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10 As trés questées: 0 que, onde e quando! Os fundamentos da interpretagao” _ A interpretagao é a matéria essencial do trabalho analitico. O analista ouve e tenta sentir, na sesso, 0 que o paciente diz, observa como ele 0 diz, a linguagem que usa, as expresses habituais ¢ ndo-habituais (do paciente), o tom emocional, assim como os movimentos, postura, mu- danga de semblante; enfim, tudo que pode ser observado. rva também as proprias reagdes, bem como os senti- mentos que o paciente desperta nele, e tenta estabelecer quais vém de si mesmo e quais sao express6es diretas da dinamica do paciente. Usando todo esse material, consegue observar 0 que acontece, nao somente no paciente e em si mesmo, mas principalmente, na relagdo entre ambos. O analista apresenta isso ao paciente em forma de interpretagdo. O traba- lho interpretativo é uma atividade diagnéstica constante, direcionada a encontrar hipéteses a respeito do que ocorre entre paciente e analista. Oanalista espera que, de alguma maneira, essas hipoteses influam no O analista obser | Otitulo em inglés refere-se aos trés “Ws”, ou seja as tés perguntas que a autora faze que come- 3. fameom a letra W: what, where e when (NT) Este artigo fo presentado pela primeira vez na ‘Conferéncia Anglo-Chilena de Psicanilise, em Santiago, Chile, 1994. Foi publicado no International Journal of Psycho-Analysis, 76 (1994), Parte 3, ¢ em espanhol no Libro Anual de Psicoandilisis, volume XI (1994). 219 Refinamentos tedricos Paciente, preferencialmente de modo a produzir “insight” ¢ a promover mais compreensio analitica. Para o trabalho analitico prosseguir, o ana- lista precisa observar todas as respostas do paciente, se sao ou nao de insight, para poder avaliar as situag6es criadas por sua interpretacao e formular, em sua mente, uma nova interpretagdo, que possa oferecer a0 seu paciente. Portanto, o trabalho interpretativo é a mistura de atividades emocio- nais ¢ intelectuais que devem estar presentes sempre. Por meio do pensa- mento, o analista deve processar sua compreensdo emocional a respeito do paciente, para poder formular uma interpretagao. Neste trabalho, desejo referir-me aos trés fatores que, em conjunto, constituem uma estrutura na mente do analista, quando ele interpreta. Espero esclarecer adiante que falo do modo como o material toma forma, na mente do analista, antes da formulagdo da interpretagao ao paciente. Em 0 que interpretamos, falarei da relagao transferencial compreen- dida como expresso do mundo interno do paciente, ou seja, 0 relaciona- mento atual do paciente com o analista, como expressao das relagdes de objetos internos passadas que, por alguma razio, nao puderam evoluir. A natureza e a causa da falta de desenvolvimento ou de desenvolvimento falho, conforme expressos na transferéncia, compdem o que interpreta- mos. Noutras palavras, esse é 0 por que as coisas se exprimem do modo como o fazem e que também constitui parte do o qué. Em onde, referir-me-ei aos niveis de funcionamento do paciente, tal como se refletem principalmente nos movimentos entre a posi¢ao esqui- zoparandide ea posi¢ao depressiva (PS<-»D), que resultam na predomi- nancia dos processos introjetivos ou projetivos. A projegdo excessiva leva o paciente a sentir que a causa e a responsabilidade pela situaga0 expressa na transferéncia sao do analista. A diminuigdo da projego e 0 aumento das atividades introjetivas permitem o reconhecimento e a res- ponsabilidade pelos préprios sentimentos. A avaliago dessa situagao, pelo analista, determinard a orientacao da interpretagao. Finalmente, em quando, apontarei 0(s) fator(es) que auxilia(m) 0 analista a integrar, em dado momento, os diferentes elementos da comu- nicago do paciente numa nova formulagao “que pode ser verbalizada ao paciente”. Quero deixar claro que nao me refiro ao que se chama, fre- qientemente, de timing da interpretacao (isto é, quando deveria ser dito 220 As trés questdes: 0 que, onde e quando ao paciente), mas ao momento em que algo se ‘organiza, de modo especi- fico, na mente do analista. O que, quando ¢ onde sio fatores na formulagao de qualquer inter- pretagao e, portanto, essenciais para o desenvolvimento da anlise. ‘A maioria dos analistas percebera emocionalmente 0 que ocorre, mas cada analista compreendera de acordo com seu ponto de vista ted- rico. E nossa teoria que nos faz compreender o material do paciente e interpreta-lo, de um modo ou de outro. Alguns analistas acreditam, por exemplo, que 0 trabalho mais importante na andlise € a reconstrugdo do passado do paciente. Meu ponto de vista é muito diferente. Creio que os conflitos iniciais do paciente (que néo evoluiram para estados mais maduros) permanecem vivos em sua mente e se exprimem na relagio atual entre paciente eanalista, isto é, na transferéncia; portanto, enfatiza- rei a interpretagao da mesma. ‘esse sentido, minha visao esta mais pro- xima daquilo que os Sandler chamam de “o inconsciente atual”, isto é, aquelas expresses inconscientes, do paciente, que esto acessiveis € podem ser alcangadas no aqui-e-agora da sesso analitica. bém diverge dos analistas que acreditam que Minha posigao tam! interpretagdes nao-transferenciais podem ser mutativas; quer dizer, inter- pretagdes de situagdes ou relacionamentos narrados na andlise e que sao interpretadas no “ld e entdo”, isto é, em relagdo a onde quer ou quando aconteceram. Considero que se conseguem mudangas nas operagdes ena estrutura mentais do paciente principalmente através da experiéncia vivida no aqui-e-agora da situagao transferencial, o que a torna central; sem ignorar e integrando-a ao que ocorre na vida externa do paciente ¢ em sua histéria passada. Creio que todos os analistas farfo interp! cionadas 4 vida do paciente (passada ¢ presente), mas a compreensio desses fendmenos dependera da teoria que cada pessoa tenha sobre a mente, e que da a base para sua compreensio do comportamento humano. Discutirei, agora, o tema deste artigo, tentando esclarecer cadaum dos pontos que enumerei, a luz de material clinico, ligando-o a teoria retagdes transferenciais: rela- que uso. Apresentarei a sesso de uma paciente, a Sra. A, que, por ocasiao da sessio, estava em andlise comigo por cerca de cinco anos. Ela vem de um 221 Refinamentos teéricos Pais do norte da Europa, onde esteve em anilise antes de se casar e de mudar, com o marido, para a Inglaterra. Tem perto de 40 anos de idade trés criangas pequenas. A Sra. A éa quarta de seis criangas, de uma familia catélica. Um dos imméos mora na Itélia, enquanto os outros permanecem no pais de ori- em. Sao uma familia unida, e ela freqiientemente viaja nos fins de Semana para visitar os pais e irmaos. Algumas vezes passam férias jun- tos. Do fim da adolescéncia até o nascimento do primeiro filho, apresen- tou bulimia grave. Empanturrava-se regularmente e forgava-se a vomi- tar. (Fazia isso diariamente e, com mais freqiiéncia, varias vezes ao dia.) Contou-me, no inicio da analise, com orgulho, que tinha controle perfei- to do peso, sem ganhar nem nunca perder um grama. Fez objecao 20 termo bulimia, usando a expressdo “comer e vomitar”. A Sra. A €inteligente, educada e culta. Tem boa capacidade de amar, mas também tem uma faceta muito hostil e invejosa. Durante anos, na andlise, protegeu muito a mae, que surgiu, na transferéncia, como dedi- cada, mas oprimida por tantas criangas e um pouco inacessivel. A Sra. A sentia-se muito hostil em relago ao pai, aparentemente desde a infancia, mas, ultimamente, ele comega a surgir sob uma luz diferente, e ela esta mais amistosa com ele. Seus sentimentos de citimes so muito fortes, ¢ especialmente dirigidos a irma mais velha e aos irmfos mais novos. Inicialmente relacionou-se com a andlise como um peixe com a gua, trouxe muitos sonhos e parecia muito acessivel. Depois de algum tempo, no entanto, percebi que, freqiientemente, eu ficava um pouco sonolenta e aborrecida em suas sessdes. Gostava dela e nao queria que ela deixasse de vir, mas, durante as sessdes, freqiientemente eu percebia minha mente divagando. Lentamente, comecei a perceber que havia um controle sutil, mas muito forte, sendo mantido, de modo que nada pudesse mudar muito. As interpretagdes eram aparentemente aceitas, mas expulsas répida e parcialmente. Ela parecia sentir que alguns proble- mas eram insuperaveis ¢ tentava, na anilise, impor 0 mesmo modus vivendi que havia desenvolvido em sua vida, através do comer e vomitar. Até esse momento, isso tinha sido compreendido como expressio de controle, destinada a manter um certo equilibrio, Havia muitas associa- g6es e sonhos mas 0 modo de falar tinha uma certa natureza de devaneio. Quando pude entender um pouco mais, e descrevé-lo para ela, ficou evi- 222 As trés questoes: 0 que, onde e quando dente que o objetivo era adquirir uma espécie de “animagao suspensa”, isto é, controlar a sesso de tal modo que quase nada pudesse acontecer. Freqiientemente se sentia triunfante quando percebia que tinha conse- guido esse controle. Trabalhar nessa area foi um percurso longo e doloroso. Ela temia confusio, que freqiientemente vivenciava. Assim que apareceu material e sentimentos edipicos, ficou muito confusa e com medo de perder a reensio que conseguira, Isso, de imediato, levou-a ao con- pouca comp: freqiientemente, tinha o trole paralisante que acabei de descrever € que, efeito de acalmé-la. Na época da sessaio que apresentarei, ela jé tinha insightarespeito do comportamento controlador, isto é a “bulimia analitica” (a bulimia real no estava em evidéncia nessa época). Minha sonoléncia quase desapa- fica a certo tipo de pos- recera, sO reaparecendo enquanto reagdo especit tura defensiva da paciente. Na sessio de sibado, antes da que apresentarei, ela estava muito per- turbada e agitada devido a noticias que recebera da familia. Pouco antes da sesstio recebera um telefonema da irma dizendo que Bill, seu irmao (é o que a precede e mora na cidade de origem) estava com problemas financeiros graves, devido a irregularidades nos negécios. Ficou téo per- turbada com essas noticias que tremeu durante a maior parte da sesso. Referiu-se repetidamente ao fato de os pais terem sido muito exigentes quanto a honestidade de todos; lembrou-se de como costumavam re- preendé-la quando mentia, mas, acrescentou: “Eles tinham contas ban- cArias no exterior, certamente para evitarem impostos.” Também expres- sou a preocupagiio de pagar a andlise com 0 que chamava de “dinheiro contaminado”, j4 que o dinheiro para suas despesas pessoais vinha da familia de origem. ‘Na segunda-feira, comegou dizendo que se sentia resfriada, mas nao queria me contar porque eu poderia dizer algo errado a respeito. No sabado, nao conseguira parar de tremer, mas, de certo modo, e a duras penas, conseguira suportar. Tom (o irmao mais velho) lhe telefonara, e tinha sido horrivel. Ela prosseguiu, de modo rapido e confuso, e narrou a conversa com ele, que telefonara da ItAlia. Discutiram uma possivel reu- nido de toda a familia, pois a mae gostaria de informé-los sobre decisdes que tomara, e que afetariam a todos, e Tom queria muito que a reuniao 223 Refinamentos tedricos fosse na casa dele, na Italia. Ela relatou a conversa com 0 irmao, de um modo que parecia que discordavam em quase tudo, descreveu que ele a arreliava e intimidava, e desprezava os outros irmaos. Ele também queria que, nos feriados, ela mandasse seus filhos para Italia, junto com o filho dele (que estava num colégio interno na Inglaterra). Ela recusou. Ele ficou zangado e insistiu. Ela, finalmente, disse-Ihe que no concordaria, poiso filho dele era muito cruel e os filhos dela muito pequenos. Ele con- tinuou a exigir que a reunido de familia fosse na Itélia, enquanto ela dizia que era impossivel, por causa da distancia, sugerindo um lugar mais eqilidistante para todos. Isso tudo veio em jorros de palavras e de emogées. Parecia haver grande ntimero de personagens, cada qual com um ponto de vista, e ela parecia cindida em diversas partes. Continuou dizendo como tinha sido horrivel e, finalmente, contou-me ter telefonado aos outros irmaos. Enquanto ela falava fiquei muito impressionada por duas coisas: pri- meira, que minha mente estava centrada no sentimento da presenga de alguém absolutamente egoista e autocentrado (Tom, nas associagdes dela); ¢ segunda, que também me senti ficando confusa, com minha mente movendo-se em diversas diregdes ao mesmo tempo. Pensei em intervir, mas nao tive oportunidade de dizer nada porque ela continuou me dizendo que, no sabado, o marido voltara de uma viagem de negécios ¢ ela pudera contar-lhe toda a histéria dos problemas de Bill. Trouxe de novo o medo de pagar a anélise com dinheiro sujo e parecia muito pertur- bada com isso. Antes de apresentar minha interpretagio, discutirei o que penso que acontecia na sesso. Quando chegou, a Sra. A parecia perseguida e divi- dida em muitas partes. Ela projetou essas Partes para dentro de mim quando falou de modo confuso: senti-me um pouco confusa. Ela se sen- tiu criticada por um objeto no-compreensivo que precisava manter dis- tante: disse nao poder contar-me que estava tesfriada, porque eu poderia entender erroneamente. Durante o fim de semana a Sra. Ase tada por mim porque eu a deixara (especialmente na familiar); ela sentiu-me cruel e egoista. Minha impressio essa experiéncia com 0 eu-objeto (transferencial) mau e expulsando ¢ espalhando os fragmentos para dentro do i ntiu-se rejei- dificil situagao équeelacindiu tentou livrar-se irmao, Tom, edo 224 As trés questies: 0 que, onde e quando filho dele, enquanto seus proprios filhos representavam-na. sendo tratada cruelmente. Essa ago parecia poupé-la, parcialmente, da rejeigao durante o fim de semana, mas deixou-a se sentindo “atacada” a partir do exterior, sem saber por qué. Ela parecia ter medo de ser invadida. O comporta- mento aparentemente egoista do irmio facilitou essas projegdes para dentro dele. Num periodo inicial da andlise, a Sra. A usou, muito freqiiente- mente, mecanismos de ciséio que, muitas vezes, resultaram em estados de fragmentagao. O uso de manobras fragmentadoras era principalmente defensivo e, como conseqiléncia, sentia-se fraca e vazia, queixando-se de dificuldades de concentragao. Nesse periodo da andlise, a Sra. A adquiriu bastante insight sobre sua hostilidade e mecanismos de cisao. No geral, estava mais integrada, lutando com sentimentos confusos em relagdo a mim, que representava 0 objeto primério. Na sesso que apre- sento, a dor da separagao do fim de semana eas dificuldades com a fami- lia fizeram-na recorrer novamel inte a cisdo miltipla ¢ 4 projegdo, que @ deixaram exaurida, abaladae culpada, Eume tomnei uma figura dubia em sua mente, ndo somente mé porté-la abandonado, mas critica em relagdéo ao método que ela usara (cisfo e proje¢a0). Provavelmente, ela sentiu que eu s6 veria o aspecto negativo (ou seja, a hostilidade instigada pela separagiio) e nfo veria seu desejo de proteger os bons sentimentos em relagdo a andlise ¢ a mim. Penso que o retorno a utilizagdo excessiva de cisio miltipla visava, principalmente, a0 impedimento da percepgaio de como se sentia ambi- valente, pois esse conhecimento seria muito doloroso. Seus sentimentos m-na de me sen- confusos e a projegao de alguns deles em mim ameagaval tir como um “objeto contaminado” — bom ¢ mau, ao mesmo tempo. Como eu ja disse, ela tentavame proteger, espalhando os maus sentimen- tos em sua familia, mas, quando isso nao funcionou, sentiu-se ameagada por ser deixada com a “eu-mé” e temia que, Por ser um objeto mau, eu nfo a compreendesse. Apresentarei, agora, minha interpretagao: comecei dizendo que ela pare- cia invadida por varios problemas, pessoas ¢ incapaz de pensar. Ela disse, mediatamente, parecendo um pouco mais calma, quase interrom- pendo: “E verdade”, e contou com detalhes como tinha se recusado a 225 Refinamentos tedricos aceitar dinheiro dos pais, aos 20 anos de idade (0 que jé era conhecido, na andlise). Acrescentou que agora isso mostrava que ela estava certa: tudo fica sujo. Minha fala pareceu trazer alivio imediato. Antes de eu falar, ela me sentiu ameagada por suas fantasias: ver-me disposta e capaz de traba- Ihar aliviou-a. Continuei minha interpretagdo, dizendo que ela parecia muito assus- tada comigo, que me sentia inamistosa, indiferente e pronta a julga-la mal. (Baseei-me na compreensio de que minha auséncia fora dolorosa, © sentimento estimulou a projegdo de sentimentos maus em mim, fazen- do-a perceber-me inamistosa e pronta a julgd-la mal.) Disse ainda que, quando ameagada por tantos sentimentos e problemas, achava-me muito egoista, pois eu saia para o meu fim de semana e a deixava. Provavel- mente ela se sentira furiosa, muito vulnerdvel e sozinha. Continuei dizendo que para nao se sentir assim, ela se dividiu e alojou partes dife- rentes nos diversos irmaos, recorrendo a uma atividade frenética. Minha interpretagao baseou-se no que eu pensava, mas s6 chamei a aten- go de minha paciente para os pontos que mencionei. Falei principal- mente de duas coisas: sua percepgdo a meu respeito e suas defesas. O que interpretei foi que me tornei (na transferéncia) um objeto mau, bem como s defesas que ela © que ela sentiu e fez para criar esse objeto. Descre' usou contra a situag4o resultante, assim como ela as atuou com sua fami- lia. Ao considerar onde, eu fora sentida mA, pois continha seus sentimen- tos confusos. A interpretagao foi centrada na analista porque parecia ser onde problema parecia estar, ou seja, e, vivenciada por ela daquele modo particular, em parte por causa da separagdo e, em Parte, por suas projegdes. Depois dessa verbalizagao, dirigi-me diretamente as suas pré- prias agdes. Ao me dirigir diretamente a seus sentimentos, eu supus que se localizassem nela. No que diz respeito ao quando, 6 quando esses fatores de que falei acima (0 objeto verdadeiramente egoistaea fragmen- tagdo) juntaram-se em minha mente, foi possivel esclarecer a situagdo formular a interpretagdo que deu sentido 4 minha confusao e ao senti- mento predominante de haver alguém muito egoista por ali. Voltando a sesso: depois da minha intervengao, houve uma mudangana Sra. A. Primeiro, ela relaxou e ficou em siléncio, Por um tempo, aparen- 226 As trés questoes: 0 que, onde e quando temente pensativa. Depois de alguns minutos, como se reagisse a algo, falou que também gostaria de ir 4 casa de Tom: todos os irmaos juntos, aquela parte da Italia € tao bonita, andar sobre as folhas vermelhas no campo... Sua voz soava adocicada (0 que nao era caracteristico) e provo- cadora. Parecia, também, falar como se alguém a estivesse impedindo ou proibindo de ir. Enquanto ela falava senti que desaparecia dentro demim co sentimento de trabalho conjunto; como se ela tivesse me deixado para tras, enquanto flutuava pela bela Itdlia adentro. Assinalei que ela parecia estar embarcando em alguma provocagao peculiar, lembrando-a, tam- bém, que a tiltima vez que todos estiveram juntos, sua descricao nao fora to rosea e que ela aparentemente achava que eu nfo queria que ela fosse. Ela respondeu com uma mescla de beligerdncia riso na voz, falando de como é agradavel, e como gosta, quando a familia esta reunida. Fiquei perplexa com a resposta, achei que minha interpretagaio no estava correta e que, provavelmente, eu deixara de lado algo importante, talvez o dinheiro contaminado, e a idealizagao com que reagira & inter- pretagdo anterior, que sentira como ajuda para ficar coesa. Em fungao daqueles pensamentos, falei que ela se sentira abandonada por mim, durante o fim de semana, sentira-me fria, e precisara espalhar esses aspectos nos irmaos, mas, quando se sentiu compreendida por mim, hé pouco, nao sé me sentiu boa, mas me idealizou. Identificou-se com essa-eu ao criar um quadro ideal de unido em que sentia que estévamos muito préximas, mas, 20 mesmo tempo, sentia-me como quem niio que- ria que ela se fosse. O alivio criado pelo trabalho analitico fé-la desejar fandir-se comigo e, com essa finalidade, tomar posse demim. Nesse sen- tido, identificava-se com uma versio minha idealizada. Falo de um tipo de identificagdo projetiva em que a paciente projetara sua parte posses- siva, o que Ihe ocasionou 0 sentimento de aprisionamento_ dentro demim. Vejo 0 que ocorreu como uma cisto da minha pessoa em um objeto idea- lizado com quem ela queria estar e de quem se apossou, € uma outra parte minha deixada vazia, abandonada e zangada. Penso que esta ultima ver- so continha e refletia os sentimentos que ela tivera durante o fim de semana, dos quais queria escapar. Depois de uma pausa curta & de um comentario d essa visio a meu respeito e do nosso relacionamento, maus sentimentos ao redor, criava um quadro falso, com 0 intuito apa- lela, acrescentei que ea distribuigéo dos 227 Refinamentos tedricos Tente de protegé-la do conhecimento de quao zangada estivera comigo, Pois sentira também que a compreendi. Ela sentia que ter sentimentos contraditérios em relagio a mim era muito perigoso, pois ficava amea- gada de desorganizagao, e de me vivenciar como suja, tal qual o dinheiro sujo que me contaminara. A Sra. A primeiro disse “Mmm”, em seguida acrescentou: “E ver- dade”, e depois de uma pequena pausa, falou que o que cu dissera fé-la tecordar-se de um sonho da noite anterior. Novamente, era um sonho sobre empacotar (ao longo de toda sua andlise tivera sonhos em que todos os seus pertences estdo espalhados ao redor, e ela no consegue junté-los em pacotes, algumas vezes precisando deixé-los para tris, outras vezes, ficando paralisada). Nesse sonho, ela se encontrava em algum lugar e todas as suas coi- sas estavam espalhadas ao redor. Achou dificil reuni-las para colo- cd-las na mala, e nao havia tempo suficiente para pegar o primeiro barco. Percebeu, entdo, que nao precisaria pegar o primeiro barco pois haveria outro, logo em seguida, conseguindo assim providenciar a reu- nido de suas coisas. Parecia satisfeita ao dizer isso. Interpretei que nosso trabalho hoje, e minha interpretagao anterior, ajudaram-na a compreender e a lidar com o que estava sentindo, e s6 entdo ela conseguira lembrar-se do sonho. Este mostrou claramente um aspecto do que falavamos: o que resultou da situagao em que ela tentara livrar-se dos maus sentimentos espalhando-os, para nfo me sentir uma pessoa m4 ou confusa, nem se sentir zangada demais comigo. Acrescen- tei que ela conservara certo contato com um aspecto bom meu dentro dela, mas sentira-se empurrada pelos sentimentos contraditérios que tor- naram esse contato precério, e precisava de mim para ajudé-la. A Sra. A ficou silenciosa, e algo pensativa. Disse entio algo que achei totalmente incompreensivel, quase como se falasse em outra li gua. Referiu-se a algo como “o ‘bebé’ do meu marido”, e desconforto que sentia quando ele brincava com seus brinquedos da gaveta. Falou com muito ressentimento. A principio, senti-me perplexa, pois nfo tinha idéia do que ela falava. Fiz uma tentativa timida de obter alguma infor- magao, mas ela nado deu nenhuma. Mesmo no sabendo nada sobre as supostas atividades do marido, minha atengdo centrou-se na impressao de que minha interpretagdo fora ouvida e acatada, mas que isso a fez ficat OR see ee) As trés questoes: 0 que, onde e quando ressentida. (Gostaria de chamar a atengo, aqui, para 0 fato de que embora 0 contetido da sua fala fosse muito obscuro, teve um impacto profundo em minha mente, 0 que me permitiu perceber as emogdes envolvidas — retornarei a isso mais adiante.) Voltando, agora, a sessio, interpretei que ela se sentira compreen- dida por mim e compreendera minha ultima interpreta¢ao, mas ficou res- sentida e me sentiu egoista, exibindo minha superioridade por eu ser capaz de conter meus pensamentos em minha mente (a gaveta) e que tudo era “brincadeira” para mim, e voltar na segunda-feira apenas um jogo fécil. Ela respondeu, diretamente, dizendo: “sim”, e voltou a me contar detalhes sobre o fim de semana dificil e seu trabalho com as crian- gas. Quase no final da sesso, contou que recuperara um cartao de crédito que perdera no sabado. Tinha sido muito facil, pois telefonara para 0 Safeway (supermercado), ¢ eles o guardaram para ela. Pensei que, nesse momento, tinha sido recuperada uma relacao melhor entre nés, a credibi- lidade fora recuperada e colocada em lugar seguro. O analista realiza o trabalho interpretativo baseando-se nas comunica- ges do paciente, e como se exprimem na relagao entre ambos, a respeito darelagao em si. Como eu disse antes, a maneira de compreender 0 mate- rial do paciente depende da teoria da mente que o analista tem. Meu pen- samento esté embasado nas teorias de Klein, assim como nas evolugées posteriores do pensamento Kleiniano. ‘Ao avaliar as comunicagées do paciente numa sesso, o analista esta atento e centrado nos afetos, nas ansiedades e nas defesas, experimenta- dosna relagao com o objeto. Para compreender as comunicagdes do pa- ciente o analista precisa estar atento 4s continuas mudangas de estado mental do paciente expressas em seu comportamento total (verbal e ndo-verbal), na sesso. Essas mudangas podem ser grandes ou pequenas, mas, ao observa-las, o analista tenta certificar-se de estar se dirigindo ao aspecto certo do paciente. Para isso, 0 analista precisa estar atento, nao s6 As comunicages verbais ¢ no-verbais, mas também as emogGes provo- cadas nele, pelo paciente. Ou seja, a contratransferéncia, que pode ser usada como uma espécie de orgao sensivel para perceber certos aspectos dos sentimentos do paciente que, por qualquer razao, ele nao consegue exprimir de outro modo ou que complementam um discurso mais direto. 229 py Refinamentos tedricos Para compreender e usar a contratransferéncia na avaliagao co} material do paciente, é indispensavel o conceito de identificagao projetiva. Como bem se sabe, a identificagao projetiva foi descoberta por Melanie Klein em 1946; elaa compreendeu, naquela ocasido, principalmente como pro- jegao de partes do self no objeto com o qual ocorre identificagao, com o Propésito de controla-lo. Esse conceito continuou a se desenvolver e a expandir, ¢ Bion foi quem salientou sua importancia fundamental no desenvolvimento da vida mental. Bion descreveu como a recepgao e a percep¢ao das proje- Ges da crianga, por parte da mae, pode ajudar ou dificultar seu desenvol- vimento. Gragas as contribuigdes de Bion, Rosenfeld e Joseph e a énfase dada por eles ao uso da identificagao projetiva, como uma forma de comunicagao do paciente na sessdo, os analistas desenvolveram e refina- ram 0 uso da contratransferéncia, no entendimento da transferéncia e da natureza das relagdes objetais internas do paciente, dos afetos e ansieda- des que predominam e, portanto, das diversas maneiras pelas quais 0 Paciente se defende. Tudo isso forma o nucleo das interpretagdes analiti- cas, o que da interpretagao. Examinemos, agora, conceitualmente, as interpretagdes dadas no material usado para este artigo. Considero que, nesse momento da ana- lise, a paciente alcangou a posicao depressiva. Ela esta lutando para pre- servar uma boa relagao comigo, no lugar da mae, especialmente quando exposta a separacao, que estimulou hostilidade. A mescla de hostilidade e amor pelos objetos resultou na ambivaléncia perturbadora que a amea- ou com confusao. Para se proteger dessa situagdo e conservar uma boa relagdo comigo, no mundo interno, em oposi¢ao ao impacto dos senti- mentos hostis gerados pela separagiio, ela retornou a defesas mais apro- priadas A posi¢do esquizoparanéide, predominantemente a cisdo, algu- mas vezes de natureza fragmentadora, ¢ identificagao projetiva, para dentro de seus objetos tanto internos quanto externos, isto é, para dentro dos irmaos e dos filhos. Mas essas defesas s6 tiveram éxito em parte, fazendo o objeto ficar contaminado. Ela me sentiu egoista e hostil, tanto por té-la deixado, quanto pelas projegdes para dentro de mim; mas tinha também consciéncia de uma outra verso minha. Quando essas dinami- cas foram interpretadas ¢ ela sentiu-se mais integrada, sua primeira rea- gao foi um alivio “exagerado”, isto é, ela me idealizou como objeto e se 230 1 | | As trés questdes: o que, onde e quando identificou com esse objeto idealizado apossando-se desse “‘eu ideal”. Isto resultou numa dupla situagio de falsificagao e no sentimento de apri- sionamento nesse objeto “pegajoso”. Quando pudemos trabalhar essa situagao, de modo que elasentisse a relagdo entre nés melhor estabelecida, pdde lembrar-se do sonho. O so- nho mostrou que havia uma relagdo razoavelmente boa com 0 objeto, no seu mundo interno, mas nao suficientemente confidvel ou s6lida, Ela sentiu a relagdio ameagada pelas reagdes provocadas nela, pela separagao do fim de semana, e recorreu, novamente, a cisio ¢ 4 fragmentagao. Ao voltar do fim de semana, precisou testar ¢ investigar o objeto, eu, na ana- lise (contendo parte de suas projes6es), para poder solidificar os ganhos obtidos com a integragdo, A melhora da relago comigo, na transferén- cia, no trouxe sé alivio e sentimentos positivos, estimulou também inveja e rivalidade comigo, enquanto representante do objeto primério. Fui vivenciada como alguém que conseguia entendé-la, por eu poder usar minha propria mente com facilidade, Seria “apenas um jogo” para mim. A compreensio ea interpretagdo da inveja e do modo como ela me percebia em fungao disso permitiu-lhe reconhecer seus sentimentos, € Ihe estabelecer, de modo mais seguro e confia- isto, por sua vez, permitiv~ om 0 objeto. Em outras palavras, predominou vel, uma relagao positiva ¢ a transferéncia positiva, mais firme e mais genuina ‘A compreensao do movimento que ocorre, na andlise, entre @ posi- do esquizoparandide e a depressiva permite, a0 analista, avaliar em que nivel o paciente est funcionando, a cada momento da sesso. Um pa- ciente funcionando, predominantemente, de modo esquizoparandide recorrerd excessivamente a manobras projetivas. Nesse sentido, o obje- to, o analista na sessio, sera percebido como portador dos sentimentos que o paciente ejetou para dentro dele e, seu comportamento, em relagao ao paciente, como expresso desses sentimentos. Nesse caso, devido a projegao dos seus proprios sentimentos, o problema do paciente, agora, & a maneira de perceber o analista, devendo, entdo, a interpretagéo cen- trar-se neste (Steiner, 1993). No material apresentado, isso péde ser visto, especialmente quando interpretei, no inicio, como ela me sentiu egoista e contra ela, e também, mais tarde, quando interpretei que eu estaria muito satisfeita comigo mesma (anilise para mim seria um jogo). 231 Refinamentos tedricos Quer dizer, 0 onde da interpretagio foi, momentaneamente, situado no analista. Em certos momentos da sesso, ou em certos periodos da anilise, quando o paciente é capaz de funcionamento mais integrade Por conter dentro de si seus préprios sentimentos conflituosos; isto 6 quando ele funciona com predominio de posig’o depressiva, a orientago da inter- Pretacdo pode dirigir-se ao paciente. Neste caso, o analista julga que o onde estaria no paciente. Por estar mais integrado, o paciente tem condi- gGes de reconhecer edese responsabilizar por seus proprios sentimentos. Isso pode ser visto na maioria das interpretages dadas, na sessfio que apresentei. Penso que, também, podem-se ver interpretagdes dirigidas Para ambos os aspectos do lugar que os sentimentos ocupam (a percep- So a respeito do analista ¢ a consciéncia de seus préprios sentiments), numa espécie de oscilagao rapida, como, por exemplo, em “vocé me sente de tal e tal modo por causa disso ou daquilo em vocé”. Quando as Projegdes nao sao excessivas e é possivel introjego, o trabalho interpre- {ativo ajuda o paciente a recuperar o que Ihe pertence e aumenta sua pré- pria integracao. Voltando, agora, a0 quando das interpretages. Como se pode ver no material apresentado, quando falo de quando, refiro-me ao momen- to.em que as idéias se juntam na mente do analista, antes de serem ditas ao paciente. Ao ouvir, com a mente aberta, as diversas forma: s de comunicagiio do paciente, ocorre, finalmente, na mente do analista, uma espécie de Padrdo que confere sentido emocional aos varios elementos da informa- $0. Quando se dio essa descoberta e essa configuragio emocional, 0 analista esté em posigio de formular uma hipstese interpretativa, para si mesmo e depois para o paciente, Bion chamou esse fendmeno, 0 trabalho de Poincaré em matematica, de “fato selecionado”. O fato selecionado é aquele elemento do material que integra os diversos aspec- tos expressos num todo significativo, numa nova formulagao. seguindo Na maior parte dos casos, quando o analista esta bem sintonizado com seu paciente, o elemento certo produz impacto em sua mente e se da uma integra¢ao apropriada que Corresponde a dinamica do paciente, tal como o analista a entende, Penso que isso Pode ser visto, claramente, no material, quando a paciente falou do marido “brincando com os brinque- 232 As trés questdes: 0 que, onde e quando dos dele”. Embora eu nao soubesse, exatamente, ao que ela se referia, fez sentido para mim, pois esclareceu sua reagaio ao meu trabalho com ela, permitiu-me interpretar, e fez a paciente se mover e ter mais insight. E interessante notar que teria sido muito facil especular sobre o significado das fantasias inconscientes, na expressiio “os bebés do marido”, “os brin- quedos dele na gaveta”, que num nivel intelectual poderia parecer cor- reto, mas ndo foi o que se impés em minha mente. O que registrei foi uma reagdo invejosa expressa num comentario mordaz. Esse era 0 fato sele- cionado, e quando o interpretei, mostrou-se correto. Mas 0 que 0 analista considera fato selecionado nem sempre € cor- reto. As vezes pode corresponder 4 reagao ou ao interesse pessoal do ana- lista, referindo-se mais A sua propria dindmica do que a avaliagao do material do paciente. Britton & Steiner referiram-se a uma “idéia supe- restimada” no lugar do fato selecionado (Britton & Steiner, 1994). No exemplo descrito por eles, a idéia superestimada, originalmente superva- lorizada pelo analista, é compreendida pelo paciente por motivos inter- nos. Observei, freqiientemente, que certos pacientes, quando expostos a estados penosos de incompreensio, tentam aferrar-se a qualquer coisa, nao levando em conta se é correto ou nfo, numa tentativa de tra- zer alguma luz a esses estados assustadores e penosos. Ha muitas situa- gdes em que 0 fato selecionado pode juntar elementos equivocados que correspondem a alguma interferéncia na mente do analista, um pro- blema no uso da sua contratransferéncia, sendo fungao do analista observar e corrigir. Um exemplo de uma situago desse tipo, no exemplo clinico que estou usando, foi quando questionei a Sra. A acerca de seus pontos de vista a respeito da satisfagao do encontro familiar em lugares tao idilicos. Eu sabia que tinha algo falso e, em certa medida, senti sua idealizagao a meu respeito. Mas eu estava muito afetada pela “dogura” do comentario e pela nota de protesto, provinda do sentimento de que eu a estava impe- dindo de ir. Penso, agora, que posso ter-me concentrado no meu desa- grado frente a dogura, o que nao me permitiu compreender que 0 “objeto agucarado e idealizado” era eu. Um fato selecionado, quando correto, freqiientemente traz ao ana- lista um sentimento de descoberta e clareza, mesmo que nem seja tudo compreendido. Acredito também que esse fendmeno corresponda, em 233 Refinamentos tedricos certa medida, a um estado do paciente em que parece ser possivel dar-lhe ainterpretacio. Isso nao significa que o paciente esteja prontoaaceité-la, Pois sua reagao dependerd, principalmente, das ansiedades ativadas, mas ele sera afetado pela interpretagdo, de um modo ou de outro. No fundo, estou falando sobre quando 0 analista percebe, em si mesmo, uma nova compreensao do material do paciente que integra diferentes aspectos do aqui-e-agora da sessiio. Resumo Neste artigo, discorri sobre os principais elementos que convergem na mente, quando 0 analista interpreta. Descrevi emo que, principalmente o Contetido dinamico das comunicagées do paciente; isto é, os aspectos das telagdes de objeto interno com as ansiedades e defesas inerentes, que se expressam na transferéncia, Ao lidar com esses aspectos da interpretagio © analista esté consciente de uma quarta pergunta, que é por qué. Na compreensao do material, por que, refere-se as causas que levaram o Paciente a tornar-se 0 que é, considerando, nessa compreensio, 0 inter- Jogo dos papéis das pulsées do paciente e o papel do ambiente. Ao compreender quando, o analista esta continuamente avaliando as Tespostas, que indicam o nivel de funcionamento, em fungo da oscila- so entre a posigo esquizoparandide ¢ a posigao depressiva, e a predo- minancia dos processos projetivos ou introjetivos. Desse modo, ele define 0 onde se deve formar a interpretagio. No momento em que o que e onde se conectam, na mente do analista, Por um determinado fator da comunicagio total, este alcanga quando; ou seja 0 momento em que a interpretagao pode ser formulada em sua pro- pria mente. 234

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