You are on page 1of 16

Tutorial – Módulo XIV/Problema 3

Aleitamento materno
1. Definições:
Conceito e indicações: A alimentação ao seio constitui uma das questões mais importantes para a saúde
humana, principalmente nos primeiros dois anos de vida, pois atende às necessidades nutricionais, metabólicas,
imunológicas, além de conferir estímulo psicoafetivo ao lactente, isso devido o fato de o leite possuir proteínas,
lipídios, carboidratos, minerais, vitaminas, e conter 88% de água.
- De acordo com a OMS, o aleitamento materno deve ser exclusivo nos primeiros seis meses de vida, momento a
partir do qual o leite materno como alimento único se torna insuficiente, e deve ter início a introdução de alimentação
complementar, sendo mantida até os dois anos (no mínimo) em associação com o leite materno, a partir de quando o
aleitamento pode ser interrompido por não apresentar tantas vantagens.
- Todavia, não se recomenda nenhum outro tipo de leite (industrializado, vaca, soja, cabra), à medida que o leite
materno sozinho após os seis meses é insuficiente, mas continua sendo importante, especialmente como fonte de
vitamina C, vitamina A, proteínas e energia, além é claro de fornecer elementos imunológicos para prevenção de
doenças.
Classificação:
 Aleitamento materno exclusivo: criança recebe apenas leite humano, da própria mãe (diretamente do seio ou
ordenhado) ou de outra fonte (banco de leite), sem outros líquidos ou sólidos à exceção de vitaminas, sais de
hidratação e medicamentos (gotas ou xaropes).
 Aleitamento materno predominante: além do leite materno, a criança recebe água, chás, suco de frutas, e
outros fluidos/infusões em quantidades limitadas.
 Aleitamento materno complementado: além do leite humano, a criança recebe alimentos sólidos ou
semissólidos com o objetivo de complementar o leite materno, mas não o substituir.
 Aleitamento materno misto ou parcial: além do materno, a criança recebe outros tipos de leite.

2. Anatomia e fisiologia:
Anatomia e desenvolvimento das mamas:
 Embriologia: durante o período embrionário humano, a formação das glândulas mamárias segue a memória
filogenética dos mamíferos e caracteriza-se pelo surgimento da linha mamária, que corresponde a uma fita de
tecido epidérmico que se estende da base axilar até a região inguinal.
- Esse arranjo tecidual é mais espesso em determinadas regiões que posteriormente irão se desenvolver em
glândulas, enquanto que a maior parte da linha atrofia e desaparece, dando origem a apenas um par de
glândulas, as quais são consideradas, origem, glândulas sudoríparas modificadas.
- Em casos anômalos, remanescentes embrionários podem permanecer e presencia-se, nessas ocasiões,
glândulas ou mamilos extranumerários na linha inguinoaxilar.
 Desenvolvimento das glândulas mamárias: inicia-se no período puberal e só atinge plenitude caso a mulher
engravide e amamente, o que confere à gravidez e ao período de amamentação papel imprescindível no
crescimento e na diferenciação das mamas.
o Telarca: no início da puberdade, há crescimento dos componentes glandulares e da tumescência
areolar como resposta à atividade ovariana.
o Menarca: após cerca de 2 anos da telarca, ocorre a menarca, com aumento do componente de gordura
e aplainamento da aréola.
 Mama adulta:
o Limites: os limites anatômicos da mama adulta atingem superiormente o segundo ou o terceiro arco
costal e inferiormente a sexta ou a sétima costela, com o limite lateral determinado pela linha axilar
anterior e o medial pela borda lateral do esterno.
- As mamas possuem projeções axilares chamadas caudas de Spence, e posteriormente à glândula,
estão os músculos peitorais maiores e menores, nos quais o tecido conjuntivo fibroso mamário se fixa,
conferindo sustentação.
o Anatomia lactacional: a mama adulta é composta de 15 a 20 lobos, unidades funcionalmente
independentes entre si, que se subdividem em lóbulos em número variável (de 20 a 40 subunidades),
os quais são compostos por 10 a 100 alvéolos, estruturas acinosas secretoras e saculiformes, cujas
células são responsáveis pela produção láctea, e desembocam em reduzidas estruturas ductais
(dúctulos), que se reúnem em ductos maiores, os quais por sua vez, fundem-se para formar ductos
principais.
- Os ductos principais apresentam dilatação na projeção da aréola, denominada seio galactóforo, cuja
importância reside na participação do mecanismo de sucção das mamas pelo neonato, e exteriorizam-
se na pele da papila mamária em pequenos orifícios.
- Entre os lóbulos e ductos, as mamas são preenchidas por tecido gorduroso e conjuntivo.
o Vascularização: permeia esse tecido extraglandular até as menores unidades alveolares, que
externamente se revestem de capilares e de células mioepiteliais.
o Células mioepiteliais: têm função contrátil, auxiliando na mobilização do leite dos alvéolos para os
dúctulos.

Mamogênese e modificações gravídicas: A gestação é o período no qual ocorrem desenvolvimento e


diferenciação completos das glândulas mamárias, com alterações fisiológicas exuberantes por causa dos altos níveis
de esteroides sexuais.
 Ação estrogênica: os altos níveis de estrogênios placentários desencadeiam, a partir da terceira semana de
gestação, proliferação celular, em especial das estruturas
ductais, que não só aumentam em quantidade, como
desenvolvem o lúmen em canalículos que não existiam
previamente.
- Outros hormônios que participam da atividade mitótica
dessas células são o hormônio do crescimento e a
insulina.
 Ação progestágena: a progesterona é responsável pela
diferenciação das células terminais dos dúctulos em
células acinosas (alvéolos).
 Ação da prolactina: diferencia os ácinos em células maduras, capazes de produzir os diferentes compostos do
leite, mas apesar de estar presente em altos níveis na gestação, sua ação é limitada pelos elevados teores
circulantes de progesterona e de hormônio lactogênico placentário, cuja ligação com receptores alveolares
possui maior afinidade.
o Segundo trimestre: há aumento dos níveis de prolactina, que estimula os processos secretórios dos
alvéolos mamários, com as mamas atingindo capacidade plena de funcionamento.
o Terceiro trimestre: observam-se a redução dos componentes extraglandulares e o desenvolvimento
ainda mais pronunciado das unidades lóbulo-acinosas.
- As mamas atingem capacidade máxima de produção e de secreção de proteínas, lactose e lípides,
além de atividade exponencial de determinadas enzimas como a galactosiltransferase e a lactose
sintetase
 Fenômenos vasculares: o aumento do volume mamário também se deve ao desenvolvimento vascular
localizado, o que contribui para o surgimento de veias visíveis pela epiderme (rede de Haller), bem como para
o intumescimento e edema localizados.
 Outras:
o A inervação do tegumento é extremamente abundante e está comprometida com os arcos reflexos
neurais envolvidos na lactogênese e na galactocinese.
o As mudanças na coloração e pigmentação das aréolas mamárias são evidentes já no primeiro trimestre
de gravidez.
o A proteção epitelial é reforçada pelo desenvolvimento das glândulas sebáceas do mamilo (tubérculos
de Montgomery), que irão lubrificar e proteger a pele local, mantendo sua elasticidade.

Lactogênese: A produção e secreção de colostro podem ser observadas a partir do segundo trimestre de gestação,
quando as glândulas mamárias atingiram maturidade para a produção láctea, de modo a, em algumas mulheres, isso
ocorrer já nesse momento e estar presente na quase totalidade delas no período próximo ao parto.
- A lactogênese não ocorre durante a gravidez em razão do efeito inibitório do estriol, da progesterona e do hormônio
lactogênico placentário sobre os efeitos da prolactina nos alvéolos, mas com o parto e a dequitação, os níveis
circulantes desses hormônios placentários decrescem de forma abrupta, possibilitando a ação da prolactina em seus
receptores mamários.
- A prolactina acarreta, num período de 72 horas, ações que modificam a secreção de colostro para leite propriamente
dito, permitindo a apojadura ou descida do leite:
 Diferenciação celular da fase pré-secretória para a fase secretora.
 Estímulo da síntese de RNA para produção de proteínas específicas do leite (caseína, alfalactoalbumina).
 Indução de enzimas catalisadoras (galactosiltransferase e lactose sintetase).
- Os níveis de prolactina sobem em picos induzidos pela sucção do recém-nascido, de modo a quanto menor for o
intervalo entre as mamadas, menor ser o tempo para o restabelecimento dos níveis de prolactina, mantendo o nível
sérico desse hormônio e a produção adequada de leite.
- Além disso, acredita-se que determinadas substâncias presentes no leite materno sejam responsáveis pela regulação
autócrina de sua produção, inibindo localmente a secreção láctea e alterando sua composição quando existe estase no
sistema ductal.
- Assim, a produção de leite pelas glândulas mamárias depende não só da existência de um aparelho glandular
desenvolvido, mas também da contínua e eficiente remoção do leite.

- O pico de secreção de prolactina relaciona-se com o intervalo entre o parto e a primeira mamada e a frequência das
mamadas consecutivas, fazendo com que quanto maior for o intervalo entre o parto e a primeira sucção das mamas
pelo recém-nascido, menores serão o pico inicial e a secreção basal de prolactina, com menor produção láctea, além
de que o aumento dos intervalos entre as mamadas ou a sucção ineficiente acarreta estase láctea e redução do fluxo
vascular local, com consequente destruição de tecido mamário e substituição por tecido conjuntivo e gordura.
- Orienta-se, dessa forma, que a primeira pega não exceda 40 minutos do parto e que a frequência mínima seja por
volta de 7 a 8 mamadas por dia.
Lactopoese e galactocinese: A lactopoese relaciona-se com o conjunto de eventos que visa à manutenção da
produção e da ejeção do leite, enquanto a galactocinese é o mecanismo que descreve a excreção do leite durante a
sucção das mamas pelo neonato.
- A produção e a ejeção do leite são controladas por arcos reflexos neurais, iniciando-se em terminações nervosas
livres no complexo areolopapilar, que quando estimuladas, levam informações pelas vias aferentes torácicas (de T4 a
T6), com liberação de ocitocina pela hipófise posterior e prolactina pela hipófise anterior.
- A ocitocina age nas células mioepiteliais e na musculatura lisa areolar, de modo a induzir contração dos alvéolos
mamários, compressão do seio lactóforo, e ereção da papila, processos que se somam para ejetar o leite.
- Vale lembrar que esse reflexo é mais suscetível a influências de fatores psicoemocionais e ambientais, de modo a
situações de desconforto, vergonha, ansiedade e dor provocarem inibição imediata desse reflexo, reduzindo a
quantidade de leite expelida.

Reflexos do RN:
 Reflexo dos pontos cardeais ou de busca: faz com que o bebê se vire em direção a algo que toque sua
bochecha (seio materno) e abra a sua boca em antecipação à pega do mamilo.
 Reflexo de sucção: o contato do mamilo com a parte posterior da língua e o palato inicia o processo de sucção
ou ordenha dos seios lactíferos.
 Reflexo de deglutição: por fim, o leite é levado para a orofaringe e é deglutido.
Composição: O leite produzido fica armazenado no sistema canalicular das mamas, para ser, então, excretado no
momento da sucção.
 Colostro: é um fluido cremoso, amarelado (vitamina A), mais denso que o leite, com composição altamente
proteica e com baixo teor de gorduras, e que é excretado, em geral, por 72 horas, mas pode variar de 1 a 7
dias.
- É de fácil digestão para o recém-nascido, além de conter grande quantidade de imunoglobulinas e células
leucocitárias e epiteliais.
 Leite de transição: produzido entre o sexto dia e o final de segunda semana pós-parto, tem concentração de
imunoglobulinas e vitaminas lipossolúveis progressivamente menor, mas aumento das vitaminas
hidrossolúveis, lipídios e lactose.
 Leite: após a apojadura, o leite materno apresenta aumento da quantidade de água (87%), carboidratos e
gorduras em sua composição, com redução relativa de proteínas, de modo a seu teor calórico-energético variar
de 600 a 750 kcal/dia.
- O volume de leite produzido aumenta progressivamente de 500 mL/dia, ao fim da primeira semana, e
alcança rapidamente de 1 a 2 L/dia.
o Gorduras: a maior parte das gorduras do leite fica depositada nos alvéolos posteriores da mama,
motivo pelo qual é necessário que a lactante esvazie completamente cada uma das mamas para
garantir que o leite com maior teor de gordura seja ofertado para o recém-nascido.
- Além disso, o teor de lípides no leite materno é progressivamente maior até o terceiro mês de
lactação, o que ocorre pela passagem de determinados tipos de ácidos graxos do plasma da lactante
para o leite e com a produção de outros tipos nas células da glândula mamária.
- Dos lipídios presentes em maior quantidade no leite humano, os de cadeia longa insaturados
(desenvolvimento neuropsicomotor e formação da retina) e o colesterol (sistemas enzimáticos) são os
mais importantes.
o Carboidratos: a lactose é o principal carboidrato presente no leite humano e deriva da união de
galactose e glicose, num processo mediado pela prolactina, que estimula enzimas catalisadoras dessa
reação, como a lactose sintetase.
- Vai ser responsável pelo amolecimento das fezes, necessário pela defecação em posição horizontal.
o Proteínas: a concentração proteica do leite humano (1,1 g/100 ml) é menor que a do leite de vaca (3,5
g/100 ml), o que é adequado para o crescimento normal do lactente e não provoca sobrecarga renal.
- A relação caseína/proteínas do soro do leite é de 20/80, predominando as proteínas do soro do leite,
o que faz com que o coalho do leite humano seja mais macio, facilitando a digestão.
- A proteína do soro com maior concentração no leite humano é a alfalactoalbumina humana, menos
alergênica que a do leite, e ainda participa do sistema enzimático que sintetiza a lactose.
o Eletrólitos: a menor concentração de sódio no leite humano impede a sobrecarga renal e diminui o
risco de desidratação hipertônica frente a qualquer tipo de agravo.
o Ferro: está em baixa concentração, mas sua biodisponibilidade alcança 50%, principalmente devido o
menor pH intestinal dos lactentes alimentados exclusivamente ao seio e a presença da lactoferrina (só
solta o ferro no intestino).
 Vitamina K: em baixa concentração no leite humano, e o intestino do recém-nascido só iniciará sua produção
através da flora saprófita com duas semanas de vida, de modo a recomendar-se a aplicação de vitamina K IM
a todos os recém-nascidos após o nascimento a fim de evitar a doença hemorrágica.
o Fatores protetores:
 Específicos: imunoglobulinas (IgA, IgM e IgG), especialmente a IgA.
 Inespecíficos: fator bífido (acidificação fecal), lisozima (ação bactericida e anti-inflamatória),
lactoferrina (ação bacteriostática) e lactoperoxidase (contra estreptococos), neutrófilos,
macrófagos e linfócitos.
- As mamas também apresentam a capacidade de adaptação mediante situações fora do padrão habitual de
lactação, de modo a, em casos de gravidez múltipla, a produção de leite aumentar proporcionalmente à nova
demanda estabelecida, e, nos casos de recém-nascido pré-termo, possuir composição diferente (mais proteína,
gordura e IgA e menos carboidrato).

3. Epidemiologia:
Dados estatísticos: A amamentação sofre constantemente influências socioculturais e, por isso, deixou de ser
praticada universalmente a partir do século XX, com algumas consequências dessas mudanças já podendo ser
observadas, como desnutrição e alta mortalidade infantil em áreas menos desenvolvidas.
- No Brasil, a prevalência de amamentação vem aumentando a cada década, e índices de 49% de aleitamento materno
aos 6 meses de idade na década de 1980 elevaram-se para 60%, na década de 1990, porém de forma heterogênea,
sofrendo variações significativas de acordo com a região e as características socioeconômicas das diferentes
populações.
- Já se tratando do mundo todo, menos de 35% das crianças do mundo são exclusivamente alimentadas com leite
materno nos primeiros 4 meses de vida, e as práticas de alimentação complementar são frequentemente inapropriadas
e perigosas.
Benefícios do aleitamento: Todas as mães devem ser estimuladas a amamentar, mas nunca devem ser
obrigadas a fazê-lo, cabendo ao pediatra a função de explicar à mãe todos os benefícios e vantagens do aleitamento
para ela e seu filho e auxiliar na resolução das dúvidas/mitos/dificuldades inerentes ao processo inicial da
amamentação.
 Para o RN:
o Quantidade nutricional necessária: no período de lactação, a necessidade calórica por quilograma
de peso supera em aproximadamente três vezes a dos adultos, chegando a 120 kcal/kg de peso
corpóreo.
- Durante o primeiro ano de vida, cerca de 40% das calorias ingeridas são utilizadas para o processo
de crescimento e desenvolvimento, caindo para 20% no segundo ano, de modo a um aporte dietético
inadequado ao levar à desnutrição proteicoenergética e atraso no desenvolvimento.
o Prevenção de doenças: há redução da mortalidade infantil (reduz 13% das mortes em crianças abaixo
de cinco anos), bem como diminuição da incidência e gravidade das doenças infecciosas diarreicas,
respiratórias, e de doenças imunoalérgicas e crônicas (câncer, doenças metabólicas e
cardiovasculares).
o Melhor desenvolvimento cognitivo e afetivo: alguns estudiosos acreditam que o leite materno
contenha substâncias que melhorem o crescimento/desenvolvimento cerebral, e outros apostam nos
aspectos comportamental e emocional positivos do ato de amamentar.
o Desenvolvimento da cavidade oral: a amamentação estimula o correto desenvolvimento das funções
orais, com o adequado crescimento do sistema estomatognático.
 Para a mãe:
o Prevenção da hemorragia pós-parto: o aleitamento imediatamente após o nascimento favorece a
dequitação placentária, promove a involução uterina, a perda de peso e diminui a hemorragia pós-
parto.
o Método contraceptivo: a amenorreia lactacional prolongada pelo aleitamento materno exclusivo ou
predominante evita a anemia e o aparecimento precoce da ovulação, o que condiciona o maior
espaçamento gestacional, proporcionando melhores condições de saúde para mãe e filho.
- Além disso, possui eficácia de até 98% nos primeiros três meses.
o Remineralização óssea: promove melhora da remineralização óssea pós-parto, com redução de
fraturas do colo de fêmur no período pós-menopausa.
o Redução do risco de câncer: reduz risco de Ca de mama e ovário.
o Proteção contra DM tipo 2: mulheres que amamentam têm 15% menos incidência de desenvolver
diabetes tipo 2 para cada ano de lactação, independente de outros fatores de risco para a doença.
o Perda ponderal: o gasto energético de uma nutriz em aleitamento exclusivo é de 704 kcal/dia.
o Economia e eficácia: o leite materno é bom, barato e limpo.
- Estima-se que o gasto com fórmulas infantis nos primeiros seis meses de vida variem de 38% a
133% do salário-mínimo, sem contar os demais custos como mamadeiras, bicos e gás de cozinha.
Causas de desmame precoce:
 Trabalho materno: nos EUA observou-se que o acentuado declínio no aleitamento materno entre o segundo e
o terceiro mês de vida se devia ao retorno das mães às suas atividades de trabalho ou estudo, necessitando de
suporte ambiental e social para continuar o aleitamento.
- Todavia, trabalho fora de casa é um obstáculo, mas, para mães que realmente querem amamentar, não há
impedimento, além de alguns estudos não mostrarem diferença na idade de desmame entre mães trabalhadoras
e mães não trabalhadoras, o que mostra que o trabalho materno não é causa direta de desmame.
 Condições maternas:
o Mastoplastia redutora prévia: 29% das mulheres submetidas a essa cirurgia estavam amamentando
exclusivamente, em contraste com 77% das que não tinham antecedente de cirurgia mamária, e aos 3
meses, essas taxas eram de 12 e 55%, respectivamente.
- Esse impacto não parece estar presente nas cirurgias com colocação de prótese mamária em que não
ocorre secção transversal dos ductos.
o Trauma mamilar: é importante causa de desmame e a sua prevenção é primordial, feita por meio de
orientações sobre as técnicas de amamentação e os cuidados com os mamilos.
o Mamilos planos ou invertidos: podem dificultar o começo do aleitamento, mas não necessariamente
o impedem.
- A dor e o desconforto para amamentar levam a lactante a reduzir a frequência e o tempo das
mamadas, gerando ingurgitamento mamário, o que piora o quadro.
o Vínculo emocional mãe-filho: lactantes mais inseguras, ao ouvirem o choro do recém-nascido, ficam
tensas, frustradas e ansiosas, o que pode inibir a produção de ocitocina e, consequentemente, dificultar
a ejeção do leite, fazendo com que as mamas fiquem mais ingurgitadas e dificultem a pega adequada,
podendo instalar um ciclo de obstáculos à amamentação.
 Rejeição do lactente: algumas crianças desenvolvem preferência por bicos de mamadeira, apresentando uma
maior dificuldade para aleitamento materno, principalmente pela maior facilidade da sucção nos bicos
artificiais.
- Diante disso, as crianças que usam chupetas, em geral, são amamentadas menos frequentemente, o que pode
prejudicar a produção de leite.
 Outras: mulheres com baixo nível educacional, mães de crianças com baixo peso ao nascer, primíparas,
tabagistas e portadoras de alergias têm grande risco de interrupção do aleitamento precocemente.
 Escore de risco:
o Escores maiores ou iguais a 8 predizem alta chance de manutenção do aleitamento materno nesse
período.
o Escores menores que 8 predizem maior risco para a cessação do aleitamento, de modo a essa
população se beneficiar de orientações mais direcionadas sobre lactação.
- Um grupo de alto risco para o desmame precoce são as lactantes que apresentam dificuldades físicas e
emocionais, incluindo as primíparas, mulheres com trabalho de parto longo ou submetidas a cesárea,
multíparas que receberam medicação no trabalho de parto, sobrepeso materno, mulher com mamilo plano ou
invertido e mães de crianças com comportamento pouco ativo nas primeiras 24 horas.
Estratégias para evitar o desmame precoce: O contato precoce dos
profissionais de saúde com a puérpera está associado a maior duração da
amamentação, melhor interação mãe-filho, melhor controle de temperatura do
recém-nascido, níveis mais altos de glicose e menor número de episódios de choro
do neonato, reforçando a importância de tal hábito logo nas primeiras horas de
puerpério.
- Dessa forma, durante a assistência pré-natal, devemos reconhecer as mulheres com maior risco de desmame precoce,
e essas em especial devem ser informadas dos benefícios da amamentação e das desvantagens do uso de leites não
humanos, bem como devem receber orientações quanto às técnicas de amamentação, para aumentar a habilidade e
confiança das futuras lactantes.
- Há a necessidade crescente de implementação de programas que visam à saúde da mulher e do recém-nascido, e
incentivam o aleitamento, em regiões menos favorecidas, com o intuito de aumentar a prevalência do aleitamento
materno, à medida que tais iniciativas, como os hospitais amigos da criança, só existem em cidades mais estruturadas.
- É, ainda, ponto fundamental, que os profissionais da área da saúde, principalmente os que estão em contato com a
mulher no período gestacional, no parto e no pós-parto, saibam identificar os fatores de risco e as intercorrências que
possam levar ao desmame precoce, de modo a preveni-lo.

4. Técnicas de amamentação:
Preparo das mamas:
 Anamnese: uma anamnese detalhada é o primeiro passo, com especial atenção para dados sociodemográficos
que possam classificar a gestante como de risco para o desmame precoce, além de visar reconhecer as
dificuldades experimentadas em gestações prévias ou inseguranças típicas
da primigesta.
 Exame físico: é de suma importância, pois é por meio dele que se podem
diagnosticar as anormalidades anatômicas, prevendo suas possíveis
complicações e corrigindo-as sempre que possível.
- A inspeção do mamilo fornecerá informação a respeito de lesões e
oleosidade ou ressecamento da pele areolar, além de classificar o tipo de
papila em normal, plana, pseudoinvertida ou invertida.
 Cuidados com os mamilos: devem incluir exposição solar e higiene com água, evitando o uso de
lubrificantes e sabonetes, os primeiros por exacerbar a oleosidade da pele local e os últimos por ressecá-la em
demasia, isso levando em conta que o aumento da produção sebácea pelas glândulas da aréola fornece
quantidade de lubrificação necessária e suficiente à futura lactante.
 Papilas defeituosas: papilas invertidas não protraem, mesmo na vigência de exercícios e manobras, enquanto
as pseudoinvertidas podem permanecer protraídas por algum tempo após manipulação ou sucção.
- Orientam-se exercícios de rotação, tração e exteriorização, que irão aumentar a flexibilidade e a capacidade
de exposição da papila (exercícios de Hoffman), bem como o uso de peças plásticas ou de silicone colocadas
entre o mamilo e o sutiã, na medida em que promovem compressão contínua
da aréola e extrusão da papila.
Pega correta: As técnicas de amamentação visam à pega correta da boca do
recém-nascido no mamilo da lactante, com consequente nutrição adequada da
criança, sem prejuízo físico ou psicológico materno, ao passo que a amamentação de
forma incorreta leva à insatisfação do recém-nascido, com consequente choro do
infante e ansiedade materna, a qual acarreta produção e liberação inadequadas de
ocitocina com ingurgitamento mamário, dificultando ainda mais na pega.
- Com intenção de assegurar o adequado controle neuroendócrino da lactação, bem
como o aporte lácteo suficiente ao recém-nascido, deve-se iniciar o processo de aleitamento, sempre que possível, na
primeira hora pós-parto, para que o pico sérico de prolactina aconteça em sua plenitude e a secreção de ocitocina
ocorra de forma apropriada.
- Orienta-se à lactante a amamentação de livre demanda, ou seja, ao neonato devem ser oferecidas as mamas toda vez
que ele desejar (ou que a lactante assim julgar), e o tempo das mamadas deverá ser o necessário para o esvaziamento
mamário, o que pode variar de poucos minutos a 1 hora.
- O objetivo da boa técnica é permitir que o recém-nascido abocanhe toda ou boa parte da aréola e posicione a papila
na região do palato duro, de forma que as gengivas fiquem na projeção dos seios
lactóforos, para que haja a formação de pressão negativa pela língua e pelos
movimentos de sucção, assim como compressão dos seios galactóforos pela gengiva,
e consequente ejeção de leite.
 Orientações gerais:
o Recomenda-se que o ambiente seja agradável e confortável,
permitindo a privacidade da lactante.
o Os cuidados de higiene incluem a lavagem das mãos e das mamas apenas com água, a fim de evitar a
retirada da oleosidade das aréolas necessária para manter a integridade da pele.
o As mamas devem ser alternadas em relação ao
lado de início, já que a primeira mama
oferecida é sempre esvaziada de maneira mais
eficiente, pois a fome do lactente é sempre
maior ao início da mamada.
o O esvaziamento completo de ao menos uma das
mamas a cada mamada é desejável na medida
em que assegura a ingestão do leite posterior,
rico em lípides.
 Técnica: para garantir a técnica de amamentação
adequada, é necessário que a postura materna e a do recém-nascido estejam apropriadas, e a posição da boca
do neonato, correta em relação ao mamilo/mama.
o Posição da lactante: relaxada, confortável, bem apoiada, não curvada para trás, nem para a frente.
o Posição da mão na mama: polegar acima da aréola e indicador abaixo da aréola, como um C.
o Posição do lactente: todo o corpo deve estar voltado para a mãe, cinturas pélvica e escapular, pescoço
e coluna vertebral alinhados, evitando flexão dos membros entre o corpo da lactante e do lactente.
o Posição da boca e face do lactente: boca centrada em frente ao mamilo, bem aberta, com o mento
encostado na mama e o nariz afastado.
o Sucção: mais rápida no início, diminuindo a frequência progressivamente, com pausas ocasionais,
irregular ao fim.
o Fim da mamada: o recém-nascido solta espontaneamente a papila ou a lactante pode retirar o
complexo areolopapilar, tracionando-o suavemente com os dedos indicador e médio (nunca afastar o
neonato da mama para evitar traumas locais), ou colocar o dedo mínimo entre a boca do lactente e a
aréola, com intuito de desfazer a pressão negativa de
sucção.
- Sempre deve-se colocar o lactente em posição vertical ou
sentado para facilitar a eructação e evitar broncoaspiração.
 Posições:
o Sentada: o recém-nascido está de frente para a mãe, de tal
maneira que seu abdome encosta no da mãe.
o Sentada inversa: o corpo do lactente localiza-se abaixo da axila materna, com o ventre apoiado nas
costelas da lactante, o corpo no braço materno e a cabeça, na mão.
o Deitada: a puérpera e o lactente estão deitados de lado, de frente um para o outro, de modo a lactante
oferecer a mama do lado sobre o qual está deitada.
- Em ocasiões em que a lactante não é capaz de amamentar momentaneamente, recomenda-se a utilização da técnica
do copinho para nutrir o lactente, que consiste em oferecer leite por meio de pequeno recipiente plástico com o recém-
nascido sentado, visando evitar a ocorrência da chamada confusão do mamilo, que consiste na dificuldade de
adaptação dos neonatos ao utilizar os bicos artificiais de mamadeiras concomitantemente ao aleitamento materno, pois
estes exigem movimentos totalmente diferentes.
Ordenha e armazenamento: As finalidades da ordenha e do armazenamento de leite humano são inúmeras,
podendo-se ordenhar o excesso de leite de mamas ingurgitadas para alívio da lactante, desprezando-o em seguida,
ordenhar e armazenar o leite em ambiente domiciliar, para sua utilização em outro momento pelo próprio lactente, ou
ainda utilizar o leite ordenhado para armazenamento especial em bancos de leite, para posterior doação a outros
lactentes.
- Quando a ordenha do leite é destinada a seu armazenamento, cuidados higiênicos são extremamente importantes
para que não ocorra contaminação excessiva do leite, com consequente alteração de sua composição e potencial
infecciosidade, devendo-se seguir algumas recomendações:
 Manter boa higiene, lavando bem as mãos e secando-as com toalha limpa.
 Massagear as mamas em movimentos circulares da base destas em direção ao mamilo.
 Estimular os mamilos com movimentos de exteriorização e tração suaves.
 Apoiar uma das mãos sob a mama, retificando os ductos.
 A outra mão deve segurar a transição entre a aréola e a mama em formato de "C" (polegar acima e indicador
abaixo).
 Realizar movimentos de compressão e tração da mama e aréola até a extração láctea ocorrer.
 Desprezar os primeiros jatos, pois eles contêm maior número de bactérias, o que é decorrente da estase do
leite nos ductos.
 Repetir os movimentos de extração, rodando a posição da mão que comprime para esvaziamento de todas as
áreas.
 Alternar as mamas até a redução da quantidade de leite extraído ou a cada 5 minutos.
 Ao fim do processo, aplicar um pouco do leite nas aréolas, pois, por ser rico em lípides e imunoglobulinas, o
leite posterior mantém a emulsão da pele, além de protegê-la contra contaminações.
- Para manter as características do leite, alguns cuidados para armazenamento e uso domiciliar devem ser seguidos:
 O leite ordenhado e colhido com higiene adequada mantém a sua validade por 24 horas, quando guardado na
geladeira, por 7 dias, no congelador e 1 mês, no freezer, desde que o congelamento seja imediato.
 O intervalo de tempo entre a ordenha e o armazenamento deve ser o mais curto possível, não excedendo 2
horas, período no qual o crescimento bacteriano atinge níveis intoleráveis para o uso.
 Evita-se o aquecimento do leite em temperatura superior a 36ºC para que não ocorra a desnaturação das
proteínas lácteas.
 O leite deve ser aquecido em temperatura de até 36 º C, colocando-o em banho-maria com água morna.
 Uma vez descongelado, não pode ser recongelado.
Banco de leite: Os bancos de leite são centros que fazem parte de complexos hospitalares de saúde materno-
infantil, sendo responsáveis por coleta, armazenamento e distribuição de leite doado, além de incentivar e dar suporte
a políticas de aleitamento materno.
- Os produtos distribuídos (colostro, leite de transição, leite maduro, leite anterior e posterior) não podem ser
comercializados pelos bancos de leite, já que se tratam de instituições sem fins lucrativos, e o Brasil conta com uma
rede de quase 200 instituições, com mais de 50 localizados no estado de São Paulo.
 Doadoras aptas: lactantes sadias que não sejam portadoras de doenças infectocontagiosas, distúrbios
nutricionais ou que façam uso de medicação que contraindique a amamentação.
 Receptores: prematuros e recém-nascidos de baixo peso, os portadores de doenças intestinais (infecciosas ou
não) e os recém-nascidos com doenças imunológicas e alérgicas.
- A distribuição segue indicações prioritárias e só pode ser realizada com prescrição e indicação médicas.
 Processo de coleta e manejo do leite: o processo de coleta pode ocorrer no próprio centro de lactação
hospitalar, como no domicílio da doadora, sempre seguindo as normas higiênico-sanitárias e utilizando
materiais esterilizados.
- A ordenha é seguida da pasteurização do leite a 62,5 ºC por 30 minutos, temperatura e tempo capazes de
inativar 100% dos vírus e das bactérias patogênicas, incluindo o HIV e 99% da flora saprófita.
- Prossegue-se com o resfriamento do leite até 5 a 7ºC, rapidamente, com o intuito de reduzir as perdas
proteicas causadas pelo calor.
Indução da lactação e relactação: A indução da lactação é a técnica de estimular essa função em todas as
suas etapas em mulheres que não passaram por período gravídico-puerperal recentemente, como as mães adotivas,
desejosas de amamentar seus filhos.
- Diversos estudos têm demonstrado taxas de até 90% de sucesso, mas todos estão de acordo com o fato de que a
indução da lactação exige grande motivação por parte da futura lactante e encorajamento e apoio de profissionais
afeitos a essas técnicas, uma vez que necessita de uso de medicamentos e/ou estímulos frequentes das mamas.
 Uso de ACHO: recomenda-se a utilização desses hormônios (anticoncepcionais combinados ou terapia de
reposição hormonal) por um período que varia de 2 a 6 meses antes da data em que se pretende iniciar a
amamentação.
o Com 5 meses de antecedência, inicia-se o uso de domperidona ou metoclopramida, drogas de ação
central que inibem a secreção de dopamina, fato que permite a produção e a liberação da prolactina.
o Dois meses antes do começo do aleitamento, suspende-se abruptamente o uso do ACHO e iniciam-se
as manobras mecânicas de ordenha mamária manual ou com bombas de sucção.
o Com o início da amamentação, complementa-se o esquema com o uso de ocitocina nasal, para auxiliar
na ejeção do leite.
 Estimulação mecânica das mamas: por meio da sucção das glândulas pela criança ou artificialmente,
utilizando-se pequenos recipientes com leite, acoplados a diminutos tubos que se fixam ao complexo
areolopapilar (translactação), fazendo com que, com a sucção realizada pela criança, estimulem-se a produção
e a ejeção de leite, além de preparar o lactente para o aleitamento nas mamas.
- Independentemente da técnica, a produção de leite ocorre entre 1 e 4 semanas e a etapa de produção de colostro é
omitida, com secreção de leite mais semelhante ao de transição ou maduro.

5. Intercorrências:
Fatores associados:
 Ansiedade da mãe e da família.  Falta de preparação das mamas no pré-natal.
 Alimentação inadequada da mãe.  Inexistência de alojamento conjunto em
 Uso de medicamentos que podem interferir na maternidades e hospitais.
produção do leite materno.  Amamentação com técnica inadequada.
 Doenças maternas (infecções, transtornos  Ausência de orientação adequada.
mentais).
Ganho inadequado de peso: Inúmeras são as causas de ganho de peso inadequado do recém-nascido, mas a
técnica inadequada de amamentação é, sem dúvida, a principal delas, principalmente nos caos de prematuros com
baixo peso (fadiga muscular), filhos de mães diabéticas (hipoglicemia) e com malformação da cavidade oral (fenda ou
fissura labial e palatina).
 Etiologia: ingestão inadequada de leite pode ser decorrente da produção insuficiente de leite ou do fracasso da
criança para extrair o leite, ou até mesmo de ambos, ao passo que a incapacidade de esvaziar a mama plena e
regularmente acabará por resultar na diminuição da produção de leite.
o Rotinas impróprias: alimentação frequente, pega inadequada, separação materno-infantil, bem como
a utilização de suplementos.
o Atraso na lactogênese: um atraso na progressão da etapa II da lactogênese pode ocorrer, impedindo o
aumento previsto na produção de leite, que ocorre nos primeiros 5 dias de vida.
- Pode ser devido à retenção de fragmentos da placenta, insuficiência pituitária primária (deficiência
de prolactina) ou cirurgia mamária prévia.
o Outras: em algumas crianças, anormalidades motoras ou neurológicas podem levar ao esvaziamento
insuficiente das mamas.
 Investigação: deve-se observar diretamente o aleitamento materno visando a identificação tanto dificuldades
maternas quanto neonatais ou técnica de amamentação inadequada.
- Além disso, a determinação do volume de leite antes e após a alimentação, quer por expressão manual quer
por bomba, é essencial, pois vai determinar se há produção inadequada ou falha de transferência de leite.
 Conduta: a intervenção primária depende da causa, mas na maioria das vezes envolve o reforço da eficácia e
da frequência do aleitamento materno, bem como a realização de treinamento adequado para a lactante, visto
que a maioria dos casos se deve à técnica inadequada ou insegurança materna.
- De forma geral, deve-se estimular o recém-nascido a esvaziar ao menos uma das mamas por completo, para
garantir a oferta de leite posterior, rico em lípides e, portanto, em calorias.
Ingurgitamento mamário: É, em geral, causado pelo esvaziamento insuficiente das mamas, ou, mais
raramente, pela produção excessiva de leite (hipergalactia), provavelmente causada pelo desequilíbrio entre a
produção e a secreção de dopamina e prolactina.
 Fatores de risco: técnica inadequada de esvaziamento, anomalia anatômica dos mamilos, mamas muito
pendentes (dificulta a retificação e o consequente esvaziamento dos ductos), dificuldades do recém-nascido e
questões emocionais maternas.
 Clínica: surge mais frequentemente no período de apojadura, entre 1 e 5 dias após o parto, devido ao início da
produção de leite, ao ajuste entre frequência e duração das mamadas e à demanda do recém-nascido.
- As mamas apresentam-se brilhantes, endurecidas e extremamente dolorosas, com distensão dos tecidos e
aumento volumétrico evidente, à medida que ocorre reação inflamatória, com aumento da congestão vascular,
alterando a conformação anatômica mamária que, com a dor que o acompanha, não permite a pega adequada
do mamilo pelo recém-nascido.
- O leite flui com dificuldade à expressão manual, e o estiramento dos alvéolos incapacita-os de produzir mais
leite, chegando à lesão tecidual quando ultrapassa o limite de contenção.
- A técnica inapropriada de amamentação, por sua vez, gera lesões ou fissuras mamilares, contribuindo
significativamente para o surgimento de mastite.
 Tratamento: tratamento adequado e precoce do ingurgitamento mamário é de grande valor para evitar
complicações ainda mais graves.
o Casos leves: deve-se manter o aleitamento exclusivo sob livre demanda, corrigir as possíveis falhas
de técnica de amamentação, iniciar a mamada pela mama sadia, reduzir os intervalos das mamadas,
massagear as mamas e ordenhá-las antes das mamadas, para permitir a pega adequada e, ao término,
para esvaziar o excesso de leite.
- Devem-se evitar compressas e uso de produtos tópicos que, além de não possuírem eficiência
comprovada, podem, ainda, causar lesões do tegumento.
o Casos graves: neles, a distensão mamária é tal que não permite à lactante a manipulação das mamas,
indicando-se o uso de analgésico e anti-inflamatórios, ocitocina nasal, diuréticos tiazídicos e até
inibidores da lactação em dose única (bromocriptina ou cabergolina), para auxiliar nas medidas de
esvaziamento mamário.
Fissuras: A fissura ocorre quando a pega é inadequada, geralmente porque a mama está muito ingurgitada, ou
quando a criança é muito pequena e sua boca não consegue envolver toda a aréola, acarretando lesões que podem
cursar com sangramento, o que não impede a amamentação.
 Fatores predisponentes: assim como no ingurgitamento mamário, os fatores de risco são os mesmos e a
correção da técnica de aleitamento é mandatória, mas outros fatores que contribuem para sua ocorrência são a
obstrução de duetos lactíferos, infecções (candidíase), limpeza exagerada das mamas, uso de produtos
potencialmente irritantes e doenças da pele.
 Conduta geral:
o Recomenda-se a alternância das posições do corpo do recém-nascido durante as mamadas e o início
da amamentação pela mama sadia.
o As mamas devem ser expostas aos raios solares ou raios ultravioletas artificiais (lâmpada de 40 watts,
à distância de 40 cm do mamilo, por 20 minutos, duas a três vezes
ao dia), o que contribui para a cicatrização.
o Lavagens excessivas e uso de medicamentos ou produtos tópicos
nos mamilos, como pomadas e cremes, devem ser evitados, porque
não alteram o curso natural da lesão, além de retirar a oleosidade
natural da pele, necessária para a recuperação local.
o Identificação de qualquer doença subjacente do mamilo e, se
houver, o tratamento específico para o problema.
o Ajustar o posicionamento do lactente e realizar correção da técnica
inadequada.
o Uso de lanolina purificada ou curativo de hidrogel.
o Uso de protetores de mamilos que evitam o atrito entre as mamadas
(intermediários de silicone).
 Casos específicos:
o Fissuras graves: suspende-se a amamentação na mama mais afetada por um período de 24 a 48 horas
e ordenha-se manualmente até seu esgotamento, para evitar o ingurgitamento, e o leite ordenhado
deve ser oferecido ao recém-nascido por meio de copinho ou colher pequena.
Mastite: A mastite lactacional ou puerperal é uma condição inflamatória da mama, que ocorre durante o
aleitamento, e pode ou não ser acompanhada de infecção, de modo a indicar tratamento rápido e adequado, pois o
atraso e negligência podem levar à evolução do quadro clínico para a formação de abscessos e, eventualmente, para
sepse.
 Epidemiologia: a incidência de mastite puerperal varia de 2 a 33%, mas, em geral, não ultrapassa 10%, com
75 a 95% dos casos ocorrendo nos primeiros 3 meses de amamentação.
- As taxas de recorrência variam de 4 a 8,5% de todas as lactantes, mas em pacientes que apresentam
antecedente de mastite em ciclos gravídico-puerperais prévios, a recorrência varia de 14,4 a 36,1%.
 Fatores de risco: a remoção ineficiente de leite em razão de técnicas inadequadas de aleitamento é o principal
fator predisponente, visto que promove estase láctea, ingurgitamento mamário e lesões mamilares, que
funcionam como porta de entrada para a colonização e infecção dos duetos lactíferos.
 Clínica: a paciente apresenta queixas de dor mamária localizada, na maioria das vezes unilateral,
acompanhada de hiperemia e hipertermia.
- No exame físico geral, pode haver febre, mialgia, anorexia, taquicardia e sinais de bacteriemia ou sepse nos
quadros de maior gravidade.
- Ao exame das mamas, observam-se edema, infiltração e eritema localizados e mal delimitados, além de a
presença de massa endurecida com ponto de flutuação sugerir a ocorrência de abscesso.
 Etiologia: o principal agente etiológico é o Staphylococcus aureus, mas outros possíveis agentes encontrados
são o Staphylococcus coagulase negativo, estreptococos dos grupos A e B beta-hemolíticos, E. coli,
bacteroides e bacilos Gram-negativos, os quais geralmente são provenientes das floras nasal e cutânea
materna e/ ou da flora oral do lactente.
- Raramente a mastite pode ser causada por Salmonella spp, micobactérias, Candida sp. e criptococos.
 Diagnóstico: é clínico, podendo ser complementado com exames:
o Bacterioscopia: cultura com antibiograma obtida por Swab da lesão, punção ou ordenha mamária é
ferramenta útil para orientar o diagnóstico etiológico e o tratamento nos casos refratários ou com
apresentação clínica anômala.
- É uma técnica limitada, de último recurso, pois a flora encontrada na maioria dos casos de mastite é
semelhante à flora do leite de pacientes que não apresentam infecção.

o USG: contribui para o diagnóstico e tratamento definitivos, identificando edema no subcutâneo,


septos ou múltiplas lojas, ectasia ductal, abscessos intra (na espessura da glândula) ou retro mamários
(entre a mama e os músculos), principalmente em mamas volumosas, ingurgitadas ou usuárias de
prótese.
 Tratamento:
o Medidas de suporte: visam ao bem-estar materno e à interrupção do ciclo que predispõe e mantém o
quadro clínico.
- Deve-se, portanto, manter a lactação para garantir a drenagem láctea, sem maiores riscos para o
lactente, bem como realizar repouso e aumentar a hidratação oral.
- A analgesia pode e deve ser instituída com analgésicos comuns (paracetamol ou dipirona), codeína
ou AINES.
o Antibioticoterapia: deve ser realizada ambulatorialmente, e ser focada no Staphylococcus aureus, via
de regra produtor de penicilinase, de modo a utilizarmos dicloxacilina, cefalexina, clindamicina ou
amoxicilina, com reavaliação da paciente após 24 ou 48 horas do início do tratamento.
- Constatando-se baixo nível socioeconômico e intelectual, presença de abscesso grande ou septado,
mastite recidivante, sinais de bacteriemia ou de sepse ou resposta insatisfatória ao tratamento
ambulatorial, recomendam-se internação hospitalar e antibioticoterapia parenteral com oxacilina +
cefoxitina ou cefazolina (segunda opção).
- Evolução clínica desfavorável e antibiograma demonstrando resistência do microrganismo ao
antibiótico empregado indicam uso de vancomicina, clindamicina ou metronidazol.
o Inibição da lactação: caso haja eliminação de pus pelo mamilo ou dor intensa não controlada pelas
medidas de suporte, recomenda-se interromper temporariamente o aleitamento, utilizando
bromocriptina ou cabergolina (preferível), com possibilidade de alta hospitalar e retorno à lactação.
o Drenagem de abcessos e coleções: devem ser identificados, localizados e dimensionados, visando
punção dirigida com agulha grossa, obtendo-se material para bacterioscopia e cultura.
- Abcessos pequenos (< 5 cm) e sem sinais de gravidade indicam punção ambulatorial, mas aqueles
maiores, com evolução clínica desfavorável e necrose extensa, indicam drenagem em centro cirúrgico
com anestesia geral.
 Profilaxia: se faz por meio da profilaxia da estase láctea e das lesões mamilares.
- Em alguns casos, ocitocina sintética IM ou preparadas para nebulização nasal facilitam a contração das
células mioepiteliais que circundam os alvéolos mamários, facilitando a ejeção do leite.
Galactocele: Obstrução de um dos duetos lactíferos, idiopática ou por acúmulo e estase de leite, que leva ao
bloqueio da excreção láctea desse dueto com a formação de cisto de retenção.
- Em geral, não apresenta infecção, mas pode funcionar como fator predisponente, e o quadro clínico se apresenta
como nódulo ou cordão fibroelástico discretamente doloroso, que inclusive pode ser identificado no USG.
- O tratamento inclui massagem localizada e revisão da técnica de amamentação, mas quando possui grandes
dimensões, a punção aspirativa por agulha fina tem finalidade diagnóstica e terapêutica.
Hipogalactia e agalactia: A hipogalactia é conceituada como produção insuficiente de leite materno, que,
embora seja queixa comum, está presente verdadeiramente em apenas 10% das lactantes. Já a agalactia é a ausência de
produção de leite materno.
 Clínica: ganho de peso insuficiente do recém-nascido, o que acarreta suplementação do aleitamento com
fórmulas lácteas, elevando-se as taxas de desmame.
 Causas: se deve a fatores emocionais, associados ou não a elementos físicos da anatomia mamária.
o Transtornos psicológicos e sentimentos de medo, angústia, insegurança e ansiedade, além da crença
de que a amamentação traz prejuízo estético, podem diminuir e até abolir o reflexo de ejeção do leite
e, assim, reduzir a produção de prolactina e ocitocina, e por isso o tratamento vai consistir no suporte
psicológico e orientação das técnicas de amamentação.
o As causas de hipogalactia relacionadas a fatores biológicos compreendem processos endócrinos
(síndrome de Sheehan após hemorragia grave), distúrbios nutricionais, técnica de amamentação
inadequada e alteração anatômica das mamas (traumas, cirurgias, queimaduras e hipoplasia mamária).
 Conduta: a primeira conduta é reforçar as técnicas de amamentação com orientações adequadas, e sugere-se
aumentar a ingesta hídrica e corrigir os possíveis distúrbios hemodinâmicos ou metabólicos.
- Em se tratando de medicamentos, por experiência clínica, utiliza-se a clorpromazina, a sulpirida ou a
metoclopramida (galactagogos), os quais aumentam a prolactina sérica neutralizando a influência inibitória da
dopamina sobre a secreção de prolactina. 
- Vale ressaltar que, por vezes, a correção da causa de hipogalactia é impossível, em especial as relacionadas a
traumas ductais extensos.
Síndrome de Raynaud: Ocorre por isquemia intermitente do mamilo, que ocorre provavelmente por
compressão mamilar, trauma, e exposição ao frio, gerando palidez, dor, queimação que podem durar de minutos até
horas.
- O tratamento consiste em compressas mornas, mas alguns autores sugerem nifedipina, vitamina B6, suplementação
com cálcio, magnésio e ibuprofeno.
Candidíase: Geralmente transmitida pela criança, a Candida albicans gosta de meios quentes, úmidos, escuros e
ricos em sacarose, de modo a se alojarem nos mamilos, acarretando dor e sensação de prurido que se irradiam pela
mama, que fica hiperemiada, brilhante e com fina descamação.
 Tratamento: aplicação local de nistatina, miconazol ou cetoconazol por 14 dias e tratamento da criança
simultaneamente, mesmo que ela não tenha sintomas.
- Se o tratamento não for efetivo, usa-se fluconazol via oral por 14 a 18 dias para a nutriz.
 Prevenção: mamilos ventilados e expostos ao sol, e fervura de 20min/dia de chupetas e bicos (fonte de
contaminação).

6. Medicamentos:
Risco-benefício do uso: O uso de medicamentos durante o período de amamentação é motivo de preocupações
constantes tanto por parte da lactante quanto de obstetras e pediatras, devido ao fato de 80 a 90% das puérperas
necessitarem de algum tipo de medicação durante a lactação, em especial nos primeiros dias pós-parto.
- Ao contrário do que se acreditava, a maioria das puérperas pode fazer uso dessas drogas sem risco para o lactente,
mas mesmo assim, a associação entre drogas e lactação é causa frequente de desmame precoce ou suspensão do
tratamento.
- De acordo com as recomendações recentes do Ministério da Saúde, as medicações na lactação são divididas em três
categorias:
 Drogas seguras: uso permitido, sem efeitos colaterais ao lactente.
 Drogas moderadamente seguras: apresentam efeitos adversos pouco significativos ou não há estudo que
comprove ou descarte malefício.
 Drogas usadas com cautela (pouco seguras): deve se pesar o risco versus benefício, o lactente deverá ser
observado quanto ao surgimento de efeitos colaterais e a dose da medicação deverá ser a mínima necessária e
por menor tempo possível.
 Drogas contraindicadas: uso proibido na lactação.
- As drogas podem alterar a produção láctea, ou gerar efeitos colaterais ao RN, principalmente nos prematuros, que
apresentam imaturidade do desenvolvimento de alguns órgãos, o que pode causar maiores complicações quando
expostos a determinadas drogas, com comprometimento da metabolização hepática e da excreção renal.

7. Contraindicações:
Doenças infecciosas: Na maioria das vezes, não são contraindicações para o aleitamento, mas o lactente pode
estar submetido a risco em raras circunstâncias, como na sepse materna, situação na qual bactérias podem alcançar o
leite (pode amamentar com antibiótico), ou quando o agente infeccioso for altamente virulento, indicando inclusive a
suspensão temporária (primeiras 24 horas de tratamento) da amamentação.
- Em se tratando de infecções específicas, o aleitamento está contraindicado nas gestantes com HIV, HLTV tipo 1 e 2
(vírus linfotrópico humano de células T), hepatite C, citomegalovirose, herpéticas com lesões nas mamas, e doença de
Lyme enquanto não tratada.
- Em doenças como varicela-zoster, sarampo e tuberculose, como a mãe deve ficar isolada da criança, o leite pode ser
ordenhado e oferecido ao recém-nascido por meio de copinho ou seringa, desde que o lactente tenha recebido
profilaxia com imunoglobulina.
Riscos nutricionais:
 Galactosemia (deficiência de galactose-1-fosfato-uridiltransferase) : o recém-nascido apresenta
intolerância à lactose, mas nos casos leves da doença, há deficiência parcial e a intolerância não é tão grave, a
ponto de ser possível receber parte de sua alimentação por meio do leite materno.
 Fenilcetonúria: compreende a elevação dos níveis séricos de fenilalanina decorrente da inabilidade de
metabolizar tirosina em fenilalanina.
- Recomenda-se o aleitamento artificial com leite sem fenilalanina, embora seja possível utilizar pequenas
doses de leite humano, pobre em fenilalanina, para garantir o aporte de imunoglobulina nas primeiras semanas
de vida.
 Doenças metabólicas maternas: lactantes com doença de Wilson (excesso de cobre) não devem amamentar
devido ao tratamento com penicilamina (que se liga a cobre, magnésio e ferro), pois essa substância pode
chegar ao leite humano e, assim, acometer o recém-nascido.
Outras:
 Exposição a metais pesados: exposição a metais pesados, como mercúrio, arsênico, cádmio e chumbo, está
relacionada a fontes de água, peixes e frutos do mar, leite bovino e alguns leites de fórmula contaminados.
- Contraindicam a amamentação quando forem mensuráveis no sangue materno e gerarem doença clínica.
 Drogas: medicamentos antineoplásicos, imunossupressores, substâncias radiativas, derivados do ergot em
doses habituais para enxaqueca, sais de ouro, ciclosporina, amiodarona, fenindiona e androgênios.
Riscos da dieta materna:
 Dietas vegetarianas: pode provocar deficiência de determinados elementos nutricionais disponíveis somente
em proteínas de origem animal, e reflete-se na composição láctea a ser oferecida ao lactente, indicando
suplementação de oligoelementos para o RN, principalmente as vitaminas B6 e B12.
 Dietas hipocalóricas: não contraindicam a amamentação, mas como o leite materno retira seus nutrientes das
reservas materna, dietas com restrição calórica excessiva (< 1.800 kcal/dia) não devem ser realizadas no
período de aleitamento.
- Em casos individuais, podem ser utilizadas suplementação polivitamínica e mineral, suspensão do uso de
inibidores do apetite e de dietas líquidas para perda de peso.
 Suplementação de cálcio: está formalmente recomendada para lactantes que não ingerem esse nutriente, seja
por opção, seja por intolerância a laticínios.
 Suplementação de vitamina D: deve ser associada (400 UI/ dia), especialmente em lactantes que apresentam
dificuldades para exposição solar.
Inibição da lactação: Está indicada quando a amamentação é proibitiva, fato que é raro, mas por vezes é
recomendada temporariamente, com manutenção do esvaziamento mamário sistemático, em que a secreção láctea
pode ser aproveitada ou dispensada, como visto em alguns tipos de infecção materna.
 Indicações: puérperas portadoras de HIV e hepatite C, com doenças graves que necessitem de cuidados
intensivos e que as impeçam de exercer atividades básicas de cuidado próprio, raros casos de uso
imprescindível de medicações absolutamente incompatíveis com o aleitamento (drogas antineoplásicas),
lesões mamárias extensas em que a excreção láctea não seja possível, e impossibilidade do lactente (erros
inatos do metabolismo e óbito perinatal).
 Técnicas:
o Mecânicas: a primeira medida a ser instituída é o enfaixamento mamário realizado por 5 a 10,
utilizando-se ataduras largas e elásticas, com compressão intensa sobre as mamas, porém sem
restrição ou incômodo respiratório.
- 70 a 80% das mulheres obtêm sucesso com essa medida isolada, e passa a utilizar sutiãs apertados
para manter o efeito.
- Orienta-se a puérpera a não estimular o reflexo de ejeção de leite, evitando a manipulação do
mamilo e o esvaziamento mamário, a não ser que o ingurgitamento seja extremamente intenso, a
ponto de impedir o enfaixamento.
o Medicamentosas não hormonais: se as medidas mecânicas não surtirem efeito, utiliza-se
bromocriptina ou cabergolina.
 Mecanismo de ação: estimulação direta dos receptores dopaminérgicos da hipófise
lactotrófica, inibindo assim a secreção de prolactina.
 Contraindicação: hipertensas e cardiopatas.
 Efeitos adversos: intolerância gástrica.

8. Legislações e iniciativas:
Mãe-canguru: Método desenvolvido na Colômbia em fins da década de 1970, com o objetivo de efetivar a alta
hospitalar precoce de recém-nascidos com baixo peso, por causa dos escassos recursos locais e da significativa
incidência de morbidade e mortalidade perinatais, e que atualmente, é utilizado por vários países em todo o mundo,
com a finalidade de aumentar os vínculos afetivos entre mãe e filho e promover o desenvolvimento neuropsicomotor
do neonato.
- Estudos recentes demonstram que o método se associa com proteção do aleitamento materno, redução do risco
infeccioso e de doenças graves, além de maior ganho ponderal e controle térmico do RN, relacionando-se com bom
desenvolvimento psicomotor e humanização do cuidado de recém-nascidos prematuros e de baixo peso ao nascer.
- Consiste em três fases:
 UTI: o recém-nascido permanece em unidade de cuidados intensivos com treinamento dos pais e familiares
para a assistência ao neonato com baixo peso, e iniciam-se, quando possível, períodos de contato pele a pele.
 Unidade intermediária: se as condições forem favoráveis e o recém-nascido estiver com pelo menos 1.250 g
de peso, e ganho ponderal de, no mínimo, 15 g/ dia, inicia-se a segunda etapa.
- Nessa fase, a translactação é introduzida até que o recém-nascido seja capaz de se alimentar com aleitamento
materno exclusivo.
- Para que a alta hospitalar seja efetivada, exigem-se peso mínimo de 1.500 g e ganho de peso adequado nos 3
dias que antecedem a alta.
 Ambulatorial: retornos frequentes até que o recém-nascido atinja 2.500 g, quando é encaminhado à unidade
ambulatorial pediátrica de alto risco.
- Os cuidados com o recém-nascido consistem em colocá-lo em posição vertical sobre o corpo da mãe ou de outro
familiar, mantendo o contato pele a pele.
Hospital amigo da criança: É uma estratégia política de saúde, criada pelo Fundo das Nações Unidas para a
infância (Unicef) e pela OMS, em 1989, com a intenção de promover o aleitamento materno exclusivo e o aleitamento
materno em geral.
- Ele se baseia em 10 práticas dos serviços de saúde em diferentes âmbitos, estimulando profissionais e instituições a
utilizarem rotinas benéficas relacionadas ao aleitamento materno:
1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, a qual deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe
do serviço.
2. Treinar toda a equipe, capacitando-a para implementar essa norma.
3. Informar todas as gestantes atendidas sobre as vantagens e o manejo da amamentação.
4. Ajudar as mães a iniciarem a amamentação na primeira meia hora após o parto.
5. Mostrar às mães como amamentar e manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos.
6. Não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que tenha
indicação clínica.
7. Praticar o alojamento conjunto, permitindo que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia.
8. Encorajar a amamentação sob livre demanda.
9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
10. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio à amamentação, para os quais as mães devem ser
encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.
Legislação trabalhista brasileira da amamentação: A amamentação é direito da lactante e do
lactente, garantindo-se o benefício desse ato a ambos e devendo ele ser respeitado e protegido por toda a sociedade.
 Garantia de emprego: é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da mulher trabalhadora durante o
período da gestação e lactação, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
 Creche: todo estabelecimento que empregue mais de 30 mulheres com mais de 16 anos de idade deverá ter
local apropriado para guardar sob vigilância e assistência seus filhos no período da amamentação.
 Pausas para amamentar: a mulher terá direito até o filho completar seis meses, a dois descansos de meia
hora cada durante a jornada de trabalho para amamentar seu filho.

You might also like