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Teste 12.

º ano
novembro 2022 Palavras 12

Proposta de correção
Grupo I
EDUCAÇÃO LITERÁRIA

1.
1. Nos primeiros versos, o sujeito poético identifica a sua vida com uma embarcação
sem atividade, sugerindo que aquela não tem utilidade nem interesse. Por isso, as
formas verbais “boiar” e “esverdear”, nas últimas estrofes, contribuem para
expressar a estagnação da vida do “eu” (“Boiando à tona”), armazenando
inutilidades (“Os limos esverdeiam tua quilha”).
2. Nos terceiro e quarto versos da primeira estrofe, o sujeito poético autoquestiona-se
por que razão não consegue encontrar sentido para a sua vida, não entendendo a sua
inatividade, o seu desinteresse, a sua apatia. Encontra uma justificação para o seu
estado no tédio e na indiferença que dominam a sua vida: “Falta quem o lance ao
mar,”. O seu corpo sem ação nem vontade falta é a causa da indolência do “eu”.
3. O recurso expressivo presente no verso “O vento embala-te sem te mover” é a
antítese, expressando uma contradição porque, ainda que o vento o embale, a vida
do eu poético mantém-se igual, sem mudanças, inalterada.
4. Perante uma realidade dececionante, demasiado forte e adversa, Fernando Pessoa
considera que o sonho é a forma de evasão, de refúgio, de esquecimento, de
substituição à própria vida, carregada de amargura e hostilidade. Assim, a realidade
consumida em sonhos torna-se ilusão, na qual o poeta não se encontra a si próprio.
Este hábito de sonhar leva-o à desistência, à abdicação de decidir ou de desejar algo
concreto.

B.
5. Ao longo do poema, encontramos expressões que nos permitem perceber tratar-se
do relato de um episódio passado, recordado no presente pelos seus protagonistas:
“nesse tempo” (v. 3), “Já não receias tu essa vaquita preta” (v. 17).
6. Este poema apresenta-nos um sujeito moderno e urbano que evoca um episódio
passado que teve lugar num ambiente rural, um “paraíso perdido” que nos permite
rever um passado algo distante da turbulência citadina: “Em meio de arvoredo,
azenhas e ruínas” (v. 5), “Do seio do lugar − casitas com postigos –“ (v. 9).
7. As figuras femininas em Cesário têm uma grande importância e são, muitas vezes,
associadas à vida citadina, onde uma figura de mulher forte, trabalhadora e varonil
se afirma, ao lado das burguesas. Assim, conhecemos as peixeiras, a hortaliceira, as
varinas, que evidenciam toda a sua força de mulheres trabalhadoras.

8. Fernando Pessoa é um poeta do século XX que utiliza a escrita de poesia


para refletir sobre a sua própria arte poética.
Assim, alguns poemas pessoanos apresentam a teoria do fingimento poético
que resulta da constatação da oposição entre o que o sujeito sente e aquilo que
pensa que sente. As emoções sentidas são intelectualizadas, procurando-se
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novembro 2022 Palavras 12

atingir a emoção estética. Deste modo, o “eu” lírico, no momento da criação


poética, nunca regista no poema a “dor sentida”, mas apenas a “dor fingida”,
uma vez que racionaliza as suas emoções. Por sua vez, o leitor, aquando da
leitura do poema, só tem acesso à “dor lida”, que não é coincidente com
nenhuma das duas anteriores. Os poemas “Autopsicografia” e “Isto” são dois
exemplos da abordagem do fingimento poético na poesia ortónima.
Conclui-se que o fingimento poético é um dos temas abordados por
Fernando Pessoa ortónimo e constitui um momento de reflexão sobre a própria
criação poética a dois níveis: produção e receção.

Grupo II
LEITURA/ GRAMÁTICA

Item
1. (D)
2. (B)
3. (D)
4. (C)
5. (A)
6. “exposição”.
7. Empréstimo.

Grupo III

ESCRITA
 Descrição da ilustração.
 Várias imagens que repetidamente e de forma insólita se refletem num espelho,
numa alusão à heteronímia de Pessoa.
 Ao refletirem uma figura humana, os espelhos não devolvem a imagem frontal que
seria expectável; os espelhos devolvem a imagem das costas, ocultando, mais do
que mostrando, a figura de um homem sem rosto, com os braços caídos, de fato
cinzento e chapéu.

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