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Formação de motoristas de transporte mercadorias

CAM

Certificação de Aptidão de Motoristas

Contexto económico e
organização empresarial

ANIECA – Departamento de Formação e Qualidade 1


Formação de motoristas de transporte mercadorias

ÍNDICE

1. Contexto económico do transporte rodoviário de mercadorias e a organização do mercado 3


1.1 A importância do transporte para o desenvolvimento social 4
1.2 O transporte rodoviário de mercadorias em relação aos outros modos de transporte 7
1.3 Diferentes actividades do transporte rodoviário 13
1.4 Organização dos principais tipos de empresas de transportes rodoviário de mercadorias e 16
das actividades auxiliares do transporte
1.5 Diferentes especializações do transporte 21
1.6 Evolução dos sectores 25

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Formação de motoristas de transporte mercadorias

1. Contexto económico
do transporte rodoviário de mercadorias
e a organização do mercado

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1.1 A importância do transporte para o desenvolvimento social

Cerca de 70 % da população europeia vive em zonas urbanas, importantes pólos de crescimento e


emprego. As cidades têm necessidade de sistemas eficientes de transporte em apoio à sua economia e ao
bem-estar dos seus habitantes. Cerca de 85 % do PIB da UE é gerado nas cidades. As zonas urbanas estão
hoje confrontadas com o desafio de assegurar a sustentabilidade dos transportes em termos ambientais
(CO2, poluição atmosférica, ruído) e de competitividade (congestionamento), tendo ao mesmo tempo em
conta a dimensão social. Esta inclui questões que vão desde a resposta que é necessário dar aos problemas
no domínio da saúde e à evolução demográfica, passando pela promoção da coesão económica e social,
até à tomada em consideração das necessidades das pessoas com mobilidade reduzida, das famílias e das
crianças.

A mobilidade urbana preocupa cada vez mais os cidadãos. Nove em cada dez cidadãos da UE pensam que
a situação do tráfego na sua área deveria ser melhorada. As escolhas que fazemos quanto à forma de viajar
afectarão não apenas o desenvolvimento urbano futuro, mas também o bem-estar económico dos
cidadãos e das empresas. São também essenciais para o êxito da estratégia global da UE de luta contra as
alterações climáticas, de realização do objectivo 20-20-20 e de promoção da coesão.

A mobilidade urbana é também uma componente central do transporte a longa distância. A maioria dos
meios de transporte, tanto de passageiros como de mercadorias, começa e acaba em zonas urbanas e
atravessa no seu percurso diversas zonas urbanas. Estas deveriam proporcionar pontos de interligação
eficientes para a rede transeuropeia de transportes e permitir a eficiência dos transportes no «quilómetro
final», tanto para o transporte de mercadorias como de passageiros. São, portanto, vitais para a
competitividade e a sustentabilidade do futuro sistema de transportes europeu.

A recente Comunicação da Comissão sobre um Futuro Sustentável para os Transportes considera a


urbanização e o seu impacto nos transportes um dos principais desafios a enfrentar no esforço para uma
maior sustentabilidade do sistema de transportes. Apela a uma acção eficaz e coordenada para fazer face
ao desafio da mobilidade urbana e sugere um enquadramento a nível da UE para facilitar a adopção de
medidas pelas autoridades locais.

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A responsabilidade pelas políticas de mobilidade urbana cabe essencialmente às autoridades locais,


regionais e nacionais. Contudo, as decisões a nível local não são tomadas isoladamente, mas sim no âmbito
estabelecido pela política e legislação nacionais, regionais e da UE. A Comissão considera, pois, que muito
haverá a ganhar com um trabalho conjunto de apoio à acção a nível local, regional e nacional e com a
definição de uma abordagem de parceria, respeitando ao mesmo tempo plenamente as diferentes
competências e responsabilidades de todas as partes envolvidas.

Os sistemas de transporte urbano são elementos integrais do sistema europeu de transportes e, como tal,
uma parte integrante da Política Comum de Transportes ao abrigo dos artigos 70.º a 80.º do Tratado CE.
Além disso, outras políticas da UE (as políticas de coesão, ambiente, saúde, etc.) não podem atingir os
seus objectivos sem ter em conta as especificidades urbanas, incluindo a mobilidade urbana.

Nos últimos anos, tem-se assistido a um maior desenvolvimento da legislação e das políticas da UE
relevantes para a mobilidade urbana. Tem sido disponibilizado financiamento significativo através dos
Fundos Estruturais e de Coesão. Iniciativas financiadas pela UE, frequentemente apoiadas pelos
Programas-Quadro de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, têm ajudado a desenvolver uma
grande variedade de abordagens inovadoras. A difusão e a replicação destas abordagens em toda a UE
podem permitir às autoridades fazer mais, melhor e a um custo inferior.

O desenvolvimento de sistemas de transporte eficientes nas zonas urbanas tornou-se uma tarefa cada vez
mais complexa, com o congestionamento das cidades e o aumento da expansão urbana. As autoridades
públicas têm um papel essencial a desempenhar proporcionando planeamento, financiamento e quadro
regulamentar. A UE pode incentivar as autoridades a nível local, regional e nacional a adoptarem as
políticas integradas a longo prazo que são extremamente necessárias em ambientes complexos.

A UE pode também ajudar as autoridades a encontrar soluções que sejam interoperáveis e facilitem o bom
funcionamento do mercado único. A adopção de regras, regimes e tecnologias compatíveis facilita a
aplicação e o controlo do cumprimento. O acordo sobre normas para todo o mercado único permite
aumentar o volume de produção, com a correspondente redução dos custos para o cliente.

As zonas urbanas estão a tornar-se laboratórios para testar a inovação tecnológica e organizacional, a
mudança dos padrões de mobilidade e novas soluções de financiamento. A UE tem interesse em partilhar
soluções inovadoras para as políticas locais em benefício tanto dos operadores de transportes como dos
cidadãos e também em garantir a eficiência do sistema europeu de transportes através de uma efectiva

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integração, interoperabilidade e interligação. Neste contexto, a indústria tem uma importante contribuição
a dar para a resolução dos problemas que se coloquem no futuro.

Finalmente, a mobilidade urbana sustentável assume uma importância crescente para as relações com os
nossos vizinhos e para a sociedade global, cada vez mais concentrada em aglomerações urbanas. O êxito
das actividades no âmbito do presente plano de acção pode ajudar todos os actores na UE e as empresas
do sector a desempenhar um papel activo na moldagem de uma futura sociedade global centrada nas
necessidades dos cidadãos, numa vida harmoniosa, na qualidade de vida e na sustentabilidade.

Fonte: Plano de Acção para a Mobilidade Urbana


– Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho,
ao Comité Económico Social Europeu e ao Comité das Regiões

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1.2 O transporte rodoviário de mercadorias em relação aos outros modos de transporte

Características do transporte rodoviário de mercadorias

• Os veículos movimentam-se em caminhos pavimentados.


• Não apresentam necessidade de terminais.
• A infra-estrutura é propriedade pública.
• Determinados trajectos exigem uma taxa de utilização.
• É enquadrado por legislação do Estado e autarquias.

Vantagens do transporte rodoviário de mercadorias

• Flexibilidade do serviço.
• Flexibilidade no deslocamento de cargas.
• Rapidez (Porta-a-porta).
• Menores custos de embalagem.
• Manuseamento de pequenos lotes.
• Elevada cobertura geográfica.
• Muito competitivo em curtas e médias distâncias.
• Flexibilidade no atendimento de embarques urgentes.
• Entrega directa e segura dos bens.

Desvantagens do transporte rodoviário de mercadorias

• Unidades de carga limitadas.


• Dependente das infra-estruturas.
• Dependente do trânsito.
• Dependente da regulamentação.
• Mais oneroso em grandes distâncias.

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Características do transporte ferroviário de mercadorias

• Os veículos movimentam-se sobre carris.


• Constituídos por carruagens interligadas entre si.
• A infra-estrutura apresenta terminais (estações), onde é permitida a carga e descarga.
• Os serviços de transporte são arrendados ao operador que poderá ser privado ou público.

Vantagens do transporte ferroviário de mercadorias

• Menor custo de transporte para grandes distâncias.


• Sem problemas de congestionamento.
• Terminais de carga próximo das fontes de produção.
• Adequado para produto de baixo valor acrescentado e alta densidade.
• Adequado para grandes volumes.
• Possibilita o transporte de vários tipos de produtos.
• Independente das condições atmosféricas.
• Eficaz em termos energéticos.

Desvantagens do transporte ferroviário de mercadorias

• Não possui flexibilidade de percurso.


• Necessidade maior de transbordo.
• Elevada dependência de outros transportes.
• Pouco competitivo para pequenas distâncias.
• Horários pouco flexíveis.
• Elevados custos de manuseamento.

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Características do transporte marítimo/fluvial de mercadorias

• Transporte através de meios aquáticos (mares, lagos e rios).


• Representam um importante elo de ligação entre os continentes.
• Os portos absorvem o impacto do fluxo de cargas do sistema.
• Existe uma grande variedade de navios (Tanques, Porta-Contentores, Cargueiros, entre outros…).

Vantagens do transporte marítimo de mercadorias

• Competitivo para produtos com baixo custo de tonelada por quilómetro transportado.
• Qualquer tipo de cargas.
• Maior capacidade de carga.
• Menor custo de transporte.
• Ausência de investimento em infra-estrutura linear (rotas).

Desvantagens do transporte marítimo de mercadorias

• Baixa Velocidade.
• Disponibilidade limitada.
• Significativos investimentos em infra-estruturas nodais (portos).
• Elevada dependência das condições climatéricas ou de mar.
• Maior exigência de embalagens.
• Necessidade de transbordo nos portos.
• Distância aos centros de produção.
• Menor flexibilidade nos serviços, aliada a frequentes congestionamentos nos portos.

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Características do transporte aéreo de mercadorias

• Utiliza o ar como meio de navegação.


• Serviço terminal a terminal (aeroportos).
• Obedecem a um conjunto de regulamentos extremamente rígido.
• A capacidade de carga dos aviões tem aumentado significativamente.

Vantagens do transporte aéreo de mercadorias

• Ideal para o envio de mercadorias com pouco peso e volume.


• Maior rapidez.
• Eficácia comprovada nas entregas urgentes.
• Acesso a mercados difíceis de serem alcançados por outros meios de transporte.
• Redução dos gastos de armazenagem.
• Agilidade no deslocamento de cargas.
• Possibilita redução de stocks por aplicação de procedimentos just in time.
• Não necessita embalagem mais reforçada (manuseamento mais cuidadoso).

Desvantagens do transporte aéreo de mercadorias

• Menor capacidade de carga.


• Custos bastante elevados em relação aos outros meios de transporte.
• Pouco flexível por trabalhar terminal a terminal.
• Menos rápido para pequenas distâncias (menos de 500 km).

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Concorrência: comparação entre os principais modos de transporte de mercadorias

Na figura abaixo está esquematizada uma comparação simples entre os principais modos de transporte de
mercadorias.

Os aspectos considerados para esta comparação foram: Custos (tonelada por KM), possibilidade de danos
e perdas, versatilidade de carga, capacidade, fiabilidade do serviço e continuidade do serviço.

Concorrência: público versus particular

O transporte rodoviário de mercadorias em Portugal encontra-se dividido, quer do ponto de vista legal
quer económico, em transporte por conta própria e transporte público ou por conta de outrem, sendo
este sinónimo de transporte profissional.

A quase totalidade do parque de veículos de mercadorias nacional é constituída por frota própria, com
uma predominância esmagadora de veículos ligeiros.

O transporte por conta de outrem é responsável por aproximadamente 48% das toneladas movimentadas
nos serviços de âmbito nacional, sendo o restante efectuado por conta própria.

Esta predominância do transporte por conta própria no mercado nacional é diferente da maioria dos
restantes países europeus e tem implicações na economia, visíveis sobretudo na existência de um parque
de viaturas excessivo e subaproveitado.
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Pelo contrário, no transporte de mercadorias perigosas com veículos cisterna, o parque por contra de
outrem é o quíntuplo do por conta própria, de acordo com os dados do IMTT, revelando uma grande
especialização deste sub-sector.

Face à crescente procura dos serviços de transporte rodoviário de mercadorias, é por todos reconhecida a
necessidade de melhorar a logística e a organização deste transporte, como condição essencial para o
aumento da competitividade da indústria e do comércio Europeus.

O papel dos carregadores

Os próximos anos acentuarão uma tendência - que já é realidade - para mudanças profundas no que
respeita à integração do transporte e da logística e à modernização dos modelos dos diversos tipos de
serviços de transporte.

A indústria e o comércio nacionais evoluíram lentamente para as estratégias de especialização e de


"outsourcing" de actividades não principais, de que o transporte e a logística são exemplos. Esta evolução
é, no entanto, indispensável e está a exigir que as empresas de transporte, em parte por reacção, em parte
por deliberada estratégia, se preparem para disponibilizar serviços de elevada qualidade, em todos os
segmentos de mercado em que se situem.

Desde o serviço mais simples - que consiste em gerir e oferecer frotas e tripulações -, aos serviços que
requerem operações de triagem em armazém, até aos mais complexos sistemas que incluem a própria
gestão de stocks dos clientes, a procura exige cada vez mais às empresas a satisfação de três requisitos:
• Redução dos custos da deslocação dos produtos;
• Rapidez e controlo das entregas;
• Fiabilidade geral do serviço.

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1.3 Diferentes actividades do transporte rodoviário

O transporte é uma actividade fundamental no desenvolvimento de qualquer processo produtivo. As


empresas precisam aceder às matérias-primas e colocar os seus produtos no mercado após a produção.
Quando a actividade principal da empresa não é o transporte, há que optar entre possuir uma frota própria
ou contratar quem lhe faça o serviço de transporte.

O progressivo aumento de subcontratação das operações logísticas, nomeadamente de armazenagem e


transporte, surge como resposta à preocupação das empresas quanto à maior produtividade da cadeia
logística. Historicamente este objectivo era dificultado pela ausência de parceiros competentes no
mercado. Este problema tem vindo a ser atenuado pela entrada de novos operadores, cada vez mais
especializados.

A preocupação de concentração no negócio principal das empresas tem contribuído para que cada vez
mais funções sejam subcontratadas. Esta realidade reforça a importância de uma selecção adequada dos
parceiros logísticos, da negociação dos termos aplicáveis à prestação do serviço e das formas de
comunicação subjacentes a esta relação de carácter continuado.

Vejamos então os aspectos mais relevantes para optar entre o transporte por conta própria ou por
conta de terceiro.

Um dos aspectos mais importantes a considerar na selecção de um transportador é, naturalmente, o


custo dos seus serviços. Nesta perspectiva, uma empresa que decida recorrer a transportadores externos
deve realizar uma análise prévia dos custos de transporte, de forma a estar mais habilitada a negociar os
preços e condições de prestação do serviço. Esta aproximação pode ainda ser útil caso a empresa venha a
decidir realizar o transporte por conta própria - assim poderá ter um termo de comparação para a sua
eficiência interna na realização dessa actividade.

Cálculo dos custos fixos


- Valor anual correspondente à amortização do veículo;
- Encargos financeiros associados ao investimento em veículos;
- Valores dos seguros e dos encargos com mão-de-obra;

Cálculo dos custos variáveis


- Custos de combustível;
- Custo dos pneus;
- Custos de manutenção e reparação;

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Actividades auxiliares de transporte

As principais actividades auxiliares ao transporte são:


- Transitários
- Aluguer de viatura sem condutor
- Pronto-socorro

Transitários

A actividade transitária consiste na prestação de serviços de natureza logística e operacional que inclui o
planeamento, o controlo, a coordenação e a direcção das operações relacionadas com a expedição,
recepção, armazenamento e circulação de bens ou mercadorias, desenvolvendo-se nos seguintes domínios
de intervenção:
a) Gestão dos fluxos de bens ou mercadorias;
b) Mediação entre expedidores e destinatários, nomeadamente através de transportadores com quem
celebre os respectivos contratos de transporte;
c) Execução dos trâmites ou formalidades legalmente exigidos, inclusive no que se refere à emissão do
documento de transporte unimodal ou multimodal.

Aluguer de veículos sem condutor

A actividade de aluguer de veículos de passageiros sem condutor tem por objecto a exploração de:
a) Automóveis ligeiros de passageiros;
b) Motociclos;
c) Automóveis de passageiros de características especiais, aprovados para o efeito pelo IMTT.

Pronto-socorro

Entende-se por pronto-socorro os serviços de transporte e reboque de veículos avariados ou sinistrados,


bem como genericamente de todos os outros veículos que não podem circular na via pública.

São veículos pronto-socorro os que estejam devidamente adaptados para o transporte ou reboque de
veículos avariados ou sinistrados e sejam assim designados pela entidade competente para a homologação
e aprovação de veículos.

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A prestação de serviços por meio de veículos pronto-socorro, para além do transporte ou reboque de
veículos avariados ou sinistrados, abrange o transporte ou reboque de veículos:
a) Destinados a substituir veículos avariados ou sinistrados;
b) Automóveis classificados como antigos ou de colecção;
c) Que não possam circular na via pública;
d) Que se destinem a exposições ou manifestações desportivas.

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1.4 Organização dos principais tipos de empresas de transportes rodoviário de mercadorias e das
actividades auxiliares do transporte

A actividade de transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem, nacional ou internacional,


por meio de veículos de peso bruto igual ou superior a 2500 kg só pode ser exercida por sociedades
comerciais ou cooperativas, licenciadas pelo IMTT.

A referida licença consubstancia-se num alvará ou licença comunitária, a qual é intransmissível, sendo
emitida por um prazo não superior a cinco anos, renovável por igual período, mediante comprovação de
que se mantêm os requisitos de acesso e de exercício de actividade.

No caso de licença para a actividade de transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem,
exclusivamente por meio de veículos ligeiros, esta especificação consta do alvará.

Ao IMTT compete organizar registo de todas as empresas que realizem transportes de mercadorias por
conta de outrem.

Estão igualmente sujeitos a autorização, a emitir pelo IMTT, os transportes de carácter excepcional
realizados por veículos afectos ao transporte por conta própria cujo peso bruto exceda 2500 kg em que,
cumulativamente:
a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mesmo proprietário;
b) O transporte seja efectuado sem fins lucrativos por colectividades de utilidade pública ou outras
agremiações filantrópicas, desportivas ou recreativas;
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas com os fins das entidades que efectuam o
transporte;
d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da entidade que realiza o transporte, de algum dos seus
associados ou cedidos a título gratuito por outras entidades.

Os transportes internacionais e os transportes de cabotagem a realizar por transportadores não


residentes sediados fora do território da União Europeia estão sujeitos a autorização a emitir pelo IMTT, a
qual é condicionada pelo princípio da reciprocidade.

São autorizados os transportes de cabotagem efectuados por transportadores da União Europeia e


do espaço económico europeu desde que sejam efectuados na sequência de um transporte internacional
com o mesmo veículo ou, tratando -se de um conjunto de veículos acoplados, com o veículo tractor desse
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mesmo conjunto, e não excedam três operações de cabotagem, durante um prazo de sete dias a contar da
data de descarga das mercadorias objecto do transporte internacional.

Os transportes especiais dependem de uma autorização especial de trânsito, nomeadamente o trânsito


na via pública de veículos ou conjuntos de veículos matriculados nos termos do artigo 117.o do Código da
Estrada:
a) Com pesos e ou dimensões que excedam os limites regulamentares;
b) Que transportem objectos indivisíveis que excedam os limites da respectiva caixa ou a altura de 4 m;
c) Cujo peso bruto ou pesos por eixo, em virtude do transporte de objectos indivisíveis, excedam os
limites regulamentares.

O trânsito de veículos ou conjuntos de veículos está sujeito a autorização anual sempre que estes
transportem objectos indivisíveis cujas dimensões excedam os limites das respectivas caixas de carga ou
a altura de 4 m a contar do solo.

Os veículos excepcionais estão sujeitos a autorização anual quando não ultrapassarem as dimensões
máximas fixadas para este tipo de autorização, ainda que dos respectivos documentos de identificação
conste a exigência de autorização caso a caso.

O trânsito de veículos está sujeito a autorização ocasional sempre que:


a) As dimensões do veículo ou do conjunto excedam os limites máximos permitidos para emissão de
autorização anual, quando se trate de veículo excepcional;
b) As dimensões totais e ou o peso bruto do veículo ou do conjunto excedam os limites máximos
permitidos para emissão de autorização anual.

Para os veículos ou conjuntos de veículos sujeitos a autorização ocasional podem ser emitidas
autorizações de curta duração (até 6 meses) quando:
a) Os objectos indivisíveis transportados tenham as mesmas características;
b) Os objectos indivisíveis tenham dimensões e peso iguais ou inferiores aos que constam da
autorização;
c) O transporte se realize no mesmo itinerário, em qualquer dos sentidos;
d) O veículo ou conjunto que realiza o transporte seja o mesmo.

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Actividades auxiliares de transporte

As principais actividades auxiliares ao transporte são:


- Transitários
- Aluguer de viatura sem condutor
- Pronto-socorro

Transitários

A actividade transitária consiste na prestação de serviços de natureza logística e operacional que inclui o
planeamento, o controlo, a coordenação e a direcção das operações relacionadas com a expedição,
recepção, armazenamento e circulação de bens ou mercadorias, desenvolvendo-se nos seguintes domínios
de intervenção:
a) Gestão dos fluxos de bens ou mercadorias;
b) Mediação entre expedidores e destinatários, nomeadamente através de transportadores com quem
celebre os respectivos contratos de transporte;
c) Execução dos trâmites ou formalidades legalmente exigidos, inclusive no que se refere à emissão do
documento de transporte unimodal ou multimodal.

A actividade transitária só pode ser exercida por empresas titulares de alvará emitido pelo IMTT. Os
alvarás são intransmissíveis e emitidos por prazo não superior a cinco anos, renovável mediante
comprovação de que se mantêm os requisitos de acesso à actividade.

O IMTT organiza registo de todas as empresas licenciadas para o exercício desta actividade.

Aluguer de veículos sem condutor

O exercício da actividade de aluguer de veículos de passageiros sem condutor depende de autorização a


conceder pelo IMTT, e é titulado por alvará de que constem os elementos de identificação do objecto do
direito concedido.

A actividade de aluguer de veículos de passageiros sem condutor tem por objecto a exploração de:
a) Automóveis ligeiros de passageiros;
b) Motociclos;
c) Automóveis de passageiros de características especiais, aprovados para o efeito pelo IMTT.
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A exploração da actividade de aluguer de automóveis ligeiros de passageiros sem condutor abrange um


conjunto mínimo de veículos desta classe e tipo, a que se podem juntar, em qualquer número, veículos das
restantes situações previstas no número anterior.

Por regra, a actividade de aluguer de motociclos sem condutor é explorada em regime de actividade única,
abrangendo um conjunto mínimo de motociclos.

A actividade de aluguer de automóveis de passageiros de características especiais, sem condutor, pode ser
explorada em regime de actividade única, abrangendo um conjunto mínimo de veículos.

O alvará só será concedido a sociedades com sede em território nacional que nele se proponham explorar
o número mínimo de veículos.

As empresas devem constituir -se sob a forma de sociedade comercial, possuir organização administrativa
e comercial adequada à sua dimensão e dispor de capital social não inferior a € 50 000.

A administração, direcção ou gerência social não poderá ser exercida por quem não possua idoneidade
moral e comercial devidamente comprovada.

As empresas titulares de alvará podem ser autorizadas a abrir agências ou filiais. A autorização para a
abertura da agência ou filial será averbada no alvará de que a empresa é titular.

As empresas que exercem a actividade de aluguer de veículos automóveis sem condutor devem dispor, no
mínimo, de um estabelecimento para atendimento dos clientes.

As empresas titulares de alvará para o exercício de actividade de aluguer de veículos automóveis de


passageiros sem condutor utilizam o número de veículos que julguem necessário ao exercício da sua
actividade.

Não poderão ser utilizados na actividade veículos:


a) Que não sejam propriedade da empresa titular do alvará;
b) Sem que a responsabilidade cível pelos danos resultantes de acidente de viação se encontre garantida
por seguro efectuado nos termos gerais previstos na lei;
c) Com mais de cinco anos, contados da data da respectiva matrícula.

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Pronto-socorro

Entende-se por pronto-socorro os serviços de transporte e reboque de veículos avariados ou sinistrados,


bem como genericamente de todos os outros veículos que não podem circular na via pública.

São veículos pronto-socorro os que estejam devidamente adaptados para o transporte ou reboque de
veículos avariados ou sinistrados e sejam assim designados pela entidade competente para a homologação
e aprovação de veículos.

A prestação de serviços por meio de veículos pronto-socorro, para além do transporte ou reboque de
veículos avariados ou sinistrados, abrange o transporte ou reboque de veículos:
a) Destinados a substituir veículos avariados ou sinistrados;
b) Automóveis classificados como antigos ou de colecção;
c) Que não possam circular na via pública;
d) Que se destinem a exposições ou manifestações desportivas.

A actividade de prestação de serviços por meio de veículos pronto-socorro só pode ser exercida por
empresas licenciadas para o efeito pelo IMTT. O licenciamento pode ser atribuído a todas as empresas em
nome individual e colectivo que preencham os requisitos de acesso à actividade e envolve a emissão de um
alvará, intransmissível, emitido por um prazo renovável de cinco anos. O licenciamento tem âmbito
nacional.

O pronto-socorro também pode ser prestado como actividade acessória da sua actividade principal,
ficando dependente de um certificado a emitir pelo IMTT, por um período não superior a cinco anos a
todas as entidades que o requeiram, desde que se encontrem regularmente constituídas nos termos da lei
comercial para o exercício da sua actividade principal e acessória.

Os veículos pronto-socorro, a utilizar por empresas licenciadas e por entidades certificadas, estão sujeitos
a licença, a emitir pela DGTT, a qual deve estar a bordo do veículo durante a prestação de serviços a que
se refere o presente diploma.

Os serviços de transporte ou reboque efectuados por empresas licenciadas ou certificadas nos termos do
presente diploma devem ser descritos de forma sequencial num caderno de registo constituído por folhas
numeradas e não destacáveis. Durante a realização de cada serviço de transporte ou reboque, deve estar a
bordo do veículo pronto-socorro o caderno de registo que contém a respectiva descrição.
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1.5 Diferentes especializações do transporte

TRANSPORTE DE CARGA GERAL - é o transporte porta-a-porta, de cargas completas ou fracionadas,


embaladas ou não, que, pela sua natureza e característica, utiliza veículos ou equipamentos convencionais,
compreendendo o transporte de produtos industrializados, produtos químicos (classificados como não
perigosos) e farmacêuticos, líquidos envasilhados, produtos alimentícios, matérias de construção,
laminados de madeira e outros;

TRANSPORTE ITINERANTE - é o transporte de volumes pequenos ou de peso reduzido cuja


distribuição ou entrega se processa segundo itinerários e regiões pré-determinados, abrangendo o
transporte de medicamentos, perfumarias e outros;

TRANSPORTE COM VENDAS AMBULANTES - é o que se realiza quando o condutor do veículo


transportador efectua, simultaneamente a venda e a entrega da carga transportadora;

TRANSPORTE DE ENCOMENDAS - é um serviço específico de transporte de carga, cuja operação


compreende a recepção da carga, transporte e entrega ao domicílio pelo transportador, dentro de um
prazo por este previamente definido, entre locais de origem e destino pré-fixados;

TRANSPORTE DE CARGAS SÓLIDAS A GRANEL – é o que se realiza mediante a utilização de


carroçaria apropriadas e providas de mecanismos de carregamento e descarregamento adequados;
compreende o transporte de cereais, fertilizantes e outros, abrangendo também o transporte de produtos
britados, ou em pó a granel;

TRANSPORTE DE CARGAS LÍQUIDAS A GRANEL - é o que se realiza mediante e utilização de


veículos ou equipamentos com tanques ou cisternas apropriados com dispositivos de carregamento e
descarregamento adequados, compreendendo o transporte de água, leite, óleos alimentícios, vinho e
outros;

TRANSPORTE DE MUDANÇAS - é realizado em veículos apropriados, por transportadores que


oferecem condições especiais de segurança na prestação do serviço e compreende o transporte de bens
fora do comércio, como móveis, utensílios, artigos do lar, ou de escritórios, tendo geralmente como
remetente o destinatário, a mesma pessoa física ou jurídica;

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TRANSPORTE DE MÓVEIS NOVOS - é o realizado em veículos apropriados e compreende o tráfego


de móveis e utilizados não embalados, entre fábricas, depósitos de distribuição ou outros estabelecimentos
com fins comerciais;

TRANSPORTE DE VEÍCULOS AUTOMÓVEIS NOVOS OU USADOS - é o que se realiza em


unidades especialmente construídas para esse tipo de transporte e se destina, principalmente, ao
escoamento de produção da fábrica de veículos automotores;

TRANSPORTE DE CARGA EM CONTENTORES - é o que emprega veículos providos de


dispositivos de fixação e de segurança desse equipamento, segundo normas técnicas específicas e depende
de utilização de dispositivos de carregamento e descarregamento;

TRANSPORTE DE CARGAS EXCEPCIONAIS E INDIVISÍVEIS - é o que requer condições especiais


de trânsito, quanto à horários, velocidade, sinalizações, acompanhamento, ou medidas específicas de
segurança nas estradas, bem como de segurança de propriedade de terceiros e da própria rodovia,
compreendendo o transportes de materiais, implementos, partes estruturais, máquinas ou parte de
máquinas e equipamentos, cujas dimensões e/ou peso excedam os limites fixados pela legislação,
requerendo, geralmente, a utilização de veículos especiais;

TRANSPORTE DE PRODUTOS PERECÍVEIS SOB TEMPERATURA CONTROLADA - é o


realizado com a utilização de veículos dotados de equipamentos isotérmicos ou frigoríficos, providos de
mecanismos auxiliares destinados a manter a temperatura adequada da carga, a ventilação e o teor de
humidade adequado, dentro de limites máximos e mínimos, em função do tempo de tráfego e de acordo
com as especificações da carga transportada, compreendendo o transporte de carnes, peixe, produtos
hortofrutícolas, entre outros;

TRANSPORTE DE CARGAS AQUECIDAS - é o realizado sob temperatura controlada, que utiliza


veículos especiais, equipados com dispositivos auxiliares, tais como maçaricos e similares para a
conservação de temperatura de carga ou para facilitar a operação de carregamento e descarregamento,
compreendendo o transporte de asfalto, betumes, breu e outros;

TRANSPORTE DE VALORES - é o que se realiza em unidades blindadas e providas de mecanismo


especiais de segurança, destinados a oferecer segurança à carga e ao pessoal de vigilância que acompanha a
operação, e compreende o transporte de dinheiro, títulos, acções, jóias, pedras e metais preciosos e outros;

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TRANSPORTE DE GADO EM PÉ - é aquele que emprega veículos apropriados para preservar a


integridade física e as condições sanitárias dos animais transportados, compreendendo o transporte de
gado vacum, equino, asinino, suíno, ovino e caprino,

TRANSPORTE DE MADEIRA EM PRANCHA - é aquele que, pela dimensão ou pelo peso da carga
deve ser realizado em veículos com equipamentos auxiliares específicos que facilitam a operação de
carregamento, tráfego e descarregamento;

TRANSPORTE DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS E PRODUTOS ESPECIAIS DE AÇO – é o que


pelas suas características e forma da carga, requer a utilização de veículos dotados de dispositivos, ou
reforços ou suplementos especiais, destinados atender às condições de segurança exigidas,
compreendendo o transporte de bobinas de aço e de produtos especiais de aço, laminados ou não;

TRANSPORTE DE ENGRADADOS (LÍQUIDOS ENGARRAFADOS) - é o que se realiza em


veículos com carroçarias especiais, para esse fim, compreendendo o transporte de bebidas e outros
líquidos engarrafados para distribuição;

TRANSPORTE DE CARGAS PERIGOSAS - é o que estando sujeito a normas específicas, técnicas e


operacionais, expedidas por órgãos competentes, entidades especializadas e fabricantes dos produtos,
requer medidas especiais de precaução e segurança, relacionadas com as operações de carregamento,
arrumação, descarregamento, manipulação, estivagem, trânsito e tráfego, atendidas também as
características dos veículos e equipamentos utilizados e a natureza das cargas, medidas essas destinadas à
prevenção de acidentes que acarretam danos à vida humana ou a bens de terceiros ou do próprio
transportador;

TRANSPORTE DE PRODUTOS QUÍMICOS AGRESSIVOS A GRANEL (LÍQUIDOS E


GASOSOS) - é o realizado sob pressão ou não, em veículos tanques ou cisternas, dotados de dispositivos
de segurança necessários ao carregamento, tráfego e descarregamento, compreendendo o transportes de
oxidantes, corrosivos, produtos petroquímicos, substâncias tóxicas, venenosas e similares;

TRANSPORTE DE PRODUTOS INFLAMÁVEIS A GRANEL - é o realizado em camiões cisterna, de


derivados de petróleo, óleos combustíveis, gasolinas, querosene, solventes, nafta e combustíveis para
aeronaves, álcoois e outros produtos;

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TRANSPORTE DE GÁS LIQUEFEITO (A GRANEL E ENGARRAFADO) - é o realizado sob


pressão, a granel, em camiões cisterna, ou fraccionado em botijas sujeitos a normas de segurança
adequadas relativas aos tipos de recipientes e carroçarias utilizadas;

TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS FRACIONADOS (LÍQUIDOS SÓLIDOS E


GASOSOS) - é o que se realiza em embalagens ou recipientes adequados, observados as normas de
segurança, de prevenção e compatibilização com outras cargas, podendo ser utilizados veículos
convencionais para carga geral fraccionada.

TRANSPORTE DE PRODUTOS EXPLOSIVOS - é o que abrange produtos que, por sua natureza e
características estão sujeitos ao risco de explosão, pela acção do calor, do atrito ou de choque, pondo em
perigo a vida humana e bens materiais, e requer embalagens adequadas, bem como normas rígidas de
segurança, de quantificação, de manuseio e arrumação, de carregamento e descarregamento. Compreende
o transporte de explosivos propriamente ditos, munições, artifícios pirotécnicos e outros produtos.

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1.6 Evolução dos sectores

A evolução dos transportes rodoviários

Desde os primeiros tempos da sua existência que o homem reconheceu a necessidade de se deslocar entre
vários lugares.

Durante séculos, os tradicionais meios de transporte usavam como principal forma de deslocação a
tracção animal.

Graças à revolução industrial, surgem os primeiros engenhos com motores a vapor. Porém, foi no ano de
1898, com a invenção, de Rudolf Diesel, do motor de explosão - e, posteriormente, com o início da
comercialização do mesmo (Setembro de 1913) - que se iniciou o enorme incremento no transporte
rodoviário.

A última etapa surgiu com o primeiro veículo da era automóvel, inventado e construído por Henry Ford,
em 1921. Uma criação que mudou o mundo: um carro simples, produzido em massa e vendido com
grande sucesso, em todo o mundo desenvolvido.

Por outro lado, com o desenvolvimento da rede de estradas, os transportes rodoviários de passageiros
começaram a ganhar terreno face ao seu mais directo concorrente, o comboio.

Hoje em dia, com uma rede de auto-estradas e de estradas bastante desenvolvida, os transportes
rodoviários chegam a todos os lugares.

Contudo o mercado tem vindo a sofrer grandes alterações ao nível do tipo e especificidade do serviço
pretendido e da qualidade exigida. A concorrência existente leva a que as empresas tenham de adoptar
soluções imaginativas para conseguir ser competitivas sem perder qualidade. Para não se aumentar o
preço, a solução passa por um rigoroso controlo dos custos. E nem sempre a solução mais barata é
possuir uma frota própria como a seguir se pode verificar.

As crises como a que vivemos pressionam todas as empresas a reduzir custos e só as mais bem preparadas
conseguem subsistir. Esta crise em particular vai efectuar reajustamentos muito relevantes no sector,
projectando-o para melhores níveis de competitividade e produtividade. Vislumbra-se também um maior
choque concorrencial não só entre as soluções regionais e globais, mas também com a complementaridade
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de meios de transporte sucessivos, onde a intermodalidade será o maior expoente desta alteração
estrutural.

Intermodalidade

O transporte intermodal representa o movimento de mercadorias que utiliza dois ou mais modos de
transporte, sem manipular a mercadoria nos intercâmbios de modo. O termo intermodalidade
corresponde a um sistema em que dois ou mais modos de transporte intervêm no movimento de
mercadorias de uma forma integrada.

O transporte combinado é um conceito utilizado para designar o transporte intermodal de


mercadorias onde a maioria do itinerário percorrido se efectua de comboio, ou por via marítima e, o
menos possível, por rodovia, sendo esta utilizada só na etapa inicial e final. As empresas procuram
novas soluções que lhes reduzam os custos, combinando as possibilidades: camião-comboio, barco-
comboio, avião-comboio-camião etc.

O transporte combinado permite coordenar os meios de transporte por estrada, ferrovia, mar e,
recentemente, aéreo, facilitando a sua intermodalidade. Os meios que utiliza são contentores, caixas
móveis, camiões e semi-reboques sobre carruagens e barco. Já se utiliza o transporte de camiões TIR
sobre vagões. Em França, esta operação tem o nome de Ferroutage.

A principal vantagem do transporte intermodal consiste em combinar as potencialidades dos diferentes


modos de transporte. Desta combinação podem resultar importantes reduções dos custos económicos,
segurança rodoviária, poluição, consumo de energia, redução do tráfego rodoviário. Permite, caso seja
utilizado o modo ferroviário ou marítimo, que o transporte seja efectuado ao fim de semana ou de noite,
com segurança.

Subcontratação

Algumas transportadoras funcionam essencialmente com frotas subcontratadas. Ou seja, o cliente contrata
a empresa para fazer um transporte e esta subcontrata outra empresa de transportes para efectuar o
transporte. Esta solução permite à empresa apresentar uma solução mais económica, nomeadamente
quando o destino da mercadoria não se enquadra nas suas rotas. Imagine-se que uma empresa actua no
eixo Lisboa – Porto. Se um cliente habitual pretender enviar uma mercadoria de Lisboa para Évora a
solução passaria por não aceitar o serviço; apresentar um preço que cobre as despesas, o que certamente
será demasiado elevado e acabará por afastar o serviço; ou assumir o prejuízo para não perder o cliente.
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Contudo, se se subcontratar o serviço a uma empresa que opere naquele eixo consegue-se satisfazer os
interesses do cliente e da empresa.

A empresa de Transportes Luís Simões (LS) assumiu há cerca de oito anos um modelo de subcontratação.
Actualmente mais de metade da frota da é subcontratada a transportadoras em regime de franchising.
Como funciona este modelo de negócio?

A LS cede ao franchisado o direito de explorar o seu conceito de negócio e utilizar a imagem, usufruindo
de acompanhamento permanente, bem como o benefício de estar integrado numa rede já enraizada,
nomeadamente, o acesso (a preços competitivos) aos produtos e serviços essenciais ao desenvolvimento
da actividade transportadora. O sistema de franchising foi concebido com o objectivo de dotar os
pequenos empresários de ferramentas de gestão e conceitos adequados para uma gestão bem eficiente das
unidades de produção.

Paralelamente, o sistema de franchising visa garantir aos clientes do grupo a prestação dos serviços
solicitados com o mesmo nível de qualidade (imagem, formação dos motoristas, informática embarcada e
acompanhamento da execução do transporte).

Outsourcing

Concentre-se no que faz melhor do que os rivais e entregue o restante a especialistas. Esta é a ideia-chave
do outsourcing, um conceito cada vez mais popular entre as empresas. Originalmente o outsourcing era
confundido com a simples subcontratação, circunscrevendo-se a actividades de baixo valor acrescentado e
afastadas do negócio vital de cada empresa como os serviços limpeza, de segurança, o correio expresso,
etc. O aumento da competitividade dos mercados forçou as empresas a passarem a concentrar os seus
melhores recursos no seu negócio vital, criando oportunidades de outsourcing de actividades, funções ou
processos que não seriam sequer imagináveis: transporte, armazenamento, frotas, funções financeiras,
sistemas informáticos, etc.

Por outro lado, há cada vez mais especialistas no mercado dispostos a resolver qualquer problema, a
qualquer lugar e hora.

Este alargamento da oferta e da procura alterou qualitativamente o conceito, dado que já não se está a
tratar de actividades remotas ao negócio vital. Hoje, o conceito de outsourcing significa, em muitos casos, a
celebração de uma verdadeira parceria estratégica entre o contratado e o contratante, assente em contratos
de longo prazo que, em regra, duram de entre cinco e dez anos. Esta nova base contratual mais sólida é
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uma das razões que justificam a esperança que o outsourcing seja um dos maiores negócios do futuro.

Eis o essencial sobre o conceito: «fazer ou comprar?». Este é o dilema típico de um processo de outsourcing.
Trata-se de um processo através do qual uma organização (contratante) contrata outra (subcontratado), na
perspectiva de manter com ela um relacionamento mutuamente benéfico, de médio ou longo prazo, com
vista ao desempenho de uma ou várias actividades, que a primeira não pode ou não lhe convém
desempenhar e que a segunda é tida como especialista.

O conceito é particularmente útil para o gestor de uma PME que, tendo de gerir recursos escassos, deverá
concentrar energias no seu negócio principal e nas competências-chave da empresa (ou seja, aquilo que faz
melhor do que a concorrência) e entregar o restante a parceiros especializados.

Deste modo, poderá reduzir custos e correr menos riscos de estar a trabalhar com produtos
tecnologicamente obsoletos.

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