigenas nos Andes peruanos ¢ colombianos). Do ponto de vista econémico, os fatores de mudanca tém um sentidolopostolaoldelestagnagao. Os fatores de mudanga fazem parte ‘do préprio processo de industrializagdo, na medida em que este atinge a agricultura, trazendo consigo mudancas de técnica e, em conseqiiéncia, aumento da produtividade do trabalho. Os fatores de estagnacio resultam da incapacidade dos produtores em economia de subsisténcia de elevarem a produtividade da terra, Ogkatoresic mudanga Provocam um fluxo macigo de emigragio que tem por conseqiiéncia reduzir © tamanho absoluto da populacio rural. Os pos de estagnacio. levam a emmigragnonde: parte ou da totalidade lo acréscimo Populaciongi devido ao ctescimento vegetativo da po- pulacdo rural, cujo tamanho absoluto se mantém estagnado ou cresce apenas vagarosamente. . 38 Paul Singer vigitaizauo corm Cam: A primeira vista, os fatores de mudanga e de estagnagio podem parecer anélogos aos efeitos “‘propulsores” (spread effects) ¢ “xe- gressivos” (backwash effects) de Myrdal (op. cit.). Na verdade, sio totalmente diferentes. Myrdal considera os efeitos que a concentra- cdo industrial em determinadas Areas tem sobre as demais. efeitos de Myrdal explicam os desniveis regionais em ampla escala, no plano nacional (o exemplo por ele citado é 0 contraste entre o Sul e o Norte da Itélia). Os fatores de expulsio aqui analisados se referem especificamente as dreas rurais, que originam correntes migratérias mesmo quando sio atingidas por efeitos propulsores. A utilidade dos conceitos de fatores de mudanga e de estagnacio est em mostrar que os efeitos propulsores tendem efetivamente a criar novos pélos de expans&o que acarretam, nao obstante, uma intensificagao da migracdo do campo A cidade, ao passo que os efeitos regressivos, ao limitar a expansio da demanda por forca de trabalho, dao lugar também a migragdes, mas de tipo distinto, por razdes € com conseqiiéncias completamente diferentes. Em suma, os efeitos de Myrdal se referem ao movimento das atividades produtivas, a0 passo que os fatores de expulsio se referem a0 movimento de seres humanos. A distingao entre dreas de emigracao sujeitas a fatores de mu- danca e reas sujeitas a fatores de estagnacio permite visualizar melhor as conseqiiéncias da emigracio Jé as segundas apresentam estagnacao ou mesmo deterioracao das condigdes de vida, funcionando as vezes como “viveiros de mio-de- obra” para os latifundidrios e grandes explorages agricolas capita- listas. FE sabido que as areas de minifindios, onde atuam tipica- mente os fatores sedimentares de estagnagio, sio muitas vezes a origem de importantes fluxos migratérios sazonais: numerosos tra- balhadores se deslocam para outras reas agricolas, onde participam das colheitas e depois retornam A prépria gleba. ‘As regiées de emigracio provocada pelos fatores de estagnacio soem ter elevadas densidades demogrdficas e, por isso, dispdem de considerdvel potencial de mobilizacio politica. Economla Politica da Urbanlzagéo 99 vigitaizauy corm vam: ‘algumasidesresreaty De uma forma geral et programas de “desen- voly-mento regional” nos paises capitalistas tém dado énfase ao Deste modo, o quadro insti fo na tentativa de se eliminar um de industrializacao insti- tucional é mais uma vez altera desequilibrio ctiado pelo préprio processo tucionalmente condicionado. Como a concentracio espacial de atividades que resulta da in- dustrializacio capitalista é, via de regra, muito maior do que a exigida pela tecnologia industrial, os esforgos em prol do “desen- volvimento regional” séo, em principio, economicamente vidveis. Reproduz-se, no entanto, neste caso, nas novas areas favorecidas, o mesmo fenémeno de concentracao espacial utbana acarretado pela industrializacao capitalista no plano nacional. . Além disso, € comum que o fesenvolvimento regional” facilite a penetra¢io do capitalismo na agricultura das 4reas a serem desenvolvidas, 0 que tende a mudar 0 caréter dos fatores de expulsio que, originalmente causados pela estagnacdo, passam a ser conseqié tudanca, avolurnando con- sderavelmene iiss Ee ee a aaa, ncurta a distancia percorrida pelos migrantes, que, em outras con- digdes, acorreriam aos centros nacionais, mas, ao mesmo tempo, contribui para a concentracao regional. de atividades e, em conse- igi io do ntimero de migrantes. 5. AS MIGRAGOES INTERNAS FACE AO MERCADO DE TRABALHO Os fatores de expulsio definem as dreas de onde se originam 0s fluxos migratérios, mas sao os fatores de atracio que determinam ‘a orientacao destes fluxos e as areas as quais se destinam. Entre os fatores de atragio, o mais importante é a demanda por forca de trabalho, entendida esta nao apenas como a gerada pelas empresas 40 Paul Singer vigitaiizauo corm Cam: industriais mas também a que resulta da expansio dos setvicos, tanto dos que sio executados por empresas capitalistas como os que sio prestados por repartigdes governamentais, empresas pt- blicas e por individuos auténomos. De uma forma geral, interpreta- sse esta demanda por forca de trabalho como proporcionando “opor- tunidades econémicas”, que constituem um fator de atracéo na medida em que oferecem uma remuneracio mais elevada que a que o migrante poderia perce! ber na drea de onde provém. oO. ° omum, por exemp migtantes ja cheguem endividados, sendo obrigados a trabalhar durante certos periodos por baixo saldtio para Pagar os custos da viagem. A questfio que se coloca é saber se 0 fato de numerosos mi- grantes nao serem absorvidos pelo mercado de trabalho se explica pela sua inferioridade econdmica ou desajustamento face 3s condigées requeridas pela economia industrial, ou se os fluxos migratérios suscitados pela industrializacao capitalista tendem inerentemente a produzir, nas dreas urbanas, uma oferta de forca de trabalho. su- perior A demanda. Se a primeira hipétese fo1 verdadeira, entio o feitas em Monterrey e Cidade do Méxi © nivel ocu perfodo de. hipétese for 0, exemplo, mostram que pacional ¢ o de renda aumentam proporcionalmente os permanéncia do migrante na cidade.® Se a segunde verdadeira, no entanto, Na verdade, a economia’ ‘a nao dispde de mecanismos que assegurem proporcionalidade entr € o mimero de pessoas aptas ae fo, CE ARCIA, Humberto Mufioz, OLIVEIRA, Orlandina e STERN, Cliu- dio. Categorias de Migrantes y Nativos y algunas de sus Caracteristicas So- cioeconomicas: Comparaciones entre las Ciudades de Monterrey y Mexico (mimeografado), Economia Politica da Urbanizagéo 4] vigitaizauy corm vam: i jos trazem_A cidade, e trabalho, que os fluxos migratérios 1a le, ¢ 0 Pictero de agares Ge ribalho criados pelas novas atividades implan. i ti igrantes que contribui para no meio urbano. Ojjmamero de migrant 1 fades no ree ele orga de ebalho usbano depen piedominan temente, dos fatores de expulsdo: os fatores de mudanga criam uma 1 i f, sendo a _dimensio ie de desemprego tecnolégico na area rural, sendo = desemprego uma fungio do aumento da produtividade do tra. balho agricola e da sua especializago, ao passo que os fatoressde estagnagao produzem um fluxo.de. sre cujo ‘volume depende jmento vegetativo da populacaéo em economia ce cata eacriore disponibilidade de terra. A ‘subsistencia em confronto com=a"sua" a A demanda de forca de trabalho suscitada pela expansdo da economia urbana, por sua vez, depende da estrutura da demanda atendida por aquela economia e das técnicas aplicadas em cada tamo, que deter- minam a produtividade ffsica do trabalho na produgdo de cada mer- cadoria. De acordo com a teoria econémica convencional,.o,metcado.de trabalho teria meios de equilibrar demanda ¢ oferta de forca de tra balho mediante a variacao do seu preso, isto ¢, do nivel de salérios. ‘Assim, na ¢hipéteseydeshaversumpexcesso de oferta em comparacio com a procura de forga de trabalho; os saldtios baixariam, reduzindo © custo do fator trabalho em comparagéo com o custo do fator capital, o que induzitia as empresas a utilizar técnicas que usam mais intensamente mao-de-obta, do que adviria uma elevacao da procura desforcasde:trabalho,-tornando-aiguala oferta. Este tipo de solucao, no entanto, geralmente nao pode ser aplicadoypamnaoyseryde modo muito limitado, devidojaosjobstaculostinstitucionais (saldtio minimo, indenizacao aos despedidos etc.) e a resisténcia dos trabalhadores jerganizados. Concluem disso os partiddtios da teoria convencional que a “rigidez” do nfvel de salétios é a principal causa do desem- prego ¢ subemprego que se manifesta nas dteas urbanas em paises nos quais ocorrem fortes migracdes do campo & cidade. Arthur Fen Po sen conclui que “em suma, salérios elevados em a a i See meted no ae plone eee tab athes se es ‘abalho ¢ a jogd-lo abertamente no met Tites Weiportande: ddqultaercls cee iesstae a moderno se expands ae genvd Bite & proveveluents opeksoled Cece la cote ea prego...”6 mente o principal fator do crescente desem= © LEWIS, W. Arthur — Unempk ir ir ie = ture to Mid West feces Cone eet Developing Countries, Yes 42, Paul Singer vigitaizauo com Cam: E duvidoso, no entanto, que os salétios demasiadamente eleva- dos na cidade sejam a mais importante causa da insuficiente absor- jo de’ migrantes pelo mercado de trabalho urbano. . Uma reducao do nivel de lo regressiva da renda, diminuindo a patticipacéo das camadas mais pobres na renda em favor das camadas mais ticas, que obtém seus rendimentos da propriedade ou de conhecimentos especializados. Como € sabido, a propensio a consumir dos pobres € muito maior que a dos ricos, de modo que uma baixa dos salétios pode muito bem acatretar uma reducio de consumo e, portanto, da demanda efetiva. Se isto acontecesse, 0 aumento da demanda de forca de tra- balho decorrente da adogao de técnicas que usam mais intensiva- mente mio-de-obra poderia ser mais do que compensado pela redu- go da demanda de forca de trabalho causada pela queda do nivel de atividade, devido 4 menor demanda global. O que parece acontecer, mais freqiientemente, no decorrer da industrializagéo capitalista, é que E isto o que torna a eco- nomia capitalista dinamica, do ponto de vista tecnoldgico, pois as empresas sao estimuladas a aplicar mudancas tecnolégicas sempre que o custo do capital (geralmente subsidiado, como foi visto) o permite. O ponto relevante, nesta discussio, € que a procura de forca de trabalho, na cidade, dadas as mudancas ténicas decorrentes da industrializagio, Quando ‘as migracSes sao, causadas por fatores de mudanga, ha um nexo causal, embora indi- feto, entre o yolume de forca de trabalho liberado pela agricultura ea demanda pelo produto urbano, Quando a agricultura se torna capitalista, ela expande fortemente sua demanda por mercadorias oriundas da economia urbana: instrumentos de trabalho, insumos industriais (energia elétrica, combustiveis, adubos quimicos, inseti- cidas, ragdes etc.), bens de consumo industrializados e servigos (de transporte, comerciais, financeiros etc.) ‘produzidos a partir da ci dade, Economia Polftica da Urbanlzacdo 43 vigitaiizauo comm Cam: Glaro que esse nexo causal entre 0 desemprego no campo e a criacio de novo emprego na cidade no assegurs pot si s6 que o volume de empregos eliminados da agricultua sj fatelramente cotnpensado'pelo volume de empregos crlades u’eh nomia urbana. i i fade | 0 gue vai decidir, em ultima anélise, se 0 processo de indus. trializacao capitalista cria ou no um volume de emprego que guarda * alguma correspondéncia com o volume de mio-deobra_disponivel (conceito por si s6 algo ambiguo) iii d@jttabalho® Esta mais-valia é, em sua maior parte, soe Conforme o uso que estas personagens e enti- lades derem ao acréscimo de renda de que sao beneficidrias, o desem- prego tecnolégico seré ou nao compensado pela criagio de novo A experiéncia histérica da industrializacao capitalista até a 2.* Guerra Mundial mostrou que as tendéncias espontineas do sistema, governadas pelos mecanismos de mercado ¢ pelos estimulos insti tucionais, levavam a uma subutilizagao sistematica dos recursos humanos disponiveis, cuja gravidade vatiava de acordo com a fase do ciclo de conjuntura em que se encontrava a economia. Nos pe rfodos de industrializagao mais intensa, na Europa, em que se acen- tuava a penetragio do capitalismo nas areas rurais, o volume de desemprego criado foi considerdvel, 0 que provocou fortes fluxos migratérios para as Américas, Austrélia ‘Africa na segunda metade do século XIX e nas_primeiras décadas do século XX. A partir da depressiio dos anos 30, no entanto, numerosos governos passaram a adotar politicos anti-cfclicas e de pleno emprego, cujo éxito rela- tivo demonstrou que as varidveis, das quais depende a compensagio do desemprego teenoldgico, podem ser condicionadas mediante ®t ranjos institucionai: expansiio da oferta de meios de pagament?, tributacdo progressiva, investimentos puiblicos, crédito seletivo, ue senvolvimento regional etc. Em suma, a experiéncia recente 44 Paul Singer vignanzauocomf Cam paises capitalistas desenvolvidos mostra que uma politica econd- mica de cunho “keynesiano” € capaz de conciliar, durante perfodos consideréveis, répidas ¢ profundas mudangas téenicas com niveis relativamente clevados de emprego. A situagio dos pafses niio de- senvolvidos, no entanto, é bem diferente. 6. MIGRAQOES E INDUSTRIALIZACAO NOS PAfSES NAO DESENVOLVIDOS O processo de mudanga tecnolégica nos pafses capitulistas de- senvolvidos difere consideravelmente da industrializagio capitalista nos paises nao desenvolvidos. Em primeiro luga: (campo nese ens er conopracio somos primeir a nos paises desenvolvidos a mudanca se dé a medida que determinadas Em segundo lugar, desde que um pafs ultrapassa 0 umbral do desenvolvimento, ele deixa de ter um Setor de Subsisténcia ou este permanece apenas sob a forma de bolsdes de atraso de pequena expresso. A regra geral € que, num pais desenvolvido, 0 conjunto da populagio est integrado na economia de mercado. Obviamente a situagio é oposta nos paises niio desenvolvidos, em que boa parte da populagio ainda se encontra em economia de subsisténcia. i 08 fatores de mudanga tém efeitos mais amplos ¢ a cles se somam os fatores de estagnagio, que nos pafses desenvolvidos praticamente niio ve fazem mais sentir. £ importante, neste contexto, analisar 03 efeitos das migragdes provocadas pelos fatores de estagnagio sobre a economia urbana. Na medida em que uma parte considerdvel da populagio permanece em economia de subsisténcia © na medida em que, gragas A queda da mortalidade, 0 seu ritmo de crescimento vegetative aumenta, os fatores de estagnagio podem gerar un fluxo migtatério considerdvel. Economia Politica da Urbantsasdo 45 vigitazauy corm Cam: A parte deste fluxo que se dirige As cidades vai depender, natural. mente, da disponibilidade de novas tertas que possam ser ocupadas pelo excedente populacional. B ossuemean terras foi esgotada, efetiv mente utilizadas, seja por jf estarem monopolizadas por latifundi: rios, os fatores de estagnacZo acabam gerando fluxos migratérios que se dirigem quase exclusivamente as cidades, podendo. estas inclusive se situar no exterior, como € o caso dos migrantes de Porto Rico e Jamaica, que se dirigem a Nova York e Londres, ‘A chegada & cidade de migrantes que provém de 4reas em economia de subsisténcia, debilmente ligadas A divisdo nacional do trabalho, nfo provoca qualquer elevacao da demanda pelo produto da economia utbana. Antes pelo contrario, o afluxo destes migrantes tem um’ efeito depressivo sobre esta demanda, por varios motivos: eos que recebem estas oriundos da cidade, este efeito se anula; porém, na medida em que aqueles recursos sio gastos na compra de produtos da economia local, eles sao subtraidos da economia urbana. O mesmo se dé quando migrantes retornam, com certo pectilio amealhado na cidade, as dreas de subsisténcia; 2. rs J vendedores ambulantes, carregadores, servigos de reparacao etc. Em- bora tais atividades sejam desenvolvidas no ambito espacial da ci- dade, elas nfo se acham integradas na economia urbana capitalista. Na medida em que, devido aos baixissimos nfveis de remuneracio que seus executantes so obrigados a aceitar, elas conseguem com- petir com empresas capitalistas, seu efeito é realizar a demanda pelo produto da economia capitalista da cidade €, portanto, sua procuta por forga de trabalho: o comércio de ambulantes limita a atividade € 0 emprego no comércio otganizado em moldes capitalistas, oS lavadores de carros reduzem a clientela d igos € assim por diante; 3. 46 Paul Singer vigitaizauy cont Cam: Em- bora o servigo doméstico em na lo pro- duto urbano, seu efeito sobre o montante deste produto é negativo na medida em que ele substitui equipamentos que fazem parte da- quele produto: a empregada doméstica dispensa o uso da maquina de lavar, o chofer particular permite A famflia prescindir de um segundo carto etc. Tomando-se 0 conjunto dos efeitos da migragio A cidade, oriunda de 4reas que permanecem em economia de subsisténcia, sobre o produto urbano, é fécil ver que ele é neutro ou negativo, © que explica que grande parte destes migrantes nao seja absorvida pela economia de mercado. E claro que, do ponto de vista do lugar de destino, parece irrelevante distinguir os migrantes conforme os fatores de expulsdo que os atingitam. Tanto os que vieram de dreas em mudanga como os que provém de dreas em —“y no mesmo mercado de trabalho urbano. Tomando-se, como caso extremo, um pafs em 0% populacao nao urbana pertence ao Setor de Subsisténcia e que usica- mente devido a fatores de estagnacao ® uma parte do acréscimo desta populacgo, decorrente do seu crescimento vegetativo, migra a cidade, & de se esperar que a economia urbana, em lenta expansio, absorva uma proporcao reduzida dos migrantes, permanecendo a maioria a margem da divisio social do trabalho, usufruindo parte do excedente produzido pela economia urbana mediante a prestagao de servicos domésticos ou atividades auténomas etc. No outro extremo, pode-se conceber um pafs com amplas reservas de terras em que todo exce- dente demografico do Setor de Subsisténcia pode-se estabelecer; neste pafs, a migragao 4 cidade é provocada unicamente por fatores de mudanga, na medida em que dreas em economia de subsisténcia sao incorporadas & economia capitalista. Nestas condigdes, a econo- ‘orga. —___ _ 7 Do ponto de vista da producao, mas nio do sistema como tal. O ser vigo doméstico (do mesmo modo que os trabalhadores auténomos) integra o exército industrial de reserva, como se veré adiante, desempenhando fungio de estoque de mio-de-obra para a economia capitalista, 8 Isto significa que praticamente nio hi penetracio do capitalismo na rea rural ¢, em conseqtiéncia, nem a especializagio da agricultura e nem o en. da produtividade do trabalho agricola levam a liberagio de mio-de- ra, Eoonomla Politica da Urbanlzasio 47 vigitallZauo COIN lesenvolvidos entre os dois extremo: 4 io) s. Possivelmente é a situacio do er. da Coldmbia e do Nordeste do Brasil, Hé paises nio dese. volvidos, no entanto, em que 0 Setor de Subsisténcia j4 estd redy. zido ou esté sendo rapidamente penetrado por relagSes de producio tgentina e o centro-sul MIGRAGOES INTERNAS E DESENVOLVIMENTO 44 aquela industializagio Analisar as Migragdes em questao com 0 instrumental tedrico desenvolvido a partir da observacao e estudo das migragdes internas dos paises desenvolvidos faz correr o tisco de perder de vista aspectos essenciais do fendmeno. Grande parte dos estudos correntes é motivada pela preocupa- Zo com surgimento lo ponto de vista da moradia (favelas, Tacdes marginais, pelo menos “callampas”, “barriadas”, “vencindades”), em praticamente todas as cidades importantes da América Latina (sem falar da Africa ¢ da Asia, onde as condigées de marginalidade urbana ainda soem set mais’ graves), Gicaiquelelasisuscitam Como o desenvolvimento econdmico reper cute no plano social em primeira insténcia precisamente sob a forma de transformagdes demogréficas — migragoes internas, urbanizaci0, aceleracio do crescimento populacional devido & queda da mortali- lade — cuja intensificago “parece” ser a causa principal dos des nivel econdmicos e das tensdes sociais que configuram a marginali- lade urbana, passa-se a concluir que o 48, Paul Singer vigitaizauo corm Cam: passam” 0 ritmo de crescimento econdmico cu, mais especificamente, da criagto de empregos na economia capitalista urbana. Pelo que foi visto, efetivaiente o desenvolvimento, ao criar fatores de mudanga em éreas rurais, avoluma os fluxos de migracio interna, embora tais fluxos estejam presentes mesmo quando nao aldesenvolvimentop O que importa considerar, porém, € que s6 0 desenvolvimento cria as condigdes que permitem uma expansio vigo- rosa da economia urbana da qual pode resultar a absor¢ao produtiva, embora com retardo, da mio-de-obra trazida 4 cidade pelas migragdes. E verdade que em muitos paises no desenvolvidos a economia urbana tem sido animada pelo comércio exterior. Nestes=iCasosyial expansao da economia urbana tem dependido principalmente do cres- cimento da demanda externa pelos produtos destes pafses, incluindo- -se nestes a venda de servicos sob a forma de turismo). Embora as relagdes.econémicas com o “resto do mundo”, o que significa praticamente os pajses capitalistas desenvolvidos, nao possam ser ignoradas na andlise da problemética que concerne & integragao dos migrantes na economia de metcado, a experiéncia das ultimas décadas da maioria dos paises nao desenvolvidos indica que aquelas relacdes tampouco apresentam perspectivas de solugao para tal problemética. Em termos muito simples, ogritmoydeyerescimentowdaydemandavexter- na pelos produtos dos pafses no desenvolvidos foi muito inferior ao afluxo humano 4s dreas urbanas destes pafses. Foi exatamente Porque o comércio externo deixou de representar, na industrializacao dos paises- nao desenvolvidos, o papel dinamico que ele de fato desempenhou na industrializagao dos paises hoje desenvolvidos, & que os paises que atualmente almejam se industrializar tiveram que se voltar para o mercado interno e langar-se na via do desenvolvi- mentow‘patasdentro”. Sem negar que uma eventual expansfo da ‘demanda externa possa constituir um estimulo adicional para o cres- cimento da economia urbana dos pafses nao desenvolvidos, @a0nha ddvida que a mola fundamental deste crescimento é constitufda pela expansao e aprofundamento da divisao social do trabalho dentro do patsy A Unica ressalva é que paises muito pequenos, cuja populacao diminuta proporciona um mercado interno demasiadamente restrito, tém como melhor perspectiva a integracio de suas economias em 4reas de livre comércio, mercados comuns etc., com outros palses de caracterfsticas semelhantes. __, Desta maneira, a solugio da problemética nfo parece estar numa limitagao do ritmo de desenvolvimento (aqui entendido como resul- tante do avanco tecnolégico) composite) delreduzirlalintensidade das migracdes internas, mas antes numa aceleracéo daquele ritmo, ainda que.isto-acarsete-fluxos migtatétios-ainda»maiores. (Nadal(a’ Economia Politica da Urbanisacdo 49 vigitalizauo corn Lam: 4] Gan Tgnepsetfieemntnaeiiede, E preciso re oO mec: que pds em movimento os fluxos migratérios e suas conseqiiéncias para a economia urbana. sentam maiores proporgdes da populagao margi 8. PROPOSIGOES PARA O ESTUDO DAS MIGRACOES INTERNAS Considerando-se as linhas tedricas, desenvolvidas até este ponto, que procuram jé exista um volume consideravel de ‘pesquisa fr pafses néo desenvolvidos, a maior parte se baseia em fundamentos tedricos diferentes dos aqui expostos. s proposigoes que se seguem diferente cujo mérito seria o A. CAUSAS E MOTIVOS DAS MIGRAGOES A maior parte das informagdes disponiveis sobre movimentos migratérios é proveniente de levantamentos (censitérios, amos- trais etc.) em que a unidade a que se referem os dados € o indi- viduo ou, na melhor das hipéteses, a familia. atualit Desta maneira, sob 0 titulo de “‘causas das migrages” se arrolam e dis- cutem as verbalizagdes dos migrantes quanto aos motivos que 0s 9 Isso nio contradiz a atitude tio freqii Simi a ees D ni a qiientemente pessimista face as imigrasses, cuja fungio modemnizante seria anulada pelo tamanho “excessive” s fluxos que chegam as dreas urbanas. vigitaiizauy com Cams teriam levado a migrar. O exame critico deste material empfrico centra-se, quase sempre, na indagacio da fidedignidade das res- postas: €mi que medida é o informante capaz de reproduzir os mo- ivos que o levaram a adotar a decisao de migrar? quanto hé de racionalizacao ou de esteredtipo nas respostas? E mister, no entanto, submeter este tipo de procedimento a uma critica mais radical. Qlimaisiprovavel iéllquelalimistacaoseia tum processo social, cuja unidade atuante nio é 0 individuo mas 0 grupo. Quando se deseja investigar processos sociais, as informagoes Sihides numa base @iidividialcondGzém, na maioria das vezes, * andlises psicologizantes, em que as principais condicionantes macto- ociais|saoqdestiguradasyquandownaoyomitidas. No caso especifico das migragées internas, o cardter coletivo do processo ¢ tio pronun- ciado que quase sempre as tespostas da maioria dos migrantes caem em apenas duas categorias: 1. motivagaoleconomica (procura de-tra- balho, melhora das condigdes de vida etc.) e 2. para a¢ompanhar: oyesposoyjayfamiliayoupalgowdesteyestiloggA forma estereotipada das respostas indica que a indagacao nao foi dirigida a quem possa oferecer uma resposta capaz de determinar os fatores que condicio- nam o fenémeno. Se se admite que a migracao interna € um processo social, deve-se supor que ele tenha causas estruturais que impelem determi- nados grupos a se por em movimento. Estas causas so quase sem- pre de fundo econémico — deslocamento,de-atividades-no-espago, crescimento diferencial da atividade em lugares distintos e assim | por diante — e atingem os grupos que compéem a estrutura social | dovlugarsdevorigemydeumpmodordiferenciado, Assim, se numa deter- minada 4rea 4 mecanizagao da agricultura reduz a sua demanda por mio-de-obra, os desempregados tém que migrar para outra rea em busca de meios de vida. Estes desempregados. que migram sao, em sua grande maioria, ex-assalariados, diatistas, pees, isto é, consti- uem um grupo que nao possui direitos de propriedades sobre o \ lo, Os proprietdrios e arrendatétios nZo sao forcados a migrar, 4am primeiro momento, embora alguns possam ser induzidos a \) fazé-lo mais tarde, por nao possuitem os recursos necessdrios para I acompanhar a mudanca da técnica de producio. q@Bgdeyseyesperar | | que haja aumento da produgao e baixa dos pregos, arruinando os Pequenos estabelecimentos cujos custos de produgao se mantém mais clevadossquevosidosigrandesiqueyseumecanizam. Neste exemplo, a Primeira onda de emigrantes é constitufda por desempregados, a se- gunda por camponeses proletarizados. Embora um grupo social seja levado, por certas causas estru- turais, a migrar, é Idgico que nem todos os seus membros o facam Economla Politica da Urbantzac&o 51 vigitalizauo corn vam: de imediato. No exemplo acima, a m@@canizagadldiminuia demandy por forca de trabalho, mas nfo a reduz a zero. Um certo niimero deitrabaladotes retémiseuemprego. Também a ruina dos Pequenos proprietdrios e arrendatdrios nao atinge a todos ao mesmo tempo, Hi, neste sentido, uma certa seletividade dos fatores de expulsig (os trabalhadores mais novos sao despedidos antes, os proprietétios que se endividaram mais so arruinados mais cedo) que pode ser assimilada a uma diversidade de motivos individuais que leva alguns a migrar e a outros nao. Adicionam-se a esta seletividade objetiva motivagdes subjetivas: Sabteldos!desemiprepados|permanecelno lugar, a espera de melhores dias, sustentados por membros da familia que trabalham ou mediante a realizacaéo de servicos de dcasiao; outros trabalhadores, embora nao tenham sido despedidos, preferem emigrar Porque esperam encontrar melhores oportunidades alhures. Convém sempre distinguit os motivos (individuais) para migrar dasycausas)(estruturais) da migragao. Os motivos se manifestam no quadro geral de condicées sécio-econdmicas que induzem a migrar. E ébvio que os motivos, embora subjetivos em parte. correspondem a catacteristicas dos individuos: jovens podem ser mais propensos a migrar que velhos, alfabetizados mais que analfabetos, solteiros mais do que casados e assim por diante. O que importa é nao esque- cer que a primeira determinagio de quem vai ¢ de quem fica. é social ou, se se quiser, de classe, (Dadas detetmifiadas eireunstancias, uma classe social é posta em movimento. Num segundo.-momento, condigSes objetivas e subjetivas determinam que-membros- desta classe migrarao antes e quais ficatio pata trds, B. OESTUDO DA MIGRACAO COMO PROCESSO SOCIAL Se a unidade migratéria deixa de ser o individuo para ser 0 grupo, também deixa de ter sentido investigar-se a migracZo como um movimento de individuos num dado periodo entre dois pontos, convencionalmente considerados como de origem e de destino. - n lento, cla. ctia umefluxo migratério que pode ser de Tonga duracio creve um tfa- jeto que pode englobar vétios aa nglobar” Pontos de origem e de destino. oi fixe migratétio otiginado por determinados fatores estruturais, que ceterminam o seu desdobramento no e€spaco e no tempo, 0 Primeiro objeto. de estido. Usiiamiyen compreendidosmomsluxos=a5 = a » determinados movimentos que © compoem podem ser ee isoladamente. A hipdtese b* = due ovluxovdeterminasos»movimentos»unittios estes s6 podem ser compreendidos no Quadrosmais geral daquele: 52° Paul Singer . vigitaizauo corn Cam: . O exame critico deste material empfrico centra-se, quase sempre, na indagacdo da fidedignidade das res- postas: em que medida é ro, submeter este tipo de procedimento a provavel € que a migracdo seja ‘uma critica mais ra um proceso social, eES enc se deseja investigar processos soci: fas numa base individual conduzem, na maioria das vezes, @ andlises psicologizantes, em que as principais condicionantes macto- -sociais séo destiguradas quando nao omitidas. No caso especifico das migragdes internas, o carter coletivo do processo é tio pronun- ciado que quase sempre as respostas da maioria dos migrantes caem em apenas duas categorias: 1. motivagdo econémica (procura de-tra- balho, melhora das condigdes de vida etc.) e 2. para acompanhar o esposo, a familia ou algo deste estilo. A forma estereotipada das respostas indica que a indagacao nao foi dirigida a quem possa oferecer uma resposta capaz de determinar os fatores que condicio- nam o fenémeno. Se se admite que a migragio interna é um processo social, deve-se supor que ele tenha causas estruturais que impelem determi- nados grupos a se por em movimento. Estas causas sio quase sem- pre de fundo econdmico — deslocamento de atividades no espaco, crescimento diferencial da atividade em lugares distintos e assim por diante — e atingem os grupos que compdem a estrutura social fo lugar de origem de um modo diferenciado. Assim, se numa deter- minada 4rea a mecanizacao da agricultura reduz a sua demanda por mio-de-obra, os desempregados tém que migrar para outra 4rea em busca de meios de vida. Estes desempregados que migram sao, em ' sua grande maioria, ex-assalariados, diaristas, peGes, isto é, consti- | tem um grupo que nfo possui direitos de propriedades sobre 0 wlo. Os proprietérios ¢ arrendatérios nfo sio forgados a migrar, xam primeiro momento, embora alguns possam ser induzidos a faztlo mais tarde, por no possuirem os recursos necessftios para acompanhar a mudanga da técnica de producio. E de se esperar que haja aumento da produsfio e baixa dos preos, arruinando os pequenos estabelecimentos cujos custos de produgao se mantém mais elevados que os dos grandes que se mecanizam. Neste exemplo, a primeira onda de emigrantes é constituida por desempregados, a se- gunda por camponeses proletarizados. Embora um grupo social seja levado, por certas causas estru- turais, a migrar, & ISgico que nem todos os seus membros 0 fagam Economia Politiea da Urbantzagao 51 —pigranzauy cur vam: de imediato. No exemplo acima, a mecanizacao dining a deman a orga de trabalho, mas nfo a reduz a zero. Um certo nimerg RO" balhadores retém seu emprego.. Também a ruina dos pequenos jetérios e arrendatérios nao atinge a © tempo, Hg ne te sentido, uma certa seletividade dos fatores de expulséo Hi mes Mores ais novos sf0 despedidos antes, 0s propriettin que se endividaram mais so arruinados. mais edo) gue pode se assimilada a uma diversidade de motivos indivi ais ace ra alguns a migrar e a outros nao. ‘Adicionam-se a esta seletividade objetiya motivagGes subjetivas: parte dos desempregados Detntaneee no lugar, a espera de melhores dias, sustentados por membros da familia que trabalham ou mediante a realizacdo de servigos de dcasiGo; outros trabalhadores, embora nao tenham sido despedidos, preferem emigrar porque esperam encontrar melhores oportunidades alhures. Convém sempre distinguir os motivos ( individuais ) para migrar das causas (estruturais) da migracdo. Os motivos se manifestam no quadro geral de condigdes sécio-econdmicas que induzem a migrar, E ébvio que os motivos, embora subjetivos em parte. correspondem a caracteristicas dos individuos: jovens podem ser mais propensos a migrar que velhos, alfabetizados mais que analfabetos, solteiros mais do que casados e assim por diante. O que importa € nao esque- cer que a primeira determinacao de quem vai e de quem fica é social ou, se se quiser, de classe. Dadas determinadas circunstancias, uma classe social ¢ posta em movimento. Num segundo momento, condigées objetivas e subjetivas determinam que membros desta classe migrarao antes e quais ficario para trds. B. O ESTUDO DA MIGRAGAO COMO PROCESSO SOCIAL Se a unidade migratéria deixa de ser o individuo para ser 0 grupo, também deixa de ter sentido investigar-se a migracao como um movimento de individuos num dado perfodo entre dois pontos, convencionalmente considerados como de origem e de destino. 52° Paul Singer vigitaiizauy corm Cam: a titulo de exemplo, que numa determinada 4rea js grandes proprietérios al passam a usar a terra para pastagens ou silvicultura, atividades que requerem menos mio-de-obra, o que vai determinar a emigragao dos trabalhadores sem terra, Dado que estes emigrantes possuem pou- quissimos recursos e um hotizonte cultural mui limitado, eles tendem a se dirigir as cidades mais préximas, cuja economia também est4 estagnada devido a decadéncia da atividade produtiva principal da regio. Ali, os migrantes constituem um proletariado de baixa qua- lificago, cujo afluxo deprime os saldrios dos trabalhadores urbanos, 4 parte dos quais ¢, por isso, levada a migrar para cidades maiores. Este segundo movimento € possibilitado pela maior disponibilidade de recursos e informagées por parte dos trabalhadores que j4 pos- suem cetta experiéncia urbana. E possivel que sucessivos movi- mentos migratérios sejam desencadeados, das cidades menores as maiores, até que grande parte dos migrantes alcance as dreas onde se esteja dando um desenvolvimento industrial mais intenso, cujos efeitos diretos e indiretos determinam um aumento da demanda de mio-de-obra que oferece aos imigrantes oportunidades de integra- ao na economia urbana. B i ializaga facil de ver que, num caso assim, comeca vestig elo da cadeia apenas significa renunciar desde j4 a uma compreensio global do processo. Explorando ainda as condigdes exemplificadas acima, pode-se conceber que, na érea cujo Setor de Mercado Externo esté em deca- déncia, a pequena burguesia rural, constitufda por pequenos pro- { prietérios e arrendatérios, também dé inicio a um fluxo migratério, cujas caracteristicas, no entanto, serao diferentes. Eles fogem da estagnacéo econémica e social, da falta de perspectivas de mobili- dade social. Possuindo mais recursos e um horizonte cultural mais amplo, sua trajetéria poderd levé-los de imediato a cidades maiores. Muitos migrantes deste grupo sero jovens solteiros (ao contrério dos migrantes proletdrios, cujas caracterfsticas demogrdficas sero mais préximas das do conjunto da populacio de origem), que ten- tatfo sua sorte no meio urbano amparados pela familia que per- Economic Politica da Urbanizago 53 vigitaiizauo com Cam: manece na propriedade rural. Parte dos que fracassam retornatig a frea de origem, possibilidade que é muito menor para os migrantes de condicao proletétia. : . : As consideragdes acima sfio puramente hipotéticas, mas ilustram a importancia de se considerar 0 fluxo migratério como um todo que explica, mas. pio é explicado pelos movimentos que 0 compéem, q a drea de origem, neste do, 1 er uga de onde provém determinado grupo de imigrantes, nem mesmo (ne- cessariamente) o lugar onde se originou sua movimentacio, isto seu lugar de nasciment ES Si Sets de otros mg es Do mesmo modo, nada justifica considerar determinada drea como sendo de destino, “a priori” uma como usualmente se faz, que uma determinada cidade industrial seja o Jugar de destino de trabalhadores rurais que se integram no proletariado urbano, mas sive @ Pequena burguesia & procura de oportunidades de edicarie superior e de trabalho especializado, mais freqiiente No setor ter cidrio, esteja migrando desta tanas dentro e Uma conseqiiéncia metodoldgica desta abor lagem é que o estu de migracio limitado a " C. CONSEQUENCIAS DAS MIGRACOES INTERNAS E sabido que o GesenveNimeitSlNGSISSHGHSIHSASGEAD Novas classes sociais surgem ao passo 's, Mals antigas, se atrofiam. Alteracdes de monta nas relacoes 54 Paul Singer vigitaizduo corfficam z= de produgio podem levar A desaparicéo de certas classes (abolisio da escravatura, por exemplo) e ao crescimento aceletado de outras ‘ediante a incorporacio dos antigos membros da classe que foi eli- ef mediante mo 0 espaso. po p a proletarizacdo dos ex-escravos, no Brasil, deu-se em boa medida mediante a sua migracao as cidades. 1° As pesquisas sobre migragdes tém-se ocupado, em geral, com o problema da absor¢ao do migrante pela economia ¢ sociedade do lugar de destino. Como, no entanto, em geral nao se considera a situagio de classe do migrante, a sua integragao € analisada do ponto de vista individual, confrontando-se sua situacZo com a dos nativos em termos de ocupacio, nfvel de renda etc. Desta maneira, perde-se de vista a fungio do proceso migratério na constituigio da socie- dade de classes, produzida pelo desenvolvimento. ‘A adaptacgio do migrante recém-chegado ao meio social se dé freqientemente mediante mecanismes de ajudz miitua ¢ de soli- datiedade de migrantes mais ai ugar le classe an modo como o mig: na sociedade de destino tem sido explicado por meio de suas carac- teristicas individuais; assim a proletarizagao dos migrantes de origem rural soe ser atribuida 4 auséncia de qualificagao profissional, anal- fabetismo etc. Seria importante considerar que lagos de solidarie- dade familiar, de origem comum etc., que refletem situagdes de classe social, desempenham um papel de suma importancia na inte- gracio do migrante & economia € a sociedade do lugar de destino. Valeria a pena, também, investigar em que medida existem organi- zagdes formais e informais — desde agéncias de emprego até rodas | de botequim — que encaminham os migrantes aos setores do mer- cado de trabalho em que hd maior probabilidade de encontrarem compradores para sua forca de trabalho. nimero fesmo que tais migrante: it 10 proceso & minuciosamente analisado e discutido por Florestan Fer- nandes, A Integragio do Negro a Sociedade de Classes, S. Paulo, 1964. Economla Politica da Urbanlxagaio 55 ———prgimaiizauo corn Cam: de destino munidos de amplos recursos financeitos, mecanismos de solidariedade de classe thes permitem, muitas vezes, ocupar uma posgio na estrutura social que aos migrantes de classes hierargui. camente inferiores custa muito atingir. Se se verificar que esta hipstese & verdadeira, ter-se4 que concluir que a idéia de gue 3 migragio € um importante meio de ascensio social, detivada de estudos comparativo: entre migrantes e nativos, & pelo menos exage. tada. O estudo de migrantes em Monterrey, por exemplo, mostra © este, quando a investigacao revela a existéncia de elevadas pro- Porcdes de migrantes nas classes média e alta, isso nio pode ser encarado como prova suficiente de que houve mobilidade ascen. sional, pois nem todos os migrantes provém do proletariado rural ou do campesinato arruinado, como é muitas vezes implicitamente suposto. Quando o lugar de destino é uma cidade industrial ou uma metrdpole em expansio acelerada e em mudanga estrutural, cstrutura de classes também est4 em transformacio. Onan . Assim, a proletarizacao de uma massa cam Ponesa via migracio expande a classe operdtia no lugar de destino, aumenta a oferta de mio-de-obra nfo qualificada no tmercado ve iz o nivel de organizacio e, portanto, do poder de bar- trabalho, redu: vio). Ho que costuma se : P verificar em servigos de 'm servicos pessoais ¢ em outa Teparagao, ¢1 s atividades, organizadas

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