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DA DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE SAO PAULO ah 4-2019) DIAGNOSTICO DAS INSPECOES DO NUCLEO ESPECIALIZADO DE SITUACAO CARCERARIA DA DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE SAO PAULO (2014-2019) RELATORIO DA DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE SAO PAULO ABRIL 2022 NESC |: AUTORES/A: Coordenadores do NESC: Leonardo Biagioni de Lima Mateus Oliveira Moro. Thiago de Luna Cury Sofia Fromer Manzalli- advogada voluntéria (2017/2019) COMUNIC. A DIAGRAMAGAO: Sofia Fromer Manzalli €DERE oa orersra Pica thktad deo Pala SUMARIO 1- APRESENTAGAO ‘I 2-UMASINTESE DO SISTEMA PRISIONAL PAULISTA 4 3 - CONSIDERACOES GERAIS E OBJETIVOS DA FISCALIZAGAO DAS UNIDADES PRISIONAIS “ 4 A METODOLOGIA DE FISCALIZACAO DAS UNIDADES PRISIONAIS (VISITAS DE INSPECAO) PELO NUCLEO ESPECIALIZADO DE SITUACAO CARCERARIA DA DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE SAO PAULO'] 5 - OBJETIVO E METODOLOGIA DO PRESENTE RELATORIO 20 6 - POR DENTRO DAS MURALHAS: OPERACIONALIZACAO DO SISTEMA PRISIONAL PAULISTA - UMA VISAO ATRAVES DAS INSPEGOES 3. 7 - OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS INERENTES AS PESSOAS PRESAS 3. 7.1- DA SUPERLOTACAO 39 7.2 - DO DIREITO A SAUDE 54 - 7.3- DO DIREITO AALIMENTACAO J 7.4 DO DIREITO AAcuaQ9 7.5 - DO DIREITO AO BANHO DE sot! 1 2 7.6 - DO DIREITO A INTEGRIDADE Fisica] ‘| 9 7.7- DO DIREITO A ASSISTENCIA MATERIAL] 3 7.8- DO DIREITO AO CONTATO COM 0 MUNDO EXTERIOR 5 2 7.9 - DO CORTE DE CABELO, BIGODE E BARBA FORCADO| ‘| 7.10 - DO DIREITO AO TRABALHO] G 7 8-concLusko'] 72 anexo! 175 anexo 3] ANEXO I11"] Q] anexo x 200) 1. APRESENTACAO E com Satisfa¢éo que apresentamos este trabalho de grande esfarca coletivo, a fim de tentar descortinar o cArcere, revelando-o para a sociedade e os demais érgaos do sistema de justia, no intuito de tird-lo da invisibilidade, trazendo suas mazelas, através de sua cor e classe social, evidenciando a forma degradante, vexatéria © humilhante com que so tratadas as centenas de milhares de pessoas presas, assim como seus familiares, num absoluto estado de excecao, onde nenhum direito previsto € garantido. Um verdadero nao lugar. Nao bastasse a flagrante realidade punitiva seletiva do Estado brasileiro, que aloca corpos jovens, negros, periféricos e com baixa escolaridade no sistema prisional, em situagao absolutamente degradante, no se evolui para outras formas mais efetivas de resolugao de conflitos e descriminalizacao de certas condutas, princioalmente crimes que nao envolvam grave ameaga ou violéncia, como furto, receptagac € trafico de drogas, que correspondem a 60% de todo o universo carcerario, conforme dacos do Infopen 2017, Ainda, © trafico de drogas é@ responsavel por 59,9% do encarceramento feminino, segundo dados do Infopen Mulheres 2017. Somente no Estado de Sdo Paulo, 80.105 pessoas esto presas por trafico de drogas, 40% do 1 total. Sabe-se que essa seletividade tem cor. Enquanto o estado de Sao Paulo, conforme dados do Ultme censo realizado pelo IBGE, tem 3A6% de sua populagao que se autodeclara negra, ,0 sistema prisional paulista tem 60,18% de pessoas que se autodeclaram negras. Niimeros que escancaram o racismo estrutural que permeia o {unconamento de tado 0 sistema de “justiga” criminal Assim, esperamos que esse material possa auxiliar a um maior conhecimento da realidade cerceréria do. stado de Sao Paulo, fortalecendo a atuagde dos poderes da repiiblica, dos érgios de sistema de justiga, pesquisadores/as e entidades na > ° 1 Dados ofictais da SAP, data-base 30/12/2021 2 - Dados estatisticos sociodermiograticas da populagio carcersria masculina ¢ feinir Paulo produzidos pela Secretaria de Administrac3a Fenitenc referentas.a 31 de janeiro de 2072 3+ Idem rox de rodapé 1 1a de estado de'Sd0 a @ enviados a9 Conselho Penitenctario construcéo nacional de politicas para 0 urgente desencarceramento em massa, aliada & necessidade de garantir uma vida minimamente digna enquanto corvivermos: com pessoas atrds das grades, com a consciéncia de que’ cArcere nunca poderd ser humanizado. SRR ET 80.105 PESSOAS ESTAO PRESAS POR TRAFICO DE DROGAS NO ESTADO HA muito se sabe que 9 desencarceramento em massa é medida central na garantia minima de direitos no espace carcerério € a inicio para que a vida dentro das unidades prisionais possa ter, pelo menos, algo dé humano, pois, eiquanto houver corpos amontoados, dividinda o chao frio das célas, os “colchdes" precarios, as redes nos espacos aéreos @ no “banhe iro” sem condig6es de uso, impossivel falar em condiges minimas de sobrevivéncia, constituindo-se, assim, em locais propfclos para o adoecimento e a morte e, por isso, completamente distante de todos as funcdies declaradas da pena E mais, esse desencarceramento deve ser operado para desarmar a engrenagem que vincula a prisionelizagae da populaggo preta, pobre e periférica, com © genocidio em curso promovido pelo Estado brasileiro-que tem essa mesma populace como alvo. Neste sentido, o Nucleo Especializado de Situacdo Carceréria da Detensoria Publica do estado de Séo Paulo € drgéo central na politica criminal e penitenciaria em favor da populagdo encarcerada, nao sé do éstado de S30 Paulo - onde realiza sua atuagaio de forma direta -, mas, também, com um dever-agir no plano nacional, em conjunto com outras defensorias e entidades de defesa de direitos humanos, a fim de interferir nesta politica falida e desumana de aprisionamento a todo custo. Agradecemos, inicialmente, as/48 defensores/as Patrick Lemos Cacicedo, Bruno Shimizu @ Veronica dos Santos Sionti, que coordenaram o NESC entre 2014/2016, por terem pensado, idealizado e implementado a politica de inspecdo na Defénsoria Publica do estado de S40 Paulo, assim como todos/as os/as membros/as do NESC, que realizaram as atividades de inspecao no perfado entre 2014/2019, objeto do presente relatorio, conforme iremos expor mais a frente. Também, 0 e@sforgo incansavel dos oficiais de defensoria, Pacelli Cartaxo Bastos e Valdecyr dos Santos Xavier Junior, por toda a responsabllidade na organizacaio burocratica para garantir as formalidades e lagisticas necessdrias, sem as quais seria impossivel a plena realizaco das atividades de inspecdo. Ao Henrique de Paula Finotl, agente de defensoria, pela andlise ¢ compilacdo dos dados produzidos, bem como a Zoraide Caabianco Modenutte, agente de defensorla, pelos auxtlios permanentes. As entidades da sociecade civil que dislogam com este NUcieo, sobretudo Assoclacdo de Amigos/as e femiliares de presos/as (AMPARAR), Associagao de Farriliares, Arrigos de Prasos e Egressos (AFAPE), CONECTAS Direitos Humanos, Institute Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), Instituto Brasileiro de Ciéncias Criminals (IBCCRIM), Institute Pro Bono, Pastoral Carceréria, entre tantas outras, fazendo possivel ter cada vez mais conhecimento do espaco prisional, trazendo deniincias e construindo solugées em conjunto Como explica Alessandro Baratta: “a questdia carceréria nda pode ser resolvida permanecendo dentro da prisdo, mantendo-a camo ume instituigdo fechado, Porque o lugar 4 do solugdo do problema corcerdrio é toda a saciedade", 2. UMA SiNTESE DO SISTEMA PRISIONAL PAULISTA N&o hd como se iniciar 2 apresentacdo deste relatério sem trazer alguns dadios gerais do sistema carcerério paulista. Isso porque € a necessidade de se descortinar a realidade que se esconde atras desses ntimeros frios que propulsiona a atividade de inspecaoe faz dela tao essencial, a fim de trazer vida (e morte}, luz (e sombra) e (mau) chiro para os esnagos de discussdo de nosso sistema prisional Sao Paulo é 0 estado que detém a maior populagao carceraria do pais. Conformes dados oficiais da Secretaria de Administragdo Penitenciéria (SAP), de dezembro de 2021, 0 estado possui 202.376 pessoas previ: aproximadamente 30% da populacao prisional do pais. « ° 4 BARATTA, Alessandro; Criminology Sistema Penal (Compilacién in memoriam), Montevideo Buenos Aires: B de F, 2004, p. 393. Tradugao livre pelos autores. 5 - Dados oficiais da SAP, data-base 30/12/2021 02.376 PESSOAS PRESAS NO ESTADO DE SAO PAULO CPP Masculina i ii hj hy AY << AH it] #% “¥22@ | APROXIMADAMENTE 30°% DA POPULAGHO PRISIONAL 00 Pals ESTA NO ESTADO DE SAO PAULO Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geogratia e Estatistica (IBGE), até o dia 19.05.2020, havia 211.536.069 (duzentas € onze milhdes, quinhentas e trinta & Seis mil e sessenta € nove) pessoas Vivendo em nosso pais, Ac passo que, no estado de Sao Paulo, havia 46.240.945 (quarenta € seis milhoes, duzentos € quarenta mil e navecentos ¢ quarenta e cinco) habitantes, Desta forma, 0 estado de S80 Paulo possui 21,85% da populagdo nacional, ou seja, praticamente 1/5 da populace do pais. Percebe-se, com iss, uma sobrerrepresentag&o no percentual de pessoas encarceradas se confrontado com o numero de habitantes. Nesta toada, Sdo Paulo se mostra um estado desproporcionalmente encarcerador no terceiro pafs que mais caloca pessoas atrAs das grades. Tal fato levaria Sdo Paulo, caso fosse um pats, 8 nona colocagao no ranking mundial dos paises que mais prendem pessoas ern todo 6 globo. importa notar © crescimento populacional nas Gitimas décadas. Em 1994, havia 55.021 pessoas presas neste estado. Em dezembro de 2021, tinhamos 202.376 pessoas, ou seja, constata-se um aumento de aproximadamente 400% em 27 anos Desta populagdo prisional, a imensa maioria - 126.076 pessoas - cumpre pena em regime fechado, 0 que resulta em 62,3% do total. Outras 39.002 (19,2798) so pessoas presas provisorianente, 36.286 (17,92%) curnprem pena em regime sermiaberto e 1,012 (050%) cumprem medida de seguranga na modalidade internacSo. Nesse sentido, é relevante fazer um recorte de género, jd que entre, os anos de 2000 @ 2016, houve um aumento de 656% da taxa de aprisionamento feminino, enquanto o crescimento da populacao masculina aumentou em 293% (INFOPEN Mulheres, 2018), 6 - Disponivel em: https://vwribge.gov.br/apps/populacao/projecao/. Acesso'em 10.03.2022, as s6n70min 7 -Disponivel em httpsi/www.prisonstudies.org/highest-to-lowest/prison-population-tetal? field region taxenomy tid=All, Acesso em 10.03.2022, as 16h1 8min, Dividindo-se por género, 95,54% da populacio paulista € formada por homens, somando 193,363 no total, enquanto as mulheres representam 4,45% do Universo carcerério. © sistema prisional paulista tem uma texa de 156,33% de ocupacdo. As 179 unidades prisionais s8o divididas em: Penitencidrias (88), Centros de Detengdo Provisdria - CDP's (49), Centras de Ressocializagao - CR's (22), Centros de Progresso Penitenciéria - CPP's (16), Hospitals de Cust6dia e Tratamento Psiquidtrico - HCTP’s (3) € unidade de Regime Disciplinar Diferenciado - RDD (1). Além disso, alguns CDP’s ¢ Penitenciarias contam com alas de progressio de regime AXA DE 156,33%%o DE OCUPAGAD iN Ey (S pote as ar PENITENCIARIAS AS penitencidrias sdo unidades destinadas ao cumprimento de pena em regime fechado, apesar de cantarem, como se constata em cada inspec&o, com pessoas presas provisoriamente e pessoas que deveriam estar no regime semniaberto. Seus modelos de construgio variam 2 depender do ano de construgdo, sendo que as mais atuais sdo construidas no modelo “compacto”, composto por 8 raios com 8 celas em cada um no setor de convivio ¢, segundo o site da SAP, contam com capacidade para 847 pessoas. Em regra, por tratar-se de unidade para cumprimento da pena, devem (ou deveriam) propiciar atividades laborais e educacionais para todas as pessoas presas € contar com espacos destinados para tais atividades, carne cozinha, salas dé aula, oficinas de trabalho etc CENTROS DE DENTENCAO PROVISORIA (CDP) Os Centros de lencdo Proviséria coed como 0 préprio nome jé alerta, s8o os estabelecimentos destinados a prisionaliza¢ao de pessoas Custodiadas provisoriamente, consideradas para esse fim aquelas que ndo tém sequer senter¢a condenstéria em primeiro grau contra si Apesar disso, em todos os estabelecimentas desse tipo visitados encontramos pessoas com condenagées, indusive algumas que deveriam estar cumprindo pena nas unidades de regime semiaberto © usufruindo dos direitos relatives a tal regime. Assim como as penitencidrias, as estruturas variam de acordo com @ data da constiugao. Considerando que server, em teoria, para’ abriar pessoas presas provisoriaménte, salvo excecées, no contam com cozinha préprie ou oficina de trabalho, nem com salas de aula Fees] oT Ue) COP Belém If ~ unidade compacta DE ESSAO PENITENCIARIA (CP. Jd os Centros de Progressao Penitencidria (CPP’s) sao as unidades destinadas ao cumprimento de pens em regime semiaberto. Contam com galpdes que server como alojamentos coletivos, no geral com oficinas de trabalho estudo: Entretanto, importante destacar que algumas unidades que foram construfdas ou eram inicialmente destinadas a0 regime fechado esto sendo usadas como CPP’s sem qualquer adaptag3o estrutural, como & 0 caso do recém-inaugurado CPP de Sao Vicente, 0 que implica maiores violaces de direitos das pessoas presas nesses locais. ‘Ao lado dos CPP's, as alas de progressdo de pena so as locals destinados ao cumprimento de pena em regime semiaberto. S30 espagos muito pequenos que ficam em anexo a uridades maiores (penitenciérias ou COPS), organizados ern alojamientos coletivos, e utilizam-se, muitas vezes, de sua estrutura administrativa e dos demais espagos, como enfermaria e salas de aula, CENTROS DE RESSOCIALIZACAO (CR) 05 Centros dé Ressocializagao (CRS) sao unidades menores e possuem estruturas bem divérsificadas, alguns com capacidade para cerca de SO pessoas e outros para 214, Tam em comum 0 fato de possuifem uma estrutura melhor, com equive de sade mais robusta, com boa parte das pessoas press exercendo trabalho ou atividade educacional e pouco (ou no) superlotado. As pessoas que permanecem presas nesta unidade sao selecionadas dentro de um perfil avaliado pela SAP como de “baixa periculosidade" & a oferta de melhores candig&es, segunde a SAP, garente menor indice de reincidéncia. Além disso, so estabelecimentos que recebem pessoas em cumprimento de pena em regime fechado ou semiaberto ou ainda, presos provisdrios sem distinggo. ‘ ITAIS PSIQUIATRICOS (HCTP) Por sua vez, 0s Hospitals de Custddia e Tratamento Psiquidtrico (HCTP’s) so os estebelecimentos destinados ao cumprimento de medidas de segurenga no estado. Somam 3 unidadés, 2 em Franco da Racha ¢ 7 em Taubate. REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD) Por fim, para 6 ‘curniprimento do Regime Disciplinar Diferenciado (ROD), hd os Centros de Readaptagdo Penitencidria, em Presidente Bernardes, com celas individuais e sistema de vigilaincia mais rigoraso. 3. CONSIDERACOES GERAIS E OBJETIVOS DA FISCALIZAGAO DAS UNIDADES PRISIONAIS Os Estados devem zelar pelas boas condicdes estruturais e nas prestacdo de servicos dos seus estabelecimentos prisionais Nesses termos, a Convencao cantra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes da Organizagio das Nacdes Unidas (1984) estabelece a obrigagdo de cada Estado Parte (consequentemente, de suas instituigdes e de seus érgdos) de tomar: 66 Medidas legislativas, administrativas, judiciais ou de outra natureza com o intuito de impedir atos de tortura no territério sob a sua jurisdi¢do", assim como de manter “sob exame sistemdtico as regras, instrugdes, métodos e prdticas de interrogatéria, bem como disposig6es sobre detencdo e tratamento des pessoas submetidas a qualquer forma de detencdo ou prisdo, em qualquer territério sob a sua jurisdig¢do, com o escopo de evitar quaiquer caso de tortura’. 10) Contudo, sabe-se que nao basta 0 controle interno para 0 regular funcionamento de uma instituigdo total. E necessdrio que érgos externos e auténdmos verifiquem e fiscalizem 6 éspago do cércere, a fim de que se observe como sé estS operand a garantia de direitos neste espaco invisivel. A fiscalizagio do sistema carcerario assume especial relevancla em um pals como 0 NOSSO, que No consegue um consolidado avanco civilizatorlo para romper as amarras dos perfodes escravocrata € ditatorial, que permeiam o frdgil Estado Democrético de Direits vigente, no qual se opera um abismo sdcial e, para tanto, instrumentaliza a violencia diuturna do Estado contra a populacao marginalizada e vulnerabllizada. Na apresentacéio das Regras de Mandela, publicada pela: Conselho Nacional de Justiga, em 2015, traduziu © Minisiro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski 6 Nos paises latino-americanos, em que ainda predominam sétios problemas econdmicos e sociopoliticos, a priséo acaba transformando-se em Instrumente de intervengado, exacerbando a jd natural seletividacde do sistema penal sobre as populagdes menos favorecidas econdmica e socialmente. Dados do Censo Penitencidrio Nacional revelam que 95% da clientela do sistema so de presos pobres. No Brasil, agées inclusivas ainda ndo sGio bem compreendidas e tampouco assimiladas como estratégias de Governo no enfrentamento dos disparates perfilados no ambito da seguranc¢a, 1 habito¢Go, saude, educacao e rei Nestes termas, é importante recordar o papel da Defensoria Publica como instituicao autonioma-e permanente: 66 lncumbi e, Sea ‘expressdo e instrumenta do t fundamentalinente, a orientagao Juridica, a promogdo dos direitas humanos e& a defesa, em todos os graus, judicial @ extrajudicial, dos direitos individuais e coletives, de forma integral e gratuita, aos necessitados, assim considerados na forma do inciso LXV da art 5° da Constituiggo Federal” (Art. 1°, da Lei Complementar Federal n° 80/94), Para tanto, sao fungées institucionais da Defensoria Publica, dentre outras, rams a ala cepa tiem ee ad abrangendo seus direitos individuais, zofetves sociais, econdmices, culturais @ ambientais, senda admissiveis todas as pe de agées ae de propiciar sua odequada e ‘8 Disponivel.em: httpsi/mww.cnj.jus br/wp- ‘content/uploads/2019/09/a9426e5 1 735a4d0d850 | fosa4baebade pdf, Acesso em 10.03.2022, 85 4 7hOOmin. 120 Assim, é atribuicdio dos/as Defensores/as PUblicos/as Estaduais, dentre outras. 66 Acwar nos estabelecimentos prisionais, policials, de internagGo e naqueles reservados a adolescentes, idico. permanente dos presos visando'ao atendimento jt provisdrics, sentenciados, internados e adolescentes, competinds 4 adminisiragde estadual reservar instolagées seguras e adequadas aos seus trabalhos, franquear acesso a tetas as. —— do estabelecimento e agendamento, forriecer ee ita ee todas as informagées Solicitadas e asseguirar oO acesso a documentagdo dos assistidos, aos q fundamento algum, negar o direito de entrevista com os membros da Defensoria Pdblica do Estado" (Art, 108, paragrafo Unico, inciso \V, da Lei Complementar Federal n° 80/94), E prerrogativa dos membros da Defensoria Publica do Estado, dentre outras, “comunicar-se, pessoal ¢ reservadamente, com seus assistidas, ainda quando estes se acharem presos ou detides, mesmo incomunicavels, tendo livre ingresso. em estabelecimentos policiais, prisionais e de internz¢ao coletiva, independentemente de prévio agendamento” (Art. 128, inciso Vi, da Le) Complementar Federal n° 80/94), ou apontando de forma até mais abrangente: Ter acesso amplo e irrestrito a todas as dependéncias de estabelecimentos penais, de internagdo de-adolescentes e aqueies destinados @ custédia ou ao acolhimento de pessoas, independente de prévio agendamento ou B ao acolhimento de pessoas, independente de prévio agendamento ou autorizacGo, bem como camunicar-se com tais pesseas, mesmo sem procuragdo, ainda que consideradas incomunicdveis’ (art. 162, Xil, da lei Complementar Estadual 988/06). Da mesma forma, canforme previsio na Lei de Execugio Penal (Lei 7.210/84), a Defensoria Publica é érgdo da execucdo penal, incumbindo a seus membros: 6 visiear os estabelecimentos penais, tomando providéncias para o adequado funcionamento, e requerer, quando for 0 caso, a apuragéo de responsobilidade" 66 Requerer & autoridade competente a interdi¢Go, no todo Ou em porte de _estabelecimento_pena!|” e visiter “peri odicamen if2 Os esiabelecimentos penais, registrando @ sua presenca erm livro préprio” (Art. 81-B, incisos VI, V e paragrafo nico, da Lei 7210/84). ‘Observa-se, assim, que o monitoramento ndo se traduz em uma mera observagio dos espagos de privagio de liberdade, mas, sim, consiste na intervengao e fiscalizagéo dos estabelecimentos prisionais, produzindo-se informacdes daquile gue fora percebido, com o dever de agir caso se constate irregularidades, a fim de se melhorar as condic6es prisionais. Sobretudo, é uma forma de dar voz as pessoas privadas de liberdade e de evidenciar as marcas fisicas das violacbes sofridas por elas, isoladas que estéo dos 6rgSos pubblicos que possuem a funcgo de apurar as condigbes @ que 5 pessoas presas estéo submetidas. 14 = Penitenciaria Feminina de Votorantim - inspegao 20/01/2018 - defensor pGblice conversanie com mulher presa A invisibilizagao dos espagos de privagéo dé liberdade € uma entre muitas ferramentas para a manutengio da estado de barbarie ¢ desumanizaggo desses locais A falta de publicidade desses espacos é central para. proceso de demonizacdo do outro (entendido, agui, corno a pessoa presa ou acusada de crime), pois afasta a populaggo do contata com a realidade, abrindo espaco para desinformacdes de toda 10 ordem, promovida por aquilo que Zatfaroni chamna'de “criminologia midiatica’: 6 Este eles 8 construide sobre bases bem sinplistos, que se internalizam forga da reiteragao e do bombardeio de mensagens emacionais mediante imag ens: indignacde frente @ alguns fatos aberrantes, mas n@o:o todos, e sim somente a05 dos esteréatipades; impulso vingativo por identificagéo coma vitina desses fatos, mas néo cam todas as vitimas, € sim somente corm as das estereatipados e se possivel que nga JOCK, Young, A sociedade excludente: exclusao social, criminalidade e diferencana madernidade recente. Rio de Janeiro: Revan; Instituto Cariocs Ge Criminologis, 2002; p.168. (0- ZAFFARONI, Eugenio Raul. A questio criminal. 1* ed. Rio-de Janeiro: Re\ n, 2013. 198, estereotipados e se possivel que ndo pertencam, elas mesmas, a esse grupo, pois nesse cdso, considera-se uma vieléncia intragrupal prépria de sua condicdo inferior (eles se matam porque sdo brutos). E possivel que vacés ndo pensem assim, que rdcienalmente se deem conta de que esta crenca é falsa, mas ninguém me difa gue todos as dias ndo se sentem obrigados a fazer um esforco de pensomento diante de cada mensagem para nGo cair na armadilha emocianal que a acompanha. Isso se deve ao fate dé que a introjegéo da criminologia midiética € muito precace e poderosa, sem contar que é confirmada, totlas os dias, na interagao Social: sua construgdo se tornow uma obviedade, ou seja, é algo, nos termos de Berger e Luckmonn, que se dé por sabido, por efeito do longa e poulatina sedimentacdo do conhecimento, como poder das bruxas era uma obviedade seiscentos anos atris, ou que a melandia se ‘endurece com © vino. E 0 que mostra a televisdo, é 0 que todos comentam entre si, € 0 que se verifica naquila que me contemna fila do énibus ou.na padaria". Diante do complexo desafio de tentar garantir minimas condigdes de sobrevivéncia para as pessoas presas, as visitas de inspegdo para verificar as condiges materiais de aprisionamento cumprem as funcdes de (i) prevencao, pois inibem praticas ilegais no interior do. carcere; (li) protegdo, uma vez que possibilitam a atuaco direta ou o acionamento dos érgados competentes para fazer cessar as violagGes observadas; (ii!) documentacao, para se produzir conhecimento sobre a operacionelizacac deste sistema e angeriar provas para futuras providéncias; além de oportunizar o desvelamento das condigées de’ aprisionamento e auxiliar no debate calcado em informagSes, ngo em desinformacoes. 16 Para tanto, 0 Conselho Superior da Detensoria Publica do estado de S80 Paulo consolidou 4 metodologia institucional de inspeges de moniteramento das condi¢ées materiais de aprisionamiento nos estabelecimentos destinados 8 privacdo da liberdade, na Deliberacao CSDP n° 296, de 04 de abril de 2014 (ANEXO 1), como detalharemos a seguir AS INSPEGOES:| DINIBEM PRATICAS ILEGAIS: Foto 9 ~ Penitencidris: Masculina de Serva Azul I1 ~ Insvegac 22/@9/2019 = defensor piblica conversando com pessca presa na enfernaria. 4 - A METODOLOGIA DE FISCALIZACAO DAS UNIDADES PRISIONAIS (VISITAS DE INSPECAO) PELO NUCLEO ESPECIALIZADO DE SITUACAO CARCERARIA DA DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DE SAO PAULO A Deliberagdo CSDP n° 296/14 estabelece, no artigo 1°, §2°, que “os inspegies de monitoromento da Defensoria Publica serGo coordenadas pelo Nuiclea Especializado oe Situagao Carcertiria’. 7 © Nucleo Especializado de Situagio Carcerdria (NESC) da DPESP € um érgdo compesto por 1 defensorla puiblico/a coordenador/a, escolhido/a pelo Conselho Superior da OPESP, mediante a apresentagao de proposta de trabalho, relatorio de atividades e curriculo, corn mandate de 2 anos, podendo haver uma reconducéo, € 2 defensores/as pblicos/as__ coordenadores/as-auxiliares, escolhidos/as _pelo/a coordenadaria entre os/as defensares/as puiblicos/as membros/as do NESC. © Conselho Superior da DPESP também escolhe, mediante apresentago de curriculo, Os membros do NESC, no total maximo de 25 membros, somando a coordenagio. Além dos/as defensores/as publicos/as, 0 NESC conta com 2 oficiais administrativos, 4 assistente'social, 1 socidlogo/a ¢ estagidrios/as de direito ¢ administracdo, A alividade de inspegao € realizada pelos/as membros/as do NESC, ou seja, 25 pessoas para dar conta das 179 unidades prisionais existentes no estado de Sao Paulo, com 22 delas cumulando as fungées ordindrias dos cargos que ocupam e 3 cumulando as fungGes de courdenagao do NESC. Para tanto, a coordenag3o do NESC, antes de cada inspegao, divide as equipes, abservarido, se posstvel, que todas as equipes sejam compostas de, no minim, trés membros/as, escolhenda-se entre eles/as umia relator/a para elaboragiio de relatério circunstanciado; assim como demedidas Juridicas que se fizerem necessarias ap6s a inspecao, em conjunto cam os/as demais membrosias da equipe Previamente, a coordenacao do NESC, junto com os oficiais de defensoria, separa informacées relevarites sobre @ unidade prisional a ser inspecionada, como relatérios anteriores, processos ou pedidos de providéncias em andamento “dendincias” enviadas por diversas fontes, e as envia ao/a relator/a da equipe de inspecao. 18 Durante a atividade, a equipe de inspecdo dirige-se a dirego do estabelecimento prisional, a fim de se apresentar 4 autoridade responsdvel, explicar o significado € 0 objetivo da visita, bem como © método de trabalho que seré utilizado, Também, reeliza as perguntas existentes no formuldrio do ANEXO | da Deliberacao n° 296, de 04 de abril dé 2014, do Conselho Superior da Defensoria Publica (ANEXO 2) ou 0 envia por coireia eletrénico pata maior celeridade da atividade, procedimento que passou a ser amplamente adotado durante a pandemia, Em continuidade, 2 equipe passa a inspecionar todos os lacais da unidade prisional, em especial os locals de aprisionamento e espacos de convivio, circulagio, trabalho & atendimento das pessoas presas. Para que se tenha sincronicidade na colhelta de informacées, utillza-se um formuldrio padrao (ANEXO 3) para a realizado da atividade, com recebimenta de informagées a partir de trés fontes distintas: i) informagio prestada pelo/a responsével pelo estabelecimento prisional; tl) oltiva das pessoas presas: ili) observagao Gireta dos/as Defensores/as Publicos/as. Finelizada a visita de inspecdo, cabe ao/a relator/a, 2 partir dos dades obtides por toda a equipe, expar todas as condigdes observadas, de maneira ampla descritiva, inclusive com registro de imagens (fotografias e videos), a fim de subsidiar informacées pera eventual agéo judicial e/ou extrajudicial, a partir de andlise de estratégias de interveng@es individuais e/ou coletives, bem como relacionar as peculiaridades observadas na inspecdo com a realidade de outras unidades prisionais e servi de suporte pare as préximas visitas de inspecéo @ serem realizadas no proprio estabelecimento prisional, para se verificar melhoras @ pioras nas condigdes de aprisionamento. =” Ap Foto 4 ~ Penitenciéria Masculina de Serra Azul II ~ inspegdo 22/03/2019 - defensor 49 p&blico conversando com funcionario da unidade na biblioteca, 5 - OBJETIVO E METODOLOGIA DO PRESENTE RELATORIO Se © presente relatério tem como objetivo publicizar e sistematizar os dados obtidos através das atividades de inspecdo em unidades prisionais paulistas realizedas pelo NESC desde o inicio da politica, em 2014, até junho de 2019 Neste perfodo, foram realizadas 130 inspegbes (hoje, 4 séio 242 atividades de inspeco realizadas até 10.03.2022), sendo 48 inspecdes em penitencidrias, 45 em Cenitros de Deterigdo Proviséria, 20 em Centros de Progressdo Peritencidrla, 04 emalas de progressdo de regime, 03 ern Hospitais de Custédia e Tratamento Psiquidtrico e 10 em Centras de Ressocializagao, dentre elas. 19 unidades prisionais femininas, além dos HCTP's que possuem alas masculinas e femininas. DE 2014 A 1130 INSPEGOES JUNHO DE 2019 N° DE INSPECOES REALIZADAS EM CADA TIPO DE ESTABELECIMENTO PRISIONAL PPI PLP ODEO P PLL DPPINOS Penitencidrias CDP's CPP's CR's Alas de progressao HCTP's Foto § ~ Penitenciaria Feninina de Vokorantim = inspegao 20/07/2018 -. Em todas as inspeges so produzidos rélatérios, que documentam, como disposto No tOpico anterior: i) observacbes que foram realizadas diretamente pela equipe de inspegaq; il) respostas da dirego no que tange acs direitos das pessoas presas; ili) fala direta das pessoas presas, através de conversas individuais e em grupos. Além das observacOes de cada um dos atores acima referidos sobre a garantia e/ou violacao dos direitos em cada uma das inspegdes, sao feitas imagens e videos para ilustrar a5 afirmacées Desde 2.021, tem-se disponibilizado no portal do NESC, no site da Defensoria Publica do estado de S40 Paulo, 0s relatérios de inspecao com a supressdo de nomes, rostos e marcas identificadoras des pessoas presas, a fim de der publicidade ao trabalho que realizado, possibilitando um maior conhecimento do sistema prisional paulista para toda a Sociedade, além de auxiliar pesquisadores/as. Os relatorios objetos do presente trabalho sao esses listados abgixo, que sdo acessiveis através do link: Penitenciaria de Itai ae oeae Relatorio de inspecao feeteeec tenses 29/05/2014 Relatéric de Inspecko Hartinépedic Penitenciéria de i/ie/z014 Reletacio de Insperse Valparaiso Gentxe de Detengiio Relatério de Inspesie Proviséria Pinheiros 1 pucese a Contre de: Detencéo Relatéric de Inspecdo Provistrta Pintietros 1x 77/42/2014 1 eae ste Relatéxic de Inspesie Provisévis Pinhoiros Ii Gentro de Detencao ar/igseo1s “Belatorio de_Inspesao Provisévia Pinheixos IV Gente! ae /Betengae aty4e/2014 Proviséria Vile Relstoric de inspecao. Independencia Cantze de (Betangao: 28/4/2014 Provisoria de Diadena Relatorio de inepesas (entro de Detencao 28/14/2018 feiss aa ieuerae’ Proviséria de Sante André (centro de Deteneao (28/14/2014 Relatéric de inspegas: Proviséria de Bolén I Centro de Detengao e/t4/zo18 Relatorio de_Inspecaa Provicéria de Reléa II Centro ds Deten¢io 26/41/2014 peer sea Proviséria de Naud Gentzo de Detancio 30/04/2045 RelatGrio de Inspecko Provisoria de Osasce I Centro de Detengéo 5oyo1/2015 Relaterio Ge inspecdo Proviaérie de Oaasco IT Gentro de Detencao 80/01/2035 Releterio de Insperso Provicéria de Guarulhos t Ceritifo! as /Detandso ee Relaterio de inspecdo Proviséris de Guarulhos 11 foceniaeS i Gente és Datangao 80/04 2016 Relatério de Inepectio Peevinéeralreninito’ad Franco da Roche Gentzo de Detencao 30/04 (2015 Relgseria Se insnecas Proviséxia de Itapecerica da Serra Gentro de Detencao Provisévia de So Joss dos Campos Gente de |Betancao Provistria de Caracustatube Cantze de 'Detengio Provisérie de Taubaté Gehtze de Debengao Proviséria de Sio Bernardo ‘do Campo. (centro de Deteneao Proviséria de Pris Grande: Gentro de Dstengao Proviséria de Sic Vicente Gentzo de Detancaa Proviséxic de Sorxa Acul Gentzo de Detancio Provisoria de Ponta Gentize d= Bevengso Proviséria de Ribeizs0 Prete Penitenciéria de Franca Ceritifo! as [Detandso Proviséris de Taitvs Gentxo de Datangao Previs6yie do Capela do Alto Centro ds Detencao Provis6xia de Jundiet 43/20/2015 19/03/2015 aeyea/aois 49/03/2015 18/08/2015 18/03/2018 40/04/2015 10/04/2045 ieyea/ze75 te/ea/2016 s9/osyz01 98/05/2016 46/05/2025 Relatorio de Inspecao Relatério de Tnepesas oy Relatério ée Inspecio Relaterio de Inspecdo Relatorie Ge Inspecao Centro de Detengio Proviséria de Suzano Cente "ds Detangéo Provisoria de Sorocaba (Genera aa DELERERO) Proviséria de Canpinas Centro de Detencso Proviséria de Mooi Mas Gruzes Ponitenciayia Vasauiina de Itirapina I Pent tenciéria Wasculina de Itirapina 11 Centro de Oetengio Proviséria de Riolandia Centro de Detengio Provisoria de Bauru Gontze da Betengio Provisoria de $30 José do Bio Prete Centro de Detangio Provisoria de Americana Contre da Oatangio Proyiséria de Firacicaba 45/05/2015 45/08/2018 45/05/2018 45/05/2018 22/08/2016 22/05/2015 49/06/2045 49/06/2045 49/06/2015 26/05/2035 ot /og/2018 Relatério de_Insresdo Relatérie de Inspecdo Relatério de Tnspesie Ralatério ¢e Ini Relatério de Inepagiio Gentro de Progressae Poniteneiéxis Fouinino de Butanta Gente de |Betancao Proviséria de Cerqueira César \CentroydeyRrogressaoy Penitenciéria Fesinine de Seo Miguel Paulista Penitenciaria Feminina do Capital (Gente de Deteneao Proviséria de Caius Penitencisria Feminina de Canpinac Penitenciéria Feninina de Ribeixso Prete Penitenciéria Feninina de Hogi Guacu Penitenciéria Feninina de Sentans Gentes 82 /batangad Provisérie de Vila Thdependsneia, Penitenclaria Masculina de Potim T Penitenciéria Nasculina de Séo Vicente I Penitenctéria Nasculina de S20 Vicente 1 t0/es/ 2015 (99/44/2015 eaayzois a4 /as/2015 (02/05/2016 (90/08/2018 (96/08/2016 96/05/2046 5706/2016 24/08 (2036 22/08/2016 29/09/2016 payoa/2046 Relatorio de Inspecao Relatério de Tnepesas oy Relatério de Inspecao_ Relatério ée Inspecio Relaterio de Inspecdo Relatorie Ge Inspecao Penitenciaria Nasculina de Axaraquara 1 Peniteneiéria Hasculina de Tupi Paulista Penitenctéria Nasculina de Scrocata 1 \entro de Progressao Penitencisxia de Jardingpol is Penitenciaria Hasculina de Hortolandia IT Penitencisria Masculine de Ribeixio Pzeto Gentzo de Detancsa Proviséxis de Bauru Itt Hospital ce Gustédre © ‘Tratamente Psiquiatrico e Franco da Rocha 1 Gentro de Detengio Provisérie de Canpinas Genbys 82 /batangad Provisérie de Belém I Penitencléria Masculina de Franco da Rocha T Penitenciéria Nasculina de Scrocaka 1 Gentxo de Progressao Peniteneiéria Butants '23/es/2016 aayie/2016 eiAesao1e 21/16/2016 21/10/2016 29/14/2018 01/12/2017 14/02/2047 4a/ea/2027 v7/e2(2017 11/02/2017 47/02/2027 94/07/2047 Relatorio de Inspecao Nao cadastrado oy Relatério de Inspecao_ go cadastrade Relatério ée Inspecio Relaterio de Inspecdo Relatorie Ge Inspecao Penitenciéria Nasculina de Avare 1 Gentz de |Betancao Proviséria Pinheiros 1 Penitenciéria Feminina de Tupi Paulista Aka de progress da Panitenciaria Masculina de Franco da Rocha T Ala de progress da Penitenciaria Feminina Ala de progresso da Penitenciéria Kasculina de tirepina 11 Ala de Progresso Centro Ge Detengzo Provis6zia de Belém 7 Centro de Progresso Ponitenciéria de Valparaiso Gentro de Progresso Penitenciéria de Hortolandia Centro de Progressio Penitenciaria de Hongagua Ponitenciéris tasculine de Scrocata 1 Centro da Progresso Penitenciéria de Sdo “José do Rio Preto 41/es/2017 '28/28/2017 20/10/2017 20/46/2017 (20/40/2017 20/46/2017 20/30/2037 1o/44 2047 te/4a/2087 19/44/2007 47/02/2017 1/3 207 Relatorio de Inspecao Relatorio de Inspecao Relstorio de Inspecao Centro de Progressac Poniteneiéxis de Ports Feliz Gantize de [Pragvesse Penitenciéria ie Canpinas Gentre de Proysessae Penitenciaria de Bauru \entro de Progressao Ponitencisxia do Bauru 1 Wantiro Ge Progressio Penitenciaria de Bauru IIT HOSpiealeaCuStoaTaTS ratanento Peiquiatrico de Franco da Rocha IL Gentizo de Progressao Ponitenes én: de Jardinépolis (GenuTo |e ProgreEeee Penitenciéria Pacaenbu Ponitenotéeia Wazeulina de Taquaritubs Penitenciéria Hasculina de Getulia Gente Ge Progressao Penitenciaria de Caraguatatuba Gentxo de Prograseao Ponitonéiéria do Tremonbé entre de Progressac Penitenciéria Feninino de Butanta 47/44/2017 41/14/2017 eiAa/2017 20/16/2017 1/12/2017 19/02/2018 (28/02/2018 23/02/2048 i6/ea/ze%8 15/08 (2018 10/08/2038 46/09/2028 P4703 /9048 Relatorio de Inspecao Relatério de Tnepesas oy Relatério de Inspecao_ ae Relatério ée Inspecio Relatorie Ge Inspecao Gentro de Progressac Poniteneisris de Hortoléndia Peniteneiéria Hasculina de Potim IT Penitenctéria Nasculina de Balbines 1 Penitenciaria Feminina de Tromonbé II Pesitenciaria Feininina’ ‘de Votorantin (Ganteroyae | PROgESSSEO) Panitenciéria Feminine de 80 Miguel Paulista Hospital ce Custodia & ‘ratomente Paiquiatrico de Franco da Rocha I Penitenciéria Fenining de Guariba Ponitenoiéria Feninina de Trenenbe 1 Genbye 82 batangad Provisérie de Lineixa Penitenciaria Masculiha ae Serre Agul I Penitenciéria Nasculina de Guaruthos 1 Peni leneideia Waseur de Pirajui 11 (70/24/2018 20/04/2018 (76/04/2618 20/08/2018 (20/01/2018 21/00/2018 (27/07/2018 29/08/2048 51708/2018 23/09 (2038 23/08/2038 28/09/2018 2S /s4 (2048 Relatorio de Inspecao Relatério de Tnepesas oy Relatério de Inspecao_ ae Relatério ée Inspecio Relateria de Inspecdo_ Relatorie Ge Inspecao Penitenciaria de Franco da Recha 11 Peniteneiéria Hasculina de Trenenté 1 Penitenciéria Wasculina de Trenenbé If Penitenciaria Masculina de Hortolanéia IIT PaSIEEROIAEI=MASOUT IAS ae Guaxulhos 11 panitencisria Masculina: ae Narilia Penitenciéria Rasculina de Piracicaba Penitenciaeis \Wsseulina de Serra Azill 11 Poniténetéria de Canela do Alto Penitenciéria Nasculina de Guaret I Penitenciaria Masculiha 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Insnecdo de Araraquara CERES IGS REERISIIaSERS|) FEY oa/ 2019 Feminine de S80 José: Relatério ée Inspecio dos Campos Centxo de RessocializacBo 59/95/2039 Feminina de Areraquara Geer Centre ae Ressosializacéo 49/99/2039 g de Lins Verifica-se que, no ano de 2014, em que se iniciou a atividade, foram realizadas 12 inspegdes; 34 em 2015; 15 em 2016; 22 em 2017; 23 em 2018 € 24 até julho de 2019, conforme graficas abaixa’ N° DE INSPECOES REALIZADAS POR ANO a até junho 2019 6 - POR DENTRO DAS MURALHAS: OPERACIONALIZACAO DO SISTEMA PRISIONAL PAULISTA - UMA VISAO ATRAVES DAS INSPECOES Acima, dispusemos a respeite do tamanho do sistema prisional do estado de Sao Paulo, que 0 torna 0 maior do pals e desproporcional num pais excessivamente encarcerador, trazendo alguns dads oficiais para tanto. Aqui, far-se-4 uma andlise daquilo que foi verificado no interior das unidades prisionais a partir da realizacio das inspegGes. Vimos acima, por exemplo, que hd 202.376 pessoas presas nas unidades prisionais paulistas, em que pese haja 147942 vagas espalhadas por suas 179 unidades prisionais, resultando em uma taxa de 156,33% de ocupacao. No entanito, 6 importante verificarmos como esta custediada essa populacdo dentro das unidades prisionais, Qs dados objeto desta anélise referam-se a 130 inspegdes feitas pelo Nucleo Especiclizado, observando a metodclogia de campo e de coleta de dados prevista na " Deliberagiio 296 do CSDP, na |apso temporal de abril de 2014 a junho de 2019 Das 130 inspecGes objeto de andlise deste relatério, 51 ocorreram em penitendrias, 47 em Centros de Detencao Provisoria, 18 em Centros de Progresso Penitencidria, 11 em Centros de Ressocializagao e 3 em Hospitals de Custodia e Tratamento Psiquiatrico: HCTP’s 2.3% Penitenciéria 39.2% - i Z- OS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS INERENTES AS PESSOAS PRESAS a © fundamento primordial da Republica Federativa do Bresi, expresso em sua Constituigao de 1988, é 0 da dignidade da pessoa humana, conforme se depreende do artigo 1°, inciso Ill, que balize a consagracso de diversos direitos e garantias constitucionais, 0s quais possuem aplicabilidade imediate, j4 que suas normas s8o qualificadas como de eficdcia plena e natureza cogente, independentemente, portanto, de qualquer regulamentacao, 11 - Vale destacar que até 10.03.2022, 0 Nuicleo ja Tealizou 242 inspegdes em unidades prisionais, entretanto, os dados qualitativos e quantitativas axplicitos neste relatéria do conta de 130 inspecdes Nesse viés, sob qualquer prisma, erm qualquer situagao e lugar, deve-se imperar a dignidade da pessoa humana, que recebe um grau maior de atengio no espago de crcere, pois, ali, ha um contexto natural de animalizacao do ser humano, uma vez que colocado atrés das grades - € ue, por tal fato, poderia, intlusive, ser colocada em xegue a possibilidade de coexisténcia do institute da prisdo frente a0 fundamento norteador de nosso Estado Democratico ce Direito. Contudo, como nio'se trata aqui de um estudo mais aprofundado sobre'a existéncia da prisaio, mas, sim, reveld-la @ partir das inspecdes que séo realizadas pelo Nucleo Especializado de Situagdo Carceraria da Defensoria Publica do estado de Sao Paulo, é importante verificarmos que a pessoa presa nao pode ser submetida 4 tortura, tampouco receber tratamento desumano € degradente (artigo 5*, inciso Il, da Constituigéo Federal), sendo assegurado 0 respeito & integridade fisica e moral (artigo 5°, inciso XLIX, da Constituigao Federal), Essas garantias Sé0 paradigmas norteadores do processo civilizatério, podendo-se dizer que uma sociedade se constitui dentré dé um plano constitucional democratica quando cumpre o daver de garantir tais direitos aos seus cldadios. Neste contexto, & de suma importncia verificar se os direitos estabelecidos em nosso ordenamento juridico so respeitados no espaco prisional Observa-se que 4 pessoa presa conserva todos os seus direitos, exceto aqueles que se impediem dé usufruir pela perda da liberdade (artigo 38 do Cédigo Penal). Assim, no basta 0 respeito & existéncia digna da pessoa no cdrcere, mas também cumpre ao Estado, ao encarcerar alguém, garantir todos os direitos que Ihe so Inerentes A Lei de Execugio Penal traz um rol exernplificativo de direitos que devem ser garantidos 3s pessoas presas Art. 41- arise " afiretes do preso: © desportivas Gatetiotes: ugae da peng; 1 material, & satide, Juridica, educacional, x visita do eénjuge, dae y de parentes ¢ amigos emidias determinodas; alee as informagao que néo cornprometam a moral e os boris costumes, XVI = atestado de ial lll emitidlo anuaimente, sob pena da responsai ilicdade da autaridade judiciéria competente. 5 direitos sao exemplificativos, pois, como se viu, no se pode deixar de prover nenhum direlto, exceto se impossivel de garant’-Io pela perda da liberdade UNICO DIREITO QUE SE PERDE COM A PRISAO E A LIBERDADE! Ademais, nao $6 a Lei de Execugdo Penal exemplifica os principais direitos da pessoa presa, mas diversos outros diplomas nacionais e internacionais, conforme veremos especificamente ao abordar cada um. dos direitos escolhidos para verificar 0 grau de cumprimento pelo estado de S80 Paulo. No entanto, 6 importante ressaltar as Regras Minimas para Tratamento de Presos da Organizagao des NagGes Unidas, criaas em 1955 - que também receberam o nome de Regras de Mandela, em sua atualizag3o de 2015 - pois estabelecem regras minimas (como © proprio neme preceitua) para o tratamento de pessoas presas em todo o globo. Em que pese exista no pals uma discussao doutringria sobre a incidncia ou nao da forga cogente (obrigatéria) das referidas normas, no estado de S80 Paulo no hd qualquer ddvida, j4 que a Constituigdo do Estado prevé expressamente em seu artigo 143 que “a legislacdo penitencidria estadual assegurard 0 respeito as regras minimas da Organizagdo das Nagées Unidas para 0.trotamento de reclusos’ Dessa forma, trata-se de importante norma para verificacdo da regularidade da prestagdo de servigos pelo Estado no ambiente carcerdrio. Segundo SANTIAGO MIR PUIG: ee séjam inevitéveis, as prisdes devem garantir candicées minimas de humanidade, conforme as exigéncias da ONU. No eniante,.a redlidade das prisdes ainda rio se adaptou a estas exigéricias, (..) E a dignidade do individuo, como primeiro limite material a ser respeitado por um Estado demoerdtico, que fixa limit moximos a rigidez das penas @ aguea a sensibilidade de todos com relagdo aos danos por elas causados.” (PUIG, Santiago Mir. Direito Penal’ - fundamentos e Teoria do Delito. Tradugéo Claudia Viana Garcia, José Carles Nobre Porcitincula Neto. Sé0 Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. pag, 99). O artigo 143 da Constituigéo do Estado de Sao Paulo utiliza, pols, um trataco internacional como pardmetro a ser seguido em uma drea especttica da atuag3o do Poder PUblico estadual, que 6 aquela relacionada as condicdes de custddia no sistema prisional paulista. Partindo das premissas delineadas pelo texta constitucional, nao é& possivel que o caminho tamado seja esvaziar esse dispositive de eficacia. Pelo contrario, @ nécessario abordar a questa a partir das determinagoes advindas da adacao da dignidade humana como valor fundamental ¢ da hierarquia superior garantida 205 tratades internacionais de direitos humanos. Assim, evidente a plena eficdcia de tal dispositive, posto definir pardmetros para a politica carcerdria estadual, qué est3io em plena consonancia com os valores tutelados por nosso texto constitucional. Nao aponta em outro sentido a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, que ver reconhecendo as Regras de Mandela como parametro legitime para embasar 0 tratamento dispensado pelo Poder Publico 3s pessoas privadas de liverdade no pats. In verbis: 66 A atuacdo ao Tribunal, nesse pento, € plenamemte condizente com os textos normatives que integram o patriménio mundial de salvaguarda dos individuos colocados sob a custédia do Estado, tais come a Deciaracaio Universal das Direitos. Humanas, © Pacto Internacional de Direitos Civis e Politicos, a Convengéo Americana:de Direitos Humanos, os Principios e Boas Praticas para a Protegtio de Pessoas Privadas ‘de Liberdade nas Américas, a@ Convengdo das sa Unidas contra Tortura @ Gutros Tratamentas ot eaanians en) Da mesma maneira, cabe destacar posicionamento do entao presidente do Conselho Nacional de Justica, Ministro Ricardo Lewandowski, Guando da publicacao das Regras de Mandela: 66 © Apesar de o Governo Brasileiro ter participado ativamente das: negociagoes ora¢éo das Regras Minimas e sua aprovacaa.na Assembleia Geral dos Nacdes Unidas, em 2015, até 0 momento ndo esté essa nofmativa répercutida em politicas publicas no pals, sinalizando 9 quanto.carece de fomentoem nosso pais a valorizagdio das normas de direito internacional dos aireitas humanos. As Regras de Mandela padem e devenr ser utilizadas como instrumentos a serviga da jurisdigde. e tém aptiddo para mas paradigina dé encarceramento praticado pela justica brasiteira’. ° 12 -CONSELHO NACIONAL DE JUSTIGA, Regras de Mandela: Regras Minimas das Nacdes Unidas para 0 Tratamento de Presos. Brasilia: CNI, 2016, p. 12 A seguir, passaremos 8 andlise dos principais direitos que deveriam ser observados no espaco carcerario de forma especifica, bem camo o que fora constatado nas inspecbes realizadas. Apés, nas situag5es em que houye a necessidade de se recorrer a0 Poder Judicirio, quais foram os pedidos realizados diante das violagbes encontradas e, por fim, qual fol resultado obtido, 7.1 - DA SUPERLOTACAO —<<« Em todas as atividades de inspecdo, verificou-se qual era a capacidade da unidade prisional, assim como a populacao existente na dia da inspecao. A partir desta andlise, constatou-se uma despropor¢ao da ocupacao entre os diversos Upos de estabelecimentos prisionais existentes no estado de S30 Paulo. Isso porque, enquanto percebeu-se uma superlotagdo de 221% nos Centros de Detencdo Proviséria e 167% nas Penitenciarias, viu-se uma taxa de ocupagao de 95% nos hi i TH DE SUPERLOTAGAG: Ww bi 221% COP'S , 167% PENITENCIARIAS 95% GR'S TAXA DE SUPERLOTACAO POR TIPO DE ESTABELECIMENTO 221% a. | Lied ep — ape ieee Penitenciérias (a OCA eS CDP's CPP's 145% CR's HCTP's 72% Assim, observe-se que, para além da superlotago crénica do sistema prisional paulista, hd unidades que se destacam negativamente nesse cendrio, sobretudo Centros de Detengao Provisdria e Penitenciadrias. Algumas unidades prisionais chegam a ter taxa de 278% de superlotagao, como é 0 caso do Centro de Progressao Penitencidria de Pacaembu (fotos abaixo), = CPP de Pacaenbu - 20.02.2018 - vista interna de um dos pavilhées habitacionais, Na data da inepegdo a taxa de euperlotagio era de 271%. A_unidede ‘ten _capacidade pate 685 pessoas,_tas abrigava 1.911 pessoas. ~ CPP de Valparaiso - 10/11/2017 - algumas pessoas precisam dormir no banheiro pela falta de espaco = CPP Belém IT ~ 90/04/2017 - Celas sem esparo para circulagie de pessoas na ala de progresséo, a taxa de superlotacdo era de 301% E preciso ressaltar que, conforme identificado nas inspegdes, na pratica, a supérlotagao é ainda maior, pois a capacidade nominal das unidades prisionais de Sao Paulo leva em conta vagas em celas que no so destinadas ao uso consiante, tais como celas de pavilhées disciplinares, de enférmaria, medida proviséria de seguranca pessoal e de incluso, portanto, inflacionando 0 ntimero de vagas no sistema e mascarando a real taxa de superlotagao. Essa superlotacao inerente ao sistema carcerario da estado de Sao Paulo acaba, também, levando @ uma desproporgao entre & numero de pessoas presas eo numero de agentes penitencidrios que trabalham nas respectivas unidades prisionais. 0 artigo 1° da Resolugao n° 09/2009 do Conselho Nacional de Politica Criminal e Penitencidria (CNPCP) preceitua que deve haver 1 agente penitenciério: pare cada S pessoas presas' Artigo 1° - Determinar ‘aa Departamento Penitencidrio Nacional gue, na andlise des prajeios ap: IS pelos Estados para construggo de estabelecimentos penais destinados a 6) (0s provisbrios @ em regime jéchado, exija a proporctio minima de 5 (cinco) presos por agente penitenciGrio. Em que pese isso, a média constatada no dia da inspegao foi de 26,8 presos por agente penitenciario, Apenas em 2 unidades prisionais havia a proporcao estabelecida pela Resolugo do CNPCP: TAXA DE AGENTES PENITENCIARIOS/AS POR PESSOA PRESA (PP) Até 5 PP's por agente | 1,5% (02 UNIDADES) Mais de 5 PP's por agente Nao informado hz 30,8% (40 UNIDADES) 42 Observou-se. ainda, que a construgo de novas unidades nao reduziu a superlotacda em tal perfodo. Conforme dados extraldes do portal eletrénico da Secretaria da Administracaa Penitenciéria, foram inauguradas 31 unidades prisionais nos uiltimos 10 anos, ou seja, quase 20% do total, Além disso, cutras 8 unidades prisionais esto, neste momento, em construcao, Apesar disso, ndo hd uma diminuigdio na lotag3o das unidades prisionais, verificando- se que tal processo néo ameniza a situa¢éo no Interior do carcere. De outro mado, 2 construg&o de mais vagas no sistema prisional pode impulsionar o prdprio movimento de aprisionamento, formando-se um ciclo que se retroalimenta A CONSTRUGAO DE NOVAS UNIDADES NiO FOI CAPAZ DE DIMINUIR A SUPERLOTAGAO Nas atividedes de inspegio realizadas, verificou-se que, das 119 unidades prisionais ca em que se obteve tal informagéo, 72 foram construidas nas duas vltimas décadas, ou seja, 60,5%: consTRucAo DE NOVAS UNIDADES DRINK, IX 1910 1930 1940 1960 1970 1980 1990 2000 2010 x Kl ‘em 11 unidades no obtivemos essa informagao Nos titimos anos, também tem se verificado a expanséo geografica das unidades prisionais construldas no estado. 13 O estado de Sao Paulo possui, hoje, cerca de 46 mithdes de habitantes. Na capital 4 paulista, vivem cerca de 12 milhdes de pessoas. Somada @ regido metropolitana, representa metade da populace paulista® Embora a concenitragsa da populaggo ocorra na capital é na regio metropolitana, apenas 28 das 179 unidades prisionais esto localizadas nesta regidio, isto 6 16%. Por outro lado, na regio oeste e noroeste do estado, estdo localizadas 89 unidades prisionais, exatamente a metade do total de estebelecimentos prisionais. Nos ultimos 3 anos, das 12 unidadies inauguradas, 9 estao distribuldas geograficamente nesta regizo. DE ——— TEAS 13 - Dsponivel em: htips://cidadesibge.gov.bribrasil’sp/panorama {14 Disponivel em https:i/www ibge gov hricidades-e-estacas/sp/sao-paulo hirnl, Acesso’am'710.03.2022, as 11h8; 15 - Disponivel em: https://www.dul.sp.gov.br/rmsp/2page id=56. Acesso em 10.03,2022, as 12h00min, Esse processo de interiorizacso das unidades prisionais, sobretudo na regido oeste do estado, afasta geograficamente a populagao carceraria de seus familiares, 0 que leva 20 rompimento ou fragilizacaio dos lacos existentes. A um sé ternpo, viola-se o direlto constitucional_ao_convivio_famillar_e 0 principio _constitucional_da intranscendéncia das penas, segundo o qual a pena ndo passaré (ou nao deveria passar) da pessoa condenada. A somar, dificulta-se a efetivacdo das polticas pUblicas de fiscalizagao de tals espagos, que se tornam praticamente intransponivels. Apésar da miserabilidade das familias das pessoas presas, em sua absoluta maioria, pessoas pobres, varios familiares, quase a totalidade composia de mulheres, se arvoram na tentativa de visitar seus parentes, percorrendo um trajeto absolutamente desgastante e vexatéria: 66 Para aquélas pessoas que se langam a exterisa 2 cansativa jornada para visitagGe, geralmente em finais de semana, a ratina é bastante dura. Os grandes deslocamentas entre as locals dé origem das familias dos presos até os penitencidrias sGo'feitos, geralmente, de forma precaria, em transportes muitas vezes de baixa qualidade (muitos defes clandestines), mas que percorrem um longo trajeto, tornendo a viagem muito cansativa e desgastante, Na copital,.0 maior parte dos visitantes’ encontra-se na Rodovidria da Barra Funda, localizada na Zona Qeste da cidade, onde chegam de diversos locois € regiées no entorno da metrépole, do centro e da periferia, muitos inclusive de outres municipios da regio metropolitana ou do litoral, e de onde airigem-se para diversos municipios do interior em uma jornada que pode. 45 das regides ‘origem we fornlitas ‘os presos e@ os montantes gastos para gesttio do sistema penitenciério vutras gastos das familias com ° 2 jumbo, rere de etiam de i a A degradlante situacdo apresentada coloca o Brasil em desconformidade com todo’a sistema internacional de protege dos direitos humans, ensejando, inclusive, possibilidade de condenagao do pais nas cortes internacionais. Casos similares acarretaram condena¢oes de Estados na Corte Interamericana de Direitos Humanos, demonstrando como tal situacéo configura violagéo frontal aos tratados internacionais sobre a tematica, © caso "Montero Aranguren € outros (Retén de Catia) Vs. Venezuela’, sentenciade em 5/07/2008, deixou assante que a superlotag’yo em uma unidade prisional, por afetar negativamente diversos aspectos do aprisionamento, tals como a higiene, privacidade, seguranca, acesso a satide etc, afronta o art. 5.2 da Convengio Americana Sobre Direitas Humanos e, por isso, condencu a Estado Venezuelano, dentre cutras obrigagées: 66 Asegurar que toda persona privada de su libertad viva en condiciones compatibles con su dignidad humana, entre las que se encuentren, inter alia: a) un espacio io suficientemente amplio para pasar la noche; b) celdas ventiladas y con acceso a luz netural; ¢) acceso a sanitarios y duchas limpias y ton suficierite privacidad; @) alimentacién y atencién en Salud adecuadas, ovortunds y suficientes; y e) acceso @ medidas. educativas, laborales y de cualquier otra indole esenciales pora ja reforma y readaptacida social dé jos internos” Interessante anotar que, fazendo referencia ao Comité Eurogeu para a Prevengac da Toftura @ de Perias @ Tratamentos Desumanos ou Degradantes, a Corte Interamericana pontua qué um espago menor que 7m? para cada pessoa presa configuraria, por si s6, uma ilegalidade: ee SSsSsSsSsSsSsSsSsSFssssF Disponivel em: https://valor globo com/brasinoticia’2020108/27/municioio-de-sae-paulo-permanece- como:0-mais-populoso-do-pais-aponta-ibge ghtml 66 Lo Corte toma nota de que segin el Comité Europeo para la Prevencién de la Tortura y de las Penas o Tratos Inhumanos o Degradentes (en adelante “el CPT), una prisién Sobrepoblada se caracteriza por un’ alojamiento antinigiénico y restringido, con falta de privacidad aun para realizar actividades bdsicas tales como el uso de las facilidades sanitarias; (...). Por otro lado, la Corte Europea de Derechos Hurnanos consideré que un espacio de cerca de 2m? para un interno es un nivel de hacinamiento que en sf mismo eca cuestionable ala tuz del articulo 3 del Convenio Europeo de Derectos Humarios y fo podia considérarse como un esténdar aceptable, y que una celda de 7 m? para dos internos era un aspecto relevante para determinar una violacién de mismo articulo. En el misima. sentido, la Corte Europea considéré que en una celda de 16.65 im?, en donde habitaban 10 reclusos, constituia una extrema falta de espacio”. Qu seja, a situagao atual de superiotacio, ainda que fechemos nossos olhos para as condigdes concretas das celas, é suficiente para demonstrar a legalidade no cumprimento da pena €'6 tratamiento degradante dispensado as pessoas presas que, agora com a pandemia, ficam ainda mais expostas 85 mazelas advindas dessa situagao, bem como para ensejar, eventuaimente, @ condenacao do pais nas cortes internacionais. No mesmo sentido, diversos outros julgados da Corte, como:nos casos Lopez Alvarez vs. Horiduras (julgado em 01/02/2006), Cantoral Benavides vs, Peru (uigado’ em 48/08/2000) © Instituto de Reeducacién del Menor vs Paraguai (julgado em 02/09/2004). Por fim, importante destacar que-é Corte ja determinou, em 22/05/2014, que o Brasil adotasse medidas para a diminuigdo no Complexo Penitenciério de Curado: 66 Finalmente, 0 Tribunal considera imprescindivel que 0 Estado adoie medidas de curto prazo a fim de: a) elaborar € implem 10 de emergéncia em relagdo 4 atengao médica, em peu, aos reciusos portadares de doencas contagiosas, e tomer medidas para evitar a propagagaio destas doencas; b) elaborar € implementar um plono de urgéncia para reduzir a situagho de superlotagdo e Superpopulagdo no Complexo de Curado; ¢) eliminar a presenca de armas-de qualquer tipo dentro do Complexo de d) assegurar as condigées de seguranga e de respeito @ vida @ & integridade pessoal de todos os internds, funciondrios e visitantes do Complexo de Curado, e & eliminar a prdtica de revistas humilnantes que afetem a Cura intimidade e a dignidade dos visitantes”. © préprio Poder Judiciério brasileiro [2 reconheceu a ilegalidade estrutural presente em nosso sistema carcerario. No julgamento da ADPF n. 347, 0 Supremo Tribunal Federal reconheceu o ‘estado de coisas inconstitucional" presente no sistema prisional brasileiro, destacando camo "salta aos olhos a problema da superlotagée, que pode ser a origem de todos os males” Somadas & superlotacao, as condigdes estruturais das unidades agravam ainda mais 08 problemas encontrados. Ambientes pouco higiénicos, falta de manutengdo dos clernentos estruturais dos estabelecimentos e auséncia de luz e ventilagio sdio as regras nas unidades paulistas Os registros fotogréficos 2 seguir ilustram bem essa situagSo, os quais constam nos relatérios ora analisados: — COP Masculine de Pinheires I - 28/00/2017 - Inexisténcia de Janelas no CDP I de Pinheiros, uma vez que elas passuem pequenas aberturas pelo lado de dentro © S30 vedadas com placas de ferro pele Isdo externo, mantendo frestas ninimas incapazes de possibilitar qualquer ventilacao. E evidente, como se nota das imagens representativas de outras centenas, que as unidades ndo atendem os requisitos minimos para garantir a ventilagao e a ilumninagao adequada nas celas, tio importantes para uma vida saudavel em qualquer momento. Dispée a Lei de Execucdo Penal: 9) salubridade do ambiente = concorréncia dos fotores de aoe: insola¢ao ¢ ? condicionamento Nota-se que, conforme as Regras Minimas das Na¢Ges Unidas para Tratamentos de Presos (Regras de Mandela): Regra 13 Todas os ambientes de uso dos presos e, em particular, todos 9s quartos, celas e dormitérios, devem volumétrico dea ar, © espago minimo, a Thuminagbo, ° aquecimento e a ventilagéo. —m todos os locals onde os presos deverGa viver ou entradas tat rfeszee’ meson ayn sjesesnelag artificial (grifos nossos) 51 Conforme Resolugéo n° 14/94 do Conselho Nacional de Politica Criminal e Penitenciéria - CNPCP: Art. 10° © jocal onde os preses desenvolvam suas atividades deverd apresentar, fe Janelas amplas, dispostas de ‘maneira @ possibilitar circulagéo de ar fresco, haja ou nao ventilagéio artificial, para que o preso possa ler e trabalhar com luz natural (grifos nossos), Vernos tals tratativas, também, no panto 111 do relatério sobre a visita a0 Brasil do Subcomité de Preveng3o da Tortura € outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes: 111. Medidas apropriadas deveriam ser adotadas para remediar as deficié relativas @ temperatura, ventilag insuficiente e instalacGes sanitdrias nas celas. Seja, ent3o, por conta da superlotagdo em si, seja ela somada aos demais problemas estruturais, fato é que as presidios paulistas sao espacas torturantes e que nao se coadunam com um cumprimento de pena nos moldes trazidos pela Constituigao Federal e demais normas infraconstitucionais. © NESC tem tomado vdries medidas coletivas nos ultimos anos na tentativa de diminuir a populagdo carceraria do estado. Alguns exemplos podem ser dados, Durante o segundo semestre de 2017 € 0 ano de 2078, fizemos boa parte das inspecdes de monitoramento das condigoes de aprisionamento em locais de cumprimento dé pena de regime semiaberto, Centros de Progressad Penitenciaria (CPP's) e alas de semiaberto anexas as Penitencidrias e Centros de Detengao Proviséria (CDP's), pois havia'a impresséio de que, apés a aprovagio da Simula Vinculante 56, do STF, tais presidios tinham ficado mais lotados do que ja eram. Tal simula prevé que @ 12 falta de estabelecimento penal adequado nao autoriza a manutencio do condenado ei regime prisional mais gravoso, devendo-se observer, nessa hipétese, os parémetros fixados no RE 641.320/RS, Com a realiza¢do das inspegdes, isso se confirmou. Para a saida antecipada das pessoas € o cumprimento da stimula, impetramos habeas corpus coletivos no 1, ST) €, por fim, no STF (ulgado j& durante @ pandeiria), para cumprimento desta stimula em dois presidios: 0 CPP Masculine de Pacsembu e a Ala da Penitenciaria Feminina de Tup) Paulista, locals onde as taxes de ocupacdo eram, respectivementes 365%6 (976%, aldrnde tantasroutrasiviblaBescereiéeitas, Nedhum dos Tribunais (nem o préprio STF) cumpriu a simula vinculante, Pedidos semelhantes foram feltos durante a pandemia, mas nenhum jufzo deste estado quis cumprir a Sumula 56, do STF, de forma coletiva em relagdo a algum presidio, Atuagao mais recente conseguiu’e concessdo da ordem imediata para 1.018 homens 82 mulheres presas em SP. Durante'o ano de’ 2020, apés 0 Defensor Puiblico Marcelo Carmeiro Novaes ter obtido dados com a SAP que mostravam centenas de pessoas primérias. € sem antecedentes cumprindo regime de pena ilegal por trafico "privilegiado’, a NESC fez urn mutirdo de impetragdo de habeas corpus individuais que chegou a obter 82,8% de axito nas concessées da ordem em julgamentos feitos pelo ST) em relagdo @ processes que tinham transitado em julgado apds julgamento da apelagdo no TW/SP. Apés varias semanas percebendo que as estatfsticas de concessées de ordem eram muito altas, adotamos, juntamente com o Nuicieo Especializado de Segunda Instancia € Tribunals Superiorés (NSITS) da Deferisoria Publica de Sao Paulo, a atuagao estratégica de fazer aditamentos em HC’s individuais j4 impetrados no ST} para que fossem emendados para coletivés. Varias/os ministras/os relatorasies receberam esses pedides:¢, em um dos casos, relatado. pelo Ministro Rogério Schietti, houve a concessio da ordem coletiva - © histérico HC n° 596603/SP, impetrado pelo colega Douglas Schauerhuber Nunes, decidindo pela obrigatoriedade do cumprimento de situagdes em que a pessoa fosse sentenciada como incursa no artigo 33, paragrafo 4°, da Lei n° 11.343/06 (trafico privilegiado), no patamar minimo (1 ano e 8 meses de reclusio). ° 2 17 - Némero na origem: 2240697-21,2078 8 26.0000. Numero do HC para 0 ST}; 525.099, Numero do HC para a turma do STF: 176.045. Numere do HC para o pleno do STF HC 183280. 18 - Disponivel em: https//www.st)jus.brisites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/0BU92020-5 }-da- r- pena-indevidamente-em regime fechado.aspx, habeas corpus-a mais-de mil: presos de-SP-que:cumpr Acesso-em 10.03.2022, 45 1ShO3min, “83 7.2 - DO DIREITO A SAUDE Como a pessoa presa conserva todes os direitos nao atingidos pela perda da liberdade, impée-se a todas as autoridades o respeito a sua integridade fisica € moral (artigo 38 do Cédigo Penal devendo o direito a satide da pessoa em situagdo de privagéto da liberdade permanecer integraimente preservado e, nessa condicéo, promovide pelo Estado, nos termos do artigo 6° da Constituigdo Federal 66 So direitos sociais. a educacdo, a SAUDE, a moradia, o lazer, @ seguranga, a previdéncia social, a prote¢do aternidade €.@ Infancia, a ossisténcia aos desamparades, na forma desia Coristituigdio". garantido mediante poiiticas saciais e ecandmicas que visem a reducgdo do risco de doenca e de outros agravos e a0 goesso universal @ jgualitéria as es e senvicos para sua promo¢éo, protecdo e recuperagtio". Para dar cumprimento ao texto constitucianal, estabelece a Lei de Execugdo Penal: Art. 41 -Constituem direitos do preso: Vil -assisténcia material, a sade, juridica, educacional, sociale religiosa". Também, a Conveng3o Americana de Direitos Humanos, denaminada Pacto de San José de Costa Rica, da qual 0 Brasil € signatario, disooe: Art. 5° 1, Toda pessoa tem direite a que se respeite sua integridade fisica, psiquica e moral. 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes Toda pessoa privada de liberdade deve ser trataca com o respeita devido 6 dignidade inerente ao ser humano. Nesse vids, as [4 citadas Regras de Mandela estabelecem normas relativas & protecSo &satide da pessoa presa, cumprindo ressaltar 0 disposto nos itens 24 e 25: ) provimento de servi¢os médicos para os presos 6 ——- do Estado. (pees a ieudiaaee € 08 servigos de saddle necessarios em ser gratultos, sem discriminacte motivada pela sua situacae Juridica. 2, Os servicos de satid? seréo organizades ‘conjuntamente com a ddministragdo geral da salide piiblica e de forma a garantir a cantinuidade do tretamento e da assisténcia, inclusive nos casos de HIV, tuberculose e outras doengas infecciosas, abrangendo também a dependéncia as drogas. Regra 25 1, Toda unidade prisional deve contar com um servico— aelsaiide incumbido de avatiar, promover, proteger e ; prestardo problemas de site que rena sua area 2. Os servigos de saude devem ser compostos por equipe interdisciplinar, 0a! qualificado suficiente ‘atuando com total independéncia clinica, e deve abranger a experiéncia necessdria. de psicologia e psiquiatria. Servico odontolégico quolificado deve ser disponibilizado a todo preso. : Os parémetros minimos de prestag3o de assisténcia 4 sade, em termos gerais, ‘encontram-se na Portaria-n. 1.101/GM, do Ministério da Saude, que regulamentou a Lei in? 8,080/90, que trate do Sistema Unico de Satde (SUS), garantindo acesse integral €

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