You are on page 1of 37

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

AULAS TEÓRICAS

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

Professor Doutor José Luís Ramos

3º Ano 2º Semestre

1
20/02/2023

Nota: a bibliografia já está publicada na página da faculdade.

Questão prévia: no semestre passado foram estudos vários princípios que orientam o processo
civil, mas claro estes não se esgotam no 1º semestre. Assim, começaremos o 2º semestre com a
análise de um princípio:
Princípio da estabilidade da instância - artigo 260º CPC
O que é?
Este princípio significa que a instância vai se manter quer quanto às pessoas como às causas de
pedir. Ou seja, o que temos de ter aqui em atenção é que este princípio não atua como
conseguimos compreender desde a petição inicial. O que significa que só depois da citação do réu
é que esta ideia fundamental é aplicada. Assim, a partir da citação, a ideia é que instância se
mantenha a mesma, os sujeitos são os mesmos, autor e réu, o pedido é o mesmo e a causa de pedir
também.
Coloca algum tipo de dúvidas sobre a aplicação deste princípio?
Citado o réu , daqui por diante o que verificamos é que uma fixação, uma estabilidade, uma
petrificação - quere-se que a instância não tenha sobressaltos. Esta questão é tanto uma orientação
do processo como um princípio do mesmo, e não temos dúvidas nem na doutrina nem na
jurisprudência nem na própria lei da sua aplicação. Isto parece simples, mas como já vimos no
semestre passado por exemplo o artigo 6º do CPC pode causar dúvidas se é mesmo um princípio ou
se é um dever, mas no 260º CPC não temos dúvidas, o objetivo/efeito que se pretende é manter a
instância inalterada.

Esquema do processo civil e da marcha de uma ação:

Citação do Réu

Temos duas notas importantes:


- Não temos princípios absolutos no Processo Civil;

2
- Este princípio diz in fine que “salva as exceções consignadas da lei”, o que quer dizer que este
princípio consente vicissitudes, alterações, modificações e exceções. Ou seja, do lado do princípio
temos e podemos ver que este tem diretrizes, postulados.

Quais os postulados mais importantes?


Artigo 7º CPC por exemplo, princípio da cooperação, concretiza-se de uma maneira direta? Sim
parece que ao que tudo indica assim, mas o regente aqui no artigo 260º não entende isso,
defendendo que precisamos de normas concretizadoras, postulados, quais são eles?
 195º CPC : poderemos olhar para este artigo “só produzem nulidade quando (…)”- visão
restritiva dos atos processuais, das suas nulidades. Isto significa que este não é abrangente, o
legislador tem uma postura neste artigo muito pouco recetiva a nulidades processuais, ou seja, só
podem quando diz isto, só fala das nulidades nominadas e inominadas, só produzem a nulidade
quando a lei o declare. Isto quer dizer que as nulidades processuais são restritivas. O 195º é
então relacionado com o 260º CPC porque se não o processo ia ao ar porque íamos só caindo em
nulidades. Desta forma o 195º é uma concretização, um postulado do 260º.
 197º CPC : Mas não só as nulidade processuais são restritivas, como os efeitos das nulidades
processuais são muito limitados, porque na verdade as nulidades processuais tem pouco a ver
com as nulidades cíveis. Podemos questionar quem pode invocar? É restritivo no âmbito do
processo civil que é o que nos interessa, como sabemos já nas nas cíveis toda a gente pode
invocar aqui não.
 198º CPC: Até quando podem ser arguidas?
 202º CPC: ato nulo não pode ser renovado se já expirou o prazo, esta restritividade da
renovação de atos nulos, pode ser como alguns autores dizem uma concretização deste
princípio , um postulado.
 619º e 620º CPC: a questão do caso julgado que tem como consequência a aquisição de uma
força obrigatória, principal consequência do princípio da estabilidade da instância, para não
andarmos a perder tempo, claro se tornou se tudo tao firme ao longo do processos não podíamos
no despacho saneador ou na sentença deitar tudo ao ar.

EM SÍNTESE:
Os artigos 195º /197º/ 198º/202º/619º e 620º do CPC são postulados do princípio da estabilidade
da instância onde o objetivo do legislador é que a instância não tenha percalços, que a instância
siga. Assim, o princípio da estabilidade da instância, concretiza-se no artigo 260º, mas tem
postulados ao longo de todo o processo para além da área das nulidades, mas também no final do
processo, a sentença, vai ser estável, pelo caso julgado.

 No direito os princípios são vetores/orientações que são superiores às ordens jurídicas e que
fazem que várias regras/ normas se conformem e se adequem e reconduzam ao princípio da
estabilidade da instância. Não temos regras sem exceção e os princípios iguais.

3
Logo, nós vamos olhar para o 260º CPC e vemos na parte final, que o 260º admite
modificações, e essas modificações podem ser:
- quanto às partes;
- quanto ao pedido;
- quanto à causa de pedir;
Mas, estas modificações tem de estar fixadas na lei, quando olharmos para o outro lado da
moeda que são as situações que fazem com que não exita estabilidade na instância, a nossa
interpretação dessas normas tem que ser restritiva porque nós estamos do outro lado , ou seja,
contrário ao princípio, as situações em que não temos estabilidade ou pelo menos alguma
instabilidade, as normas tem que ser analisados de modo restritivo.

Temos então:
1. Modificações subjetivas: tem que ver com as partes.
Exemplo A contra B e nós se formos ver isto, vemos uma relação singular , A Autor e B o réu. Mas
vimos no semestre passado que podíamos ter relações plurais, o que denominamos por
Litisconsórcio Inicial, ou seja, no momento da propositura da ação. Mas agora, nesta perspetiva
das exceções, o que vamos ver é que no momento da propositura da ação temos 1 autor e 1 réu e
agora a partir do meio entre a Contestação e Réplica imaginemos entra o C que aparece durante a
ação, vai entrar depois de a ação estar em marcha, podendo entrar tanto do lado do autor como do
lado do réu. O que chamamos a esta situação?
A doutrina denomina por Intervenções de terceiros (311º e ss do CPC), a isto nós chamamos
modificações Subjetivas. Estas entradas de outras sujeitos, não pode depender só da vontade do
autor e do réu, tem que ser conforme à lei, é a lei que fixa, não as partes, 260º CPC. Fixando na
entrada de novas partes, podemos classificá-las:

De acordo com o papel que o sujeito irá ter na ação:

a) Intervenção Principal 311º e ss CPC: o sujeito interventor tem uma posição paritária. Vai
intervir como litisconsorte sucessivo.
- Principal espontânea: Pode aderir ou inovar, esta intervenção pode ser tanto ativa como
passivo: adesiva ou autónoma: 312º CPC
b) Intervenção Acessória 321º e ss CPC: o sujeito é chamado não como parte idêntica ou paritária
como na principal, ou seja, aqui é como que auxiliar da defesa, uma posição mais lateral e mais
subjetiva. Isto só se estabeleceu assim a partir da reforma de 2013, até aqui podia ser também
espontânea, a partir da contestação já não poder ser aceite.
c) Intervenção de Assistência 326º e ss CPC: é chamado como assistente + 327º CPC = a todo o
tempo. Porquê? O assistente tem de tal forma uma posição lateral que não vai modificar o
processo nem causar problemas na tramitação do processo.

De acordo com a forma como ele surge na ação:


a) Intervenção Espontânea: surge na ação de modo próprio.
b) Intervenção Provocada : surge na ação por ser chamado.
4
Será que estes tipos de intervenção se podem relacionar todos entre si?
Apenas e só quando a lei o permite, devido ao que aqui já referimos o princípio da instância.
Podemos abrir aqui a questão que este princípio tem cada vez mais sido valorizado uma vez que tem
restringindo a intervenção de terceiros, sendo que podemos basear nos nas reformas do CPC que
apesar de não serem muitas com grande importância se tem verificado que todas elas seguem o
mesmo objetivo: proteger e consolidar este princípio (estabilidade da instância) e minimizar ,
restringir e limitar as intervenção de terceiros. Mas sendo isto verdade, também é verdade que
em 2023 ainda temos intervenções de terceiros permitidas pela lei, 311º e ss do CPC.

Como conjugamos então os tipos de intervenções?

Tipo de Em que lado? Modo próprio ou


intervenção: chamado?
Intervenção Autor e Réu Espontânea e
principal provocada
Intervenção Réu Provocada
acessória
Intervenção de Autor e Réu ?
assistência

2. Modificações objetivas: tem que ver com o objeto, pedido e causa de pedir

24/02/2023
Maior parte da aula foi uma revisão da última: em concreto a nível dos apontamentos, foi feito
alguns acrescentos às questões, o que se mais desenvolveu foi a questão do 313º e 314º que está
então nesta aula demonstrado.
Professor Castro Mendes: olha para o processo como uma marcha que divide as fases, apesar de
muitas críticas, temos então:
1º: Fase da Petição Inicial: Contestação: pede haver réplica ou não e depois despacho saneador:
fase dos articulados;
2º: Fase da condensação: depois do despacho saneador;
3º: Fase da instrução: as fases dos temas de prova:
4º: Fase de audiência do julgamento: onde temos mesmo as audiências.
Desta forma, a Espontânea (312º)pode ser ainda:
5
Autónoma: apresenta o seu próprio articulado, 314º CPC ;
Adesiva: adere aos articulados, 313º CPC.
Mais, 313º CPC diz-nos que a intervenção do litisconsórcio com mera adesão aos articulados do
lado ativo ou passivo, é admissível a todo o tempo. Que quer isto dizer? Que a adesão pode
acontecer num período mais amplo porque não vai modificar os factos, está apenas a concordar às
alegações a cada uma das partes, e sujeita-se a aceitar a causa tal e qual como está, 313º/3 CPC.

Artigo 314º CPC diz nos que a intervenção autónoma, em articulado próprio, o 314º CPC “só” até
ao fim da fase dos articulados. Mas então não temos igualdade, porque é que na mera adesão
pode aparecer até mais tarde? Porque exatamente a intervenção por mera adesão, não vai
destabilizar o que se passa na ação, a parte não vai apresentar novas alegações nem novos factos, vai
concordar apenas. Assim, como tal o contrário, a intervenção por articulados próprios, o novo na
ação vai apresentar novos factos, assim estaríamos a submeter tudo aquilo que se passa na ação a
um princípio da estabilidade da instância completamente do avesso.
Assim, iniciado o processo, as partes principais estão determinadas, mas podemos em determinadas
condições de intervenção de terceiros posteriormente.
Mas veja-se ainda:
Se o terceiro intervém aceite no processo no estado em que o encontra, assim nunca tem esta
intervenção efeitos retroativos. Porque se estamos numa perspetiva dinâmica, numa perspetiva de
marcha de processo chegando ao fim sem um pendência muito longa para não comprometer a
celeridade processual, e assim, todas as questões que podem colocar em causa este mesmo processo
tem de ser afastadas ou aceites restritivamente.

Em suma, apesar das questões suscitadas, a intervenção de terceiros não depende só da vontade do
terceiro ou da parte, a intervenção do terceiro só acontecem perante a vontade da lei. Com isto não
quer dizer que em certas circunstâncias a intervenção de terceiros na ação não seja relevante e
vantajoso, pode dar-se o caso, mas apenas e só quando a lei assim o demonstre. Desta forma, é
preciso ter atenção que esta questão tem de ser sempre analisada de forma restritiva, porque todos os
pontos que possam ser de dúvidas, temos de os rejeitá-los, restringindo em nome do princípio da
estabilidade da instância, invocando o 260º CPC.

28/02/2023
Conclusão do que demos até aqui na primeira semana:

 Princípio da estabilidade da instância;


 Exceções a este princípio , ou seja, situações de litisconsórcio sucessivo;
 Intervenção de terceiros;

6
Sobre este tópico, é importante não esquecer o artigo 318º CPC em relação à intervenção
principal provocada, este artigo na verdade não é propriamente uma novidade porque podemos
ter situações iniciais que estavam mal e que vão ser mais tarde reparadas. Exemplo: havia
inicialmente um litisconsórcio que tinha que ser necessário, mas que só apareceu um – todas
estas situações de reparação ou de sanação de litisconsórcio necessário vão acontecer num
momento subsequente. Ora, este momento subsequente, é intervenção de terceiros. Porquê?
Porque o litisconsórcio sucessivo pode ser uma espécie de remédio para o litisconsórcio
necessário inicial que na verdade devia ser mas não apareceu, e este problema vais ser resolvido
pelo:
- 318º/1 a) para o litisconsórcio necessário;
- 318º/1 b) para o litisconsórcio voluntário;
- 318º/1 c) para as outras situações, nomeadamente as do número 3 do 316º do CPC.

Continuando na análise das modificações subjetivas:


Situações de oposição:
A entende que é proprietário do terreno X e quer que o tribunal declare nos termos do artigo
1311º do CC que ele é proprietário. Mas na verdade o B é que anda la a plantar e diz nas
mediações que ele é que é o verdadeiro proprietário. Ou seja, ambos entendem que são
proprietários, A e B. Mas a certa altura, o C sabendo deste litígio entre A e B vem a tribunal
dizer que a titular do direito é dele (C) – também aqui temos uma situação de intervenção de
terceiros, mas diferente do que vimos até aqui, as chamadas : oposição (333º e ss do CPC).
Isto porque o C , o terceiro apresentará uma situação conflituante com ambos, A e B. O C ( em
termos técnicos, o opoente), os seus próprios interesses são divergentes tanto do autor como do
réu.

Como vamos resolver estas situações?


Não vamos contar a história toda, mas o Código desde 1989 já teve novidades, mas o que
interessa é o direito vigente e a fórmula encontrada: temos uma situação numa primeira análise
triangular que tem grandes diferenças com os regimes anteriores de intervenção de terceiros mas
também algumas semelhanças.

As semelhanças:
O C quando intervém pode intervir:
- Em termos de iniciativa:
1. Oposição Espontânea: por ele próprio, iniciativa parte do C - 333º e ss do CPC; Seguindo o
exemplo dado em cima, o C vai referir num requerimento à parte que é titular daquele terreno,
que tem o direito. Onde das duas uma, ou as partes não estão de acordo (A e B) e dizem que o C
não tem direito – 337º/2 CPC impugnando o direito do C a instância segue entre as três
partes havendo duas causas conexas, ou então uma das partes até concorda com o C. Aqui

7
então se alguma das partes reconhecer o direito do opoente esta relação aparentemente
triangular deixa de o ser e passa a ser dual , o C ou se vai aliar a A ou a B: 337/1º CPC.
2. Oposição Provocada: porque o C é chamado por alguém- 338º e ss do CPC, sendo em
regra o réu que chama o opoente como estratégia de defesa. Ou pode o réu de acordo com o
prazo para contestar, e depois citado o opoente, o terceiro : 339º do CPC. Consequência: 340º
se o terceiro não deduzir a sua oposição, é logo proferida sentença.

Figura diferente e muito sui generis de modificação da instância:


Embargos de terceiro: exemplo a penhora, a apreensão judicial de bens, e neste serem
aprendidos bens que não é o devedor, como acontece com o cônjuge. Esta figura não é uma
oposição tecnicamente , temos uma situação diferente: 342º e ss do CPC , alguém que perante
uma situação de divida ou de outra não é abrangido por aquela relação processual, mas aparece
na relação processual precisamente na defesa dos seus bens patrimoniais que foram apreendidos.
Modalidades de terceiros:
- Por parte dos cônjuges: 343º CPC , o cônjuge que tem posição de terceiro, pode sem
autorização o outro defender os seus direitos por embargos relativamente aos bens próprios ou
comuns que tenham sido indevidamente atacados pela apreensão. O prazo para a rejeição dos
embargos é segundo o artigo 344º e 345º .
- Os embargos tem muitas vezes uma situação preventiva, 350º, ou seja, antes de realizada a
diligência, se alguém sabe que vai ser promovida uma penhora e que vai apreender os seus bens,
assim, para que isto não aconteça ele vai embargar preventivamente.

Estamos perante todas as modificação subjetivas da instância?


Não, pois pode haver uma outra situação:
- Situação de factos jurídicos: temos um dia em que um determinado facto jurídico faz com
que um dos sujeitos processuais por razões que na verdade enão estão na sua própria
disponibilidade , desapareça. Exemplo: foi atropelado e morreu. Ora, também aqui estamos
perante uma situação de modificação subjetiva da instância porque nas situações anteriores o que
fomos vendo era que tínhamos situações de intervenção de terceiros por iniciativa por alguém,
aqui vamos ver claro exceções ao princípio da estabilidade da instância, mas estas
modificações subjetivas são na verdade diferentes: são modificações que ocorrem por
substituição. Não são verdadeiras intervenções de terceiros, são na verdade modificação
subjetiva que ocorre por morte do autor ou do réu, do lado ativo ou passivo.
Se o autor ou o réu morrer é obrigatório que tenhamos uma substituição?
Não, porque o artigo 277º diz nos quais são as causas de extinção da instância, em regra no
julgamento ou com o compromisso arbitral – 277º a) e b). Mas atenção a alínea e) do 277º
CPC.
Exemplo: direito de usufruto o usufrutuário reivindica 1311º CC e 1315º CC , então o direito de
usufruto não se transmite mortis causa, e assim se tivermos uma relação jurídica que é por
exemplo um usufrutuário que reivindica o seu direito de usufruto, se este B morrer como o
direito de usufruto é intuito personae se o agente morreu, temos uma inutilidade superveniente
ali, logo esta ação cessa. Aqui a morte não implica sempre uma substituição, apenas o pode
implicar
8
Diferença entre extinção da instância 277º vs suspensão da instância 270º?
O que fazemos é começar por analisar o 270º que é a regra geral quando alguém morre e depois
podemos ver se existe alguma das causas de extinção: 277º. Mas a partida se houver morte
temos suspensão da instância, e depois desta tem que haver habilitação: 351º CPC. Assim, na
verdade do 280º podemos passar para o 351º. Ou seja, tem que haver herdeiros que possam
substituir o agente que morre: situações de habilitação. Então só temos habilitação, no sentido
de substituição quando alguém morre? Não, ou seja, à partida, o instituto da habilitação
(substituição), tem duas hipóteses:
- Habilitação mortis-causa, quando morre uma das partes;
- Habilitação inter-vivos , por razões da vontade de uma das partes em ser substituída. Mas em
que termos? O prof. Regente segue o prof. Alberto dos Reis que tem uma frase lapidar “na
habilitação mortis causa a habilitação é obrigatória”  ou seja, se alguém morre para haver
substituição isto tem sempre de acontecer, o que aparece tem de substituir quem já não existe ;
nos casos de habilitação inter-vivos a habilitação é facultativa, depende da vontade das
partes e não só.

03/03/2023

Continuação da aula passada:


A habilitação tem duas vertentes:
A)Mortis causa, A-*--B, A intenta uma ação contra B e o A morre, este A também pode ser
uma pessoa coletiva que se extingue, e isto pode ser tanto do lado do autor como do réu, e isto é
uma situação factual , um facto jurídico que tem relevância, a situação que dá origem à morte.
Podemos dizer que temos uma situação que podemos ter habilitação devido à extinção quer da
pessoa singular/individual, quer coletiva. O prof. José Alberto dos Reis dizia que a habitação é a
prova da aquisição por sucessão ou transmissão da titularidade do direito, porque o A morre e
alguém lhe vai suceder que vem a ser imaginemos o H, o seu sucessor e para aquele H ser
colocado na posição de A o H tem de provar que é sucessor de A  Obrigatória.
B)Inter-Vivos, D-----E-----F, aqui é mutatis motanti igual ao que dito acima, temos situações de
substituição.  Facultativa.

Problema que se coloca, é qual o regime e qual as situações?


Como distinguir os dois tipos de habilitação? José Alberto dos Reis diz que a diferença, é
que na habilitação mortos causa ou para haver sucessão, a habilitação é obrigatória e na
habilitação inter-vivos é facultativa. Porque com a morte não leva a uma habilitação porque a
9
morte pode operar uma extinção da instância. Porque no nosso exemplo D propõe uma ação
contra E e o E transmite a sua divida para F, o que é esta transmissão do E para F é no plano do
direito substantivo e nem E nem F conta ao tribunal que isso aconteceu no plano substantivo e
por isso não tem relevância processual e pode continuar a ação contra E não necessariamente
precisa de ser contra F.

1. Para o processos seguir depois da suspensão (dá-se esta suspensão para questões do prazo), 351º
352º  inter vivos. Esta vais nos suscitar uma série de questões: A prof. Paula Costa e Silva
tem tese de mestrado sobre isto.
Olhando para o direito comparado, uma hipóteses era que a transmissão não tivesse relevância-
teoria da irrelevância da posição contratual. Alias no direito romano a transmissão contratual a
alteração contratual era proibido. Mas agora, admitindo-se do lado do processo temos 3 posições
então:
 Teoria da irrelevância: temos transmissão do direito processual no plano substantivo e não tem de
haver uma direta relação e consequência no plano processual.
 Teoria da relevância para o processo: temos transmissão do direito processual no plano
substantivo e tem de haver uma direta relação e consequência no plano processual.
 Teoria da relevância mitigada: aceita que com determinadas circunstâncias se de relevância no
plano processual a alteração no plano substantivo.
Olhando para estas 3 teorias, Portugal, o direito processual civil, adota-se claramente a 3 teoria,
a da relevância mitigada, o sistema alemão também, ou seja, nem sempre a transmissão nos
planos substantivos só vai ter relevância em determinadas circunstâncias. E quais são estas?
Norma de habilitação para a sucessão inter-vivos: 356º , mas antes deste temos que nos
preocuparmos com o 263º que muito preocupa a doutrina, consagra os requisitos desta
substituição. E quais são eles?
- 579º/3 CC diz-nos o que é direito litigioso, imaginemos D propôs a ação contra E e o E
contestou, logo na perspetiva dinâmica deve-se entender que a transmissão do direito litígios só
acontece depois da contestação.
Agora o 263º vemos que na verdade se não houvesse este artigo esta substituição não se
pudesse operar, apenas se ode fazer porque este artigo configura uma causa autónoma de
legitimidade. porquê? Porque o 263º permite que aquele que não é parte na ação passe a ser ou
que o E que já transitou no planos substantivo para F continue a correr contra E no plano
processual, mesmo que o devedor seja o F, pelo que o comboio podia parar porque a partir do
momento em que isso fosse conhecido o F era o devedor, mas o 263º permite que assim não seja
—esta questão só se coloca se a transmissão no plano substantivo ocorrer durante a ação
processual! Só então mais tarde, nos termos do 356º é que o F passará a ter legitimidade.
Pressupostos do 263º:
 Tem de haver pendência da ação;
 Tem de haver uma coisa ou um direito litigioso, não pode haver acordo;
 Transmissão na pendência da ação no plano substantivo;
 Conhecimento, o juiz não pode adivinhar que isso aconteceu.

10
Estes 4 pressupostos permitem então que se aplique o 263/1 , a autónoma causa de legitimidade.
E o nº 2 do 263º? Imaginemos, que D e E celebram um contrato de mútuo de 100 mil euros
porque conhecia E e acredita que esse lhe ia pagar no prazo combinado e se não fizer sabe o
património do E. Imaginemos o que seria se o E transmitir a sua posição o F que é alguém que
não tem qualquer rendimento, era a frustração de créditos de D – esta transmissão processual
tem que terem conta a vontade de D, não é irrelevante para D que o réu seja E ou F. O E pode
ter dinheiro e o F não tem nem um cêntimo, seria uma fuga às obrigações de E. O 263º/2 tenta
acautelar isto: a parte contrária tem de estar de acordo, podendo pelo princípio da cooperação
ser a parte contrária a comunicar o D, ou o tribunal. Se ele D tiver de acordo , temos
substituição. Se ele não tiver de acordo? Segunda parte do 263º /2 , só pode recusar-se quando
se entenda que a transmissão foi efetuada para tornar mais difícil a aposição de D, ou seja, um
claro truque – abuso de direito. O juiz deve recusar a substituição de E para F. Mas e se o F for
uma sociedade financeira, mas e se o D não aceita que tenhamos transmissão, nos termos do
263º/2 isso não pode acontecer, sem fundamentos para que a transmissão não ocorra o juiz deve
aceitar a substituição.
Mas isto será também uma exceção ao princípio da estabilidade da instância?
Sim, e isto não mete em causa, porque na verdade estamos perante dois princípios de polos
diferentes: o princípio da estabilidade da instância e o princípio da celeridade processual
que ao ter uma certa pressão eu em casos credíveis claro não se vai ter que propor uma outra
ação e a atual se puder aproveitar, deixa-se e aceita-se em alguns casos de alguma maneira
aconteça a transmissão mesmo com a oposição d aparte contrária.
Assim para além dos 4 pressupostos do 263º podemos dizer que o 263º desempenha várias
funções/ efeitos:
a) Proteger nos termos do nº 2 a parte estranha à transmissão;
b) Proteger os interesses do transmissário, na nossa hipótese o F;
c) Proteger os interesses do tráfego jurídico;
d) Consagração do princípio da economia processual.

2. 353º e 354º (consoante a legitimidade do sucessor esteja ou não reconhecida) e 355º para a
incerteza –> Mortis causa.

06/03/2023

Princípio da economia processual: existem mecanismos como o 263º e os regimes da habilitação,


mostram que o CPC e o Direito está atento de uma maneira imersiva a algo que é superior às
normas: princípios.

11
Este vem mostrar que esta ação, passagem do tempo não é o que interessa ao DPC , a ideia é de
económica processual de racionalidade de meios, onde o Processo civil deve acautelar situações que
mostram dinamismo e que por causa dessas vicissitudes o processos civil não para.
Exemplo: uma das partes morre não houvesse mecanismos, teria de se ir colocar uma noca ação
para o sucessor.
Se não houvesse o 263º, no plano do direto civil havia uma transmissão do réu B para C (terceiro),
nesse momento a ação teria que parar, assim a ação civil tenta que não se pare porque é uma questão
de legitimidade, o 263º diz que tem uma causa de legitimidade autónoma para que as vicissitudes
não atrasem e mobilizem o que esta em andamento, a ação processual.
Claro que temos críticas ao processos civil, mas não se deixa de com este principio, tendo uma
atividade no processo tem sempre ou tenta ter sempre uma ideia de resultado em concreto adequado
e eficiente, não a ideia de que se interpõem a ação e esta fica parada e não temos consequência
nenhuma. É uma económica que se reflete em vários sentidos, como a economia de meios,
adequando os meios às situações que tem de ser reguladas.
O direito processual civil não pode estar desligado na sociedade, a sociedade tem em si meios
escaços, logo também os tribunais, assim seria pouco desadequado se não tivéssemos uma
adequação as situações. Este principio tem como concretizações apenas as habilitações inter
vivos e mortis causa do 263º ? Não, claro que estes são corolários do principio da económica
processual.
Para além dos sujeitos, temos o objeto e o objeto da relação jurídico processual: tem dois
elementos, pedido e causa de pedir. Se tivermos vários pedidos como fazemos? É possível? Em
termos gerais e abstratos seria possível, mas temo que ir ao direito vigente.
Direito Civil: Os artigos 539º e ss do CC e 543º do CC (obrigação alternativa) e depois o 549º CC.
Qual a intrumentalidade do direito processual civil? Qual é o espelho? 553º do CPC (pedidos
alternativos), quando temos no direito civil 543º e ss , obrigações alternativas aceitamos que dentro
da ação processual se suscitem e se requeiram pedidos alternativos ou seja, A dirige ao tribunal em
alternatividade um pedido nos termos do 553º e ss do CC.
E isto não será uma demonstração do princípio da economia processual? Claro que sim, qual seria a
alternativa? Criar uma nova ação, a verdade aqui é que aparentemente estamos perante dois pedidos,
mas estes estão em alternativas, o tribunal só vai apreciar um!
Artigo 554º CPC, pedidos subsidiários, o que se olha é se não der este então aquele, formulando-se
pedidos subsidiários, onde se um não proceder, tenta-se o outro.
Conclusão, o Direito Processual Civil , permite o 553º e 554º , deixando que sejam apresentados
pedidos alternativos e pedidos subsidiários. Tanto num caso como no outro são demonstração do
princípio da economia processual. Mas tanto um como outro, temos apenas o tribunal que vai
apreciar o pedido mas isso não se passa na cumulação do pedido? Quis iuris se a parte quiser
fazer mais do que um pedido?
Artigo 555º CPC, cumulação de pedidos: das duas uma, o A , o autor podia propro um pedido
numa ação e um pedido noutra. Economia de meios? Não com toda a certeza. Problema que se
12
coloca é que para a parte não lhe interessa e para o tribunal também não se pode apreciar tudo na
mesma ação. A cumulação é voluntária e o direito permite que exista cumulação de pedidos “Pode o
autor”  faculdade.
Com que regras?
Desde que sejam incompatíveis e que não se verifique situações que impedem a coligação.
E o que é esta cumulação de pedidos?
É um regra permissiva, a parte usa esta faculdade pelo 555º no âmbito do princípio da economia
processual.
Conclusão:
Só na cumulação de pedidos , 555º CPC é que no fundo temos a única cumulação real de pedidos ,
porque o resto são cumulações aparentes no 554º e no 553º.

Cumulação real: se temos dois pedidos, tem de haver alguma ligação e requisitos e regime jurídico
que possa permitir esta cumulação, onde o autor se quiser pode propor na mesma ação dois pedidos.
Desde logo como deve esta questão se deve/pode considerar?
Pode autor ou podem os autores, ou seja, se nós olharmos para o 555º nada nos impede que dos
lados ativo inicialmente em vez de uma autor tenhamos um litisconsórcio ativo, sobretudo a partir
da reforma a de 95/96 a ideia que se tem defendido é que pode haver uma pluralidade de pedidos,
mas não se impede que tenhamos uma pluralidade de partes, uma coisa não é requisito da outra.
A cumulação de pedidos pode respeitar a duas vertentes relativamente aos pedidos:

 Relações jurídicas distintas  Exemplo: o A pode ao tribunal a condenação do réu no


pagamento de divida e da entrega de um bem de que é proprietário, apesar de serem duas
relações jurídicas distintas. Assim, aqui estes dois pedidos são autónomos.
 Uma só relação jurídica  Exemplo: o A pode ao tribunal a declaração de propriedade e
entrega do bem. Aqui os dois pedidos existem na mesma relação jurídica. Assim, aqui os
pedidos já não são autónomos, mas podemos dizer que um é principal e o outro é acessório.
Mas temos restrições a esta aparente boa vontade, o tribunal tem esta boa vontade é certo e não o
podemos negar, mas nem sempre é assim, quais são as regras?
1. Pedidos tem de ter compatibilidade, tem de ser compatíveis. Istro de uma maneira lógica
compreende-se, não faria sentido que os pedidos fossem incompatíveis que fossem paradoxais:
555º/1 CPC, onde temos dois níveis de compatibilidade:
- Primeira parte: compatibilidade substantiva  Logo substancialmente compatíveis.
Exemplo:
a) pedido 1: nulidade do contrato;
b) pedido 2: cumprimento do contrato.
- Segunda parte: compatibilidade processual, última parte do 555º/1 que resulta do artigo 37º/
1 e 3 que exige a competência absoluta do tribunal e a mesma forma do processo.
13
10/03/2023
Ou se cumprem os requisitos do 555º/1 ou não! Se se cumprem tudo bem, mas e se houver
incompatibilidade temos de saber qual o tipo de incompatibilidade, o 555º alude a dois tipos:
incompatibilidade substâncial e incompatibilidade processual. Assim se não houver, as
consequências diferem:
1. Substantiva: deve se entender que se esta falhar, o requerimento, que é a PI não deve ser aceite,
a PI deve ser nula (ineptidão da PI) 186º CPC, porque o pedido está em contradição com a
Causa de Pedir;
2. Processual: o que se exige do 37º é que tenhamos alguma situações que não firam, ou seja,
situações de incompetência , aplicam-se as regras do 278º, absolvição do réu da instância.
Mas, relativamente ao objeto ainda pode haver mais vicissitudes:
 Temos um pedido e agora na primeira possibilidade do 555º, temos dois pedidos 
cumulação de pedidos!
Mas o pedido pode ser mudado, pode ter o pedido alterações, alterações do pedido ou da causa de
pedir, assim  alteração de pedido e de causa de pedir. Depende do regime do 264º e 265º, na
verdade a modificação de pedido ode ser uma de duas: ampliação ou redução. Para além disso,
ainda podemos imaginar que as partes podem estar de acordo ou desacordo deste pedido de
ampliação ou redução! Situações:
A) Por acordo: 264º CPC
Acordos das partes de ampliação: 264º, é sempre possível desde que não cause perturbação, ou
seja, que o juiz também esteja de acordo, claro que o juiz terá em conta que quanto mais adianta a
ação estiver mais difícil será a alteração de pedido e da causa de pedir. Exemplo: A propõem uma
ação contra B para este lhe pagar 100 mil euros. Se a alteração do pedido for em vez de 100 mil para
150 mil. Nos termos do 264º tem de ter autorização do réu.
Muita temos doutrina que defende podemos ter situações em que não é preciso acordo. Como?
Acordos das partes de redução: Se o autor propuser uma ação de 100 mil e quiser reduzir para 50
mil euros, na verdade não é preciso autorização do réu, porque estamos perante uma redução do
pedido significa uma desistência parcial do pedido, então se o autor reduz o pedido
quantitativamente estamos perante uma redução do pedido, deve-se entender que desde caso é livre
e sem autorização do réu!

B) Sem acordo:265º/ 1 e 2 CPC


Mesmo sem acordo pode haver alteração do pedido e da causa de pedir:

14
 Causa de pedir: A promove uma ação contra B e o B pode na contestação confessar uma parte e o
B ao confessar esta parte, estamos perante uma alteração da causa de pedir por confissão do réu.
Nº1!
 Reduzir o pedido: mesmo sem acordo do réu, se o pedido o autor conseguir demonstrar que o
pedido não desestabiliza a instância por ser apenas uma ampliação do pedido inicial isto pode
ocorrer.
Nº2!

Simultaneamente pode-se fazer o mesmo?


Revisão de 95 e 96 aceita-se que tenhamos simultânea do pedido e da causa de pedir: nº6 do 265º .

Faz sentido colocar em cima da mesa, o artigo 588º deixa que aparecem outros articulados os
supervenientes, o problema é saber o que é que na verdade o 264º e 265º consagram. O prof. Castro
Mendes era mais favorável a colocar tudo no 264º e 265º, todas as alterações do objeto. A prof.
Mariana Gouveia e Lebre de Freitas consideram que a cumulação sucessiva de pedidos também se
rege pelo 555º, mas vêm-se colocar isso me causa, e então a cumulação sucessiva pode não ter
cabimento do 555º, mas ter no 588º porque na verdade, temos uma situação superveniente ( factos
conhecidos mais tarde), assim isto só pode acontecer no âmbito do 588º e não do 555º.
O prof. Miguel Teixeira de Sousa, considera que a cumulação sucessiva pode ser distinguida a dois
níveis:
- Factos conhecidos ad início, entende-se que aplica-se o 555º;
- Factos desconhecidos, aplica-se o 588º.
 regente partilha desta opinião.

Reconvenção: 266º
A---------------- >B
< ---------------------
O B pode também na contestação, ainda reconvir, fazer um pedido contra o autor  isto causa
instabilidade no pedido e na causa de pedir!
A reconvenção é uma modalidade (segundo a prof. Regente) é uma modalidade da alteração do
pedido e da causa de pedir.
No sistema português não aceita a reconvenção da reconvenção, e bem porque tem que haver uma
restrição destas vicissitudes! Mas deixa-se que acha um contra-ataque o pedido reconvencional, mas
temos requisitos:
 Iniciativa do réu (o réu pode apenas defender-se/ impugnação ou exceção)  poder
dispositivo do lado do réu;

Conclusão: dai se entenda que os problemas do 264º e 265º não ficam por ai, e o exemplo disso é a
reconvenção.

15
a

13/03/2023

Continuação da aula anterior:

Em que espécie de ações é que podemos encontrar pedidos reconvencionais? Em todas, veja-
se:
Exemplo: A pede ao tribunal a apreciação de um testamento, e o réu peticiona no sentido da
invalidade daquele testamento, está não apenas a defender-se, mas está a formular um novo pedido
 devemos entender que este pedido do réu é reconvencional porque tem autonomia em relação ao
pedido do autor (ações de simples apreciação).
Assim, mutatis mutanti por maioria de razão também nas ações de condenação é possível:
Exemplo: A pede que o B seja retirado da casa, B em reposta diz, tudo muito certo, mas pague lá a
casa de banho que fiz (benfeitorias), este pedido é claramente um pedido reconvencional.
E nas ações constitutivas?
Exemplo: ações de divórcio de A para B, e o B não concorda com aqueles fundamentos e propõem
nesta ação, quer-se divorciar por mim com isto, eu peço a dissolução do casamento não com aqueles
fundamentos, mas com outros, aqui estamos perante também um pedido reconvencional.

O 266º do CPC diz-nos que pode deduzir pedidos contra o autor, mas o nº2 diz que na reconvenção
é admissível nos seguintes casos, ou seja, só temos pedido reconvencional nos casos previstos na
enumeração taxativa nº2 do 266º CPC, estamos no âmbito da económica processual é certo, mas
tudo isto causa entraves e o legislador é muito rigoroso e o interprete ou coloca a situação no 266º/2
ou não cabe.
Esta reconvenção tem reflexos no valor da causa, o valor da causa é apurado ad início quando a
ação é proposta, mas se for apresentado mais tarde um pedido reconvencional, este pedido altera o
valor da causa: 299º CPC.

Requisitos do 266º CPC:


Este artigo 266º/2 estabelece os fatores conexão, ou seja, o nº1 diz que pode haver pedido
reconvencional, mas o nº2 estabelece quando pode ser possível o pedido reconvencional.
 Alínea a) do 266º/2: pode fundar a mesma causa de pedir, pode haver coincidência, ou uma
coincidência parcial, serve de fundamento a ação ou de fundamento à defesa. Ou seja, a este nível
pode ser do lado do pedido ou até da defesa. Exemplo: A celebra contra de CV ficando de receber
X, logo A quer receber X. Por sua vez, B quer receber 50 mil euros, uma quantia que tem que ver
com a causa de pedir, neste caso devemos entender que cabe na alínea a), é um pedido diferente do
pedido do autor, tem autonomia.
16
 Alínea b) do 266º/2: exemplo, ação de despejo, o legislador quis destacar da alínea a) , ou seja, se
o B fez benfeitorias, temos um pedido reconvencional.
 Alínea c) do 266º/2: o que é isso da compensação, isto tem trazido na doutrina grandes discussões,
o problema é saber o que é, é o problema do quanto. Professor Vaz Serra e até mesmo Lebre de
Freitas e Miguel Mesquita, vem dizer que a compensação não deve caber na reconvenção, a
estrita compensação deve ser entendia como uma exceção, englobam a “teoria da compensação
exceção”, logo devemos ter cuidado sobre o que está aqui no 266º/2 como reconvenção. Miguel
Teixeira de Sousa e Castro Mendes, tem uma posição contrária, dizendo que na alínea c) se diz
que a compensação está na reconvenção, então toda a compensação deve ser através do pedido
reconvencional, não se atomizando a compensação na exceção, mas sim na reconvenção. Prof.
Varela e Ramos Varia, vem dizer que a compensação deve ser exceção. A pede 100 mil e o B vem
dizer que quer 150 mil euros, logo se ultrapassar o pedido inicial, então os primeiros 100 mil são
pedido de reconvenção, e só o excedente os 50 mil é que vão para a reconvenção, é uma tese
híbrida!
Mas para além disto, na contestação, o réu pode defender-se por impugnação ou exceção, ou passa
para o contra-ataque como o pedido de reconvenção, ou pode ainda confessar, ou seja, admite factos
e estes factos, são uma confissão (352º e ss do CC). Temos situações de inadmissibilidade de
confissão: 354º CC, mostram que ao lado da desinência da instância e do pedido, também
situações como a confissão tem de alguma maneira efeitos semelhantes. Logo se no regime da
confissão temos os 352º e ss os efeitos no CPC estão no 283º e 284º.

Imaginemos que o A propõem uma ação contra B e o B depois de ter sido citado não contesta?
Quid iuris? Imaginemos que B morre ou que nada faz?  Revelia do réu 567º CPC, consideram-
se confessados, “confessio ficta” uma ficção de confissão. Dois tipos de revelia:
566º CPC (Absoluta ou Relativa):

 Absoluta: falta de contestação e nem constitui advogado, não apresenta mandatário judicial:
 Relativa: 566 à contrário, se o réu não contesta, mas constitui advogado.
567º CPC (Operante ou Inoperante):

 Revelia operante: a revelia tem efeitos de confissão;


 Revelia inoperante: a revelia não tem efeitos de confissão  Exceções aos efeitos da revelia ,
situações de incapacidade 568º CPC. O princípio da preclusão não é um pressuposto
processual (segundo a posição do regente), já Lebre de Freitas discorda, porque ao aumentar as
exceções da revelia, também aqui mais um fundamento para cada vez estarmos mais distantes de
um processo preclusivo, automático.

17/03/2023
Procedimentos cautelares, 362º e ss do CPC:
No processo civil temos dois polos antagónicos:
17
a) Composto pela finalidade de a composição final do litígio respeitar princípios constitucionais
relativamente ao processo equitativo, de a decisão ser bem fundamentada, bem investigada, de
forma a que se apure a verdade material  isto faz demorar a decisão final do litígio.
b) Pede que a decisão seja rápida para que seja eficaz.
Os dois precisam de ser conjugados porque uma decisão só é justa se a mesma for eficaz.
Então como garantimos a eficácia nos casos em que a mesma está em perigo?
Através de uma providência cautelar. Que no fundo é um meio de natureza sumária e urgente que
compõe provisoriamente o litigio e salvaguarda no todo ou em parte a utilidade de uma decisão
final.
Exemplo: temos um direito de crédito, o credor coloca uma ação de cumprimento do seu crédito, e
o devedor ao aperceber-se começa a vender e a doar os seus bens como forma que a sua garantia
não servia para o credor. E se esta garantia desaparecer a ação de cumprimento e a executiva perde a
utilidade porque o devedor não tem bens que consigam salvaguardar a divida que tem perante o
credor . Assim, através de uma providência cautelar que garante esta garantia patrimonial do credor.

No fundo a razão teleológica por de trás dos procedimentos cautelares assenta na ideia de que o
procedimento declarativo demora bastante tempo, seja por razões de contraditório, seja porque tem
que se investigar muito bem os factos, ou qualquer outras razões. Ora, isto causa muitos
transtornos aos interesses materiais subjetivos de quem propõem a ação, podendo causar
prejuízos ao titular do interesse material base dessa ação, ao ponto de inutilizar os efeitos
positivos que a composição final do litígios em abstrato trás.
Desta forma, a lei admite processualmente, que se consiga salvaguardar o efeito útil da ação, antes
de uma composição final do litígio, através das providências cautelares: 2º/2 CPC.
Razões: porque temos a impossibilidade desse direito no futuro, mas também porque temos a
necessidade imediata para a realização desse direito.
Quais as características deste procedimento?
As providências cautelares porque se pretendem rápidas, basta-se com uma análise sumária da
questão, veja-se se estamos perante um processo urgente 363º/1 do CPC:

 Prazos de defesa são menores do que na ação comum, também é mais rápida e célere a
instrução e discussão da causa 293º- 295 ex vi 365º/3 do CPC.
 O nível de prova para a sua procedência é inferior, basta-se com a mera justificação do receio
da lesão e a prova sumária do direito ameaçado, 365º/1 CPC; prova sumária do direito
ameaçado, é a sua verisimilhança que é uma prova que não tem por objeto a descoberta da
verdade da existência do direito, mas sim a verisimilhança, ou seja, que de facto aquele direito
pode existir, é provável que exista, mas não temos de ter a certeza. Isto na verdade é o que a lei
se refere no 368º CPC “probabilidade séria de um direito”;
 Necessidade de uma minimização intervenção que as providencias tem na esfera jurídica do
requerido, ou seja, as providências cautelares deve causar o mínimo de prejuízo ao requerido
18
uma vez que o direito que se baseia pode não existir efetivamente e só será descoberto na ação
principal.
 É sempre uma tutela provisória face à que é dada na ação principal porque tem uma função
preventiva, a sua duração temporal é limitada. No caso em que é pedida uma providência e ela é
considera procedente, se a tutela definitiva da ação principal a tutela cautelar é em regra geral
substituída pela tutela principal, mas se for conseguida e depois no decorrer da ação esta for
considerada improcede, a providência caduca! 373º/1 c) CPC. A eficácia tutela serve a ação
executiva e assim a tutela cautelar só se esgota ou caduca com o término da ação executiva e não
a declarativa.

Pode a providência cautelar ter um objeto diferente do analisado na ação principal?


Sim, temos uma autonomia entre a providência cautelar e a ação principal. Se por um lado, pode ser
conseguida tutela cautelar e a ação principal tem como objeto o mesmo direito pode ser considerado
procedente, releva autonomia entre as duas tutelas. Por outro lado, o julgamento de direito e de facto
na providência cautelar não tem qualquer influência na ação principal: 364º/4 CPC.
Tem se por base a ideia de que a ação principal será procedente. Mas estes casos demonstram uma
outra faceta das providência cautelar, é que a relação entre a providência cautelar e a ação principal
é dependência: 364º CPC. Se a providencia serve para acautelar a ação principal, logo a
providência cautelar é instrumental ou dependente face à ação principal.
Não podemos confundir a dependência com a possibilidade de uma providência cautelar ser
requerida e decidida não tendo ainda sido proposta a ação principal: isto porque pode
acontecer durante a pendência da ação principal é proposta uma providência cautelar, mas também
pode ser proposto como preliminar a ação principal. Decidido a providência, dentro de 30 dias, o
requerente tem que propor a ação principal, sob pena do 373º/1 a) , ou seja, a providência cautelar
se considerar caducada.
Quando ocorre lado a lado a providência cautelar e a ação, o mesmo é considerado um incidente da
instância, que é uma tramitação autónoma do processo principal a ele associado cujo resultado tem
importância no processos tribunal, mas não tem por objeto uma questão que se demonstra necessária
a resolução da ação principal: 365º/3 CPC.
Esta relação de dependência, não existe na verdade nos casos em que temos inversão do
contencioso:
369º CPC e é aplicada a providência cautelar que seja requerida, discute-se temos a possibilidade
de adotar este regime de inversão do contencioso mesmo quando este não seja requerido, mas, para
ser aplicado a uma determinada providência cautelar tem de ser decidido pelo juiz. Assim, a
inversão do contencioso permite-se que a tutela cautelar obtida com a decisão da providência se
transforme numa tutela definitiva, ou seja, que a decisão de procidência da providência cautelar
substituía a decisão final. Isto depende de alguns pressupostos do 369º do CPC, e a figura é
símbolo da dependência da providência cautelar com a ação principal porque desonera o autor em
propor a ação principal para evitar a caducidade da tutela cautelar! Claro que isto só pode
19
acontecer, a inversão do contencioso, nas situações em que a providência cautelar foi decidida sem
ter sido ainda proposto a ação principal e nos casos em que a decisão que resulta da providência
cautelar tem uma natureza adequada a compor definitivamente o litígio.
A decisão cautelar que resulta da providência cautelar, é aferida através de um critério de
adequação e proporcionalidade. No fundo, a providência pedida é concedida ou decretada, se for
apropriada para acautelar o efeito útil da ação principal. Por um lado, a adequação da providência
cautelar não depende da sua cobertura por qualquer regra substantiva. Por outro lado, a providência
cautelar só pode ser decretada se não impuser ao requerido um sacrifício desproporcionado dos
interesses que o requerente da providência visa acautelar  368º/2 CPC. No fundo, a providência
cautelar depende sempre de uma contraposição de interesses do requerente e requerido e o seu
deferimento depende sempre de uma ponderação que se faça dos mesmos, esta exigência, depende
sempre de uma análise de adequação necessária e proporcionalidade stricto sensu. Nesta lógica se
justifica que nos termos do 368º/3 a possibilidade das providência cautelar decretadas serem
substituídas por caução adequada a pedido do requerido.
A salvaguarda do efeito útil é a base objetiva das providência cautelar, mas isto pode ter vários
sentidos, dos quais se retira dois grandes modalidades de providência cautelar: 363º/1 CPC
1. Providência Cautelar que a salvaguarda do efeito útil é conseguida com a manutenção ou
conservação da situação que pré existia a ação de algum modo relacionada com o direito que se
visa analisar na ação principal e que se ameaça perder em prejuízo do requerente  providência
cautelar conservatórias.
2. Providência cautelar que visam evitar o dano que é causado pelo retardamento da tutela da
satisfação do direito ameaçado providência cautelar antecipatória.
Quais os 3 fins específicos que podem ser seguidos pelas providências cautelares?

 Garantir o direito;
 Regulação provisória de uma situação jurídicas;
 Antecipação provisória de um efeito jurídico; (apenas as antecipatórias o conseguem)
A lei prevê um procedimento cautelar comum ou não especificado a empregar sempre que se
verifiquem os fundamentos que o justifiquem, não tenha um procedimento cautelar especifico
consagrado na lei. Assim, o procedimento comum é subsidiário: 362º/3 CPC.
1. Os vários procedimentos especificados:
Quando falamos deste tipo de providência cautelar o regime comum só se aplica em concreto ao
que não tiver regulado de forma especial e especificada, 376º/1 CPC. Tendo em conta as
finalidades de garantia o CPC prevê dois providência cautelar especificados:
a) Garantia:
 Arresto : 391º e ss do CPC, mas também no 691º e ss do CC e aplica-se nos casos em que o
credor tenha significado receio de perda da sua garantia patrimonial. Assim visa-se a frustração
do processos executivo por falta de bens penhoráveis. Depende da alegação e dos factos
concretos que implicam a existência de uma situação de lesão iminente da garantia patrimonial
em curso, ou que se indicie que essa perda venha a ocorrer no futuro. A prova deste justo receio
20
pode ser dispensada nos casos do 396º do CPC. O arresto é um providência cautelar com um
contraditório diferido, ou seja, pode ser a decisão da providência ou não, é tomada antes de
ouvida a parte contrária, o requerido. Mas apenas esse requerido é ouvido após a decisão final
dessa providência cautelar, exceção do princípio do contraditório, 393º/1 CPC. Nos termos
do 391º/2 do CPC, o Arresto é então a apreensão de bens penhoráveis e na colocação dos
necessários à satisfação da dívida numa situação de indisponibilidade semelhante à penhora.
 Arrolamento: 403º e ss do CPC, necessidade de para que o arrolamento seja tido em
considerado, se fazer prova da vermelhaça da existência de algum direito do requerente sobre os
bens a arrolar.

b) Regulação provisória de uma situação jurídicas:


 Restituição provisória da posse: 377º e ss do CPC é possível nos casos em que tenhamos um
esbulho violento do qual se adquiriu a posse. Desta forma, cabe ao requerente provar: o esbulho,
a violência e a posse, para a mesma ser procedente. Aqui o contraditório também é uma vez mais
por lei passado para: 378º CPC.
 Suspensão de deliberações sociais: pedida por sócios, ou associados, que na visão do requente
essas decisões são contrárias: à lei, aos estatutos ou ao contrato de
sociedade/fundacional/Associação e pode levar ao requerente um dano considerável: 380º e ss
do CPC. O requerente tem 10 dias para pedir a suspensão: 380º/3 CPC, o que se aplica com
as necessárias adaptações às assembleias de condóminos de prédios sujeitos ao regime da
propriedade horizontal.

 Embargo de obra nova: Quem se julga ofendido do seu direito de propriedade ou de qualquer
outro direito real de gozo ou da sua posse em consequência de obra/Serviço novo que lhe cause
ou ameaça causar prejuízo, pode requerer que essa obra, trabalho ou serviço novo seja suspenso
através desta providência. Este embargo nos termos do 397º/2 também pode ser efetuado
extrajudicialmente , se bem que nesses casos tem que necessariamente vir a ser retificado pelo
tribunal: 400º CPC

c) Antecipação provisória de um efeito jurídico:


 Alimentos provisórios: 384º e ss do CPC e 2007º/1 do CC: dependência de uma ação principal
que se peça alimentos, a sua prestação. Esta procedência pede em concreto a fixação de uma
quantia mensal a que o requente deve receber a título de alimentos enquanto não houver o
pagamento da 1ª prestação definitiva desses alimentos.
 Arbitramento de reparação provisória: 380º e ss do CPC: dependência de uma ação de
indemnização fundada em morte ou lesão corporal e nela os lesados pedem o arbitramento de
uma quantia certa como forma de renda mensal para reparação provisória do dano, desde que
esteja verificada uma situação de necessidade em consequência dos danos sofridos, e que esteja
indecidida a existência de uma obrigação de indemnizar, 388º/2 do CPC. Esta pode ainda ser
proposta se o dano colocar em causa a habitação ou sustento do lesado, independente da origem
da pretensão indemnizatória, 388º/4 CPC.

21
2. Os Procedimentos não especificados: as que seguem o procedimento cautelar comum , tem o
sue âmbito de aplicação regulado no 362º/1 do CPC, termos uma liberdade na formulação de
pedido desde que verificados os pressupostos (analisado melhor na aula de 20/03).
Se proposta como preliminar da ação principal, devem ser instauradas no tribunal em que
deve ser instaurada a ação principal: 78º C) do CPC. Nos termos do 366º pode ser protelado o
contraditório do requerido para momento posterior à decisão da procedência da providência,
caso o contraditório ponha em risco sério o fim ou eficiência da providência cautelar. Se
tivermos num destes casos, em que o contraditório é deferido, temos uma situação em que o
requerido não se defende, devendo a providência ser decidida no prazo de 15 dias. Se não
tivermos um destes casos, a providência tem de ser decidida em 2 meses: 363º/2 do CPC.
Mas o requerido apenas fica vedado de se defender antes de proferida a decisão final dessa
providência, ou seja, o mesmo pode recorrer judicialmente da decisão da providência ou até
opor-se posteriormente ao deferimento da decisão final da mesma, acrescentando novos
fundamentos de facto ou meios de prova em sua defesa: 372º/1 do CPC.
Ao contrário do que acontece nas ações declarativas o tribunal também não está adstrito à
providência concretamente requerida, isto é, muito importante 376º/3 do CPC, ou seja, aqui o
juiz não está sujeito ao pedido concreto do autor, ao princípio do dispositivo. Não! Aqui, nas
providências cautelares o juiz pode decretar uma providencia diferente da pedida se a considerar
mais adequada tendo em conta a alegação do requerente.

 Os pedidos de providência cautelar são irrepetíveis: ou seja, na dependência da mesma causa


(ação principal), não é admissível a repetição da providência que tenha sido julgada
improcedente. Isto claro desde que não estejamos perante factos supervenientes: 362º/4, o que
demonstra a preclusão de todos os outros factos relevantes para a providência caso não sejam
invocados no requerimento principal. Isto não se aplica quanto estamos perante um caso em que
se elege uma providencia diferente da primeira tendo por base factos diferentes da primeira, ou
seja, a segunda providência tem a mesma utilidade da primeira!

 Se a providência for considerada injustificada ou caducar por facto imputável ao requerente este
responde pelos danos que culposamente causou ao requerido! O requisito da culpa aqui é diminuído
pois o requerente é responsável se não agiu de acordo com uma prudência normal, ao contrário do
regime da litigância de má-fé que exige dolo ou negligência grava para haver condenação nos seus
termos. Uma providência pode ser considerada injustificada para efeitos deste regime quando
apesar de a providência ter sido declarada procedente, a ação principal é declarada improcedente ou
a providência caduque ou falta de impulso processual ou negligência do requerente. A caducidade
está consagra no 473º, mas note-se que a providência pode ser considerada levantada se forem
apresentados factos extintivos pelo requerido, 373º/3 o que leva a conclusão por maioria de razão
que o regime do caos julgado não se aplica da mesma fora às procidências cautelares que se
aplicaria às ações principais. Alias, por maioria de razão, também se diz que se o requerido
depois de decretada a providencia em sue prejuízo alegar factos novos que de alguma forma
demonstram que a utilidade da previdência deixou de ser necessária, isto pode levar à
alteração da decisão da tutela cautelar concedida!

22
20/03/2023
Continuação das providências cautelares:
Do 368º/1 do CPC resultam os dois pressupostos positivos para a existência de uma providência
cautelar:
 “Funus boni iuris”, é a probabilidade séria da existência de um direito, o que é uma
concretização prática das próprias finalidades das providências cautelares porque por serem
urgentes e instrumentais à ação principal visando tutelar a utilidade da mesma, elas não se podem
compadecer com a demora desta ação, o que significa abdicar do contraditório e do rigor
probatório em volto da ação principal: de forma a que tenhamos uma decisão em tempo útil.
Neste sentido, a prova da providência cautelar tem de seguir uma regra mais leve, 365º/1 CPC,
prova sumária da existência do direito, para que o juiz considere que isto está verificado a existência
do direito basta então que ele forme um juízo de mera probabilidade sobre o direito do
requerente;
 “Periculum in mora”, só pode ser compreendido por dois artigos 368º e 362º/1, é um constante
receio que a tutela requerida na ação principal devido às demoras normais do processo venha a ser
inútil.

Tudo faz parte do 2º/2 CPC e 20º CRP!

O prof. MTS demonstra isto no manual, exatamente com o fundamento base de que a tutela
definitiva que venha a ter lugar seja inútil. Esta inutilidade da tutela não se refere apenas à ação
declarativa, refere-se também à vertente executiva, dai que o MTS chama a atenção que a tutela
jurisdicional efetiva abarca ambas: 364º/2 CPC. Esta a teologia que está por de trás de todas as
providências cautelares em geral.
A tutela cautelar em ambas vertentes, quer antecipatória, quer conservatória tem acima de tudo uma
vertente preventiva!
O que está por de trás do 362º é que o periculum in mora é a potencial violação de direito e difícil
reparabilidade que decorre da demora do processo judicial.
Por exemplo, no Arresto percebe-se perfeitamente que o periculum in mora está no facto de quanto
o credor vier a adquirir a tutela concreta e definitiva, já não exista património para a satisfação do
seu crédito.

Por um lado, na tutela cautelar antecipatória, acaba por ser semelhante, mas diferente em termos
práticos. Ou seja, semelhante porque é sempre o periculum in mora que está por de trás, mas
diferente porque o que se visa é a necessidade de o direito ser realizado imediatamente sob pena
de vir a ser inútil, exemplo: ação provisória de alimentos.
Por outro lado, veja-se que no funus boni iuris basta-nos a probabilidade seria do direito, no
periculum in mora esse juízo já não é tão relativizado  o professor Lebre de Freitas recai mesmo
muito sobre o tema do periculum in mora, que se trata de um juízo de certeza que decorre da
necessidade de se verificar o perigo! Não identificamos o mesmo no 362º do que está no 368º
relativamente à existência e um direito, não temos uma abertura ao julgador ao seu juízo de certa,
tem que existir um fundado receio e concretamente identificado na providência que é requerida!
23
O professor Lebre de Freitas concretiza mesmo esta palavra “suficientemente” do 368º/1
relativamente ao fundado receio, não como uma relativização do juízo que o julgador tem de fazer
sobre o periculum in mora, mas quanto ao excesso de investigação que tem de fazer no periculum in
mora, tem de fundar concretamente nas provas apresentadas nas providências cautelares um juízo de
certeza sobre o periculum in mora ao contrário do que acontece no funus boni iuris! Já o prof.
Alberto dos Reis e Miguel Teixeira de Sousa, tem relativamente ao periculum in mora, uma
perspetiva de probabilidade maior ou menor consoante o caso concreto.
Para além desta certeza, o periculum in mora tem de ter ainda duas questões:
 Ser dotado de excessividade, ou seja, o prejuízo tem de ser objetivamente verificado que é
grave e de difícil reparação, o que aponta para uma ideia de excesso de risco por parte do
requerente face aquilo que é o risco normal de um autor na ação declarativa que requer tutela.
Isto tem de ser verificado consoante o caso concreto! Por exemplo no Arresto, compreende-se
bem! Ou na suspensão das deliberações sociais! Mas se virmos a providência cautelar da
restituição provisória da posse vamos ver que a ideia de excessividade não resulta ou se verifica
assim da letra da lei, 377º a ideia de excessividade já não está verificada na providência
especificada em análise, mas, não deixa de ser regra para as nominadas!
 Objetividade, e isto compreende-se com exemplos, veja-se o Arresto, se eu tenho um devedor
que tem um histórico de incumprimentos e dissipação patrimonial, vemos um risco objetivo que
vai prejudicar o crédito que venha a ser reconhecido na tutela da jurisdição efetiva que resulta
da ação principal.
No 367º/2, temos um requisito que é o chamado juízo de proporcionalidade , ou seja, um requisito
de recorte negativo, mesmo verificado Periculum in mora e o Funus boni iuris , o juiz perante o
juízo de proporcionalidade que tem de fazer , pode recusar o decretamento da providência cautelar.
Temos de analisar os riscos em concreto que tenho que pesar nesse juízo de proporcionalidade,
tenho que ver o prejuízo que o decretamento da providência vai trazer na esfera do requerido com o
perigo que o requerente pretende evitar. E quando sou obrigado a recusar? Quando “exceda”, ou
seja, tem que haver um excesso considerável daquilo que é a afetação da providência cautelar face
ao perigo que se pretende cautelar. O professor MTS tem uma posição contrária à
generalidade da doutrina que é uma desproporção que eu posso analisar vendo o caso concreto
que não tem de ser propriamente um juízo de desproporção , não tendo de haver um risco de
sacrífico que seja gravemente afetante da esfera do requerido, ou seja, basta alguma
desproporcionalidade daquela providência relativamente aos dois interesses em causa. Já o
professor Lebre de Freitas + Alberto dos Reis entende quem tem de haver uma maior
desproporção porque estamos perante um pressuposto que vai afastar outros dois pressupostos
positivos, assim para que não decrete a providência a desproporção tem de ser forte, tenho de
verificar uma afetação tão forte do requerido que me obrigue a recusar o decretamento do
procedimento. Ou seja, o “pode” não gera um juízo de ponderação, a ponderação está nos riscos, e
se em caso de se verificar uma forte desproporção, temos o dever de não decretar.
Posso eu fazer um recurso a esta matéria tendo por base a forte desproporção da providência
decretada?

24
Sim claro que sim, mas para Lebre de Freitas não posso chegar ao STJ, porque este juízo de
desproporcionalidade é um juízo de facto, e o STJ só aprecia questões de direito. Isto contudo, não
deixa de ser discutido uma vez que o juízo é feito tendo por base um principio constitucional, o
princípio da proporcionalidade: 367º/2 e é isso que permite que o juiz tenha o dever de recusar o
decretamento da providência cautelar mesmo estando verificado os dois prossupostos positivos,
629º/2 d), tal como demonstra Lebre de Freitas, como estamos perante um juízo de facto isto não é
recorrível para o STJ  mas isto é debate nos tribunais, porque o principio da proporcionalidade
permite um recorte deste que se verifique a forte desproporção.

Questiona-se ainda o interesse processual por de trás das providências cautelares?


Independentemente das questões doutrinárias, o prof. MTS identifica aqui uma divisão:
- Interesse prévio à existência de uma decisão: nesta o prof. refere que o interesse processual
cofunde-se com o periculum in mora, como este último é um requisito para o decretamento da
previsão da providência cautelar e como o interesse por de trás das providências cautelares está
sempre em linha de evitar o risco que decorre da demora da decisão final, estes vão estar sempre
confundidos, pelo que o professor não vê aqui uma autonomia do pressuposto processual.
-Interesse posto depois da existência de uma decisão: isto é discutível, o normal é que depois de
obtida a tutela definitiva já não seja necessário recorrer à tutela cautelar, aqui não temos interesse.
Mas o MTS à luz do 364º/1 consagra a admissibilidade de se obter tutela cautelar claro antes de uma
decisão final, MAS também reconhece que em determinadas situações eu preciso de conseguir
tutela cautelar mesmo depois da decisão final. Exemplo: o arresto, eu posso ter o meu direito de
crédito reconhecido numa ação declarativa mas ainda assim haver o risco de dissipação
patrimonial , basta que o meu devedor apesar de reconhecido o crédito não pague voluntariamente e
me leve a ter que recorrer a uma ação executiva.
O tema é a forma como encaramos o principio da tutela jurisdicional efetiva!

Mas será que isto é verdadeiramente útil?


Depende, porque atualmente para o TJUE é um entendimento mais amplo , por exemplo para o
cálculo do prazo razoável para uma decisão 20º/4 CRP, o TJUE entende que este cálculo do prazo
razoável não se basta com o momento que eu apresentei a petição inicial até ao momento que eu
obtive a sentença! Não! Para o TJUE o prazo razoável é calculado desde o momento em que propôs
a ação declarativa até ao momento em que obteve a satisfação do meu direito, que pode acontecer
depois só da ação executiva. Perspetiva mais larga da tutela jurisdicional efetiva que acaba por
tornar inútil entre o interesse antes e depois, porquê? Porque no fundo o interesse é o mesmo,
garantir a satisfação do direito, dai que o 364º/1 permite ambos os momentos.

Inversão do Contencioso: 369º e ss

25
 Instituto que vem baralhar a finalidade das providências cautelares, se virmos o 369º + 373º/1 a) , ou
seja, até aqui vimos que as providências cautelares tem uma finalidade instrumental à relação
principal. A inversão do contencioso faz parecer que as próprias providências cautelares podem ser
a decisão final! Quem tem aqui com a inversão do contencioso de requer a ação principal é o
requerido e não o requerente, inverte o ónus de propositura da ação, deixa de caber ao requerente
aquele que obteve a tutela cautelar às custas do contraditório e às custas do direito probatório, para
obter uma tutela definitiva.
 Veja-se os pressupostos: ato por parte do requerente (1), cabe ao requerido (2):
- Convicção segura da existência do direito acautelado;
- Se a natureza da providência cautelar tem de assegurar que tem suscetibilidade de ser uma decisão
final.

Qual a finalidade então da inversão do contencioso?


Evitar a duplicação de ação, declarações, de atos processuais porque eu (juiz) entendo que a
providência cautelar vai ter o mesmo efeito que iria ter a decisão final principal.
Assim, se o requerido quiser colocar isto em causa tem que propor ele a ação, colocando ele em
causa a decisão da tutela cautelar sob pena de esta se tornar análoga à de uma decisão final : caso
julgado material!

Mas atenção, será que temos preterição do contraditório totalmente?


Não, temos deferimento de contraditório, ou seja, eu (juiz) prescindo de contraditório nesta fase
porque considero que a prova trazida ao processo é suficiente para formular a minha convicção. Mas
se o requerido que é afetado pela minha convicção ela não está correta, então proporem a ação
principal: 364º/4.

Este pressuposto, da natureza antecipatória e nunca conservatória (porque só nestas discuto a


existência de um direito, que é o que se faz na petição inicial): 376º/4, eu posso sempre requerer a
inversão do contencioso porque o legislador entende que aquilo que se discute naquelas
providências cautelares é suficiente para criar no julgador a convicção ou não necessária.
Daqui por exemplo o prof. MTS indicia como exemplo paradigmático de impossibilidade da
inversão do contencioso é a providência cautelar de arresto, porque neste estou a discutir não a
existência do direito, mas o perigo, ou seja, como na providências cautelares eu não estou a discutir
o meu direito de crédito, então não pode dar lugar à inversão do contencioso  MTS e JLF!
Contra este entendimento está a professora Paula Costa e Silva, entende que até no arresto posso
ter inversão de contencioso porque se com as provas que foram trazidas à providências cautelares o
juiz tiver a convicção de certeza quanto a existência do direito de crédito que estou a acautelar no
arresto, não temos razões para que se afaste a inversão do contencioso. Artigo 16º da ?

A recorribilidade da inversão do contencioso: quando posso colocar em causa e até onde a


decisão da inversão do contencioso?
Primeiro, se for deferido e decretada a providências cautelares com inversão do contencioso eu só
posso colocar em causa em recurso decorrente da decisão da providências cautelares se eu recorrer
26
da própria providências cautelares, para conseguir recorrer tenho de ter mais alguma coisa, ou seja,
não posso recorrer apenas da inversão do contencioso: 370º/1 CPC.
Mas, por outro lado, se a inversão do contencioso for indeferida e eu requerente fizer um recurso da
decisão do tribunal de 1ª instância, o TR apesar de poder inverter a decisão da 1ª instância, não pode
decretar a inversão do contencioso, 371º/1 CPC, mesmo que inverta a decisão de 1ª instância
quando às providências cautelares + 629º/2 do CPC.

24/03/2023

Até aqui demos toda a parte estática do processo. Mas neste momento vamos abrir o 2º capítulo, o
dinâmico:

AÇÃO CÍVEL DECLARATIVA: A MARCHA DO PROCESSO

Castro Mendes, divide a marcha do processo em fases sucessivas:


é imprecisa porque dizendo “fase dos articulados” parece que todos se passa nessa fase, e realmente
temos autores que vem dizer que não gostam destas fases, porque as fases não são estanques.
1. Fase dos Articulados: partes vão indicar de sua justiça os factos importantes do pedido ou da
defesa, matéria de facto e de direito
- Petição Inicial;
-Citação;
-Contestação;
-Réplica;
-Despacho Saneador;
2. Condensação: o juiz vai ver o que esta considerado e o que não esta, ideia de garantir a
regularidade de processo, sobretudo vai-se ver os pressupostos processuais, quais são os atos
processuais que se colocam na fase da condensação;
3. Instrução: fase dedicada à prova;
4. Audiência de Julgamento : considera a prova, testemunhas, etc;
5. Sentença

Mas as fases não precisam de ser feita todas, isto é mecânico, mas pode acontecer várias vicissitudes
como por exemplo as partes podem terminar a instância em qualquer momento!

Fase dos articulados


a) Articulados normais (aparecem sempre, petição inicial e contestação) , articulados eventuais
(pode aparecer ou não, ou seja, a réplica) e articulados supervenientes (são articulados e por
isso também os devemos colocar aqui, quando no CPC se estipula a matéria do 588º, articulado
27
posterior quer dizer que é depois da réplica, e o 588º/2 diz o que são supervenientes (logo pode
aparecer nesta fase dos articulados ou depois).
Articulados per si
1. Articulados Normais:
a) Petição inicial: nenhum processo se inicia sem esta consagração do princípio do dispositivo,
552º , que tem os requisitos, a peça tem de ter: 552º Código de Processo Civil
 Endereço : respetivo tribunal e juiz a que a ação é proposta + Cabeçalho: Identificar nomes,
domicílio, temos uma espécie de introdução: 552º/1 a) )+ 555º/1 b)
 Expor os factos essências que fundamentam a causa de pedir e servem de fundamento à ação: vai
se contar a história, ideia de narração: 552º/ 1 d), esta narração destina-se aos factos essenciais, e
instrumentais à procedência do pedido
 Formular o pedido: temos uma conclusão 552º/1e), a parte tem de ter muito cuidado com a
formulação do pedido, o juiz está limitado ao pedido concreto, para não haver excesso.
+ Elementos complementares:
- declarar o valor da causa : 552º/1 f)
- juntar algumas questões, pagamento da taxa de justiça;

Temos de cumprir o 552º e se não cumprirmos?


O 186º vem nos trazer as situações/causas da nulidade/irregularidade, em termos técnicos a
inaptidão da petição inicial, ou seja, inepta = nula, para sabermos se a petição inicial segue ou
não segue! Logo quando o autor formula a petição inicial com a ajuda do seu advogado tem de saber
que a petição inicial pode nem sequer prosseguir.

Entra no tribunal a petição inicial, o que acontece?


É a secretaria analisar a petição inicial, antes não, era o juiz que avaliava, mas o trabalho ia-se
acumulando, pelo que a reforma antes de 2013 a secretaria podia fazer uma espécie de filtragem:
558º CPC, antes de chegar ao juiz. A secretaria pode rejeitar, é uma espécie de controlo externo e
formal da petição inicial antes do juiz mesmo se pronunciar! Temos no 558º uma enumeração de
requisitos/situações em que se houver uma destas “falhas”, a secretaria deve recusar a petição inicial
 é um controlo administrativo, e isto faz sentido pelo princípio da celeridade, pela filtragem.
Mas também se pode colocar em causa, é algo pouco lícito podia fazer confusão, pessoas que não
são licenciados em direito, será um controlo abusivo? Não! Porque atenção, pode dar acesso a
reclamação caso a parte queira para o juiz, das duas uma então: ou a parte considera que a
secretaria tem razão, ou acha que não e reclama da secretaria par ao juiz. Assim, este controlo pela
secretaria não é definitivo, pode implicar uma decisão à posterior do juiz.

Agora, admitindo que não tivemos problemas na petição inicial, considera-se que a instância
teve o seu início, 259º CPC, mas também tem direitos substantivos, por exemplo a interrupção dos
prazos de prescrição, 323º do CC.

b) Citação: o réu tem de ser notificado da petição inicial e do seu conteúdo, dando-lhe o prazo
para responder: 225º CPC , citação pessoal: 225º/2 e é nestes mesmos termos que deve ser
28
efetuada e também nos termos do 228º. Esta citação tem toda a importância porque se a citação
não for feita, todo o processo é nulo, 187º CPC, dai a importância da regularidade da citação,
sob pena de colocar em causa todo o restante processo, nem pode haver correções, destrói-se
tudo o que tiver sido feito para a frente!

27/03/2023

Contestação: o réu vai ser notificado para responder para depois dizer algo que queira fazer. A
contestação tem duas vertentes:
a) Defesa  por impugnação (não, não é verdade), por exceção = o réu defende-se;
b) Reconvenção  o réu pode apresentar uma reconvenção dentro da contestação;
Ele contesta ou não contesta, se não contestar, a revelia (absoluta ou relativa), confessando.
Perspetiva do réu: ação de responsabilidade de medicamentos ou de produtos defeituosos, e o réu
tem uma panóplia de argumentos para contraria as pretensões do autor (A) para se defender o réu
(B). Mas será que B vai gastar todas as minhas munições/argumentos na defesa ou vou
cautelosamente guardar algumas coisas na fase da instrução para mais tarde, para surpreender o
autor. Assim, de uma maneira mais estratégica guardar esses elementos para mais tarde. Isso é
possível? Muitos autores, e o professor também concorda a propósito da norma do 573º CPC,
consideram eu para além de uma norma é um princípio processual: concentração da defesa, 573º
CPC, no âmbito deste princípio e da celeridade  “TODA A DEFESA”!
Pelo que não se deve defender às prestações, nem para destabilizar, isto é ilegal pelo 573º. Se já
tiveram sido produzidos e já ter conhecimento, se o juiz achar que esses documentos violam o
573º, o princípio da concentração da defesa.
Desta forma, a defesa deve ser concentrada na contestação, e a defesa então deve ser autónoma
pela ideia de que afigura num articulado próprio e nesses mesmos termos assim se verifica. Mas o
573º vai dizer “toda a defesa”, mas também diz “exceto”. Então quais são as exceções? Tem de se
ver de forma restritivo, apenas estas e só estas:

 Incidente de intervenção de defesa autónoma 120º e 121º CPC , defesa autónoma, a questão é:
será que violamos o princípio da concentração de defesa? Não, porque o 573º última parte,
deixa os incidentes que a lei deixa arguir em separado. A parte que já está citada sabe quem é o
juiz, se o juiz tiver pelo 120º, pode autonomamente pelo 121º requerer.
 558º CPC: quando se houver uma situação, depois da apresentação da contestação, será que o
réu está impedido de apresentar novos factos que conheceu posteriormente? Claro que não, pelos
articulados supervenientes, que podem configurar uma defesa superveniente.
 186º e ss CPC: invalidade da citação, o réu também pode invocar que não foi citado, pode ser
defesa antecipada, situações em que o réu não foi citado, e o réu em vez de um dia quando se
descubra que ele não foi citado e sabendo que temos um processos contra ele, apresenta um
requerimento a dizer que não foi citado, e pode entrar, é um elemento também autónomo.
29
Réplica 584º e ss: Com as reforma de 2013, entendeu-se que devia haver mais celeridade e então o
articulado da Réplica considera-se eventual porque nem sempre existe. Mas é interessante ver
antes da dissolução da AR havia uma proposta do governo de haver outra revisão do processo civil,
querendo retomar a tréplica. “Só é admissível a réplica”, dai ser eventual.

Chegando aqui temos sempre PI e contestação e a seguir ou o processos segue e acaba a fase dos
articulados ou aparece outro articulado, a réplica: 584º e ss do CPC. E para que serve? Para o
autor deduzir toda a defesa quanto à matéria da reconvenção, porque o réu apresentou na
contestação um pedido contra o autor. Desta forma, a réplica é resposta à reconvenção. Mas o
584º diz no nº2 que nas ações de simples apreciação negativa impugnar factos constitutivos e
alegar factos modificativos e extintivos. A réplica só vai permitir que ao autor se defenda contra o
pedido reconvencional do réu, ou seja, não serve para o autor formular um novo pedido contra o réu,
porque no direito português se não temos mais que uma reconvenção.  é a contestação da
reconvenção (584º/1), serve para o autor se defender!
E o que acontece ao 3º/4 CPC?
Temos uma prática judicial a aceitar que dentro da réplica, porque houve por exemplo uma
reconvenção apresentada na contestação, essa réplica só serve para responder à reconvenção ou
alegar mais? JLB considera que não se espere pela audiência prévia. Saber se estas situações
podem ser consideradas na réplica, pode alargar a réplica, aparecendo como resposta ao pedido
reconvencional, situando-se para outras questões: 3º/4.
Modificação do pedido: 265º CPC quando temos réplica podemos também mudar o pedido ou a
causa de pedir? Ideia do 265º dizem que não, mas questões doutrinárias dizem: já que temos réplica
então siga-se e use-se a réplica para outras questões. Isto influenciou de tal forma que havia uma
proposta do governo: proposta da lei 92/14 + Guilherme Brandão Gomes (48
juízes/investigação)+ parecer da AO  2022.
585º: prazo da réplica, 30 dias.
574º: consideram-se confessados.

Articulados supervenientes: são após os articulados normais, petição inicial e contestação, e


articulados réplica. Será que desde a réplica até ao Despacho Saneador temos vários factos que
justificam articulados supervenientes: 588º CPC. Se sim, esse ainda está fase dos articulados,
apenas quer dizer que é posterior aos articulados apresentados, o articulado superveniente, pode ser
mais tarde.

31/03/2023
2ª fase: Condensação 590º e ss CPC

30
A ideia é houve na fase anterior uma quantidade de razões do autor e do réu, e agora nesta fase, o
juiz e o tribunal quer sistematizar as questões e nessa fase da condensação, vamos entre vários
momentos em que todos eles são atos processuais e todos estes atos são da responsabilidade do juíz,
ou seja, não vamos encontrar atos processuais por parte das próprias partes, será o juíz que vai
promover os momentos seguintes:
1. Despacho pré-saneador  590º CPC, a epígrafe é problemática, que devia estar escrito
despacho pré-saneador o legislador escreveu gestão inicial de processo, dá ideia de que o estudo
do artigo 6º CPC que para além do dever temos um princípio processual, então cabe chegar ao
artigo 590º e termos lá gestão inicial de processo? Não houve antes gestão do processo? Na
opinião do prof. Regente já começou antes a gestão, na fase dos articulados já houve gestão de
processos, mas o artigo 590º tem na mesma esta expressão, mesmo o MTS considera que a
gestão de processo começa no 590º. Contudo, embora essa questão, a verdade é que no 590º
temos lá o despacho pré-saneador, que tem as funções indicadas no nº2 do 590º CPC, findo
os articulados, abre-se a outra fase. Este despacho tem 4 funções:
 Sanação dos pressupostos: os que podem ser sanados os pressupostos processuais ou
suprimento das exceções dilatórias vem 590º/2 a) ;
 Providênciar pelo aperfeiçoamento dos articulados: correção dos articulados, suprir as
irregularidades: 590º/2 b) + 590º/3;
 Complemento de Articulados deficientes, o juíz vai tentar aproveitar, tentar que tenhamos
complemento, 590º/4 CPC, temos imprecisões a matéria de facto não está bem feita;
 Junção de documentos: o juíz pode achar que falta documentos, 590º/2 c);

O juiz antes de proferir o despacho pré-saneador, como que filtra para ver se o processo vai ter
de seguir ou não, e para seguir vai agir de modo com o seu dever de gesto processual 6º CPC, mas
tudo isto está no princípio da cooperação, 7º CPC, acaba por ser a aplicação não exageradamente
com algum cuidado este princípio, o 590º é um bom exemplo disto!
Este também pode não acontecer, se estiver tudo perfeito, porque é que o juíz tem de proferir
um despacho pré-saneador? Não faz sentido, se não se justificam as suas funções.

2. Audiência- prévia (591º CPC) reforma de 2013, só mudaram o nome, já havia outros nomes,
assim aqui esta audiência não é novidade nenhuma. Como os juízes nunca gostarem muuti na
AP, com a reforma no 1º projeto estava la a obrigatoriedade da AP mas isso rapidamente caiu.
Logo isto nunca é obrigatório, temos inúmeros processos que não temos: o juiz considera
dispensável ou a lei, e então a AP não se realiza, isto é um problema da própria lei, veja-se o
592º e 593º, montes de situações em que não temos realização ou temos dispensa da AP.
Para que serve/finalidades a Audiência- Prévia?
 A tentativa de conciliação: É a primeira vez que as partes estão perante o juíz, por isso faz
sentido que se tenta uma conciliação: 591º/1 a) CPC;
 Discussão relativamente aos factos e direitos: 591º/1 b) CPC
 591º/1 c)
 591º/1 d) dentro da audiência prévia, o juiz já tem tudo preparado , já tem tudo resolvido e
vou dentro da audiência prévia vou determinar o despacho saneador que as partes não se
resolverem, vão conhecer as exceções dilatórias, 595º CPC
31
Quando não temos audiência prévia? 592º / Quando é dispensável a audiência prévia? 593º
CPC
3. Despacho saneador  595º CPC, conhece das exceções dilatórias e das nulidades invocadas
pelas partes, mas o juiz pode considerar que a causa é tão simples que nem vale a pena continuar
para julgamento, juíz já tem a sua convicção formada, logo o despacho saneador pode ter uma
função decisória e de sentença, 595º/2 b) CPC , logo conhecer imediatamente do mérito da
causa, e ai o processo acaba. Este acontece sempre, o despacho saneador é obrigatório,
595º e 591º ele é incontornável, uma vez que a filtragem de todas as questões acontece aqui!

4. Temas de Prova  596º CPC

Mas não quer dizer que nesta fase os 4 momentos apareçam, ou seja, pode haver processos em que
algum daqueles momentos não aconteça, se olharmos para o 591º vemos que muitas fases estes
momentos são dentro um dos outros, o juíz pode preferir dentro de outros momentos;

14/04/2023
Temas de prova: 595º e 596º CPC: admitindo que o juíz não conheceu de mérito desde logo, o
despacho saneador proferido do juíz é o normal, que é que o juiz ao cautela é demasiada
complexidade e vai haver mais tarde a audiência de julgamento e nós ao estarmos na fase de
condensação o despacho saneador para além dos pressupostos processuais, não conhece de imediato
o mérito da causa. E depois no 596º, levanta a dúvida do que são temas de prova  artigo sobre
Regente nos estudos em homenagem ao Pamplona Corte-Real.
Problema é temas de prova faz sentido?
Autores que defendam que sim: Juíz Conselheiro Lopes do Rego , vem dizer que relativamente ao
questionário na fase instrutória, mais valeia que houvesse uma questão genérica, e que podíamos
configurar nesta iriamos ver as diversas provas.
Problema é se esse algo mais genérico, olhando para o 596º CPC, o juíz objeto do litígio e os temas
de prova, problema é a partir de aqui saber em consiste em os temas de prova, porque o legislador
não diz o que é exatamente, temos uma ideia relativamente à reforma anterior que agora é mais
genérico. Veja-se o artigo 410º CPC, que alude “toca e foge” aos temas de prova .Mas o 410º é
estranho porque se o objeto são os temas de prova, quer dizer que na verdade o que vamos ver e
estudar pela prova é o que se prova são factos: 341º CC.

32
Fase da instrução: inicia-se com o fim da condenação e dos temas de prova, as partes vão procurar
provar: com base no CC. Assim, devemos continuar a entender que a prova são os factos .
Meios de prova:

 Presunções: 349º e ss do CC (legais 350º CC e judiciais 351º CC)


 Confissão: 352º e ss do CC , a nós só nos vai interessar a confissão judicial
 Documental: 362º e ss do CC
 Pericial: 388º e ss do CC
 Inspeção:
 Testemunhal:

Mas serão só estes os meios de prova? Não, estão no CPC mais:


 Apresentação de coisas móveis ou imóveis: 416º CPC;
 Declarações não judicial qualificada: 494º CPC  na prova por inspeção o tribunal vai ao
local, o que se entende em que o juiz não quer ir ao local, manda alguém habilitado para ir ao
local. Será uma vertente da prova pericial?
 Depoimento de partes: 452º CPC  uma das partes vai depor, não é testemunha. Autonomia
face à prova por confissão.
 Declarações de parte: 466º CPC 
Estas duas distinguem-se pelo regime, as primeiras tem um regime confessório, mas as
declarações de partes, 466º não quer dizer que sejam sempre questões contra eles que vão
confessar.

Força probatória:
Confissão: 358º  Plena
Documental : 371 º e ss plena
Pericial: 389º  livre
Inspeção:
Testemunhal: 396º  livremente

17/04/2023
Análise dos meios de prova
 Declarações não judiciais não qualificadas -Art 494 CPC
33
Exemplo: numa colisão automóvel , o réu não respeitou uma cedência de passagem.
Juiz decidiu deslocar-se ao local para verificar se estava lá ou não o sinal de cedência de prioridade
= simples inspeção judicial
Para alem da deslocação do juiz ao local, está em causa saber se tb será possível, a deslocação de
técnicos, pessoas avalizadas indicadas pelo juiz, que vão ao local fazer verificações não judiciais

• Quem é que tem legitimidade para requerer uma verificação judicial não qualificada???
->pires de souza : “o art 494, apesar de não nos dar margem para aceitar um requerimento das
partes, relativamente a estas verificações, o que ocorre de facto é que a resposta a esta questão não
está na lei”
Saber qual a natureza jurídica destas qualificações judiais não qualificadas ????(tema bom oral)
->1º verificamos que estão na parte da inspeção judicial
Há quem diga:
• MTS ->as verificações são uma vertente da inspeção judicial.->”inspeção judicial não
judicial”-devidp á sua inserção sistemática
• Isabel Alexandre: tem natureza jurídica de prova pericial , e não de inspeção judicial . para
esta professora, faz mais sentido incluir estas verificações na prova pericial e não na inspeção
pericial .
Qual e’ a diferença dos peritos, na intervenção pericial e deste técnicos/ pessoa qualificadas na ?? a
diferença é pouca. Deste modo, esta professora diz que estas inspeções não qualificadas são uma
modalidade d aprova pericial
A consequência: se as partes podem requere prova pericial, não faz sentido que o recurso lhe seja
proibido
Ora, se o art 494 , não nos permite saber se as partes podem requerer estas verificações, mas tb não
o impede.
Sendo, assim, pela posição da professora, Alexandra , faz sentido que as partes tb possa requerer
verificações judicias não qualificadas~!!!!!
• Regente ->tem uma opinião própria
Não tem motivos para recusar a autonomia, apesar de reconhecer que há alguns motivos (de ordem
sistemática), estamos perante um novo meio d prova que tem uma identidade própria.
Não podemos dizer que o regime d aprova pericial é muito idêntico ao das verificações não judicias
qualificadas
O regime é diferente da escolha dos arbitro é diferente
O nº de peritos tb é diferente
34

A razão sistemática não releva. Regente diz que o argumento de MST não faz sentido, dado que
Neste sentido, regente defende a diferenciação destas duas figuras . apesar de estarem no Artº 494
são um meio de prova autónomo:
-relativamente à poria por inspeção, pericial e documental
Outra questão, relativamente às verificações não judiciais qualificadas , quid iuris se o técnico
que se deslocar ao local a pedido do juiz, esta tal verificação o perito pode: contar o que viu ao
tribunal oralmente, lavrar por escrito. E se ele lavrar um escrito e se esse for um documento será que
a prova probatória passará a ser a de prova documental?
Regente: diz que nem toda a prova documental é apreciada do mesmo modo, e o problema saber se
este documento terá sido feito de uma forma ou de outra. Temos dúvidas, temos de ver. Pires de
Sousa não fecha a conclusão, mas admite que tenhamos prova documental nestes termos. Regente
diz que não, pense-se no argumento do facto de temos tais vertentes e especificidades que é mais
uma razão pela qual se justifica deixar às verificações não judiciais qualificadas para outra,
justificam a sua autonomia como meio de prova autónomo.

Artigos do depoimento de parte 452º CPC e 466º Declarações de Parte: será que estes meios de
prova são autónomos ou não? Regente diz que sim:
Quanto ao 452º  se olharmos para o depoimento de parte, vemos que ela não é uma mera
confissão, seria uma espécie de confissão judicial, mas não apenas isso. O depoimento de parte não
pode ser requerido pela própria parte (tem de ser iniciativa do juiz ou da outra parte), enquanto que
a confissão sim pode. Quanto à narrativa, o juíz só pode considerar os desfavoráveis? Ou pode
registar toda a factualidade/depoimento do réu? Estrela Chaby Magistrada e Regente, toda a
factualidade registada deve ser trazida ao processo, assim o depoimento de partes sendo uma
modalidade confessória, mais do que isso afasta-se da confissão e por isso sim está demonstrado a
autonomia do depoimento de parte, tem origem numa possível e hipotética confissão, mas o réu
pode lá chegar lá e não fazer nada disso.

O que difere os depoimentos de parte das Declarações de parte (466º CPC)? Não são
claramente confissão, porque enquanto que no depoimento de parte, a parte é lá chamada a produzir
algo que lhe é contrário, e podem as partes requerer (factos favoráveis e desfavoráveis), enquanto
que os depoimentos de parte são apenas factos desfavoráveis e quem não sejam confissão.

Se o depoimento de parte apenas permite que seja o juiz ou a parte contaria requerer , nas
declarações de parte: olhamos para 466º CPC o regime jurídico diz nos que as partes podem
requer as vindas das partes, e o juiz pode requerer no 466º CPC que existam depoimento de
partes? Não. E se o juíz

35
requerer, tem alguma validade? O professor LBF diz que não, recusa. Mas, o doutor Pires de
Sousa, discorda e o Regente também ,pode o juíz requer porque não nos podemos esquecer da
importância dos princípios, em concreto, o princípio do inquisitório 411º CPC, pelo que esta
iniciativa não está vedada pelo 466º CPC.
E será que estas devem ser vistas como prova testemunhal? Em princípio não, dai a autonomia
deste meio de prova.

21/04/2023
O objeto da prova são factos, então vamos provar o quê? Todos os factos? Não! O que se vai tentar
provar agora, é o que não está dado por assente, são os factos pertinentes para a causa: 5º CPC , e
em concreto o 5º/2 além dos factos articulados pelas partes, podem ser ainda aceites pelo juíz, os
factos instrumentais e 410º CPC factos contraditados. Assim, objeto de instrução apenas são alvo
os factos que estão em dúvida, contraditados, mas para além desses os instrumentais 5º/2 a) e os
factos notórios que são de conhecimento do tribunal e ainda factos do 5º/2 c).
Delimitação negativa: o que não se prova, ou seja, olhando para o objeto da prova? Culpa, Nexo
de Causalidade, etc, isso são razões de direito, motivos, argumentos, ou seja, tudo o que não é
factual.
Artigo 8º CC recorre a ideia de que o tribunal vai aplicar o direito. Jura movit cura: “O tribunal
conhece o direito”  por isso é que não se deve alegar o direito. É por isso que na instrução se
deve alegar os factos e não o Direito.
Quem vai provar o quê?
342º e ss CC: regime de ónus probatório

Regra geral: 342º CC


 342º/1: prova de factos constitutivos, deve ser provado pelo autor (ónus dos factos
constitutivos);
 342º/2 :provar factos impeditivos, modificativos e extintivos (réu);
 342º/3: em caso de dúvida devem ser os factos constitutivos;
Regra para casos especiais:343º CC
Inversão do ónus da prova:344º e 345º, situações em que a repartição do ónus da prova do 342º
pode não acontecer inversão do ónus da prova.

 344º: Presunções ilidíveis: juris tantum (admite prova em contrário), ou seja, se alguém tiver
uma presunção a seu favor não precisa de provar nada, e ess presunção legal decorre da lei,
quem tem de provar factos constitutivos 342º na verdade pode acontecer que pode haver
situações de dispensa ou de inversão de ónus da prova, o outro réu terá de provar que o outro
possuidor é de má-fé (exemplo da pessoa titulada presume-se de boa-fé)

36
Nota: No 334º temos presunções juri tantum e não presunções Juris et de jure (1260º/3 por
exemplo), inilidível, ou seja, nestas não temos prova em contrário.

 345º CC: admite-se contrato probatório, mesmo que tenha sido realizado validamente ele será
nulo quando: tornar: excessivamente difícil a uma das partes o exercício do direito, excluir um
meio de prova, ou direito indisponíveis.

37

You might also like