You are on page 1of 91

Formação de motoristas de transporte mercadorias

CAM

Certificação de Aptidão de Motoristas

Regulamentação da actividade

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 1


Formação de motoristas de transporte mercadorias

ÍNDICE

1. Conhecer a regulamentação relativa ao transporte de mercadorias 3


1.1 Regulamentação nacional e internacional 4
1.2 Títulos para o exercício da actividade de transporte 19
1.3 Obrigações dos contratos-modelo de transporte de mercadorias 23
1.4 Redacção dos documentos que constituem o contrato de transporte 29
1.5 Autorizações de transporte internacional 31
1.6 Obrigações da Convenção relativa ao contrato de transporte internacional de 33
mercadorias por estrada (CMR)
1.7 Redacção da declaração de expedição 35
1.8 Passagem das fronteiras 37
1.9 Transitários 43
1.10 Documentos especiais de acompanhamento da mercadoria 46

Anexo I - Convenção CMR (Cargo Movement Requirement) 50


Anexo II – DL 257/2007 (alterado pelo DL 136/2009) 70

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 2


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1. Conhecer a regulamentação
relativa ao transporte de mercadorias

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 3


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.1 Regulamentação nacional e internacional

Regulamentação internacional

O Regulamento 1071/2009 estabelece regras comuns no que se refere aos requisitos para acesso à
actividade de transportador rodoviário e o seu exercício, aplicando-se a todas as empresas estabelecidas na
Comunidade que exercem a actividade de transportador rodoviário. É igualmente aplicável às empresas
que tencionem exercer a actividade de transportador rodoviário.

Não é aplicável:

- Às empresas que exerçam a actividade de transportador rodoviário de mercadorias exclusivamente


por meio de veículos a motor ou de conjuntos de veículos cujo peso em carga admissível não
exceda 3,5 toneladas. Todavia, os Estados-Membros podem reduzir este limite para a totalidade ou
parte das categorias de transportes rodoviários;
- Às empresas que efectuem exclusivamente serviços de transporte rodoviário de passageiros com
fins não comerciais, ou cuja actividade principal não seja a de transportador rodoviário de
passageiros;
- Às empresas que exerçam a actividade de transportador rodoviário exclusivamente por meio de
veículos a motor cuja velocidade máxima autorizada não exceda 40 km/h.

Entende-se por:

- «Actividade de transportador rodoviário de mercadorias», a actividade das empresas que efectuam


transportes de mercadorias por conta de outrem por meio de veículos a motor ou de conjuntos de
veículos;
- «Actividade de transportador rodoviário de passageiros», a actividade das empresas que efectuam
transportes de passageiros, oferecidos ao público ou a certas categorias de utentes contra um preço
pago pela pessoa transportada ou pelo organizador do transporte, por meio de veículos
automóveis que, pelo seu tipo de construção e equipamento, sejam aptos para o transporte de mais
de nove pessoas, incluído o condutor, e se encontrem afectos a essa utilização;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 4


Formação de motoristas de transporte mercadorias

- «Actividade de transportador rodoviário», a actividade de transportador rodoviário de passageiros


ou de transportador rodoviário de mercadorias;
- «Empresa», uma pessoa singular, uma pessoa colectiva, com ou sem fins lucrativos, uma associação
ou agrupamento de pessoas sem personalidade jurídica, com ou sem fins lucrativos, ou um
organismo dependente de uma autoridade pública, quer seja dotado de personalidade jurídica
própria quer dependa de uma autoridade dotada dessa personalidade, que efectue o transporte de
passageiros, ou uma pessoa singular ou colectiva que efectue o transporte de mercadorias com fins
comerciais;
- «Gestor de transportes», uma pessoa singular empregada por uma empresa ou, se a empresa for
uma pessoa singular, a própria pessoa ou, no caso de estar prevista essa possibilidade, outra pessoa
singular designada por contrato por essa empresa, que dirige de forma efectiva e permanente a
actividade de transportes da empresa;
- «Autorização de exercício da actividade de transportador rodoviário», uma decisão administrativa
que autoriza uma empresa que preenche os requisitos previstos no presente regulamento a exercer
a actividade de transportador rodoviário;
- «Autoridade competente», a autoridade de um Estado-Membro, a nível nacional, regional ou local,
que, para autorizar o exercício da actividade de transportador rodoviário, verifica se a empresa
preenche os requisitos previstos no presente regulamento, e que está habilitada a conceder,
suspender ou retirar a autorização de exercício da actividade de transportador rodoviário;
- «Estado-Membro de estabelecimento», o Estado-Membro em que uma empresa está estabelecida,
quer o seu gestor de transportes provenha ou não de outro país.

As empresas que exercem a actividade de transportador rodoviário devem:


- Dispor de um estabelecimento efectivo e estável num Estado-Membro;
- Ser idóneas;
- Ter a capacidade financeira apropriada; e
- Ter a capacidade profissional exigida.

Os Estados-Membros podem impor requisitos suplementares, que devem ser proporcionados e não
discriminatórios, a preencher pelas empresas para serem autorizadas a exercer a actividade de
transportador rodoviário.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 5


Formação de motoristas de transporte mercadorias

As empresas que exercem a actividade de transportador rodoviário devem designar pelo menos uma
pessoa singular, o gestor de transportes e que:
- Dirija efectiva e permanentemente a actividade de transportes da empresa;
- Tenha um vínculo genuíno com a empresa, como por exemplo ser empregado, administrador,
proprietário ou accionista, ou administrá-la, ou, se a empresa for uma pessoa singular, ser a própria
pessoa; e
- Resida na Comunidade.

Se uma empresa não preencher o requisito de capacidade profissional a autoridade competente pode
autorizá-la a exercer a actividade de transportador rodoviário, sem um gestor de transportes, desde que:
- A empresa designe uma pessoa singular residente na Comunidade que preencha os requisitos
estabelecidos, e que esteja habilitada por contrato a desempenhar as funções de gestor de
transportes por conta da empresa;
- O contrato que vincula a empresa e a pessoa especifique as funções a desempenhar de forma
efectiva e permanente por essa pessoa e indique as suas responsabilidades enquanto gestor de
transportes. As funções a especificar devem compreender, nomeadamente, as relacionadas com a
gestão da manutenção e reparação dos veículos, a verificação dos contratos e dos documentos de
transporte, a contabilidade básica, a distribuição dos carregamentos ou dos serviços pelos
motoristas e pelos veículos, e a verificação dos procedimentos de segurança;
- A pessoa possa gerir, na qualidade de gestor de transportes, as actividades de transporte de quatro
empresas distintas, no máximo, efectuadas com uma frota total máxima combinada de 50 veículos.
Os Estados-Membros podem reduzir o número de empresas e/ou a frota total de veículos que
essa pessoa pode gerir; e
- A pessoa efectue as tarefas especificadas exclusivamente no interesse da empresa e as suas
responsabilidades sejam exercidas independentemente de quaisquer empresas para as quais a
empresa realiza operações de transporte.

Os Estados-Membros podem decidir que um gestor de transportes designado possa apenas ser designado
em relação a um número limitado de empresas ou a uma frota de veículos.
A empresa deve:
- Dispor de um estabelecimento, localizado nesse Estado-Membro, com instalações onde conserva
os principais documentos da empresa, nomeadamente os documentos contabilísticos, os
documentos de gestão do pessoal, os documentos que contenham dados relativos aos tempos de

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 6


Formação de motoristas de transporte mercadorias

condução e repouso, e qualquer outro documento a que a autoridade competente deva poder ter
acesso para verificar o preenchimento dos requisitos previstos no presente regulamento. Os
Estados-Membros podem exigir que os estabelecimentos localizados no seu território também
tenham outros documentos à disposição nas suas instalações a qualquer momento;
- Uma vez concedida a autorização, dispor de um ou mais veículos, matriculados ou colocados em
circulação em conformidade com a legislação desse Estado-Membro, detidos em propriedade
plena ou detidos, por exemplo, em virtude de um contrato de aluguer com opção de compra ou de
um contrato de aluguer ou de locação financeira;
- Efectuar efectiva e permanentemente, com os equipamentos administrativos necessários, as suas
operações relativas aos veículos, e com os equipamentos e serviços técnicos adequados, num
centro de exploração localizado nesse Estado-Membro.

Para determinarem se uma empresa preenche esse requisito, os Estados-Membros devem ter em conta a
conduta da empresa, dos seus gestores de transportes e de quaisquer outras pessoas pertinentes que o
Estado-Membro indique. Todas as referências no presente artigo a condenações, sanções ou infracções
incluem as condenações, sanções ou infracções da própria empresa, dos seus gestores de transportes e de
quaisquer outras pessoas pertinentes que o Estado-Membro indique.

Para preencher o requisito previsto de capacidade financeira, a empresa deve poder cumprir em qualquer
momento as suas obrigações financeiras no decurso do exercício contabilístico anual. Para esse efeito, a
empresa deve demonstrar, com base nas contas anuais, depois de certificadas por um auditor ou por outra
pessoa devidamente acreditada, que dispõe anualmente de um capital e de reservas de valor que totalizem
pelo menos9 000 EUR, no caso de ser utilizado um único veículo, e 5 000 EUR por cada veículo adicional
utilizado.

Para preencher o requisito de capacidade profissional, a pessoa ou as pessoas em causa devem possuir os
conhecimentos correspondentes ao nível previsto na Parte I do anexo I deste Regulamento, nas matérias
nela enumeradas. Esses conhecimentos devem ser demonstrados mediante um exame escrito obrigatório
que, se o Estado-Membro assim o decidir, pode ser completado com um exame oral. Os exames devem
ser organizados de acordo com o disposto na Parte II do anexo I deste regulamento. Para esse efeito, os
Estados-Membros podem decidir impor uma formação antes do exame.

Os interessados devem ser examinados no Estado-Membro que corresponde à sua residência habitual ou
no Estado-Membro em que trabalham.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 7


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Por residência habitual, entende-se o local onde a pessoa vive habitualmente, ou seja, pelo menos, 185 dias
em cada ano civil, em consequência de vínculos pessoais indiciadores da existência de uma relação estreita
entre a pessoa e o local onde vive.

Todavia, a residência normal de uma pessoa cujos vínculos profissionais se situem num lugar diferente do
lugar onde possui os seus vínculos pessoais e que, por esse facto, viva alternadamente em lugares distintos
situados em dois ou mais Estados-Membros, considera-se como estando situada no lugar dos seus
vínculos pessoais, desde que aí se desloque regularmente. Esta última condição não é exigida, nas situações
em que a pessoa em causa viva num Estado-Membro para cumprir uma missão de duração determinada.
A frequência de uma universidade ou de uma escola não implica a mudança da residência normal.

Os Estados-Membros podem decidir dispensar do exame as pessoas que comprovem ter dirigido de
forma contínua uma empresa de transportes rodoviários de mercadorias ou de passageiros num ou mais
Estados-Membros durante o período de 10 anos anterior a 4 de Dezembro de 2009.

Cada Estado-Membro designa uma ou várias autoridades competentes encarregadas de assegurar a


correcta aplicação do presente regulamento. Essas autoridades competentes devem estar habilitadas a:
- Analisar os pedidos apresentados pelas empresas;
- Autorizar o exercício da actividade de transportador rodoviário e suspender ou retirar as
autorizações;
- Declarar uma pessoa singular inapta para dirigir, na qualidade de gestor de transportes, a actividade
de transportes de uma empresa;
- Proceder aos controlos necessários para verificar se as empresas preenchem os requisitos

As autoridades competentes publicam todas as condições estabelecidas no presente regulamento,


quaisquer outras disposições nacionais, os procedimentos que os candidatos interessados devem seguir e
as notas explicativas correspondentes.

Sempre que um gestor de transportes deixe de ser considerado idóneo a autoridade competente declara-o
inapto para dirigir as actividades de transportes de uma empresa. Enquanto não for aplicada uma medida
de reabilitação nos termos das disposições legais nacionais aplicáveis, o certificado de capacidade
profissional do gestor de transportes declarado inapto deixa de ser válido em todos os Estados-Membros.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 8


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Cada Estado-Membro deve manter um registo electrónico nacional das empresas de transporte rodoviário
autorizadas a exercer a actividade de transportador rodoviário por uma autoridade competente por ele
designada. O tratamento dos dados contidos nesse registo deve ser efectuado sob o controlo da
autoridade pública designada para o efeito. Os dados relevantes contidos no registo electrónico nacional
devem ser acessíveis a todas as autoridades competentes do Estado-Membro em causa.

O Regulamento 1072/2009 estabelece regras comuns para o acesso ao mercado do transporte


internacional rodoviário de mercadorias por conta de outrem em trajectos efectuados no território da
Comunidade.

No caso de transportes com origem num Estado-Membro e com destino a um país terceiro, e vice-versa,
o presente regulamento é aplicável ao trajecto efectuado no território dos Estados-Membros atravessados
em trânsito. Não é aplicável ao trajecto efectuado no território do Estado-Membro de carga ou de
descarga, enquanto não tiver sido celebrado o necessário acordo entre a Comunidade e o país terceiro em
causa.

Este regulamento é aplicável aos transportes nacionais rodoviários de mercadorias efectuados a título
temporário por transportadores não residentes.

Os seguintes tipos de transportes e de deslocações sem carga relacionadas com esses transportes não
necessitam de licença comunitária e estão dispensados de autorização de transporte:
- Transportes postais efectuados em regime de serviço universal;
- Transportes de veículos danificados ou avariados;
- Transportes de mercadorias em veículos cujo peso total em carga autorizada, incluindo a dos
reboques, não exceda 3,5 toneladas;
- Transportes de mercadorias em veículos, desde que sejam preenchidas as seguintes condições:
o as mercadorias transportadas pertencerem à empresa ou por ela terem sido vendidas,
compradas, dadas ou tomadas de aluguer, produzidas, extraídas, transformadas ou reparadas, o
transporte servir para encaminhar as mercadorias da ou para a empresa ou para as deslocar, quer
no interior da empresa, quer no seu exterior, para satisfazer necessidades próprias desta, os
veículos a motor utilizados nestes transportes serem conduzidos por pessoal próprio da empresa
ou por pessoal ao serviço da empresa nos termos de uma obrigação contratual, os veículos que
transportem as mercadorias pertencerem à empresa ou terem sido por ela comprados a crédito
ou alugados, desde que, neste último caso, preencham as condições previstas na Directiva

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 9


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2006/1/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de Janeiro de 2006, relativa à


utilização de veículos de aluguer sem condutor no transporte rodoviário de mercadorias o
transporte constituir meramente uma actividade acessória do conjunto das actividades da
empresa;
- Transportes de medicamentos, aparelhos e equipamento médicos, bem como de outros artigos
necessários em caso de socorro urgente, nomeadamente no caso de catástrofes naturais.

Entende-se por:

«Veículo»: um veículo a motor matriculado num Estado-Membro ou um conjunto de veículos acoplados,


dos quais pelo menos o veículo a motor está matriculado num Estado-Membro, destinados
exclusivamente ao transporte de mercadorias;

«Transportes internacionais»:
- As deslocações em carga de um veículo cujos pontos de partida e de chegada se situam em dois
Estados-Membros diferentes, com ou sem trânsito por um ou vários Estados-Membros ou
países terceiros;
- As deslocações em carga de um veículo com origem num Estado-Membro com destino a um
país terceiro, e vice-versa, com ou sem trânsito por um ou vários Estados-Membros ou países
terceiros;
- As deslocações em carga de um veículo entre países terceiros, atravessando em trânsito o
território de um ou mais Estados-Membros;
- As deslocações sem carga relacionadas com os transportes acima indicados.

«Estado-Membro de acolhimento»: um Estado-Membro em que opera um transportador, distinto do


Estado-Membro de estabelecimento do transportador;

«Transportador não residente»: uma empresa de transporte rodoviário de mercadorias que opera num
Estado-Membro de acolhimento;

«Motorista»: qualquer pessoa que conduza o veículo, mesmo por um curto período, ou que siga num
veículo no âmbito das suas funções para assegurar a sua condução, caso seja necessário;

«Operações de cabotagem»: transportes nacionais por conta de outrem efectuados a título temporário num
Estado-Membro de acolhimento, de acordo com o presente regulamento;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 10


Formação de motoristas de transporte mercadorias

«Infracção grave à legislação comunitária no domínio do transporte rodoviário»: uma infracção que pode
acarretar a perda da idoneidade e/ou a retirada temporária ou definitiva de uma licença comunitária.

Os transportes internacionais são efectuados a coberto de uma licença comunitária, em conjugação com
um certificado de motorista caso o motorista seja nacional de um país terceiro.

A licença comunitária é emitida por um Estado-Membro, nos termos do presente regulamento, aos
transportadores rodoviários de mercadorias por conta de outrem que:
- Estejam estabelecidos nesse Estado-Membro nos termos da legislação comunitária e da legislação
desse Estado-Membro; e
- Estejam autorizados a efectuar no Estado-Membro de estabelecimento, nos termos da legislação
comunitária e da legislação desse Estado-Membro em matéria de acesso à actividade de
transportador, transportes rodoviários internacionais de mercadorias.

A licença comunitária é emitida pelas autoridades competentes do Estado-Membro de estabelecimento


por períodos renováveis que não podem exceder dez anos.

O Estado-Membro de estabelecimento entrega ao titular o original da licença comunitária, que deve ser
conservado pelo transportador, e o número de cópias certificadas correspondente ao número de veículos
de que o titular da licença comunitária dispõe, quer em propriedade plena quer a outro título, por exemplo
em virtude de um contrato de compra a prestações, de aluguer ou de locação financeira.

A licença comunitária é emitida em nome do transportador e não é transmissível. Cada um dos veículos
do transportador deve ter a bordo uma cópia certificada da licença comunitária, que deve ser apresentada
sempre que for solicitada pelos agentes responsáveis pelo controlo.

No caso de um conjunto de veículos acoplados, a cópia certificada da licença deve acompanhar o veículo
tractor. Esta cópia deve abranger o conjunto dos veículos acoplados, mesmo que o reboque ou semi-
reboque não esteja matriculado ou autorizado a circular em nome do titular da licença ou esteja
matriculado ou autorizado a circular noutro Estado-Membro.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 11


Formação de motoristas de transporte mercadorias

O certificado de motorista é emitido por um Estado-Membro, nos termos do presente regulamento, a


qualquer transportador que:
- Seja titular de uma licença comunitária; e
- No referido Estado-Membro, empregue legalmente um motorista que não seja nacional nem
residente de longa duração, na acepção da Directiva 2003/109/CE do Conselho, de 25 de
Novembro de 2003, relativa ao estatuto dos nacionais de países terceiros residentes de longa
duração, de um Estado-Membro, ou utilize legalmente os serviços de um motorista que não seja
nacional nem residente de longa duração, na acepção da mesma directiva, de um Estado-Membro,
e que esteja ao serviço desse transportador de acordo com as condições de trabalho e formação
profissional de motoristas fixadas nesse mesmo Estado-Membro:
em disposições legais, regulamentares ou administrativas e, se for caso disso,
em convenções colectivas, de acordo com as regras aplicáveis nesse Estado-Membro.

O certificado de motorista deve ostentar o carimbo da autoridade emissora, bem como uma assinatura e
um número de série. O número de série do certificado de motorista pode ser inscrito no registo
electrónico nacional das empresas de transporte rodoviário enquanto parte integrante dos dados do
transportador que disponibiliza o certificado ao motorista nele identificado.

O certificado de motorista é propriedade do transportador, que o deve entregar ao motorista nele


identificado quando este tenha de conduzir um veículo a coberto de uma licença comunitária de que o
transportador seja titular. O transportador deve conservar nas suas instalações uma cópia certificada do
certificado de motorista emitida pelas autoridades competentes do Estado-Membro de estabelecimento do
transportador. O certificado de motorista deve ser apresentado sempre que for solicitado pelos agentes
responsáveis pelo controlo.

O certificado de motorista é emitido por um período a fixar pelo Estado-Membro emissor, não devendo a
sua validade exceder cinco anos. Os certificados de motorista emitidos antes da data de aplicação do
presente regulamento permanecem válidos até ao termo do seu prazo de validade.

O certificado de motorista é válido apenas enquanto as condições em que foi emitido estiverem
preenchidas. Os Estados-Membros tomam as medidas adequadas para assegurar que os certificados sejam
devolvidos pelo transportador à autoridade emissora logo que essas condições deixem de estar
preenchidas.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 12


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Os transportadores rodoviários de mercadorias por conta de outrem que sejam titulares de uma licença
comunitária e cujos motoristas, quando nacionais de país terceiro, sejam titulares de certificados de
motorista, ficam autorizados, nas condições fixadas no presente capítulo, a efectuar operações de
cabotagem.

Uma vez efectuada a entrega das mercadorias transportadas à chegada de um transporte internacional com
origem num Estado-Membro ou de um país terceiro e com destino ao Estado-Membro de acolhimento,
os transportadores ficam autorizados a efectuar, com o mesmo veículo ou, tratando-se de um conjunto de
veículos acoplados, com o veículo tractor desse mesmo conjunto, o máximo de três operações de
cabotagem na sequência do referido transporte internacional. A última operação de descarga no quadro de
uma operação de cabotagem, antes da saída do Estado-Membro de acolhimento, deve ter lugar no prazo
de sete dias a contar da última operação de descarga realizada no Estado-Membro de acolhimento no
quadro do transporte internacional com destino a este último.

No prazo indicado no parágrafo anterior, os transportadores rodoviários podem efectuar uma parte ou a
totalidade das operações de cabotagem autorizadas nos termos do referido parágrafo em qualquer Estado-
Membro, na condição de se limitarem a uma operação de cabotagem por Estado-Membro no prazo de
três dias a contar da entrada sem carga no território desse Estado-Membro.

Os serviços nacionais de transporte rodoviário de mercadorias efectuados no Estado-Membro de


acolhimento por um transportador não residente só são considerados conformes com o presente
regulamento se o transportador puder apresentar provas claras da realização do transporte internacional
com destino a este último e de cada uma das operações consecutivas de cabotagem efectuadas.

As provas referidas no primeiro parágrafo devem incluir, relativamente a cada operação, os dados
seguintes:
- Nome, endereço e assinatura do expedidor;
- Nome, endereço e assinatura do transportador;
- Nome e endereço do destinatário, bem como a sua assinatura e a data de entrega efectiva das
mercadorias;
- Local e data da recepção das mercadorias e local previsto para a entrega;
- Descrição comum da natureza das mercadorias e do método de embalagem e, caso se trate de
mercadorias perigosas, a sua descrição geralmente reconhecida, bem como o número de volumes e
as suas marcações e números especiais;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 13


Formação de motoristas de transporte mercadorias

- Peso bruto das mercadorias ou quantidade expressa de outra forma;


- Matrícula do veículo tractor e do reboque.

A realização de operações de cabotagem está sujeita, salvo disposição em contrário da legislação


comunitária, às disposições legislativas, regulamentares e administrativas em vigor no Estado-Membro de
acolhimento no que se refere:
- Às condições do contrato de transporte;
- Aos pesos e dimensões dos veículos rodoviários;
- Aos requisitos relativos ao transporte de determinadas categorias de mercadorias, nomeadamente
mercadorias perigosas, géneros perecíveis e animais vivos;
- Ao tempo de condução e aos períodos de repouso;
- Ao imposto sobre o valor acrescentado (IVA) aplicável aos serviços de transporte.

Em caso de perturbação grave do mercado de transportes nacionais numa zona geográfica determinada
devido à actividade de cabotagem ou por ela agravada, os Estados-Membros podem pedir à Comissão que
tome medidas de salvaguarda, fornecendo-lhe as informações necessárias e notificando-a das medidas que
tencionam tomar em relação aos transportadores residentes.

Entende-se por:

«perturbação grave do mercado de transportes nacionais numa zona geográfica determinada»: o


surgimento, nesse mercado, de problemas específicos do mesmo, que possam originar um excedente
grave, susceptível de persistir, da oferta em relação à procura, implicando uma ameaça para o
equilíbrio financeiro e a sobrevivência de um número significativo de transportadores,

«zona geográfica»: uma zona que englobe uma parte ou a totalidade do território de um Estado-Membro
ou se estenda a uma parte ou à totalidade do território de outros Estados-Membros.

Os Estados-Membros asseguram que as infracções graves à legislação comunitária no domínio do


transporte rodoviário cometidas por transportadores estabelecidos no respectivo território, que tenham
conduzido à aplicação de uma sanção por um Estado-Membro, bem como a eventual retirada temporária
ou definitiva da licença comunitária ou de uma cópia certificada desta, sejam inscritas no registo
electrónico nacional das empresas de transporte rodoviário. Os dados inscritos no registo relacionados
com a retirada temporária ou definitiva de uma licença comunitária devem permanecer na base de dados

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 14


Formação de motoristas de transporte mercadorias

por um período de dois anos a contar do termo do período de retirada, em caso de retirada temporária, ou
da data da retirada, em caso de retirada definitiva.

Regulamentação nacional

O Decreto-Lei n.º 257/2007, alterado pelo Decreto-Lei n.º 136/2009, regulamenta a actividade de
transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem, nacional ou internacional, por meio de
veículos de peso bruto igual ou superior a 2500 kg. Esta actividade só pode ser exercida por sociedades
comerciais ou cooperativas, licenciadas pelo IMTT.

A referida licença consubstancia -se num alvará ou licença comunitária, a qual é intransmissível, sendo
emitida por um prazo não superior a cinco anos, renovável por igual período, mediante comprovação de
que se mantêm os requisitos de acesso e de exercício de actividade.

Ao IMTT compete organizar registo de todas as empresas que realizem transportes de mercadorias por
conta de outrem.

Não estão abrangidos pelo regime de licenciamento na actividade:


a) Os transportes de produtos ou mercadorias directamente ligados à gestão agrícola ou dela
provenientes efectuados por meio de reboques atrelados aos respectivos tractores agrícolas;
b) Os transportes de envios postais realizados no âmbito da actividade de prestador de serviços
postais;
c) A circulação de veículos aos quais estejam ligados, de forma permanente e exclusiva, equipamentos
ou máquinas.

Os veículos utilizados no transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem estão sujeitos a
licença a emitir pelo IMTT, quer sejam da propriedade do transportador, objecto de contrato de locação
financeira ou contrato de aluguer sem condutor.

A idade média da frota de automóveis da empresa não pode exceder 10 anos, sendo determinada a idade
de cada veículo pela data da primeira matrícula.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 15


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Os veículos automóveis licenciados para o transporte rodoviário de


mercadorias por conta de outrem devem ostentar distintivos de identificação.

Estão sujeitos a autorização, a emitir pelo IMTT, os transportes de carácter excepcional realizados por
veículos afectos ao transporte por conta própria cujo peso bruto exceda 2500 kg em que,
cumulativamente:
a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mesmo proprietário;
b) O transporte seja efectuado sem fins lucrativos por colectividades de utilidade pública ou outras
agremiações filantrópicas, desportivas ou recreativas;
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas com os fins das entidades que efectuam o
transporte;
d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da entidade que realiza o transporte, de algum dos seus
associados ou cedidos a título gratuito por outras entidades.

Os transportes internacionais e os transportes de cabotagem a realizar por transportadores não


residentes sediados fora do território da União Europeia estão sujeitos a autorização a emitir pelo IMTT, a
qual é condicionada pelo princípio da reciprocidade.

Os transportes especiais dependem de uma autorização especial de trânsito, nomeadamente o trânsito


na via pública de veículos ou conjuntos de veículos matriculados nos termos do artigo 117.o do Código da
Estrada:
a) Com pesos e ou dimensões que excedam os limites regulamentares;
b) Que transportem objectos indivisíveis que excedam os limites da respectiva caixa ou a altura de 4 m;
c) Cujo peso bruto ou pesos por eixo, em virtude do transporte de objectos indivisíveis, excedam os
limites regulamentares.

O trânsito de veículos ou conjuntos de veículos está sujeito a autorização anual sempre que estes
transportem objectos indivisíveis cujas dimensões excedam os limites das respectivas caixas de carga ou a
altura de 4 m a contar do solo.

Os veículos excepcionais estão sujeitos a autorização anual quando não ultrapassarem as dimensões
máximas fixadas para este tipo de autorização, ainda que dos respectivos documentos de identificação
conste a exigência de autorização caso a caso.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 16


Formação de motoristas de transporte mercadorias

O trânsito de veículos está sujeito a autorização ocasional sempre que:


a) As dimensões do veículo ou do conjunto excedam os limites máximos permitidos para emissão de
autorização anual, quando se trate de veículo excepcional;
b) As dimensões totais e ou o peso bruto do veículo ou do conjunto excedam os limites máximos
permitidos para emissão de autorização anual.

Para os veículos ou conjuntos de veículos sujeitos a autorização ocasional podem ser emitidas autorizações
de curta duração (até 6 meses) quando:
a) Os objectos indivisíveis transportados tenham as mesmas características;
b) Os objectos indivisíveis tenham dimensões e peso iguais ou inferiores aos que constam da
autorização;
c) O transporte se realize no mesmo itinerário, em qualquer dos sentidos;
d) O veículo ou conjunto que realiza o transporte seja o mesmo.

Sugere-se a consulta integral do DL 257/2007 - (anexo II)

A Lei n.º 10/90 estabeleceu a Lei de Bases do Sistema de Transportes Terrestres.

Considera-se transportes públicos, ou por conta de outrem, os efectuados por empresas habilitadas a
explorar a actividade de prestação de serviços de transportes, com ou sem carácter de regularidade, e
destinados a satisfazer, mediante remuneração, as necessidades dos utentes, e por transportes particulares,
ou por conta própria, os efectuados por pessoas singulares ou colectivas para viabilizar a satisfação das
suas necessidades ou complementar o exercício da sua actividade específica ou principal.

Quanto ao objecto da deslocação, distinguem-se os transportes de pessoas, ou de passageiros, dos de


mercadorias, ou de carga, e dos mistos.

Quanto ao âmbito espacial da deslocação, consideram-se:


a) Transportes internacionais, os que, implicando atravessamento de fronteiras, se desenvolvam
parcialmente em território português;
b) Transportes internos, os que se desenvolvam exclusivamente em território nacional, dentro dos
quais se consideram as seguintes subcategorias:
1) Transportes interurbanos, os que visam satisfazer as necessidades de deslocação entre diferentes
municípios não integrados numa mesma região metropolitana de transportes;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 17


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2) Transportes regionais, os transportes interurbanos que se realizam no interior de uma dada região,
designadamente de uma região autónoma;
3) Transportes locais, os que visam satisfazer as necessidades de deslocação dentro de um município
ou de uma região metropolitana de transportes;
4) Transportes urbanos, os que visam satisfazer as necessidades de deslocação em meio urbano,
como tal se entendendo o que é abrangido pelos limites de uma área de transportes urbanos ou
pelos de uma área urbana de uma região metropolitana de transportes.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 18


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.2 Títulos para o exercício da actividade de transporte,

Os transportes internacionais são efectuados a coberto de uma licença comunitária, em conjugação com
um certificado de motorista caso o motorista seja nacional de um país terceiro.

A licença comunitária é emitida por um Estado-Membro, nos termos do presente regulamento, aos
transportadores rodoviários de mercadorias por conta de outrem que:
- Estejam estabelecidos nesse Estado-Membro nos termos da legislação comunitária e da legislação
desse Estado-Membro; e
- Estejam autorizados a efectuar no Estado-Membro de estabelecimento, nos termos da legislação
comunitária e da legislação desse Estado-Membro em matéria de acesso à actividade de
transportador, transportes rodoviários internacionais de mercadorias.

A licença comunitária é emitida pelas autoridades competentes do Estado-Membro de estabelecimento


por períodos renováveis que não podem exceder dez anos.

O certificado de motorista é emitido por um Estado-Membro, nos termos do presente regulamento, a


qualquer transportador que:
- Seja titular de uma licença comunitária; e
- No referido Estado-Membro, empregue legalmente um motorista que não seja nacional nem
residente de longa duração, na acepção da Directiva 2003/109/CE do Conselho, de25 de
Novembro de 2003, relativa ao estatuto dos nacionais de países terceiros residentes de longa
duração, de um Estado-Membro, ou utilize legalmente os serviços de um motorista que não seja
nacional nem residente de longa duração, na acepção da mesma directiva, de um Estado-Membro,
e que esteja ao serviço desse transportador de acordo com as condições de trabalho e formação
profissional de motoristas fixadas nesse mesmo Estado-Membro:
em disposições legais, regulamentares ou administrativas e, se for caso disso,
em convenções colectivas, de acordo com as regras aplicáveis nesse Estado-Membro.

Os transportadores rodoviários de mercadorias por conta de outrem que sejam titulares de uma licença
comunitária e cujos motoristas, quando nacionais de país terceiro, sejam titulares de certificados de
motorista, ficam autorizados, nas condições fixadas no presente capítulo, a efectuar operações de
cabotagem.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 19


Formação de motoristas de transporte mercadorias

A actividade de transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem, nacional ou internacional, por
meio de veículos de peso bruto igual ou superior a 2500 kg só pode ser exercida por sociedades comerciais
ou cooperativas, licenciadas pelo IMTT.

A referida licença consubstancia -se num alvará ou licença comunitária, a qual é intransmissível, sendo
emitida por um prazo não superior a cinco anos, renovável por igual período, mediante comprovação de
que se mantêm os requisitos de acesso e de exercício de actividade.

Estão sujeitos a autorização, a emitir pelo IMTT, os transportes de carácter excepcional realizados por
veículos afectos ao transporte por conta própria cujo peso bruto exceda 2500 kg em que,
cumulativamente:
a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mesmo proprietário;
b) O transporte seja efectuado sem fins lucrativos por colectividades de utilidade pública ou outras
agremiações filantrópicas, desportivas ou recreativas;
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas com os fins das entidades que efectuam o
transporte;
d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da entidade que realiza o transporte, de algum dos seus
associados ou cedidos a título gratuito por outras entidades.

Os transportes internacionais e os transportes de cabotagem a realizar por transportadores não


residentes sediados fora do território da União Europeia estão sujeitos a autorização a emitir pelo IMTT, a
qual é condicionada pelo princípio da reciprocidade.

Os transportes internacionais a realizar por transportadores residentes, entre o território português e o


território de países não membros da União Europeia, com quem o Estado Português haja celebrado um
acordo bilateral ou multilateral sobre transportes rodoviários, estão sujeitos a autorização a emitir pelo
IMTT dentro dos limites quantitativos resultantes desses acordos ou convenções.

São autorizados os transportes de cabotagem efectuados por transportadores da União Europeia e


do espaço económico europeu desde que sejam efectuados na sequência de um transporte internacional
com o mesmo veículo ou, tratando -se de um conjunto de veículos acoplados, com o veículo tractor desse
mesmo conjunto, e não excedam três operações de cabotagem, durante um prazo de sete dias a contar da
data de descarga das mercadorias objecto do transporte internacional.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 20


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Os transportes especiais dependem de uma autorização especial de trânsito, nomeadamente o trânsito


na via pública de veículos ou conjuntos de veículos matriculados nos termos do artigo 117.o do Código da
Estrada:
a) Com pesos e ou dimensões que excedam os limites regulamentares;
b) Que transportem objectos indivisíveis que excedam os limites da respectiva caixa ou a altura de 4 m;
c) Cujo peso bruto ou pesos por eixo, em virtude do transporte de objectos indivisíveis, excedam os
limites regulamentares.

O trânsito de veículos ou conjuntos de veículos está sujeito a autorização anual sempre que estes
transportem objectos indivisíveis cujas dimensões excedam os limites das respectivas caixas de carga ou
a altura de 4 m a contar do solo.

Os veículos excepcionais estão sujeitos a autorização anual quando não ultrapassarem as dimensões
máximas fixadas para este tipo de autorização, ainda que dos respectivos documentos de identificação
conste a exigência de autorização caso a caso.

O trânsito de máquinas matriculadas está sujeito a autorização anual sempre que o respectivo peso
bruto seja igual ou inferior a 60 t e excedam qualquer das seguintes dimensões:
a) Em comprimento, 20 m;
b) Em largura, 3 m;
c) Em altura, 4,60 m a contar do solo.

O trânsito de máquinas agrícolas, florestais e industriais não matriculadas está sujeito a autorização
anual, salvo se excederem o peso bruto de 40 t ou qualquer das dimensões fixadas no número anterior.

O trânsito de veículos está sujeito a autorização ocasional sempre que:


a) As dimensões do veículo ou do conjunto excedam os limites máximos permitidos para emissão de
autorização anual, quando se trate de veículo excepcional;
b) As dimensões totais e ou o peso bruto do veículo ou do conjunto excedam os limites máximos
permitidos para emissão de autorização anual.

Para os veículos ou conjuntos de veículos sujeitos a autorização ocasional podem ser emitidas autorizações
de curta duração (até 6 meses) quando:
a) Os objectos indivisíveis transportados tenham as mesmas características;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 21


Formação de motoristas de transporte mercadorias

b) Os objectos indivisíveis tenham dimensões e peso iguais ou inferiores aos que constam da
autorização;
c) O transporte se realize no mesmo itinerário, em qualquer dos sentidos;
d) O veículo ou conjunto que realiza o transporte seja o mesmo.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 22


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.3 Obrigações dos contratos-modelo de transporte de mercadorias

O Decreto-Lei n.º 239/2003, alterado pelo Decreto-Lei 145/2008, estabelece o regime jurídico do
contrato de transporte rodoviário nacional de mercadorias.

O contrato de transporte rodoviário nacional de mercadorias é o celebrado entre transportador e


expedidor nos termos do qual o primeiro se obriga a deslocar mercadorias, por meio de veículos
rodoviários, entre locais situados no território nacional e a entregá-las ao destinatário.

Transportador é a empresa regularmente constituída para o transporte público ou por conta de outrem de
mercadorias e expedidor é o proprietário, possuidor ou mero detentor das mercadorias.

Quando, ao abrigo de um único contrato, as mercadorias sejam transportadas em parte por meio
rodoviário e em parte por meio aéreo, ferroviário, marítimo ou fluvial, aplica-se à parte rodoviária o
regime jurídico constante deste diploma.

A guia de transporte faz prova da celebração, termos e condições do contrato de transporte. A falta,
irregularidade ou perda da guia não prejudicam a existência nem a validade do contrato de transporte.

Quando a mercadoria a transportar for carregada em mais de um veículo ou se trate de diversas espécies
de mercadorias ou de lotes distintos, o expedidor ou o transportador podem exigir que sejam preenchidas
tantas guias quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou lotes de mercadorias.

A guia de transporte deve ser emitida em triplicado, assinada pelo expedidor e pelo transportador ou aceite
por forma escrita, por meio de carta, telegrama, telefax ou outros meios informáticos equivalentes, e
conter os seguintes elementos:
a) Lugar e data em que é preenchida;
b) Nome e endereço do transportador, do expedidor e do destinatário;
c) Lugar e data do carregamento da mercadoria e local previsto para a entrega;
d) Denominação corrente da mercadoria e tipo de embalagem e, quando se trate de mercadorias
perigosas ou de outras que careçam de precauções especiais, a sua denominação nos termos da
legislação especial aplicável;
e) Peso bruto da mercadoria, número de volumes ou quantidade expressa de outro modo.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 23


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Quando for caso disso, a guia deve conter também as seguintes indicações:
a) Prazo para a realização do transporte;
b) Declaração de valor da mercadoria;
c) Declaração de interesse especial na entrega;
d) Entrega mediante reembolso.

As partes podem ainda inscrever na guia de transporte outras menções, nomeadamente o preço e outras
despesas relativas ao transporte, lista de documentos entregues ao transportador e instruções do expedidor
ou do destinatário.

O expedidor pode exigir que o transportador verifique o peso bruto da mercadoria ou a sua quantidade
expressa de outro modo, bem como o número ou o conteúdo dos volumes, devendo mencionar na guia
de transporte o resultado da verificação.

Salvo convenção em contrário, o expedidor pode, durante a execução do contrato, fazer suspender o
transporte, modificar o lugar previsto para a entrega da mercadoria ou designar destinatário diferente do
indicado na guia de transporte.

O expedidor pode, mediante o pagamento de um suplemento de preço a convencionar, declarar na guia de


transporte o valor da mercadoria.

O expedidor pode, mediante o pagamento de um suplemento de preço a convencionar, declarar na guia de


transporte o valor do interesse especial na entrega da mercadoria, para o caso de perda, avaria ou
incumprimento do prazo convencionado.

Sempre que da guia de transporte conste a cláusula de entrega mediante reembolso e a mercadoria seja
entregue ao destinatário sem cobrança, o transportador fica obrigado a indemnizar o expedidor até esse
valor, sem prejuízo do direito de regresso.

O transportador pode formular reservas se, no momento da recepção da mercadoria, constatar que esta
ou a embalagem apresentam defeito aparente, bem como quando não tiver meios razoáveis de verificar a
exactidão das indicações constantes da guia de transporte.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 24


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Sempre que o transportador cumpra o contrato de transporte por meio de terceiros mantém para com o
expedidor a sua originária qualidade e assume para com o terceiro a qualidade de expedidor.

Se ao abrigo de um único contrato o transporte for executado por transportadores rodoviários sucessivos,
o contrato produz efeitos relativamente ao segundo e a cada um dos seguintes transportadores a partir do
momento da aceitação da mercadoria e da guia de transporte. O transportador que aceitar a mercadoria do
transportador precedente deve entregar recibo datado e assinado, indicar o seu nome e morada na guia de
transporte e, se entender necessário, formular reservas.

O cumprimento da prestação do transportador ocorre com a entrega da mercadoria ao destinatário. Em


caso de vício aparente da mercadoria ou defeito da embalagem, o destinatário deve, no momento da
aceitação, formular reservas que indiquem a natureza da perda ou avaria. Em caso de vício não aparente, o
destinatário dispõe de oito dias a contar da data da aceitação da mercadoria para formular reservas escritas
devidamente fundamentadas e para as comunicar ao transportador.

Se o destinatário receber a mercadoria sem verificar o seu estado contraditoriamente com o transportador,
ou sem formular as reservas a que se referem os números anteriores, presume-se, salvo prova em
contrário, que as mercadorias se encontravam em boas condições. Para efeitos de verificação da
mercadoria, o transportador e o destinatário devem conceder reciprocamente as facilidades consideradas
razoáveis.

No caso de impossibilidade de cumprimento do contrato de transporte nas condições acordadas, o


transportador deve pedir instruções ao expedidor ou, se tal estiver convencionado, ao destinatário.

Caso o transportador não possa obter em tempo útil as instruções a que se refere o número anterior e não
seja possível a devolução das mercadorias ao expedidor, deve tomar as medidas mais adequadas à sua
conservação. Tratando-se de mercadorias perecíveis, o transportador pode vendê-las, devendo o produto
da venda ser posto à disposição do expedidor, sem prejuízo do número seguinte.

O transportador tem direito ao reembolso das despesas causadas pelo pedido de instruções ou pela sua
execução, bem como das ocasionadas pela devolução, pelas medidas de conservação ou venda das
mercadorias, a não ser que estas despesas sejam consequência de falta do transportador.

Presume-se que não é possível a devolução da mercadoria ao expedidor quando o tempo necessário para o

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 25


Formação de motoristas de transporte mercadorias

efeito puder provocar uma depreciação na mercadoria de, pelo menos, 30% do respectivo valor, se este
estiver determinado, ou do valor calculado nos termos do artigo 23.º

O transportador goza do direito de retenção sobre as mercadorias transportadas como garantia de


pagamento de créditos vencidos de que seja titular relativamente a serviços de transporte prestados.

Sempre que exercer o direito de retenção, o transportador deve notificar o destinatário e o expedidor, se
um e outro forem pessoas diversas, dentro dos três dias imediatos à data prevista para a entrega da
mercadoria. No exercício do direito de retenção, o transportador deve propor a competente acção judicial
dentro dos 20 dias subsequentes à notificação referida no número anterior. As despesas com a
conservação das mercadorias, efectuadas no exercício do direito de retenção, ficam a cargo do devedor.

O transportador goza de privilégio pelos créditos resultantes do contrato de transporte sobre as


mercadorias transportadas. Este privilégio cessa com a entrega das mercadorias ao destinatário. Sendo
muitos os transportadores, o último exercerá o direito por todos os outros.

Responsabilidade do expedidor

O expedidor responde por todas as despesas e prejuízos resultantes da inexactidão ou insuficiência das
indicações contidas na guia de transporte relativas às mercadorias e ao destinatário, bem como pelas
despesas de verificação da mercadoria.

O expedidor responde pelos danos causados por defeito da mercadoria ou da embalagem, salvo se o
transportador, sendo o defeito aparente ou dele tendo tido conhecimento no momento em que recebeu a
mercadoria, não tiver formulado as devidas reservas.

Quando o contrato tiver por objecto o transporte de mercadorias perigosas, ou outras que careçam de
precauções especiais nos termos de legislação especial aplicável, o expedidor deve assinalar com exactidão
a sua natureza, sendo responsável por todas as despesas e prejuízos, em caso de omissão.

Responsabilidade do transportador

O transportador é responsável pela perda total ou parcial das mercadorias ou pela avaria que se produzir
entre o momento do carregamento e o da entrega, assim como pela demora na entrega.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 26


Formação de motoristas de transporte mercadorias

O transportador responde, como se fossem cometidos por ele próprio, pelos actos e omissões dos seus
empregados, agentes, representantes ou outras pessoas a quem recorra para a execução do contrato.
A responsabilidade do transportador fica excluída se a perda, avaria ou demora se dever à natureza ou
vício próprio da mercadoria, a culpa do expedidor ou do destinatário, a caso fortuito ou de força maior.

A responsabilidade do transportador fica ainda excluída quando a perda ou avaria resultar dos riscos
inerentes a qualquer dos seguintes factos:
a) Falta ou defeito da embalagem relativamente às mercadorias que, pela sua natureza, estão sujeitas a
perdas ou avarias quando não estão devidamente embaladas;
b) Manutenção, carga, arrumação ou descarga da mercadoria pelo expedidor ou pelo destinatário ou
por pessoas que actuem por conta destes;
c) Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos símbolos dos volumes.

O transportador não pode invocar defeitos do veículo que utiliza no transporte para excluir a sua
responsabilidade.

Há demora na entrega quando a mercadoria não for entregue ao destinatário no prazo convencionado ou,
não havendo prazo, nos sete dias seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador. Quando a
mercadoria não for entregue nos sete dias seguintes ao termo do prazo convencionado ou, não havendo
prazo, nos 15 dias seguintes à aceitação da mercadoria pelo transportador, considera-se que há perda total.

O valor da indemnização devida por perda ou avaria não pode ultrapassar 10 euros por quilograma de
peso bruto de mercadoria em falta. A indemnização por demora na entrega não pode ser superior ao
preço do transporte e só é devida quando o interessado demonstrar que dela resultou prejuízo, salvo
quando exista declaração de interesse especial na entrega, caso em que pode ainda ser exigida
indemnização por lucros cessantes de que seja apresentada prova.

Sempre que a perda, avaria ou demora resultem de actuação dolosa do transportador, este não pode
prevalecer-se das disposições que excluem ou limitam a sua responsabilidade.

Responsabilidade solidária dos transportadores sucessivos

No transporte sucessivo, verificando-se a ocorrência de danos e não podendo determinar-se o


transportador responsável por aqueles, todos os transportadores são solidariamente responsáveis pelas

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 27


Formação de motoristas de transporte mercadorias

indemnizações que sejam devidas. Na situação prevista no número anterior e em caso de insolvência de
um ou mais transportadores, a parte da indemnização que lhes for imputável será suportada pelos demais,
na proporção das suas remunerações.

Em caso de perda total ou parcial, ou depreciação, quando não esteja determinado o valor da mercadoria,
este é calculado segundo o preço corrente no mercado relevante para mercadorias da mesma natureza e
qualidade.

O direito à indemnização por danos decorrentes de responsabilidade do transportador prescreve no prazo


de um ano. O prazo referido no número anterior conta-se a partir da data da entrega da mercadoria ao
destinatário ou da sua devolução ao expedidor ou, em caso de perda total, do 30.º dia posterior à aceitação
da mercadoria pelo transportador.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 28


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.4 Redacção dos documentos que constituem o contrato de transporte

A guia de transporte faz prova da celebração, termos e condições do contrato de transporte. A falta,
irregularidade ou perda da guia não prejudicam a existência nem a validade do contrato de transporte.

A guia de transporte deve ser emitida em triplicado, assinada pelo expedidor e pelo transportador ou aceite
por forma escrita, por meio de carta, telegrama, telefax ou outros meios informáticos equivalentes, e
conter os seguintes elementos:
a) Lugar e data em que é preenchida;
b) Nome e endereço do transportador, do expedidor e do destinatário;
c) Lugar e data do carregamento da mercadoria e local previsto para a entrega;
d) Denominação corrente da mercadoria e tipo de embalagem e, quando se trate de mercadorias
perigosas ou de outras que careçam de precauções especiais, a sua denominação nos termos da
legislação especial aplicável;
e) Peso bruto da mercadoria, número de volumes ou quantidade expressa de outro modo.

Quando for caso disso, a guia deve conter também as seguintes indicações:
a) Prazo para a realização do transporte;
b) Declaração de valor da mercadoria;
c) Declaração de interesse especial na entrega;
d) Entrega mediante reembolso.

As partes podem ainda inscrever na guia de transporte outras menções, nomeadamente o preço e outras
despesas relativas ao transporte, lista de documentos entregues ao transportador e instruções do expedidor
ou do destinatário.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 29


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Exemplo

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 30


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.5 Autorizações de transporte internacional

Os transportes internacionais são efectuados a coberto de uma licença comunitária, em conjugação com
um certificado de motorista caso o motorista seja nacional de um país terceiro.

A licença comunitária é emitida por um Estado-Membro, nos termos do presente regulamento, aos
transportadores rodoviários de mercadorias por conta de outrem que:
- Estejam estabelecidos nesse Estado-Membro nos termos da legislação comunitária e da legislação
desse Estado-Membro; e
- Estejam autorizados a efectuar no Estado-Membro de estabelecimento, nos termos da legislação
comunitária e da legislação desse Estado-Membro em matéria de acesso à actividade de
transportador, transportes rodoviários internacionais de mercadorias.

A licença comunitária é emitida pelas autoridades competentes do Estado-Membro de estabelecimento


por períodos renováveis que não podem exceder dez anos.

O certificado de motorista é emitido por um Estado-Membro, nos termos do presente regulamento, a


qualquer transportador que:
- Seja titular de uma licença comunitária; e
- No referido Estado-Membro, empregue legalmente um motorista que não seja nacional nem
residente de longa duração, na acepção da Directiva 2003/109/CE do Conselho, de25 de
Novembro de 2003, relativa ao estatuto dos nacionais de países terceiros residentes de longa
duração, de um Estado-Membro, ou utilize legalmente os serviços de um motorista que não seja
nacional nem residente de longa duração, na acepção da mesma directiva, de um Estado-Membro,
e que esteja ao serviço desse transportador de acordo com as condições de trabalho e formação
profissional de motoristas fixadas nesse mesmo Estado-Membro:
em disposições legais, regulamentares ou administrativas e, se for caso disso,
em convenções colectivas, de acordo com as regras aplicáveis nesse Estado-Membro.

Os transportadores rodoviários de mercadorias por conta de outrem que sejam titulares de uma licença
comunitária e cujos motoristas, quando nacionais de país terceiro, sejam titulares de certificados de
motorista, ficam autorizados, nas condições fixadas no presente capítulo, a efectuar operações de
cabotagem.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 31


Formação de motoristas de transporte mercadorias

As autorizações bilaterais, são válidas entre dois países, em função de acordos que Portugal tenha
concluído com certos países não comunitários.

As autorizações CEMT são multilaterais, permitindo livremente o transporte de mercadorias dentro do


território de todos os países que fazem parte da Conferência Europeia dos Ministros de Transportes. No
intuito de melhorar o meio ambiente, a CEMT estipulou regras de distribuição destas autorizações pelos
países membros, em função do desempenho ambiental.

Podem requerer autorizações bilaterais ou CEMT, necessárias para realizar transportes internacionais de
mercadorias de ou para países não-comunitários, as empresas titulares de licença comunitária emitida pelo
IMTT.

No caso das autorizações CEMT, os veículos a utilizar no transporte devem ser, pelo menos, EURO
1. Contudo, a partir de 1 de Janeiro de 2009, só os veículos de categorias EURO 3, 4 e 5 podem realizar
transportes a coberto destas autorizações.

Semestralmente, os transportadores deverão remeter ao IMTT os impressos descritivos respeitantes às


viagens realizadas.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 32


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.6 Obrigações da Convenção relativa ao contrato de transporte internacional de mercadorias por


estrada (CMR)

A Convenção CMR (Cargo Movement Requirement, relativa ao Contrato de Transporte Internacional de


Mercadorias por Estrada, regulamenta o transporte de bens de todos os tipos por veículos pesados de
mercadorias. É aplicável quando o local de carga dos bens e o local de descarga dos bens se encontram em
países diferentes, sendo pelo menos um dos países signatário da CMR.

A convenção é aplicável independentemente do domicílio ou nacionalidade das partes. A convenção é


válida em todos os Estados-Membros da União Europeia e em alguns outros países. Caso uma
determinada situação não esteja suficientemente regulamentada pela CMR, aplica-se o direito nacional nas
partes omissas.

Esta convenção teve como principal objectivo regular de maneira uniforme as condições do contrato de
transporte internacional de mercadorias por estrada, em particular no que diz respeito aos documentos
utilizados para este transporte e à responsabilidade do transportador.

A Convenção não se aplica:


a) Aos transportes efectuados ao abrigo de convenções postais internacionais;
b) Aos transportes funerários;
c) Aos transportes de mobiliário por mudança de domicílio.

O contrato de transporte estabelece-se por meio de uma declaração de expedição. A declaração de


expedição estabelece-se em três exemplares originais assinados pelo expedidor e pelo transportador. O
primeiro exemplar é entregue ao expedidor, o segundo acompanha a mercadoria e o terceiro fica em
poder do transportador.

Quando a mercadoria a transportar é carregada em veículos diferentes, ou quando se trata de diversas


espécies de mercadorias ou de lotes distintos, o expedidor ou o transportador têm o direito de exigir que
sejam preenchidas tantas declarações de expedição quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou
lotes de mercadorias.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 33


Formação de motoristas de transporte mercadorias

A declaração de expedição deve conter as seguintes indicações:


a) Lugar e data em que é preenchida;
b) Nome e endereço do expedidor;
c) Nome e endereço do transportador;
d) Lugar e data do carregamento da mercadoria e lugar previsto de entrega;
e) Nome e endereço do destinatário;
f) Denominação corrente da natureza da mercadoria e modo de embalagem e, quando se trate de
mercadorias perigosas, sua denominação geralmente aceite;
g) Número de volumes, marcas especiais e números;
h) Peso bruto da mercadoria ou quantidade expressa de outro modo;
i) Despesas relativas ao transporte (preço do transporte, despesas acessórias, direitos aduaneiros e
outras despesas que venham a surgir a partir da conclusão do contrato até à entrega);
j) Instruções exigidas para as formalidades aduaneiras e outras;
k) Indicação de que o transporte fica sujeito ao regime estabelecido por esta Convenção, a despeito de
qualquer cláusula em contrário.

Quando seja caso disso, a declaração de expedição deve conter também as seguintes indicações:
a) Proibição de transbordo;
b) Despesas que o expedidor toma a seu cargo;
c) Valor da quantia a receber no momento da entrega da mercadoria;
d) Valor declarado da mercadoria e quantia que representa o interesse especial na entrega;
e) Instruções do expedidor ao transportador no que se refere ao seguro da mercadoria;
f) Prazo combinado, dentro do qual deve efectuar-se o transporte;
g) Lista dos documentos entregues ao transportador.

Ao tomar conta da mercadoria, o transportador tem o dever de verificar a exactidão das indicações da
declaração de expedição acerca do número de volumes, marcas e números, bem como o estado aparente
da mercadoria e da sua embalagem.

Sugere-se a consulta integral da Convenção CMR - (anexo I)

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 34


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.7 Redacção da declaração de expedição

A declaração de expedição estabelece-se em três exemplares originais assinados pelo expedidor e pelo
transportador, podendo estas assinaturas ser impressas ou substituídas pelas chancelas do expedidor e do
transportador, se a legislação do país onde se preenche a declaração de expedição o permite.

O primeiro exemplar é entregue ao expedidor, o segundo acompanha a mercadoria e o terceiro fica em


poder do transportador.

Quando a mercadoria a transportar é carregada em veículos diferentes, ou quando se trata de diversas


espécies de mercadorias ou de lotes distintos, o expedidor ou o transportador têm o direito de exigir que
sejam preenchidas tantas declarações de expedição quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou
lotes de mercadorias.

A declaração de expedição deve conter as indicações seguintes:


a) Lugar e data em que é preenchida;
b) Nome e endereço do expedidor;
c) Nome e endereço do transportador;
d) Lugar e data do carregamento da mercadoria e lugar previsto de entrega;
e) Nome e endereço do destinatário;
f) Denominação corrente da natureza da mercadoria e modo de embalagem e, quando se trate de
mercadorias perigosas, sua denominação geralmente aceite;
g) Número de volumes, marcas especiais e números;
h) Peso bruto da mercadoria ou quantidade expressa de outro modo;
i) Despesas relativas ao transporte (preço do transporte, despesas acessórias, direitos aduaneiros e
outras despesas que venham a surgir a partir da conclusão do contrato até à entrega);
j) Instruções exigidas para as formalidades aduaneiras e outras;
k) Indicação de que o transporte fica sujeito ao regime estabelecido por esta Convenção, a despeito de
qualquer cláusula em contrário.

Quando seja caso disso, a declaração de expedição deve conter também as seguintes indicações:
a) Proibição de transbordo;
b) Despesas que o expedidor toma a seu cargo;
c) Valor da quantia a receber no momento da entrega da mercadoria;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 35


Formação de motoristas de transporte mercadorias

d) Valor declarado da mercadoria e quantia que representa o interesse especial na entrega;


e) Instruções do expedidor ao transportador no que se refere ao seguro da mercadoria;
f) Prazo combinado, dentro do qual deve efectuar-se o transporte;
g) Lista dos documentos entregues ao transportador.

As partes podem mencionar na declaração de expedição qualquer outra indicação que considerem útil.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 36


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.8 Passagem das fronteiras

O acordo de Schengen é uma convenção entre países europeus sobre uma política de livre circulação de
pessoas no espaço geográfico da Europa. São 24 nações da União Europeia (Bulgária, Roménia e Chipre
aguardam a implementação) e mais outros quatro países europeus membros da EFTA (Islândia, Noruega
e Suíça; Liechenstein aguarda implementação).

O Espaço Schengen permite a livre circulação de


pessoas dentro dos países signatários, sem a
necessidade de apresentação de passaporte nas
fronteiras. Porém, é necessário ser portador de um
documento legal como, por exemplo, o Bilhete de
Identidade. Além do mais, o Espaço Schengen não
se relaciona com a livre circulação de mercadorias
(embargos, etc.) cuja entidade mediadora é a União
Europeia e os outros membros fora do bloco
económico.

Uma típica fronteira Schengen sem nenhum posto de


controle. Na foto, fronteira entre Áustria e Alemanha.

Para as pessoas, o impacto mais visível da existência do Espaço Schengen é o facto de terem deixado de
exibir o passaporte quando atravessam as fronteiras entre os Estados Membros de Schengen. Tal não
significa, porém, que viajar no Espaço Schengen seja o mesmo que viajar dentro de um determinado
Estado Membro no que diz respeito à posse de um documento de viagem ou de identidade. A lei de cada
Estado Membro determina se uma pessoa precisa ou não de ter consigo esses documentos.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 37


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Os nacionais dos Estados Membros da União têm o direito de se deslocar para todos os outros países da
EU sem terem de cumprir quaisquer formalidades especiais. Basta serem portadores de um passaporte ou
bilhete de identidade válido. O seu direito de viajar só pode ser restringido por motivos de ordem pública,
segurança pública ou saúde pública. Deste modo, o seu direito de viajar não depende das circunstâncias
pessoais: quer seja por razões profissionais ou privadas, têm o direito de viajar para qualquer parte da
União Europeia.

Se é cidadão comunitário, já não tem de mostrar o seu passaporte ao cruzar as fronteiras entre os Estados
Membros de Schengen. Contudo, os Estados-Membros de Schengen mantiveram o direito, com base nas
respectivas legislações nacionais, de proceder a controlos de identidade nos seus territórios, no exercício
das suas funções de polícia judiciária. A legislação nacional define se o cidadão deve fazer se acompanhar
por um bilhete de identidade ou passaporte válido.

Qualquer cidadão na posse de um visto Schengen pode entrar num país e viajar livremente em todo o
Espaço Schengen, já que deixou de haver controlos nas fronteiras internas.

Se pretender visitar apenas um Estado Membro signatário de Schengen, deve pedir o visto na Embaixada
ou Consulado desse Estado Membro. Se pretender visitar diversos países do Espaço Schengen, deve pedir
o visto na Embaixada ou Consulado do país que constitui o seu destino principal. Se pretender visitar
diversos países do Espaço Schengen mas não tiver um destino principal, deve pedir o visto na Embaixada
ou Consulado do país no qual entrar em primeiro lugar.

Se alguns dos membros da sua família forem nacionais de um país terceiro, deve pedir os vistos de entrada
necessários.

Transporte internacional - TIR

Em Novembro de 1975, a Comissão Económica para Europa das Nações Unidas, promoveu a convenção
TIR (Customs Convention on the International Transporto of Goods), que rapidamente se tornou a mais
bem sucedida convenção de transportes internacionais.

Até esta data assinaram esta convenção 68 países, incluindo a Europa, norte de África, e médio Oriente.

Até hoje a convenção sofreu 28 emendas, adaptando-se às novas realidades e necessidades.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 38


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Vantagens

O objectivo da convenção é facilitar o movimento de mercadorias, harmonizando os procedimentos de


controlo alfandegário, mantendo-se a segurança e garantias.

Para o efeito, as regras não devem ser demasiado facilitadoras, nem demasiado complexas para os agentes
transportadores. É fundamental encontrar o equilíbrio entre as exigências alfandegárias e dos operadores
do transporte.

Tradicionalmente quando uma mercadoria atravessava fronteiras rodoviárias, as autoridades alfandegárias


em cada Estado aplicavam as normas e procedimentos nacionais, os quais variavam de Estado para
Estado, mas que frequentemente envolviam a inspecção da carga em cada fronteira e a imposição de
procedimentos de segurança. Estas medidas aplicadas em cada país em trânsito levavam a consideráveis
despesas e atrasos e interferência no trânsito internacional.

No sentido de se reduzir estas dificuldades dos transportadores e, ao mesmo tempo, oferecer um sistema
internacional de controlo que substituísse os tradicionais procedimentos nacionais, foi criado o sistema
TIR.

No que respeita ao controlo alfandegário, o sistema TIR tem claras vantagens para as administrações
alfandegárias, uma vez que reduz as habituais exigências transitárias. Ao mesmo tempo o sistema TIR
evita a necessidade (dispendiosa em instalações e mão-de-obra) da inspecção física nos países transitários,
pela simples verificação de selos e das condições externas do compartimento de carga ou contentor.
Também dispensa a necessidade de garantias nacionais e sistemas nacionais de documentação.

O transporte internacional passa a necessitar de um único documento de trânsito, a caderneta TIR, que
reduz o risco de se apresentar informação incorrecta ou insuficiente aos serviços alfandegários.

Em caso de dúvida, as autoridades alfandegárias têm o direito a inspeccionar as mercadorias seladas e, se


necessário, interromper o transporte TIR e/ou adoptar as medidas necessárias de acordo com a legislação
nacional. Estas situações deverão ocorrer apenas a título excepcional.

Desta forma, as autoridades conseguem reduzir procedimentos administrativos e dirigir os seus escassos
recursos humanos para medidas especiais de controlo baseadas na análise de risco e denúncias.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 39


Formação de motoristas de transporte mercadorias

As vantagens para as transportadoras são óbvias. As mercadorias podem atravessar fronteiras com
interferência mínima das autoridades alfandegárias. Desta forma há um encorajamento ao transporte
internacional. A redução do tempo de espera nas fronteiras reflecte-se numa redução dos custos.

A Convenção TIR também fornece, através da sua corrente internacional, acesso simples às necessárias
garantias, sem as quais o transporte não é possível.

Desta forma, os importadores e exportadores passam a dispor de mais escolha para o movimento da sua
mercadoria.

Princípios

A fim de garantir que a mercadoria circula com o mínimo de interferências e garantir a segurança para as
autoridades alfandegárias, a convenção TIR contém cinco requisitos básicos:

1. As mercadorias têm de ser transportadas em veículos seguros ou em contentores, garantindo-se que


não é possível o acesso à mercadoria após a selagem, ou sendo o caso, seja facilmente detectável;

2. Ao longo da viagem, as taxas em risco devem ser cobertas por garantias válidas internacionalmente;

3. As mercadorias devem ser acompanhadas por um documento (caderneta TIR) internacionalmente


aceite, aberta no país de origem e servindo de documento de controlo alfandegários nos países de
origem, trânsito e destino;

4. As medidas de controlo alfandegário têm de ser aceites em todos os países de trânsito e destino;

5. Acesso aos procedimentos TIR limitado às associações nacionais e utilizadores das cadernetas TIR,
de forma a salvaguardar o sistema de actividades fraudulentas.

Este sistema tem provado ser um sistema de trânsito alfandegário eficiente e tem vindo a desempenhar
um papel importantíssimo na simplificação das trocas de mercadorias, primeiro na Europa, mas mais
recentemente nas áreas vizinhas.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 40


Formação de motoristas de transporte mercadorias

A Caderneta TIR

A Caderneta TIR pode ser emitida no país onde o titular está


sedeado/reside ou no país de partida.

A Caderneta TIR é impressa em francês, à excepção da


página 1 (capa) onde a informação é impressa também em
inglês.

A Caderneta TIR é válida até à conclusão do transporte TIR


na alfândega de destino.

No caso de transporte em “comboio de viaturas” ou em dois


contentores numa viatura, basta apresentar uma única
Caderneta TIR

Cada Caderneta TIR pode envolver várias alfândegas na


partida e no destino, até ao limite de quatro. A Caderneta
apenas poderá ser apresentada na alfândega de destino, caso
todas as alfândegas de partida a tenham aceite.

Existem várias alfândegas de partida quando o veículo recolhe mercadoria em mais de um país ao longo
da sua viagem. Existem várias alfândegas de destino quando o veículo descarrega mercadoria em mais de
um país ao longo da sua viagem.

Quando existe apenas uma alfândega de partida e uma alfândega de destino, a Caderneta TIR tem de
possuir, pelo menos, 2 folhas para o país de origem, 2 folhas para o país de destino e 2 folhas por cada
país em trânsito. Por cada alfândega extra de partida. Será necessário acrescentar 2 folhas extra.

A Caderneta TIR tem de ser apresentada juntamente com o veículo, combinação de veículos ou de
contentores em cada alfândega de partida, de trânsito e de destino. Na última alfândega, o responsável
deverá assinar e datar a caderneta.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 41


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Não é permitido apagar ou escrever por cima de informação existente na caderneta. As correcções são
feitas cortando a informação incorrecta e acrescentando a nova informação, se necessário. As correcções
devem ser rubricadas pela pessoa que as efectuou.

Quando a legislação nacional não imponha registo dos reboques e semi-reboques, deve apresentar o n.º do
construtor em vez do n.º de chassis.

O manifesto é preenchido na língua do país de partida, excepto se as autoridades alfandegárias


autorizarem outra. As entidades alfandegárias dos países de trânsito podem exigir a tradução da
informação.

A informação do manifesto deve ser escrita à máquina ou de forma que seja facilmente legível em todas as
folhas. Folhas ilegíveis não serão aceites pelas autoridades alfandegárias.

Podem ser acrescentadas folhas separadas ao manifesto que contenham a informação necessária.

Quando a caderneta contém informação relativa a vários veículos ou contentores, a informação tem de ser
separada em conformidade.

Caso existam várias alfândegas de partida ou de chegada, deve separar-se a informação respeitante a cada
serviço alfandegário.

Todos os vouchers têm de ser assinados e datados pelo portador da caderneta ou seu agente.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 42


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.9 Transitários

Nos portos e fronteiras terrestres não há só formalidades para as mercadorias que saem ou entram nesse
país. As mercadorias que passam nesses pontos e não procedem, ou se destinam, a esse país também têm
formalidades.

Essas formalidades são chamadas de “trânsito”. Esse trânsito pode verificar-se atravessando o país,
portanto por via terrestre, ou unicamente estacionando num porto ou aeroporto. Fundamentalmente o
“trânsito” é uma entrada num país sem pagar direitos para a sua rápida saída para o estrangeiro.

Antigamente esse “trânsito” fazia-se, duma maneira geral, caucionando os direitos de entrada dessa
mercadoria, caução que era cancelada quando ela saía.

Quando as empresas ferroviárias fizeram combinações, ou acordos de tarifas, de forma a evitar


reexpedições, podendo utilizar-se um único contrato de transporte para todo o percurso iniciou-se esta
modalidade entre países limítrofes.

Quando se pretendeu estender esta modalidade a um outro país começaram a surgir as dificuldades para a
travessia do país que estava de permeio. Então o expedidor tinha que socorrer-se de alguém que, na
fronteira de entrada nesse país a ser atravessado, se ocupasse dessas formalidades e prestasse a caução dos
direitos. No ponto de saída desse país outras formalidades haviam a cumprir. Como se resolveu este
problema?

Pois bem as empresas ferroviárias dos diversos países fizeram uma convenção internacional, reconhecida
pelos seus respectivos países, que não só as ligava perante o expedidor, por um único contrato de
transporte, mas também eram elas que, com determinadas medidas de segurança e garantias, asseguravam
o seguimento das remessas sem retenção.

Passou a fazer-se, mais tarde, o atravessamento dos países, no tráfego ferroviário, ao abrigo de uma
convenção internacional – TIF – baseada numa outra convenção internacional relativa ao transporte de
mercadorias por Caminho-de-ferro – CIM.

Mais tarde, por estrada, o trânsito processava-se da mesma forma com caução dos direitos.
Posteriormente esse trânsito na Europa fez-se também ao abrigo de Convenções Internacionais:

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 43


Formação de motoristas de transporte mercadorias

 T.I.R. – Convenção relativa ao transporte internacional de mercadorias a coberto de “Caderneta


TIR”;
 Convenção aduaneira sobre a Importação Temporária de veículos rodoviários comerciais;
 Convenção relativa ao contrato de transporte internacional de mercadorias por estrada – CMR.

A ACTIVIDADE TRANSITÁRIA

A actuação dos transitários como consultores, coordenadores e/ou promotores de transportes


internacionais reveste-se de uma alta importância, principalmente nas circunstâncias actuais em que a
crescente diversidade dos meios e modalidades de transporte e das formalidades e operações inerentes à
movimentação internacional de mercadorias se torna cada vez maior.

Na verdade os estudos teóricos que possam aconselhar determinadas opções têm de ser confirmados e
corrigidos pelas experiências vividas em abundantes casos anteriores e assegurados com a disponibilidade
de adequados meios de acção - humanos, materiais e de organização - que realisticamente conduzam à
solução mais conveniente para o Exportador ou Importador português, dentro do contexto da Economia
Nacional, em que, necessariamente, tem que se inserir.

Aliás, a adesão de Portugal à EU implica existência de estruturas e know how ao nível dos restantes
membros daquela união.

Daí que as funções desempenhadas pelos Transitários sejam imprescindíveis ao Comércio Internacional, e
efectivamente se traduzam num precioso apoio, não apenas aos Transportadores, Seguradores, Entidades
Portuárias e Aduaneiras dos diversos países, mas também, e principalmente, aos Importadores,
Exportadores e Agentes Comerciais que pretendam projectar para além das fronteiras o exercício ou o
objecto das suas actividades.

E não é por mero acaso que os países em que o número de Transitários, relativamente às outras
especialidades profissionais, é proporcionalmente maior são justamente aqueles em são mais
desenvolvidas, mais agressivas e mais eficientes as actividades ligadas ao Comércio Internacional.

A actividade do Transitário reveste-se da maior importância e complexidade, não apenas como serviço
especializado e autónomo, mas como poderoso suporte e insubstituível estímulo dos ramos da Economia
do país directa ou indirectamente dependentes ou relacionados com o Comércio Internacional.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 44


Formação de motoristas de transporte mercadorias

A actividade transitária é uma função legal como mandatários prevista no Código Comercial, sendo
considerada uma missão de confiança. Além disso esta função encontra-se também regulamentada pelas
Condições Gerais de Prestação destes Serviços da Associação Portuguesa dos Agentes Transitários
(APTA) e pela Federação Internacional (FIATA).

É nesta regulamentação que vamos encontrar o conceito de Transitário - por outras palavras:

Transitário é a entidade a quem são confiadas, por um terceiro, mercadorias para se ocupar da recepção,
da manutenção, do armazenamento, da reexpedição, do contrato de frete para expedição, seja na
exportação, seja na importação (segundo o caso) e, perante o qual terceiro, que é o Cliente, o Transitário
responde pela boa conservação da mercadoria por todo o tempo em que tem a mercadoria à sua guarda
ou sob sua gestão.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 45


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1.10 Documentos especiais de acompanhamento da mercadoria

A Guia de Transporte é o documento legal emitido pelo transportador para acompanhar a mercadoria
durante o transporte em território português.

A Guia de Transporte assume no nosso ordenamento jurídico uma dupla função CONTRATUAL
(expressa as condições do contrato de transporte celebrado entre Transportador e Expedidor,) e
FISCALIZADORA (Fiscalizadora - permite facilitar a actividade de fiscalização quanto ao cumprimento
das regras de acesso e organização de mercado)

Documentos sobre Transporte Internacional

Os principais documentos utilizados no transporte rodoviário internacional (intra e extracomunitário) são:

“Declaração de Expedição”, “Carta de Porte Rodoviário CMR/TIR” ou “CMR” (“Convention Relative


au Contrat de Transport International de Marchandise par Route”) – é o documento comprovativo do
contrato de transporte rodoviário entre o transportador e a empresa e regula o transporte internacional
rodoviário entre dois países desde que, pelo menos um deles tenha ratificado a Convenção CMR.
Evidencia as instruções fornecidas ao transportador e tem que acompanhar o envio da mercadoria.

Nas relações entre os transitários e os seus clientes utilizam-se os seguintes documentos:


• FBL (“Forwarder Bill of Lading”) ou “Conhecimento Particular do Transitário” – é o documento
que comprova o contrato de transporte entre o transitário e o seu cliente relativamente aos
tráfegos de “grupagem” que utilizam mais de um modo de transporte.
• FCR (“Forwarder Certificate of Receipt”) ou “Certificado de Recepção do Transitário” – é o
documento emitido pelo transitário a pedido do seu cliente que atesta que o primeiro recebeu do
segundo uma determinada mercadoria destinada a envio internacional e que, simultaneamente,
recebeu ordens irrevogáveis deste para a fazer chegar a um destinatário identificado nesse
documento ou de a ter à disposição desse destinatário.
É um documento muito importante, na medida em que permite ao seu detentor (a empresa)
negociar o “crédito documentário” aberto num banco pelo destinatário da mercadoria a seu favor.
• FCT (“Forwarder Certificate of Transport”) ou “Certificado de Transporte do Transitário” – é o
documento de transporte emitido pelo transitário ao seu cliente, no que concerne a cargas de

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 46


Formação de motoristas de transporte mercadorias

“grupagem” que utilizem um só modo de transporte. É emitido antes de o transitário celebrar o


contrato de transporte da unidade completa com o transportador efectivo da mercadoria.

Existe uma Convenção de Transporte Multimodal (“United Nations Convention on International


Multimodal Transport of Goods”), de 24 de Maio de 1980, que prevê uma responsabilidade única para
toda a cadeia de transporte, através do recurso a um só documento a utilizar em todos os “modos”.
Contudo, esta Convenção ainda não está em vigor no ordenamento jurídico internacional pois carece das
necessárias ratificações. Assim, continua a ser aplicada a regra de cada “modo” de transporte, quer a nível
de documentos necessários, quer no que respeita à responsabilidade inerente.

Na medida em que hoje, naturalmente, não existem transportes “unimodais”, sendo o recurso a vários
“modos” (transporte combinado) muito utilizado, já existe um conjunto de regras uniformes e
consensualmente aceites a nível internacional aplicáveis a esta situação para suprir a lacuna da falta de
Convenção e embora sem a sua força vinculativa. Estas regras foram aprovadas pela Câmara de Comércio
Internacional (CCI), representada em Portugal pela Delegação Portuguesa da CCI e pela Associação
Comercial de Lisboa.

O documento a utilizar nestes casos, chamado “FIATA FDL” ou “Conhecimento de Embarque


Multimodal”, regula o transporte internacional em regime “multimodal” organizado sob a
responsabilidade de transitários que pertençam à FIATA (Federação Internacional de Transitários), cujo
membro português é a APAT – Associação de Transitários de Portugal e cujas coordenadas constam dos
Contactos Úteis deste documento.

A Associação dos Transitários de Portugal recomenda moderação na emissão deste documento por
envolver um substancial acréscimo de responsabilidades para as quais, nem sempre os transitários dispõem
de seguros adequados.

Outros Documentos

Naturalmente que outros documentos poderão ser necessários:


• Apólice de Frete – contrato de transporte marítimo no âmbito de um regime de contratação livre
cuja finalidade é o transporte de grandes volumes de mercadoria em navios completos.
• Apólice de Seguro – Contrato de Seguro mediante o qual, a empresa seguradora se obriga, contra
cobrança de um prémio, a indemnizar um dano sofrido pelo segurado ou a satisfazer um capital,
renda ou outras prestações convencionadas.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 47


Formação de motoristas de transporte mercadorias

De referir, neste contexto, que se o exportador solicitar ao transitário que este se encarregue de contratar
os seguros marítimos, terrestres e aéreos dos produtos, esse serviço será prestado, eventualmente até em
condições mais vantajosas do que se o exportador recorrer a uma companhia de seguros, por si próprio.
De facto, muitos transitários dispõem de “apólices flutuantes”, o que, frequentemente, lhes permite a
obtenção de condições mais favoráveis junto destas entidades.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 48


Formação de motoristas de transporte mercadorias

ANEXO I

CONVENÇÃO RELATIVA AO CONTRATO DE TRANSPORTE INTERNACIONAL


DE MERCADORIAS POR ESTRADA(CMR)

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 49


Formação de motoristas de transporte mercadorias

CONVENÇÃO RELATIVA AO CONTRATO DE TRANSPORTE INTERNACIONAL


DE MERCADORIAS POR ESTRADA(CMR)

(assinada em 19 de Maio de 1956 em Geneve - aprovada em Portugal pelo Decreto Lei nº 46 235, de 18
de Março de 1965, entrou em vigor em 21 de Dezembro de 1969 - Aviso da Direcção Geral dos Negócios
Económicos, DG nº 129, 2º Série de 03.06.1970 - e foi objecto de alteração através do Protocolo de
Emenda, aprovado pelo Decreto nº 28/88, de 6 de Setembro)

Preâmbulo

As Partes Contratantes, tendo reconhecido a utilidade de regular de maneira uniforme as condições do


contrato de transporte internacional de mercadorias por estrada, em particular no que diz respeito aos
documentos utilizados para este transporte e à responsabilidade do transportador, convencionaram o
seguinte:

CAPÍTULO I
(Âmbito de Aplicação)
Artigo 1º
1. A presente convenção aplica-se a todos os contratos de transporte de mercadorias por estrada a título
oneroso por meio de veículos, quando o lugar do carregamento da mercadoria e o lugar da entrega
previsto, tais como são indicados no contrato, estão situados em dois países diferentes, sendo um destes,
pelo menos, país contratante e independentemente do domicílio e nacionalidade das partes.
2. Para a aplicação da presente Convenção, devem entender-se por “veículos” os automóveis, os veículos
articulados, os reboques e semi-reboques, tais como estão definidos pelo artigo 4 da Convenção da
circulação rodoviária de 19 de Setembro de 1949.
3. A presente Convenção também se aplica quando os transportes abrangidos pelo seu âmbito de
aplicação são efectuados por Estados ou por instituições ou organizações governamentais.
4. A presente Convenção não se aplica:
a) Aos transportes efectuados ao abrigo de convenções postais internacionais;
b) Aos transportes funerários;
c) Aos transportes de mobiliário por mudança de domicílio.
5. As Partes Contratantes comprometem-se a não fazer nenhuma modificação à presente Convenção, por
meio de acordos particulares estabelecidos entre duas ou mais delas, salvo para a tornar inaplicável ao seu

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 50


Formação de motoristas de transporte mercadorias

tráfego fronteiriço ou para autorizar a utilização, nos transportes efectuados inteiramente dentro do seu
território, da declaração de expedição representativa da mercadoria.

Artigo 2º
1. Se o veículo que contém as mercadorias for transportado, em parte do percurso, por mar, caminho de
ferro, via navegável interior ou pelo ar e as mercadorias, salvo se forem aplicáveis as disposições do artigo
14, dele não forem descarregadas, a presente Convenção aplicar-se-á, no entanto, ao conjunto do
transporte. Todavia, na medida em que se provar que qualquer perda, avaria ou demora de entrega da
mercadoria, que tenham ocorrido durante o transporte por qualquer via que não seja a estrada, não foi
causada por qualquer acto ou omissão do transportador rodoviário, e provém de facto que só pode dar-se
durante e em virtude do transporte não rodoviário, a responsabilidade do transportador rodoviário será
determinada, não pela presente Convenção, mas sim pela forma como a responsabilidade do
transportador não rodoviário teria sido determinada se se tivesse firmado um contrato de transporte entre
o expedidor e o transportador não rodoviário apenas para o transporte da mercadoria em conformidade
com as disposições imperativas da lei relativa ao transporte de mercadorias por outra via de transporte que
não seja a estrada. Contudo, na falta de tais disposições, a responsabilidade do transportador rodoviário
será determinada pela presente Convenção.
2. Se o transportador rodoviário for ao mesmo tempo o transportador não rodoviário, a sua
responsabilidade será também determinada pelo parágrafo 1, como se a sua função de transportador
rodoviário e a de transportador não rodoviário fossem exercidas por duas pessoas diferentes.

CAPÍTULO II
(Pessoas pelas quais o transportador é responsável)
Artigo 3º
Para a aplicação da presente Convenção, o transportador responde, como se fossem cometidos por ele
próprio, pelos actos e omissões dos seus agentes e de todas as outras pessoas a cujos serviços recorre para
a execução do transporte, quando esses agentes ou essas pessoas actuam no exercício das suas funções.

CAPÍTULO III
(Conclusão e execução do contrato de transporte)
Artigo 4º
O contrato de transporte estabelece-se por meio de uma declaração de expedição. A falta, irregularidade
ou perda da declaração de expedição não prejudicam nem a existência nem a validade do contrato de
transporte, que continua sujeito às disposições da presente Convenção.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 51


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Artigo 5º
1. A declaração de expedição estabelece-se em três exemplares originais assinados pelo expedidor e pelo
transportador, podendo estas assinaturas ser impressas ou substituídas pelas chancelas do expedidor e do
transportador, se a legislação do país onde se preenche a declaração de expedição o permite. O primeiro
exemplar é entregue ao expedidor, o segundo acompanha a mercadoria e o terceiro fica em poder do
transportador.
2. Quando a mercadoria a transportar é carregada em veículos diferentes, ou quando se trata de diversas
espécies de mercadorias ou de lotes distintos, o expedidor ou o transportador têm o direito de exigir que
sejam preenchidas tantas declarações de expedição quantos os veículos a utilizar ou quantas as espécies ou
lotes de mercadorias.

Artigo 6º
1. A declaração de expedição deve conter as indicações seguintes:
a) Lugar e data em que é preenchida;
b) Nome e endereço do expedidor;
c) Nome e endereço do transportador;
d) Lugar e data do carregamento da mercadoria e lugar previsto de entrega;
e) Nome e endereço do destinatário;
f) Denominação corrente da natureza da mercadoria e modo de embalagem e, quando se trate de
mercadorias perigosas, sua denominação geralmente aceite;
g) Número de volumes, marcas especiais e números;
h) Peso bruto da mercadoria ou quantidade expressa de outro modo;
i) Despesas relativas ao transporte (preço do transporte, despesas acessórias, direitos aduaneiros e
outras despesas que venham a surgir a partir da conclusão do contrato até à entrega);
j) Instruções exigidas para as formalidades aduaneiras e outras;
k) Indicação de que o transporte fica sujeito ao regime estabelecido por esta Convenção, a despeito de
qualquer cláusula em contrário.
2. Quando seja caso disso, a declaração de expedição deve conter também as seguintes indicações:
a) Proibição de transbordo;
b) Despesas que o expedidor toma a seu cargo;
c) Valor da quantia a receber no momento da entrega da mercadoria;
d) Valor declarado da mercadoria e quantia que representa o interesse especial na entrega;
e) Instruções do expedidor ao transportador no que se refere ao seguro da mercadoria;
f) Prazo combinado, dentro do qual deve efectuar-se o transporte;
g) Lista dos documentos entregues ao transportador.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 52


Formação de motoristas de transporte mercadorias

3. As partes podem mencionar na declaração de expedição qualquer outra indicação que considerem útil.

Artigo 7º
1. O expedidor responde por todas as despesas, perdas e danos que o transportador sofra em virtude da
inexactidão ou insuficiência:
a) Das indicações mencionadas no artigo 6, parágrafo 1, b), d), e), f), g), h) e j);
b) Das indicações mencionadas no artigo 6, parágrafo 2;
c) De quaisquer outras indicações ou instruções que dê para o preenchimento da declaração de
expedição ou para incluir nesta.
2. Se o transportador, a pedido do expedidor, inscrever na declaração de expedição as indicações
mencionadas no parágrafo 1 do presente artigo, considerar-se-á, até prova em contrário, que actua em
nome do expedidor.
3. Se a declaração de expedição não contiver a menção prevista no artigo 6, parágrafo 1, k, o transportador
será responsável por todas as despesas, perdas e danos sofridos pela pessoa que tem direito à mercadoria
em virtude desta omissão.

Artigo 8º
1. Ao tomar conta da mercadoria, o transportador tem o dever de verificar:
a) A exactidão das indicações da declaração de expedição acerca do número de volumes, marcas e
números;
b) O estado aparente da mercadoria e da sua embalagem.
2. Se o transportador não tiver meios razoáveis de verificar a exactidão das indicações mencionadas no
parágrafo 1, a), do presente artigo, inscreverá na declaração de expedição reservas que devem ser
fundamentadas. Do mesmo modo, deverá fundamentar todas as reservas que fizer acerca do estado
aparente da mercadoria e da sua embalagem. Estas reservas não obrigam o expedidor se este as não tiver
aceitado expressamente na declaração de expedição.
3. O expedidor tem o direito de exigir que o transportador verifique o peso bruto da mercadoria ou sua
quantidade expressa de outro modo. Pode também exigir a verificação do conteúdo dos volumes. O
transportador pode reclamar o pagamento das despesas de verificação. O resultado das verificações será
mencionado na declaração de expedição.

Artigo 9º
1. A declaração de expedição, até prova em contrário, faz fé das condições do contrato e da recepção da
mercadoria pelo transportador.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 53


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2. Na falta de indicações de reservas motivadas do transportador na declaração de expedição, presume-se


que a mercadoria e embalagem estavam em bom estado aparente no momento em que o transportador as
tomou a seu cargo, e que o número de volumes, as marcas e os números estavam em conformidade com
as indicações da declaração de expedição.

Artigo 10º
O expedidor é responsável para com o transportador por danos a pessoas, material ou outras mercadorias,
assim como por despesas originadas por defeito da embalagem da mercadoria, a não ser que o
transportador, sendo o defeito aparente ou tendo conhecimento dele no momento em que se tornou
conta da mercadoria, não tenha feito reservas a seu respeito.

Artigo 11º
1. Para o cumprimento das formalidades aduaneiras e outras a observar até à entrega da mercadoria, o
expedidor deve juntar à declaração de expedição, ou pôr à disposição do transportador, os documentos
necessários e prestar-lhe todas as informações pedidas.
2. O transportador não tem obrigação de verificar se esses documentos e informações são exactos ou
suficientes. O expedidor é responsável para com o transportador por todos os danos que resultem da falta,
insuficiência ou irregularidade desses documentos e informações, salvo no caso de falta do transportador.
3. O transportador é responsável como se fosse agente pelas consequências da perda ou da utilização
inexacta dos documentos mencionados na declaração de expedição e que a acompanhem ou lhe sejam
entregues; no entanto, a indemnização a que fica obrigado não será superior à que seria devida no caso
de perda da mercadoria.

Artigo 12º
1. O expedidor tem o direito de dispor da mercadoria, em especial pedindo ao transportador que suspenda
o transporte desta, de modificar o lugar previsto para a entrega e de entregar a mercadoria a um
destinatário diferente do indicado na declaração de expedição.
2. Este direito cessa quando o segundo exemplar da declaração de expedição é entregue ao destinatário ou
este faz valer o direito previsto no artigo 13º, parágrafo 1; a partir desse momento o transportador tem de
conformar-se com as ordens do destinatário.
3. O direito de disposição pertence, todavia, ao destinatário a partir do preenchimento da declaração de
expedição se o expedidor inscrever tal indicação na referida nota.
4. Se o destinatário, no exercício do seu direito de disposição, ordenar a entrega da mercadoria a outra
pessoa, esta não poderá designar outros destinatários. 5. O exercício do direito de disposição fica sujeito às
seguintes condições:

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 54


Formação de motoristas de transporte mercadorias

a) O expedidor, ou, no caso mencionado no parágrafo 3 do presente artigo, o destinatário que quiser
exercer este direito, tem de apresentar o primeiro exemplar da declaração de expedição, no qual
devem estar inscritas as novas instruções dadas ao transportador e de indemnizar o transportador
pelas despesas e pelo prejuízo causado pela execução destas instruções;
b) Esta execução deve ser possível no momento em que as instruções chegam à pessoa que deve
executá-las, e não deve dificultar a exploração normal da empresa do transportador, nem prejudicar
os expedidores ou destinatários de outras remessas;
c) As instruções nunca devem provocar a divisão da remessa.
6. Quando o transportador, em virtude das disposições indicadas no parágrafo 5, b), do presente artigo,
não puder executar as instruções que receber, deve avisar imediatamente disso a pessoa que deu essas
instruções.
7. O transportador que não executar as instruções dadas nas condições previstas no presente artigo, ou
que se tenha conformado com essas instruções sem ter exigido a apresentação do primeiro exemplar da
declaração de expedição, será responsável perante o interessado pelo prejuízo causado por esse facto.

Artigo 13º
1. Depois da chegada da mercadoria ao lugar previsto para a entrega, o destinatário tem o direito de pedir
que o segundo exemplar da declaração de expedição e a mercadoria lhe sejam entregues, tudo contra o
documento de recepção. Se se verifica perda da mercadoria, ou se esta não chegou até ao termo do prazo
previsto no artigo 19º, o destinatário fica autorizado a fazer valer em seu próprio nome, para com o
transportador, os direitos que resultam do contrato de transporte.
2. O destinatário que usa dos direitos que lhe são conferidos nos termos do parágrafo 1 do presente artigo
é obrigado a pagar o valor dos créditos resultantes da declaração de expedição. Em caso de contestação a
este respeito, o transportador só é obrigado a efectuar a entrega da mercadoria se o destinatário lhe prestar
uma caução.

Artigo 14º
1. Se por qualquer motivo a execução do contrato nas condições previstas na declaração de expedição é ou
se torna impossível antes da chegada da mercadoria ao lugar previsto para a entrega, o transportador tem
de pedir instruções à pessoa que tem o direito de dispor da mercadoria em conformidade com o artigo
12º.
2. No entanto, se as circunstâncias permitirem a execução do transporte em condições diferentes das
previstas na declaração de expedição e se o transportador não pode obter a tempo as instruções da pessoa
que tem o direito de dispor da mercadoria em conformidade com o artigo 12, tomará as medidas que se
lhe afigurarem melhores para o interesse da pessoa que tem o direito de dispor da mercadoria.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 55


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Artigo 15º
1. Quando houver impedimentos à entrega, depois da chegada da mercadoria ao lugar de destino, o
transportador pedirá instruções ao expedidor. Se o destinatário recusar a mercadoria, o expedidor terá o
direito de dispor desta sem ter de apresentar o primeiro exemplar da declaração de expedição.
2. Mesmo que tenha recusado a mercadoria, o destinatário pode sempre pedir a entrega desta, enquanto o
transportador não tiver recebido instruções em contrário do expedidor.
3. Se o impedimento à entrega surgir depois de o destinatário ter dado ordem de entregar a mercadoria a
outra pessoa, em conformidade com o direito que lhe cabe em virtude do artigo 12, parágrafo 3, o
destinatário substitui o expedidor e a referida outra pessoa substitui o destinatário para a aplicação dos
parágrafos 1 e 2 acima.

Artigo 16º
1. O transportador tem direito ao reembolso das despesas que lhe causar o pedido de instruções ou a
execução destas, a não ser que estas despesas sejam consequência da falta sua.
2. Nos casos previstos no artigo 14º, parágrafo 1, e no artigo 15º, o transportador pode descarregar
imediatamente a mercadoria por conta do interessado; depois da descarga, o transporte considera-se
terminado. O transportador passa então a ter a mercadoria à sua guarda. Pode, no entanto, confiar a
mercadoria a um terceiro e então só é responsável pela escolha judiciosa desse terceiro. A mercadoria
continua onerada com os créditos resultantes da declaração de expedição e de todas as outras despesas.
3. O transportador pode promover a venda da mercadoria sem esperar instruções do interessado, quando
a natureza deteriorável ou o estado da mercadoria o justifiquem ou quando as despesas de guarda estão
desproporcionadas com o valor da mercadoria. Nos outros casos, pode também promover a venda
quando não tenha recebido do interessado, em prazo razoável, instruções em contrário cuja execução
possa ser equitativamente exigida.
4. Se a mercadoria tiver sido vendida segundo este artigo, o produto da venda deve ser posto à disposição
do interessado, depois de deduzidas as despesas que onerem a mercadoria. Se estas despesas forem
superiores ao produto da venda, o transportador tem direito à diferença.
5. A maneira de proceder em caso de venda é determinada pela lei ou pelos usos do lugar onde se
encontrar a mercadoria.

CAPÍTULO IV
(Responsabilidade do transportador)
Artigo 17º

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 56


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1. O transportador é responsável pela perda total ou parcial, ou pela avaria que se produzir entre o
momento do carregamento da mercadoria e o da entrega, assim como pela demora na entrega.
2. O transportador fica desobrigado desta responsabilidade se a perda, avaria ou demora teve por causa
uma falta do interessado, uma ordem deste que não resulte de falta do transportador, um vício próprio da
mercadoria, ou circunstâncias que o transportador não podia evitar e a cujas consequências não podia
obviar.
3. O transportador não pode alegar, para se desobrigar da sua responsabilidade, nem defeitos do veículo
de que se serve para efectuar o transporte, nem faltas da pessoa a quem alugou o veículo ou dos agentes
desta.
4. Tendo em conta o artigo 18º, parágrafos 2 a 5, o transportador fica isento da sua responsabilidade
quando a perda ou avaria resultar dos riscos particulares inerentes a um ou mais dos factos seguintes:
a) Uso de veículos abertos e não cobertos com encerado, quando este uso foi ajustado de maneira
expressa e mencionado na declaração de expedição;
b) Falta ou defeito da embalagem quanto às mercadorias que, pela sua natureza, estão sujeitas a perdas
ou avarias quando não estão embaladas ou são mal embaladas;
c) Manutenção, carga, arrumação ou descarga da mercadoria pelo expedidor ou pelo destinatário ou
por pessoas que actuem por conta do expedidor ou do destinatário;
d) Natureza de certas mercadorias, sujeitas, por causas inerentes a essa própria natureza, quer a perda
total ou parcial, quer a avaria, especialmente por fractura, ferrugem, deterioração interna e
espontânea, secagem, derramamento, quebra normal ou acção de bicharia e dos roedores;
e) Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos números dos volumes;
f) Transporte de animais vivos.
5. Se o transportador, por virtude do presente artigo, não responder por alguns dos factores que causaram
o estrago, a sua responsabilidade só fica envolvida na proporção em que tiverem contribuído para o
estrago os factores pelos quais responde em virtude do presente artigo.

Artigo 18º
1. Compete ao transportador fazer prova de que a perda, avaria ou demora teve por causa um dos factos
previstos no artigo 17º, parágrafo 2.
2. Quando o transportador provar que a perda ou avaria, tendo em conta as circunstâncias de facto,
resultou de um ou mais dos riscos particulares previstos no artigo 17º, parágrafo 4, haverá presunção de
que aquela resultou destes. O interessado poderá, no entanto, provar que o prejuízo não teve por causa
total ou parcial um desses riscos.
3. A presunção acima referida não é aplicável no caso previsto no artigo 17º, parágrafo 4, a), se houver
falta de uma importância anormal ou perda de volume.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 57


Formação de motoristas de transporte mercadorias

4. Se o transporte for efectuado por meio de um veículo equipado de maneira a subtrair as mercadorias à
influência do calor, frio, variações de temperatura ou humidade do ar, o transportador não poderá invocar
o benefício do artigo 17º, parágrafo 4, d), a não ser que apresente prova de que, tendo em conta as
circunstâncias, foram tomadas todas as medidas que lhe competiam quanto à escolha, manutenção e uso
daqueles equipamentos e que acatou as instruções especiais que lhe tiverem sido dadas.
5. O transportador só poderá invocar o benefício do artigo 17º, parágrafo 4, f), se apresentar prova de que,
tendo em conta as circunstâncias, foram tomadas todas as medidas que normalmente lhe competiam e
acatou as instruções especiais que lhe possam ter sido dadas.

Artigo 19º
Há demora na entrega quando a mercadoria não foi entregue no prazo convencionado, ou, se não foi
convencionado prazo, quando a duração efectiva do transporte, tendo em conta as circunstâncias, e em
especial, no caso de um carregamento parcial, o tempo necessário para juntar um carregamento completo
em condições normais, ultrapassar o tempo que é razoável atribuir a transportes diligentes.

Artigo 20º
1. O interessado, sem ter de apresentar outras provas, poderá considerar a mercadoria como perdida
quando esta não tiver sido entregue dentro dos 30 dias seguintes ao termo do prazo convencionado, ou, se
não foi convencionado prazo, dentro dos 60 dias seguintes à entrega da mercadoria ao cuidado do
transportador.
2. O interessado, ao receber o pagamento da indemnização pela mercadoria perdida, poderá pedir por
escrito que seja avisado imediatamente se a mercadoria aparecer no decurso do ano seguinte ao
pagamento da indemnização. Ser-lhe-á acusada por escrito a recepção desse pedido.
3. Dentro dos 30 dias seguintes à recepção desse aviso, o interessado poderá exigir que a mercadoria lhe
seja entregue contra pagamento dos créditos resultantes da declaração de expedição e contra a restituição
da indemnização que recebeu, sendo eventualmente deduzidas as despesas incluídas nessa indemnização, e
com reserva de todos os direitos a indemnização por demora na entrega prevista no artigo 23, e, se for
caso disso, no artigo 26.
4. Na falta quer do pedido previsto no parágrafo 2, quer de instruções dadas no prazo de 30 dias previsto
no parágrafo 3, ou ainda no caso de a mercadoria dó aparecer depois de mais de um ano após o
pagamento da indemnização, o transportador disporá dela em conformidade com a lei do lugar onde se
encontra a mercadoria.

Artigo 21º

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 58


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Se a mercadoria for entregue ao destinatário sem cobrança do reembolso que deveria ter sido percebido
pelo transportador em virtude das disposições do contrato de transporte, o transportador tem de
indemnizar o expedidor até ao valor do reembolso, salvo se proceder contra o destinatário.

Artigo 22º
1. Se o expedidor entregar ao transportador mercadorias perigosas, assinar-lhe-á a natureza exacta do
perigo que estas apresentam e indicar-lhe-á eventualmente as precauções a tomar. No caso de este aviso
não ser mencionado na declaração de expedição, competirá ao expedidor ou ao destinatário apresentar
prova, por quaisquer outros meios, de que o transportador teve conhecimento da natureza exacta do
perigo que apresentava o transporte das referidas mercadorias.
2. As mercadorias perigosas, de cujo perigo o transportador não tenha tido conhecimento nas condições
previstas no parágrafo 1 do presente artigo, podem ser descarregadas, destruídas ou tornadas inofensivas
pelo transportador, em qualquer momento e lugar, sem nenhuma indemnização; o expedidor, além disso,
será responsável por todas as despesas e prejuízos resultantes de terem sido entregues para transporte ou
do seu transporte.

Artigo 23º
1. Quando for debitada ao transportador uma indemnização por perda total ou parcial da mercadoria, em
virtude das disposições da presente Convenção, essa indemnização será calculada segundo o valor da
mercadoria no lugar e época em que for aceite para transporte.
2. O valor da mercadoria será determinado pela cotação na bolsa, ou, na falta desta, pelo preço corrente
no mercado, ou, na falta de ambas, pelo valor usual das mercadorias da mesma natureza e qualidade.
3. (na redacção dada pelo Protocolo de Emenda) A indemnização não poderá, porém, ultrapassar 8,33 unidades
de conta por quilograma de peso bruto em falta.
4. Além disso, serão reembolsados o preço do transporte, os direitos aduaneiros e as outras despesas
provenientes do transporte da mercadoria, na totalidade no caso de perda total e em proporção no caso de
perda parcial; não serão devidas outras indemnizações de perdas e danos.
5. No caso de demora, se o interessado provar que disso resultou prejuízo, o transportador terá de pagar
por esse prejuízo uma indemnização que não poderá ultrapassar o preço do transporte.
6. Só poderão exigir-se indemnizações mais elevadas no caso de declaração do valor da mercadoria ou de
declaração de juro especial na entrega, em conformidade com os artigos 24 e 26.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 59


Formação de motoristas de transporte mercadorias

7. (nº aditado pelo Protocolo de Emenda) A unidade de conta referida na presente Convenção é o direito de
saque especial, tal como definido pelo Fundo Monetário Internacional. O montante a que se refere o nº 3
do presente artigo é convertido na moeda nacional do Estado onde se situe o tribunal encarregado da
resolução do litígio com base no valor dessa moeda à data do julgamento ou numa data adoptada de
comum acordo pelas partes. O valor, em direito de saque especial, da moeda nacional de um Estado que
seja membro do Fundo Monetário Internacional é calculado segundo o método de avaliação que o Fundo
Monetário Internacional esteja à data a aplicar nas suas próprias operações e transacções. O valor, em
direito de saque especial, da moeda nacional de um Estado que não seja membro do Fundo Monetário
Internacional é calculado da forma determinada por esse mesmo Estado.
8. (nº aditado pelo Protocolo de Emenda) Todavia, um Estado que não seja membro do Fundo Monetário
Internacional e cuja legislação não permita que sejam aplicadas as disposições do nº 7 do presente artigo
poderá, no momento da ratificação do Protocolo à CMR ou da adesão ao mesmo, ou em qualquer
momento ulterior, declarar que fixa em 25 unidades monetárias o limite da responsabilidade prevista no nº
3 do presente artigo e aplicável no seu território. A unidade monetária referida no presente número
corresponde a 10/31 gramas de ouro ao título de 0,900 de finura. A conversão em moeda nacional do
montante indicado no presente número efectuar-se-á em conformidade com a legislação do Estado em
questão.
9. (nº aditado pelo Protocolo de Emenda) O cálculo referido no último período do nº 7, bem como a conversão
referida no nº 8 do presente artigo, deverão ser efectuados de modo a expressarem em moeda nacional do
Estado, tanto quanto possível, o mesmo valor real que o expresso em unidades de conta no nº 3 do
presente artigo. Aquando do depósito de qualquer instrumento nos termos do artigo 3º do Protocolo à
CMR e sempre que ocorra uma modificação nos seus métodos de cálculo ou no valor da sua moeda
nacional relativamente à unidade de conta ou à unidade monetária, os Estados deverão comunicar ao
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas no seu método de cálculo, em conformidade com o
nº 7 do presente artigo, ou os resultados da conversão, em conformidade com o nº 8 do presente artigo,
consoante os casos.

Artigo 24º
O expedidor poderá mencionar na declaração de expedição, contra pagamento de um suplemento de
preço a convencionar, um valor da mercadoria que exceda o limite mencionado no parágrafo 3 do artigo
23º, e nesse caso o valor declarado substitui esse limite.

Artigo 25º
1. Em caso de avaria, o transportador paga o valor da depreciação calculada segundo o valor da
mercadoria determinado em conformidade com o artigo 23º, parágrafos 1, 2 e 4.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 60


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2. No entanto, a indemnização não poderá ultrapassar:


a) O valor que atingira no caso de perda total, se toda a expedição se depreciou com a avaria;
b) O valor que atingiria no caso de perda da parte depreciada, se apenas parte da expedição se
depreciou com a avaria.

Artigo 26º
1. O expedidor pode fixar, mencionando-o na declaração de expedição e contra pagamento de um
suplemento de preço a convencionar, o valor de um juro especial na entrega para o caso de perda ou
avaria e para o de ultrapassagem do prazo convencionado.
2. Se houver declaração de juro da especial na especial na entrega, pode ser exigida, independentemente
das indemnizações previstas nos artigos 23º, 24º e 25º e até ao valor do juro declarado, uma indemnização
igual ao dano suplementar de que seja apresentada prova.

Artigo 27º
1. O interessado pode pedir os juros da indemnização. Estes juros, calculados à taxa de 5 por cento ao
ano, contam-se desde o dia em que a reclamação for dirigida por escrito ao transportador, ou, se não
houve reclamação, desde o dia em que intentou acção judicial.
2. Quando os elementos que servem de base para o cálculo da indemnização não são expressos na moeda
do país onde é exigido o pagamento, a conversão é feita pela cotação do dia e lugar do pagamento da
indemnização.

Artigo 28º
1. Quando, segundo a lei aplicável, a perda, avaria ou demora ocorridas durante um transporte sujeito à
presente Convenção possa dar lugar a uma reclamação extracontratual, o transportador poderá aproveitar-
se das disposições da presente Convenção que excluem a sua responsabilidade ou que determinam ou
limitam as indemnizações devidas.
2. Quando a responsabilidade extracontratual, por perda, avaria ou demora, de uma das pessoas pelas
quais o transportador responde nos termos do artigo 3º é posta em causa, essa pessoa poderá também
aproveitar-se das disposições da presente Convenção que excluem a responsabilidade do transportador ou
que determinam ou limitam as indemnizações devidas.

Artigo 29º

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 61


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1. O transportador não tem o direito de aproveitar-se das disposições do presente capítulo que excluem ou
limitam a sua responsabilidade ou que transferem o encargo da prova se o dano provier de dolo seu ou de
falta que lhe seja imputável e que, segundo a lei da jurisdição que julgar o caso, seja considerada
equivalente ao dolo.
2. Sucede o mesmo se o dolo ou a falta for acto dos agentes do transportador ou de quaisquer outras
pessoas a cujos serviços aquele recorre para a execução do transporte, quando esses agentes ou essas
outras pessoas actuarem no exercício das suas funções. Neste caso, esses agentes ou essas outras pessoas
também não têm o direito de aproveitar-se, quanto à sua responsabilidade pessoal, das disposições do
presente capítulo indicadas no parágrafo 1.

CAPÍTULO V
(Reclamações e Acções)
Artigo 30º
1. Se o destinatário receber a mercadoria sem verificar contraditoriamente o seu estado com o
transportador, ou sem ter formulado reservas a este que indiquem a natureza geral da perda ou avaria, o
mais tardar no momento da entrega se se tratar de perdas ou avarias aparentes, ou dentro de sete dias a
contar da entrega, não incluindo domingos e dias feriados, quando se tratar de perdas ou avarias não
aparentes, presumir-se-á, até prova em contrário, que a mercadoria foi recebida no estado descrito na
declaração de expedição. As reservas indicadas acima devem ser feitas por escrito quando se tratar de
perdas ou avarias não aparentes.
2. Quando o estado da mercadoria foi verificado contraditoriamente pelo destinatário e pelo
transportador, a prova em contrário do resultado desta verificação só poderá fazer-se se se tratar de perdas
ou avarias não aparentes e se o destinatário tiver apresentado ao transportador reservas por escrito dentro
dos sete dias, domingos e dias feriados não incluídos, a contar dessa verificação.
3. Uma demora na entrega só pode dar origem a indemnização se tiver formulada uma reserva por escrito
no prazo de 21 dias, a contar da colocação da mercadoria à disposição do destinatário.
4. A data da entrega, ou, segundo o caso, a da verificação ou da colocação da mercadoria à disposição, não
é contada nos prazos previstos no presente artigo.
5. O transportador e o destinatário darão um ao outro, reciprocamente, todas as felicidades razoáveis para
as observações e verificações necessárias.

Artigo 31º
1. Para todos os litígios provocados pelos transportes sujeitos à presente Convenção, o autor poderá
recorrer, além das jurisdições dos países contratantes designados de comum acordo pelas parte, para a
jurisdição do país no território do qual:

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 62


Formação de motoristas de transporte mercadorias

a) O réu tiver a sua residência habitual, a sua sede principal ou sucursal ou agência por intermédio da
qual se estabeleceu o contrato de transporte, ou
b) Estiver situado o lugar do carregamento da mercadoria ou o lugar do carregamento da mercadoria
ou o lugar previsto para a entrega, e só poderá recorrer a essas jurisdições.
2. Quando num litígio previsto no parágrafo 1 do presente artigo estiver em instância uma acção numa
jurisdição competente nos termos desse parágrafo, ou quando tal jurisdição pronunciar sentença em tal
litígio, não poderá ser intentada mais nenhuma acção pela mesma causa entre as mesmas partes, a não ser
que a decisão da jurisdição perante a qual foi intentada a primeira acção não possa ser executada no país
onde é intentada a nova acção.
3. Quando num litígio previsto no parágrafo 1 do presente artigo uma sentença pronunciada por uma
jurisdição de um país contratante se tornou executória nesse país, torna-se também executória em cada um
dos outros países contratantes imediatamente após o cumprimento das formalidades prescritas para esse
efeito no país interessado. Essas formalidades não podem comportar nenhuma revisão do caso.
4. As disposições do parágrafo 3 do presente artigo aplicam-se às sentenças contraditórias, às sentenças
omissas e às transacções judiciais, mas não se aplicam às sentenças somente executórias por provisão nem
às condenações em perdas e danos que venham a ser impostas além das despesas contra um queixoso em
virtude da rejeição total ou parcial da sua queixa.
5. Não pode ser exigida caução a nacionais de países contratantes, com domicílio ou estabelecimento num
destes países, para garantir o pagamento das despesas causadas por acções judiciais originadas pelos
transportes sujeitos à presente Convenção.

Artigo 32º
1. As acções que podem ser originadas pelos transportes sujeitos à presente Convenção prescrevem no
prazo de um ano. No entanto, a prescrição é de três anos no caso de dolo, ou de falta que a lei da
jurisdição a que se recorreu considere equivalente ao dolo. O prazo de prescrição é contado:
a) A partir do dia em que a mercadoria foi entregue, no caso de perda parcial, avaria ou demora;
b) No caso de perda total, a partir do 30º dia após a expiração do prazo convencionado, ou, se não
tiver sido convencionado prazo, a partir do 60º dia após a entrega da mercadoria ao cuidado do
transportador;
c) Em todos os outros casos, a partir do termo de um prazo de três meses, a contar da conclusão do
contrato de transporte.
O dia indicado acima como ponto de partida da prescrição não é compreendido no prazo.
2. Uma reclamação escrita suspende a prescrição até ao dia em que o transportador rejeitar a reclamação
por escrito e restituir os documentos que a esta se juntaram. No caso de aceitação parcial da reclamação, a
prescrição só retoma o seu curso para a parte da reclamação que continuar litigiosa. A prova da recepção

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 63


Formação de motoristas de transporte mercadorias

da reclamação ou da resposta e restituição dos documentos compete à parte que invoca este facto. As
reclamações ulteriores com a mesma finalidade não suspendem a prescrição.
3. Salvas as disposições do parágrafo 2 acima, a suspensão da prescrição regulas e pela lei da jurisdição a
que se recorreu. O mesmo acontece quanto à interrupção da prescrição.
4. A acção que prescreveu não pode mais ser exercida, mesmo sob a forma de reconvenção ou excepção.

Artigo 33º
O contrato de transporte pode conter uma cláusula que atribua competência a um tribunal arbitral, desde
que essa cláusula estipule que o tribunal arbitral aplicará a presente Convenção.

CAPÍTULO VI
(Disposições relativas ao transporte efectuado por transportadores
sucessivos)
Artigo 34º
Se um transporte regulado por um contrato único for executado por transportadores rodoviários
sucessivos, cada um destes assume a responsabilidade da execução do transporte total, e o segundo e cada
um dos seguintes transportadores, ao aceitarem a mercadoria e a declaração de expedição, tornam-se
partes no contrato nas condições da declaração da expedição.

Artigo 35º
1. O transportador que aceitar a mercadoria do transportador precedente dar-lhe-á recibo datado e
assinado. Deverá indicar o seu nome e morada no segundo exemplar da declaração de expedição. Se for
caso disso, indicará neste exemplar, assim como no recibo, reservas análogas às previstas no artigo 8º,
parágrafo 2.
2. As disposições do artigo 9º aplicam-se às relações entre transportadores sucessivos.

Artigo 36º
A não ser que se trate de reconvenção ou de excepção posta em relação a um pedido fundado no mesmo
contrato de transporte, a acção de responsabilidade por perda, avaria ou demora só pode ser posta contra
o primeiro transportador, o último transportador ou transportador que executava a parte do transporte na
qual se produziu o facto que causou a perda, avaria ou demora; a acção pode ser posta simultaneamente
contra vários destes transportadores.

Artigo 37º

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 64


Formação de motoristas de transporte mercadorias

O transportador que tiver pago uma indemnização segundo as disposições da presente Convenção terá o
direito de intentar recurso quanto ao principal, juros e despesas contra os transportadores que
participaram na execução do contrato de transporte, em conformidade com as disposições seguintes:
a) O transportador que causou o dano é o único que deve suportar a indemnização, quer ele próprio a
tenha pago, quer tenha sido paga por outro transportador;
b) Quando o dano foi causado por dois ou mais transportadores, cada um deve pagar uma quantia
proporcional à sua parte de responsabilidade se for impossível a avaliação das partes de
responsabilidade, cada um é responsável proporcionalmente à parte de remuneração do transporte
que lhe competir;
c) Se não puderem determinar-se os transportadores aos quais deve atribuir-se a responsabilidade, o
encargo da indemnização será distribuído por todos os transportadores, na proporção fixada em b).

Artigo 38º
Se um dos transportadores for insolvente, a parte que lhe cabe e não foi paga será distribuída por todos os
outros transportadores, proporcionalmente às suas remunerações.

Artigo 39º
1. O transportador contra o qual tiver sido posto um dos recursos previstos nos artigos 37º e 38º não
poderá contestar o fundamento do pagamento efectuado pelo transportador que intentar o recurso,
quando a indemnização tiver sido fixada por decisão judicial, desde que tenha sido devidamente
informado do processo e tenha tido possibilidade de nele intervir.
2. O transportador que quiser intentar o seu recurso poderá apresentá-lo no tribunal competente do país
no qual um dos transportadores interessados tiver residência habitual, sede principal ou sucursal ou
agência por intermédio da qual foi efectuado o contrato de transporte. O recurso poderá ser intentado
numa só e mesma instância contra todos os transportadores interessados.
3. As disposições do artigo 31º, parágrafos 3 e 4, aplicar-se-ão às sentenças pronunciadas nos recursos
previstos nos artigos 37º e 38º.
4. As disposições do artigo 32º são aplicáveis aos recursos entre transportadores. No entanto o prazo de
prescrição é contado quer a partir do dia de uma decisão judicial definitiva que fixe a indemnização a pagar
em virtude em virtude das disposições da presente Convenção, quer, no caso de não ter havido tal decisão,
a partir do pagamento efectivo.

Artigo 40º
Os transportadores poderão convencionar entre si disposições diferentes das dos artigos 37º e 38º.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 65


Formação de motoristas de transporte mercadorias

CAPÍTULO VII
(Nulidade das estipulações contrárias à Convenção)
Artigo 41º
1. Salvas as disposições do artigo 40º, é nula e sem efeito qualquer estipulação que, directa ou
indirectamente, modifique as disposições da presente Convenção. A nulidade de tais estipulações não
implica a nulidade das outras disposições do contrato.
2. Em especial, seria nula qualquer cláusula pela qual o transportador se atribuísse o benefício do seguro
da mercadoria ou qualquer outra cláusula análoga, assim como qualquer cláusula que transfira o encargo
da prova.

CAPÍTULO VIII
(Disposições Finais)
Artigo 42º
1. A presente Convenção fica patente à assinatura ou adesão dos países membros da Comissão
Económica para a Europa e dos países admitidos na Comissão a título consultivo, em conformidade com
o parágrafo 8 do mandato desta Comissão.
2. Os países que podem tomar parte em certos trabalhos da Comissão Económica para a Europa, segundo
o parágrafo 11 do mandato desta Comissão, poderão tornar-se Partes Contratantes da presente
Convenção, aderindo a esta depois da sua entrada em vigor.
3. A Convenção estará patente à assinatura até 31 de Agosto de 1956, inclusive. Depois desta data, ficará
patente à adesão.
4. A presente Convenção será ratificada.
5. A ratificação ou a adesão efectuar-se-á pelo depósito de um instrumento junto do Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas.

Artigo 43º
1. A presente Convenção entrará em vigor no 90º dia depois de cinco países mencionados no parágrafo 1
do artigo 42º terem depositado os seus instrumentos de ratificação ou adesão.
2. Para cada país que a ratificar ou a ela aderir, depois de cinco países terem depositado os seus
instrumentos de ratificação ou adesão, a presente Convenção entrará em vigor no 90º dia que se seguir ao
depósito do instrumento de ratificação ou adesão do referido país.

Artigo 44º
1. Qualquer Parte Contratante poderá denunciar a presente Convenção por notificação dirigida ao
Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 66


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2. A denúncia produz efeito doze meses depois da data em que o Secretário-Geral dela tiver recebido
notificação.

Artigo 45º
Se depois da entrada em vigor da presente Convenção o número das Partes Contratantes ficar reduzido a
menos de cinco, em consequência de denúncias, a presente Convenção deixará de estar em vigor a partir
da data em que produzir efeito a última dessas denúncias.

Artigo 46º
1. Qualquer país, ao depositar o seu instrumento de ratificação ou adesão ou em qualquer outro momento
ulterior, poderá declarar, por notificação ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, que a
presente Convenção se aplica à totalidade ou à parte dos territórios que representa no plano internacional.
A Convenção será aplicável ao território ou territórios mencionados na notificação a partir do 90º dia
depois da recepção desta notificação pelo Secretário-Geral, ou, se nesse dia a Convenção ainda não tiver
entrado em vigor, a contar da data da sua entrada em vigor.
2. Qualquer país que tenha feito, em conformidade com o parágrafo precedente, uma declaração com o
efeito de tornar a presente Convenção aplicável a um território que represente no plano internacional,
poderá, em conformidade com o artigo 44º, denunciar a Convenção no que diz respeito ao referido
território.

Artigo 47º
Qualquer litígio entre duas ou mais Partes Contratantes acerca da interpretação ou aplicação da presente
Convenção, que as Parte não possam resolver por meio da negociação ou outro modo de solução, poderá
ser submetido à decisão do Tribunal Internacional de Justiça, a pedido de qualquer das Partes
Contratantes interessadas.

Artigo 48º
1. Qualquer Parte Contratante, no momento de assinar ou ratificar a presente Convenção ou de a esta
aderir, poderá declarar que não se considera ligada pelo artigo 47º da Convenção. As outras Partes
Contratantes não ficarão ligadas pelo artigo 47º para com qualquer Parte Contratante que tenha formulado
tal reserva.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 67


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2. Qualquer Parte Contratante que tenha formulado uma reserva em conformidade com o parágrafo 1
poderá em qualquer momento retirar essa reserva por meio de notificação dirigida ao Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas.
3. Não se admitirá nenhuma outra reserva à presente Convenção.

Artigo 49º
1. Depois de a presente Convenção ter estado em vigor durante três anos, qualquer Parte Contratante, por
meio de notificação dirigida ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, poderá pedir a
convocação de uma conferência destinada a rever a presente Convenção. O Secretário-Geral comunicará
este pedido a todas as Partes Contratantes e convocará uma conferência de revisão se, no prazo de quatro
meses, a contar da comunicação enviada, pelo menos um quarto das Partes Contratantes lhe comunicar o
seu assentimento a esse pedido.
2. Se for convocada uma conferência em conformidade com o parágrafo precedente, o Secretário-Geral
avisará do facto todas as Partes Contratantes e convidá-las-á a apresentar, no prazo de três meses, as
propostas que desejariam que fossem examinadas pela conferência. O Secretário-Geral comunicará a todas
as Partes Contratantes a ordem do dia provisória da conferência e o texto dessas propostas, pelo menos
três meses antes da data de abertura da conferência.
3. O Secretário-Geral convidará para qualquer conferência, convocada em conformidade com o presente
artigo, todos os países indicados no parágrafo 1 do artigo 42º e todos os países que se tiverem tornado
Partes Contratantes pela aplicação do parágrafo 2 do artigo 42º.

Artigo 50º
Além das notificações previstas no artigo 49º, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas
comunicará aos países indicados no parágrafo 1 do artigo 42º e aos países que se tiverem tornado Partes
Contratantes pela aplicação do parágrafo 2 do artigo 42º:
a) As ratificações e adesões em virtude do artigo 42;
b) As datas em que a presente Convenção entrar em vigor em conformidade com o artigo 43º;
c) As denúncias em virtude do artigo 44º;
d) A ab-rogação da presente Convenção em conformidade com o artigo 45º;
e) As notificações recebidas em conformidade com o artigo 46º;
f) As declarações e notificações recebidas em conformidade com os parágrafos 1 e 2 do artigo 48.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 68


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Artigo 51º
Depois de 31 de Agosto de 1956, o original da presente Convenção será depositado junto do Secretário-
Geral da Organização das Nações Unidas, que dele transmitirá cópias devidamente certificadas a cada um
dos países indicados nos parágrafos 1 e 2 do artigo 42º.
Em fé do que os abaixo assinados, para isso devidamente autorizados, assinaram a presente Convenção.
Feito em Genebra, aos dezanove de Maio de mil novecentos e cinquenta e seis, num só exemplar, nas
línguas inglesa e francesa, ambos os textos fazendo fé.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 69


Formação de motoristas de transporte mercadorias

ANEXO II

Decreto-Lei n.º 257/2007


(com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei 136/2009)

O regime jurídico da actividade de transporte rodoviário de mercadorias

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 70


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Decreto-Lei n.º 257/2007


(alterado pelo DL 136/2009)

O regime jurídico da actividade de transporte rodoviário de mercadorias, adoptado no direito interno em


consonância com as Directivas n.os 96/26/CE, do Conselho, de 29 de Abril, e 98/76/CE, do Conselho,
de 1 de Outubro, em vigor desde 1999, veio demonstrar, pela experiência adquirida com a sua aplicação, a
necessidade de introduzir alguns ajustamentos.
Constatou -se ser aconselhável proceder a alterações ao regime de acesso à actividade, bem como ao
regime de organização do mercado do transporte rodoviário de mercadorias, as quais promovam a
melhoria das condições de prestação de serviços e melhorem a capacidade competitiva das empresas
operando nesse mercado.
Considerando que se tem verificado uma tendência de crescimento de empresas que, com recurso
exclusivo a veículos ligeiros de mercadorias, efectuam transportes públicos ou por conta de outrem, sem
que tenham de se sujeitar a quaisquer condições de acesso à actividade ou de mercado, o que subverte as
condições de concorrência, mostra -se aconselhável que estes transportes sejam submetidos a regras
idênticas às aplicáveis aos restantes transportes já submetidos a licenciamento. Ficam, no entanto,
excluídos deste regime os transportes efectuados em veículos de mercadorias de peso bruto inferior a 2500
kg, pela irrelevância da sua capacidade de carga.
No que se refere ao acesso à actividade, foram adequadas as regras relativas ao requisito de capacidade
profissional, de forma a garantir que cada empresa seja efectivamente gerida pelo titular do certificado de
capacidade profissional e, ao mesmo tempo, fomentar a obtenção ou consolidação de melhores e mais
actualizadas competências técnicas. Neste sentido, foi condicionada a validade do certificado de
capacidade profissional do responsável da empresa a uma avaliação da sua gestão com boas práticas, que
terá em conta o número de infracções à regulamentação relevante para o sector, incluindo matérias
relacionadas com a própria actividade do transporte rodoviário de mercadorias, segurança rodoviária, ou
protecção do ambiente.
Procurando contribuir de uma forma mais activa para a protecção do ambiente, são estabelecidas regras
condicionantes do licenciamento de veículos que tenderão a promover a renovação das frotas automóveis
e, consequentemente, o abatimento dos veículos mais antigos, ou seja, os mais poluentes.
Formulou -se um regime sancionatório mais ajustado e dissuasor, designadamente no que respeita à
aplicação de sanção acessória por excesso de carga, que passa a poder ser aplicada quer a transportadores
por conta de outrem quer por conta própria. Foi também introduzida a punição, até aqui inexistente, pela
falta de certificado de motorista, exigido aos motoristas nacionais de países terceiros pelo Regulamento
(CE) n.º 484/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, que alterou o Regulamento (CEE) n.º 881/92,

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 71


Formação de motoristas de transporte mercadorias

também do Parlamento Europeu e do Conselho.


Assim:
No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 1/2007, de 11 de Janeiro, e nos termos das alíneas
a) e b) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Âmbito

1 — O presente decreto -lei aplica -se ao transporte rodoviário de mercadorias efectuado por meio de
veículos automóveis ou conjuntos de veículos de mercadorias, com peso bruto igual ou superior a 2500
kg.
2 — Não estão abrangidos pelo regime de licenciamento na actividade a que se refere o presente decreto -
lei:
a) Os transportes de produtos ou mercadorias directamente ligados à gestão agrícola ou dela
provenientes
efectuados por meio de reboques atrelados aos respectivos tractores agrícolas;
b) Os transportes de envios postais realizados no âmbito da actividade de prestador de serviços postais;
c) A circulação de veículos aos quais estejam ligados, de forma permanente e exclusiva, equipamentos
ou máquinas.

Artigo 2.º
Definições

Para efeitos do disposto no presente decreto -lei e legislação complementar, considera -se:
a) «Transporte rodoviário de mercadorias» a actividade de natureza logística e operacional que envolve
a deslocação física de mercadorias em veículos automóveis ou conjuntos de veículos, podendo
envolver ainda operações de manuseamento dessas mercadorias, designadamente grupagem,
triagem, recepção, armazenamento e distribuição;
b) «Transporte por conta de outrem ou público» o transporte de mercadorias realizado mediante
contrato, que não se enquadre nas condições definidas na alínea seguinte;
c) «Transporte por conta própria ou particular» o transporte realizado por pessoas singulares ou
colectivas em que se verifiquem cumulativamente as seguintes condições:

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 72


Formação de motoristas de transporte mercadorias

i) As mercadorias transportadas sejam da sua propriedade, ou tenham sido vendidas, compradas,


dadas ou tomadas de aluguer, produzidas, extraídas, transformadas ou reparadas pela entidade
que realiza o transporte e que este constitua uma actividade acessória no conjunto das suas
actividades;
ii) Os veículos utilizados sejam da sua propriedade, objecto de contrato de locação financeira ou
alugados em regime de aluguer sem condutor;
iii) Os veículos sejam, em qualquer caso, conduzidos pelo proprietário ou locatário ou por pessoal
ao seu serviço;
d) «Mercadorias» toda a espécie de produtos ou objectos, com ou sem valor comercial, que possam ser
transportados em veículos automóveis ou conjuntos de veículos;
e) «Transporte nacional» o transporte que se efectua totalmente em território nacional;
f) «Transporte internacional» o transporte que implica o atravessamento de fronteiras e se desenvolve
parcialmente em território nacional;
g) «Transporte combinado» o transporte de mercadorias em que, na parte inicial ou final do trajecto, se
utiliza o modo rodoviário e, na outra parte, o modo ferroviário, o modo aéreo, a via fluvial ou a via
marítima;
h) «Transportador residente» qualquer empresa estabelecida em território nacional habilitada a exercer a
actividade transportadora;
i) «Transportador não residente» qualquer empresa estabelecida num país estrangeiro habilitada a
exercer a actividade nos termos da regulamentação desse país;
j) «Cabotagem» a realização de transporte nacional por transportadores não residentes;
l) «Transportes especiais» os transportes que, designadamente pela natureza ou dimensão das
mercadorias transportadas, devem obedecer a condições técnicas ou a medidas de segurança
especiais;
m) «Transportes equiparados a transportes por conta própria» os que integrem um transporte
combinado e se desenvolvam nos percursos rodoviários iniciais ou terminais, desde que seja
cumprida a condição prevista na subalínea i) da alínea c) e o veículo tractor seja propriedade da
empresa expedidora, objecto de contrato de locação financeira ou de aluguer sem condutor e seja
conduzido pelo proprietário, locatário ou pessoal ao seu serviço, mesmo que o reboque esteja
matriculado ou tenha sido alugado pela empresa destinatária, ou vice -versa, no caso dos percursos
rodoviários terminais;
n) «Transportes em regime de carga completa» os transportes por conta de outrem em que o veículo é
utilizado no conjunto da sua capacidade de carga por um único expedidor;
o) «Transporte em regime de carga fraccionada» os transportes por conta de outrem em que o veículo é
utilizado por fracção da sua capacidade de carga por vários

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 73


Formação de motoristas de transporte mercadorias

expedidores;
p) «Guia de transporte» o documento descritivo dos elementos essenciais da operação de transporte e
que estabelece as condições de realização do contrato entre o transportador e o expedidor;
q) «Expedidor» a pessoa que contrata com o transportador a deslocação das mercadorias.

CAPÍTULO II
Acesso à actividade
Artigo 3.º
Licenciamento da actividade

1 — A actividade de transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem, nacional ou internacional,


por meio de veículos de peso bruto igual ou superior a 2500 kg, só pode ser exercida por sociedades
comerciais ou cooperativas, licenciadas pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I. P.
(IMTT).
2 — A licença a que se refere o número anterior consubstancia -se num alvará ou licença comunitária, a
qual é intransmissível, sendo emitida por um prazo não superior a cinco anos, renovável por igual período,
mediante comprovação de que se mantêm os requisitos de acesso e de exercício de actividade.
3 — O IMTT procede ao registo, nos termos da lei em vigor, de todas as empresas que realizem
transportes de mercadorias por conta de outrem.

Artigo 4.º
Requisitos de acesso e exercício da actividade

1 — São requisitos de acesso e exercício da actividade a idoneidade, a capacidade técnica e profissional e a


capacidade financeira.
2 — É ainda requisito de exercício da actividade que a empresa tenha a sua situação contributiva
regularizada perante a administração fiscal e a segurança social.

Artigo 5.º
Idoneidade

1 — A idoneidade é aferida pela inexistência de impedimentos legais, nomeadamente a condenação por


determinados ilícitos praticados pelos administradores, directores ou gerentes.
2 — São consideradas idóneas as pessoas relativamente às quais não se verifique algum dos seguintes
impedimentos:

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 74


Formação de motoristas de transporte mercadorias

a) Proibição legal para o exercício do comércio;


b) Condenação com pena de prisão efectiva igual ou superior a 2 anos, transitada em julgado, por crime
contra o património, por tráfico de estupefacientes, por branqueamento de capitais, por fraude fiscal
ou aduaneira;
c) Condenação, com trânsito em julgado, na medida de segurança de interdição do exercício da
profissão de transportador, independentemente da natureza do crime;
d) Condenação, com trânsito em julgado, por infracções graves à regulamentação sobre os tempos de
condução e de repouso ou à regulamentação sobre a segurança rodoviária, nos casos em que tenha
sido decretada a interdição do exercício da profissão de transportador;
e) Condenação, com trânsito em julgado, por infracções cometidas às normas relativas ao regime das
prestações de natureza retributiva ou às condições de higiene e segurança no trabalho, à protecção
do ambiente e à responsabilidade profissional, nos casos em que tenha sido decretada a interdição
do exercício da profissão de transportador.
3 — Para efeitos do presente decreto -lei, quando seja decretada a sanção acessória de interdição do
exercício da actividade, os administradores, directores ou gerentes em funções à data da infracção que
originou a sanção acessória deixam de preencher o requisito de idoneidade durante o período de
interdição fixado na decisão condenatória.

Artigo 6.º
Capacidade profissional

1 — A capacidade profissional deve ser preenchida por pessoa que, sendo titular do certificado de
capacidade profissional a que se refere o artigo 7.º, detenha poderes para obrigar a empresa, isolada ou
conjuntamente, e a dirija em permanência e efectividade.
2 — Para efeitos do cumprimento do requisito de capacidade profissional, a pessoa que assegura este
requisito deve fazer prova da sua inscrição na segurança social, na qualidade de quadro de direcção da
empresa.
3 — A mesma pessoa não pode assegurar o requisito de capacidade profissional a mais de uma empresa,
salvo se pelo menos 50 % do capital social de cada uma das empresas por ela dirigidas pertencer ao
mesmo sócio, pessoa singular ou colectiva.

Artigo 7.º
Certificado de capacidade profissional

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 75


Formação de motoristas de transporte mercadorias

1 — O certificado de capacidade profissional para transportes rodoviários de mercadorias, nacionais ou


internacionais, consoante o caso, é emitido pelo IMTT a pessoas que:
a) Tenham frequentado acção de formação sobre as matérias referidas na lista constante do anexo I ao
presente decreto -lei e que dele faz parte integrante e obtenham aprovação em exame, realizado de
acordo com as regras constantes do anexo II ao presente decreto -lei e que dele faz parte integrante;
ou
b) Comprovem curricularmente ter, pelo menos, cinco anos de experiência prática ao nível de direcção
numa empresa licenciada para transportes rodoviários de mercadorias, nacionais ou internacionais, e
obtenham aprovação em exame específico de controlo.
2 — As pessoas diplomadas com curso do ensino superior ou com curso reconhecido oficialmente, que
implique bom conhecimento de alguma ou algumas matérias referidas na lista do anexo I, podem ser
dispensadas da formação e do exame relativamente a essa ou a essas matérias.
3 — Os titulares de certificado de capacidade profissional, a que se refere o artigo 6.º do Decreto -Lei n.º
3/2001, de 10 de Janeiro, ficam abrangidos pela dispensa a que se refere o número anterior, relativamente
às matérias de avaliação comuns.
4 — O IMTT reconhece os certificados de capacidade profissional para transportes rodoviários de
mercadorias, emitidos pelas entidades competentes de outros Estados membros da União Europeia, nos
termos da Directiva n.º 96/26/CE, do Conselho, de 29 de Abril, modificada pela Directiva n.º 98/76/CE,
do Conselho, de 1 de Outubro.
5 — A validade do certificado profissional do responsável da empresa, por período superior a cinco anos,
fica dependente do exercício da profissão com boas práticas, tendo em conta as infracções às normas
relativas à actividade transportadora, à regulamentação social de transportes, à segurança rodoviária e à
protecção do ambiente, bem como a formação profissional.
6 — A comprovação da frequência da formação e as condições de realização de exames, a que se referem
as alíneas a) e b) do n.º 1, assim como as condições de validade do certificado de capacidade profissional,
por período superior a cinco, são definidas por portaria do membro do Governo responsável pelos
transportes.

Artigo 8.º
Capacidade técnica

A capacidade técnica consiste na existência de meios técnicos e humanos adequados à dimensão das
empresas transportadoras, de acordo com os critérios a definir por portaria.

Artigo 9.º

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 76


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Capacidade financeira

1 — A capacidade financeira consiste na posse de recursos financeiros necessários para garantir o início da
actividade e a boa gestão da empresa.
2 — Para efeitos de início de actividade, as empresas devem dispor de um capital social mínimo de € 125
000 ou de € 50 000, no caso de exercício da actividade exclusivamente por meio de veículos ligeiros.
3 — Durante o exercício da actividade, o montante de capital e reservas não pode ser inferior a € 9000
pelo primeiro veículo automóvel licenciado e € 5000 ou € 1500 por cada veículo automóvel adicional,
consoante se trate de veículo pesado ou ligeiro.
4 — A comprovação do disposto nos números anteriores é feita por certidão do registo comercial da qual
conste o capital social e por duplicado ou cópia autenticada do último balanço apresentado para efeitos de
imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas (IRC) ou por garantia bancária.
5 — A certidão do registo comercial pode ser fornecida mediante a disponibilização do código de acesso à
certidão permanente de registo comercial, ou, em alternativa, mediante a entrega da certidão em papel.

Artigo 10.º
Cumprimento das obrigações fiscais

A comprovação da situação contributiva da empresa perante a administração fiscal e a segurança social é


exigível no momento da renovação do alvará e no licenciamento de veículos.

Artigo 11.º
Dever de informação

1 — Os requisitos de acesso e exercício da actividade são de verificação permanente, devendo as empresas


comprovar o seu cumprimento sempre que lhes seja solicitado.
2 — As empresas têm o dever de comunicar ao IMTT as alterações ao pacto social, designadamente
modificações na administração, direcção ou gerência, bem como mudanças de sede, no prazo de 30 dias a
contar da data da sua ocorrência.

Artigo 12.º
Falta superveniente de requisitos

1 — A falta superveniente de qualquer um dos requisitos de idoneidade, capacidade profissional e


capacidade financeira deve ser suprida no prazo de um ano a contar da data da sua ocorrência.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 77


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2 — Para efeitos de suprimento do requisito de capacidade financeira de exercício da actividade pode ser
concedido o prazo adicional de um ano, desde que a situação económica da empresa o justifique e
mediante a apresentação de um plano financeiro.

Artigo 13.º
Renovação e caducidade do alvará ou licença comunitária

1 — Os pedidos de renovação de alvará ou da licença comunitária devem ser requeridos no IMTT com a
antecedência mínima de 60 dias relativamente ao termo do respectivo prazo de validade.
2 — A licença para o exercício da actividade, alvará ou licença comunitária caduca:
a) Decorridos os prazos a que se refere o artigo anterior sem que a falta seja suprida;
b) Se durante um ano a contar da data da emissão do alvará ou licença comunitária a empresa não tiver
licenciado nenhum veículo automóvel.
3 — Com a caducidade da licença para o exercício da actividade caducam todas as licenças dos veículos
automóveis ou cópias certificadas da licença comunitária que tenham sido emitidas à empresa.

CAPÍTULO III
Acesso e organização do mercado
Artigo 14.º
Licenciamento de veículos automóveis

1 — Os veículos automóveis afectos ao transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem estão
sujeitos a licença a emitir pelo IMTT, quer sejam da propriedade do transportador, objecto de contrato de
locação financeira, ou contrato de aluguer sem condutor.
2 — Até que a soma dos pesos brutos dos veículos da empresa ultrapasse 40 t, os veículos automóveis a
licenciar após a obtenção do alvará ou da licença comunitária, a que se refere o n.º 2 do artigo 3.º, devem
necessariamente ser novos, considerando -se que satisfazem esta condição os veículos que não tenham
mais de um ano de fabrico contado a partir da data de primeira matrícula.
3 — São condições de emissão de licença que a idade média da frota de automóveis da empresa não
exceda 10 anos, sendo determinada a idade de cada veículo pela data da primeira matrícula.
4 — As licenças dos veículos caducam no caso de transmissão da propriedade ou da posse do veículo e
sempre que se verifique a caducidade do alvará ou da licença comunitária.

Artigo 15.º
Identificação de veículos

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 78


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Os veículos automóveis licenciados para o transporte rodoviário de mercadorias por conta de outrem
devem ostentar distintivos de identificação.

Artigo 16.º
Transportes de carácter excepcional

Estão sujeitos a autorização, a emitir pelo IMTT, os transportes de carácter excepcional realizados por
veículos afectos ao transporte por conta própria, cujo peso bruto exceda 2500 kg, em que,
cumulativamente:
a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mesmo proprietário;
b) O transporte seja efectuado sem fins lucrativos por colectividades de utilidade pública ou outras
agremiações filantrópicas, desportivas ou recreativas;
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas com os fins das entidades que efectuam o
transporte;
d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da entidade que realiza o transporte, de algum dos seus
associados ou cedidos a título gratuito por outras entidades.

Artigo 17.º
Transportes internacionais e de cabotagem

1 — Os transportes internacionais e os transportes de cabotagem a realizar por transportadores não


residentes sediados fora do território da União Europeia estão sujeitos a autorização a emitir pelo IMTT, a
qual é condicionada pelo princípio da reciprocidade.
2 — Os transportes internacionais a realizar por transportadores residentes, entre o território português e
o território de países não membros da União Europeia, com quem o Estado Português haja celebrado um
acordo bilateral ou multilateral sobre transportes rodoviários, estão sujeitos a autorização a emitir pelo
IMTT dentro dos limites quantitativos resultantes desses acordos ou convenções.
3 — Não estão abrangidos pelo regime de autorização previsto neste artigo os transportes que, por
convenção multilateral ou por acordo bilateral, tenham sido liberalizados.
4 — No caso de transportes realizados por meio de conjuntos de veículos, a autorização só é exigida ao
veículo automóvel.

Artigo 18.º
Transportes especiais

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 79


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Os transportes especiais são objecto de regulamentação específica.

Artigo 19.º
Guia de transporte

1 — Os transportes rodoviários de mercadorias por conta de outrem são descritos numa guia de
transporte, que deve acompanhar as mercadorias transportadas.
2 — A guia de transporte deve conter os elementos que vierem a ser definidos por despacho do
presidente do conselho directivo do IMTT.

Artigo 20.º
Documentos que devem estar a bordo do veículo

Durante a realização dos transportes a que se refere o presente decreto -lei, devem estar a bordo do
veículo e ser apresentados à entidade fiscalizadora sempre que solicitado a cópia certificada da licença
comunitária bem como as licenças e autorizações previstas nos artigos 14.º, 16.º e 17.º e, no caso de
transporte internacional em que o veículo é conduzido por um motorista nacional de país terceiro, o
respectivo certificado.

CAPÍTULO IV
Fiscalização e regime sancionatório
Artigo 21.º
Fiscalização

1 — A fiscalização do cumprimento do disposto no presente decreto -lei compete às seguintes entidades:


a) Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, I. P.;
b) Guarda Nacional Republicana;
c) Polícia de Segurança Pública.
2 — As entidades referidas no número anterior podem proceder, junto das pessoas singulares ou
colectivas que efectuem transportes rodoviário de mercadorias, a todas as investigações e verificações
necessárias para o exercício da sua competência fiscalizadora.
3 — Os funcionários do IMTT com competência na área da fiscalização e no exercício de funções, desde
que devidamente credenciados, têm livre acesso aos locais destinados ao exercício da actividade das
empresas.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 80


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Artigo 22.º
Contra -ordenações

1 — As infracções ao disposto no presente decreto–lei constituem contra -ordenações, nos termos dos
artigos 23.º a 34.º
2 — A tentativa e a negligência são puníveis, sendo os limites máximo e mínimo da coima reduzidos para
metade.

Artigo 23.º
Realização de transportes por entidade não licenciada

1 — A realização de transportes rodoviários de mercadorias por conta de outrem, por meio de veículos
automóveis com peso bruto igual ou superior a 2500 kg, por entidade que não seja titular do alvará a que
se refere o artigo 3.º, é punível com coima de € 1250 a € 3740 ou de € 5000 a € 15 000, consoante se trate
de pessoa singular ou colectiva.
2 — Os transportes por conta de outrem internacionais e de cabotagem referidos nos Regulamentos CEE
n.os 881/92, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Março, e 3118/93, do Conselho, de 25 de
Outubro, quando efectuados sem a cópia certificada da licença comunitária, consideram -se realizados por
entidade não licenciada, sendo aplicáveis as coimas previstas no número anterior.

Artigo 24.º
Falta de certificado de motorista nacional de país terceiro

A realização de transportes internacionais a coberto de uma licença comunitária, em que o veículo seja
conduzido por motorista nacional de um país terceiro, sem o certificado exigido pelo artigo 3.º do
Regulamento (CEE) n.º 881/92, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de Março, com a redacção
que lhe foi dada pelo Regulamento (CE) n.º 484/2002, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de
Março, é punível com coima de € 750 a € 2250.

Artigo 25.º
Transportes efectuados por entidade diversa do titular do alvará ou da licença comunitária

1 — A realização de transportes por entidade diversa do titular do alvará ou da licença comunitária a que
se refere o artigo 3.º é punível:

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 81


Formação de motoristas de transporte mercadorias

a) Relativamente ao titular do alvará ou da licença comunitária, com a coima de € 1250 a € 3740 e de €


5000 a € 15 000, consoante se trate de pessoa singular ou colectiva;
b) Relativamente à pessoa que efectua o transporte, com a coima de € 500 a € 1500 e de € 1500 a €
4500, consoante se trate de pessoa singular ou colectiva.
2 — São considerados como efectuados por entidade diversa do titular do alvará os transportes em que se
verifique alguma das seguintes situações:
a) Prestação do serviço de transporte com facturação ou recibo em regime de actividade liberal;
b) Existência de contrato para utilização do veículo entre a empresa titular do alvará e um terceiro.

Artigo 26.º
Falta de comunicação

A falta de comunicação prevista no n.º 2 do artigo 11.º é punível com coima de € 250 a € 750.

Artigo 27.º
Realização de transportes em veículos sem licença

A realização de transportes rodoviários de mercadorias por conta de outrem, por meio de veículo
automóvel sem a licença a que se refere o artigo 14.º, é punível com coima de € 750 a € 2250.

Artigo 28.º
Falta de distintivos

1 — A realização de transportes sem os distintivos a que se refere o artigo 15.º, ou quando estes estejam
colocados em veículo automóvel não licenciado, é punível com coima de € 100 a € 300.
2 — A ostentação dos distintivos do transporte por conta de outrem em veículos não licenciados para o
efeito é punível com coima de € 1250 a € 3740.

Artigo 29.º
Transportes sem autorização

1 — A realização de transportes de carácter excepcional a que se refere o artigo 16.º, sem autorização, é
punível com coima de € 1250 a € 3740 ou de € 3500 a € 10 500, consoante se trate de pessoa singular ou
colectiva.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 82


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2 — A realização de transportes internacionais ou de cabotagem sem as autorizações a que se refere o


artigo 17.º é punível com coima de € 1000 a € 3000.

Artigo 30.º
Falta ou vícios da guia de transporte

1 — A falta da guia de transporte é punível com coima de € 250 a € 750.


2 — O preenchimento incorrecto ou incompleto da guia de transporte, da responsabilidade do expedidor
ou do transportador, consoante a respectiva obrigação de preenchimento, é punível com coima de € 100 a
€ 300.

Artigo 31.º
Excesso de carga

1 — A realização de transportes com excesso de carga é punível com coima de € 500 a € 1500, sem
prejuízo do disposto nos números seguintes.
2 — Sempre que o excesso de carga seja igual ou superior a 25 % do peso bruto do veículo, a infracção é
punível com coima de € 1250 a € 3740.
3 — No caso da infracção a que se refere o número anterior, a entidade fiscalizadora pode ordenar a
imobilização do veículo até que a carga em excesso seja transferida, podendo ainda ordenar a deslocação e
acompanhar o veículo até local apropriado para a descarga, recaindo sobre o infractor o ónus com as
operações de descarga ou transbordo da mercadoria.
4 — Sempre que o excesso de carga se verifique no decurso de um transporte em regime de carga
completa, a infracção é imputável ao expedidor e ao transportador, em comparticipação.
5 — Nenhum condutor se pode escusar a levar o veículo à pesagem nas balanças ao serviço das entidades
fiscalizadoras, que se encontrem num raio de 5 km do local onde se verifique a intervenção das mesmas,
sendo punível tal conduta com a coima referida no n.º 2 deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade
criminal a que houver lugar.

Artigo 32.º
Falta de apresentação de documentos

A não apresentação dos documentos a que se refere o artigo 20.º no acto de fiscalização é punível com as
coimas previstas, caso a caso, no presente decreto -lei, salvo se o documento em falta for apresentado no
prazo de oito dias à autoridade indicada pelo agente de fiscalização, caso em que a coima é de € 50 a € 150.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 83


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Artigo 33.º
Imputabilidade das infracções

Sem prejuízo do disposto no artigo 25.º, no n.º 2 do artigo 30.º e no n.º 4 do artigo 31.º, as infracções ao
disposto no presente decreto -lei são da responsabilidade da pessoa singular ou colectiva que efectua o
transporte.

Artigo 34.º
Sanções acessórias

1 — Com a aplicação da coima por infracção ao n.º 2 do artigo 31.º pode ser decretada a sanção acessória
de suspensão da licença ou de apreensão do certificado de matrícula do veículo automóvel, consoante se
trate de transporte por conta de outrem ou transporte por conta própria, se o transportador tiver
praticado três infracções da mesma natureza, com decisão definitiva, e estas tiverem ocorrido no decurso
dos dois anos anteriores à data da prática da infracção que está a ser decidida.
2 — Com a aplicação da coima pela infracção prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 25.º pode ser
decretada a sanção acessória de interdição do exercício da actividade, desde que tenha havido anterior
condenação pela prática da mesma infracção.
3 — A interdição do exercício da actividade, a suspensão da licença do veículo ou a apreensão do
certificado de matrícula, previstas nos números anteriores, têm a duração máxima de dois anos.
4 — A aplicação da sanção acessória de interdição do exercício da actividade implica necessariamente a
suspensão e consequentemente o depósito no IMTT das licenças de que a empresa infractora seja titular.
5 — Durante o período de duração da sanção acessória, aplicada nos termos do n.º 1, a licença ou o
certificado de matrícula ficam depositados no IMTT.

Artigo 35.º
Infractores não domiciliados em Portugal

1 — Se o infractor não for domiciliado em Portugal e não pretender efectuar o pagamento voluntário,
deve proceder ao depósito de quantia igual ao valor máximo da coima prevista para a contra -ordenação
praticada.
2 — O pagamento voluntário ou o depósito referidos no número anterior devem ser efectuados no acto
da verificação da contra -ordenação, destinando -se o depósito a garantir o pagamento da coima em que o
infractor possa vir a ser condenado, bem como das despesas legais a que houver lugar.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 84


Formação de motoristas de transporte mercadorias

3 — Se o infractor declarar que pretende pagar a coima ou efectuar o depósito e não puder fazê-lo no acto
da verificação da contra -ordenação, deve ser apreendida a documentação do veículo até à efectivação do
pagamento ou do depósito.
4 — No caso previsto no número anterior devem ser emitidas guias de substituição dos documentos
apreendidos com validade até ao 1.º dia útil posterior ao dia da infracção.
5 — A falta de pagamento ou do depósito nos termos dos números anteriores implica a apreensão do
veículo, que se mantém até ao pagamento ou depósito ou à decisão absolutória.
6 — O veículo apreendido responde nos mesmos termos que o depósito pelo pagamento das quantias
devidas.

Artigo 36.º
Imobilização do veículo

1 — Sempre que da imobilização de um veículo resultem danos para as mercadorias transportadas ou para
o próprio veículo, cabe à pessoa singular ou colectiva que realiza o transporte a responsabilidade por esses
danos, sem prejuízo do direito de regresso.
2 — São igualmente da responsabilidade da pessoa que realiza o transporte os encargos que resultem da
transferência para outro veículo no caso de excesso de carga, sem prejuízo do direito de regresso.

Artigo 37.º
Processamento das contra -ordenações

1 — O processamento das contra -ordenações previstas neste decreto -lei compete ao IMTT.
2 — A aplicação das coimas é da competência do presidente do conselho directivo do IMTT.
3 — O IMTT organiza o registo das infracções cometidas nos termos da legislação em vigor.

Artigo 38.º
Produto das coimas

O produto das coimas é distribuído da seguinte forma:


a) 20 % para o IMTT, constituindo receita própria;
b) 20 % para a entidade fiscalizadora;
c) 60 % para o Estado.

CAPÍTULO V

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 85


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Disposições finais e transitórias


Artigo 39.º
Modelos das autorizações e distintivos

Os modelos dos alvarás, licenças, autorizações e distintivos referidos no presente decreto-lei, que não
estejam previstos em regulamentação comunitária ou decorram de acordos bilaterais ou convenções
multilaterais, são definidos e aprovados por despacho do presidente do conselho directivo do IMTT.

Artigo 40.º
Afectação de receitas

Constituem receita própria do IMTT os montantes que venham a ser fixados por despacho conjunto dos
Ministros de Estado e das Finanças e das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, para as inscrições
no exame a que se refere o artigo 7.º e para a emissão de certificados, dos alvarás, licenças, certificados,
autorizações e distintivos referidos no presente decreto -lei.

Artigo 41.º
Disposições finais e transitórias

1 — As pessoas singulares ou colectivas que à data de entrada em vigor do presente decreto-lei efectuem
transportes de mercadorias por conta de outrem exclusivamente por meio de veículos ligeiros, com peso
bruto igual ou superior a 2500 kg, dispõem do prazo de 18 meses para se conformarem com os requisitos
exigidos para o licenciamento da actividade, a contar da data de entrada em vigor do presente decreto -lei.
2 — Durante o período a que se refere o número anterior, os veículos ligeiros de mercadorias não
carecem da licença prevista no artigo 14.º para a realização de transportes de mercadorias por conta de
outrem.
3 — As empresas que, à data de entrada em vigor do presente decreto -lei, sejam titulares de alvará
emitido pelo IMTT para actividades de transporte ou para a actividade transitária podem licenciar veículos
ligeiros para transporte de mercadorias, não carecendo de alvará a que se refere o artigo 3.º
4 — O alvará para o transporte de mercadorias em veículos ligeiros, a que se refere o artigo 4.º, pode ser
concedido com dispensa do requisito de capacidade profissional às sociedades ou cooperativas que,
preenchendo as restantes condições de licenciamento, o requeiram nos primeiros seis meses após a data de
entrada em vigor do presente decreto -lei.

Artigo 42.º

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 86


Formação de motoristas de transporte mercadorias

Entrada em vigor

1 — O presente decreto -lei entra em vigor 30 dias após a sua publicação, sem prejuízo do disposto no
número seguinte.
2 — As empresas titulares de alvará para transporte rodoviário de mercadorias à data de entrada em vigor
do presente decreto -lei só ficam sujeitas ao disposto no n.º 2 do artigo 9.º, no que respeita à capacidade
financeira de acesso à actividade, a partir de 1 de Janeiro de 2008.

Artigo 43.º
Norma revogatória

1 — É revogado o Decreto -Lei n.º 38/99, de 6 de Fevereiro.


2 — Enquanto não for publicada a regulamentação a que se refere o presente decreto -lei, mantém -se em
vigor a Portaria n.º 1099/99, de 21 de Dezembro, que regula os exames para obtenção do certificado de
capacidade profissional, bem como os despachos n.os 21 994, de 19 de Outubro de 1999, e 14 576/2000,
de 30 de Junho de 2000, relativos à guia de transporte e aos dísticos.

ANEXO I
Lista das matérias referidas no artigo 7.º

Os conhecimentos a tomar em consideração para a comprovação da capacidade profissional devem


incidir, pelo menos, nas matérias mencionadas na lista. Os transportadores rodoviários candidatos devem
possuir o nível de conhecimentos e aptidões práticas necessários para dirigir uma empresa de transportes.
O nível mínimo de conhecimentos, a seguir indicado, não pode ser inferior ao nível 3 da estrutura dos
níveis de formação previsto no anexo à Decisão n.º 85/368/CEE, isto é, uma formação adquirida com a
escolaridade obrigatória complementada por formação profissional ou formação técnica complementar,
ou por formação técnica escolar ou de outro tipo de nível secundário.
As matérias sobre as quais incide essa formação e a graduação indicativa do nível de conhecimentos
exigíveis constam da lista seguinte, com referência, nomeadamente, aos temas que o candidato deve
conhecer ou ser capaz de interpretar, negociar ou avaliar.

A) Elementos de direito civil:

1) Conhecer os principais contratos correntemente utilizados nas actividades de transporte rodoviário,


bem como os direitos e obrigações deles decorrentes;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 87


Formação de motoristas de transporte mercadorias

2) Ser capaz de negociar um contrato de transporte juridicamente válido, nomeadamente no que respeita
às condições de transporte;
3) Ser capaz de analisar uma reclamação do cliente relativa a danos resultantes quer de perdas ou avarias da
mercadoria em curso de transporte quer do atraso na entrega, bem como os efeitos dessa reclamação,
quanto à sua responsabilidade contratual;
4) Conhecer as regras e obrigações decorrentes da Convenção CMR relativa ao contrato de transporte
internacional rodoviário de mercadorias.

B) Elementos de direito comercial:

1) Conhecer as condições e formalidades necessárias para exercer o comércio e as obrigações gerais dos
comerciantes (registo, livros comerciais, etc.), bem como as consequências da falência;
2) Possuir conhecimentos suficientes sobre sociedades comerciais, formas e regras de constituição e
funcionamento.

C) Elementos de direito social:

1) Conhecer o papel e o funcionamento das diferentes instituições sociais que intervêm no sector do
transporte rodoviário (sindicatos, comissões de trabalhadores, delegados do pessoal, inspecção do
trabalho, etc.);
2) Conhecer as obrigações das entidades patronais em matéria de segurança social;
3) Conhecer as regras aplicáveis aos contratos de trabalho relativos às diferentes categorias de
trabalhadores das empresas de transporte rodoviário (forma dos contratos, obrigações das partes,
condições e tempo de trabalho, férias pagas, remuneração, rescisão do contrato, etc.);
4) Conhecer as disposições do Regulamento (CE) n.º 561/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 15 de Março, e do Regulamento (CEE) n.º 3821/85, bem como as respectivas medidas práticas de
aplicação.

D) Elementos de direito fiscal:

1) Ao IVA aplicável aos serviços de transporte;


2) Ao imposto de circulação dos veículos;
3) Aos impostos sobre certos veículos utilizados para o transporte rodoviário de mercadorias, bem como
às portagens e direitos de utilização cobrados pela utilização de certas infra -estruturas;
4) Aos impostos sobre rendimento.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 88


Formação de motoristas de transporte mercadorias

E) Gestão comercial e financeira da empresa:

1) Conhecer as disposições legais e práticas relativas à utilização de cheques, letras, promissórias, cartões
de crédito e outros meios ou métodos de pagamento;
2) Conhecer as formas de crédito (bancário, documentário, fianças, hipotecas, locação financeira, aluguer,
facturação, etc.), bem como os respectivos encargos e obrigações delas decorrentes;
3) Saber o que é o balanço, modo como se apresenta e capacidade de o interpretar;
4) Ser capaz de ler e interpretar uma conta de ganhos e perdas;
5) Ser capaz de analisar a situação financeira e rentabilidade da empresa, nomeadamente com base nos
coeficientes financeiros;
6) Ser capaz de preparar um orçamento;
7) Conhecer as diferentes componentes dos seus preços de custo (custos fixos, custos variáveis, fundos de
exploração, amortizações, etc.) e ser capaz de calcular por veículo, ao quilómetro, à viagem ou à tonelada;
8) Ser capaz de elaborar um organigrama e organizar planos (relativos a todo o pessoal da empresa, planos
de trabalho, etc.);
9) Conhecer os princípios de estudos de mercado (marketing), promoção de venda dos serviços de
transporte, elaboração de ficheiros de clientes, publicidade, relações públicas, etc.;
10) Conhecer os diferentes tipos de seguros próprios dos transportadores rodoviários (seguros de
responsabilidade), bem como garantias, e as obrigações daí decorrentes;
11) Conhecer as aplicações telemáticas no domínio do transporte rodoviário;
12) Ser capaz de aplicar regras relativas à facturação dos serviços de transporte rodoviário de mercadorias
e conhecer o significado e os efeitos dos incoterms;
13) Conhecer as diferentes categorias de auxiliares de transporte, o seu papel, as suas funções e o seu
eventual estatuto.

F) Acesso à actividade e ao mercado:

1) Conhecer a regulamentação sobre transportes rodoviários por conta de outrem, para a locação de
veículos industriais, para a subcontratação, nomeadamente as regras relativas à organização oficial da
profissão, ao acesso à mesma, às autorizações para os transportes rodoviários intracomunitários e
extracomunitários, ao controlo e às sanções;
2) Conhecer a regulamentação relativa ao estabelecimento de uma empresa de transporte rodoviário;
3) Conhecer os diferentes documentos exigidos para a execução dos serviços de transporte rodoviário e
relativos ao veículo, ao motorista ou à mercadoria;

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 89


Formação de motoristas de transporte mercadorias

4) Conhecer as regras relativas à organização do mercado dos transportes rodoviários de mercadorias, ao


tratamento administrativo da carga e à logística;
5) Conhecer as formalidades de passagem das fronteiras, o papel e o âmbito dos documentos T e das
cadernetas TIR, bem como as obrigações e responsabilidades que a sua utilização implica.

G) Normas técnicas e de exploração:

1) Conhecer as regras relativas aos pesos e às dimensões dos veículos nos Estados membros, bem como
os procedimentos relativos aos transportes excepcionais que constituem derrogações a essas regras;
2) Ser capaz de escolher em função das necessidades da empresa os veículos e os seus elementos (quadro,
motor, órgãos de transmissão, sistemas de travagem, etc.);
3) Conhecer as formalidades relativas à recepção, matrícula e controlo técnico dos veículos;
4) Ser capaz de estudar as medidas a tomar contra a poluição do ar pelas emissões dos veículos a motor e
contra o ruído;
5) Ser capaz de elaborar planos de manutenção periódica dos veículos e do seu equipamento;
6) Conhecer os diferentes tipos de dispositivos de movimentação e de carregamento (plataformas
traseiras, contentores, paletas, etc.), procedimentos e instruções relativos às operações de carga e descarga
das mercadorias (distribuição da carga, empilhamento, estiva, fixação, etc.);
7) Conhecer técnicas do transporte combinado (rodo-ferroviário ou ro -ro);
8) Ser capaz de pôr em prática os procedimentos destinados a dar cumprimento às regras relativas ao
transporte de mercadorias perigosas e de resíduos, procedimentos destinados a dar cumprimento às regras
decorrentes das Directivas n.os 94/55/CE, e 96/35/CE e do Regulamento (CEE) n.º 259/93;
9) Ser capaz de aplicar os procedimentos destinados a dar cumprimento, nomeadamente, às regras
decorrentes do acordo relativo aos transportes internacionais de produtos alimentares perecíveis e aos
equipamentos especializados a utilizar nestes transportes (ATP);
10) Ser capaz de aplicar os procedimentos destinados a dar cumprimento à regulamentação relativa ao
transporte de animais vivos.

H) Segurança rodoviária:

1) Conhecer as qualificações exigidas aos condutores (carta de condução, certificados médicos, atestados
de capacidade, etc.);
2) Ser capaz de realizar acções para se certificar de que os condutores respeitam as regras, as proibições e
as restrições de circulação em vigor nos diferentes Estados membros (limites de velocidade, prioridades,
paragem e estacionamento, utilização das luzes, sinalização rodoviária, etc.);

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 90


Formação de motoristas de transporte mercadorias

3) Ser capaz de elaborar instruções destinadas aos condutores respeitantes à verificação das normas de
segurança relativas ao estado do material de transporte, do equipamento e da carga e à condução
preventiva;
4) Ser capaz de instaurar procedimentos de conduta em caso de acidente e de aplicar os procedimentos
adequados para evitar a repetição de acidentes e infracções graves.

ANEXO II
Organização do exame para obtenção de capacidade profissional

1 — O exame para obtenção de capacidade profissional é constituído por um exame escrito obrigatório,
que poderá ser completado por um exame oral para verificar se os candidatos a transportadores
rodoviários possuem o nível de conhecimentos exigidos nas matérias indicadas no anexo I.
2 — O exame escrito obrigatório é constituído pelas duas provas seguintes:
2.1 — Perguntas de escolha múltipla com quatro respostas possíveis, perguntas de resposta directa, ou
uma combinação dos dois sistemas;
2.2 — Exercícios escritos/análise de casos. A duração mínima de cada uma das duas provas é de duas
horas.
3 — No caso de ser organizado um exame oral, a participação nesse exame fica subordinada a aprovação
nas provas escritas.
4 — A atribuição de pontos a cada prova fica subordinada aos seguintes critérios:
4.1 — Se o exame incluir uma prova oral, a cada uma das três provas não poderá ser atribuído menos de
25 % do total dos pontos do exame, nem mais de 40 %;
4.2 — Se for organizado apenas um exame escrito, a cada prova não poderá ser atribuído menos de 40 %
do total dos pontos de exame, nem mais de 60 %.
5 — No conjunto das provas, os candidatos devem obter, pelo menos, uma média de 60 % do total dos
pontos do exame. A pontuação obtida em cada prova não pode ser inferior a 50 % dos pontos atribuídos
à mesma, podendo, contudo, ser reduzida a 40 % numa única prova.

ANIECA - Departamento de Formação e Qualidade 91

You might also like